Edição 30
SETEMBRO/22
ECONOMIA BRASILEIRA .......................................................................2 DADOS IMPORTANTES ............................................................................3 DADOS MACRO AMÉRICA LATINA ............................................................3 ÍNDICES DE CONFIANÇA ..........................................................................4
INDÚSTRIA DO TURISMO ....................................................................5
PRINCIPAIS FATOS Entrando no último trimestre do ano e a economia mundial continua enfrentando desafios, sobretudo com a inflação pressionada. No Brasil, a situação começou a aliviar, mas longe de estar resolvida. Por dois meses seguidos, o índice que mede os preços no Brasil, o IPCA, registrou deflação de 0,68% e 0,38% nos meses de julho e agosto, respectivamente. No acumulado em 12 meses, a variação baixou da casa dos dois dígitos e está em 8,73%. No entanto, a queda média dos preços não está sendo na maioria dos itens de produtos e serviços, mas bem específico nos combustíveis, como a gasolina, diesel e o etanol. Acontece que a medida de limitação em 17% de imposto estadual sobre os combustíveis conseguiu abaixar significativamente os preços aos consumidores nos postos. Aliado a isso, o petróleo tipo Brent, referência para a gasolina no Brasil, caiu dos 120 dólares o barril para oscilar, neste momento, ao redor dos 90 dólares. Dessa forma, permitiu a Petrobrás a realizar uma sequência de redução no preço de venda da gasolina nas refinarias. Por outro lado, sete dos nove grupos analisados pelo instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registraram aumento na última coleta de agosto. Os preços dos alimentos, em média, têm mantido altas consecutivas, sendo esse o grupo que mais pesa no orçamento das famílias. O emprego no país tem crescido e contribuiu para o trabalhador recompor em parte a perda da renda pela inflação. A taxa de desemprego medida pelo IBGE ficou em 9,1% no trimestre terminado em julho, menor patamar desde o final de 2015. Contudo, como o ingresso e reingresso no mercado de trabalho tem sido, em média, com salários mais baixos, dificulta o ganho de renda disponível no agregado das famílias. Além disso, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as taxas de famílias endividadas e com conas em atraso, os inadimplentes, estão batendo recordes, com 79% e 29,6% das famílias, respectivamente. Parte desse aumento está relacionado a dificuldade de consumo face os preços mais altos. Porém, há outra explicação, do aumento expressivo dos juros aos consumidores, acompanhando a trajetória de subida da taxa básica da economia, a SELIC. Em questão de um ano, a taxa subiu de 2% para quase 14% ao ano. Desta forma, com famílias com contas em atraso no nível recorde, juros altos e inflação ainda pressionando, é natural imaginar o impacto limitador nas vendas do comércio. Tanto que o último dado do setor foi negativo, com retração nas vendas de 6,8% em julho, ampliando dos -3% vistos no mês anterior. Dos 10 segmentos analisados pelo IBGE, seis apontaram queda e os supermercados com estabilidade. Pelo lado dos serviços, o cenário é mais favorável, com destaque para as atividades ligadas ao turismo. No geral, houve crescimento de 6,3% em julho comparando com igual período do ano passado. Mas, quando analisados os setores de alojamento e alimentação e transporte aéreo, as variações estão acentuadas, de 22,3% e 15,4%, respectivamente. E o levantamento mensal da FecomercioSP comprova o bom momento que vive o turismo nacional. O faturamento no mês de julho foi de 18,3 bilhões de reais, alta de 32,1% na comparação anual. A demanda está aquecida, mas é importante ressaltar que parte desse aumento vem por
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conta do aumento de preços, sobretudo das passagens aéreas. De acordo com cálculos da Entidade, a inflação do turismo atinge 31,3% em um ano até o mês de agosto contra os 8,73% da inflação média geral no país. Como visto, as variáveis e setores econômicos apontam caminhos diferentes e essa instabilidade e imprevisibilidade dificultam uma recuperação mais forte do país. O que deve dar um ânimo no até o final do ano é a injeção do Auxílio Brasil no valor de R$ 600, além do 13º salário no final do ano. Lembrando que com mais gente empregada formalmente, mais recursos terá disponível aos trabalhadores nos meses de novembro e dezembro. Mas, novamente, com recorde de famílias com contas em atraso, esses recursos devem ser destinados, em grande parte, para pagamento de dívidas. O problema é que há indicativo para uma recessão global em 2023, puxado pelo aumento de juros neste ano. Crédito caro para empresas e consumidores implicam em menos investimentos e gastos das famílias, ou seja, esfriamento da demanda. Portanto, o remédio para conter a inflação (subir juros) terá um efeito colateral negativo e o Brasil, que não conseguiu dar uma tração mais forte à retomada, deve seguir com ritmo positivo, mas fraco e limitado. DADOS IMPORTANTES: O Produto Interno Bruto do 2º trimestre cresceu 1,2% e acumula alta em um ano de 2,6%. Todos os setores tiveram desempenhos positivos, agropecuária (+0,55%), indústria (+2,2%) e serviços (1,3%). Os investimentos também seguiram a tendência positiva, com elevação de 4,8% no trimestre. Outro indicador que puxou o PIB foi o consumo das famílias, em 2,6%. n
O comércio varejista caiu 6,8% em julho. Os destaques negativos foram dos setores mais sensíveis ao crédito como móveis e eletrodomésticos (-14,6%), materiais de construção (-13,7%) e veículos (-8,5%). Por outro lado, as farmácias seguem em expansão desde o início da pandemia e registraram aumento em julho de 4%. n
A indústria apontou queda de 0,5% em julho na comparação anual. No ano, o acumulado chega a -3%, puxado pela produção de bens de consumo duráveis, com queda de 10,2%. São setores que dependem de crédito para elevar o consumo e, por consequência, a demanda na indústria. n
A taxa de juros média cobrada do consumidor foi, em junho, de 51,5% ao ano, segundo o Banco Central. Um ano antes, o percentual médio foi de 39,8% a.a. Esse aumento tem impacto direto no consumo.
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Dados Macro América Latina
Argentina
Brasil
Chile
Colombia
México
Peru
Taxa de desemprego
7,00%
9,10%
7,90%
11,00%
3,20%
6,80%
Taxa básica de juros
69,50%
13,75%
10,75%
9,00%
8,50%
6,75%
Inflação (LTM - Jun )
71,00%
8,73%
14,10%
10,84%
8,70%
8,80%
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LTM - Últimos doze meses
até Junho Legenda: Verde, Vermelho e Preto Os dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.
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ÍNDICES DE CONFIANÇA: O Índice de Confiança do Consumir ficou em 106,8 pontos em agosto, alta mensal de 1,1%, porém está 4,7% abaixo dos 112 pontos vistos neste mês de 2021. Embora otimistas, as famílias paulistanas estão com dificuldades no seu dia a dia com a inflação de alimentos impactando o seu orçamento e com as contas em atraso. O mercado de trabalho mais aquecido tem ajudado na confiança, mas não tem sido suficiente para contrabalancear os pontos negativos da economia. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) apontou queda de 1,1% ao passar de 119,9 pontos em julho para os atuais 118,7 pontos. Apesar desse recuo, o patamar de agosto está 10,1% acima do visto no ano passado. O ritmo mais fraco nas vendas do comércio tem impactado diretamente no humor dos empresários. Como o cenário não deve mudar ao longo do 2º semestre, a tendência é permanecer no nível próximo ao atual.
Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)
Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)
150 140 130 120 110 100 90 80
ICC
Aug-22
May-22
Feb-22
Nov-21
Aug-21
May-21
Feb-21
Nov-20
Aug-20
May-20
Feb-20
Nov-19
Aug-19
May-19
Feb-19
Nov-18
Aug-18
May-18
Feb-18
Nov-17
Aug-17
May-17
Feb-17
Nov-16
Aug-16
May-16
60
Feb-16
70
ICEC
Nota: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.
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INDÚSTRIA DE VIAGENS O próximo verão será decisivo para a retomada real das viagens internacionais no Brasil. Até aqui, temos voos lotados, preços nas alturas, mas a oferta de assentos ainda aquém do pré-pandemia. Para o final do ano, as companhias já anunciaram aumentos significativos de voos, voltando a níveis bem próximos de antes da crise. A American Airlines chegará a 38 voos semanais, mas na altíssima temporada, de dezembro a janeiro, chegará a três voos diários entre São Paulo e Miami. Infelizmente ainda não tem planos de voar de Manaus para Miami ou do Nordeste. Mas sua parceira no Brasil, a Gol, suprirá essa lacuna com mais voos para os Estados Unidos e para a Argentina também, saindo do Nordeste e do Norte do País. Delta Air Lines, Aerolíneas Argentinas, Air Europa, Lufthansa/Swiss, Tap e Air France-KLM são outras empresas que irão aumentar seus voos no Brasil ou já o fizeram recentemente. O verão internacional terá como concorrentes os resorts brasileiros e os cruzeiros, na maior temporada pela costa brasileira nos últimos dez anos. Tudo com pagamento em reais e parcelamento. Se o câmbio ajudar, voar para fora voltará a ser competitivo. Ainda no campo de viagens internacionais, espera-se que o Caribe tenha um boom de turistas, muitos que iriam para o México e que não querem o transtorno de ir ao consulado tirar visto. O esqui também está em alta e estações americanas e europeias estão neste momento no Brasil fazendo visitas e eventos para os agentes de viagens. IRRF EM 2023 Se você é um fornecedor estrangeiro, especialmente dos Estados Unidos, e seu parceiro no Brasil está pedindo para pagar seus serviços somente em janeiro, não se assuste. É que a partir de janeiro de 2023 o imposto sobre remessas ao Exterior será de 6%, mantendo o mesmo índice em 2024, e depois subindo um ponto por ano até chegar a 9%. Hoje esse imposto é de 25% e tem impedido as remessas para países sem acordo bilateral de bitributação com o Brasil. A notícia era esperada e foi muito comemorada, mas só começa a valer em janeiro de 2023. ABAV EXPO Este mês ocorreu em Recife, Nordeste do Brasil, a Abav Expo e realmente o Turismo dentro do Brasil foi o grande destaque. Mas o internacional começa a ganhar corpo com esse aumento de voos e com uma presença agressiva no Brasil de destinos como Argentina, França, Suíça, Espanha e mesmo os Estados Unidos, com delegações e eventos exclusivos a cada semana.
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Continuem apostando em valor agregado aos produtos, facilidades de pagamento e em novidades. Os treinamentos da Disney e da Universal têm lotado os salões de eventos pelo Brasil e são uma mostra de que o brasileiro quer continuar viajando e visitando seus locais favoritos. Por fim, destaque para o crescimento dos fretamentos domésticos e internacionais de operadoras como a CVC Corp e ViagensPromo, e também as campanhas de incentivo aos agentes de viagens. Essa é a hora de ir além da transação, mostrar parceria e colocar iscas para atrair o vendedor e o cliente final. Todos preparados para o verão 2022/23? Vai valer a pena. Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br.
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