PANROTAS 1.428

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Edição nº 1.428 - Ano 28 | 24 a 30 de junho | www.panrotas.com.br

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Entrevistamos os líderes das três grandes companhias aéreas nacionais para saber como será a retomada de voos no Brasil. Jerome Cadier, da Latam, John Rodgerson, da Azul (os dois agora parceiros em um acordo anunciado esta semana pelas duas empresas) e Paulo Kakinoff, da Gol, revelaram os primeiros passos de suas estratégias, malhas e planejamentos.


27 de maio a 2 de junho de 2020 — PANROTAS

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PRESIDENTE

José Guillermo Condomí Alcorta

ÍNDICE nº 1.428 | 24 a 30 de junho de 2020 | www.panrotas.com.br

CHIEF EXECUTIVE OFFICER (CEO) José Guilherme Condomí Alcorta (guilherme@panrotas.com.br)

DIRETORA DE MARKETING E EVENTOS Heloisa Prass

CHIEF TECHNOLOGY OFFICER (CTO)

Página 04 Editorial - Turismo é aviação...e muito mais

Ricardo Jun Iti Tsugawa

REDAÇÃO (redacao@panrotas.com.br)

EDITOR-CHEFE E CHIEF COMMUNICATION OFFICER: Artur Luiz Andrade

(artur@panrotas.com.br) Coordenador de Redação: Rodrigo Vieira (rodrigo@panrotas.com.br) Coordenador Web: Danilo Alves (danilo@panrotas.com.br) Pancorp/Viagens Corporativas: Beatrice Teizen Conteúdo para marcas: Vinicius Novaes e Beatriz Contelli (estagiária) Reportagem: Filip Calixto, Juliana Monaco, Victor Fernandes Fotógrafo: Emerson de Souza (São Paulo) MARKETING Analista: Erica Venturim (erica@panrotas.com.br) CRIAÇÃO Fernanda Souza (fernanda@panrotas.com.br) Pedro Moreno (pedro@panrotas.com.br) COMERCIAL Gerente: Ricardo Sidaras (rsidaras@panrotas.com.br) Executivos: Flávio Sica (sica@panrotas.com.br) João Felipe Santana (joaosantana@panrotas.com.br) Renato Sousa (rsousa@panrotas.com.br) Rene Amorim (rene@panrotas.com.br) Sônia Fonseca (sonia@panrotas.com.br) Big Data: Igor Vianna (igorvianna@panrotas.com.br) Jéssica Andrade (jessica@panrotas.com.br)

Página 06 Check-in - Que resorts já estão abertos no Brasil?

Página 12 Aviação - Azul, Gol e Latam apontam os caminhos da recuperação

Página 24 Tecnologia - Como sobreviver no ambiente digital em tempos incertos

Página 28 Espaço Alagev - Crise acelera entrada de novos meios de pagamento na hotelaria

Assistentes: Ítalo Henrique (italo@panrotas.com.br) Rafaela Aragão (rafaela@panrotas.com.br) FALE CONOSCO Matriz: Avenida Jabaquara, 1.761 – Saúde São Paulo - Cep: 04045-901 Tel.: (11) 2764-4800 Brasília: Flavio Trombieri (flavio@panrotas.com.br) Tel: (61) 3224-9565 Rio de Janeiro: Simone Lara (simone@panrotas.com.br) Tel: (21) 2529-2415/98873-2415 Estados Unidos: Helene Chalvire (helene@panrotas.com.br) ASSINATURAS Chefe de Assinaturas: Valderez Wallner Para assinar, ligue no (11) 2764-4816 ou acesse o site www.panrotas.com.br Assinatura anual: R$ 468 Impresso na Referência Gráfica (São Paulo/SP)

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Associações

Parceria Estratégica


Editorial

AVIAÇÃO REQUER NOSSA ATENÇÃO, MAS NÃO EXCLUSIVIDADE Sim, as companhias aéreas desempenham um dos papéis centrais na indústria de Viagens e Turismo e tudo o que acontece no mundo da aviação nos interessa, nos chama a atenção, nos desperta o interesse. A aviação também envolve paixão e saudosismo, e simboliza a evolução de nosso setor durante as décadas. Dependemos dos voos para as viagens internacionais, para o lazer de curta e média distância, para fazer negócios, para transportar cargas. Nessa semana, a aviação uma vez mais é capa de nossa revista, e foi assunto muito debatido no Portal PANROTAS, desde o acordo que aproxima Azul e Latam, até o fim da Latam Argentina e os planos da Gol para a retomada. Acompanhamos notícias da aviação no mundo inteiro, com as empresas lutando para sobreviver, mudando a experiência de voar por conta do novo vírus e buscando criatividade e mais eficiência. Protocolos, recuperação judicial, ajuda do governo, parcerias, redução de tamanho... Tempos difíceis. E nós ávidos para voltar a voar. Mas a reflexão que queremos trazer é: olhar apenas ou com tanta ênfase para a aviação (e a indústria merece, amamos voar e mostrar o desenvolvimento das empresas e da viagem aérea) pode nos fazer esquecer que precisamos olhar o Turismo de forma mais ampla e conectada. Navios, ônibus, carros, trens, barcos, bicicleta... há outras vertentes da mobilidade em viagens que talvez mereçam mais

atenção (nossa) do que estão recebendo. Pode ser mais difícil vender, ou menos rentável (ou bem mais que a aviação)... Pode ser algo que ainda não está tão tecnologicamente pronto para oferecermos... Pode ser até incipiente no Brasil (os trens, por exemplo, são mais turísticos, e a temporada de navios, em nossa costa, dura poucos meses). Mas precisamos vender, promover e olhar o Turismo sobre outros veículos. E pressionar governos, autoridades e empresas a investirem mais nesses modais. Modais que podem substituir um voo? Sim. Mas que na grande maioria das vezes complementam o transporte aéreo. E aumentam as receitas de quem vende, a experiência do cliente (quem não tem um cruzeiro inesquecível na memória ou aquela viagem de trem na infância onde tudo parecia mágico?) e a força do Turismo. Queremos as empresas aéreas fortes, conectando o Brasil inteiro e nosso País ao mundo. Queremos experiências incríveis no ar. Mas também queremos trens de alta velocidade, trens turísticos por todo o território, rios sendo desbravados com qualidade e segurança, navios o ano todo por aqui, tours de bike seguros e com estrutura, viagens rodoviárias com o Brasil passando na janela e, a cada parada, um novo sabor, cenário e experiência. Se #SomosTodosTurismo, precisamos de mais veículos para nos levar em todas as viagens, todas as distâncias, todas as trilhas.n

Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br

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Check-in Mercado

Resorts reabrindo

A Resorts Brasil já conta com dez de seus 55 resorts associados em funcionamento e a previsão é que a maioria volte a receber hóspedes entre o final de junho e começo de julho. Seguindo, claro, todos os novos protocolos de saúde e segurança, como mudanças nos sistemas de alimentação, limpeza dos quartos e áreas públicas, distanciamento social para evitar aglomerações e estações para higienização das mãos. Confira a seguir as datas de reabertura dos empreendimentos associados à Resorts Brasil:

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Aguativa Golf Resort (em Cornélio Procópio, Paraná): 26/06 Armação Porto de Galinhas (em Ipojuca, Pernambuco): 01/07 Arraial d´Ajuda Eco Resort (Bahia): 01/08 Bourbon Atibaia Convention & Spa Resort: aberto Bourbon Cataratas Convention & Spa Resort (em Foz do Iguaçu, Paraná): Aberto Búzios Beach Resort (Rio de Janeiro): 01/07 Cana Brava Resort (Ilhéus, na Bahia):25/06 Casa Grande Hotel Resort & Spa (Guarujá, litoral de São Paulo): 01/07 Catussaba Resort (Salvador, Bahia): Aberto Costa do Sauípe Parques & Resorts (da Aviva, em Mata de São João, Bahia): 17/07 Costão do Santinho Resort, Golf & Spa (Florianópolis, Santa Catarina): Aberto Dom Pedro Laguna Beach Resort & Golf (Ceará): Aberto Grand Palladium Imbassaí Resort & Spa (Bahia): 30/07 Grande Hotel Campos do Jordão (do Senac, em São Paulo): 03/07 Grande Hotel São Pedro (também do Senac, em São Paulo): 03/07 Hotel Village Le Canton (Teresópolis, Rio de Janeiro): 30/06 Iberostar Grand Amazon: 03/09 Iberostar Praia do Forte & Iberostar Bahia (Bahia): 01/09 Infinity Blue Resort & Spa (Balneário Camboriú, Santa Catarina): 01/07 Itá Thermas Resort e Spa (Santa Catarina): Aberto Jatiúca Hotel e Resort (Maceió, Alagoas): 06/07 La Torre Resort All Inclusive (Porto Seguro, Bahia): 01/08 Mabu Thermas Grand Resort (Foz do Iguaçu, Paraná): 01/07 Malai Manso Resort Yacht Convention & Spa (Chapada dos Guimarães, Mato Grosso): Aberto Mavsa Resort Convention & Spa (Cesário Lange, São Paulo): 26/06 Nannai Resort & Spa Nordeste (Ipojuca, Pernambuco): 10/08 Novotel Itu Golf & Resort (São Paulo): 10/07 Ocean Palace Beach Resort & Bungalows (Natal, Rio Grande do Norte): 01/09 Porto Seguro Praia Resort (Bahia): 01/08 Pratagy Beach All Inclusive Resort (Alagoas): 30/07 Recanto Cataratas Thermas Resort & Convention (Foz do Iguaçu, Paraná): Aberto Rio Quente Resorts (Caldas Novas, Goiás): 09/07. O Hot Park abrirá para day users em 7 de agosto Royal Palm Plaza (Campinas, São Paulo): 19/06 Salinas Maragogi All Inclusive Resort (Alagoas): 01/09 Santa Clara Eco Resort (Dourado, São Paulo): Aberto Serhs Natal Grand Hotel (Natal, Rio Grande do Norte): 01/07 Serrambi Resort Nordeste (Ipojuca, Pernambuco): 19/06 Sofitel Guarujá Jequitimar (Litoral de São Paulo): 01/08 Summerville Beach Resort (Ipojuca, Pernambuco): 09/07 Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá (Minas Gerais): 01/08 Tivoli Ecoresort Praia do Forte (Bahia): 01/09 Transamerica Resort Comandatuba (Una, Bahia): 25/07 Vale Suíço Resort (Itapeva, Minas Gerais): Aberto Vila Angatu Eco Resort (Santa Cruz Cabrália, Bahia): 01/08 Wish Foz do Iguaçu (Paraná): previsto para agosto (outros resorts da rede, o Wish Serrano será reaberto em 9 de julho, em Gramado, e o Wish Natal também em agosto)

+Lidas da semana Portal PANROTAS 1 Azul e Latam Brasil anunciam codeshare e parceria em fidelidade

2 Quando os resorts reabrirão

ao público? Veja cronograma da Resorts Brasil

3 Mapa interativo reúne dados de restrições de viagens à Europa

4 CEO da Latam sobre Azul: é o

acordo que mais fazia sentido

5 Grupo Latam fecha sua

empresa aérea na Argentina

6 WhatsApp lança ferramenta

para enviar e receber dinheiro

7 Despegar.com (Decolar)

acerta compra da Best Day, em novos termos

8 Iniciativas da Unav preparam

agentes para a retomada; veja ações

9 Azul prevê relação duradoura e ampliada com Latam

10 Como se reinventar

profissionalmente no setor de eventos?

Fonte: Portal PANROTAS

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Mapa da retomada europeia

O controle da pandemia na Europa e, claro, a chegada do verão no hemisfério norte são a esperança de reaquecimento do Turismo. E para auxiliar os turistas, a Comissão Europeia lançou um mapa interativo que reúne informações sobre viagens a países dentro e fora da União Europeia. O objetivo da tecnologia é simples: ajudar na retomada das viagens e do Turismo de forma segura. O Re-open está disponível nas 24 línguas oficiais do bloco (inclusive em português) e fornece informações atualizadas em relação às fronteiras dos países, restrições de viagens e

serviços de transporte e Turismo em funcionamento. A plataforma informa também sobre a reabertura de hotéis e praias dos países do bloco. A navegação no site é simples e intuitiva: ao selecionar o país desejado, os dados surgem na tela – ao todo, são quatro categorias: informações, viagens, serviços, saúde e segurança. Já estando no mapa, basta clicar no país que se quer pesquisar. Além disso, o Re-open relaciona uma lista de medidas de saúde adotadas contra a covid-19, tais como o distanciamento social, a obrigatoriedade do uso de máscaras, entre outras.

Compra em novos termos A Despegar.com, Decolar no Brasil, anunciou a compra do grupo mexicano Best Day Travel Group. Os novos termos do acordo incluem uma base a ser considerada de US$ 56,5 milhões, a serem pagos pela Despegar 36 meses após o fechamento do negócio. Não haverá qualquer pagamento em dinheiro no momento da assinatura da compra. Pelo acordo anterior, a Despegar desembolsaria US$ 136 milhões pela Best Day. Foi adicionado ao acordo um com8

ponente variável, entre zero e US$ 20 milhões, pagáveis em 48 meses e que dependerá da evolução das ações da Despegar seis meses antes do negócio completar quatro anos. O CEO da Despegar, Damian Scokin, celebrou o novo acordo, que reforçará a presença da empresa no México. “Trata-se de uma aquisição estratégica para nós, para continuarmos a consolidar nossa posição de liderança no mercado de viagens on-line da América Latina”.

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Inês Melo, da Stanfer Turismo e Unav

Preparando os agentes Mesmo diante de um cenário atual de paralisação do setor, a União Nacional de Agências de Viagens (Unav) trabalha a todo o vapor para preparar os agentes de viagens para o processo de retomada dos negócios, por meio de adequações e conhecimento às agências participantes. Segundo Inês Melo, são diversas linhas de frente nas quais o grupo vem atuando. Uma delas é a Agenda Unav, sob a responsabilidade de Veridiana Cruz (Vic Viagens Intercâmbio & Cia), que traz diariamente os principais treinamentos, lives e webinars de fornecedores, além dos treinamentos próprios e específicos Unav. Já Vanessa Rubio (Rubio Turismo), desde o mês passado, tem feito blitze semanais, com o objetivo de aumentar o engajamento das redes sociais da Unav, e mostrar sua importância e representatividade dentro do Turismo. “Também temos um drive, organizado pela Cristine Ferreira (Memory Tour Viagens), que reúne treinamentos passados e materiais de fornecedores para aqueles profissionais que, por algum motivo, não acompanharam a transmissão em tempo real”, revela Inês Melo, da Stanfer Turismo. “Esse drive será de grande utilidade quando as vendas retornarem, já que as agências Unav poderão assistir ou rever treinamentos específicos, mesmo que eles não tenham certa familiaridade com o destino ou fornecedor”.


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Viagens Corporativas

Conectando talentos

+Lidas da semana PANCORP 1 Azul e Latam Brasil anunciam codeshare e parceria em fidelidade

2 Mapa interativo reúne dados

Viviânne Martins e Patricia Thomas

de restrições de viagens à Europa

3 CEO da Latam sobre Azul: é o

acordo que mais fazia sentido

4 Azul prevê relação duradoura e ampliada com Latam

5 Como se reinventar

profissionalmente no setor de eventos?

6 Copastur reúne protocolos de segurança em site

7 Viagens a negócios podem A Academia de Viagens Corporativas lançou a Academia de Talentos, startup criada para conectar talentos e empresas e trabalhar na trilha profissional e emocional de humanos. A unidade de negócios da Academia já existia e agora foi repaginada, diante do cenário atual da pandemia do novo coronavírus. “Vamos fazer um match entre os profissionais que acreditamos que precisam se renovar e as empresas que, com certeza ao retomarem, precisarão de pessoas qualificadas. Estamos felizes e orgulhosas com o lançamento. As pessoas estão enfrentando várias mudanças e encontrar novas possibilidades de se reinventar faz a diferença”, diz a

sócia-fundadora da Academia, Patricia Thomas. Junto com profissionais de RH, estão sendo criados diversos produtos de desenvolvimento de competências e habilidades para ajudar as pessoas a terem satisfação profissional e a entender que poderão sair melhores da crise de covid-19. Ao fazer parte do Clube de Talentos, os participantes terão algumas vantagens e benefícios, como fazer match com as empresas e produtos da indústria, descontos especiais e condições diferenciadas em produtos, serviços e eventos, e conteúdo exclusivo e atual, como vídeos, palestras, artigos técnicos e comportamentais.

não retornar no futuro próximo, diz executivo

8 Academia de Viagens lança

startup para conectar talentos

9 Viagens corporativas: vender ou atender o cliente?

10 Veja quatro mudanças no Turismo e aviação póscoronavírus

Fonte: PANCORP

Frota menor Segundo o presidente da Iberia, Luis Gallego, a frota da companhia aérea será reduzida nos próximos cinco anos e a redução não seria temporária e, sim, estrutural, diante da dificuldade de competir com outras transportadoras que recebem mais ajuda em meio ao cenário de crise. Ainda de acordo com Gallego, à medida que a companhia espanhola se torna mais endividada pela necessidade de empréstimos estatais 10

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diante da pandemia do novo coronavírus, ela vai se tornando menor. Além de reduzir sua frota, a Iberia deverá ajustar sua força de trabalho e se reinventar. Embora não tenham sido mencionados detalhes específicos, o presidente da aérea disse que a empresa adaptaria sua frota acelerando a retirada de aviões, renegociando entregas e não estendendo contratos de arrendamento em outras aeronaves.

RETORNO AO BRASIL E a Iberia já tem data para voltar ao Brasil. A partir de 2 de agosto a companhia aérea espanhola retornará, inicialmente com três frequências semanais, ligando São Paulo (GRU) a Madri. n


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Aviação

Rodrigo Vieira

CAMINHOS DA CRISE Aviação foi o tema mais quente do Turismo na semana passada. Não só o Turismo, mas praticamente todos os setores da economia têm dependência direta ou indireta com o transporte aéreo, o que deixa todos de olhos abertos diante do desenrolar dos fatos desta que, segundo a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), é a pior crise da história do setor. Azul e Latam pegaram todos de surpresa na terça-feira e, ainda que sejam duas das maiores concorrentes pelos céus nacionais, anunciaram uma parceria de compartilhamento de códigos e nos programas de fidelidade. O acordo de codeshare incluirá inicialmente 50 rotas domésticas não sobrepostas de/para Brasília (BSB), Belo Horizonte (CNF), Recife (REC), Porto Alegre (POA), Campinas (VCP), Curitiba (CWB) e São Paulo (GRU). Com o bilhete compartilhado, o viajante que embarcar em voos Azul e Latam na mesma viagem utilizará apenas um tíquete para check-in e despacho de bagagem.

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Antes da crise da covid-19, a Azul e a Latam Airlines Brasil atendiam um total de 137 destinos no Brasil, com 298 rotas e 1.632 partidas diárias. Os CEOs de ambas as companhias comemoram a assinatura do acordo. Para o líder da Azul, John Rodgerson, os clientes terão benefícios incomparáveis. "Com a malha aérea altamente conectada da Azul que atende a muitos destinos no Brasil e com os hubs da Latam, nossa complementariedade de frota e de malha oferecerá aos clientes a mais ampla variedade de opções de viagem. Além disso, ambas as companhias aéreas têm uma história e paixão pelo atendimento ao cliente, e estamos ansiosos para mostrar isso juntos."

Pelo lado da Latam, o CEO Jerome Cadier fala em um sinal de compromisso de longo prazo da aérea com o mercado brasileiro. "Esse acordo de codeshare oferecerá aos clientes o acesso à maior malha de voos na história do País. Entendemos que a crise da covid-19 exige respostas inovadoras para ajudar a impulsionar a economia da região e o anúncio de hoje faz parte de nossa contribuição para esse esforço. Com os valores compartilhados de atendimento ao cliente tanto da Azul quanto da Latam e rotas complementares esperamos oferecer uma experiência líder do setor para clientes no Brasil." Ainda não há data oficial para o acordo vigorar, mas ambos os lados preveem início entre o final de

julho e agosto. Mera questão de integração de sistemas tecnológicos e outros processos, como revela Cadier. O ACORDO DE MAIOR SENTIDO As cinco dezenas de rotas domésticas são o que anima a Latam Brasil nesta parceria. Segundo Jerome Cadier, tendo em vista o alcance das três grandes aéreas brasileiras, o compartilhamento que mais fazia sentido era exatamente o que foi anunciado nesta terça-feira. "Analisando as regiões brasileiras e as diferente redes de Latam, Azul e Gol, um codeshare entre Azul e Latam era o que mais fazia sentido, pois são as malhas com menos sobreposição", explica Cadier. "O trunfo do acordo é a complementa-

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FUTURO DA PARCERIA O vice-presidente de Receitas da companhia, Abhi Shah, reconhece a possibilidade de a parceria avançar as fronteiras nacionais. "Em primeiro momento o intuito é abastecer as demandas sub-regionais. Depois, é natural que se avance para a demanda regional, seguida das capitais e, posteriormente, cidades da América do Sul. Temos oportunidade para criar uma oferta muito mais abrangente para todos os clientes", afirmou. "Quando chegarem essas próximas etapas, é claro que falaremos com nossos parceiros", continua Abhi Shah, em relação às norte-americanas Delta e United, parceiras de Latam e Azul, respectivamente. "Eles [os parceiros internacionais] também querem conectividade no Brasil. Acredito que para eles, quanto

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AVIAÇÃO

riedade, pois a Azul tem aviões menores, que alcançam mais aeroportos, enquanto nós somos uma companhia de grandes hubs, de aeronaves maiores e rotas mais longas", completa o CEO da Latam. Sua prioridade é proporcionar uma experiência melhor ao cliente Latam e, com 50 novas rotas disponíveis em todos os seus canais de vendas, em um só produto, em uma só compra, um só bilhete, com apenas um despacho de bagagem e um check-in, a Latam acredita ir ao encontro desta otimização. Melhorando a experiência do cliente, a curva de vendas ascende. "O produto ficará melhor e a experiência do cliente também. Isso nos ajuda a vender mais, o que é o objetivo desse e dos outros vários codeshares com os quais já contamos", afirma Cadier, com a devida confirmação da nova parceira. "Estamos animados. A parceria vai nos ajudar a resgatar nossa malha, nossos voos, nos ajudar a retomar. Tem muitas pessoas no Brasil desabastecidas em termos de destinos voados, e qualquer ação que dê a elas proximidade e conexão significa para nós mais demanda, e com mais demanda, vendas", resume John Rodgerson, que confessa: aproximar-se das concorrentes já foi um tema conversado na Azul, mas estava longe de ser uma prioridade. A crise acelerou a necessidade e daí a escolha pela Latam. "Latam porque a malha deles tem menos sobreposição com a nossa", respondeu, ao ser questionado pela opção pela nova parceira e não pela Gol. "A malha da Latam complementa a nossa no doméstico, e eles têm mais cidades atendidas fora do País."


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mais destinos, melhor. Vamos consultá-los, mas o codeshare é bom para todo mundo, principalmente para o consumidor." Novamente entrosados. Cadier prevê um futuro positivo na parceria, com possibilidade de expansão, mas pede para que não haja ansiedade em relação a esse avanço. Isto é, sem querer dar um passo mais alto do que a perna, embora sem descartar uma evolução e uma relação ganha-ganha no futuro. "Primeiramente a parceria é sub-regional. Pode evoluir em mais rotas, pode se tornar internacional no futuro, mas é preciso evoluir passo a passo. Precisamos firmar este primeiro passo, colocar o codeshare em prática, ver a produtividade do acordo e só então pensar uma expansão que é possível, mas não é prioritária agora." JUNTOS, MAS NÃO MISTURADOS O vice-presidente de Receitas da Azul, Abhi Shah, um dos executivos na linha de frente desta negociação, ressalta que as políticas de planejamento de malha e precificação continuam totalmente separadas. O acordo proíbe que informações nessas áreas sejam compartilhadas entre as aéreas. No ano passado, a Azul trocou farpas com Latam (e Gol) nos desdobramentos das disputas pelos slots deixados pela Avianca Brasil em Congonhas, e no meio dos embates a companhia deixou a Abear. John Rodgerson esclarece que "uma coisa não tem nada a ver com a outra". "A briga pelos slots em Congonhas foi natural. Outras empresas também estavam na disputa. Isso não interfere em nada no acordo", afirma. "Vamos nos manter fora da Abear. A associação beneficia Gol e Latam, e assim continuará", completa o CEO. MAIOR ALCANCE Segundo John Rodgerson, mais de 44 milhões de brasileiros podiam viajar via aérea regularmente pré-pandemia e agora estão sem voos. Um dos maiores trunfos da Azul é justamente sua pulverização graças à sua frota diversificada. Então por que se juntar

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O intuito é o mesmo. Ligar cada vez mais brasileiros e ter um alcance cada vez maior, graças à nossa frota com aeronaves de todos os portes John Rodgerson a uma concorrente em codeshare? "Mesmo que fôssemos a aérea de maior alcance, ainda há destinos não atendidos. Não voamos para Rio Branco, por exemplo, e agora será possível sair de Campinas e ir à capital do Acre com conexão em Brasília, via Latam. Outro exemplo é Porto Alegre. Nós atendemos cidades do interior gaúcho exclusivamente, mas não voamos de Congonhas a Porto Alegre, rota que a Latam faz nove vezes por dia", aponta Shah, dando outros exemplos que incluem Recife, Belém, Cuiabá, Goiânia e Curitiba. Vale lembrar que recentemente a Azul anunciou a compra da TwoFlex.


JOHN A Azul não voa para Rio Branco, por exemplo, e agora será possível sair de Campinas e ir à capital do Acre com conexão em Brasília, via Latam. Outro exemplo é Porto Alegre. A empresa atende cidades do interior gaúcho exclusivamente, mas não voa de Con­gonhas a Porto Alegre, rota que a Latam faz nove vezes por dia. Outros exemplos incluem Recife, Belém, Cuiabá, Goiânia e Curitiba.

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Jerome Cadier acrescenta que sua prioridade é proporcionar uma experiência melhor ao cliente Latam e, com 50 novas rotas disponíveis em todos os seus canais de vendas, em um só produto, em uma só compra, um só bilhete, com apenas um despacho de bagagem e um checkin, a Latam acredita ir ao encontro desta otimização. Melhorando a experiência do cliente, a curva de vendas ascende. "O produto ficará melhor e a experiência do cliente também. Isso nos ajuda a vender mais, o que é o objetivo desse e dos outros vários codeshares com os quais já contamos", afirma Cadier.

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JEROME

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QUEM PROCUROU QUEM? Latam procurou Azul ou vice-versa? "Em um codeshare todos os lados têm de querer", responde Cadier. "Em janeiro, a possibilidade de um codeshare entre as aéreas não estava sobre nossas mesas, não era uma alternativa. No entanto, esta crise é muito impactante, tal como seus desafios. Esta parceria é mais uma maneira que buscamos para escapar deste momento mais fortes. É difícil mencionar quem procurou quem. O acordo é mútuo." FIDELIDADE O acordo também inclui os programas de fidelidade TudoAzul e Latam Pass: seus membros poderão acumular pontos no programa de sua escolha. O plano da Azul tem 12 milhões de inscritos, enquanto o recém-reformado Latam Pass tem 37 milhões. VENDAS AINDA FRIAS Mais um aspecto que aponta que o resultado esperado desta parceria só aparecerá em médio/longo prazo é, claro, a demanda atual. "As vendas ainda estão muito baixas, embora a oferta já esteja no início de reaquecimento. Hoje vendemos mais do que vendíamos em abril, mas não pode ser chamado de retomada. Não tem retomada. Estamos conseguindo gradualmente. Não vai ser de uma hora para outra que o movimento voltará, pois cada cidade opera um cronograma diferente de liberação e movimentação de pessoas", lamenta Jerome Cadier. "É difícil falar quantos passageiros a mais faturaremos por conta deste acordo. Muitas destas respostas só virão quando a parceria já estiver sendo executada, em uma sinalização de médio prazo. O cenário ideal é que a resposta já aparecesse em agosto, setembro, outubro..."n

EA GOL? E a maior concorrente das novas parceiras? Paulo Kakinoff, presidente da Gol, entrou ao vivo no Facebook e no Portal PANROTAS, pelo Check Point, live em parceria com Imaginadora e R1 e não fugiu do assunto. Para ele, a parceria é positiva para o mercado e segue um fluxo natural no mundo da aviação desde que a covid-19 se tornou pandemia. Pelo seu lado, Kakinoff acredita que a Gol está bem servida em rotas regionais, portanto em princípio não precisa de um acordo similar ao que foi fechado entre suas duas principais concorrentes. "Este acordo induz à racionalização", afirmou. "O maior desafio das companhias aéreas nesta crise é fazer adequação entre oferta e demanda. Um descasamento neste fluxo é o que representa a maior ameaça ao caixa das companhias e consequentemente sua sustentabilidade econômica", justificou o presidente da Gol. Para ele, este é um movimento natural em decorrência da covid-19. "As próprias empresas [Azul e Latam] dizem que o

acordo seria inimaginável antes da pandemia", ponderou Paulo Kakinoff. "Então, a exemplo do que está acontecendo e seguirá acontecendo no resto do mundo, a tendência é que as empresas se juntem por necessidade para encarar a crise." Entretanto, a assinatura de novas parcerias não deverá acontecer com a Gol tão cedo. "Felizmente para nós, a companhia não vê a necessidade de um movimento similar agora, nem mesmo para direcionar os mercados regionais. Com a parceria com a VoePass estamos ampliando essa penetração. Grande parte dos destinos regionais foi introduzida ano passado, como mercado adicional para a Gol. Temos conseguido aumentar nossa capilaridade nos regionais", afirma, reforçando a ideia de que "este é um movimento positivo, benigno, natural e decorrente da crise". CRONOGRAMA TRANQUILIZADOR Antes do início da crise, a Gol vinha com uma receita mensal média na casa de R$ 1,2 bilhão.

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As despesas principais somavam-se em folha de pagamento de R$ 180 milhões por mês, leasing em torno de R$ 150 milhões a R$ 180 milhões e outras despesas, resultando em um custo fixo por mês de R$ 500 milhões. De maneira resumida, esse era o cenário da companhia aérea pré-pandemia. Desde que a covid-19 impactou a aviação nacional, a receita bilionária caiu para algo em torno de R$ 50 milhões. "Logo que tivemos eclosão da crise na Europa, principalmente Itália e Espanha, reunimos 37 tomadores de decisão da companhia, entre diretores e VPs. Faltavam duas semanas para o carnaval, e naquele momento, em plena fase de negociação, já estávamos cientes da chegada da crise no País", afirmou o mandatário. "Assim, acabamos fazendo a gestão de crise com uma vantagem temporal que a companhia vem mantendo e está fazendo toda diferença." Desde então, segundo Kakinoff, a Gol adiou ou cancelou todas as negociações que não seriam "extremamente essenciais" para 2020, o que hoje se traduz em R$ 1,2 bilhão de economia até o fim do ano. Com destaque para lessores e colaboradores, a companhia se dedicou a tratar com os principais parceiros todas as medidas cabíveis para reduzir as despesas. "Destaco aqui os colaboradores. Na semana passada, firmamos acordo com os pilotos, que representam 60% da nossa folha de pagamento, mas menos de um terço em número de pessoas. Concordamos em reduzir significativamente o salário dos pilotos e em troca asseguramos seus empregos até o final de 2021. Isso representa uma ajuda imensurável para enfrentarmos essa crise ao mesmo tempo em que ficamos contentes em manter esses postos de trabalho em um momento tão seguro", justifica o presidente da Gol. Kakinoff reitera ainda que, se as companhias estão com dificuldade de fazer previsões de curto prazo a respeito da retomada, quanto mais sobre 2021. "Para 2020, garantimos a liquidez da companhia e evidentemente estamos além desse período, mas não dá agora para fazer especificação de duração de caixa em termos de receita e demanda para o ano que vem. É ainda muito incerto." Sobre as negociações com o BNDES para uma linha de crédito para o setor aéreo, Kakinoff disse que essa alternativa (de crédito) é importante, mas que a Gol não condiciona sua situação financeira a isso. Seria mais uma das alternativas caso a empresa venha precisar de crédito no futuro. Ele falou ainda da parceria com a American Airlines, que já trouxe bons resultados nos poucos meses em que conseguir estar na prática, e que vai retornar com a mesma força assim que os voos para os Estados Unidos voltarem. A Gol espera fechar o ano com uma frota de 100 aeronaves, e Kakinoff disse que não vê a hora de o 737 MAX ser liberado para voar a voltar a essa frota.

“CONTAMOS COM VOCÊS”

"Precisaremos dos agentes de viagens mais do que nunca. Não há canal melhor do que esse para fazer a interlocução entre nós e o consumidor" A frase destacada acima foi em resposta, na mesma live, ao presidente da Ancoradouro, Juarez Cintra Neto, quando indagado sobre o papel dos agentes nesta retomada. Segundo Kakinoff, a Gol se apoia neste pilar desde sua fundação, há quase duas décadas, e que não pode haver período melhor para que esse laço se aperte ao máximo. "Espero, sinceramente, que não esteja surpreendendo ninguém ao falar isso, pois é no que acreditamos e é por isso que trabalhamos todos os dias. Creio que não há risco desta resposta ser considerada inconsistente, se tomada como base nossa trajetória nesses quase 20 anos", esclareceu. "A importância do agente de viagens será ainda mais fundamental do que antes, pois é este profissional que tranquilizará o cliente sobre os novos procedimentos, sobre como a malha vai retomar. Essa combinação de interlocução de confiança nunca foi tão importante entre fornecedor e cliente final, e para fazer essa ponte da melhor maneira não existe outro canal eficiente como o agente de viagens", afirma Kakinoff. "O agente tem visão e posicionamento crítico. Todos nós da companhia trabalhamos para sermos merecedores da confiança dele." n 24 a 30 de junho de 2020 — PANROTAS

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NO PRÓXIMO MÊS

As três companhias aéreas do País anunciaram significativos incrementos em suas malhas já a partir de julho. O número, que ainda é muito abaixo em relação ao mesmo mês de 2019, é um passo importante para a retomada da indústria no País, principalmente se comparamos à pífia quantidade de voos operados nos meses de abril, maio e junho. A Azul, por exemplo, terá 242 decolagens diárias nos dias mais movimentados de julho, acrescentando seis destinos domésticos à sua malha e totalizando 66 cidades atendidas. A empresa retoma suas operações, no dia 6, em Guarulhos (SP), Marília (SP) e Maceió (AL); no dia 13 em João Pessoa (PB) e Maringá (PR) e, em 21 de julho, para Porto Seguro (BA). Incluindo a reabertura das bases, a transportadora deve operar 23 novos mercados em julho, com destaque para as rotas inéditas Santos Dumont-Recife e Santos DumontCuiabá. Em Belo Horizonte, a companhia volta a oferecer ligações diretas para Guarulhos, Recife, Salvador, Brasília, Porto Seguro e Belém, chegando a cerca de 20 voos 22

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diários. O Recife terá voo direto para o Rio, Teresina, João Pessoa, Maceió, Guarulhos e Belo Horizonte, fazendo com que o centro de conexões do Nordeste chegue, em média, a 22 decolagens por dia. Já Manaus volta a ser conectado com Belém e Porto Velho, enquanto Cuiabá receberá importantes incrementos para Campo Grande, Guarulhos e Rio. Principal base operacional da Azul no País, Campinas terá operações para Porto Seguro, Maringá, Sinop (Mato Grosso), Chapecó e Marília, além do aumento de capacidade nas decolagens para Bauru. Com as adições, o aeroporto campineiro terá 62 voos diários para 33 destinos. A Latam Airlines Brasil, por sua vez, voará para 43 aeroportos brasileiros no próximo mês, entre eles os principais hubs do País: Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Brasília. Estes são os aeroportos que contarão com uma maior quantidade de pousos e decolagens da companhia. De Brasília, a Latam voará Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Santos Dumont, Salvador e Teresina, por exemplo. Já de Con-

gonhas, a empresa terá ligações na ponte aérea e Porto Alegre, entre outros destinos do Brasil. No mercado internacional, o CEO da Latam, Jerome Cadier, revelou que Lisboa, Cidade do México e Montevidéu estão entre os destinos internacionais para os quais a Latam pretende voltar a voar em julho, a partir de Guarulhos. VOOS DA GOL A Gol prevê a operação de 200 a 250 voos diários em julho. Com isso, a companhia marcará presença em 45 de suas 59 bases, e em 103 dos seus 154 mercados. Segundo o cronograma da companhia, as cidades que estarão na malha de voos regulares da empresa são: Aracaju, Belém, Porto Seguro, Brasília, Boa Vista, Cascavel, Cuiabá, São Paulo (Congonhas e Guarulhos), Campo Grande, Confins, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Rio de Janeiro (Galeão e Santos Dumont), Goiânia, Foz do Iguaçu, Ilhéus, Juazeiro do Norte, Joinville, João Pessoa, Manaus, Macapá, Maceió, Maringá, Natal, Navegantes, Sinop, Passo Fundo, Palmas, Petrolina, Porto Alegre, Porto Velho, Rio Branco, Recife, São Luís, Salvador, Santarém, Teresina, Uberlândia, Viracopos, Vitória da Conquista, Vitória e Chapecó. Além destes, a Gol retomou, na semana passada, a comercialização dos voos regionais para Rio Verde (GO), Dourados (MS), Araçatuba (SP), São José do Rio Preto (SP), Barreiras (BA) e Araguaína (TO), todos operados pela parceira VoePass e com viagens a partir de 12 julho. O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que para dezembro deste ano, a expectativa é estar entre 65% e 70% da malha doméstica. Ele também trabalha com a previsão de, no próximo verão, estar voando a todos os destinos que voava no verão passado. Não com todas as frequências, aliás, "com apenas uma fração delas", mas pelo menos alcançando todas as localidades, inclusive internacionais.n


AS ENTIDADES COMENTAM O acordo anunciado pela Azul e Latam, considerado para muitos como algo inesperado, principalmente depois da batalha travada pelas duas no ano passado, que culminou com a saída da Azul da Abear, foi assunto recorrente no trade. Qual é a opinião das entidades do Turismo? Para o mercado, o acordo traz mais benefícios? Há possibilidade de aumento de tarifas e diminuição da competitividade? Para o presidente do Conselho de Administração da Abracorp, Carlos Prado, a integração entre as rotas das duas empresas pode vir a favorecer o consumidor. É natural que, diante de tantas dificuldades enfrentadas pelo setor de Viagens e Turismo, os acordos de parceria sejam realizados com objetivo de compensar a redução de receita”, diz Prado. Ainda segundo ele, o mais importante agora é que o maior número de empresas sobreviva, garantindo competividade entre elas no pós-covid-19. Prado não acredita na possibilidade de o acordo elevar as tarifas e diminuir a competividade, pelo menos, não a curto prazo. “As tarifas atualmente estão 34% mais baratas em relação ao ano passado e enquanto a oferta for maior que a demanda os preços certamente continuarão atrativos para o consumidor”, comentou. “O ideal, agora, é acompanhar

Carlos Prado, presidente do Conselho de Administração da Abracorp

desdobramentos. Neste momento, com baixa demanda e muitas empresas disputando o pequeno mercado, pode ser mais danoso. Se este acordo existir para sustentar o mercado, com tarifas coerentes, será benéfico até a retomada dos voos ao chamado novo normal”, avaliou o presidente da Braztoa, Roberto Haro Nedelciu. Já segundo o diretor executivo da Air Tkt, Ralf Aasmann, a parceria entre as duas empresas aéreas será interessante para o

passageiro, que terá à disposição uma malha mais completa e preços mais atraentes. As políticas tarifárias, se for um acordo de codeshare limitado aos 50 voos como foi anunciado, cada um fará sua própria política. O voo mais barato, por exemplo, pode ser comprado com a Latam em um voo operado pela Azul. A tarifa aérea é feita pela aérea que vai vender o bilhete e não por quem vai operar o voo. Mesmo em codeshare, as companhias permanecem concorrentes”, afirmou. n

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Tecnologia

COMO SOBREVIVER NO AMBIENTE DIGITAL EM TEMPOS INCERTOS Em um momento duvidoso como o que vivemos por conta da pandemia de covid-19 quase tudo é desconhecido no setor de Viagens e Turismo. Ninguém podia prever esse cenário e, apesar dos muitos especialistas em crise que surgiram, poucos saberão a receita exata para a retomada nos negócios. Porém, uma coisa é certa, aqueles que não

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mantiveram a sua presença digital nesse momento de pausa, terão que enfrentar um caminho mais doloroso. O especialista Eduardo Costa, líder no departamento Digital da Imaginadora – agência de marketing especializada em Turismo – divide as empresas do setor em três grupos bem definidos nesse aspecto.


GRUPO 1 CONSEGUIU MANTER A PRESENÇA DIGITAL Nesse cenário, estão aquelas empresas que mesmo com o anúncio dos fechamentos das propriedades, cancelamentos dos voos e restrições nas fronteiras, permaneceram ativas nos canais digitais, não deixaram de investir nas mídias (mesmo reduzindo os orçamentos) e trocaram rapidamente a editoria de seus conteúdos. “Aquelas empresas que humanizaram seu conteúdo, trabalharam a empatia com a audiência, educaram seu cliente e, consequentemente, se aproximaram do seu consumidor, terão certamente uma retomada mais fácil”, explica Costa. Essa adaptação da mensagem (por parte dessas empresas) levou clientes e parceiros, nesse momento difícil, a reconhecer os esforços e sentir falta de consumir tal produto ou serviço. “Quando você mantém o mínimo de engajamento da sua audiência, nutre esse relacionamento, fica mais fácil acessá-la para uma mensagem de retomada com apelo mais comercial, por exemplo”, completa o especialista. Quando levamos isso para as mídias pagas, como busca no Google, impulsionamento de posts, anúncios nas timelines, sabemos que promover-se para um público já engajado além de mais eficiente é mais barato. Em um momento de retomada de qualquer setor, a tendência é que o “leilão” das mídias digitais seja altamente inflacionado e para as empre-

sas que já possuem uma comunidade engajada o caminho até chegar à conversão é mais curto e menos custoso. GRUPO 2 DESAPERECEU DOS CANAIS DIGITAIS A segunda situação seria o oposto da primeira, ou seja, a empresa simplesmente parou de produzir nas mídias sociais e retirou todas as suas campanhas do ar, seja por questões financeiras, seja por falta de recursos humanos ou menos por não entender ao certo qual era a melhor estratégia. Já podemos entender que nesse cenário para atingir novamente a audiência e resgatá-la, os esforços e recursos serão maiores. “O principal problema para aquelas empresas que desapareceram da timeline de seus seguidores no momento em que não podiam vender, é que reaparecer no momento em que reabrem as vendas pode não soar bem para o consumidor que entenderá que ele é apenas um comprador de produtos e serviços e não uma audiência”, afirmou Costa. A estratégia recomendada para o conteúdo é recomeçar de maneira gradual e talvez com mensagens menos comerciais e mais voltadas para a “dor” do cliente. Nas estratégias de mídias pagas, esse caminho ficará mais caro já que a marca precisará retomar a sua audiência – que não está mais engajada – e competir com muitas outras mar-

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cas por esse novo público. “Uma dica para as empresas que se encaixam nessa situação é apostar no e-mail marketing com conteúdo customizado para um mailing de clientes já existentes. Apesar do preconceito que muitas empresas têm com as estratégias de e-mail marketing, quando bem feita é a estratégia que mais gera conversão direta em vendas”, conclui. Essa estratégia bem elaborada inclui uma régua de relacionamento, onde as empresas atingem o público de maneira diferenciada dependendo de qual lugar esses ocupam nessa régua. GRUPO 3 ENTROU PARA OS CANAIS DIGITAIS POR CONTA DA CRISE E por fim, uma terceira situação é aquela das empresas que ainda navegavam exclusivamente no mundo off-line, tanto em presença de marca, como em estratégias de marketing e vendas. Para Costa, essas empresas tiveram que se reinventar, não houve outra alternativa. Aquelas que não fizeram a mudança rápida para o mundo on-line, talvez já não existam mais. “A vantagem das empresas que se transformaram é que além de continuar atendendo ou ao menos escutando o seu antigo cliente, puderam ampliar para um novo público. E esse novo público e nova receita deverão ser preservados no famoso ‘novo normal’”, afirmou. Costa cita o exemplo dos restaurantes que não possuíam sistema delivery e não estavam nos aplicativos de entrega expressa. “Eles viviam no mundo off-line, mas aqueles que aproveitaram o momento para criar novas maneira de vender certamente atenderam o seu cliente existente e ainda atingiram públicos que nem mesmo os conheciam. O caminho é aprimorar o que criou durante a crise e ampliar ainda mais sua receita no pós-crise”, finalizou o especialista.

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Eduardo Costa, da Imaginadora

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5 DICAS DE COMUNICAÇÃO NA RETOMADA A chave para o sucesso nos próximos meses é a comunicação. Aposte na clareza de informações, tanto para seus funcionários como para os seus clientes. Confira cinco estratégias que vão fazer toda a diferença para o seu negócio:

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Divulgue as medidas de proteção adotadas pelo seu empreendimento, destino ou fornecedor. Deixe claras todas as medidas preventivas adotadas, criando posts informativos e educativos sobre o assunto.

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Aposte em um diálogo franco com futuros clientes, sobre as soluções adotadas para enfrentar a situação.

3

Tenha uma estratégia de e-mail marketing. Envie e-mails que informem o posicionamento do seu negócio para clientes, principalmente quanto ao seu funcionamento.

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Seja proativo, rápido e empático e não deixe de oferecer alternativas para seu cliente.

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Use os vídeos a seu favor. Crie vídeos para o YouTube e Instagram, eles são estratégias mais rápidas de engajamento. n


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www.alagev.org | Edição 33 – 26 de fevereiro de 2020 www.alagev.org | Edição 33 26de dejunho fevereiro de 2020 37 –– 24 de 2020

Parte integrante da Revista PANROTAS E VIAGENS CORPORATIVAS Parte integrante da Revista PANROTAS EVENTOS E VIAGENS CORPORATIVAS

AGEV

MANTENEDORES ALAGEV

Alexandre Gehlen, da ICH

A HORA DA MODERNIZAÇÃO por Beatrice Teizen

A hotelaria corporativa possui algumas características e particularidades que a diferem da hospedagem a lazer. Tarifas acordadas, condições especiais, salas para eventos e reuniões, early check-in e late check-out e café da manhã incluso são alguns dos fatores decisivos para empresas enviarem seus colaboradores ou fecharem encontros. No entanto, ainda em 2020 o mercado brasileiro de hotéis enfrenta um obstáculo: o pagamento via faturamento. “Já há dez anos o FOHB lançou uma campanha para o fim do fatu28

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ramento, em função do alto volume de hotéis que ainda emitiam faturas, resultando em um processo difícil de conciliar contas. Na época, conseguimos fazer uma melhoria, porém, nesse momento em que estamos vivendo é oportuno fazer mais mudanças. Estamos retomando esse assunto pelas entidades por uma necessidade de revisão de processos e melhoria na produtividade”, conta o diretor geral da ICH Administração de Hotéis, Alexandre Gehlen. De acordo com dados do BI da Abracorp, em 2018, 43% das transações

em hotelaria em termos de pagamentos foram faturadas. O volume diminuiu um pouco em 2019, chegando a 39%, mas, haja vista as soluções existentes e tecnologia disponível, ainda continua alto. Principalmente em comparação com a parcela de 79% em 2019 que utilizou cartão de crédito em bilhetes aéreos. A discrepância entre os segmentos é gritante. Agora, então, em um cenário de crise causada pela covid-19, entrar com soluções que darão segurança e transparência para todas as partes


Thiago Campos, da Omnibees

envolvidas do processo – hotel, TMC e cliente – é mais essencial ainda. “Essa questão está sendo muito impulsionada agora com a pandemia. O faturamento vai continuar existindo, não vai acabar, mas ocupará uma fatia muito menor do que ocupa hoje. Hotéis e agências estão muito fragilizados por conta da crise e não podem se expor como se expunham antes, dando crédito e admitindo um certo risco, por exemplo”, diz o diretor Bee2Bee da Omnibees, Thiago Campos. Para as TMCs, acordos baseados em faturamento acabam gerando um descasamento de prazo, já que, no fundo, as agências estão financiando as empresas. Elas recebem um prazo mais longo, repassam para os hotéis em um prazo mais curto, o que acabam tendo uma necessidade de capital de giro maior do que deveria. E AS SOLUÇÕES? É neste sentido de trazer transparência e garantir transações seguras no pagamento de hotéis que as empresas estão criando soluções e plataformas para que as agências de viagens corporativas e empresas tenham um processo mais eficiente e conciliado na hora de pagar pela hospedagem dos viajantes corporativos – além de estarem em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entraria em vigor em agosto deste ano, mas pode ser prorrogada para 2021. Em abril, a Omnibees lançou o Bee2Pay Hotel Solutions, um marketplace de hotéis criado para automatizar processos e reduzir custos operacionais, fornecendo validação automática do cartão de crédito, pré-autorização e captura do cartão, efetivação de cobranças de no-shows que muitas vezes são esquecidas, automatização do processo de cobrança seguindo políticas de tarifas estabelecidas e cancelamento automatizado em casos de reservas realizadas com cartões de créditos falsos ou

Peterson Prado, da Avipam

inválidos. “Além da substituição do boleto de papel pelo cartão de plástico (ou virtual), é preciso haver também uma mudança de cultura, de processo, fazer uma nova fórmula. Essa solução está muito apoiada em automação, em dar eficiência a todos os elos da corrente. Com o marketplace continuamos ajudando o hotel, mas também passamos a atender outros players da cadeia, levando serviços para outras etapas”, afirma Campos. Em tempos de coronavírus, de iso-

lamento social e distanciamento, o assunto que já é pauta há anos fica mais em evidência ao perceber a importância dos meios de pagamento contactless, à distância, feitos nas próprias plataformas ao reservar um hotel. “Com a pandemia, percebemos que várias TMCs não toparão mais fazer os hotéis faturados e não aceitarão essa modalidade. A solução é trabalhar com empresas que tenham capacidade de fazer análise de crédito, que atuem no segmento de paga24 a 30 de junho de 2020 — PANROTAS

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mentos. Nesse cenário, a agência não atua mais como uma financiadora e passará a atuar com seu papel real, que é de consultoria e agenciamento”, explica o vice-presidente de Vendas para América Latina da Wex, Luiz Ramos. Por meio de integrações com ferramentas de booking e a possibilidade de usar o VCN (virtual card number), a gestão de uma reserva corporativa passa a ser mais segura – com o risco de fraude tendendo a zero, já que cada número de cartão possibilita apenas uma única transação – e conciliada, com todas as informações e campos gerenciais sendo capturados. Com isso, a tomadora do serviço terá uma fatura já conciliada e poderá controlar e entender todos os gastos e detalhes com precisão, otimizando o tempo do gestor de viagens e enriquecendo a qualidade das informações disponíveis. “Nós, como TMC, temos de entender a necessidade do cliente e enquadrá-la nas melhores soluções disponíveis no ecossistema. Passar a segurança para aqueles que têm interesse em usar cartões de crédito para hotéis, mas que tiveram algumas frustrações, de que este meio de pagamento funciona e é sustentável para todos os lados. Nos últimos anos tivemos um grande avanço no ponto de vista de migração de clientes para o modelo de cartão de crédito e isso aconteceu também porque o próprio mercado avançou no sentido de dar opções de produtos”, pontua o vice-presidente de Operações da Avipam, Peterson Prado. NOVO NORMAL Com a tecnologia avançando, os meios de pagamento se modernizando e o setor como um todo adotando novas práticas e entendendo que há meios mais eficientes e sustentáveis no segmento

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Luiz Ramos, da Wex

hoteleiro, a tendência é que essa prática diminua cada vez mais, mesmo que não desapareça por completo – devido à barreira muito vista no Brasil, com hotéis independentes, familiares e pequenos que ainda não possuem aceitação de cartão. “Vejo que o fim do faturamento será intensificado com o uso do cartão, de maneira totalmente ele-

trônica e sem contato. Hoje temos um viés muito forte relacionado à questão sanitária da pandemia, mas a prática deve continuar crescendo com um caráter mais de serviço de automação. Fazer um check-out sem passar na recepção, por exemplo, com processos cada vez menos burocráticos e mais simples”, finaliza o diretor Bee2Bee da Omnibees.n


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