ÍNDICE
PRINCIPAIS FATOS
Uma notícia relativa boa vinda dos Estados Unidos e que irá influenciar na dinâmica da economia global. A inflação americana, o CPI, em julho, foi de 0,2% e sobe 2,9% no acumulado em 12 meses, o menor percentual desde 2021. O ritmo mais fraco da atividade é ruim, pois interfere na demanda mundial, dada a sua relevância econômica. No entanto, exatamente por esse motivo que começa a animação pela abertura de espaço para o início do ciclo de quedas da taxa de juros americana, hoje entre 5,25% e 5,50% ao ano. A atual expectativa é que há chances de haver um recuo na reunião do FED em setembro.
No Brasil, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 10,50% ao ano e deve continuar nesse patamar até o final do ano. Uma redução dos juros poderia pressionar ainda mais o câmbio, alimentando um risco inflacionário, uma vez que os investidores buscariam colocar seus recursos em lugares menos arriscados, como o Brasil. O dólar teve uma disparada recente chegando próximo aos R$ 5,80 por cada dólar, mas cedeu e volta a oscilar ao redor de R$ 5,40. Mesmo assim, ainda acima do patamar visto no início do ano, de 5 reais. A moeda brasileira foi uma das que mais desvalorizou no mundo.
A questão do déficit fiscal é outro ponto crítico que evita uma redução da taxa SELIC. O governo segue trabalhando para ficar no limite máximo negativo, conforme o novo arcabouço fiscal. Ou seja, mais um ano do país gastando mais do que arrecada e elevando a dívida pública, e que pode impactar negativamente os juros e a inflação.
Embora haja esse cenário futuro incerto sobre a economia brasileira, no momento a atividade segue com bom ritmo de crescimento. Segundo o indicador do Banco Central, o IBC-br, uma espécie de prévia do PIB, no primeiro semestre houve elevação de 2,1%.
Numa análise setorial, segundo pesquisa do IBGE, o comércio varejista teve um crescimento de 4% em junho e acumula alta de 5,2%. Os segmentos básicos, supermercados e farmácias, puxaram esse bom desempenho com elevações de 6% e 14%, respectivamente.
O mercado de trabalho e o ganho real de renda é o principal fator de estímulo ao consumo. A taxa de desemprego no trimestre terminado em junho foi de 6,9, a menor da série histórica para o período, se igualando ao registrado em 2024. Com a melhora do rendimento médio, houve um ganho no trimestre de quase R$ 30 bilhões em posse dos trabalhadores, em relação ao mesmo período do ano passado.
O fortalecimento do poder de compra tem sido possível também por uma inflação mais moderada. Em junho, os preços médios no país variaram 0,38% e acumulam 2,87% no ano. Vale destacar o grupo de alimentos e bebidas que, em julho, apontou deflação de 1%, esse que é o principal gasto da família brasileira.
A inflação geral só não foi mais baixa por conta de um reajuste de preço da gasolina e pela mudança na bandeira tarifária na energia elétrica, da verde para a amarela, deixando o seu uso mais caro. Além desses, por conta da sazonalidade, os preços dos serviços de turismo dispararam devido a alta temporada. As passagens aéreas, por exemplo, subiram 19,39% só em julho.
O que se nota em relação a inflação é que não há uma pressão homogênea, mas pontual e sazonal, não levando a nenhum risco de descontrole ou aumento forte nos preços, um ponto importante para deixar o Banco Central, através do Conselho de Política Monetária, mais suscetível para reduzir a taxa de juros.
O setor de turismo, em específico, apresentou crescimento de 1,9% no primeiro semestre deste ano, com o faturamento acumulado de R$ 95,3 bilhões, de
acordo com o levantamento mensal da FecomercioSP. O destaque tem sido o segmento de locação de meios de transportes com alta de 11% de janeiro a junho. O setor aéreo, o de maior peso, apresentou leve aumento de 1,2%, o que pode ser considerado baixo, mas tem o fator de redução no preço da tarifa média ao longo da primeira parte do ano.
A indústria cresce 2,6% no primeiro semestre e o setor de serviços como um todo apresenta uma elevação de 1,6%.
A partir de todos esses dados colocados, fica claro que há uma desconexão de cenários, de presente e futuro, o primeiro mais positivo e o segundo mais incerto. Enquanto a economia vai se beneficiando com o mercado de trabalho aquecido e o ganho real de renda da população, que injetam esses recursos de forma imediata nos setores da economia, há um próximo momento que pode atrapalhar esse ciclo de crescimento.
DADOS IMPORTANTES:
1
• As commodities agrícolas seguem em queda nos mercados internacionais, contribuindo para uma inflação mais baixa. A soja, por exemplo, baixou de 10 dólar por buschel, sendo que iniciou o ano próximo dos 14 dólares. Da mesma forma o trigo, superou os 7 dólares por buschel em maio deste ano e agora segue sendo cotado pouco acima dos 5 dólares.
RESUMO JUNHO/2024
A dúvida sobre como o governo equilibrará suas contas, o ponto de haver uma alta carga tributária, que permanecerá como uma das mais altas no mundo a partir da Reforma Tributária sendo discutida atualmente no Congresso, além das incertezas externas, econômicas e de conflitos de guerra, mantem a taxa de juros elevadas e, por consequência, inibem os investimentos produtivos. O percentual de investimento em relação ao PIB segue muito baixo e, diante de uma demanda crescente, pode haver uma pressão de preços em algum momento.
Portanto, apesar do bom momento para as atividades econômicas no país, o Brasil segue na sua armadilha do baixo crescimento. Comemora-se o presente, mas há os diversos desafios a serem encarados no futuro próximo e que servem como limitadores dos investimentos e do crescimento econômico.
2
• A taxa de juros média cobrada no país para os consumidores ficou em 51,7% em junho, bem abaixo dos quase 60% ao ano de junho de 2023, segundo o Banco Central. Com o crédito relativamente mais barato, houve aumento de 13,9% nas concessões para as famílias no primeiro semestre.
3
• Com a catástrofe climática no estado do Rio Grande do Sul, em maio, o turismo apresentou queda de 15,5% no faturamento nos meses de maio e junho, levando a uma redução de R$ 220 milhões de faturamento, segundo levantamento da FecomercioSP.
- Últimos
ÍNDICES DE CONFIANÇA:
O Índice de Confiança do Consumir (ICC) cresceu 0,6% em julho e atingiu os 127,8 pontos. Esse patamar é 2,7% superior ao visto no mesmo período do ano passado. O principal aspecto para o aumento da confiança está no ganho real de renda dos trabalhadores. Por um lado, o mercado de trabalho aquecido e, por outro, a inflação moderada com queda de preços no grupo de alimentos, o que mais pesa no orçamento. A tendência segue favorável para os próximos meses.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) ficou praticamente estável em julho, com variação de -0,2%, ficando nos 106,8 pontos. No contraponto anual, houve leve elevação de 1%. Há um descompasso entre a confiança do consumidor e do empresário. O aumento nos custos operacionais, reduzindo as margens dos produtos, e um cenário econômico instável têm limitado o avanço do otimismo do empresário do comércio.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
VIAGENS E TURISMO
Eventos. Eventos. Muitos eventos. O segundo semestre do ano está repleto deles, mais até que nos anos anteriores, mostrando uma indústria recuperada dos efeitos da pandemia, animada com as vendas e apostando na temporada de final de ano – verão por aqui e inverno no Hemisfério Norte. E ainda deixando claro o quanto relacionamento e olho no olho são importantes nesse setor. Dois meses do segundo semestre já se foram, e apesar dos desafios de sempre (custo Brasil, empresas aéreas nacionais apresentando grandes prejuízos, número de voos ainda um pouco abaixo do pré-pandemia e, principalmente, câmbio desfavorável para quem ganha em real e quer viajar para o Exterior) há apostas altas para as viagens nos próximos meses. No doméstico, a reabertura em outubro do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, fechado desde maio, será fundamental para destravar o importante mercado emissivo do Rio Grande do Sul e reabrir de vez por todas o principal acesso aéreo à Serra Gaúcha. O doméstico brasileiro, porém, deve crescer pouco em 2024, devido ao atraso na chegada das aeronaves, ao corte de capacidade da Gol, devido à entrada no Chapter 11, e a dificuldades de infraestrutura, como nos caso dos aeroportos de Porto Alegre e Fernando de Noronha. No internacional, o movimento é mais acelerado, com a oferta crescendo mais de 15% em relação ao ano passado. Somente os Estados Unidos ainda não recuperaram a quantidade de voos para o Brasil, na
comparação com o pré-pandemia. O que dá mais vantagem competitiva para Europa e Caribe, por exemplo.
NICHOS EM ASCENSÃO NO PAÍS
Cruzeiros marítimos, fluviais e de expedição: na última temporada de verão, 844 mil brasileiros fizeram cruzeiros em nossa costa e esse número deve aumentar para 2024/25. No Exterior, navios de expedição e de luxo são os mais buscados, além dos navios novos, que exercem forte atração nos brasileiros.
Destinos: no luxo, a Ásia e países menos aglomerados continuam como destaque; entre as famílias, Orlando, e a Flórida em geral, seguem imbatíveis. A Europa leva vantagem com as passagens aéreas e o custo nos destinos mais baixos (em relação aos Estados Unidos, por exemplo). Na maioria das companhias aéreas europeias, mais de 70% dos voos são vendidos para brasileiros indo ao Exterior, o que mostra a fome por viajar.
Para combater o dólar alto os destinos devem:
• Mostrar valor pelo que os turistas estão pagando;
• Vender combos e oferecer benefícios extras;
• Enfatizar as experiências únicas e a autenticidade;
• Apostar em viajantes experientes – de todo o Brasil;
• Divulgar atrativos para todas as idades e tipos de viajante.
NÚMEROS DO ÚLTIMO MÊS
• Vendas das TMCs da Abracorp chegam a R$ 1,1 bilhão em julho e devem somar R$ 15 bilhões no ano.
• CVC Corp vendeu R$ 3,54 bilhões de abril a junho – maior crescimento foi das vendas B2C (16%). No Brasil, o total foi de R$ 2,8 bilhões.
• Decolar vendeu R$ 7 bilhões na América Latina e R$ 3,2 bilhões no Brasil no segundo trimestre do ano.
• Aéreo: O setor da aviação civil continua em trajetória de crescimento. Em julho, foram movimentados no mercado doméstico 8,5 milhões de passageiros (1% acima do registrado em julho de 2023) e 2,3 milhões de passageiros no mercado internacional
(crescimento de 17% em relação a julho do ano passado).
Os dados também apresentam estabilidade ou crescimento em relação ao mês de julho de 2019, antes do início da pandemia de covid-19: a movimentação de passageiros no mercado doméstico registrou aproximadamente os mesmos números, enquanto o mercado internacional apresentou crescimento de 4,3%.
Este é o terceiro mês consecutivo em que os principais números do setor demonstram estabilidade ou crescimento em relação aos resultados de 2019, o que significa que o setor conseguiu retomar, neste momento, os níveis de movimentação prépandêmicos.
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br