ÍNDICE
PRINCIPAIS FATOS
No Brasil, o assunto em pauta no momento é a Reforma Tributária. No início de julho, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base que passará por discussão no Senado Federal, ainda sem previsão de votação. De um sistema tributário atual extremamente complexo para o que está sendo tratado, há um grande avanço. No entanto, o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que unificará os impostos, deverá ficar pouco abaixo dos 30%, o que mantem o país com uma das cargas tributárias mais elevadas no mundo. Além disso, há risco de aumento de imposto para o setor de serviços, o mais importante na economia. Ou seja, trata-se de uma melhora do sistema, mas que ainda sobrecarregada a produtividade no ambiente de negócios e perda de competitividade mundial. E a taxa de câmbio também tem sido foco de alerta na economia nacional. Após um stress na cotação do real, chegando aos R$ 5,70 por cada dólar, com a devida combinação de fatores externos e internos, a moeda brasileira cede e volta a oscilar próximo aos R$ 5,50. Ainda assim, é um nível superior ao visto nos meses anteriores, de pouco mais de 5 reais. Permanecendo no atual patamar por um prazo mais alongado, poderá ter efeitos obre a inflação interna. Por enquanto, os dados ainda são favoráveis. Segundo o IBGE, os preços desaceleraram em junho para 0,21%, ante os 0,46% de maio, e acumula elevação de 4,23% nos últimos 12 meses. Esse percentual segue nos parâmetros definidos de metas de inflação definidos pelo Conselho Monetário Nacional. Contudo, para os próximos meses, há previsão de pressões relevantes como é o caso do reajuste no preço da gasolina, amenizando um pouco a defasagem em relação ao preço internacional, e na energia elétrica, com a mudança na bandeira tarifária, da verde para a amarela, uma vez que
será necessária a utilização das termoelétricas até o final do ano, com custo mais alto. Ambos os itens de consumo têm pesos relevantes, tanto no indicador quando no orçamento doméstico.
O que tem trazido um alívio para o dia a dia das famílias é a melhora da renda através do mercado de trabalho bastante aquecido. A taxa de desemprego, no trimestre terminado em maio, atingiu 7,1%, o menor nível em 10 anos. Com a inflação relativamente baixa, tem permitido o ganho na massa de rendimento, que nada mais é do que o dinheiro em posse do trabalhador, que atingiu R$ 318 bilhões no trimestre, um aumento de 9% em relação a igual período do ano passado, já descontada a inflação.
Como as famílias brasileira não possuem um perfil poupador, pelo contrário, gastam praticamente tudo que recebem mensalmente, o resultado pode ser visto na economia real. O dado mais simbólico é das vendas no comércio varejista que, em maio, cresceu 8,1% no contraponto anual, com destaque para supermercados (10,5%) e farmácias (13,6%). Mesmo aqueles setores não essenciais e que dependem de crédito também seguiram a tendência positiva, como é o caso dos móveis e eletrodomésticos, com alta anual de 2,1%.
Embora os serviços, de maneira geral, mostrem uma ligeira alta em maio, de 0,8%, é importante fazer uma análise mais detalhada dos resultados, pois são inúmeras as atividades e com características bastante distintas. Se por um lado os serviços de transportes caem 4,8%, os serviços prestados às famílias sobem 6,5%, também de acordo com divulgação do IBGE. Nesse tema ligado ao turismo, a FecomercioSP, através do seu levantamento mensal, aponta que o setor cresceu 1,9% em maio em relação ao mesmo período do ano passado. Porém, há um desequilíbrio, com setores de alimentação e alojamento com altas respectivas de 6,6% e 16,6%, e, por outro lado, queda
no transporte rodoviário de passageiros (-7,9%) e no transporte aéreo de passageiros (-3,1%). Parte desse último resultado tem a ver com a redução nos preços médios das passagens aéreas, como apontam dados do IBGE e da ANAC. Nos últimos 12 meses, houve deflação de 2,6%.
Numa análise regional, vale destacar a forte queda de 16,6% no faturamento do turismo no Rio Grande do Sul, em decorrências das enchentes no mês de maio e que interromperam as atividades do principal aeroporto da região, o de Porto Alegre, capital do estado. A indústria, em contrapartida, cai 1% no mês de maio, mas sobe 2,5% no ano. Esse é um sinal de alerta, pois com comércio crescendo forte e sem uma indústria de transformação seguindo numa mesma
DADOS IMPORTANTES:
• Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a taxa de inadimplência nas capitais brasileiras caiu de 29,2% para 28,8% entre os meses de junho de 2023 e 2024, consequência de uma melhora nas condições econômicas das famílias, de mais emprego e inflação menos pressionada.
tendência, pode gerar algum impacto inflacionário, dado o desequilíbrio entre oferta e demanda.
Por isso, a necessidade de se buscar o ajuste fiscal, de controle nas contas públicas, para ajudar na queda da taxa de juros e do câmbio, proporcionando um aumento na confiança e nos investimentos, essenciais para acelerar o ritmo da economia. O governo até vem anunciando alguns cortes de gastos, mas ainda insuficientes para trazer um cenário mais otimista em relação ao déficit fiscal.
Portanto, a economia brasileira tem tido uma evolução importante nos seus grandes setores e com o ganho social por conta do mercado de trabalho. Os desafios permanecem e precisam ser resolvidos para que o ganho atual não vire, mais uma vez, um voo de galinha.
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• O abate de bovinos no Brasil cresceu 26% no 1º trimestre deste ano, chegando a 9,3 milhões de cabeças. Isso tem proporcionado uma deflação nos preços médios das carnes no Brasil, de -6,5%, segundo o IBGE.
• Até maio deste ano, o país criou 1,1 milhão de vagas de trabalho formal, segundo o CAGED. A maior parte vem do setor de serviços (624 mil), seguido da indústria (210 mil). 3
ÍNDICES DE CONFIANÇA:
O Índice de Confiança do Consumir (ICC) registrou crescimento em junho de 0,5% na comparação mensal e sobe 1,4% no contraponto anual e vai aos 127 pontos. A inflação mais modesta tem contribuído para manter o otimismo das famílias num patamar elevado. No entanto, a economia brasileira seguindo num ritmo lento e os aumentos nos preços da gasolina e da energia elétrica se tornam fatores que dificultam um aumento mais forte da confiança.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) caiu mais uma vez 0,9% e atinge, em junho, os 106,9 pontos, o menor nível no ano. As vendas na região estão batendo recordes, porém, os custos elevados para os empresários têm dificultado essa transformação de vendas em lucros consistentes. Além disso, a instabilidade e imprevisibilidade da economia nacional trazem receios aos empresários paulistanos.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
VIAGENS E TURISMO
Julho chegou com uma avalanche de troca de comandos no Turismo brasileiro.
Empresas aéreas como Gol e Delta, TMCs como Avipam, BeFly, Copastur e Onfly, o GDS Travelport, e até destinos como Argentina e Flórida fizeram movimentações que impactam o mercado no Brasil.
A maior surpresa foi a saída de Danillo Barbizan da Delta para assumir a diretoria comercial da Gol. Delta e Gol já foram parceiras no passado, mas a primeira rompeu a relação para assinar acordo estratégico com a Latam.
Na Delta, ainda não há informação sobre o substituto de Barbizan.
Outras mudanças de julho:
• Reifer Souza deixou a BeFly para assumir como chief revenue officer da Copastur.
• Peterson Prado trocou a TMC Avipam pela travel tech Onfly.
E dois destinos preferidos dos brasileiros tiveram movimentações importantes:
• Marcela Cuesta deixou o Turismo da Argentina. Era uma interface constante dos brasileiros com o destino há anos.
• E Gabriel Martinez trocou a Brightline pelo Visit Florida. É o novo diretor global de Viagens. A Flórida é o destino número 1 para os brasileiros e o mercado aguarda as novidades e projetos da gestão Martinez, que sempre teve proximidade com o trade do Brasil nos destinos e empresas por onde passou, como Visit Lauderdale e SeaWorld.
• E por fim é grande a expectativa para o mandato de Fred Dixon à frente da Brand USA. Dixon conhece bem o mercado brasileiro (que
é um dos Top producers para Nova York, sua antiga casa) e vai saber potencializar ainda mais nosso desejo de viajar aos Estados Unidos para além dos destinos tradicionais. O Brasil te espera, Fred.
VIAGENS CORPORATIVAS
Realizada em Atlanta este ano, a GBTA Conferenc, trouxe os resultados da 2024 Business Travel Index Outlook, realizada nesta com 4,1 mil viajantes corporativos em 72 países e 44 indústrias. O setor deve chegar a gastos na ordem de US$ 1,48 trilhão, com a previsão de crescimento para US$ 2 trilhões em quatro anos, o que demonstra a estabilidade econômica pós-pandemia.
A América Latina é responsável por 3,6%, atingindo US$ 53,3 bilhões. O Brasil é o 10º país no ranking dos que mais gastam com viagens corporativas, com a previsão de US$ 30,3 bilhões neste ano, e crescimento de 6% . O mercado brasileiro de viagens corporativas fica atrás da China, Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Coreia do Sul, Índia e Itália. O Top 15, segundo levantamento da Alagev, soma 84% do total, ou seja, US$ 1,25 trilhão. Em seu mais recente report do ano, a Alagev confirma o bom momento das viagens corporativas no Brasil. As despesas estimadas pelas empresas com viagens corporativas em abril de 2024 atingiram R$ 11 bilhões, valor 4,8% superior em relação ao mesmo mês de 2023. Dados são do Levantamento de Viagens Corporativas (LVC), criado pela FecomercioSP em parceria com a Alagev.
O valor acumulado ao longo do primeiro quadrimestre do ano também teve um crescimento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando um faturamento de R$ 40,1 bilhões (cerca de US$ 8 bilhões) para o setor de viagens corporativas.
O montante faturado em abril é o segundo maior ganho histórico do mês, ficando atrás apenas do atingido em 2014, e há a perspectiva de que, ao longo dos próximos anos, esse recorde possa ser superado.
MAIS NOTÍCIAS DE JULHO
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 11,9 milhões de brasileiros viajaram ao Exterior nos seis primeiros meses do ano, um crescimento de 20% em relação ao primeiro semestre do ano passado. No total, incluindo o doméstico, foram 56 milhões de passageiros no semestre, um aumento de 4% sobre 2023. Passageiros internacionais transportados por empresa (1º semestre 2024):
1 – LATAM 3,32 milhões
2 – TAP 983 mil
3 – GOL 845 mil
4 – AF-KLM 582,6 mil
5 – COPA 570 mil
6 – AZUL 548 mil
7 – AEROLÍNEAS ARGENTINAS 516 mil
8 – AMERICAN AIRLINES 497 mil
9 – UNITED AIRLINES 404 mil
10 – JET SMART 379 mil
11 – IBERIA/BRITISH 362,5 mil
12 – SKY 353 mil
13 – DELTA 318 mil
14 – AVIANCA 313 mil
15 – LUFTHANSA GROUP 280 mil
16 – ITA 261 mil
17 – FLYBONDI 234 mil
18 – QATAR 197 mil
19 – EMIRATES 181 mil
20 – AIR CANADA 168 mil
21 – AIR EUROPA 149 mil
22 – TURKISH 126 mil
E AINDA
• O mercado atendido pelo Aeroporto de Porto Alegre (inbound e outbound) deve voltar com força no final do ano. A expectativa é de reabertura do aeroporto pata voos em outubro, com operação total até dezembro.
O aeroporto está fechado para pousos e decolagens desde maio, devido às enchentes no Rio Grande do Sul.
• Na Embratur, mudanças estratégicas: Bruno Reis assume diretoria de Marketing e Negócios, com a saída de Jaqueline Gil. Monica Samia também deixou a agência.
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br