PANROTAS 1.420

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Edição nº 1.420 - Ano 28 | 29 de abril a 5 de maio | www.panrotas.com.br

CEO da CVC Corp prevê que mercado retoma seu tamanho do ano passado somente em 2023, e conta planos para fortalecer lojas e digital, receber profissionais independentes e triplicar a produtividade, com o mesmo número de colaboradores

R$ 11,00


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PANROTAS — 29 de abril a 5 de maio de 2020


PRESIDENTE

José Guillermo Condomí Alcorta

ÍNDICE

nº 1.420 | 29 de abril a 5 de maio de 2020 | www.panrotas.com.br

CHIEF EXECUTIVE OFFICER (CEO) José Guilherme Condomí Alcorta (guilherme@panrotas.com.br)

DIRETORA DE MARKETING E EVENTOS Heloisa Prass

Página 04 Editorial - Não estávamos prontos

CHIEF TECHNOLOGY OFFICER (CTO) Ricardo Jun Iti Tsugawa

REDAÇÃO (redacao@panrotas.com.br)

EDITOR-CHEFE E CHIEF COMMUNICATION OFFICER: Artur Luiz Andrade

(artur@panrotas.com.br) Coordenador de Redação: Rodrigo Vieira (rodrigo@panrotas.com.br) Coordenador Web: Danilo Alves (danilo@panrotas.com.br) Pancorp/Viagens Corporativas: Beatrice Teizen Conteúdo para marcas: Vinicius Novaes e Beatriz Contelli (estagiária) Reportagem: Filip Calixto, Juliana Monaco, Victor Fernandes Fotógrafo: Emerson de Souza (São Paulo) MARKETING Analista: Erica Venturim (erica@panrotas.com.br) CRIAÇÃO Fernanda Souza (fernanda@panrotas.com.br) Pedro Moreno (pedro@panrotas.com.br) COMERCIAL Gerente: Ricardo Sidaras (rsidaras@panrotas.com.br) Executivos: Flávio Sica (sica@panrotas.com.br) João Felipe Santana (joaosantana@panrotas.com.br) Renato Sousa (rsousa@panrotas.com.br) Rene Amorim (rene@panrotas.com.br) Sônia Fonseca (sonia@panrotas.com.br) Big Data: Igor Vianna (igorvianna@panrotas.com.br) Jéssica Andrade (jessica@panrotas.com.br) Assistentes: Ítalo Henrique (italo@panrotas.com.br) Rafaela Aragão (rafaela@panrotas.com.br)

Página 06 Check-in - Otimismo e novos negócios em viagens corporativas: Copastur, Belvitur e Grupo Arbo

Página 14 Academia de Viagens - 15 anos de um serviço necessário

Página 18 Entrevista exclusiva - CEO da CVC Corp, Leonel Andrade fala pela primeira vez com o trade sobre planos durante e depois da crise

Página 23 Check-Point - Estratégias para equilibrar as finanças em meio à crise

FALE CONOSCO Matriz: Avenida Jabaquara, 1.761 – Saúde São Paulo - Cep: 04045-901 Tel.: (11) 2764-4800 Brasília: Flavio Trombieri (flavio@panrotas.com.br) Tel: (61) 3224-9565 Rio de Janeiro: Simone Lara (simone@panrotas.com.br) Tel: (21) 2529-2415/98873-2415 Estados Unidos: Helene Chalvire (helene@panrotas.com.br) ASSINATURAS Chefe de Assinaturas: Valderez Wallner Para assinar, ligue no (11) 2764-4816 ou acesse o site www.panrotas.com.br Assinatura anual: R$ 468 Impresso na Referência Gráfica (São Paulo/SP)

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Associações

Parceria Estratégica


Editorial

NÃO ESTÁVAMOS PRONTOS

E

ssa é a óbvia conclusão que tiramos desse início de crise de saúde, econômica, comportamental e, por que não, existencial. Tanto não estávamos que ninguém previu esse efeito dominó e tão abrangente na proliferação do vírus. Quantos amigos e conhecidos nossos estavam na Europa na primeira quinzena de março, chegaram ao Brasil e sequer responderam um questionário sobre sintomas ou foram monitorados nos dias posteriores? Fronteiras só foram fechadas muito tardiamente, e ainda tem gente que continue negando até mesmo a existência do vírus. Também não esperávamos entrar em um filme de ficção, com ruas desertas, famílias presas em casa e hospitais se transformando em zona de guerra. Não estávamos preparados para ficar em casa, pois, se há 50% de privilegiados sortudos que podem trabalhar de casa, não soubemos o que fazer com os outros 50%, para que trabalhassem em segurança nos serviços essenciais. Não soubemos nem definir o que é essencial, na verdade. Tem gente discutindo até agora. Não estávamos e não estamos preparados para a disrupção sumária e cruel e ainda estamos sonhando com a volta da normalidade. Nem para telejornais 100% focados em tragédias. Sim, suportamos com sofrimento a queda de um avião, um ataque terrorista, um tsunami do outro lado do mundo, mas uma novela só com mortes, doenças e lágrimas? 24 horas por dia? Sete dias da semana? Não, não estamos preparados para isso. Nem para achar o silver lining (o lado bom),

que com certeza existe, mas que é ofuscado pelo inimaginável. Não estávamos preparados para deixar de viajar, de ir a eventos, de sair na rua sem medo de respirar. Não estávamos prontos para ver o mundo ruir (mesmo continuando de pé), com hotéis fechados, praias bloqueadas, aviões estacionados em pátios mundo afora. Não tínhamos plano B para esse apagão e tivemos de improvisar, mesmo na solidariedade, mesmo na forma de tentar escapar de tudo isso. A tecnologia, a ciência e a educação nos salvarão da crise de saúde, mas a que preço? Foi mesmo melhor tirar verbas de setores que hoje se mostram essenciais? Por que poucos países se destacam em meio a essa avalanche mundial? Porque não estávamos preparados. E alguns continuarão sem estar. Não estamos prontos para o novo normal. Talvez prefiramos esperar mais um pouco, para termos nosso mundo de volta. Mas voltar de forma melhor precisa ser o aprendizado dessa crise. Talvez quem passe os dias assistindo a lives de artistas milionários ou postando receitas de pão ou rotinas de exercícios esteja esperando essa volta à normalidade. Claro, queremos continuar cantando, comendo pão quentinho e nos exercitando, mas a mensagem que nos preparará para voltar à vida, ou renascer, é mais profunda, é menos exibicionista. Estaremos preparados? Queremos nosso mundo de volta. Mas ele nos aceitará de braços abertos? Prepara...

Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br

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Check-in Mercado

Mercado maior e agentes independentes Artur Luiz Andrade

Líder do Grupo Arbo, que conta em seu portfólio com dez marcas ligadas a Viagens e Turismo e Tecnologia para Eventos e Mice, Arnaldo Franken falou com a Revista PANROTAS sobre seus planos para o período de crise e depois dela. “Hoje nosso foco são as pessoas, nossos colaboradores, pois termos nossa equipe será muito importante na retomada”, disse ele, que não demitiu nenhum funcionário, e fez um acordo, via MP do Emprego, do governo federal, reduzindo a jornada e salário dos cerca de 225 colaboradores em 25%, com piso de R$ 2 mil. “Garantimos o recebimento de 75% do salário. Eles recebem o valor pago pelo governo e nós completamos até atingir os 75%”, explica. Franken conta que sabe que esse time será responsável pela retomada, juntamente com outras medidas tomadas, e por isso fez questão de preservá-lo. “Não sou um homem religioso, mas conheço bem a Bíblia. Sempre gostei da história de José, que interpretou os sonhos do faraó e acabou liderando o Egito durante sete anos de fartura e sete de fome. Aprendi com essa história e sempre guardo pelo menos 10% no meu silo particular. Estamos preocupados? Claro. É uma crise muito grande. Mas estamos tranquilos pois nos preparamos para sermos sobreviventes na retomada e atendermos nossos clientes ainda melhor”, explica ele, que promete um novo negócio para 2021, envolvendo Tecnologia e Turismo. “Mas é segredo. Ninguém sabe ainda”, revela, mostrando que o clichê das oportunidades que surgem na crise é bem real quando se tem o olhar adestrado para tal. 6

Arnaldo Franken, líder do Grupo Arbo

REVISTA PANROTAS – O senhor fala na prioridade que deu para a equipe. Estão todos atendendo de casa? Quando acredita que a retomada iniciará? ARNALDO FRANKEN – Sim, todos estão em home office, atendendo via telefone (nosso sistema redireciona as ligações feitas para os ramais deles diretamente para suas casas), e mantendo contato com os clientes. Não é hora de vender e sim de manter presença e contar o que vem por aí, mas é importante termos a equipe inteira para a retomada, que acreditamos que virá em agosto e setembro.

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RP – O que volta primeiro? FRANKEN – Acredito que os eventos, pois as empresas, os profissionais, todos nós precisaremos nos encontrar para planejar o que vem por aí e para celebrar também, não é? Nós já temos o pedido de uma associação para a parte logística de um evento para 100 mil pessoas em agosto e para a logística e todo o evento de um outro grupo, em setembro, esse para dez mil pessoas. Acredito também que os eventos serão cada vez mais híbridos, com uma parte sendo transmitida por streaming, para quem não puder participar. Nós na Globalis já temos


+Lidas da semana Portal PANROTAS 1 Agências e operadoras: como estão no momento e o que esperar

2 Como as viagens de luxo

podem liderar retomada póscrise

3 Turismo no Brasil voltará a

níveis normais somente no fim de 2021

4 Artigo: O novo normal e a nova hotelaria

5 American voltará ao Brasil a partir de maio; veja agenda

6 Virgin Atlantic desiste do Brasil em definitivo

7 Belvitur lança empresa de

uma equipe dedicada a esses eventos híbridos. Quanto aos eventos 100% virtuais, acredito que só para pequenos grupos. O ser humano vai continuar querendo e precisando se encontrar frente a frente. RP – E o lazer? Retorna quando? FRANKEN – O lazer volta primeiro com as viagens perto de casa, para resorts, com a família. Vamos todos nos encontrar nos resorts. Já temos quatro profissionais na Diversa cuidando só de nacional, com a parte terrestre toda já negociada. O internacional volta mais para frente, com o esqui na Europa e nos Estados Unidos apontando para uma boa chance de retomada. O luxo também deve iniciar algo este ano, mas vem mais forte em 2021. RP – O aéreo deve continuar com preços baixos? FRANKEN – Agora realmente os preços estão bons. Mas com a retomada, a tendência é que aumentem, até porque haverá menos assentos, pois com o distanciamento social, as companhias estão bloqueando alguns lugares, como as poltronas do meio. RP – O turista vai precisar de segurança para viajar. O que mais pode mudar, além as medidas de higienização nos equipamentos? FRANKEN – A ideia de um passaporte de saúde, com certificados,

táxi aéreo e coworking para Turismo; saiba mais

8 Veja que países se destacam na crise em medidas para o Turismo

9 Setor aéreo vai sofrer até

2023 com crise, diz estudo

10 Hotelaria carioca aposta no Turismo doméstico para a retomada

Fonte: Portal PANROTAS

exames e imunidades me parece viável. Dá segurança para todos. E muitos exigirão o exame negativo do coronavírus, como os navios e os voos de longa distância. RP – Uma das marcas do Grupo Arbo é a Casa do Agente. O senhor acredita que a situação econômica levará a um aumento dos profissionais independentes? FRANKEN – Sim. Esperamos um aumento de 20% nos profissionais que trabalham com a Casa do Agente, hoje em torno de 2,5 mil. Já estamos com mais ligações e pedidos de cadastro. O home based vai crescer muito e as agências pequenas terão de recuar para se fortalecerem

de novo. Nesse sentido, a Casa do Agente será uma opção com estrutura, segurança, produtos... RP – Como o grupo lidou com a questão dos reembolsos e pedidos de cancelamento de viagens? FRANKEN – Diria que 70% dos nossos clientes aceitaram adiar as viagens. Dos que pediram reembolso, devolvemos imediatamente dos que ainda não tínhamos enviado o dinheiro aos fornecedores. Nossos parceiros no Exterior agiram muito corretamente conosco. Ligamos para todos nossos clientes, tinha até casamento previsto para maio e convencemos a adiar.

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RP – E seu projeto de missões para o Exterior? Quando devem retornar? FRANKEN – Esse foi o maior baque que tivemos. Tínhamos 22 missões no primeiro semestre, e elas estão sendo transferidas para 2021, com algumas podendo ocorrer em novembro deste ano ainda. É um mercado em que somos especialistas. Inclusive organizamos missões personalizadas para as agências. Eu mesmo cuido dos detalhes com as agências. Temos expertise muito grande para Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Israel e China, nas áreas de tecnologia e Turismo.

AS MARCAS DO GRUPO ARBO AD TURISMO, fundada em 1985, atua nos segmentos de viagens corporativas, missões empresariais, viagens de incentivo, viagens individuais e também corporativas, feiras e congressos em todo o mundo. AD FEIRAS, de 2014, oferece serviços integrados para visitantes e expositores de feiras mundiais. AD EVENTOS, desde 1997, especializada no planejamento, gestão e produção de pequenos, médios e grandes eventos. CASA DO AGENTE, desde 2004, opera em serviços exclusivos para agentes de viagens independentes. DIVERSA TURISMO, desde 2018, uma operadora de Turismo que cria produtos feitos sob medida exclusivamente para agências de viagens. EVERSTREAM, desde 2014, produtora audiovisual e também uma integradora de vídeo digital ao vivo. GLOBALIS, desde 2010, trabalha com viagens corporativas, MICE, criação e produção de eventos, eventos e viagens de incentivo e lazer. Brasil e Portugal. GUIA FOOD TRUCKS, desde 2014, a primeira empresa brasileira especializada na criação de eventos com Food Trucks. KOMPLETA, desde 2018, trabalha apoiando no atendimento de TMCs, operacionalizando junto a operadoras multimarcas viagens de lazer e bleisure para este público. UCAN TRANSMISSÃO DIGITAL, desde 2009, é a empresa pioneira em tecnologia cellular bonding, para transmissão de áudio e vídeo, oferecendo locação e venda no que há de mais avançado em soluções.n

RP – O grupo fechará o ano com que previsão de faturamento? FRANKEN – Olha, se fecharmos com 50% do que foi 2019 estou satisfeito. A volta aos 100% somente no começo de 2021, em março. RP – Está otimista então. Tem gente prevendo que 100% só no final de 2021... Qual motivo dessa previsão? FRANKEN – Olha, infelizmente depois da crise algumas empresas ficarão pelo caminho. Quem sobreviver e estiver bem estruturado, como nós estamos fazendo, vai ter acesso a um mercado muito maior, e crescendo mês a mês. RP – O consumidor tende a voltar para as agências de viagens? FRANKEN – O papel do agente de viagens saiu fortalecido durante a crise. Mas pode ser que o cliente, em um primeiro momento, queira ir diretamente nos fornecedores, em busca de segurança ou preço. Acho que as OTAs sofrerão mais. Tudo é uma questão de tempo e os agentes de viagens precisam investir em conquistar a confiança de seus clientes. E isso todos nós estamos fazendo nesse momento, estando ao lado do cliente. RP – O senhor ficou satisfeito com as medidas do governo para o Turismo? FRANKEN – Olha, lançamos mão da MP do Trabalho apenas. A questão das linhas de crédito, porém, é delicada. Em Portugal, onde temos uma empresa, o governo abriu uma linha de crédito onde ele próprio foi ava8

lista de 80% do empréstimo e com juros de 1,5% ao ano. Aqui os bancos cobram juros absurdos. RP – O que vem mais por aí, além do projeto secreto de 2021? FRANKEN – Continuamos com nosso apoio e trabalho com a ONG Garupa, desenvolvendo produtos que respeitam e preservam as terras indígenas do País. Vamos fazer um grande trabalho no Médio e Alto Rio

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Negro, com o Instituto Sócio Ambiental e a Funai. RP – Então, a Diversa, a AD, a Globalis e demais marcas estão preparadas para a retomada? FRANKEN – Sim. Sempre fui de crescer aos poucos, investindo devagar, com segurança. Guardando para os períodos de vacas magras. E por isso estamos confiantes na retomada.n


Belvitur voa Artur Luiz Andrade

O Grupo Belvitur, com sede em Belo Horizonte, e dirigido por David e Marcelo Cohen, quer sair da crise da covid-19 com mais produtos e empresas em seu portfólio de Turismo. Em entrevista à Revista PANROTAS, Marcelo Cohen falou da empresa de táxi aéreo Belvitur Air, já com hangar pronto no Aeroporto da Pampulha (em Belo Horzonte), e aguardando as autorizações da Anac; sobre o coworking B Club, também em BH e exclusivo para profissionais de Turismo, que poderão usar as condições da Belvitur; e ainda dos investimentos em startups e fintechs no Turismo. “Na Belvitur, crise é momento de cortar custos e rever processos sim, mas também de investir, ver as oportunidades e como podemos fazer as coisas de uma melhor forma. Não estamos parados no sofá”, disse ele, que reduziu em 10% o quadro de funcionários na crise (cerca de 45 colaboradores). BELVITUR AIR Segundo Cohen, a ideia de investir em uma empresa de táxi aéreo não nasceu na crise. Em janeiro ele já havia comprado o hangar no Aeroporto da Pampulha e ele já está pronto, com rampa, sala vip, quarto de pilotos e toda a estrutura de operação e atendimento. A empresa já pediu as autorizações na Anac para operar como táxi aéreo, um mercado que ele acredita que estará em alta na retomada, especialmente por conta dos viajantes corporativos e do lazer de luxo. A Belvitur Air começa com oito aeronaves, na linha de jatos executivos, indo de seis a 14 lugares, ou de um Cessna Citation CJ1 a um Gulfstream. A empresa está pronta para começar a operar e depende apenas do sim da Anac. COWORKING De olho nos profissionais que estão perdendo seus empregos e nas empresas de pequeno e médio portes que precisam de custos menores e melhores condições com fornecedores para enfrentar a crise e se sair bem na retomada, Marcelo Cohen antecipou em quase dois anos o projeto de lançar um coworking para o Turismo. No B Club, no bairro de Lurdes, na ca-

pital mineira, haverá 80 posições de trabalho, auditório para treinamentos, salas de reuniões, espaço de descompressão, além de toda a estrutura de tecnologia e suporte e, a cereja do bolo, acesso às condições da Belvitur com fornecedores. “É um coworking 100% focado em Turismo, que lançaríamos só em 2022. Queremos trazer o agente de viagens, o consultor, o vendedor de lazer e até prestadores de serviço para agências e empresas de Turismo. Eles pagam um fee para usar o espaço físico do B Club e também um percentual das vendas, usando todas as condições e estrutura Belvitur”, explica Marcelo. Os profissionais interessados devem ter um registro jurídico empresarial mínimo (tipo MEI) para assinar contrato com o B Club. “Muitos profissionais bons estão perdendo emprego na crise e daremos condições para atenderem ainda melhor seus clientes. E para as empresas que querem ser mais competitivas, com menor custo e melhores acordos com fornecedores, também seremos uma ótima opção”, continua.

MAIS AÇÕES Por falar em condições da Belvitur, Marcelo Cohen diz que está realizando compra antecipada de lugares em companhias aéreas e hotéis, especialmente para o mercado corporativo e de lazer. Segundo ele, o luxo, o lazer doméstico e as viagens de negócios devem comandar a retomada, com o internacional aparecendo somente em 2021. Conservador nas apostas, ele acredita que deve fechar o ano com 50% do movimento pré-crise, com os 100% chegando apenas no final do ano que vem. “Esperamos retomar os trabalhos na Belvitur em julho. Se for antes, melhor, mas preferimos ser cautelosos”, resume. COMPRA DE EMPRESAS Enquanto isso, a Belvitur contará também com recursos próprios para investir em startups e fintechs de Turismo, e ainda para avaliar a compra de outras empresas na indústria. “Há boas oportunidades no momento e estamos avaliando”, finalizou Marcelo Cohen.n

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PANCORP

Ser referência Beatrice Teizen

A crise do novo coronavírus vem afetando severamente as empresas dos mais variados setores. No Turismo, as perdas são imensuráveis e a retomada será lenta. As TMCs, por exemplo, estão tomando medidas para mitigar as perdas e manter seus funcionários, assim como clientes e fornecedores. A Copastur está lidando com esse cenário de forma confiante, já que vem de um movimento grande de transformação pré-crise. Mantenedora do movimento do "capitalismo consciente", a TMC já vinha se preparando para um mundo mais adverso. Segundo o diretor da empresa, Edmar Mendoza, a agência de viagens corporativas já estava capacitando os colaboradores para estarem alinhados a situações difíceis. Claro que não havia como imaginar algo com a magnitude da pandemia da covid-19, mas a empresa, até o momento, é destaque, sem demissões e desligamentos. Um exemplo disso é que continua com vagas abertas, anunciando novas posições em seu canal de carreiras e contratando. “Nos consideramos uma empresa humanizada, somos certificados há quatro anos seguidos pelo GPTW, de maneira que foi um movimento muito natural colocar nosso time acima de tudo. Por mais que tenham surgido as MPs, que garantem a redução de capacidade ou de jornada etc., nem passou pela nossa cabeça tomar uma medida mais drástica”, conta. A agência entrou para o manifesto Não Demita e garantiu a permanência de seus 360 funcionários. Com 100% da equipe em home office, alguns puderam optar por ter férias antecipadas. E, com um movimento de atendimento menor, a TMC entendeu que este seria um momento para colocar a meta de desenvolvimento do time 10

Edmar Mendoza, CEO da Copastur

em prática, seja ele pessoal ou profissional. “Nosso propósito como líder, meu e do Edmar Bull, é deixar um legado, seja para o mercado ou para a própria empresa. Se fizermos melhor que os outros, ou, pelo menos, tentar ser melhor, vamos impactar quem está com a gente, assim como o setor, que olhará para nós e poderá tentar fazer algo diferente. A intenção é dar o exemplo. Colocando as pessoas acima de tudo isso, nosso resul-

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tado será maior”, afirma Mendoza. DURANTE A CRISE Para garantir o bem-estar de seus colaboradores, a Copastur adotou uma postura de ser muito transparente, o tempo inteiro, tendo uma comunicação diária com os líderes de equipe e semanal com todos os funcionários da empresa. Explicar como está o mercado, a companhia, as vendas e o que eles estão fazendo foram algumas das soluções.


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+Lidas Pancorp 1 American voltará ao

Brasil a partir de maio; veja agenda

2 Belvitur lança empresa de táxi aéreo e coworking para Turismo; saiba mais

3 Veja que países se

destacam na crise em medidas para o Turismo

4 Reflexões sobre ser

agente de viagens, mesmo não sendo um

5 Casa Branca divulga

plano para reabrir EUA em 3 fases

6 Voos da Copa Airlines

devem voltar a operar em 1º de junho

Outra ação foi cuidar também da saúde psicológica do time, oferecendo apoio com terapeutas. As sessões de mindfulness, que aconteciam presencialmente, agora estão sendo ministradas de forma on-line e foram estendidas para os fornecedores e clientes. “Essa é uma das únicas saídas que temos nesse momento, que as pessoas saiam com a cabeça boa.” O CEO da TMC contou ainda que alguns dos colaboradores contraíram a covid-19 e que, com eles, o acompanhamento é bem de perto e constante, com contato e controle diário para entender como eles estão, recomendar quem precisa ir ao hospital. A empresa passou a ter um preparo para tentar cuidar e lidar com cada um como indivíduo. APÓS A CRISE “Uma coisa que é certa é que nada será como era antes. O mercado de viagens vai voltar, sim. Não temos bola de cristal para saber quando, mas acompanhamos nossos números e os dos principais fornecedores. Já começamos 12

7 Arnaldo Franken aposta em mercado maior e agentes independentes

8 Veja as adaptações nas políticas de viagens durante covid-19

9 Lufthansa Group

estende programação especial de voos até 17 de maio

10 Autor de Casais

Inteligentes Enriquecem Juntos HOJE na PANROTAS

Fonte: PANCORP

a ver o movimento de algumas aéreas de voltarem com alguns voos ou colocando datas de previsão de volta, por exemplo. E, na nossa visão, isso é muito otimista”, diz. Na questão de eventos, Mendoza acredita que, em um segundo momento, haverá um público muito maior, mesmo que as transmissões on-line e os eventos híbridos aconteçam muito mais. Para ele, as pessoas irão querer sair de casa e viver as experiências, ter vivências diferentes. Em termos

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de limpeza, saúde e higienização, novos padrões serão criados e medidas diferentes terão de ser seguidas à risca. "Esperamos que a retomada do mercado de viagens e eventos corporativos seja da melhor forma possível. E temos de ter em mente que esse não será o primeiro vírus e nem o último, terão outros. Estudamos outras pandemias, mas nenhuma teve um impacto como essa. Teremos de estar preparados", finaliza.n


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Viagens corporativas

15 ANOS

DE ACADEMIA, UM SONHO QUE VIROU REALIDADE!!! Há 15 anos, Patricia Thomas e Viviânne Martins fundavam a Academia de Viagens Corporativas, em São Paulo. Referência em consultoria no mercado de viagens e eventos corporativos, de lá para cá, criaram metodologias, ministraram dezenas de cursos e realizaram uma série de eventos em um País carente desse tipo de serviço e assessoria. Hoje, colhem os frutos e se preparam para, cada vez mais, lançar novidades e projetos inovadores.

Viviânne Martins

Confira a seguir o batepapo com as sóciasfundadoras e saiba mais como foi o surgimento da Academia de Viagens e quais os próximos planos das empreendedoras.

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Patricia Thomas


REVISTA PANROTAS – Como tudo começou? PATRICIA THOMAS – Dois anos depois de fundar a Alagev, Vivi e eu entendemos que queríamos mudar o mercado de travel, não somente por meio do associativismo (juntar toda a cadeia produtiva), mas também desenvolver e profissionalizar o mercado. Os profissionais não tinham onde aprender. Na época, nós éramos clientes, eu na Cargill e ela na Bayer, ambas na área de compras, e como sempre estávamos envolvidas em novos projetos e testes piloto com novos produtos e tecnologia na área de viagens, viramos referência e frequentemente éramos contatadas para benchmarking. No início eram apenas cursos que ministrávamos aos finais de semana e à noite. Para se ter uma ideia, nosso primeiro curso lotou em 24 horas e o título era: “Como atender o cliente corporativo”. Hoje, depois de 12 anos em que nos dedicamos inteiramente a este negócio, a Academia de Viagens Corporativas se posiciona como uma empresa de inteligência e projetos na área de Viagens e Mice. RP - Como funciona essa parceria de vocês? Afinal, é quase um casamento. VIVIÂNNE MARTINS – Verdade. Uma parceria de sucesso e que funciona muito bem. Uma cria, a outra executa. Uma pensa, a outra complementa. É mais que um casamento, é uma simbiose. Mas o mais importante é que as duas têm na veia a vontade constante de aprender, desaprender e reaprender, estamos sempre muito abertas para o novo.

O tempo todo antenadas para saber o que está acontecendo no mundo, gostamos de assumir riscos e apostar em tendências, esse é nosso DNA. O relacionamento que temos globalmente também é um de nossos diferenciais. Transitamos por mercados que são referência nesta área, Estados Unidos e Europa. Nossos eventos refletem muito isso, sempre trazemos novos formatos, com design inovador, pensados para proporcionar muita interação, sempre com muito conteúdo, é claro. RP – Vocês têm uma metodologia com marca registrada. Que metodologia é essa? PATRICIA – É a metodologia dos 4Ps, que criamos para ajudar clientes e fornecedores a entenderem e organizar seu Programa de Viagens, desenhar estratégia de gestão se for o cliente, ou de venda se for o fornecedor. São eles: Perfil (da empresa, do negócio, do viajante); Política de experiência de viagens; Programa de parcerias; e Procedimentos e tecnologia aplicada. Temos inclusive um livro pautado nessa metodologia, que está sempre se renovando com desenvolvimento da indústria. Nesta crise pela qual estamos passando, os gestores terão de analisar o impacto no negócio da empresa, quais as necessidades de cada unidade, qual será a demanda da companhia, quais fornecedores poderão atendê-los de forma segura, qual tecnologia pode ajudar, como estará a oferta e, sem dúvida, criar novas regras e novos procedimentos com base nas lições aprendidas. Com a metodologia dos 4Ps, é muito mais fá-

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cil organizar esse racional. Fazemos muitas consultorias dessa forma e os resultados são excelentes, com oportunidade de economia e melhoria nos processos. RP – Além dos cursos e eventos, que já são conhecidos, como Summit e Abroad, conte um pouco sobre os outros projetos que a Academia faz. VIVIÂNNE – Nossa, fazemos tanta coisa. Costumamos dizer que trabalhamos na dor do cliente, agência de viagens ou fornecedor e, assim, criamos produtos, projetos e consultorias personalizadas. Já fizemos projeto de meios de pagamento desenvolvendo especialistas de mercado para incentivar a venda de cartão corporativo, temos sessões de design thinking com clientes para desenvolvimento de produtos, estamos agora desenvolvendo dois white papers, um sobre gestão end to end, com a SAP Concur, e outro sobre Mice, com o RioGaleao. Organizamos viagens técnicas para clientes para eventos internacionais, a PANROTAS sempre participa com a gente. Fazemos design/ conteúdo para eventos, como foi o caso do Lacte por 13 anos, o evento da Costa Brava e vários outros personalizados para falar de destino, produto, etc. RP – O que vem por aí? VIVIÂNNE – Bastante coisa legal. Encaramos esta crise de frente e decidimos criar produtos/serviços com o que sempre foi nosso propósito: desenvolver talentos e pessoas. Explicando melhor, porque estamos preocupadas em atualizar aqueles profissionais que foram afetados pela crise e ampará-los como pessoas na questão de saúde mental. Tenho me desenvolvido nessa área e

durante a quarentena fizemos várias rodas de conversa sobre medo, transformação, propósito etc. Voltando aos produtos, além de nossos eventos, como o Abroad, que faremos em oito cidades no Brasil, Colômbia e México entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro de 2021. Agora no começo de maio teremos um evento inédito: o I Festival Internacional On-line de Viagens e Eventos Corporativos. Serão cinco terças-feiras, com palestrantes internacionais renomados, com conteúdo inédito, falando sobre as previsões para essa indústria do mercado que mais tem dados e estudos, os Estados Unidos. Sobre eventos corporativos acreditamos que o mais importante será como os profissionais precisarão desenvolver novas competências e habilidades para se encaixar em novos modelos. Vai ser incrível. RP – E a novidade, a Academia de Talentos, o que é? PATRICIA – Essa é uma unidade de negócio da Academia, que agora estamos repaginando. Já fizemos muitos projetos legais, como Jovens Universitários, que formava estudantes de Turismo para ingressar no mercado de travel já com emprego garantido. Agora vamos fazer match entre os profissionais que acreditamos que precisam se renovar e as empresas que, com certeza ao retomarem, precisarão de profissionais. Estamos criando também junto com uma galera de RH vários produtos de desenvolvimento de competências e habilidades. Queremos ajudar as pessoas a serem mais felizes e entenderem que poderão sair melhores desta crise. Pois tudo é uma questão de escolha. Estamos a todo vapor nesse projeto.n

Academia em números 52 turmas de gestão de Viagens e Eventos Corporativos + 1,2 mil alunos entre clientes, agências de viagens e fornecedores do mercado + 2,5 mil horas de conteúdo 117 edições de Abroad (10 anos de roadshow) no Brasil e América Latina

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+14 mil participantes +120 parceiros envolvidos + 100 projetos personalizados (Summits, Lactes, Consultorias, Design thinking, Mentoria, CEO Shadow, White papers, Pesquisas) + 2,5 mil profissionais envolvidos


WWW.TRVL.COM.BR

Inteligência de Mercado para o Turismo As melhores análises para o seu negócio O TRVL LAB - Laboratório de Inteligência de Mercado em Viagens é uma parceria da PANROTAS com a MAPIE para levar às empresas e profissionais da indústria de Viagens e Turismo pesquisas, estudos, análises e eventos exclusivos, aliados à divulgação nas múltiplas plataformas PANROTAS (portal, publicações, redes sociais, ferramentas de marketing, eventos).

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CVC Corp

Artur Luiz Andrade

TRÊS ANOS DE RECUPERAÇÃO Esse prazo muito conservador, e ele assume que é. Mas é o tempo previsto pelo novo presidente da CVC Corp, Leonel Andrade, para que o mercado de Viagens e Turismo no Brasil retorne ao tamanho que tinha em 2019. A retomada será lenta, já a partir do segundo semestre deste ano, ganhará força em 2021, especialmente nas viagens mais longas, nas internacionais e nos eventos e feiras, mas em tamanho o mercado só ganhará a robustez de 2019 em 2023. Ex-Smiles, e já tendo presidido sete empresas, com grande experiência na área financeira, Andrade assumiu a CVC Corp no meio da crise do novo coronavírus, em 1º de abril (mas foi apresentado um mês antes, já no anúncio de saída de Luiz Fernando Fogaça). Em março havia feito reuniões também virtuais com alguns de seus diretores, mas não teve jeito. Começou a dirigir a maior empresa de distribuição de Viagens e Turismo do Brasil à distância, isolado em sua residência. O que só aumentou seu desafio. Andrade afirma que aceitou ir para a CVC Corp não para cuidar de um problema ou situação de curto prazo e sim para olhar para um horizonte maior, como sempre fez em sua carreira. Mas a crise da pandemia, somada à reestruturação que uma mudança de CEO causa em uma organização, só intensificaram a agenda inicial, com ações imediatas sendo tomadas para con18

ter a crise e fazer o grupo atravessá-la da melhor forma, além do olhar continuando a focar no longo prazo. No resultado final, com uma nova CVC projetada pós-pandemia, algumas mudanças podem ter sido aceleradas pela crise, outras virão de qualquer jeito, mas dentro do que Leonel Andrade chama de evolução e não revolução. Ele garantiu que não há demissões nos planos, mas precisa de um aumento feroz em produtividade, para chegar em cinco anos com os mesmos quatro mil colaboradores, mas com uma empresa três vezes maior. Disse que a culpa dessa perda de pro-

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dutividade, que acaba gerando desfalque na linha de frente com o cliente, vem de integrações ainda inacabadas, sistemas robustos mas pouco flexíveis e muito trabalho manual. A visão de longo prazo prevê uma empresa mais produtiva e digital, contando ainda com a força das lojas físicas (franquias e agências independentes), mais próxima dos clientes, com menos marcas atuando nos mesmos nichos, mais sustentável, com espaço para atender os profissionais independentes (que trabalham em casa) e líder nos mercados onde atua. Veja o vídeo completo da entrevista no Portal PANROTAS (ou no nosso canal no Youtube) e abaixo confira alguns highlights do que vem aí nessa nova CVC Corp. SEM PLANOS DE DEMISSÃO Tudo pode ocorrer nessa crise inédita em nossas vidas e empresas, mas o presidente da CVC Corp afirmou que não há planos de demissão atualmente. A empresa já cortou salários e jornadas dos colaboradores durante a crise, mas não pretende demitir. A CVC quer chegar daqui a cinco anos com os mesmos quatro mil funcionários. “Queremos estar três vezes maiores sem termos de ter três vezes mais funcionários”, afirmou, elogiando o

comprometimento dos colaboradores no momento do anúncio do corte de jornada e salário por conta da crise da covid-19. “Todos comprometidos com esse projeto de longo prazo e confiantes na empresa”. SEM SOBREPOSIÇÃO DE MARCAS De acordo com Leonel Andrade, um dos diagnósticos feitos é que há marcas fazendo a mesma coisa, ou seja, vendendo os mesmos produtos para os mesmos clientes. E isso tem de acabar mas nada com martelo batido ainda. Segundo ele isso será resolvido depois de estudos profundos, nada de imediato, sem análises. “Não quero dizer nomes aqui, vamos analisar sem subjetividade”. Também integração de sistemas e canais e implantação de novos sistemas, que atendam à necessidade de agilidade e flexibilização, além de um novo plano de internacionalização estão no radar, mas, de novo, nada no curto prazo. “Para mudarmos nosso core system leva três anos. E a internacionalização precisa ser avaliada ainda, quanto à rapidez e mercados”, disse. PLATAFORMA DE HOME OFFICE Leonel Andrade disse que uma das grandes fortalezas da CVC é sua capilaridade via mais de 1,4 mil lojas e de milhares de

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agentes de viagens independentes. E que isso não inviabiliza ou atrapalha o plano de tornar a empresa mais digital. “Basta ver o que a Amazon ou Magazine Luiza fazem. Esse é o modelo. Um canal se beneficia do outro”, garante. “Nessa crise, ganhamos em reputação e tivemos uma vantagem competitiva com nossas lojas. O dono conhece os clientes. Fretamos avião para trazer viajantes do Exterior. Monitoramos todos. É importante ter um profissional te ajudando nessas horas, mas isso não impede que nossa rede de agências seja mais digital”. “Nossos gaps digitais são em áreas para aumentar relacionamento do cliente conosco, fortalecendo o mundo físico. O sucesso está em ter os dois mundos, e investir no físico é muito caro, e isso já temos. A multicanalidade continua”. Ele sabe também que, depois da crise, franqueados e agentes de viagens independentes podem ver que não precisam necessariamente ter uma loja física. E a CVC Corp já está preparando uma plataforma em que esses profissionais consigam manter o relacionamento com os clientes e o acesso à estrutura e contratos da CVC, sem precisar estarem em uma loja. O home office é tendência mundial e a crise deve acelerar isso no Brasil. RETOMADA BEM LENTA Conservador, Leonel Andrade acredita que o doméstico e o corporativo voltam este ano ainda, com o primeiro mais acelerado no último trimestre, e o segundo com mais lentidão, pois as pessoas mudaram seus hábitos. Uma viagem entre o Rio e São Paulo, por exemplo, poderá ser substituída por uma reunião virtual. E quando fala em doméstico, ele aposta no Nordeste e em destinos ao ar livre. Primeiro, perto de casa, depois, mais distantes. A CVC já está se preparando para isso. ATRAVESSANDO A CRISE “Temos caixa que nos permite atravessar a crise. Mas sobreviver sem estarmos vivos e fortes de forma

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competitiva não adiantará”, afirmou. Por isso, esta semana a CVC Corp revelou que está em busca de oportunidades de capitalização, e para ajudar nessa missão contratou o Itaú BBA. “Temos e teremos oportunidades e necessidades de investimento: digitalização, cuidar melhor e conhecer mais os clientes, infraestrutura e tecnologia com franqueados, voltar a comprar de forma muito forte, o que os fornecedores esperam”, exemplifica ele. Por isso, o capital novo é importante nesse momento, seguindo o que fazem gigantes mundo afora, como a Disney, Expedia e as aéreas americanas e europeias.


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BALANÇOS PASSADOS Andrade não quer julgar o que já foi feito e está nos balanços, mas disse que os aprendizados precisam estar incorporados no mindset da CVC Corp. “Não vim para resolver um problema, como o da Avianca Brasil. Mas esse caso trouxe lições muito fortes para o grupo, como a necessidade de operar com mais segurança. Não vou julgar o que foi feito com a Avianca, mas temos que mudar sim, aprender e mudar sempre. No caso da Avianca, compras antecipadas muito fortes, de uma empresa que já estava disponibilizando tanto isso, ao contrário dos concorrentes, é sinal que estava precisando muito mais. Vou sempre adotar uma política conservadora de risco. Não julgo que houve exagero, mas equilibrar oportunidades de curto prazo com o de longo prazo (é importante)”. Sobre erros de balanços passados, ele afirma que estão sob investigação, e que o problema foi identificado pela própria CVC. Os detalhes serão divulgados em breve, com o balanço de 2019. “O que posso garantir é total transparência, sobre o que corrigimos e controles futuros.” AJUDA AOS FRANQUEADOS “Estamos perto deles, mas não temos como ajudar financeiramente”, afirma, já que as pequenas empresas do setor estão reclamando de falta de crédito e fluxo de caixa reduzido para passar a crise. “Fazemos reuniões diárias com eles, criamos um hotsite para auxiliar com informações do mercado, temos estudo para identificar os problemas de cada um. Eu e o time de CVC temos tido reuniões com bancos, autoridades, Sebrae, buscando alternativas. Temos muitas medidas no Brasil, em todas as instâncias governamentais. O papel

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da CVC Corp é fazer essa medida ser funcional para o franqueado, para os donos de receptivo, pequenas agências, o mundo que gira em torno do nosso negócio.” SOCIAL “A gente nunca fez trabalho social forte e consistente (na CVC). Acredito na educação para transformar pessoas e o mundo. Vamos fazer trabalhos sociais focados em educação, usando a estrutura que já temos, com a Experimento”.n


Check Point Victor Fernandes

SAÚDE FINANCEIRA EM MEIO À CRISE

Gustavo Cerbasi (foto acima) foi o convidado da quarta live Check Point, série da PANROTAS e Imaginadora, com parceria R1, que aconteceu na última quinta-feira (23), no Portal PANROTAS e no Facebook. Durante o encontro virtual, o autor do best seller Casais Inteligentes Enriquecem Juntos compartilhou estratégias para as empresas equilibrarem as finanças em meio à crise atual. Mestre em Finanças pela USP (Universidade de São Paulo) e graduado em Administração Pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), Cerbasi é consultor, professor, palestrante e autor de 16 livros com mais de 2,5 milhões de exemplares vendidos. Entre as estratégias sugeridas, o es-

pecialista focou muito na coordenação de forças entre empresas (mesmo concorrentes), priorizando os produtos em que são especialistas e possuem maior margem de lucro. "Ao cortar custos de ativos parados e priorizar por um serviço eficiente e prático, será preciso vender menos. Independentemente da estrutura, a criatividade tem que ser trabalhada para melhorar o aproveitamento e é preciso coordenar parcerias. Ações coordenadas evitarão uma possível quebra", afirmou Cerbasi. CORTE DE CUSTOS O corte de custos deve ser realizado em ativos parados e que não são considerados diferenciais ou essenciais para a empresa, gerando

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uma eficiência maior, e sempre tentando preservar os ativos humanos, ou seja, os empregos. ANÁLISE DE PRODUTO Analisar dentre os produtos oferecidos, qual é o que oferece maior margem de lucro e qual é especialidade e se destaca do oferecido por concorrentes.

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RECALCULAR O PONTO DE EQUILÍBRIO Entender que um ativo parado é um ativo que gera prejuízo. Se a estrutura é muito cara, é preciso vender mais. Se for eficiente e prático, será possível vender menos.

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PARCERIA ENTRE EMPRESAS A coordenação de esforços é essencial. Empresas locais devem unir forças ao se complementarem, tornando a operação mais eficiente e trabalhando naquilo em que cada uma é melhor. Assim, cada empresa dedicará seu tempo e energia para aquilo que traz mais resultado.

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USO DO ASSOCIATIVISMO Usar o associativismo como uma forma de fazer networking, obter ajuda e alívios nos impostos. União de vários interesses para brigar por aquilo que é essencial.

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ESTUDAR Usar o tempo para parar e pensar. Estudar quais são as iniciativas vencedoras, estudar formas de valorizar os diferenciais do seu produto ou serviço. Cerbasi também afirmou que as famílias estão passando por um momento de reflexão e reavaliação de seus gastos fixos, o que pode ser positivo para o Turismo, já que com a redução de gastos fixos, haverá maior margem para investir em experiências que tragam qualidade de vida, como viagens. Também abordando o planejamento familiar, o especialista especulou que o movimento de recuperação será iniciado por pessoas com maior reserva de dinheiro e que podem influenciar outros a deixar de ter receio em viajar, como famosos e influenciadores.n

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