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Edição nº 1.429 - Ano 28 | 1 a 7 de julho | www.panrotas.com.br

Especialistas explicam o processo de recuperação judicial no Brasil, as diferenças com o Chapter 11 americano e o que vem por aí

R$ 11,00


27 de maio a 2 de junho de 2020 — PANROTAS

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PRESIDENTE

José Guillermo Condomí Alcorta

ÍNDICE nº 1.429 | 1 a 7 de julho de 2020 | www.panrotas.com.br

CHIEF EXECUTIVE OFFICER (CEO) José Guilherme Condomí Alcorta (guilherme@panrotas.com.br)

DIRETORA DE MARKETING E EVENTOS Heloisa Prass

CHIEF TECHNOLOGY OFFICER (CTO)

Página 04 Editorial - A retomada depende da informação

Ricardo Jun Iti Tsugawa

REDAÇÃO (redacao@panrotas.com.br)

EDITOR-CHEFE E CHIEF COMMUNICATION OFFICER: Artur Luiz Andrade

(artur@panrotas.com.br) Coordenador de Redação: Rodrigo Vieira (rodrigo@panrotas.com.br) Coordenador Web: Danilo Alves (danilo@panrotas.com.br) Pancorp/Viagens Corporativas: Beatrice Teizen Conteúdo para marcas: Vinicius Novaes e Beatriz Contelli (estagiária) Reportagem: Filip Calixto, Juliana Monaco, Victor Fernandes Fotógrafo: Emerson de Souza (São Paulo) MARKETING Analista: Erica Venturim (erica@panrotas.com.br) CRIAÇÃO Fernanda Souza (fernanda@panrotas.com.br) Pedro Moreno (pedro@panrotas.com.br) COMERCIAL Gerente: Ricardo Sidaras (rsidaras@panrotas.com.br) Executivos: Flávio Sica (sica@panrotas.com.br) João Felipe Santana (joaosantana@panrotas.com.br) Renato Sousa (rsousa@panrotas.com.br) Rene Amorim (rene@panrotas.com.br) Sônia Fonseca (sonia@panrotas.com.br) Big Data: Igor Vianna (igorvianna@panrotas.com.br) Jéssica Andrade (jessica@panrotas.com.br)

Página 06 Check-in - New Age explica decisão de suspender vendas temporariamente

Página 16 Recuperação Judicial, Chapter 11 e Falência entenda caso a caso

Página 20 Artigo - Gol e a segurança a bordo para a retomada

Página 22 CVC Corp - Ações do novo CEO começam a aparecer e empresa está pronta para voltar

Assistentes: Ítalo Henrique (italo@panrotas.com.br) Rafaela Aragão (rafaela@panrotas.com.br) FALE CONOSCO Matriz: Avenida Jabaquara, 1.761 – Saúde São Paulo - Cep: 04045-901 Tel.: (11) 2764-4800 Brasília: Flavio Trombieri (flavio@panrotas.com.br) Tel: (61) 3224-9565 Rio de Janeiro: Simone Lara (simone@panrotas.com.br) Tel: (21) 2529-2415/98873-2415 Estados Unidos: Helene Chalvire (helene@panrotas.com.br) ASSINATURAS Chefe de Assinaturas: Valderez Wallner Para assinar, ligue no (11) 2764-4816 ou acesse o site www.panrotas.com.br Assinatura anual: R$ 468 Impresso na Referência Gráfica (São Paulo/SP)

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Associações

Parceria Estratégica


Editorial

QUANTAS SERÃO AS RETOMADAS?

Você recomendaria viagens nacionais neste momento? Você sabia que as escapadas de final de semana serão tendência nos próximos meses e que elas já ocorrem com certa frequência em cidades do Sul e Centro-Oeste e mesmo em São Paulo e Rio? É o momento? Não é o momento? Um debate que pode não ter fim, mas o que se sabe é: o passageiro só se sentirá seguro se for para um destino ou hotel em uma região onde os casos de covid-19 se mostram controlados; esse mesmo passageiro quer saber dos protocolos de segurança e quer aderir a eles; ele quer algo com o mínimo de fricção; e a preferência, no momento, é pelo próprio carro. Em um País tão grande e tão dividido, sabemos também que há pensamentos diferentes e que cada município tem controles distintos da situação. O profissional de Viagens e Turismo, que precisa zelar pela segurança do seu cliente e lhe passar todas as informações possíveis, deve se informar sobre todas as indagações acima e repassá-las, de forma ordenada, ao seu cliente, pois a retomada já começou. Tem cliente indo passar um final de semana com a família em um hotel perto de casa, tem passageiro planejando a viagem internacional de 2021, e ainda os que precisam viajar para rever amigos e parentes. O primeiro passo, portanto, é conversar com o cliente e entender suas necessidades. Depois pesquisar sobre fornecedores e destinos e repassar as informações ao passageiro. E ajudá-lo a viabilizar a viagem, ou não, pois, muitas vezes, tudo dependerá das restrições impostas por governos, da malha aérea, da oferta da hotelaria local. Todos os cuidados que o passageiro tem que ter (consigo, com sua família e com os demais) e quais as políticas de flexibilização daquele produto que está comprando também são essenciais. E deixar claro que tudo pode mudar, pois trata-se de um cenário inédito para todos. Cenário em que a CVC aposta nas vendas aceleradas já em julho e a New Age, por outro lado, preferindo esperar e suspendendo novas vendas até que o cenário internacional esteja mais claro. Cenário em que a Azul resolveu se aliar à concorrente Latam (tema de nossa reportagem

da semana passada) e em que a Gol voa solo. Cenário em que a recuperação judicial, já usada em outras crises por diversas empresas, é uma das alternativas. E nesta edição, explicamos o que significa entrar em recuperação judicial e os caminhos para sair dela. Especialistas dizem que nessa fase da pandemia, não é hora de estimular as viagens. É hora de inspirar. É hora de planejar. De manter contato. Mas sabemos que logo será possível incentivar a viagem e viajar e na nossa live sobre parques temáticos (acesse no www.panrotas.com.br), vimos que julho será um mês decisivo para esse segmento. Ou seja, já estamos quase na fase em que viajar terá de ser estimulado sim, já que a pandemia será controlada, as pessoas começarão a sair de casa e a buscar por viagens, com os mais diversos fins, do bem estar ao relaxamento, do rever amigos e parentes a celebrações. É uma matemática (indicar e atender o cliente neste momento) que envolve precisão (número de casos caindo, número de leitos ocupados, número de pessoas em estado grave), disciplina (as medidas e protocolos de segurança, a fiscalização e a adesão de todos) e sensibilidade (alguns foram contra recomeçar os jogos de futebol, outros não – nesse caso vale conversar e entender a perspectiva do cliente). E também conhecimento desse consumidor, pois planejar uma viagem para 2021, com a família, pode começar agora sim. Deve. O mesmo para o final do ano. Vale também conversar, dialogar, trocar ideias. Algo que está faltando, pois todos estão em suas casas, falando apenas com suas bolhas e com a mente bastante pressionada. E porque o quadro é instável e impreciso. O que torna o diálogo mais duro e até desesperado. O Turismo precisa dialogar, conversar, trocar ideias. Temos publicado diversas notícias e pesquisas, promovido lives e painéis, que servirão como base para essas conversas. Ninguém sairá sozinho dessa crise e como #SomosTodosTurismo precisamos desse diálogo de qualidade. Vamos encarar esse desafio?n

Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br

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Check-in Mercado

Volta dos voos internacionais Assunção, Santiago, Montevidéu, Lima, Santa Cruz de La Sierra e Buenos Aires a partir de São Paulo (GRU), e Buenos Aires, Rosário e Córdoba a partir do Rio de Janeiro (GIG). A Gol confirma a volta destes voos internacionais de setembro em diante, embora ainda não tenha detalhado o dia exato para o início. O presidente da companhia, Paulo Kakinoff, já havia dito em live no Portal PANROTAS que até o fim do ano pretende voar a todas as capitais sul-americanas que atendia antes da pandemia. Embora sem as mesmas frequências, os voos para cidades do Chile, Uruguai, Peru e Argentina a partir de setembro são um passo em direção ao cumprimento da meta. A Gol ressalta que "o retorno depende das restrições de viagem impostas pelas autoridades dos países nos quais a companhia opera, na América do Sul, na América Central e no Caribe, além de recomendações das autoridades dos Estados Unidos.

Vendas suspensas temporariamente A Revista PANROTAS conversou com uma das diretoras da operadora New Age, Carla Davidovich (foto), para que ela explicasse a estratégia da empresa durante a atual crise de suspender temporariamente novas vendas e reembolsar todos os passageiros com viagens canceladas devido à covid-19. “Em um primeiro momento, assim que a crise começou, estávamos focados na repatriação dos passageiros que estavam no Exterior, e nas remarcações e emissão de cartas de crédito”, disse Carla à PANROTAS. “Na terceira remarcação do mesmo passageiro, pois as restrições de viagens iam se estendendo, tomamos a decisão de agir com a realidade, que é de meses de insegurança e incerteza”, continua. Segundo ela, não saber quando o cliente poderia embarcar, como estaria o serviço no destino e que qualidade o estaria esperando, gerou um ambiente de muita inse6

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gurança, e a New Age, não querendo colocar a segurança de seus clientes em risco, optou pelo reembolso. Veio então a decisão de parar com as vendas futuras (que só gerariam mais remarcações e retrabalho, segundo a New Age) e de reestruturação do quadro de colaboradores. Segundo Carla as demissões não comprometeram o atendimento às agências. Iniciou-se, então, o processo de contatar as agências e comentar a decisão. De acordo com Carla Davidovich, 60% dos 2,6 mil passageiros já estão nesse processo e os outros todos serão reembolsados ou embarcados (se as políticas dos destinos permitirem). “Queremos esperar a retomada zerados. Sem dívidas, com os passageiros reembolsados, fornecedores pagos, colaboradores com seus direitos, e, sim, com novos projetos, que já estamos analisando”, afirmou Carla.


Mapeamento da retomada hoteleira

+Lidas da semana Portal PANROTAS 1 Quando os resorts reabrirão

ao público? Veja cronograma atualizado

2 CVC revela destinos turísticos

mais vendidos e buscados na retomada

3 CVC está pronta para

recomeçar operação em julho, diz CEO

4 Hotelaria do Rio acusa

Booking de abuso de poder; OTA se defende

5 Pullmantur entra com pedido À medida que a indústria de viagens se recupera gradualmente do impacto da pandemia no Turismo e, sobretudo, no setor hoteleiro, a startup UpStay criou uma ferramenta para ajudar hoteleiros e viajantes na reabertura dos estabelecimentos. O Hotel Reopen é um mapa colaborativo que acompanha o processo de reabertura de hotéis. O aplicativo funciona como uma plataforma para compartilhar informações atualizadas, nas quais os hoteleiros podem adicionar seus estabelecimentos por meio de um formulário simples. Com isso, os usuários podem ver quais

hotéis estão abertos na área que desejam visitar. O objetivo é facilitar o retorno dos hoteleiros ao trabalho após o coronavírus. A ferramenta é útil para os provedores de serviços do setor hoteleiro e para os hóspedes que desejam explorar os hotéis disponíveis e em quais datas eles planejam abrir em cada área geográfica. A novidade tem modelo semelhante ao Re-open, também um mapa que mostra a situação dos países da Europa, e ao serviço lançado pela Iata, sobre os procedimentos relacionados à aviação em alguns países.

de recuperação judicial na Espanha

6 Veja a situação de retomada de cada Estado

7 O que muda no

comportamento do viajante pós-pandemia?

8 MSC Cruzeiros: o que está

confirmado para a temporada

9 46% dos latino-americanos planejam viajar ainda em 2020

10 Latam Brasil não terá voos

domésticos de passageiros neste sábado (20)

Fonte: Portal PANROTAS

Abuso de poder?

A Booking está sendo acusada por empresários da hotelaria carioca de se recusar a dialogar e chegar a um consenso de uma possível redução temporária dos comissionamentos praticados pela OTA, visando, principalmente, ao cenário de retomada do Turismo. Segundo a denúncia, a Booking é a única OTA que se nega a conversar, enquanto as outras três grandes empresas do segmento Decolar, Expedia e Hotel Urbano – não apenas se colocaram à disposição para o diálogo, como já estão em fase de negociação com os hotéis. O presidente do Fórum Comercial do Hotéis Rio, José Domingo Bouzon, defende que não existe alternativa para a preservação dos milhares de empregos

em risco em período de ocupação perto de zero, senão o corte de custos. Neste sentido, o presidente do Hotéis Rio, Alfredo Lopes, lembra que para alguns hotéis, como os de pequeno porte, as OTA são os principais canais de reservas, se não os únicos, o que fez com que muitos desses hotéis enxugassem seu staff. “Se o cenário está posto e os atuantes no setor não trabalham em consonância, ficamos reféns dos grandes players?”, questiona. O tema tem sido discutido incansavelmente nos encontros comerciais da hotelaria carioca e foi encaminhado para parecer da assessoria jurídica do sindicato. “Neste momento, é importante que o consumidor final tenha um entendi-

mento claro sobre o papel que uma OTA possui, o custo que os hotéis pagam por cada reserva, e como eles poderiam ajudar na manutenção desses empregos de milhares de famílias que dependem do Turismo. Neste momento, a união do setor é necessária. Não entendemos a razão de algumas empresas se comportarem desta forma, totalmente na contramão”, disse o vice-presidente do Hotéis Rio, Ronnie Arosa. Procurada, a Booking disse que está fazendo tudo o que pode para dar suporte aos parceiros, estabelecendo um diálogo constante e direto com eles e trabalhando para garantir demanda para seus negócios assim que os viajantes puderem retomar suas experiências pelo mundo. 1 a 7 de julho de 2020 — PANROTAS

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De volta aos parques Artur Luiz Andrade, da PANROTAS, Oliver Krause, do Hot Park, Murilo Pascoal, do Beach Park, e Carol Negri, do Sindepat

De olho em movimentações e medidas de retomada vistas em outros países, parques temáticos, aquáticos e atrações do Brasil começam a organizar o retorno. A despeito dos poucos que anteciparam a reabertura, a maior parte dos estabelecimentos do setor se vê às voltas com os ajustes finais para a implementação de uma rotina rearranjada, com precauções que passam por capacidade reduzida de atendimento, eliminação das aglomerações, necessidade de filas espaçadas e uma série de medidas que devem mudar a experiência e o jeito de interagir com as atividades. Para além do exemplo internacional, o protocolo de reativação desses complexos leva em conta as especificidades de cada região brasileira - para determinar o momento de abrir as portas - e um protocolo de reabertura organizado pelo Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat) e pela Associação das empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra) com o endosso do Ministério do Turismo. A cartilha de reabertura sugere, além do distanciamento entre grupos, limpeza intensificada em todas as áreas, equipes reforçadas - em muitos casos com a contratação de novos colaboradores -, estações de álcool gel espalhadas pelo ambiente, checagem de temperatura de visitantes e equipe, treinamentos redobrados, atenção especial às informações para funcio8

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nários e visitantes e utilização obrigatória de máscaras. A exceção para a regra das máscaras são os parques aquáticos, nos quais a utilização de produtos como cloro na água das piscinas diminui a possibilidade de contaminação. O distanciamento, contudo, ainda é necessário. Trabalhando pelo preenchimento de todos esses requisitos, dois dos grandes parques aquáticos do País, Beach Park (Ceará) e Hot Park (Goiás) farão suas reaberturas ao longo do mês de julho, dia 9 e dia 20, respectivamente. Ambos com cerca de 50% de sua capacidade e apoiados em regras que devem valer por mais alguns meses. "Vamos diminuir a capacidade de todas as atrações e em áreas como a Praia do Cerrado, por exemplo, teremos espaços família, ocupados de acordo com agendamento", conta Oliver Krause, da Aviva, que gerencia o complexo goiano e o Costa do Sauípe, na Bahia. O executivo acrescenta ainda que o único espaço que terá funcionamento interrompido é a academia do complexo. No Beach Park o atendimento com capacidade reduzida também será implementado, o que permite que o espaçamento de, pelo menos, dois metros nas filas seja feito com maior facilidade. "Num primeiro momento, acreditamos que até pode ser uma experiência melhor pois as famílias poderão aproveitar mais o parque, com


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menos filas", observa o CEO do empreendimento cearense e presidente do Sindepat, Murilo Pascoal. O Beach Park volta apenas com duas atrações fechadas, ambas de realidade virtual. Além da experiência renovada, os dois executivos também apontam a utilização da tecnologia como uma característica desse momento de volta. As duas propriedades voltam dando importância ao tema. "No Beach Park aceleramos alguns processos tecnológicos que já estavam em andamento. No restaurante de praia, por exemplo, vamos eliminar os cardápios e substituílos por um menu acessado por QR code. O pedido também será feito pelo celular", cita Pascoal. "No hotel também haverá mudanças com check-in on-line e concierge via WhatsApp". Já no Hot Park, conforme comenta Krause, a nova realidade passa por um item que já era utilizado. "Temos uma pulseira entregue a todos os hóspedes, com tecnologia de aproximação, que terá seu campo ampliado e minimiza o contato humano", lembra. O adereço serve para ações como comprar comidas e bebidas, acessar atrações e para a entrada nos hotéis do complexo. Tais protocolos e novidades devem ser destinadas nas primeiras semanas ao púOS SEGUINTES PARQUES TEMÁTICOS JÁ ESTÃO ABERTOS: No Brasil: Beto Carrero World (SC), Snowland (RS), Unipraias Camboriú (SC), Alpen Park (RS) e Complexo Dreams Park Show, parque aquático do Tauá Atibaia (SP). Em Foz do Iguaçu (PR) voltaram Parque das Cataratas, Museu de Cera, Vale dos Dinossauros, Maravilhas do Mundo, Dino Adventure, Bar de Gelo e Super Carros. No mundo: Universal Orlando (Universal Studios Florida, Islands of Adventure e Volcano Bay), Legoland Florida, Frontier City, Sea World Orlando, Busch Gardens Tampa, Silver Dollar City, Dollywood, Holiday World, Sea World San Antonio, Six Flags Over Texas, Six Flags Over Georgia, Six Flags Fiesta Texas, Worlds of Fun PARQUES COM REABERTURA PRÓXIMA: 29 de junho: Kentucky Kingdom 3 de julho: Hersheypark

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blico que vive perto dessas propriedades, nas chamadas regiões primárias para os departamentos comerciais. Apenas nos meses seguintes, com o aprimoramento das operações e o esperado controle da pandemia, o alcance se alarga e visitantes de outras regiões podem chegar. "Acredito que assim que os protocolos e o comportamento forem se adequando, a malha aérea for se expandindo e o ambiente for controlado, a demanda começa a vir", projeta o gestor do Hot Park. "Já temos boa demanda para o final do ano de outros Estados. Isso vai acontecer naturalmente e dentro de um ambiente controlado". Pascoal concorda com o ponto e lembra que boa parte das reservas adiadas por conta da pandemia deve ter seu lugar nos meses de setembro e outubro. "Isso vai ser uma base importante para a reabertura", comenta. Murilo Pascoal, do Beach Park

3 de julho: Blue Tree Thermas de Lins 11 de julho: Walt Disney World - Magic Kingdom e Disney's Animal Kingdom 11 de julho: Cedar Point (portadores de passaporte em 9 de julho, aberto apenas para portadores de passaporte e hóspedes do hotel no local a partir de 12 de julho) 11 de julho: Kennywood (portadores de passaporte em 7 de julho) 12 de julho: Kings Island (portadores de passaporte em 2 de julho) 15 de julho: Walt Disney World - Epcot e Disney's Hollywood Studios PARQUES QUE SOLICITARAM A REABERTURA EM JULHO: Universal Studios Hollywood Hersheypark Sea World San Diego Six Flags Magic Mountain Legoland Califórnia


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Cruzeiros marítimos

MSC em 2020

A MSC Cruzeiros revisou e atualizou a próxima temporada, 2020/2021, que começa a partir de outubro. Serão mais de 90 itinerários por todas as regiões onde a companhia atua globalmente, América do Sul, Mediterrâneo, Caribe, Golfo, África do Sul, e Ásia. Os itinerários variam de duas a 24 noites, além do terceiro MSC World Cruise, com partida em janeiro de 2021, e diversas opções de Grand Voyages. "Nossa temporada irá oferecer cruzeiros em todas as regiões do mundo onde tradicionalmente operamos, e embora tenha algumas atualizações em relação ao posicionamento de navios específicos iremos oferecer nossos itinerários principais para que os hóspedes possam aproveitar as férias que reservaram conosco”, explica o CEO da MSC Cruzeiros, Gianni Onorato. O anúncio segue a confirmação da MSC Cruzeiros, de que toda sua

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frota, incluindo dois navios atualmente em construção, estará em operação a partir de março de 2021 para a temporada de verão no hemisfério norte. A MSC também informou que desenvolve um novo protocolo de saúde e segurança a bordo, em colaboração com autoridades de saúde relevantes e com o apoio de uma equipe de especialistas médicos externos. Segundo a companhia, este protocolo cobrirá todos os aspectos do cruzeiro, desde a fase de reserva até o desembarque e o retorno para casa. Também incluirá todos os aspectos da vida a bordo e as medidas de prevenção garantirão a saúde e o bem-estar dos hóspedes e da tripulação, incluindo medidas de sanitização aprimoradas, diretrizes para a vida a bordo, além de instalações médicas aperfeiçoadas e intensificadas e triagens de saúde para os hóspedes e a tripulação.


Viagens Corporativas

Uma nova realidade

A indústria global de viagens e Turismo está há, pelo menos, três meses enfrentando diversos impactos causados pela pandemia do novo coronavírus. Aviões estacionados, voos suspensos, hotéis fechados e eventos sociais e corporativos cancelados são a nova realidade do setor. Para debater o mundo das viagens corporativas no pós-covid, a HRS realizou na última terçafeira (23) o Corporate Lodging Forum de forma on-line, trazendo especialistas e insights sobre o segmento. PARA ONDE VAI? Após alguns meses de crise e

muitas incertezas, algumas regiões vêm apresentando uma retomada. No entanto, as viagens corporativas possuem particularidades e podem demorar um pouco ainda para voltarem em todo o mundo. Como cuidar dos viajantes? O que fazer para restaurar a confiança? Com diferentes situações e cenários para observar, este momento traz a oportunidade para o gestor de viagens mostrar seu papel dentro da empresa e apresentar para o C-Level o que, de fato, está sendo feito de contribuição, além de trazer inovações e muita estratégia. “Agora é a hora do travel mana-

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ger brilhar. Principalmente em hospedagem, há muito vazamento de dados e gastos, muitas reservas não são feitas no canal preferencial, e isso vai mudar. As pessoas vão querer ter controle, por isso, acho que é uma grande oportunidade de criar, ainda mais, usando tecnologias e soluções digitais, a melhor experiência possível para o viajante”, afirma o CEO da HRS, Tobias Ragge. PREVISIBILIDADE Quando as viagens a negócios retornarem, o viajante desejará uma jornada sem surpresas, com as etapas esclarecidas e previsíveis. Saber que a companhia aérea escolhida toma as medias de prevenção à covid-19, que o hotel que ficará hospedado segue todos os protocolos de limpeza, se o restaurante do local estará aberto ou não e muitas outras questões relacionadas ao “novo normal” estarão no topo das necessidades. Neste sentido, será muito importante, por parte dos players da cadeia fornecer informações em tempo real. Os viajantes e, principalmente, os gestores precisam estar a par de cada etapa da jornada. Não é mais uma questão de conveniência e, sim, de saúde e segurança. DADOS Com o mundo entrando em uma fase completamente nova, o compartilhamento dos dados de forma transparente se torna mais importante ainda. Os hotéis, por exemplo, como serão capazes de entregar e assegurar que estão seguindo todos os protocolos de limpeza e segurança? Para que o viajante volte a confiar, ele necessitará de dados e as propriedades hoteleiras terão

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de trabalhar com isso para criar confiança e se tornarem atraentes. O setor de viagens corporativas precisará, então, mais do que nunca, de transparência, seja por meio dos hotéis com seus protocolos de limpeza e segurança, das aéreas, com suas medidas de higiene, ou das empresas trazendo uma comunicação clara. A confiança está se tornando um novo fator a ser levado em conta e a crise é também uma oportunidade de inovar e implementar novos recursos, métodos e processos. Começar pelo compartilhamento desses dados pode ser o caminho. EXPO RETOMADA 2020 A Expo Retomada 2020, marcada para os dias 11 e 12 de agosto, em São Paulo, tem como objetivo apresentar um evento modelo, com aplicação de todos os protocolos de segurança e foco na geração de negócios para empresas e entidades dos setores de eventos e Turismo pós-quarentena. A iniciativa conta com o apoio e engajamento das principais instituições ligadas à indústria, como Ubrafe, Ampro, Abeoc Brasil, Abracce, Abrafesta, Alagev, MPI Brasil e Sindiprom-SP. Além de apresentar in loco as boas práticas recomendadas e a adoção dos protocolos de saúde e conduta já regulamentados, o encontro tem como proposta disseminar conhecimento e informação atualizados sobre todas as etapas que os eventos englobam – o pré, durante e pós. A organização pretende consolidar, em um manual, todos os processos e recomendações que o exercício prático irá gerar, contemplando toda a cadeia produtiva do setor. n

+Lidas da semana PANCORP 1 Mapa colaborativo indica hotéis que já reabriram

2 Gol prevê volta a todos os

destinos no próximo verão

3 49% das empresas planejam viajar a negócios até setembro

4 Dados ajudarão a trazer de volta confiança do viajante corporativo

5 Aeroporto de Guarulhos

instala câmeras térmicas no terminal 2

6 Iberia volta a voar ao Brasil

em 2 de agosto; veja detalhes

7 Perdeu a live com Paulo

Kakinoff, da Gol? Assista aqui

8 HRS estabelece novo

protocolo de higiene para setor hoteleiro

9 OMT pede por retomada responsável e segura do Turismo

10 Para Gol, parceria entre Azul e Latam é natural e positiva

Fonte: PANCORP


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Mercado Danilo Alves

A LUZ NO FIM DO TÚNEL O que empresas como American Airlines, Delta, United, Vasp, Varig, Latam, Queensberry, Nascimento Turismo, Hertz, Passaredo, Avianca Colômbia e Avianca Brasil têm em comum? Todas elas empresas da indústria de Viagens que recorreram à recuperação judicial para enfrentar períodos difíceis da economia ou de seus próprios momentos. Mas o que é a recuperação judicial e para que serve? Por que essa medida assusta tanto o mercado e os consumidores em geral? A recuperação judicial (RJ) de uma empresa é um meio encontrado por ela para evitar sua “quebra”, ou seja, uma alternativa ao pedido de falência. Como o próprio nome deixa claro

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e explícito, esse processo tem como objetivo recuperar o equilíbrio financeiro da empresa, evitando seu fechamento, demissões e não pagamentos de credores. A recuperação se dá por meio de um plano que precisará mostrar (à justiça) que a companhia tem condições de se reerguer e seguir honrando seus compromissos e pagamentos, de forma condicionada. Do ponto de vista dos empregados, a recuperação judicial de uma empresa deve ser encarada com cuidado e seriedade, já que se algo der errado durante o processo a única saída da recuperanda é o pedido de falência. Para empresários, acionistas e/ou donos de empresas, esta


pode ser a única chance de continuar existindo e prestando seus serviços à sociedade. Todo o processo é acompanhado obviamente pela justiça, por meio de um administrador judicial, que tem a responsabilidade de intermediar por igual os interesses da empresa e credores, e conduzir a recuperanda a “céus de brigadeiro” novamente. Na semana passada foi a vez da Pullmantur Cruzeiros se juntar às empresas citadas no início desta matéria. A Cruises Investment Holding e o Grupo Royal Caribbean informaram a entrada com pedido de reorganização da joint venture nos termos das leis de insolvência da Espanha. A holding possui 51% da linha de cruzeiros espanhola, enquanto a RCL fica com os 49% restantes. De acordo com o conselho de administração da Pullmantur, o impacto sem precedentes da pandemia do novo coronavírus tornou a ação necessária. “A questão da covid-19 foi arrasadora para a indústria de cruzeiros e sem um cenário claro sobre o futuro, de como serão os hábitos das pessoas a partir de agora em relação às viagens em navios. Com isso, a única saída encontrada para a Pullmantur, que estava sofrendo bastante sem liquidez nos últimos meses, foi a recuperação judicial”, disse Marcelo Fortes, sócio do Fortes & Prados Advogados, que atua há mais de duas décadas com direito do Turismo, marítimo e trabalhista. Aliado ao ineditismo da pandemia, que já infectou mais de 9,2 milhões de pessoas em todo o mundo, também nos deparamos com a novidade de ver uma armadora entrando em um processo de recuperação judicial. “Eu não sei se é a primeira vez que uma companhia de cruzeiros recorre à RJ, mas eu não me lembro disso ter ocorrido nos últimos dez anos”, disse o advogado. Segundo ele, o comum para as médias e pequenas empresas, como é o caso da Pullmantur, é ser incorporada pelas grandes companhias. Para o advogado, o fato de a Pullmantur ter se preparado para a recuperação judicial e ter por trás de seus investimentos uma grande empresa como a Royal Caribbean, comprova a seriedade com que a armadora está lidando com o caso e traz mais otimismo para os envolvidos direta e indiretamente. “As viagens para os próximos meses já estão canceladas até meados de novembro. Eles estão dando todo o apoio aos clientes, com opções de reembolsos ou de viajarem em outras bandeiras do grupo”, destaca Fortes. No entanto, o especialista acredita que a empresa passará por uma verdadeira repaginação de seu produto. “Eu acho que o número de navios deverá ser reduzido e regiões especificas sejam priorizadas para a operação atual. Vejo um grande potencial no Brasil, já que a operação brasileira da Pullmantur, em parceria com a CVC, é muito produtiva financeiramente.”

Carolina Bueno de Oliveira e Marcelo Fortes

AS DIFERENÇAS E OS ENTRAVES Com o aumento de pedidos de recuperação judicial no Brasil e em outros países e, nos Estados Unidos, de Chapter 11, surge a pergunta: qual é a diferença entre uma e outra? O Chapter 11 é o equivalente americano à recuperação judicial no Brasil, criada pela Lei 11.101/05. “A legislação brasileira tem muitas características que conversam com a legislação norte-americana, fazendo com que a nossa recuperação judicial seja semelhante ao Chapter 11. Essa semelhança se dá com a Espanha também, já que o nosso direito tem a mesma origem. Apesar do Brasil ter sido influenciado pelo Chapter 11, há alguns dispositivos que diferem. Aqui o grande problema é a diferença com que os tribunais tratam o processo”, afirma Carolina Bueno de Oliveira, advogada do escritório Galdino & Coelho Advogados desde 2017, que atua na área de reestruturação de dívidas e recuperação judicial. Segundo ela, o Brasil não apresenta uma homogeneidade em suas decisões. Há tribunais que interpretam a legislação protegendo os devedores e outros que preferem amparar os credores. “Nos EUA, o processo tende a ser mais protetivo aos credores, enquanto por aqui a aplicação de lei pode ser diferente em cada processo”, explica advogada. De acordo com a especialista, o período legal de uma recuperação judicial é de dois anos, mas a prática mostra que isso pode ser estendido ou reduzido, a depender de como a recuperanda se comportará durante o processo. “Pela legislação, a empresa fica dois anos sob a proteção e fiscalização do judiciário, mas há casos e casos. Se ela comprovar que cumpriu corretamente todo o plano proposto na assembleia antes do tempo previsto, o juiz pode retirá-la do processo em menos tempo.” NÃO É FALÊNCIA Um outro fator que dificulta bastante o andamento de uma recuperação judicial no Brasil é a percepção de que a empresa está em uma iminente falência, o que não é verdade. “É um paradigma que pre-

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cisa ser quebrado. Uma empresa em RJ segue prestando seus serviços normalmente, porém com algumas medidas de reestruturação”, afirma Carolina, que diz que essa falta de confiança vem, sobretudo, de credores que ficam fora da empresa. “Quem está trabalhando internamente no processo acredita na recuperação e sabe da real chance de isso acontecer. Quem causa problemas são as pessoas de fora.”

A gestão da empresa que enfrenta uma recuperação judicial também pode dizer muito de como ela se sairá no decorrer do processo. “A empresa é um corpo vivo. Quando o gestor tira a responsabilidade dele do negócio, você deixa de ver meios efetivos para que aquela situação seja contornada. A gestão tem que conversar, ser ativa em todos os momentos e mostrar vontade em mudar o cenário”, avalia a advogada.

Falências e recuperações judiciais Falências Decretadas

Pedidos de Recuperações Judiciais

Recuperações Judiciais Deferidas

Variação acumulada em 12 meses -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10

Pedidos de Falências

mai/19 jun/19 jul/19 ago/19 set/19 out/19 nov/19 dez/19 jan/20 fev/20 mar/20 abr/20 mai/20

CRISE SE AGRAVA Os pedidos de falências no Brasil aumentaram 30% em maio, na comparação com abril, segundo dados divulgados no início deste mês pela Boa Vista Serviços. A pesquisa mostrou ainda que os pedidos de recuperação judicial e as recuperações judiciais concedidas aumentaram 68,6% e 61,5%, respectivamente, na comparação com o mês anterior. O levantamento foi feito com base em informações colhidas no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), oriunda de fóruns, varas de falência e Diários Oficiais e da Justiça dos Estados. Apesar do aumento dos processos de insolvência de empresas em meio à pandemia, no acumulado em 12 meses os pedidos de falência registram queda de 25% e as falências decretadas um recuo de 21,6%. Por outro lado, os pedidos de recuperação judicial apresentaram alta acumulada de 3,7% no mesmo período, e as recuperações judiciais deferidas registram avanço de 2,4%. "De acordo com os resultados acumulados em 12 meses, ainda se observa a continuidade da tendência de queda nos pedidos de falência e falências decretadas. No entanto, esse movimento estava atrelado à melhora nas condições econômicas apresentadas entre 2017 e o início

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deste ano. Agora, com os impactos econômicos causados pela chegada do novo coronavírus, e como já observado na análise mensal, a tendência é de que as empresas encontrem maiores dificuldades em dar continuidade a esse movimento nos próximos meses", diz a Boa Vista. As previsões vão ao encontro da avaliação de mercado de Carolina, que alerta que o pior ainda pode estar por vir. “O boom de pedidos de recuperação judicial foi entre 2015 e 2016, em razão da crise econômica e da operação Lava Jato. Mas, infelizmente, eu acho que esse boom será superado pelos pedidos de 2020. Eu digo isso pela quantidade de empresas que estão nos procurando e pedindo análises de endividamento e de recuperação judicial. O número é muito alto, absurdamente maior do que nos últimos anos”, disse. Em sua avaliação, a advogada acredita também que um dos problemas que o Brasil precisará enfrentar é a insolvência da pessoa física. “Empresas ainda conseguem pedir recuperação judicial, mas e como fica a pessoa física? E o autônomo que não tem sociedade empresarial constituída? Precisaremos lidar seriamente com a insolvência civil que se dará a partir da crise provocada pela pandemia”, concluiu. n


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Artigo

SEGURANÇA COM SAÚDE: O NOVO NORMAL ESTÁ NO AR Por Danilo Andrade, diretor de Segurança Operacional da Gol Linhas Aéreas

Enquanto a comunidade científica busca uma solução definitiva para a covid-19, o mundo teve de se adaptar rapidamente, adotando inúmeras medidas para evitar riscos. Não foi diferente para a indústria de transporte aéreo, atividade que sempre teve verdadeira obsessão por segurança. Nos últimos tempos, o setor aéreo tem comemorado números sem precedentes em termos de qualidade da Segurança Operacional. E é muito gratificante acompanhar a melhoria, ano após ano, dos já baixíssimos índices de acidentes e fatalidades.

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Isso se torna ainda mais inspirador quando se pensa no tamanho e na importância da aviação como meio de transporte de massa: em 2019, cerca de 4,5 bilhões de pessoas cruzaram os céus do mundo a bordo de uma aeronave, ou seja, mais da metade da população do planeta. Só na Gol foram mais de 36 milhões de clientes transportados. A partir de números revelados por órgãos como OACI e Iata, é possível demonstrar a dimensão dos indicativos atuais: para correr algum risco de acidente fatal, um passageiro precisa voar todos os dias,


sem exceção, durante cerca de 27 mil anos. Incrível, não? Índices tão promissores não são obra do acaso. A tecnologia tem ajudado muito, seja por meio de aeronaves e motores cada vez mais confiáveis, seja por conta dos avançados sistemas de controle de tráfego aéreo ou por meio de sofisticadas análises de dados. O treinamento também tem evoluído rapidamente, combinando conhecimentos técnicos com habilidades de gestão para tripulantes e times de solo. As agências reguladoras, como a Anac, também têm contribuído, com requisitos cada vez mais exigentes e, ao mesmo tempo, inteligentes. Contudo, talvez o mais importante fator para que o transporte aéreo tenha se tornado o meio de transporte mais seguro do planeta seja, a capacidade de aprender colaborativamente. As empresas aéreas possuem processos robustos e controles precisos, capazes de identificar rapidamente qualquer problema que possa afetar a segurança. E essas informações são compartilhadas o tempo todo, permitindo que as soluções tenham mais qualidade e sejam incorporadas prontamente por todas as companhias. Esse compartilhamento é feito por meio de uma série de fóruns, grupos de trabalho e reuniões específicas. É o momento em que se baixa a guarda da competitividade para deixar emergir o espírito colaborativo. Com a iniciativa de dividir umas com as outras, de relatórios de segurança a avisos sobre pistas escorregadias à vista, o que se forma é uma rede de conhecimento coletivo que favorece a indústria e, sobretudo, os clientes. PANDEMIA E SEGURANÇA Nesse momento de pandemia, essas mesmas práticas têm sido utilizadas para que o setor aéreo possa aplicar rapidamente as melhores condutas e as mais recentes descobertas sobre formas de reduzir a possibilidade de contágio pelo novo coronavírus. O engajamento pró-uso de máscaras pelos clientes, estabelecido em maio, e de forma pioneira na Gol, foi um sucesso e teve adesão total - destaca-se que, mesmo antes da exigência, 96% deles já as estavam uti-

lizando. Álcool em gel à disposição de todos na cabine, readequação do serviço de bordo, com menor contato físico, e intensificação da limpeza da aeronave (agora em nível hospitalar), são apenas algumas das inúmeras medidas de combate à covid-19 das quais lançamos mão. Isso, sem falar da poderosa presença do filtro HEPA, que elimina do ar mais de 99,9% dos vírus e bactérias, e que está presente em todos os nossos aviões. Tudo para garantir que as pessoas viajem seguras e com tranquilidade. No início da pandemia, diante da necessidade de todos ficarem em casa, a Gol operou uma malha aérea pequena, que chamamos de essencial. Essa malha foi cuidadosamente pensada para manter todas as capitais do País conectadas, transportando cargas urgentes e pessoas que realmente precisassem voar. Isso se mostrou crucial para garantir que equipamentos de saúde, medicamentos e órgãos para transplante chegassem aos seus destinos. Além disso, passamos a oferecer gratuidade no transporte de profissionais da saúde envolvidos no combate à covid-19. Agora, com a flexibilização, começamos a incrementar nossa oferta de voos, atendendo mais destinos nacionais. Tudo com a máxima responsabilidade, e sempre aplicando todas as recomendações dos órgãos de saúde. Não creio que esse “novo normal” - do uso de máscaras ao distanciamento absoluto - venha a ser permanente. Tão logo seja descoberta uma vacina ou medicamento efetivo contra o novo coronavírus, a interação social pouco a pouco voltará a ser praticada, mesmo que com alguns cuidados preventivos. É verdade que causa um certo estranhamento nos deparamos com os aeroportos - verdadeiros organismos vivos - tão vazios atualmente. Porém, após passarmos pelo raio-X, já percebemos uma diferença no ar: cafés em funcionamento, pessoas conversando, algumas risadas... É o ensaio de uma volta à vida. Até que as pessoas possam expor sem disfarces seus sorrisos umas às outras, as empresas aéreas continuarão a fazer o impossível para que voar continue sendo, além de muito seguro, um momento feliz. n

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Mercado

Artur Luiz Andrade

Check list da retomada com a CVC Na retomada das viagens, as empresas de Turismo precisam, entre outras coisas, prestar muita atenção em itens como 1) o reinício com as viagens regionais pelo Brasil; 2) mais opções pelo País a médio prazo; 3) mais canais digitais para se comunicar com o cliente; 4) a digitalização de outros processos; 5) a comunicação multicanal e multiplataforma (o famoso estar onde o passageiro está); 6) dar opções de produtos no Brasil a quem iria viajar para o Exterior; 7) mostrar as oportunidades para viagens a outros países, que têm preços e condições atraentes; 8) passar segu-

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rança desde os protocolos da própria empresa até os dos parceiros na viagem; 9) e ainda apresentar uma política flexível para remarcações e cancelamentos. Isso sem falar em questões como seguro viagem, treinamento de colaboradores, investimento em tecnologia para conhecer melhor e se antecipar aos hábitos do cliente, entre muitas outras. A pandemia chegou para mudar a forma como vendemos e consumimos viagens mais uma vez, e a retomada vem para acelerar algumas transformações. Na CVC Corp, maior grupo de viagens do País, com diversas marcas B2C (venda ao

público final) e B2B (venda ao agente de viagens), esse check-list foi esmiuçado na quarentena e muita coisa já está pronta para ser colocada em prática já em julho, mês da retomada para o grupo. Será o mês em que estará apta a voltar a operar em grande escala (o que não quer dizer que em maio e junho também não tenha embarcado passageiros pontualmente). A CVC Operadora já tem quase mil lojas reabertas (de um total de 1,4 mil) e a previsão é chegar a julho com 25% das vendas pré-crise e no final do ano com 50% (80% delas no nacional).


Marcelo Quintella

TRÊS PRODUTOS Para um retorno mais digital, a CVC foi buscar soluções de uma de suas empresas, a argentina Almundo, e lançou três novos produtos, cuja implantação começa agora e se estende até 2021: um novo site CVC, o novo app Minha Viagem (agora disponível para todo mundo, mesmo não clientes CVC) e o Orçamento Dinâmico (o cliente acompanha o preço de sua viagem e pode fechar a compra até de madrugada, pelo site, mas a comissão vai para a loja). A CVC vê esse diferencial como mais um reforço para seu modelo de franquia, visando atrair agências multimarcas. “Esses novos produtos digitais já seguem a cultura Agile, com conceito MVP (produto mínimo viável), de ir aperfeiçoan-

do conforme a expêriencia do cliente. E o melhor: fortalecem o atendimento humano e personalizado das lojas, colocando a tecnologia para potencializar isso e gerar mais negócios aos agentes de viagens”, explicou o diretor executivo de Produtos Digitais, Marcelo Quintella. “As melhorias nas plataformas são feitas a partir da experiência dos clientes, ou seja, é um modelo de aprendizado colaborativo com os consumidores. São vários ciclos de testes e ajustes até que a plataforma esteja completamente adequada às necessidades dos nossos clientes”. Por isso o novo site, cujo objetivo é oferecer todos os produtos ao cliente, começou com apenas alguns, como ingressos e passeios, e aos poucos serão adicionados os que faltam, como

cruzeiros e seguro viagem. A nova plataforma estará disponível para as primeiras lojas em setembro e até o fim de 2021 para as demais. Já as agências de viagens multimarcas vão herdar o site hoje utilizado pelas lojas. A principal novidade desse pacote digital, porém, é o Orçamento Dinâmico, que depois de um piloto em 30 lojas agora entra em operação para a rede de 1,4 mil lojas franqueadas em todo o Brasil. Por meio dele, o cliente agora pode acompanhar, em tempo real e na palma da mão, a variação de tarifas da viagem desejada no futuro, podendo aproveitar o melhor preço e fechar a reserva da viagem mesmo se a loja física estiver fechada. Até então o orçamento que o

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Emerson Belan

cliente solicitava na loja tinha validade curta, por envolver questões como câmbio do dia, valor das diárias dos hotéis, da cotação dos voos, e as atualizações de preço demandavam a emissão de novos orçamentos pela loja. Agora consultor de viagem gera um link com o destino de interesse do cliente e, por este link, o consumidor acompanha a cotação automaticamente. “A assistência dos nossos especialistas, consultores de viagens, sempre foi o nosso diferencial e entramos em uma nova fase, inédita na nossa história, em que a assistência integral e o cuidado do atendimento humano são potencializados pela tecnologia, ou seja, colocamos a força da marca nos canais e ambientes digitais para gerar vendas e fortalecer o atendimento da loja física”, afirmou o CEO da CVC Corp, Leonel Andrade, em comunicado enviado ao mercado. Ou seja, a CVC encontrou uma forma de a tecnologia e o atendente da loja trabalharem juntos e não competindo um com o outro. FOCO NO CONSUMIDOR O time digital comandado por Quintella, com cerca de 250 colaboradores, trabalha agora, além da evolução e implantação dos produtos, em frentes como data science, para levar mais inteligência à plataforma, machine learning e em customer care, para que o cliente CVC tenha mais autonomia para resolver alguns problemas on-line. “Vamos saber mais sobre o perfil do cliente e ter uma previsão comportamental, nos antecipando ao que ele deseja, sem sermos intrusivos”, exemplifica o diretor.

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“Não concordo que é só uma OTA que tem tecnologia. Os outros não têm porque não fizeram. A aposta omnichannel reconhece a importância do contato humano e de conversar com o cliente, mas com a tecnologia tornando tudo mais eficiente. Na Argentina, já temos, por exemplo, o matchmaking. Se o cliente pede para falar com um especialista em Porto Seguro, o sistema busca e o conecta com o melhor expert no destino. Já um outro pedirá para conversar com um especialista em Nova York e será atendido por outro profissional. Estamos nos preparando para dar ao cliente o atendimento que ele quiser”, finaliza. Marcelo Quintella diz que um dos próximos passos de seu time na CVC Corp será criar produtos e soluções para a área B2B do grupo, com a qual ainda não teve muito contato. O B2B2C da CVC Corp também terá novidades em tecnologia.n


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Produtos da retomada Em produtos, a CVC Operadora serve como guia do que está sendo buscado pelo consumidor nesse momento pré-retomada. Já há vendas para o final do ano, mas tem passageiro embarcando desde já. Segundo o diretor executivo das unidades B2C da CVC Corp, Emerson Belan, a retomada é mesmo regional e doméstica, com viagens curtas, de carro, para perto de casa. Mas já há boa procura de outubro em diante para viagens mais longas e até internacional. Agora em junho já há passa-

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geiros embarcando para a Serra Gaúcha e Santa Catarina, destinos que abriram primeiro no País. “São viagens curtas, de carro, com duas noites de diária”, conta ele, que, assim, pediu reforço na negociação com hotéis e resorts, para essas escapadas de final de semana. As regiões Sul e Centro-Oeste estão na frente como destino para essas viagens regionais, com o Sudeste agora começando a ser buscado, com as reaberturas de Rio de Janeiro e São Paulo, e

o Nordeste ainda não aparecendo no mapa, devido à situação de algumas cidades. “Quando vemos notícias positivas na mídia falando da reabertura da economia, dos destinos, já sabemos que a procura virá. O viajante quer se sentir seguro e acreditamos que a retomada será forte no nacional, especialmente a partir de outubro. Mas já vemos reação nos meses de julho e agosto”, disse ele. Janeiro e fevereiro ainda estão aquém do esperado, em vendas, mas março, segundo Belan já


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registra o mesmo movimento (em buscas e vendas) de novembro deste ano. INTERNACIONAL E os destinos no Exterior? Nesse caso, as buscas são a partir do final do ano, já que muitos países, incluindo o Brasil, estão com restrições para a chegada de turistas, e são viagens guiadas por promoções, caso da Flórida, ou pela imagem positiva do destino, exemplo de Portugal, segundo Belan. Os destinos internacionais mais buscados e vendidos no momento na CVC são Caribe/Cancún disputando a primeira colocação com Flórida, e Portugal na sequência. “Mas já vemos Itália e França apa-

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Preferidos da retomada na CVC

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Destinos perto de casa

2 - Viagens de carro

3 - Escapadas de final de semana

(duas diárias de hospedagem)

4 - Destinos reabertos e que passam segurança 5 - Política flexível para remarcações 6 - Preços atraentes para o Exterior 7 - Caribe/Cancún 8 - Flórida 9 - Portugal 10 - França e Itália 11 - Viagens para o final de ano e verão


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recendo. Já a América do Sul ainda não pegou, por conta das restrições ainda existentes”, contou o diretor da CVC. PREÇOS Segundo ele, o fator preço tem atraído alguns passageiros sim e na CVC os valores estão até metade do preço de janeiro deste ano, em reais, tanto para viagens nacionais como internacionais. Para quem vai substituir a viagem ao Exterior por uma na-

cional, a CVC já tem em seu portfólio marcas como Fasano, Tivoli, Txai e Transamerica Comandatuba. A CVC também está negociando fretamentos nacionais para o verão 2020/2021. “Mais importante que o preço eu destacaria a flexibilidade. O passageiro quer estar seguro para viajar e também seguro para mudar seus planos de viagens. Já negociamos com vários fornecedores nesse sentido”, adiciona Belan.n

Novo diretor A CVC Corp já tem um substituto para Jacques Varaschim para a diretoria de Tecnologia. O novo CIO é Marcelo Leite, que, entre as experiências profissionais mais importantes, foi diretor na área de TI da Schlumberger, do Unibanco, da MasterCard e da Alelo. Seu último e mais duradouro cargo foi como diretor geral da DWQ Expedições. Leite chega com o desafio de comandar a parte tecnológica das dez empresas do grupo, entre B2B e B2C, chefiando a ABC Tower, edifício conhecido como CVC Digital, na rua da Catequese, em Santo André (SP). A despedida de Varaschim, após quase três anos na companhia paulista, foi anunciada na semana passada, mas sua saída efetiva acontecerá em um mês.n

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Marcelo Leite


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