Jornal PANROTAS 1227

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R$ 11,00 - Ano 24 - nº 1.227 20 a 26 de julho de 2016

Luxo

a bordo

Requinte e exclusividade definem a experiência em cruzeiros fluviais proposta pela Ama Waterways. Embarcamos nessa viagem para conferir de perto como é aproveitar um roteiro baseado em paradas estratégicas por pérolas da Europa > Páginas 04 a 14


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20 a 26 de julho de 2016 JORNAL PANROTAS

Check-IN LEIA NESTA EDIÇÃO Página 15 La Cita se apoia em conceito “anti-feira” para seguir em alta

OS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL E NO MUNDO

O Brasil possui, atualmente, 204 milhões de habitantes.

O país abriga cerca de 940 mil imigrantes permanentes.

Os principais países de origem são:

Portugal: 277.727 imigrantes

Japão: 91.042 imigrantes

Páginas 18 a 21 Aumento de comissão da Decolar.com gera debate sobre distribuição hoteleira

Itália: 73.126 imigrantes

Espanha: 59.985 imigrantes

Bolívia: 50.240 imigrantes

Argentina: 42.202 imigrantes

Uns ganham, outros perdem.

Página 24 ABR se estrutura para receber mais resorts e agentes de viagens

Em 2013, os países europeus que mais tiveram pessoas saindo de suas terras foram: Espanha: 532,3 mil emigrantes Reino Unido: 316,9 mil emigrantes França: 300,8 mil emigrantes Polônia: 276,4 mil emigrantes Alemanha: 259,3 emigrantes

Editorial>

Artur Luiz Andrade

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Fonte: innovarepesquisa artur@panrotas.com.br

À procura do ciclo virtuoso Páginas 25 e 26 Um raio-x sobre os hábitos de viagens dos millenials

Páginas 28 e 29 Conheça o recéminaugurado Yoo2, aposta da Intercity no Rio

A indústria de Viagens e Turismo é tão cíclica como a economia brasileira (ou nossa política). A sazonalidade que é tão comum em alguns destinos e produtos parece que também é marca registrada dos negócios em geral. O empresário do setor tem de ter cada vez mais flexibilidade, rapidez de resposta e criatividade (além de parceiras, capital, mão de obra inteligente e capaz, entre outros fatores) para acompanhar os momentos de tempo bom e de tempestade e até perseguir os tornados e furacões, para encontrar aquele espaço bem no meio desses fenômenos onde há calmaria em meio ao caos. Por exemplo, este é um bom momento, no mundo todo, para os cruzeiros

fluviais. Uma indústria que cresce em produtos (a maioria de luxo), em todos os países (inclusive no Brasil) e para públicos diferentes (engana-se quem acha que é apenas para os mais velhos). Nesta edição, experimentamos, testamos e aprovamos o cruzeiro do Ama Prima, da Ama Waterways, pelo rio Danúbio. Em um dos trechos, nosso repórter atleta Renato Machado fez de bicicleta um percurso entre duas paradas da embarcação. Depois relaxou consumindo o melhor da gastronomia internacional, no mais alto conforto do barco. Coisa apenas para os mais velhos? Repense seus conceitos. Quem vai se interessar por barcos pequenos em meio a mega navios de cruzeiros marítimos?

Leia a reportagem e descubra. Os momentos de calmaria e ebulição também envolvem a distribuição de produtos. Estava demorando para as OTAs serem alvo de um protesto mais forte por parte dos fornecedores e ele partiu dos hotéis do Rio de Janeiro? Como balancear os meios de distribuição e não colocar todos os ovos (ou quartos de hotel) em uma só cesta (ou canal)? A insatisfação com o meio on-line abre uma oportunidade para TMCs e agências de viagens. Olha aí o olho do furacão à espera dos ágeis e corajosos? Ninguém disse quem o mundo digital seria fácil. Mas que é muito mais dinâmico... disso ninguém duvida. Boa caçada (aos tornados e furacões). E boas contas.

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PANROTAS — Versão digital das publicações da editora


03 Expediente PRESIDENTE José Guillermo Condomí Alcorta DIRETOR EXECUTIVO José Guilherme Condomí Alcorta

20 a 26 de julho de 2016 JORNAL PANROTAS

S E U AQ T S E D

DO PORTAL

DIRETORA INTERNACIONAL Marianna C. Alcorta

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DIRETORA DE MARKETING Heloísa Prass DIRETOR DE TI Ricardo Jun Iti Tsugawa

PANROTAS

7/7 a 13/7

1 Hotéis do Rio fazem semana de boicote à Decolar - em 7/7

2 KLM coloca torre de chope no avião e

REDAÇÃO Editor-chefe: Artur Luiz Andrade (artur@panrotas.com.br) Editor: Renê Castro (rcastro@panrotas.com.br) Editor Rio de Janeiro: Diego Verticchio (diego@ panrotas.com.br) Reportagens: Brunna Castro, Henrique Santiago, Karina Cedeño, Rafael Faustino, Renato Machado, Roberta Queiroz, Rodrigo Vieira e Fernanda Cordeiro (estagiária) Fotógrafos: Emerson de Souza, Jhonatan Soares e Marluce Balbino MARKETING Assistente: Erica Venturim Marketing Digital: Sandra Gonçalves PRODUÇÃO Gerente de Produção: Newton dos Santos (newton@panrotas.com.br) Diagramação e tratamento de imagens: Katia Alessandra, Pedro Moreno e Thalya Brito Projeto Gráfico: Graph-In Comunicações COMERCIAL Executivos: Flávio Sica (sica@panrotas.com.br) Paula Monasque (paula@panrotas.com.br) Priscilla Ponce (priscilla@panrotas.com.br) Rene Amorim (rene@panrotas.com.br) Ricardo Sidaras (rsidaras@panrotas.com.br) Tais Ballestero de Moura (tais@panrotas.com.br) EXECUTIVO SÊNIOR DE RP Antonio Jorge Filho (jorge@panrotas.com.br) FALE CONOSCO Matriz: Avenida Jabaquara, 1761 – Saúde São Paulo - Cep: 04045-901 Tel.: (11) 2764-4800 Brasilia: Flavio Trombieri (new.cast@panrotas.com.br) New Cast Publicidade Ltda SRTVS - QD 701 - BL. k - Sala 624 Ed. Embassy Tower - Cep: 70340-908 | Tel : (61) 3224-9565 Rio de Janeiro: Simone Lara (sblara@seasoneventos.tur.br) Season Turismo e Marketing e Esportes Ltda R. Gal. Severiano, 40/613 - Botafogo | Cep: 22290-040 - Rio de Janeiro - RJ Tel: (21) 2529-2415 / 8873-2415 ASSINATURAS Chefe de Assinaturas: Valderez Wallner O Jornal PANROTAS é vendido somente por assinatura. Para assinar, ligue no (11) 2764-4816 ou acesse o site www.panrotas.com.br Assinatura anual: R$ 468 Impresso na Lis Gráfica e Editora Ltda. (Guarulhos/SP)

PARCEIRAS ESTRATÉGICAS

MEDIA PARTNER

LACTE 11 LATIN AMERICAN CORPORATE TRAVEL & Events E XPERIENCE

ASSOCIAÇÕES

vai servir cerveja – em 12/7

3 Lufthansa vai suspender rota São Paulo-Munique – em 13/7

4 Boicote à Decolar no Rio também vale para Expedia – em 8/7

5 Empresas aéreas dos EUA oferecem sexo nos voos – em 13/7

6 Aéreas mantêm alerta sobre possível terrorista no Brasil – em 7/7

7 Família real do Qatar põe Boeing 747 luxuoso à venda – em 7/7

8 Após boicote, FBHA quer

emitir visto – em 7/7

11 Azul acha “fim da picada” 100% de capital estrangeiro – em 11/7

12 Universal Orlando inaugura atração do King Kong; fotos – em 13/7

processar a Decolar.com – em 12/7

13 Cantora pop faz performance em

9 Qatar Airways comprará 10% da

14 Conheça as dez melhores aéreas

Latam Airlines – em 12/7

10 EUA pretendem checar redes sociais antes de

avião da British; veja – em 8/7 do mundo em 2016 – em 12/7

15 Tap abre programa de “pit stop” gratuito em Portugal – em 7/7


04 Cruzeiros fluviais

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Renato Machado — Ama Prima (Europa)

Ao fundo, embarcação navega nas águas do rio Danúbio na cidade de Dürnstein, na Áustria, enquanto família explora a região em cima de bicicletas disponíveis a bordo

DANÚBIO, DONAU, DUNA, DUNAJ, DUNAV. SÃO DIVERSAS AS FORMAS DE NOMEAR UM DOS mais importantes rios da Europa. A via fluvial cruza dez países em seus mais de 2,8 mil quilômetros de extensão, indo desde o mar Negro, na Romênia,

até a região de Baden-Württemberg, na Alemanha. Historicamente, grandes rios possuem extrema importância política e econômica nas regiões por onde passam. Sendo assim, ter o controle de quem navega pelas suas águas sempre foi fundamental para a

Ama Prima é uma das 18 embarcações da Ama Waterways que navega nas águas europeias ao longo da temporada

soberania de um país. Não só de finanças e guerras, porém, está registrada a presença do Danúbio na vida das populações que ocuparam a região. Suas águas marcantes, o leito calmo e os cenários pelos quais corta inspiraram obras de artistas durantes séculos. Como não lembrar do ritmo tocante da valsa composta pelo austríaco Johann Strauss II, em 1866, “O Danúbio Azul”? Há pouco mais de 20 anos, o Danúbio deixou de ser exclusividade das populações ribeirinhas ou dos artistas em busca de inspiração. Com o fim da União Soviética e a abertura da região para o Turismo mundial, companhias viram ali a oportunidade de explorar as belezas e a navegabilidade do rio. Timidamente foram surgindo barcos voltados para os turistas. Foi apenas na virada do milênio, entretanto, que os cruzeiros fluviais se instalaram de fato como uma verdadeira instituição do rio Danúbio.

Embarcações foram se multiplicando, o número de docas disponíveis diminuindo, nichos criados. Cruzeiros fluviais de luxo foram uma dessas categorias que surgiram e que, hoje, dominam essas águas europeias. Viajar em um hotel de luxo, acordar em uma cidade diferente a cada dia e apreciar alta gastronomia. Não é difícil entender o porquê do sucesso. Estar a bordo de um desses cruzeiros de luxo é ter a certeza de que absolutamente nada irá lhe faltar. Essa imagem de hotel flutuante é uma das premissas da Ama Waterways, uma das líderes no mercado de luxo e representada no Brasil pela Velle Representações. Sua rota pelo rio Danúbio é uma das mais procuradas na alta temporada e o Jornal PANROTAS esteve lá, a convite da companhia. A viagem começou em Budapeste, com duração de sete noites, finalizando em Nuremberg. Além de Hungria e Alemanha, Eslováquia e

Divulgação

Luxo no Danúbio


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Construído em 2013, o Ama Prima é uma das embarcações exclusivas da Ama Waterways para itinerários europeus. Ao longo da temporada, o barco navega nos rios Danúbio, Reno e Meno

Áustria foram os outros países por onde passou o Ama Prima, embarcação na qual nos hospedamos pelo período. Franz von Gernerth, ao compor a letra para a valsa de Strauss, resumiu o cenário pelo qual as embarcações navegam: “Antigos castelos olhando / Para baixo desde as alturas, / Agradecem seu sorriso / Desde seus íngremes / E escarpados morros / E os cenários das montanhas / Se refletem em suas ondas dançantes”.

EMBARCAÇÃO

O Ama Prima, como qualquer barco desenhado para cruzeiros fluviais, não possui medidas astronômicas por uma questão de necessidade. Comprimento (135 metros) e largura (11,6 metros) da embarcação são cautelosamente alinhados aos obstáculos do trajeto por onde irá passar. Engenheiros dos projetos levam em conta, por exemplo, as mais baixas pontes sob as quais o barco terá de cruzar ou as mais estreitas eclusas em que ele irá navegar. Em dados momentos, um mecanismo hidráulico baixa a altura da cabine do capitão (o ponto mais alto do barco), fecha-se o solário para passageiros, e então passamos a centímetros de pontes. Nas eclusas mais estreitas, as paredes tomadas por algas podem ser tocadas (apesar da tripulação pedir com frequência para que passageiros não o façam). Construído em 2013, na Holanda, e registrado na Suíça, o Ama Prima tem capacidade para 164 passageiros, distri> Continua na pág. 08

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buídos em nove categorias de cabines (além de 51 tripulantes): da categoria E, com 15 metros quadrados de área, no andar mais baixo (onde apenas uma pequena escotilha, com pouca visibilidade, é a única ligação com o mundo exterior), até a suíte, com varanda dupla e 28 metros quadrados. Diferentemente de cruzeiros marítimos, onde os turistas passam a maior parte do tempo a bordo - e, por isso, há a necessidade de oferecer um sem número de opções de entretenimento -, os cruzeiros fluviais têm nos destinos os seus grandes aliados. Visitar uma das maiores e mais deslumbrantes capitais europeias e acordar no dia seguinte em uma charmosa vila de centenas de habitantes é fascinante – e extremamente cômodo. Por isso, há pouco enfoque no entretenimento: você simplesmente terá poucas horas livres dentro da embarcação. Ainda assim, a Ama Waterways oferece alguns serviços e equipamentos, como o solário com

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A primeira parada do roteiro "Europa Magnífica" acontece em Budapeste, na Hungria. O Parlamento iluminado ao anoitecer é um dos pontos altos do passeio

piscina aquecida e bar, sala de ginástica, spa, salão de beleza, lounge, sala de leitura, lançamentos do cinema nas TVs das cabines e palestras sobre os destinos. Há também internet a bordo nas cabines e áreas comuns, no entanto, o serviço é inconstante e útil apenas para o uso cotidiano, que não exija altíssima velocidade. A maior parte do tempo a bordo acontece durante a navegação de trajetos

mais longos. Porém, esse período se resume às noites, madrugadas e manhãs, quando todos estão ocupados desfrutando dos excelentes jantares, das aconchegantes suítes ou do farto café da manhã de hotel.

ROTEIRO

O roteiro realizado neste cruzeiro foi o “Europa Magnífica”. Ele envolve a visita a grandes capitais do circuito

centro-europeu, como Budapeste, na Hungria, mas também leva os passageiros a minúsculas cidades, como a pitoresca Dürnstein, no interior da Áustria, que possui cerca de 870 habitantes e vive da produção de damascos e do Turismo (são mais de um milhão de visitantes anuais). Em geral, o tempo é curto em cada parada. Explorar profundamente grandes cidades, como Viena, capital da Áustria, é impossível em apenas um dia cheio (que é o tempo disponível aos passageiros). Por isso, a Ama Waterways organiza tours que levam os hóspedes aos principais pontos dos destinos, com a qualidade e o suporte de guias credenciados, e ainda com a opção de escolha. A cada parada, os hóspedes têm de duas a três opções de tours a seu dispor: passeios com um viés histórico ou gastronômico e trilhas em mon-

Balász Kiss, gerente de cruzeiro da Ama Waterways, durante tour na cidade de Nuremberg, na Alemanha


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Dürnstein, município austríaco de apenas 800 habitantes, fascina pelo charme e pelo tamanho. Na foto, a única rua da cidade

tanhas. A escolha, muitas vezes, é difícil. Aí surge a figura do gerente do cruzeiro. O húngaro Balázs Kiss fez o papel de gerente nesta viagem. Com experiência de mais de dez anos em cruzeiros fluviais, a atuação de Bali, como é chamado, vai muito além de sugestões e explicações sobre os tours disponíveis – o que ele faz com maestria. Tudo o que envolve o cruzeiro passa por Bali. Desde horários de refeições até itinerários de chegadas e partidas. Balázs, como gerente do cruzeiro, está em constante contato com o capitão da embarcação, o holandês Ron Schuegard. Ao longo do dia, anúncios do gerente do cruzeiro informam aos hóspedes sobre chegadas de eclusas, horários de tours ou início de alguma apresentação de grupos locais (em geral, após os jantares). A proximidade entre o gerente e os hóspedes é evidente e Bali faz questão de memorizar nomes e ser muito atencioso com cada um. “O que eu ouço dos passageiros é que cruzeiros fluviais são muito mais tranquilos, mais amigáveis e humanos”, comenta Balázs. “É um público menor. Basicamente as pessoas se veem todos os dias, é fácil de fazer amizades. Não é como um barco com duas ou três mil pessoas, que você conhece alguém e nunca mais a vê a bordo. Parece muito mais como uma família”, resume.p > Continua na pág. 10

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O jardim do Palácio de Schönbrunn é um dos passeios imperdíveis na visita a Viena, na Áustria


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PERFIL DO CRUZEIRISTA FLUVIAL

Passageiros se reúnem no deque para acompanhar a chegada da embarcação em uma das diversas eclusas do trajeto

O PERFIL DO PASSAGEIRO DE UM CRUZEIRO FLUVIAL CONTINUA SENDO AQUELE EM TRANsição entre meia e terceira idades, na casa dos 50, 60 e 70 anos, em geral viajando em casais. Há, evidentemente, os que viajam sem companhia alguma — e que não ficam sozinhos nem na primeira refeição. Os horários são pontualmente respeitados por todos, nas refeições ou nos passeios. Não raro, atrasados encontram o bufê do café da manhã sendo retirado ou então os guias já iniciando seus tours. Quanto à vestimenta, em passeios, é aconselhável o uso de roupas leves e calçados confortáveis – já que as temperaturas podem passar dos 30°C no verão europeu. Durante o jantar, vestidos leves e a combinação de camisa social e blazer são boas opções. Já a “Mesa do Chef” – jantar intimista que demanda uma reserva prévia (sem custo adicional) – pede uma escolha de vestimenta mais formal. Além dos já tradicionais frequentadores de cruzeiros, faz parte da estratégia da Ama abrir seus roteiros para um novo público. “Nós acreditamos que os jovens são o mercado do futuro. Queremos ser a primeira empresa a atrair esse mercado para os cruzeiros fluviais”, afirmou a vice-presidente executiva e co-fundadora da Ama Waterways, Kristin Karst. Recentemente, a companhia lançou duas embarcações (Ama Viola e Ama Stella) com cabines conectadas capazes de hospedar uma família de até cinco membros. “A percepção é de que esses cruzeiros são algo apenas para pessoas mais velhas e nós somos os primeiros a dizer: ‘nós queremos mudar esse con-

Grupo se reúne durante tour na cidade de Budapeste. "Pirulitos" com o nome da embarcação e a cor do passeio facilitam a identificação dos guias

ceito’”, conta. “Nós temos experiências de famílias inteiras em nossos cruzeiros. Eles amam, principalmente porque não precisam se preocupar com nada, roteiros, refeições, nós tomamos conta de tudo. É um tempo de qualidade em família e que eles podem aproveitar”, finaliza. Além das novas embarcações, outra forma encontrada pela Ama Waterways de diversificar o perfil de passageiros que frequentam seus cruzeiros foi a criação de tours com trilhas e bicicletas. Voltados a públicos mais ativos, as programações têm feito sucesso.

TOURS ALTERNATIVOS “Nós queremos oferecer mais e mais tours de bicicleta no futuro. É uma ten-

dência e acreditamos que irá funcionar ainda melhor com as famílias”, aposta Kristin Karst. Atualmente, o mais longo dos passeios de bicicleta acontece entre as cidades de Dürnstein e Melk, na Áustria, com um total de 30 quilômetros percorridos. Nesta viagem, sete passageiros se aventuraram no trajeto, debaixo de um sol de 30°C, e tiveram uma performance pra lá de positiva. O público que frequenta os cruzeiros da Ama Waterways é, em sua maioria, da América do Norte. Por esse motivo a língua oficial dentro do barco e nos passeios é o inglês. Toda a tripulação se comunica muito bem e, para um melhor convívio entre passageiros, saber a língua inglesa é essencial. “Quando possuímos grandes grupos, de 15 hóspedes, nós pro-

curamos guias que falem português ou espanhol”, conta Kristin Karst. A vice-presidente executiva afirma que a comunidade latino-americana tem crescido nos cruzeiros da Ama e cita como exemplos o Brasil, ao lado de México, Equador, Porto Rico, Argentina, Chile e Peru. Os valores por pessoa em um roteiro de sete noites pelo rio Danúbio estão entre US$2.999 e US$ 4.648 (sem taxas). Segundo a executiva, na temporada 2015/16, a empresa obteve receita bruta de US$ 1,5 milhões por meio de sua representante oficial no Brasil, a Velle Representações. “Isso significa que 200 ou 300 passageiros brasileiros estiveram a bordo conosco”, afirma Kristin Karst.p > Continua na pág. 12



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NAVEGANDO EM MEIO À NEVE

Jantar de gala, com direito a brinde do capitão, é uma das atrações dos cruzeiros de final de ano

ENGANA-SE QUEM ACREDITA QUE CRUZEIROS FLUVIAIS NA EUROPA SE REDUZEM À ALTA temporada, durante os longos e quentes dias de verão. Na Europa, companhias como a Ama Waterways possuem roteiros durante praticamente o ano todo (apenas em janeiro e fevereiro não há saídas). No calendário da empresa, sete rotas seguem navegando pelas águas europeias até o final de dezembro. Em 2017, serão oito itinerários diferentes que se iniciam já em março. Além disso, a companhia ainda promove cruzeiros especiais. É o caso dos cruzeiros temáticos de final de ano, com enfoque principal nos mercados natalinos. Os tradicionais christmas markets, que datam do século 14, anualmente ocupam as principais praças das cidades por toda a Europa, levando dança e música tradicional, comidas típicas e o indispensável mulled wine (uma espécie de quentão com canela, cravo, anis estrelado e lima). “Os cruzeiros de Natal e ano novo são muito populares no Brasil, eles amam isso. Nós temos uma porção de eventos a bordo, como uma grande festa de gala para a noite do ano novo, onde você pode assistir aos fogos de artifício”, conta a vice-presidente executiva e co-fundadora da companhia, Kristin Karst. É evidente que há mudanças em

relação aos cruzeiros de verão, no entanto, a Ama procura manter similares as programações nos cruzeiros de inverno. “Não há diferença alguma porque escurece mais cedo, nós fazemos os nossos tours normalmente”, explica o gerente de cruzeiro, Balász Kiss. “Em primeiro lugar, os dias são mais curtos.

Às 16h30 já está escuro, então as pessoas não sobem com muita frequência [ao solário]”, afirma e ainda ironiza: “por algum motivo ninguém entra na piscina durante o inverno”. Bali faz questão de reforçar o ponto alto da viagem, “os mercados natalinos são muito especiais. Nós vamos em todas as cidades, praticamente

em todas as nossas paradas”. Kristin Karst também comenta a experiência com passageiros no passado. “Eu sinto que os brasileiros se empolgam explorando os mercados natalinos, sem contar que eles precisam ver a neve também”, relembra. A Ama Waterways oferece dois roteiros especiais de final de ano, pelo rio Danúbio (dez dias) e outro pelo rio Reno (12 dias). Trajetos e países diferentes, mas ambos com o enfoque nas festividades de final de ano. “Esses cruzeiros ocorrem no período da baixa temporada [na Europa], então pode-se esperar por ofertas promocionais, sempre conseguimos oferecer ótimos preços”, ressalta a vice-presidente executiva.p --- O Jornal PANROTAS viajou a convite de Ama Waterways, com proteção Flycard

BANCODEDADOS AMA WATERWAYS

ll Fundação: 2002 ll Fundadores: Rudi Schreiner

A vice-presidente da Ama Waterways, Kristin Karst, afirma que brasileiros "amam" os cruzeiros temáticos de final de ano

(presidente), Kristin Karst (vicepresidente) e Jimmy Murphy ll Sede: Calabasas, Califórnia, Estados Unidos ll Frota: 21 barcos ll Roteiros: Europa (19), Vietnã e Camboja (1), África (5) e Myanmar (4) ll Itinerários: de 8 a 20 dias

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> Continua na pág. 14



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ESTÓ EST TTÓ ÓNIA

BANCO DEDADOS

LITUÂNIA LIT Â POLÔNIA

BIELORRÚSSIA A

ALEMANHA NUREMBERG

UKRAINE

DÜRNSTEIN BRATISLAVA

PASSAU MELK

SUIÇA

ESLOVÁQUIA

REGENSBURG

ÁUSTRIA

VIENNA

BUDAPESTE

HUNGRIA

ROMÊNIA

BÓSNIA E HERZEGOVINA A

BULGÁRIA ALBÂNIA IA A

POR QUE UM

AMA PRIMA

ll Roteiro: Budapeste; Bratislava; Viena; Dürnstein; Melk; Passau; Regensburg; Nuremberg ll Construção: 2013 ll Local de construção: Holanda ll Comprimento: 135 m ll Largura: 11,6 m ll Tripulação: 51 ll Passageiros: 164 ll Tamanho da cabine: 15 a 28 m² ll Cabines: 82 ll Suítes: 3 ll Elevador: Sim ll Rios em que navega: Reno, Meno e Danúbio

C R U Z EI R O FLU V I A L ?

Deque principal conta com solário e cadeiras para o passageiro relaxar e curtir a vista

Piscina aquecida com bar é outra opção de descanso no deque principal

Restaurante do Ama Prima conta com mesas para quatro a oito pessoas

Alta gastronomia é uma das marcas da Ama Waterways em seus cruzeiros

 Cidades,

cenários e histórias completamente diferentes se multiplicam em um curto período de tempo. A cada parada, um novo lugar a se descobrir, com a facilidade de parada do barco em lugares remotos que um navio de cruzeiros não alcança.  Independentemente do estilo de viajar do passageiro, uma das opções de tours certamente irá lhe agradar (e em caso negativo, há sempre a possibilidade de pegar dicas, um mapa, e ir sozinho, pois

p

caminhar pelas cidades às margens do Danúbio é um dos melhores passeios).  Um barco para 164 passageiros promove encontros, aproxima pessoas e cria laços naturalmente. Ser deixado de lado não é uma opção.  O mesmo vale para o contato com o staff. Uma tripulação menor significa um atendimento mais personalizado e humano.  Diariamente desfrutar de alta gastronomia nos almoços e jantares, com opções de pratos e vinhos locais

(bebidas alcoólicas estão inclusas durante as refeições). Os cruzeiros fluviais da Ama Waterways apostam no luxo e entregam uma experiência de alta qualidade aos passageiros.  A locomoção dentro do barco é simples, os caminhos entre cabine e restaurante são curtos e é improvável que passageiros se percam dentro da embarcação.  A velocidade do barco dificilmente passa dos 20 km/h. Além disso, as águas calmas do rio garantem uma navegação quase que sem ruídos ou

balanços, ótimo para aqueles com problemas de enjoo.  Nas paradas, não se perde tempo com longos processos de desembarque e as cidades a serem exploradas estão logo ali, a alguns passos.  Antes ou depois da viagem, dá para passar alguns dias em alguma das cidades visitadas (ou nas de embarque e desembarque) para uma extensão da experiência.

SAIBA MAIS:

www.amawaterways.comp


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20 a 26 de julho de 2016 JORNAL PANROTAS

Eventos

Miami receberá La Cita O LA CITA DE LAS AMERICAS 2016, EVENTO QUE REÚNE COMPRADOres latino-americanos para reuniões de negócios com fornecedores de Viagens e Turismo dos Estados Unidos, ocorrerá de 30 de agosto a 1 de setembro, em Miami, na Flórida. O evento será no Trump National Doral e o idealizador e diretor da feira, Rick Still, falou ao Jornal PANROTAS sobre o evento. Para ele, é uma grande oportunidade para os compradores brasileiros negociarem as melhores condições e conhecer produtos de parceiros que estão interessados no Brasil e na América Latina. Confira a agenda em www.lacitaamericas.com. JORNAL PANROTAS — Por que participar do La Cita 2016? RICK STILL — As feiras de Turismo se tornaram cada vez mais focadas em exposição de marcas e também ficaram muito caras. Hoje a internet faz esse trabalho de marcas e o tamanho de alguns eventos impossibilita que se façam as reuniões necessárias em dois ou três dias. No La Cita, o negócio é pessoal. Em um ambiente calmo e eficiente, o foco está nos negócios e nos relacionamentos entre os profissionais. Também temos um lado anti-feira. Nossos estandes têm pouca decoração e são escritórios de trabalho. E quase todo mundo fala português. Este ano vamos estrear o serviço de berçário, para mães com filhos pequenos que queiram visitar a feira. JP — O La Cita será sempre na Flórida? STILL — A Flórida é um parceiro da La Cita desde sua fundação e responsável por boa parte de nosso sucesso. Também é um destino conveniente para nossos participantes, muito amigável. Cerca de dois terços das chegadas de latino-americanos são via Flórida. Sempre avaliaremos onde nossos delegados querem ir ou o que querem vender. Por ora, a Flórida é nossa casa definitiva. JP — O mundo digital pode diminuir o interesse na participação de eventos presenciais? STILL — Sempre teremos de-

safios e também disrupções no mundo de vendas de produtos de viagens. A única coisa que se mantém constante, porém, é a importância de fazermos negócios com quem confiamos e com quem temos uma relação. Fazer negócios, especialmente nas Américas, será sempre algo pessoal. JP — Quais as expectativas para o La Cita 2016? STILL — Há muitas questões em rela-

ção à América Latina, do novo governo em diversos países, especialmente na Argentina, às expectativas em relação ao Brasil e à Colômbia. Para o Brasil, é hora de descobrir quem são os parceiros que continuam apostando mesmo quando o mercado apresenta dificuldades. O Brasil e a América Latina têm um futuro brilhante com os Estados Unidos. A Europa, todos concordam, lida com uma década difícil e de desafios, da economia à imigração.p




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>> Henrique Santiago

Quem mexeu no meu inventário?

A VENDA DIRETA É O SONHO IMPOSSÍVEL DE TODO FORNECEDOR E NA HOTELARIA NÃO é diferente. Sabendo que se trata de algo inalcançável, a inteligência dos departamentos de Vendas, Marketing e Distribuição dos hotéis e redes hoteleiras é o que vai fazer a diferença. Em um mundo multicanal, com consumidores multitelas e sazonalidades que podem aparecer de repente e durar dias, semanas ou meses, o hoteleiro tem de 1) estar onde o hóspede quer comprar; 2) vender com rentabilidade; 3) entender do mercado para saber que canais são mais apropriados para determinado momento ou tipo de cliente; 4) ter flexibilidade e rapidez nas decisões; 5) apostar em parcerias estratégicas; 6) ter seu produto bem posicionado no mundo digital e outras tantas demandas que só provariam a complexidade atual da distribuição hoteleira. Quando essa balança de várias gôndolas se desequilibra, alguém sai gritando, ou criando novas formas de distribuir. Há duas semanas, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), a pedido de seus associados, organizou um boicote (ou blackout, como chamaram) à maior agência de viagens on-line da América Latina, a Despegar.com, conhecida no Brasil como Decolar.com. A alta de comissionamento para até 22% por venda causou desconforto para ambas as partes, especialmente os ho-


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teleiros cariocas. O presidente da associação fluminense, Alfredo Lopes, vociferou contra a decisão a um mês dos Jogos Olímpicos. “A ocupação [no Rio de Janeiro] está bem abaixo e os hotéis tomam prejuízo. Não cabe uma comissão altíssima”, opinou ele. O principal articulador do motim já sente uma piora no setor pós-Olimpíada, prevendo a falta de eventos entre outubro e dezembro deste ano. Sem querer brigar, como apontou o próprio, Lopes articulou reuniões com a OTA e teve sua revolta compartilhada por outros representantes da hotelaria. O desequilibro nessa relação de parceiros comerciais chegou também aos resorts (que, vale destacar, também dependem bastante de um outro parceiro, as operadoras de Turismo). A questão é: como administrar bem esse inventário em meio a gigantes do mundo digital? O presidente da Associação Brasileira de Resorts (ABR), Luigi Rotunno, também diretor do La Torre, na Bahia, acredita que as OTAs aproveitam o fato de terem um volume maior de vendas por seu canal para praticar os aumentos (de pedido de comissão). Ele acusa a Decolar.com e outros players de operarem sob a cláusula de não concorrência, ou seja, o menor preço sempre estará disponível para a agência. Mas essa tarifa não deveria ser privilégio do site do próprio empreendimento? A repercussão do embate entre ABIH-RJ e Decolar abriu o debate sobre a distribuição hoteleira no Brasil. Estariam as demais OTAs preparadas para anunciar um aumento de comissão para os hotéis? Para Rotunno, possivelmente sim. “Será também que a Booking ou a Expedia não vão fazer o mesmo? Isso [decisão] aumenta a concorrência entre eles”, ponderou.

Marina Julio, da Atlantica Hotels

Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ

É GUERRA

Caso aconteça ou não, a cadeia hoteleira tem se movimentado contra esses players (ou suas atitudes unilaterais). Ou melhor, como as próprias entidades apontam, buscam um acordo de benefício para os dois lados. A ABR realizou na segunda-feira (11) uma reunião, em São Paulo, com mais de 30 associados. “Mais que a comissão, eles criaram uma antipatia no mercado. Os resorts e hotéis estão muito juntos nessa”, finalizou o diretor do La Torre. Já a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, comandada por Alexandre Sampaio, planeja processar a Decolar. com por abuso de poder. Unidos, em parte ou não, a cadeia hoteleira sabe que é impossível bater de frente com as OTAs. Quando o assunto é investimento, as agências de via-

Robson Gomes, da Trend

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Luigi Rotunno, da ABR e La Torre

gens on-line têm disponível no caixa milhões e milhões de reais para oferecer uma plataforma digital de vendas atraente para o consumidor final (basicamente gastando no Google). Fato é que dez entre dez hoteleiros concordam que é praticamente impraticável ter um canal de vendas direto igual ao de uma OTA. Mas também não se pode entregar todos os quartos nas mãos de um só canal, diz a regra básica de distribuição hoteleira. Em um mercado dominado por hotéis independentes e poucas redes, a matemática não é fácil e o poder de distribuição e resposta rápida do mundo digital é cada vez maior. A gerente sênior de Receitas da Atlantica Hotels, Marina Julio, revela que o site da companhia é responsá-

vel por 3% de todas as vendas dos 87 empreendimentos. A central 0800 foi desligada em junho justamente porque se tornou descartável, uma vez que o perfil do consumidor mudou, em especial o viajante de negócios, segundo a executiva. Com inventário disponível na Booking, Expedia e, claro, na Decolar, Marina faz um breve cálculo e diz que a soma de vendas dessas três empresas supera qualquer outro canal. “Eles investem um dinheiro que nós não temos para investir. Infelizmente, não temos a força e o potencial de uma OTA". Fidelizado com o agente de viagens, o Grupo Trend possivelmente é um dos poucos ao mencionar o profissional como intermediador em toda e qualquer venda e a ver oportunidades para agências e TMCs nessa queda de braço dos hotéis com as mega OTAs. O vice-presidente de Tecnologia e Vendas da companhia, Robson Gomes, é um dos profissionais responsáveis por fazer o Shop Hotel (a OTA da Trend para agências) funcionar. A presença de OTAs não intimida a empresa. Com mais de 3,5 mil hotéis no Brasil – e a previsão de acrescentar 500 até o fim do ano, o Shop Hotel afirma ter um diferencial que as concorrentes on-line não possuem. “Eles têm uma mentalidade diferente, que é o B2C. Nós temos como foco o agente de viagens. Ele faz um trabalho de consultoria baseado na qualidade e não na quantidade. Apesar de produtos iguais, existe o nosso serviço”, destacou ele. Sem se importar com qualquer boicote, a Trend utiliza até mesmo o velho jargão de que uma viagem é um sonho. “Não se pode frustrar uma viagem. Não se trata um sonho de qualquer forma. Quem é exigente vai com o agente, quem vê apenas preço vai a uma OTA”, filosofou o vice-presidente. > Continua na pág. 20


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UM PLUS

O preço, sem dúvidas, chama atenção, ainda mais quando brasileiro tem priorizado o essencial para o dia a dia em detrimento às viagens. E para dizer ao cliente “olá, compre comigo”, os hotéis pensaram em uma saída: a oferta de benefícios aos hóspedes. Na Atlantica Hotels definitivamente não é diferente. Marina contraria as OTAs ao dizer que o menor preço jamais estará no canal de uma Decolar, por exemplo. E ela explica: a tarifa pode ser a mesma, mas só a Atlantica pode oferecer uns agrados adicionais aos clientes. “Não temos um programa de fidelidade próprio, mas no Multiplus, quem comprar com a gente dobra a pontuação no site, já uma agência on-line, não”. Outros benefícios que hotéis em todo o mundo oferecem para a venda direta ou mesmo em canais corporativos, como as TMCs, incluem wi-fi gratuito, café da manhã, upgrade de apartamento, late check-out, early check-in... Benefícios que eles podem controlar. E que o hóspede valoriza. “Tudo isso vai fazer com o que cliente se desvie de outros canais”, acredita a gerente. "A hotelaria cansou de ser convidada para a festa e ter de levar a comida e a bebida", disse, em evento da Travelport, em Miami, o vice-presidente de Distribuição da Marriott, Oral Muir. Para ele, o cliente tem que saber que

Alexandre Sampaio, da FBHA

comprando em um canal tem bônus e ônus: do preço a benefícios, de taxas a mimos extras. Tudo depende de quanto vai pagar e de onde vai comprar. Como nas empresas aéreas. Com três décadas de hotelaria, Tomás Ramos, ex-Othon, acompanhou todas as mudanças de comportamento e vendas. Hoje na diretoria comercial da

rede BHG, ele assinala que a internet ajudou a disseminar os produtos da hotelaria em todo mundo. Para ele, as OTAs não são o “monstro” que muitos pintam. A migração do GDS para a operadora e dessa para as agências de viagens on-line é quase natural. Mas ele, claro, quer mais é vender pelo seu

site – hoje o volume total é de 20% e também não dispensa uns “mimos” ao seu hóspede. “A vantagem de vender direto é que você [não só vende], mas entrega um produto. A hotelaria é perfeita para o on-line e nós oferecemos uma experiência antecipada.” A poucas teclas do “www” que direciona para o site de um hotel ou de uma agência on-line, Marina Julio já pensa em 2017 como o ano de vendas pelo canal direto da Atlantica. Sem revelar muitos detalhes, a rede estuda investir para tornar seu portal mais atrativo visualmente e trabalhar com as unidades para aumentar o share dos atuais 3%. Na última semana, a empresa hoteleira foi premiada com certificado de excelência pelo Tripadvisor pelo alto número de avaliações positivas no site de planejamento de viagens. Além do prêmio, a Atlantica tem mais um possível “concorrente” à vista: o próprio Tripadvisor. A companhia irá implementar no Brasil, possivelmente este ano, uma plataforma de reservas. Ao buscar um empreendimento da marca, ele efetua a compra ali mesmo e os dados são enviados para diretamente para o hotel. Com essa possibilidade mais próxima da realidade, Marina não vê saída a não dar as boas-vindas a um novo parceiro. “Eu tenho certeza de que espaço não falta para crescer”, disse, citando o próprio Tripadvisor e o Airbnb como exemplos. “Não temos como nos limitar e dizer ‘não’. Há dois lados: é negativo porque perdemos o controle de onde estamos disponíveis e a ramificação de produtos é positiva, já que não teríamos como investir nisso”, complementou.

VALE A PENA?

“O hotel decide o que vai entregar a cada distribuidor”. Ao retornar à discussão inicial, o diretor do Nacional Inn, Daniel Santos, ex-Trend Operadora, é contrário ao bloqueio a apenas uma empresa. Ele é partidário de uma lei que regulamente toda a cadeia hoteleira. “Teria de boicotar o mercado inteiro”, disse. Para ele, o Rio de Janeiro, por mais grandioso que seja, não vai regulamentar a hotelaria do Brasil e tornar uma empresa maior ou melhor com essa decisão. “A comissão é relativa, pois cada companhia tem seu percentual, como as operadoras. O que hoje é 10% pode virar 15%, depois 20% e amanhã 28%”, analisou. Ele sugere a união de ABIH-RJ com o ABR e o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, o Fohb. A quantidade de entidades, aliás, apenas enfraquece as negociações, vale destacar. O presidente do Fohb, Manuel Gama, considera a atitude da Decolar pouco amigável, mas sugere o diálogo como saída, já que não existe apenas


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um canal para distribuir seus produtos. Gama analisa também que as redes têm de investir cada vez mais em seu próprio site, evitando assim “confrontos” com as OTAs. “O desenvolvimento de mecanismos de vendas diretas permite aos hotéis a redução de custos e oferece aos clientes a possibilidade de pagar mais barato por uma noite”, exemplificou. À frente da FBHA, Alexandre Sampaio talvez seja o mais pessimista em encontrar uma resposta para o imbróglio com a Decolar.com. Avesso à presença massiva dessas empresas e de outras, a exemplo do Airbnb, ele acredita que o fechamento para essa “queda de braço” – ainda inconcluso – pode abrir os olhos de outros players a fazerem o mesmo. Mas se for para abrir os olhos, não chore em seguida. Essa é a visão do diretor de operações do Atlantica Hotels, Christer Holtze. Ele até busca referências na literatura, no caso o livro Quem Roubou Meu Queijo?, para elucidar a consolidação das OTAs com uma enorme fatia de mercado. “Não sei para que chorar, a gente precisa se adequar. Nós [hoteleiros] precisamos também gerar um valor para as agências que vai além de só colocar a tarifa lá para eles acessarem”, disse, porém, sem ter uma resolução para tal. Gostem delas ou não, as agências de viagens on-line vendem hotéis e pousadas independentes como ninguém. Afinal, esses empreendimentos têm menos recursos e os direcionam à operação e manutenção. “A hotelaria está completamente dependente das OTAs. Eles são o grande motor de venda e fazem parte do negócio”, declarou o presidente da ABIH-RJ, Alfredo Lopes. O futuro da hotelaria é incerto, ainda mais em tempos de guerra fria com a Decolar. com. Cobra-se mais criatividade e ousadia dos empresários para fazer seu negócio acontecer. A dependência desses players é quase que unânime, sobretudo com o desequilíbrio em oferta e demanda. O presidente do Sabre, Tom Klein, em evento também em Miami, disse que isso é uma ótima oportunidade para as TMCs e agências

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de viagens: oferecer uma venda mais qualificada para a hotelaria e desafogá-los da pressão das OTAs. O cenário do Rio de Janeiro após a Olimpíada é encarado como apocalíptico. Hotéis vazios, milhares de quartos a serem ocupados e o temido desemprego. A Barra da Tijuca, segundo os hoteleiros, será a grande vítima da retração pós-jogos. E o medo dos empresários é que se estenda pelo Brasil. Seriam, então, as OTAs uma das soluções para retomar a esperança do segmento?

*A reportagem do Jornal PANROTAS entrou em contato com a Decolar.com, mas não foi respondida até o fechamento desta matéria.p

Christer Holtze , da Atlantica Hotels


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>> Brunna Castro

Prêmio por excelência

Claudia Martinelli, gerente de Relações com a Mídia e porta-voz do Tripadvisor no Brasil, e Christer Holtze, COO da Atlantica Hotels, com a placa do certificado de excelência

A REDE ATLANTICA HOTELS, QUE ADMINISTRA MAIS DE 80 HOTÉIS EM 43 CIDADES DO País, recebeu no dia 12 um certificado de excelência do Tripadvisor, site de reservas e planejamento de viagens. A entrega da placa com o prêmio foi feita pela gerente de Relações com a Mídia e porta-voz do Tripadvisor no Brasil, Claudia Martinelli, ao COO da Atlantica, Christer Holtze, no hotel Clarion Faria Lima, em São Paulo. “No caso da rede Atlantica, foram mais de 40 hotéis certificados. O Tripadvisor continua tendo um critério individual de hotel por hotel e, nesse caso, soma-se um grande núme-

ro de propriedades que fazem parte da rede”, explicou Claudia durante o encontro, que foi acompanhado pelo Jornal PANROTAS. A gerente apontou que, normalmente, o Tripadvisor estabelece como prática certificar redes hoteleiras através do prêmio Travellers' Choice, realizado anualmente. “Existe um grande número de propriedades que são certificadas ano a ano no Brasil e não temos condições de entregar pessoalmente esse prêmio para todos. Mas, no caso da rede Atlantica, justamente pelo número de certificados, viemos pessoalmente para entregar a placa esse ano”, afirmou.

FOCO NO CLIENTE

COMUNICAÇÃO

Para o COO da Atlantica Hotels, o certificado do Tripadvisor é resultado do trabalho feito pela rede de “querer fazer o que satisfaz o cliente”. De acordo com a metáfora de Holtze, “o pior cozinheiro é aquele que cozinha para o gosto dele”. “Você precisa saber o que o público quer. Hoteleiro às vezes inventa muita coisa que não agrega valor e o nosso objetivo é descobrir aquela coisa que agrega valor para o hóspede”, afirmou ele. E é nesse ponto que, para o COO, ferramentas como o Tripadvisor são “essenciais porque avisam exatamente o que o hóspede valoriza e o que não valoriza”.

"O hóspede se comunica com poucas pessoas se ele está satisfeito; com muitas se ele está insatisfeito; e provavelmente nunca contigo", destacou Holtze. O COO apontou que a Atlantica já utilizou diversas ferramentas para colher informações dos hóspedes, como prêmios para quem preenchesse formulários de pesquisa e gerentes gerais disponíveis para ouvir os clientes durante o café da manhã. Esse cenário, para ele, mudou: hoje em dia, os hotéis não precisam nem que o cliente fale com eles. "Só precisamos que ele fale com alguém, a gente acaba descobrindo e então nós utilizamos essas informações".p

CR I T ÉR I O O CERTIFICADO DA TRIPADVISOR FOI CRIADO EM 2000 E É CONCEDIDO A HOTÉIS, RESTAURANTES E ATRAÇÕES, DENTRE OUTROS ESTABELECIMENTOS, QUE SÃO BEM AVALIADOS NO SITE DENTRO DO PERÍODO DE

12 meses. Dentro dos critérios de avaliações positivas, a plataforma leva em conta apenas aqueles que apresentam uma nota mínima de quatro – sendo que as notas vão de zero a cinco. Além disso, o site leva em consideração a quantidade e o quão recente são essas avaliações.p

Quarto do hotel Clarion Faria Lima, em São Paulo



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>> Karina Cedeño

Resultados palpáveis

21 associados estiveram presentes em reunião realizada pela ABR em São Paulo, no último dia 11

TRAZER SOLUÇÕES CONCRETAS ÀS NECESSIDADES DOS ASSOCIADOS TEM SIDO A PRIORIDADE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RESORTS (ABR), E UM Luigi Rotunno, da ABR, junto ao sócio e ao CEO da Kenoby, Marcel Lotufo e Ricardo Barcelos, respectivamente

dos resultados práticos pôde ser observado no último dia 11, quando a entidade anunciou a criação de uma plataforma de recrutamento e seleção comum a todos. O novo portal, feito em parceria com a empresa de software Kenoby, reunirá todas as vagas de empregos disponibilizadas pelos resorts associados, que terão acesso ao perfil e currículo dos usuários cadastrados. “O projeto ainda passará pela aprovação dos principais gerentes de RH dos resorts associados, antes de ser implantado”, conta o presidente da ABR e diretor do La Torre Resort, Luigi Rotunno. Enquanto isso, outras soluções têm sido estabelecidas, e uma delas é a implantação de comitês temáticos dentro da associação. Um deles, o Comitê de Qualidade, responsável por avaliar o nível qualitativo dos resorts associados e a satisfação dos hóspedes, já foi instaurado no mês passado, e está prevista para os próximos meses a implantação do Comitê de Recursos Humanos e do Comitê Técnico. Também foi realizada uma reunião com 21 associados, no Staybridge Suites São Paulo, na qual foi anunciada uma parceria com a empresa Pacto, que será responsável pelo no posicionamento da associação diante de questões políticas.

MAIS RESORTS – E AGENTES

A associação está negociando a adesão de mais dois resorts nos próximos meses. “Temos notado que a ABR chama mais a atenção de resorts individuais do que grandes redes, talvez pelo fato de estas se sentirem amparadas sozinhas e não terem a necessidade de integração”, conta Rotunno. Atualmente, a ABR conta com 51 associados, e os dois últimos a ingressarem foram o Santa Clara Eco Resort (SP) e o Costa Brasilis Resort (BA). Mas não são apenas os resorts que estão ingressando na associação: a adesão de agentes de viagens em capacitações promovidas pela ABR também tem crescido, e aumentou 13% em relação aos dois últimos anos. “Hoje, já contamos com cerca de 120 agentes de viagens por capacitação”, conclui Rotunno.p


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Artur Luiz Andrade e Felippe Constancio

Para entender os millennials CRESCIDA EM UMA ÉPOCA DE GRANDES AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, A GERAÇÃO Y GANHA CADA VEZ MAIS PESO NAS ESTATÍSTICAS VOLTADAS A PESQUISAS DE TENDÊNCIAS DE CONSUMO E MUDANÇAS DE hábitos. Também conhecidos como millennials, os nascidos entre os anos 1980 e 1997 estão provocando grandes mudanças na forma pela qual empresas de viagens e hotelaria oferecem seus serviços. Neste momento de transição, em que homens e mulheres de 18 a 35 anos começam a mostrar a que vieram, a única certeza entre analistas e gurus dos mercados de Turismo é que dúvidas pairam no ar para todos. Quem são os viajantes? Como pesquisam e definem suas viagens? Como e o que consomem durante quando em trânsito?

Estas são algumas das perguntas que pesquisa do setor tem buscado responder. E mais do que saber "quem são, o que comem e como se reproduzem", as empresas se movimentam à procura de adaptações e novos produtos que fidelizem estes consumidores de importante poder aquisitivo - seja quando eles viajam a lazer ou a trabalho. Entender o comportamento dessa geração pode ser uma qualidade definitiva para a sobrevivência nos próximos anos. Independentes, altamente conectados, exigindo serviços cada vez mais customizados e atentos a valores das marcas,

os millennials já representam mais da metade da população economicamente ativa dos Estados Unidos, correspondendo a 54% dela, e por isso a demanda por inovação e investimentos em mobile e nos setores de TI das empresas são crescentes. Nesta semana, três pesquisas de consultorias globais sobre viagem corporativa publicaram dados relacionáveis sobre a geração que começa a dar indícios de suas tendências e formas de consumo. Sabre, Skift e Carlson Wagonlit colocaram uma lupa sobre as pegadas do grupo em questão e inves-

tigaram por idade e gênero quais suas preferências e exigências. Antes dos resultados, o Sabre alerta para a cautela necessária para avaliar as próprias pesquisas de mercado. "Muitos estudos e pesquisas consideram os millennials como um único grupo, apesar das claras diferenças na educação, nas oportunidades e no poder aquisitivo que separa um estudante de 18 anos e uma profissional de 35 anos focada na carreira. O que se tem dito sobre os millenials na indústria de viagens nem sempre mostra um entendimento da questão".

MUITO MAIS QUE UM GRUPO SÓ No intuito de oferecer uma visão mais concreta do perfil consumidor, o Sabre entrevistou 1.150 viajantes da geração Y para apontar suas diferenças. "Nossos resultados embasam a ideia de que nem todos os millennials têm a mesma flexibilidade para viajar ou os mesmos tipos de viagem a lazer em mente. Os millenials mais velhos tendem a ter mais compromissos ligados a relacionamento (casamento e filhos) e moradia. Hoteleiros têm de reconhecer que não se trata de um único grupo, mas uma categoria abrangente de viajantes".

Ainda segundo o estudo, cerca de metade dos entrevistados disseram ser solteiros, enquanto quase 80% disseram não ter filhos e 70% não estavam matriculados em nenhuma universidade – o que mostra que se tratam de grupos com modus operandi nem tão homogêneo. O que deixa o estudo do Sabre ainda mais interessante são os dados sobre comportamentos relacionados a viagens. Os millennials bebem de várias fontes na hora de pesquisar os voos e acomodações e, normalmente, reservam com três meses de antecedência. A principal fonte de pesquisa do grupo são amigos, família e colegas de trabalho, correspondendo a 83% das fontes de busca que incluem opinião em sites da internet (81%), avaliações de sites de agências on-line (76%), buscas na web (72%), site de hotéis (58%), recepção de hotel (52%), revistas (38%) e mídias sociais (36%). Quando o assunto é viagem a trabalho, 63% disseram ter autonomia para escolher o local de estada e 62% disseram que decidem o tipo de acomodação que querem. Isso porque, entre as principais características dos millennials está o apreço por viagens visando experiências - que leva à mescla das viagens corporativas com o lazer oferecido nas cidades de destino. > Continua na pág. 26


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MUITO MAIS QUE VIAGEM A TRABALHO

Outra pesquisa divulgada na última semana, da consultoria Skift Data Deck, discorre justamente sobre as chamadas bleisures - as viagens a trabalho com busca de experiências pessoais embutidas. No estudo "As Forças que Moldam as Viagens a Negócios", dados mostram que conforme a demografia da força de trabalho passa para as mãos da geração Y, a demanda por um ponto de equilíbrio entre flexibilidade e vida profissional faz com que companhias aprimorem seus serviços por meio de tecnologia móvel. Os millennials mostram sua independência e exigências quando "fazem alterações nos voos via smartphone a caminho do aeroporto, planejam jantar com um velho amigo depois da última reunião do dia e programam visita a novas cidades", lembra o estudo. O assunto é de suma importância porque os gastos com viagens corporativas das empresas devem manter alta no mundo pelos próximos anos e os millennials fazem cada vez mais parte da população economicamente ativa dos países emergentes e desenvolvidos. Atualmente, a geração tem um poder aquisitivo de US$ 2,45 trilhões, dos quais US$ 226 bilhões são gastos em viagem. Em 2020, metade das viagens de negócios será feita pelos Y e a estimativa é de 75% para 2025. E os millennials gastam em suas viagens corporativas, uma vez que têm propensão 60% maior em adquirir upgrades e serviços adicionais de voos, além de uma maior disposição para gastar com voos e mão aberta para gastos com serviços de quarto quando as empresas estão assumindo as despesas. Tudo isso junto com a tendência de explorar a cidade para a qual viaja a trabalho. A oportunidade de bleisure também aumenta a disposição para gastos dos jovens – principalmente naqueles serviços atrelados à economia colaborativa. A grosso modo, economia colaborativa é aquela na qual as empresas de tecnologia conectam clientes diretamente a bens e serviços. Com um toque no celular, os usuários podem definir ro-

teiros, alugar quartos e contratar serviços. A rapidez e a transparência desses serviços sob demanda caem como uma luva nas nos hábitos da geração Y. Seja para facilitar a vida ou diminuir custos, eles estão participando cada vez mais desta forma de consumo de menos luxo e mais experiência. Como exemplo, o Skift mostra o avanço dos aplicativos de carona, que no começo de 2014 representavam uma fatia de 8% do mercado que inclui táxi e aluguel de carro. No primeiro trimestre de 2015, a parcela subiu para 25% - e de 46% no primeiro trimestre de 2016. Quanto ao Airbnb, desde julho de 2015, 50 mil empregados de mais de cinco mil companhias fizeram reservas no segmento. No mundo, os gastos com viagens corporativas em Airbnb aumentou 249% do primeiro trimestre de 2015 para o mesmo período de 2016.

IDADE E GÊNERO

De acordo com o estudo da Carlson, que investigou o comportamento de quase dois milhões de passageiros em mais de sete milhões de voos em um período de cinco anos (2011-2015), as bleisures chegam a corresponder a 20% das viagens corporativas. Ao partir da definição de bleisure como uma estada em um sábado à noite no destino - seja no final e/ ou começo -, a pesquisa identificou que o tipo de viajante millennial tira tempo para atividades pessoais. A pesquisa considera apenas a amostragem com reservas com sábados e exclui qualquer viagem com lazer nos demais dias da semana. Nesses deslocamentos, os profissionais preferem o lazer ao final do compromisso: 46% deixam as atividades pessoais para os últimos dias, enquanto 34% usufrui no começo e 20% deixa o descanso tanto para o começo quanto para o final dos trabalhos. Contudo, o percentual depende do perfil em questão, ressalva a pesquisa. "Mulheres tendem a aproveitar melhor o bleisure em relação aos homens: identificamos 8,5% das mulheres e 6,8% dos homens. Jovens são significativamente mais propensos: entre 20 e 25 anos, o percentual é de quase 15%". Segundo a Carlson, os que mais viajam são os que menos aproveitam. "Os via-

Quando se trata de acomodação, serviços pesam mais 56% dos viajantes disseram que disponibilidade de acesso à internet e preços influenciam na hora de reservar um voo ou hotel

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jantes frequentes são os que menos fazem bleisure: o percentual é menor que 5% para a maioria deles". A Carlson observa que a maior disposição para bleisure por parte das mulheres e jovens é motivada pelo menor volume total de viagens corporativas.

CONECTADOS

Os serviços para a carona e estada low-cost estão no radar - ou melhor, no celular - dos millennials. Por isso, uma cobertura mais ampla e serviços mais ágeis para que permaneçam conectados são exigidos por eles, uma vez que esperam ter acesso à informação e à vida social durante a viagem. Apesar do agendamento de voos por mobile ainda engatinhar, os millennials estão integrando cada vez mais telefones e tablets a cada passo dado durante a missão. De acordo com os dados do Skift, 97% dos viajantes de empresa (não necessariamente millennial) que viajam a trabalho levam ao menos um dispositivo móvel (celular ou tablet) e quase 80% diz que o acesso ao wi-fi é vital para o trabalho e esperam acessá-lo em todos os lugares - sejam hotéis ou aviões. Outro dado interessante do Skift é a quantidade de pessoas que compram acesso à internet durante o voo: 23% disseram usar a internet durante a viagem para trabalhar. Cerca de 55% dos pesquisados disseram que disponibilidade de wi-fi e preços influenciam na hora de escolher o voo e o hotel.

PARA ONDE VAMOS

As incertezas das mudanças podem dar frio na barriga na hora de aprovar o orçamento crescente em TI ou um projeto inovador. Contudo, são as incertezas que abrem oportunidades ao mercado corporativo. "Cada vez mais empresas criam soluções aos viajantes conectados com base em uma vasta quantidade de dados comportamentais deixados por eles", aponta o Skift. Talvez da certeza de que todos estão em dúvida seja o impulso da geração do momento para aprender com os millennials. No caso de gestores de viagens corporativas, uma saída pode ser a maior oferta de opções de viagens de bleisure às políticas de viagens - ainda mais em planos envolvendo considerável volume de viagens e viagens de longa duração. As pesquisas mostram que poucas empresas oferecem políticas que possibilitem o hábito.



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Carla Lencastre, especial para o Jornal PANROTAS

Alma carioca

O CENÁRIO FORMADO PELA BAÍA DE GUANABARA E O PÃO DE AÇÚCAR BRILHA SOB A LUZ SUAVE DO SOL DO INVERNO CARIOCA. QUANDO A BELEZA EXTERIOR É TÃO ESCANDALOSA, É DIFÍCIL CHAMAR A ATENÇÃO PELA BEleza interior. Mas o novíssimo Yoo2, recém-inaugurado na Praia de Botafogo, em frente à baía, consegue surpreender. Com um design ao mesmo tempo contemporâneo e acolhedor, o mais novo hotel do Rio é a primeira aposta da rede brasileira Intercity no segmento upscale. Depois de mais de dois anos encoberto por tapumes, o edifício conhecido dos cariocas por ter abrigado vários consulados está de volta à paisagem da praia. Se nada mudou na fachada envidraçada, do lado de dentro nada permaneceu igual. O projeto original veio do Yoo, escritório londrino de design que tem como sócios Philippe Starck e o empresário do setor imobiliário John Hitchcox. No Brasil, foi adaptado pelo escritório de arquitetura de Melina Romano, em São Paulo, que priorizou fornecedores nacionais. Aberto no início do mês em ritmo de soft opening, o Yoo2 alcançou 25% de taxa de ocupação nestes primeiros dias.

São 143 quartos distribuídos em 12 andares. No lobby com piso de cimento queimado, ferro e pedra, chama a atenção os elevadores camuflados em meio a um jardim vertical e a cuidadosa curadoria de objetos, que junta ícones como um pequeno Ballon Dog, do artista plástico Jeff Koons, e uma lata de Maizena. Até há um balcão de recepção logo na entrada, mas o check-in pode ser feito confortavelmente em um dos sofás ou poltronas. “A ideia é que o hóspede faça o check-in antes mesmo de chegar, para que a experiência seja a mais rápida e confortável possível”, conta o gerente geral do hotel, Hernán Raúl Saucedo. Depois de trabalhar com o Pérola, em Búzios, e com o grupo Pestana no Rio, em Angra dos Reis e em Curitiba, Hernán passou oito meses quase sabáticos em sua Buenos Aires natal. Há cinco meses voltou ao Rio para preparar a abertura do Yoo2. Os elevadores que levam aos quartos e ao terraço têm uma parede de vidro com vista para um grafite feito pelo carioca Marcelo Ment. O desenho ocupa todo o fundo do poço dos elevadores e vai do térreo ao 13º andar, onde fica a piscina e o Rooftop Bar.

Os quartos têm entre 23 e 37 metros quadrados, são confortáveis e com bons banheiros. A decoração sofisticada, mas sem ostentação, segue o padrão das áreas comuns, com objetos de design assinados pelo Yoo Studio e também por designers brasileiros. Há paredes de cimento queimado e pisos com ladrilhos hidráulicos, um clássico carioca com desenhos feitos especialmente para o hotel. Não há dois quartos iguais, ainda que alguns detalhes se repitam aqui e ali, como almofadas estampadas com fotos de personagens históricos da Família Real brasileira. Os apartamentos de frente têm vista para a baía e o Pão de Açúcar. Apesar de a Praia de Botafogo ter um trânsito intenso, os quartos possuem ótimo isolamento acústico. A roupa de cama e banho é Trussardi e os amenities são da Casa Granado, ícone carioca. Outro símbolo da cidade, o biscoito de polvilho Globo, também está em todos os quartos. Assim como cerveja Jeffrey e chocolates Aquim, ambos produtos do Rio. O bar e o restaurante ficam no térreo, logo depois do lobby. Lu-

minárias de design se destacam na decoração. Ao fundo, há um pátio interno com teto retrátil, jardim vertical em parede com ladrilhos hidráulicos e uma pequena horta. Cada área do térreo, incluindo o lobby, tem uma trilha sonora própria. Os charmosos uniformes dos funcionários, que não parecem uniformes, foram criados pelo estilista carioca Andre Namitala. O chef executivo é o jovem gaúcho Marcelo Schambeck, que assina um cardápio curto e saboroso no Cariocally Resto & Bar. Os pratos mudam junto com as estações e haverá um menu executivo na hora do almoço para atender aos funcionários dos muitos escritórios da vizinhança. Na carta de bebidas, destaque para os drinques com a cachaça artesanal Yaguara criados pelo mixologista Jean Ponce, que trabalhou com o chef Alex Atala no D.O.M. Um ponto forte do Yoo2 é o bar no terraço com uma vista frontal estonteante para a baía e o Pão de Açúcar. Da lateral, vê-se o Corcovado, a Pedra da Gávea e os Dois Irmãos. A piscina é revestida de pedra vulcânica e os móveis da área são brancos, azuis e verdes. No cardápio se destacam


29 petiscos com frutos do mar, como ceviche de peixe branco, tiraditos de salmão e bruschetas de polvo. O bar do terraço é aberto ao público em geral, mediante reserva.

PLANOS DE EXPANSÃO O Yoo2 do Rio é o primeiro hotel mundial desta nova bandeira, que fará parte do portfólio da Intercity em toda a América do Sul. Um segundo hotel está previsto para Porto Alegre, em 2018, onde fica a sede do grupo hoteleiro. No Exterior, o primeiro Yoo2 será em Hong Kong. “Foi o casamento ideal. A Intercity já é reconhecida no Brasil por seus hotéis midscale . Queríamos acrescentar ao nosso portfólio uma bandeira upscale. Já o escritório da Yoo estava procurando uma empresa da área de hotelaria para lançar o Yoo2”, diz o diretor de Operações e Marketing Corporativo da Intercity, Marcelo Marinho. A Intercity também está apostando em uma bandeira voltada para o segmento econômico, a Hi!. A previsão é abrir cinco hotéis Hi! nos próximos anos no interior de São Paulo e de Santa Catarina. Com atualmente 35 hotéis em seu portfólio, de Manaus a Montevidéu, a Intercity

pretende dobrar este número nos próximos quatro ou cinco anos. O Yoo2 carioca é uma parceria da rede hoteleira com a incorporadora belga Pylos. O investimento da Intercity no hotel foi de cerca de R$ 130 milhões. Além de cuidar da operação, o grupo é sócio do prédio do Yoo2. O hotel estará em pleno funcionamento no final do mês, pouco antes de começarem os Jogos Olímpicos. E o futuro, como será? “Estamos preparados para uma pequena ressaca pós-Olimpíadas”, diz Marinho. “Mas o nosso hotel é relativamente pequeno. A localização também ajuda. É uma região linda do Rio que está se transformando. Há poucas opções de hospedagem na área, ainda mais com este perfil. E o restaurante e o bar estão abertos aos cariocas.” Repleto de cinemas, o tradicional bairro de Botafogo tem visto surgir cada vez mais restaurantes, bares e lojas charmosas, vários abrigados nas muitas casas tombadas na região. Mês passado o grupo Accor Hotels inaugurou na área um Novotel e um Ibis Budget. O Novotel, com 135 quartos, fica na Praia de Botafogo, a cinco minutos de caminhada do Yoo2. Botafogo está entre o Centro e as praias da Zona Sul, com fácil acesso, inclusive de metrô. 

Hernán Raúl Saucedo

Acomodações modernas marcam o perfil do Yoo2

SERVIÇO Endereço: Praia de Botafogo 242 Telefone: (21) 3445 2000 Site: www.yoo2.com Para a última semana de julho, as tarifas começam em R$ 502,55.


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20 a 26 de julho de 2016 JORNAL PANROTAS

corporativo www.panrotas.com.br/corporativo

Voos clandestinos

Do começo do ano até agora, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já registrou mais de 70 casos de interdição, suspensão e autuação de aeronaves em operações realizadas em aeroportos de diversos Estados do Brasil. Entre as preocupações da agência reguladora estão os riscos que voos de helicópteros e jatos irregulares podem representar ao usuário. No Brasil, apenas 8% das aeronaves têm licença para funcionar como táxi-aéreo (TPX). No intuito de assegurar os padrões de segurança, os procedimentos e a manutenção adequada, a Anac exige homologação das aeronaves. Aqueles que operam sem o aval da agência são apelidados de "Taca" - táxi-aéreo clandestino. No caso dos helicópteros no mercado brasileiro, estima-se que quase 90% estejam em situação irregular. Atraídos por preços até 70% menores, clientes contratam Tacas sem saber que a barganha vem de custos mais baixos de operação em relação às empresas homologadas. Todo cuidado é pouco.

Briga acirrada

Após muitos pedidos de usuários que desejavam corridas mais luxuosas no aplicativo Lyft, a companhia de caronas pagas finalmente apresentou a novidade. A maior concorrente da Uber lançou o serviço Premier no último dia 7. Através dele, é possível solicitar carros de luxo, como BMW Série 5, Audi A6, Lexus ES ou Cadillac Escalade a qualquer momento. O serviço já está disponível nas cidades de São Francisco, Los Angeles e Nova York. Criada em junho de 2014 com o objetivo de “conectar passageiros que precisam de uma carona com motoristas que possuem um carro”, a Lyft, fundada em São Francisco, opera principalmente nos Estados Unidos.

Número 1

Além de grande destino para o entretenimento, Las Vegas também mostra números impressionantes para o Turismo de negócios. Dados divulgados pela Las Vegas Convention and Visitors Authority (LVCVA) mostram que, de janeiro a maio deste ano, mais de três milhões de pessoas visitaram a cidade para reuniões e convenções, o que representa um crescimento de 12% sobre o mesmo período de 2015. O número reforça o status de Las Vegas de cidade número um dos Estados Unidos para trade shows. Foram cerca de 22 mil reuniões e convenções em Las Vegas em 2015, com impacto de US$ 9,3 bilhões na economia local e movimentando 66,5 mil trabalhadores. Em uma lista dos 250 maiores eventos desse tipo realizados no país em 2015 feita pela Trade Show News Network’s (TSNN), a capital dos cassinos teve nada menos que 54. A segunda e terceira colocadas, respectivamente Orlando e Chicago, tiveram bem menos: 24 e 21 eventos.

Maior mercado

Pela primeira vez na história, a China ultrapassou os Estados Unidos como maior mercado para as viagens corporativas. Em 2015, os chineses movimentaram US$ 291,2 bilhões nessas viagens, crescendo 11,4% sobre 2014 e ultrapassando os norte-americanos, que, com 2,2% de avanço, somaram US$ 289,8 bilhões no ano. Os números são do informe anual sobre viagens corporativas da Global Business Travel Association (GBTA). O relatório mostra que, em 2015, gastos de viajantes corporativos no mundo todo totalizaram US$ 1,2 trilhão, 5% a mais que o valor gasto no ano anterior.


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Mais uma compra

Uma das empresas aéreas do Golfo, a Qatar Airways, membro da Oneworld e com sede em Doha, vai adquirir até 10% do total da participação acionária da Latam Airlines, por meio de um aumento de capital. Segundo comunicado da Latam, será realizada uma reunião extraordinária de acionistas, no máximo até o dia 2 de setembro deste ano, para propor o aumento de capital no valor de US$ 613 milhões, mediante a emissão de ações a um preço de US$10 por ação. O anúncio foi realizado na Feira Internacional Aeronáutica de Farnborough, na Inglaterra, onde ambas as empresas foram representadas pelos seus respectivos CEOs: Akbar Al Baker, Group Chief Executive da Qatar Airways, e Enrique Cueto, CEO do Latam Airlines Group (foto). A Qatar já tem participação no IAG, grupo que inclui a Iberia e British Airways e que também é Oneworld. A Latam negocia uma joint-venture transatlântica com o IAG.p

Acordo com gigantes Poucos meses depois de criar uma ferramenta exclusiva para viagens corporativas, o Airbnb firmou parceria com três grandes TMCs globais para impulsionar o serviço. As novas aliadas do serviço on-line são Carlson Wagonlit Travel (CWT), American Express Global Business Travel (GBT) e BCD. Agora, essas TMCs poderão oferecer as propriedades do portfólio do Airbnb a seus clientes, dando aos gerentes de viagens das empresas acesso a milhões de acomodações em todo o mundo.p

Para Mice

A The Leading Hotels of the World acaba de criar a Mice Destinos, ferramente destinada a auxiliar agências de viagens com foco em grupos e incentivos. Além de centralizar informações diversas e soluções para planejamento, a ferramenta também otimiza tempo, oferecendo soluções para os especialistas que analisam as melhores possibilidades relacionadas ao mercado de Mice, de acordo com as necessidades dos seus clientes em mais de 50 hotéis da Leading Hotels ao redor do mundo.p

20 a 26 de julho de 2016 JORNAL PANROTAS


Foto: Jf Pimenta


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