03 Principais Fatos
ÍNDICE
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PRINCIPAIS FATOS
Em 2023, a economia brasileira cresceu 2,9%, de acordo com a divulgação do IBGE, variação quase igual aos 3% do ano anterior. É, de fato, um bom resultado para o país numa primeira análise. No entanto, ao verificar o desempenho de forma mais detalhada, fica evidente um cenário com sérias limitações para um avanço mais forte e de longo prazo do Brasil.
Na ótica da produção, a agropecuário foi o grande destaque com avanço de 15,1%, porém ficou concentrado no 1º trimestre com a alta de 20,9%, dada a safra recorde de grãos e os preços das commodities agrícolas em alta. Nos três trimestres seguintes foram marcados por quedas e que influenciou o PIB geral a ter dois trimestres com estabilidade.
Pelo lado da demanda, houve crescimento de 3,1% no consumo das famílias e de 1,7% no consumo do governo. De fato, a melhora no mercado de trabalho, inflação relativamente mais moderada e a redução dos juros têm contribuído para o avanço no poder de compra dos brasileiros. E o governo atual tem uma sinalização clara de aumento de gastos. Há uma linha de análise de que o aumento dos gastos públicos é positivo. No entanto, vale a observação que da década de 80 para cá houve o aumento da carga tributária de 25% para 35% do PIB e, ao mesmo tempo, o investimento público caiu de 5% para próximo de 1%. Ou seja, a ampliação nos gastos não está sendo destinada para investimentos, mas para custeio da máquina e gastos obrigatórios.
Nessa linha, outro ponto de atenção no resultado do PIB é a queda de 3% nos investimentos, caindo para 16,5% do PIB, ante os 17,8% no ano anterior. E para piorar, a taxa de poupança em relação ao
produto interno bruto também caiu, de 15,8% para 15,4%. Para se ter uma ideia, nos países emergentes, a taxa de investimento se situa entre 25 e 30% do PIB, muito acima do nível brasileiro.
E com baixa poupança interna, se o Brasil deseja aumentar os seus investimentos terá que se financiar no exterior, aumentando o grau de risco pelas volatilidades da moeda.
Por enquanto, a economia real vai mostrando um bom desempenho. O comércio varejista, por exemplo, avançou, em janeiro, 4,1% na comparação com igual período de 2023, com destaque para as farmácias (7,1%) e supermercados (6,4%). Quando se amplia a análise para outros segmentos, envolvendo parte do atacado, o setor de veículos segue em expansão, com alta no mês de 11,9%, muito por conta da entrada de novos players no mercado como a chinesa BYD. A indústria começou o ano com o pé direito e aponta crescimento anual de 3,6%, puxando tanto pelo segmento extrativo (6,5%), quanto pelo setor de transformação (3,1%).
Os serviços registraram aumento, em janeiro, de 4,5%, com todos os 5 grupos analisados pelo IBGE crescendo em relação ao mesmo mês do ano passado. O turismo, especificamente, de acordo com dados da FecomercioSP, fechou o ano passado com faturamento de R$ 190 bilhões, alta de 7,8%. Esse quadro mais positivo nas atividades econômicas é reflexo de uma combinação mais favorável no emprego, renda e crédito. A taxa de desemprego vem numa sequência de quedas, de 8,4% para 7,6%, no período de um ano. Na parte da inflação, no acumulado em 12 meses, a variação até janeiro deste ano está em 4,50%, ante os 5,77% do mesmo intervalo até janeiro de 2023. E em relação ao crédito, a taxa de juros básica da economia desceu de 11,75% para
os atuais 10,75% ao ano, com esse último corte na reunião do COPOM em meados de março. A preocupação que fica é sobre o descasamento entre oferta e demanda. Por um lado, o crescente aumento nos gastos das famílias e do governo. Por outro, uma queda nos investimentos, o que proporcionaria o aumento da oferta agregada. O resultado deverá ser visto num crescimento econômico baixo e numa pressão sobre os preços e na taxa de juros.
Esse cenário de queda nos investimentos está muito ligado a gestão do atual governo do país, que não tem no seu horizonte cortes de gastos,
DADOS IMPORTANTES:
1
Como consequência do El Niño, a estimativa da safra brasileira tem caído a cada a avaliação. Agora, segundo o IBGE, são estimados 301 milhões de toneladas para este ano, queda de 4,7% em relação ao dado de 2023 (315,4 mi/t).
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O grupo alimentos e bebidas tem pressionado a inflação desde o final do ano passado, derivado dos problemas climáticos que afetam a produção e colheita. Entre janeiro e fevereiro, a alta foi de 2,34%, quase o dobre da variação geral, de 1,25%.
RESUMO FEVEREIRO/2024
In ação (LTM-Jan*)
*LTM - Últimos doze meses
Legenda: Verde, Vermelho e PretoOs dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.
mas o aumento de despesa sem a devida certeza de uma elevação na receita. Na verdade, há uma busca intensa para aumentar a arrecadação, passando também por medidas para interromper o PERSE, programa essencial que ajudou a reerguer o setor de eventos da pandemia, com previsão legal até 2027. Portanto, esse é o grande gargalo do momento, a incerteza fiscal do país, podendo alterar rumos de variáveis altamente relevantes para decisão de investimentos como a dívida, inflação e juros. É claro que crescer 2,9% é bom, mas é importante analisar a qualidade desse desempenho e, por enquanto, está ruim.
3
Em janeiro deste ano, foram criadas 180 mil vagas formais no país, o dobro do visto no mesmo período de 2023, com destaque para os 81 mil novos postos no segmento de serviços.
4
De acordo com dados da ALAGEV, o setor de viagens corporativas faturou R$ 118,7 bilhões no ano passado, alta de 11,3%. Esse resultado está ligado, evidentemente, ao aumento da demanda, mas tem uma parcela que é influenciada pelo aumento nos preços dos serviços de turismo, sobretudo das passagens aéreas.
ÍNDICES DE CONFIANÇA:
O Índice de Confiança do Consumir (ICC) volta a crescer e atinge, em fevereiro, 138,2 pontos, o maior nível em 5 anos. Na comparação com janeiro, houve avanço de 3,7% e sobe 7,3% no contraponto anual. A combinação segue positiva, de mercado de trabalho mais aquecido, inflação relativamente mais baixa e queda na taxa de juros. Os consumidores paulistanos também estão olhando para o país de uma forma mais promissora, de que nos próximos 12 meses eles experimentarão melhores momentos.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) apontou leve aumento de 2% em fevereiro quando comparado com janeiro. No entanto, os 110,2 pontos vistos neste segundo mês ainda está 1,9% abaixo do registrado um ano antes. Há uma discrepância na magnitude e na tendência quando se compara com o dado do consumidor. O que pode ser explicado, em parte, pelos custos elevados enfrentados pelos varejistas que têm sido um grande obstáculo na melhora dos resultados.
Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
VIAGENS E TURISMO
Março foi o mês da 21ª edição do Fórum PANROTAS, que reuniu, no WTC Events Center, em São Paulo, mais de 2 mil lideranças do Turismo. O evento trouxe muitos insights sobre tendências do Turismo e também pesquisas e estudos inéditos para ajudar a indústria a se planejar para os próximos meses e anos. O Turismo dentro do Brasil continua aquecidos, movido pelo desejo de férias, viagens e famílias e eventos especiais (o show de Madonna, em 4 de maio, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, já lota hotéis e faz empresas aéreas adicionarem mais voos para a cidade).
Confira abaixo alguns dos destaques do Fórum PANROTAS 2024:
1. Brasil é país que mais cresce em pesquisas por viagens na Internet. A plataforma de dados Similarweb –especializada na captação de insights a partir da audiência digital –, trouxe uma revelação importante ao público: as buscas dos internautas do Brasil tiveram o maior crescimento da web entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024. O País ocupa a 7ª colocação na lista de países que mais realizam pesquisas – os Estados Unidos encabeçam este ranking.
Entre os sites mais visitados por internautas brasileiros, Booking, Tripadvisor, Latam Airlines e Airbnb, nesta ordem, são as empresas que geram maior procura. No último ano, os sites de Viagens e Turismo do Brasil receberam 2,8 bilhões de
visitas, com uma média de 53 milhões de visitantes únicos.
Este número de visitas no Brasil equivale a aproximadamente 34% da população adulta do país, o que, segundo a Similarweb, demonstra amplo interesse das pessoas no Brasil em explorar opções de Turismo. A empresa também listou quatro tendências a partir dos dados coletados no Brasil:
• Google Flights se consolida como um dos principais buscadores de voos, com 1,2 bilhão de cliques mensais nos seus resultados de pesquisa.
• Turismo nacional local aquecido devido ao aumento das passagens aéreas. Observa-se um crescimento na demanda por serviços relacionados ao Turismo local.
• Buscadores de viagens e hotéis estão expandindo sua gama de serviços.
• Viagens internacionais . A retomada do interesse por viagens internacionais refletiu no aumento das visitas para companhias aéreas como Iberia, Copa Airlines e Tap Air Portugal.
2. Rio de Janeiro, Gramado e Maceió estão no topo dos 10 destinos mais procurados para lazer. Durante o evento, a Omnibees (plataforma de tecnologia para reservas de hotéis), apresentou dados da hotelaria em 2023 e projeções para este ano. No ano passado, os 10 destinos de lazer que tiveram maior procura no Brasil em noites de hospedagem foram, do 1º para o 10º colocado: Rio de Janeiro, Gramado, Maceió, Porto Seguro, Foz do Iguaçu, Ipojuca, Natal,
Florianópolis, Fortaleza e Búzios.
Para o turismo corporativo, São Paulo lidera o ranking, seguido por Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Porto Alegre, Recife, Campinas e Goiânia.
3. A questão da falta de aeronaves e peças para manutenção continua a dar dor de cabeça às empresas aéreas nacionais. No painel com os CEOs das três principais aéreas do Brasil – John Rodgerson, da Azul, Celso Ferrer, da Gol, e Jerome Cadier, da Latam – eles afirmaram que, para o setor crescer, é preciso abordar os entraves na cadeia de produção de motores e aviões, bem como se chegar a políticas públicas para a aviação no Brasil. A demanda represada continuará pressionando os preços para cima. Não há previsão de aumento de oferta internacional substancial, com a oferta doméstica devendo crescer menos de 10%.
4. Uma pesquisa realizada pelo TRVL Lab (parceria da PANROTAS com a Consultoria Mapie) e patrocínio da Trend Viagens mapeou cinco perfis dos viajantes corporativos.
Destacam-se as mulheres de negócios, que realizaram entre duas e quatro viagens nos últimos 12 meses e consideram que o excesso de burocracia ao reservar viagens de trabalho é um dos principais problemas enfrentados. Já os jovens viajantes, público entre 18 e 29 anos, realizam viagens corporativas que duram cerca de dois a três dias, são o perfil que mais aproveita as viagens a negócios para lazer e representam a fatia de mercado mais sensível a preços.
Entre as tendências reveladas, notou-se que os viajantes são incentivados a realizar viagens híbridas, estendendo a estada no destino de negócios para aproveitá-lo como lazer. Porém, costumam fazer isso apenas às vezes ou raramente. Outra constatação é de que, apesar de as empresas permitirem que seus funcionários atuem em qualquer lugar (anywhere office), a maioria trabalha no formato à distância somente às vezes ou raramente.
5. Viagens de luxo são segmento que mais cresce entre diferentes gerações. Mesmo com o aumento das tarifas aéreas, as compras de viagens de luxo permanecem em alta, apontaram os especialistas de ILTM Latin America, Primetour, FFTravels e Superviagem. Segundo Maurice Padovani, diretor-executivo da Primetour, o que muda são somente os hábitos de consumo, já que os viajantes do mercado de luxo têm diferentes perfis, momentos de vida e níveis de maturidade financeira. Portanto, seguem viajando, mesmo com as oscilações de preço nas passagens. Em relação a destinos, a Ásia está com tudo entre os viajantes de alta renda. Esta foi a última região a ser aberta após a pandemia e atrai as pessoas que estão buscando novidades tanto em termos de locais como de experiências diferenciadas.
6. O comportamento do turista argentino mudou e Brasil deve se atentar a isto. Em um painel que contou com a participação de Aldo Leone, presidente da Agaxtur; Diego Garcia, diretor-executivo da CVC Corp na Argentina; Gonzalo Romero, diretor-geral da Air Europa no Brasil e country manager
da companhia na Argentina; e Maria Laura Pierini, gerente de promoção do Visit Buenos Aires, foi destacado que, depois da pandemia, o comportamento do viajante argentino mudou.
Para Romero, os turistas argentinos hoje estão muito mais centrados em experiências e buscam viajar por diferentes motivações, tais como acompanhar shows, despedidas de solteiro, lua de mel ou para comemorar aniversários em grupos grandes. O Brasil é um dos principais destinos escolhidos pelos argentinos, com destaque para o Rio de Janeiro e as praias do Nordeste. De acordo com Garcia, o Brasil continua sendo o principal emissor para a Argentina.
7. Sustentabilidade já afeta modo como turistas se locomovem e viajam de carro. No que se refere ao transporte durante as viagens, foi citado em painel sobre Sustentabilidade, por Pablo Toledo, CMO da montadora chinesa BYD, que o uso de carros elétricos vem aumentando, mas que os primeiros passos para esta tendência se efetivar são a conscientização e o preparo dos agentes de viagens, para que o aluguel de um veículo deste tipo não se torne um problema para os clientes. Segundo Toledo, estamos em um momento de transição e, na empresa, os carros mais vendidos atualmente são os híbridos, o que reforça ainda mais a tendência.
MAIORES EMPRESAS
Durante o Fórum PANROTAS, a empresa divulgou seu ranking anual de maiores empresas distribuidoras do Turismo (não entraram na lista fornecedores, nem as empresas que não quiseram divulgar suas vendas totais em 2023).
CONFIRA O TOP 20 BRASIL:
1 – CVC CORP MAIOR EM VENDAS NO BRASIL
R$ 11,1 bilhões (vendas no BRASIL)
Principais marcas: CVC Viagens, Trend Viagens, Rextur Advance, Visual, Experimento
2 – DECOLAR MAIOR EM VENDAS NA AMÉRICA LATINA
R$ 10,5 bilhões (vendas no Brasil)
Principais marcas: Decolar, HotelDo, Viajanet, Koin
3 – BEFLY
R$ 10,2 bilhões
Marcas: Flytour Business Travel, Flytour
Consolidadora, Queensberry, Qualitours, Vai Voando e STB
4 – GRUPO CONFIANÇA
R$ 3,5 bilhões
5 – COPASTUR
R$ 2,5 bilhões
6 – MONDEE
R$ 2 bilhões
R$ 1,3 bilhão da Orinter
R$ 692 milhões da Interep
7 – Grupo BRT
R$ 1,98 bilhão
8 – GRUPO SAKURA
R$ 1,9 bilhão
9 – GRUPO KONTIK
R$ 1,74 bilhão
10 – GRUPO ANCORADOURO
R$ 1,45 bilhão
R$ 120 milhões da Mondiale by Ancoradouro
R$ 85 milhões da Blue
11 – SKYTEAM
R$ 1,31 bilhão
12 – CWT
R$ 1,28 bilhão
13 – BCD Travel
R$ 1,25 bilhão
14 – FRT
R$ 1 bilhão
R$ 550 milhões da FRT Operadora
R$ 502 milhões da FRT Consolidadora
15 – TP GROUP
R$ 870 milhões
16 – AVIPAM
R$ 855 milhões
17 – CNT
R$ 798 milhões ( R$ 640 milhões só de aéreo)
18 – VOETUR
R$ 743 milhões
19 – BEST BUY
R$ 710 milhões
20 – ABREU
R$ 503 milhões
Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br