Brazilian Overview Monthly Report - PT - FEV 2025

Page 1


ÍNDICE

PRINCIPAIS FATOS

Desde o último relatório do BOMR, publicado em novembro do ano passado, diversos acontecimentos relevantes marcaram a economia e a política global. A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos trouxe maior imprevisibilidade ao cenário econômico, inclusive no curto prazo, devido à adoção de políticas inesperadas, especialmente relacionadas à taxação de importações, que podem impactar economias de diferentes perfis. Inicialmente, esperava-se que as medidas protecionistas fossem implementadas de maneira agressiva, mas, na prática, as ações têm sido menos intensas do que o previsto. Como resultado, as moedas ao redor do mundo voltaram a se valorizar. O real, por exemplo, que no final de 2024 atingiu R$ 6,30 por dólar, agora oscila em torno de R$ 5,70. Além dos desafios externos, o Brasil enfrenta obstáculos internos, sendo a inflação o principal foco de preocupação. O IPCA, índice oficial do país, tem superado o teto da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5%, enquanto a meta central é de 3,5%. Em janeiro deste ano, o índice acumulado em 12 meses ficou em 4,56%. Apesar de uma aparente desaceleração causada pela redução nos preços da energia elétrica – reflexo de um bônus concedido pela Itaipu –, a inflação segue pressionada.

O aumento dos preços de alimentos e bebidas, que acumulam alta de 7,25% em um ano, e o esperado reajuste nos combustíveis devem impulsionar ainda mais a inflação. A gasolina e o óleo diesel, este último com forte impacto nos custos logísticos do país, devem pesar no orçamento nos próximos meses. Além disso, a partir de fevereiro, o impacto do bônus da energia deixará de ser contabilizado, o que deve contribuir para uma nova alta nos índices

inflacionários.

Quando a inflação ultrapassa o teto da meta, o Banco Central reage elevando a taxa de juros. Atualmente fixada em 13,25%, a Selic deve alcançar, pelo menos, 14,25% até meados de março. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o Federal Reserve (FED) optou por manter os juros na faixa de 4,25% a 4,50%, ampliando o diferencial de juros entre os dois países. Com a redução das incertezas após a posse de Trump, os juros elevados no Brasil tendem a atrair mais capital especulativo, contribuindo para a valorização do real.

A apreciação da moeda brasileira poderia ser ainda maior se não fossem as incertezas no cenário interno, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio fiscal, tema amplamente debatido no BOMR ao longo de 2024. No ano passado, o governo federal registrou um recorde de arrecadação, totalizando R$ 2,6 trilhões. No entanto, mesmo com essa alta, o país apresentou um déficit de R$ 11 bilhões, dentro da meta estabelecida. O mercado, contudo, não observa apenas o desempenho atual, mas também as projeções de longo prazo. Com a elevação dos juros e um possível desaquecimento da economia, a tendência é que os gastos cresçam acima da receita, ampliando o déficit e aumentando a relação dívida/PIB, o que mantém a desconfiança dos investidores.

Até o momento, a economia brasileira ainda não sentiu de forma significativa os efeitos do ciclo de alta dos juros, iniciado em agosto do ano passado. A indústria, por exemplo, registrou crescimento de 1,8% em janeiro e acumula alta de 3,1% nos últimos 12 meses. Apesar de uma queda de 7% na indústria extrativa, o setor de transformação apresentou uma expansão de 3,5%.

No varejo, o ano de 2024 fechou com crescimento de 4,1%, impulsionado pelo desempenho positivo de supermercados (4,6%), farmácias (14,2%) e veículos

(11,7%). Esse avanço foi favorecido por fatores como a taxa de desemprego, que atingiu seu menor nível histórico (6,2% no último trimestre do ano passado), o aumento da renda disponível e a expansão do crédito para as famílias, que cresceu a dois dígitos. O setor de turismo também se beneficiou desse cenário. Segundo levantamento da FecomercioSP, o segmento registrou crescimento de 6,8% em dezembro e encerrou 2024 com alta acumulada de 4,3%, alcançando um faturamento recorde de R$ 207 bilhões.

DADOS IMPORTANTES:

1

Apesar do aumento de juros para as famílias brasileiras, o cenário ainda é saudável, com a ampliação das concessões em mais de 10% no ano passado e, ao mesmo tempo, com a inadimplência em queda, de 5,3% do volume total de crédito, contra 5,6% de dezembro de 2023, segundo informações disponibilizadas pelo Banco Central.

RESUMO JANEIRO/2025

- Últimos doze meses

A economia brasileira, portanto, segue aquecida. Embora isso seja positivo para famílias e empresas, também aumenta a pressão sobre a inflação e as taxas de juros no médio e longo prazo, resultando em mais um ciclo de crescimento insustentável. O nível de investimento em relação ao PIB permanece abaixo do ideal, o que limita a capacidade do país de expandir sua oferta e reduzir riscos inflacionários quando a demanda cresce. Dessa forma, a expectativa é de desaceleração da economia na segunda metade do ano, com possíveis impactos no emprego e no consumo.

2

O IBGE segue ampliando suas projeções da safra de 2025, antes em 311 milhões de toneladas, agora já está em 325 milhões, um aumento de 11% na comparação com 2024. A soja e o milho são os grandes destaques com altas estimadas de 14,9% e 7,8%, respectivamente. Esse último é relativo a 2ª safra do milho.

3

De acordo com o levantamento da FecomercioSP sobre o turismo regional, a Bahia foi o estado que mais cresceu no ano passado, 11,6%, seguido de Minas Gerais, com alta de 10,1%. No lado contrário, o Rio Grande do Sul amargou uma queda de 12,5%, influenciada, evidentemente, pelas enchentes ocorridas no mês de maio.

Legenda: Verde, Vermelho e PretoOs dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.

ÍNDICES DE CONFIANÇA:

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) variou -1,7% em janeiro na comparação com dezembro e volta aos 123,5 pontos, patamar inferior também ao visto um ano antes, de 133,2 pontos. A redução no otimismo está associada diretamente com a inflação de alimentos que tem pesado no bolso do consumidor. São itens essenciais como a carne, leite, café e arroz que tem subido de maneira constante e que prejudica o controle do orçamento doméstico.

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) retraiu 2,6% em janeiro ao passar de 110,9 pontos em dezembro para os atuais 108 pontos, nível idêntico ao do mesmo período do ano passado. A tendência é que a confiança do empresário fique pressionada diante do aumento de juros e do impacto da inflação sobre o consumo das famílias, além, evidentemente, dos aspectos desafiadores da economia internacional e do Brasil.

Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)

Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)

Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.

VIAGENS E TURISMO

Enquanto descansávamos nas férias e no recesso de final de ano, o Turismo não parou e começou 2025 com muitas vendas – mas também muitos desafios.

A previsão para o ano é de vendas mais difíceis, devido ao crédito mais caro e o dólar ainda nas alturas, mas o desejo de viajar continua forte. 2025 já está a todo vapor, com muitas companhias aéreas anunciando mais voos ou frequências internacionais do Brasil para diversas regiões.

LATAM AIRLINES

4 A Latam anunciou novas adições a partir de julho: São Paulo-Barcelona será ampliada de 4 para 6 voos semanais;

4 São Paulo-Madri será ampliada de 10 para 14 voos semanais até agosto, passando para 12 voos por semana a partir de setembro;

4 Na Itália, em junho, a rota São Paulo-Milão será ampliada de 5 para 7 voos semanais (voo diário);

4 Em Portugal, a Latam vai operar pela primeira vez Fortaleza-Lisboa e, a partir de maio, vai ampliar São Paulo-Lisboa de 7 para 9 voos por semana.

4 Nos EUA, a rota São Paulo-Orlando será ampliada de 7 para 8 voos por semana a partir de junho, chegando a 9 voos semanais a partir de julho.

4 Mas na baixa temporada, a empresa reduzirá

São Paulo-Roma, ajustado de 6 para 5 voos por semana em março, São Paulo-Joanesburgo, ajustado de 4 para 3 voos semanais em abril, voltará a ter 4 voos por semana em junho, e Fortaleza-Miami, ajustado de 3 para 2 voos semanais em abril, para permitir que a Latam opere a rota inédita Fortaleza-Lisboa (7 de abril e 20 de outubro).

4 A Latam também aumentou suas operações para a Argentina, incluindo um voo diário entre São Paulo e Bariloche, no inverno.

GOL LINHAS AÉREAS

4 A Gol anunciou voos de Belém (norte do Brasil) para Miami. Os voos começam no dia 15 de junho e serão operados todas às quintas-feiras e domingos.

4 Na Argentina, a companhia anunciou que transferirá a maior parte de sua operação para o Aeroparque, o aeroporto regional em Buenos Aires.

VEJA A PROGRAMAÇÃO DA COMPANHIAS

PARA

A ARGENTINA:

• Buenos Aires: ampliação da oferta de assentos em 60%, atingindo até 16 voos diários entre 13 cidades brasileiras e a capital argentina. O aeroporto Aeroparque (AEP) ganhará novos voos Gol para cidades como Porto Alegre (POA), Brasília (BSB), Belo Horizonte/Confins (CNF), Florianópolis (FLN), Fortaleza (FOR), Rio de Janeiro/RIOgaleão (GIG), São Paulo/Guarulhos (GRU), Natal (NAT), Recife (REC) e Salvador (SSA). Já Ezeiza (EZE) se comunicará com Rio de Janeiro/RIOgaleão, Florianópolis, Porto Seguro (BPS), Brasília, Maceió (MCZ), Fortaleza e João Pessoa (JPA).

• Córdoba: a previsão da Gol é dobrar a capacidade, com voos diários rumo ao RIOgaleão a partir de 2 de abril (hoje são 4 semanais) e a retomada das operações para São Paulo/Guarulhos - serão 3 voos semanais para a capital paulista, com início em 2 de abril.

• O voo Recife-Córdoba (Argentina) terá início no dia 12 de abril de 2025, uma vez por semana.

• Rosário: aumento de 10% na oferta de assentos para o Rio de Janeiro, principal destino brasileiro a atrair os clientes argentinos, com até 3 voos semanais em cada sentido.

• Bariloche: entre os dias 2 de julho e 29 de agosto, San Carlos de Bariloche, cidade da Patagônia

argentina cujo turismo de inverno atrai brasileiros de todas as idades, será atendida com voos diretos e exclusivos da Gol para São Paulo/Guarulhos, em 3 frequências semanais de ida e volta, às segundas, quartas e sextas.

AZUL LINHAS AÉREAS

4 A Azul anunciou voos diretos de Campinas (SP) para Porto, em Portugal, e Montevidéu, no Uruguai.

A nova operação para a Europa terá início em junho, durante a temporada de verão. Serão três operações semanais para a cidade do Porto, realizadas em aeronaves da Airbus, modelo A330neo, com capacidade para 298 clientes.

Já a operação para Montevidéu terá início em julho, com cinco voos semanais em aeronaves Embraer E2 com capacidade para 136 clientes.

4 A companhia aérea irá voar diretamente para Bariloche, partindo de Campinas, Belo Horizonte e Porto Alegre, e para Mendoza, também partindo do hub no interior de São Paulo. Tudo durante a temporada de inverno.

Redução: A ligação Recife-Orlando passará de três para duas na semana, partindo às terças e sextas-feiras. Já a operação direta entre Recife e Fort Lauderdale foi suspensa, e agora a Azul oferece apenas voos em conexão, com Manaus, Belém, Belo Horizonte e Campinas. Segundo a Azul é uma mudança sazonal.

VIAGENS PARA A AMÉRICA DO SUL

Dados exclusivos obtidos pela PANROTAS com a Forwardkeys, em um relatório preparado para a Embratur, mostram que países mais enviarão turistas para a América do Sul em 2025.

1. Estados Unidos, com share de 22,5% e crescimento de 4%;

2. Argentina, share de 12,6% e crescimento de 73%, mostrando que os argentinos voltaram a

viajar. Já o oposto indica que a Argentina tem perdido turistas devido ao alto custo;

3. Brasil, com share de 8,3% de viajantes na região, queda de 25%, muito por conta da diminuição de viagens à Argentina;

4. Chile, 7,8% e + 20%;

5. Espanha, 5,4% e + 16%.

PARA O BRASIL, O TOP 5 DE EMISSORES DE TURISTAS SÃO:

1. Argentina

2. Estados Unidos

3. Chile

4. Portugal

5. França

Os dados completos estarão na Revista PANROTAS especial Fórum PANROTAS 2025, em 10 de março.

SITE MAIS ACESSADOS

A Revista PANROTAS marcará também o início de uma parceria da PANROTAS com a Similarweb. Traremos dados durante o ano sobre o comportamento do brasileiro na internet. Confira aqui um spoiler, com os 20 sites de Viagens e Turismo mais acessados no Brasil em 2024:

1. booking.com

2. uber.com

3. latamairlines.com

4. airbnb.com.br

5. tripadvisor.com.br

6. decolar.com

7. 99app.com

8. voeazul.com.br

9. aeroin.net

10. voegol.com.br

11. melhoresdestinos.com.br

12. localiza.com

13. clickbus.com.br

14. queropassagem.com.br

15. skyscanner.com.br

16. cvc.com.br

17. smiles.com.br

18. latam.com

19. hoteis.com

20. buser.com.br

Os dados completos estarão na Revista PANROTAS Epecial para o Fórum PANROTAS

FUSÃO AZUL E GOL

Outro assunto que está repercutindo neste começo de ano é sobre a possível fusão da Azul com a Gol. John Rodgerson, CEO da Azul, fala em criar uma companhia aérea com competitividade realmente global. As negociações estão sendo tocadas pela Abra, holding controladora da Gol. Esta continua focada em sair do Chapter 11, o que está previsto para meados de 2025.

MUDANÇA REPRESENTAÇÃO BRAND USA

O ano começou também com nova representação da Brand USA no Brasil. Sai a Aviareps e entra a Interamerican Network, para atendimento ao trade e à imprensa.

12 MESES RENOVAÇÃO VISTO

Uma notícia que pegou os viajantes desprevenidos foi a da Embaixada Americana, que diminuiu para 12 meses o prazo para renovação de visto sem necessidade de entrevista. Ou seja, se seu visto de turista venceu há menos de 12 meses, você pode se beneficiar da renovação sem entrevista. Acima desse prazo, o processo é normal, com visita ao CASV e entrevista no consulado.

VISTO AMERICANOS ENTRAR BRASIL

Em abril, o Brasil parece que finalmente passará a exigir vistos de americanos, australianos e canadenses. Se nada mudar de novo, vem aí mais esse retrocesso para nossa hospitalidade internacional. Não se sabe se o visto será eletrônico.

TAX FREE BRASIL

Boa notícia para os turistas internacionais foi a aprovação de um programa de Tax Free para turistas estrangeiros. Ainda sem data para começar, pois está atrelado ao projeto de lei da Reforma Tributária.

Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@ panrotas.com.br

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.