Brazilian Overview Monthly Report - PT - AGO 2022

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Edição 30

AGOSTO/22

ECONOMIA BRASILEIRA .......................................................................2 DADOS IMPORTANTES ............................................................................3 DADOS MACRO AMÉRICA LATINA ............................................................3 ÍNDICES DE CONFIANÇA ..........................................................................4

INDÚSTRIA DO TURISMO ....................................................................5


PRINCIPAIS FATOS A economia mundial deve sofrer um freio ao longo de 2023, dado o movimento de aumento de juros para conter a inflação. O Federal Reserve, por exemplo, subiu 0,75 ponto percentual à taxa básica americana, que está atualmente no intervalo de 2,25% e 2,5% ao ano. No Brasil, o Banco Central decidiu elevar a SELIC para 13,75%, ante 13,25%. Mas há uma notícia favorável pelo caminho. A tendência que tem se mostrado por meio de dados sobre emprego, atividades setoriais e commodities é de um pouso mais suave, um soft landing, e não mais uma recessão abrupta. E isso tem trazido relativa tranquilidade para a economia mundo afora e, certamente, para a brasileira. Aqui, a inflação tem sido destaque com a retração, em julho, de 0,68% no índice oficial de preços, sendo a menor taxa desde a década de 1980. Quem influenciou o desempenho foi o grupo de transportes, através do recuo de 15,45% na gasolina e de 11,38% no etanol. Além da queda do preço do petróleo no mercado internacional, levando a Petrobrás a efetuar reduções sequenciais no preço da gasolina, a medida do governo de colocar um teto de 17% no imposto estadual (ICMS), que se aplica aos combustíveis, também foi fundamental para a queda nos preços na bomba e, por consequência, para a inflação. Antes, o percentual variava de acordo com cada Estado, num intervalo de 25% a 34%. Essa medida também valeu para outro setor, de energia elétrica, que somou esforços para a queda no IPCA em julho. Porém, a deflação não foi generalizada, mas focada nos itens administrados. Dos nove grupos analisados pelo IBGE, sete tiveram alta no mês. O grupo de alimentos e bebidas, o de maior peso no índice, subiu 1,30%, puxado por leite e derivados. O aumento de custos ao produtor tem desestimulado a produção, levando a redução da oferta ao longo deste ano. No caso de alimentos, um dos grandes vilões da inflação ao longo da pandemia e do primeiro semestre deste ano, a tendência é de arrefecimento para a segunda parte do ano e de uma melhora mais importante em 2023. Isso porque as commodities que pressionaram os preços, sobretudo no início deste ano por conta da guerra da Ucrânia, como soja, milho e trigo, estão com redução no mercado internacional. O impacto não deve ser imediato ao consumidor porque muitas compras da indústria e comércio foram feitas com a cotação mais alta. Além disso, com a alta dos custos de produção e logística, haverá um período para recomposição de margens de comercialização, para depois haver um reflexo mais significativo aos consumidores. Soma-se a isso o dólar pressionando menos. Em questão de semanas a moeda americana passou da casa dos R$ 5,40 , para pouco acima dos R$ 5. A tendência é de valorização da moeda nacional, tanto pela demanda mundial de commodities produzidas no País, quanto pela menor tensão em relação a recessão mundial e pelo diferencial de juros que o Brasil oferece. Na economia doméstica, os serviços têm sido o destaque. Segundo o IBGE, em junho, houve aumento de 6,3% na comparação anual e encerrou o semestre com ganho de 8,8%. A maior elevação no mês foi dos serviços de alojamento e alimentação, de 28,9%. Outra atividade que chama a atenção é o de transporte terrestre, com 20,8%, enquanto transporte aéreo recuou 3,2%. Os consumidores estão enfrentando um forte encarecimento das passagens aéreas, em média 78% em um ano, o que leva ao “efeito substituição” para os ônibus. RECUPERAÇÃO SÓLIDA DO TURISMO Esses segmentos são ligados ao Turismo, que tem tido uma recuperação sólida ao longo deste ano. De acordo com levantamento da FecomercioSP, o setor faturou R$ 94 bilhões (aprox. US$ 18 bi) no primeiro

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semestre, um crescimento de 33,5% na comparação com 2021. A inflação dos serviços, sobretudo o aéreo, contribuiu para esse crescimento do faturamento. Porém, não retira o quadro do aquecimento das viagens de lazer e negócios, muito prejudicados ao longo da pandemia. Outro setor importante na economia, o comércio, tem tido uma perda de fôlego nos últimos meses. Em junho, houve queda de 3,1% na comparação anual e acumula leve alta de 0,3% no primeiro semestre. São dois fatores que limitam a recuperação do varejo: os juros e a inadimplência. Com o aumento da SELIC, taxa básica da economia, o crédito ficou muito mais caro e seleto, dificultando o desempenho daqueles setores que dependem de financiamento, como é o caso de móveis e eletrodomésticos, que caiu 14,7% no mês. E, segundo a Confederação Nacional do Comércio, em julho, o percentual de famílias com contas em atraso foi de 29%, o maior nível da série histórica iniciada em 2010. Porém, há uma visão mais otimista em relação à inadimplência ao longo do segundo semestre. A taxa de desemprego no País atingiu 9,3% no 2º trimestre deste ano, o menor nível desde o final de 2015, contribuindo para o aumento da massa de rendimentos. Ou seja, com mais emprego e a inflação com sinalização de arrefecimento, gera um ganho do poder de compra, possibilitando as famílias acertarem as contas do passado e voltarem ao consumo com mais segurança. Portanto, a economia mundial esfriando de forma mais suave que o previsto traz menos instabilidades, reduz pressão sobre os preços, diminuindo a dose amarga do remédio dos juros. E com inflação começando a ceder no Brasil e o mercado de trabalho mais aquecido, a economia deve reagir mais forte, corroborando as previsões do boletim do Banco Central que está em 2% para o PIB deste ano, acima dos 1,75% de um mês atrás. Sinais positivos para o Brasil. DADOS IMPORTANTES: O comércio retraiu 3,1% em junho, mas sobe 0,3% no ano. Houve uma assimetria no resultado setorial. Dos 10 grupos analisados pelo IBGE, seis tiveram aumento e cinco com queda. Das elevações, o destaque vai para o varejo de farmácias, com 11%. No sentido oposto, o setor de móveis e eletrodomésticos recuou 14,7%. n

n

A safra brasileira de cereais está estimada em 263 milhões de toneladas, patamar recorde.

No primeiro semestre, o país gerou 1,33 milhão de novos postos de trabalho com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério da Economia. Somente no mês de junho, houve abertura de 278 mil novas vagas, sendo puxado pelo setor de serviços (125 mil).

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n

A dívida pública atinge 78,2% do PIB, sendo a sétima queda consecutiva.

Dados Macro América Latina

Argentina

Brasil

Chile

Colombia

México

Peru

Taxa de desemprego

7,00%

9,30%

7,80%

11,30%

3,30%

6,80%

Taxa básica de juros

69,50%

13,75%

9,75%

9,00%

8,50%

6,50%

Inflação (LTM - Jun )

71,00%

10,07%

13,10%

10,21%

8,16%

9,28%

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LTM - Últimos doze meses

até Junho Legenda: Verde, Vermelho e Preto Os dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.

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ÍNDICES DE CONFIANÇA: O Índice de Confiança do Consumir registrou crescimento de 1,9% em julho ao passar de 103,6 pontos no mês anterior para os atuais 105,6 pontos. Desde o início do ano, o indicador tem oscilado ao redor dos 105 pontos. Por um lado, o paulistano está tendo uma melhora no mercado de trabalho, mas por outro, o aumento de preços tem tirado o seu poder de compra. A tendência com a inflação arrefecendo é que haja uma melhora mais substancial da confiança ao longo do segundo semestre. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) ficou estável em julho com os 119,9 pontos. No entanto, comparando com igual período de 2021, houve forte aumento de 21,3%. O crescimento nas vendas no comércio, sobretudo no setor de vestuário, grande parte do público da pesquisa, tem animado os empresários e deve contribuir para a ascensão do indicador na segunda parte do ano.

Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)

Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)

150 140 130 120 110 100 90 80

ICC

May-22

Feb-22

Nov-21

Aug-21

May-21

Feb-21

Nov-20

Aug-20

May-20

Feb-20

Nov-19

Aug-19

May-19

Feb-19

Nov-18

Aug-18

May-18

Feb-18

Nov-17

Aug-17

May-17

Feb-17

Nov-16

Aug-16

May-16

60

Feb-16

70

ICEC

Nota: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.

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VISTO, DE NOVO? A notícia mais impactante do mês: o México, infelizmente, passou a exigir visto físico de turistas brasileiros, a partir de 18 de agosto, pegando vários de surpresa. Quem tem visto americano ou canadense ainda pode entrar em o visto físico do México, mas mesmo assim as vendas já caíram e o interesse por destinos caribenhos que não exigem visto aumentou. O trade está considerando um retrocesso do governo do México, mas como se sabe o país depende do Turismo dos Estados Unidos, o que explica em parte a medida. No Brasil, apenas três locais possuem postos de visto para o México: Rio, São Paulo e Brasília. No mais, há otimismo e cautela. Sim, já alcançamos, em diversas frentes, os números pré-pandemia. Viagens de lazer desde o começo do ano. Viagens corporativas de maio ou junho para cá (em julho as TMCs da Abracorp venderam R$ 1 bilhão, superando 2019). A malha aérea doméstica já se recompôs. E a hotelaria comemora semanas e dias com 100% de ocupação, especialmente em destinos que unem lazer e corporativo. Mas apesar do clima de normalidade, com a queda de máscaras em todos os lugares (exceto hospitais), ainda há muitos desafios, ainda mais com inflação alta e em ano de eleições para presidente, governador e o Congresso, e também de Copa do Mundo de Futebol. A Gol Linhas Aéreas deu o primeiro sinal de alerta, ao anunciar redução de 10% da oferta de voos em agosto e setembro, devido à queda na demanda e ao aumento de custos. Com a passagem mais cara, os brasileiros estão pisando no freio e planejando melhor suas escapadas ou viagens de negócios. As viagens aéreas internacionais ainda não retornaram aos patamares de 2019, tanto no lazer quanto no corporativo, e os números das TMCs da Abracorp (principal associação de agências de viagens corporativas) mostram isso. A previsão é uma recuperação apenas entre 2023 e 2024. Novamente o custo da passagem e os gastos das aéreas inibem a retomada. Ainda este ano, a Gol retomará seus voos do Nordeste para Buenos Aires e a American Airlines e a Delta preveem mais voos entre Brasil e Estados Unidos. Ainda distante do que era em 2019, a malha aérea internacional a partir do Brasil vai demorar a se recompor e com isso as tarifas continuarão alta. Outro grande entrave para a retomada é a questão de falta de mão de obra, ainda mais especializada. No Brasil, não temos falta de pilotos e profissionais de aviação, mas em todas as demais áreas a questão é crítica. Nas agências de viagens, é comum o assédio a profissionais dos concorrentes, gerando atritos e mais falta de bons profissionais. Na hotelaria, serviços reduzidos, atendimento mais lento, ainda com a desculpa da pandemia. Nas operadoras, menos profissionais para atender e vender. Um desafio que ainda deve entrar pelos próximos 2 ou 3 anos e que afeta da qual-

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idade de serviço ao atendimento em call centers e centrais de reserva. Na hora de uma disrupção, esse gap fica ainda mais evidente. O segundo semestre promete ser, apesar de tudo isso, um grande período de vendas, com o doméstico ainda prevalecendo, mas o internacional se destacando, seja pelo tíquete médio, seja pelo desejo de voltar a destinos nos Estados Unidos, Europa e América do Sul. Destinos em alta no Brasil: Flórida, especialmente Orlando e Miami, Nova York, Buenos Aires, Santiago, capitais europeias ocidentais, Dubai, Catar, Caribe e Maldivas.

Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br.

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