Edição nº 1.432 - Ano 28 | 22 a 28 de julho | www.panrotas.com.br
R$ 11,00
Eduardo Murad (Alagev), Jacqueline Conrado (United) e Gervasio Tanabe (Abracorp)
Abracorp, Alagev e United Airlines apresentam suas visões de como a crise da pandemia de covid-19 pode gerar mudanças e novos negócios na indústria de Viagens e Turismo
PRESIDENTE
José Guillermo Condomí Alcorta
ÍNDICE nº 1.432 | 22 a 28 de julho de 2020 | www.panrotas.com.br
CHIEF EXECUTIVE OFFICER (CEO) José Guilherme Condomí Alcorta (guilherme@panrotas.com.br)
DIRETORA DE MARKETING E EVENTOS Heloisa Prass
CHIEF TECHNOLOGY OFFICER (CTO) Ricardo Jun Iti Tsugawa
REDAÇÃO (redacao@panrotas.com.br)
EDITOR-CHEFE E CHIEF COMMUNICATION OFFICER: Artur Luiz Andrade
(artur@panrotas.com.br) Coordenador de Redação: Rodrigo Vieira (rodrigo@panrotas.com.br) Coordenador Web: Danilo Alves (danilo@panrotas.com.br) Pancorp/Viagens Corporativas: Beatrice Teizen Conteúdo para marcas: Vinicius Novaes e Beatriz Contelli (estagiária) Reportagem: Filip Calixto, Juliana Monaco, Victor Fernandes Fotógrafo: Emerson de Souza (São Paulo) MARKETING Analista: Erica Venturim (erica@panrotas.com.br) CRIAÇÃO Fernanda Souza (fernanda@panrotas.com.br) Pedro Moreno (pedro@panrotas.com.br) COMERCIAL Gerente: Ricardo Sidaras (rsidaras@panrotas.com.br) Executivos: Flávio Sica (sica@panrotas.com.br) João Felipe Santana (joaosantana@panrotas.com.br) Renato Sousa (rsousa@panrotas.com.br) Rene Amorim (rene@panrotas.com.br) Sônia Fonseca (sonia@panrotas.com.br)
Página 04 Editorial - 10 mudanças consolidadas pela pandemia
Página 06 Check-in - Quando voltam os voos internacionais?
Página 16 United Airlines - Diretora para o Brasil, Jacqueline Conrado dá detalhes da operação durante e póscrise
Página 22 Viagens corporativas - Abracorp e Alagev apontam como o setor deve evoluir em cima desta crise
Big Data: Igor Vianna (igorvianna@panrotas.com.br) Jéssica Andrade (jessica@panrotas.com.br) Assistentes: Ítalo Henrique (italo@panrotas.com.br) Rafaela Aragão (rafaela@panrotas.com.br) FALE CONOSCO Matriz: Avenida Jabaquara, 1.761 – Saúde São Paulo - Cep: 04045-901 Tel.: (11) 2764-4800 Brasília: Flavio Trombieri (flavio@panrotas.com.br) Tel: (61) 3224-9565 Rio de Janeiro: Simone Lara (simone@panrotas.com.br) Tel: (21) 2529-2415/98873-2415 Estados Unidos: Helene Chalvire (helene@panrotas.com.br) ASSINATURAS Chefe de Assinaturas: Valderez Wallner Para assinar, ligue no (11) 2764-4816 ou acesse o site www.panrotas.com.br Assinatura anual: R$ 468 Impresso na Referência Gráfica (São Paulo/SP)
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Associações
Parceria Estratégica
Editorial
ESCREVENDO A NOSSA HISTÓRIA A pandemia nos pegou desprevenidos, ainda inebriados pelo carnaval e as perspectivas de crescimento para 2020, mas, passado o susto, agimos rapidamente. E o resultado (que podemos chamar de tendências pós-pandemia, novo normal ou reinvenção dos negócios) já está entre nós, com empresas se aliando, mudanças de rumo e investimentos em novas frentes. Já estamos escrevendo a história do Turismo nos próximos anos e muitas outras soluções e inovações virão. Como as que listamos a seguir. 1 – EMPRESAS COMEÇAM A SE JUNTAR E BUSCAR PARCERIAS Uma das formas mais eficazes de vencer a crise é somar forças. Se aliar (das mais diversas formas possíveis) a empresas que complementam nossos negócios e que antes até poderiam ser consideradas concorrentes diretos. Alguns acordos já foram anunciados em nosso setor e outros virão com certeza, como a agência Sete Mares Turismo com a Uniglobe (em uma joint-venture em viagens corporativas) e o Grupo Arbo com a MH Tour (em que a última passa a usar a estrutura da primeira e dar assessoria em produtos LGBT). Sabemos que mais empresas estão buscando parcerias e tem muita gente conversando sobre os próximos passos, especialmente em segmentos como luxo, viagens corporativas, operação e nichos que prometem sair na frente na retomada. 2 – PROFISSIONAIS INDEPENDENTES Com a grande massa de desempregados e agências de viagens pequenas tendo de repensar seu negócio, cresce o número de consultores independentes, e de empresas criando estruturas para abrigá-los. O luxo é a principal área de atuação. As associações agora precisam também criar mecanismos para receber
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esses profissionais, ou eles continuarão informalmente em grupos de WhatsApp ou em outras iniciativas que apenas dividirão a força da distribuição, que, aliás, deve sair fortalecida da crise. 3 – EMPRESAS MENORES Todas as corporações estão enxugando suas estruturas (o que leva ao item anterior), mas veremos ainda mais demissões e estruturas simplificadas, com o desaparecimento ou fusão de marcas, menos voos, menos opções de produtos. A CVC Corp, maior empresa de Turismo do Brasil, demitiu 180 colaboradores em julho, depois de uma reestruturação de diretores em maio. O mesmo ocorreu com OTAs, agências de viagens corporativas, consolidadoras, entre outras. Estruturas mais enxutas podem levar a mais racionalização de processos e investimento em tecnologia, porém, menos produtos e capacidade pode levar a uma alta de preços. Muitos acreditam que haverá promoções no período inicial da temporada, mas se a oferta não voltar a subir, pode haver uma elevação de preços temporária. 4 – EVENTOS TRANSFERIDOS PARA 2021 A maioria dos eventos, como a Abav Expo, Equipotel, ILTM Latin America e o Fórum PANROTAS, foram transferidos para 2021, com algumas ações on-line ou híbridas previstas para 2020. A Associação das Agências de Viagens (Abav) realiza em setembro um evento on-line no lugar de sua feira, o Abav Collab. As viagens e eventos corporativos também só devem retornar com maior volume no próximo ano, o que tem levado a hotelaria, espaços para eventos e organizadores a investir em novas soluções, pois os encontros, mesmo que à distância, são fundamentais no momento da retomada.
5 – LAZER INTERNACIONAL SÓ EM 2021 Apesar de a maioria das empresas aéreas estar de volta até agosto ou setembro, as operações continuarão limitadas (com menos voos em relação ao período pré-pandemia). As viagens internacionais a lazer devem retornar somente em 2021 e já há vendas nesse sentido. E as de negócios e as consideradas essenciais devem garantir a ocupação das aéreas até o final do ano. O Portal PANROTAS fez um levantamento de quando as empresas planejam retomar suas operações no País. Leia também a entrevista da diretora da United Airlines, Jacqueline Conrado, nesta edição. 6 – LGBT EM ALTA Algumas operadoras, como Orinter, Visual (da CVC Corp) e Diversa Turismo já anunciaram a criação de uma linha de produtos para esse público, que muitos consideram ser um dos primeiros a retomar as viagens. É preciso entender, no entanto, que se trata de um público bastante variado, com objetivos e desejos tão diferentes como os eventos nichados (paradas do orgulho gay, por exemplo), luxo, lua de mel, destination wedding, aventura, ecoturismo, grandes cidades, experiências extremas e viagens em família. Antes de tentar vender, ouça esse cliente e estude sobre destinos e empresas que recebem bem o público LGBT. 7 – LUXO E CRUZEIROS As viagens de luxo dentro do Brasil e para o Exterior são outro foco das agências de viagens e muitas estão investindo no segmento. E há uma grande demanda reprimida por cruzeiros marítimos, que estão demorando a retornar, mas cujas vendas estão boas para 2021. Os cruzeiros fluviais já retomaram na Europa e as vendas para a temporada brasileira de final de ano/verão também estão aquecidas em alguns canais. 8 – BRASIL DE CARRO As viagens de carro para hotéis de pequeno porte têm sido a preferência dos brasileiros,
que querem viajar, mas com segurança, no início da retomada. Mobilidade virou tema essencial para o Turismo e hoje já há mais produtos para os agentes venderem, como o aluguel mensal de veículos e os roteiros de carro pelo País. Aos poucos as companhias aéreas aumentam a malha e vemos que os planos para viagens aéreas nacionais começam a retornar, especialmente para o final do ano, o que só vem a complementar esses roteiros de carro nos destinos. 9 – INFORMAÇÃO ESTIMULA As agências de viagens têm visto que reportagens para o público final, além de vídeos e materiais falando de destinos, atrações e empreendimentos, mostrando os protocolos e as experiências pós-quarentena, surtem efeito imediato em buscas, consultas e até vendas. Portanto, fazer-se presente e ser informativo é chave nesse momento. E preparar o profissional para essa procura pelo cliente. 10 – HOSPEDAGEM DE TODOS OS TIPOS Pesquisa da Booking revelou que brasileiros querem se hospedar preferencialmente em hotéis e pousadas. Mas associações de aluguel de casas por temporada também têm sentido aumento da procura, especialmente para quem quer dar escapadas com a família e continuar trabalhando. O importante é passar segurança sobre protocolos de saúde nas propriedades e destinos. E aos agentes de viagens cabe orientar os clientes sobre cada meio de hospedagem, seja ele hotel ou uma casa de aluguel. A curadoria e consultoria dos agentes não podem se limitar a uma só opção. E essa curadoria deve ser cobrada, como muitos agentes já estão descobrindo nessa pandemia. Há outras tendências em andamento e estaremos atrás delas no Portal e aqui na Revista PANROTAS. O Turismo está mudando e mais do que assistindo a tudo isso, estamos ajudando a escrever e contar essa história. #SomosTodosTurismo.n
Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br
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Check-in Aviação
Para tomar nota
Entre março e junho, o número de voos internacionais no Brasil caiu aproximadamente 90%, com muitas empresas aéreas suspendendo operações no País por completo. No entanto, após um pouco mais de três meses praticamente sem voos do Brasil para o Exterior, as companhias aéreas estrangeiras e também as nacionais já começam a desenhar a retomada das operações no País. Veja abaixo as companhias que já confirmaram o retorno das atividades no Brasil.
de ida para o México estão programados para os dias 18, 20, 25 e 27 de julho, um voo diurno, decolando às 10h30 e chegando às 18h25. Os voos de volta serão realizados nos dias 16, 18, 23, 25 e 30.
Aerolineas Argentinas Os céus argentinos só reabrem para voos regulares em setembro (previsão). Mas a Aerolineas tem feito voos especiais de repatriação e em agosto eles devem ocorrer uma vez por semana, somente para argentinos e residentes, mas podendo ser vendidos pelos agentes de viagens via GDS.
Air France As operações foram mantidas desde o início da pandemia, e foi a única companhia aérea internacional a seguir operando de e para o RioGaleão (GIG). Desde 23 de março, operava três vezes por semana entre Paris (CDG) e São Paulo (GRU) e um voo semanal entre Paris (CDG) e o Rio de Janeiro (GIG). Em 6 de julho passou a ter oito voos semanais, sendo cinco em São Paulo e três no Rio. A companhia ainda estima retorno de operações para Fortaleza (FOR) a
Aeromexico Retomou o voo São Paulo – Cidade do México no sábado (11). Os voos 6
Air Europa O retorno está agendado para o dia 15 de julho, com a volta do conexão entre Madri e São Paulo, realizada três vezes por semana. Em setembro deverão voltar os voos em Salvador e em novembro Recife e Fortaleza serão reintegradas à malha.
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partir de 10 de outubro. Neste mês Air France e KLM deverão atingir 60% da operação pré-pandemia no Brasil. Alitalia A empresa voltará a voar para o Brasil em setembro. A principio deverão ser três frequências semanais entre Roma e São Paulo, e aos poucos a companhia irá retomando sua capacidade até chegar aos três diários entre o Brasil e a Itália (dois de Guarulhos e um do Rio). Amaszonas Empresa deve retornar entre o final de agosto e início de setembro, ainda sem data confirmada. American Airlines A empresa anunciou o retorno dos voos para o Brasil, começando em 6 de agosto com Miami-São Paulo, mas também anunciou o cancelamento das rotas de Los Angeles para São Paulo e de Miami para Brasília. Até o final do ano também voltam as ligações para Dallas e Nova York , e ainda o Manaus-Miami.
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British Airways A partir de 1º de agosto, a aérea deve retomar a rota entre Londres e São Paulo, com operação diária entre as cidades. A companhia aérea estendeu sua programação de voos longos até o final do mês de agosto, com 17 rotas sendo previstas para serem operadas novamente.
Ethiopian Airways A empresa nunca deixou de operar, apenas reduziu a frequência. No momento está com dois voos por semana.
Cabo Verde Airlines Retorna somente em setembro, mas ainda sem confirmação oficial.
Gol Assunção, Santiago, Montevidéu, Lima, Santa Cruz de La Sierra e Buenos Aires a partir de São Paulo (GRU), e Buenos Aires, Rosário e Córdoba a partir do Rio de Janeiro (GIG). A Gol confirma a volta destes voos internacionais de setembro em diante, embora ainda não tenha detalhado o dia exato para o início.
Copa Airlines Empresa prometeu para semana que vem um posicionamento oficial sobre o seu retorno ao País Delta Air Lines Previsão de retorno para agosto, a partir de Guarulhos (SP). Nos sistemas já consta data de 4 de agosto, com vendas ainda fechadas (abertas a partir da operação de 7 de agosto). O voo de Nova York, ainda sem data, deve retornar em codeshare com a Latam. Edelweiss Em outubro, a Edelweiss, subsidiária da Swiss, aérea pertencente ao Lufthansa Group, retomará a rota Zurique-Rio de Janeiro, com dois voos semanais. Emirates Companhia anunciou que retomará voos para São Paulo a partir de 2 de agosto. No entanto, ainda não detalhou a quantidade de frequências do voo São Paulo-Dubai na retomada, nem o equipamento que irá utilizar nessa ligação. A companhia promete mais detalhes para breve.
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Flybondi Não há previsão ainda.
Iberia A partir de 3 de setembro a companhia aérea espanhola retornará, inicialmente com três frequências semanais, ligando São Paulo (GRU) a Madri. O voo decolará do Brasil às 14h30 chegando em Madri às 5h55. Jetsmart Provavelmente retorno em outubro, ainda sem data confirmada KLM Uma das com maior quantidade de voos entre o Brasil e a Europa desde o início da pandemia. De 23 de março em diante, a companhia operou dois semanais entre São Paulo (GRU) e Amsterdã (AMS). A partir de 18 de maio, a frequência aumentou para seis voos semanais (quatro de São Paulo e dois do Rio de Janeiro). Desde 8 de junho, são seis voos para São Paulo e quatro para o Rio de Janeiro. Desde
+Lidas da semana Portal PANROTAS 1 Quando voltam os voos
internacionais ao Brasil? Confira agenda
2 O que fazer depois da
demissão? Lucimar Reis, ex-CVC, escreve artigo
3 38 perguntas sobre
protocolos de saúde e segurança a bordo
13 de julho opera voos diários entre São Paulo e Amsterdã, mesmo nível de antes da crise, e quatro vezes por semana para o Rio de Janeiro. Este programa deve ser mantido ao menos até o fim de agosto.
Swiss A Swiss Airlines retomou sua operação entre Zurique e São Paulo desde o dia 2 de julho, com três voos semanais. A partir de 2 de setembro, esta frequência será aumentada para cinco.
Latam No mês passado, a Latam Brasil retomou suas operações de São Paulo para cinco destinos internacionais: Frankfurt, Londres, Madri, Miami e Santigo. Já neste mês, a companhia aérea oferecerá voos para mais quatro destinos fora do País a partir do aeroporto de Guarulhos: Lisboa, Cidade do México, Ilhas Malvinas e Montevidéu. Já Miami não consta mais entre os voos programados para julho. Ainda em julho, Cidade do México, Frankfurt, Londres, Madri e Montevidéu contarão com três frequências semanais. Já Lisboa contará com cinco frequências (três na sexta-feira, terça-feira e domingo), Santiago contará com voos diários e as Ilhas Malvinas receberão um voo semanal a partir de Guarulhos (quarta-feira).
Tap A companhia opera ligações entre Lisboa e Rio de Janeiro e São Paulo e espera retomar aos poucos as frequências antes da pandemia, dependendo do fim das restrições da União Europeia.
6 O que as melhores empresas
Turkish Airlines Os voos entre São Paulo e Istambul retornarão no dia 2 de setembro. O voo TK 194 vai partir do Aeroporto de Guarulhos às 22h35 e pousar às 17h10 na cidade turca. O retorno será no TK 193, que partirá de Istambul às 13h40 e chega em São Paulo às 20h55. Ida e volta serão operados às segundas, quartas e sábados. Já em outubro, a empresa mais que dobrará a sua oferta, passando de três para sete voos semanais
de capital de até R$ 302 milhões
Lufthansa Sem deixar de voar a rota São PauloFrankfurt desde o início da pandemia, a Lufthansa aumentou sua frequência de três para cinco voos semanais no início de junho. Qatar Desde o dia 4 de julho a companhia aumentou sua frequência de voos entre São Paulo e Doha: passando dos atuais três vezes semanais para cinco voos por semana. E na terça-feira, 14, a companhia anunciou que o voo diário chega um mês antes do previsto, em 1 de agosto, com o A350-1000.
4 Após 7 anos, Adriano Gomes também deixa a CVC Corp
5 Gerente executiva Sueli
Ruotolo deixa a CVC após 34 anos para trabalhar têm a ensinar
7 Destinos do Caribe exigem
de viajantes teste negativo de covid-19
8 CVC Corp anuncia aumento 9 Lucimar Reis deixa a diretoria de aéreo da CVC Corp
10 Veja fotos da reabertura da Disney World, em Orlando
Fonte: Portal PANROTAS
United A aérea está planejando voar 40% de seu cronograma geral em agosto, em comparação com o mesmo período de 2019. Entre eles está programada a retomada do serviço entre Nova York/Newark e São Paulo. A empresa operou apenas São Paulo-Houston durante a pandemia, tendo sido a única americana a manter uma operação entre Brasil e Estados Unidos. Importante *Os voos poderão sofrer alterações sem aviso prévio. Lembrando que as datas acimas poderão ser alteradas de acordo com reabertura de fronteiras e a evolução da pandemia nos países envolvidos. 22 a 28 de julho de 2020 — PANROTAS
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Parceria estratégica As empresas aéreas dos Estados Unidos JetBlue e American Airlines anunciaram uma parceria estratégica que "criará conectividade para viajantes no nordeste dos Estados Unidos, bem como outras opções para clientes em suas redes domésticas e internacionais". Além disso, a parceria busca acelerar a recuperação de cada companhia aérea à medida em que o setor de viagens se adapta às novas tendências no pós-pandemia. A parceria inclui um acordo de aliança que propõe benefícios de codeshare em voos, o que vai aprimorar as ofertas de cada operadora em Nova York e Boston,
impulsionando o crescimento estratégico das duas aéreas. De acordo com a American, os clientes terão vários benefícios da nova parceria, incluindo novas rotas e a ampliação das já existentes, benefícios no programa de fidelidade, entre outros. Após a implementação do acordo de aliança, a American Airlines pretende lançar o serviço entre JFK e TLV (Tel Aviv) e introduzirá um novo serviço sazonal entre JFK e ATH (Atenas, Grécia) no próximo verão, para atender à demanda local. O Rio também ganhará voo sazonal para Nova York, no final de 2021 (inverno americano).
Nova chance
O plano de recuperação judicial da South African Airways foi aprovado pelos credores com 86% de votos a favor. Com isso, o governo da África do Sul vai precisar de US$ 596 milhões para financiar a companhia. “É um importante passo adiante para a companhia aérea e fornece a certeza necessária para uma SAA reestruturada”, disse o administrador da SAA, Siviwe Dongwana. Para que o plano funcione, a 10
frota da companhia aérea precisará ser reduzida, assim como o quadro de funcionários. Como relatado pelo Simple Flying, as operações da companhia aérea serão gradualmente aumentadas à medida que as restrições de viagem forem. A SAA deixou de voar para o Brasil no início deste ano, depois de mais de 50 anos de operação no País. Além disso, outras rotas foram desativadas na mesma época: Munique, Hong Kong e Guangzhou.
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Menos uma
A justiça decretou no último dia 14 a falência da Avianca Brasil, empresa aérea em recuperação judicial desde dezembro de 2018. A companhia de José Efromovich tem 60 dias para apresentar uma relação completa e detalhada dos seus ativos. A decisão foi tomada pelo juiz Tiago Henrique Papaterra Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Foi ele quem acompanhou praticamente todo o processo de recuperação judicial da empresa. No início do mês, a Avianca Brasil pediu à justiça para ter sua falência decretada ao dizer que era incapaz de cumprir o plano de recuperação e honrar suas dívidas que somam um valor aproximado de R$ 2,7 bilhões.
Mercado
Saídas na CVC Corp
Adriano Gomes, Lucimar Reis e Sueli Ruotolo foram três dos 180 desligamentos feitos pela empresa
Há poucos dias a CVC Corp teve perdas significativas em seu quadro de colaboradores. Sueli Ruotolo, Lucimar Reis e Adriano Gomes, respectivamente gerente executiva de Produto Aéreo Nacional, diretora de Aéreo e diretor para os mercados de Rio de Janeiro e Minas Gerais, foram alguns dos nomes que deixaram a companhia. Além deles, segundo apurado pelo Portal PANROTAS, a empresa desligou outros 180 colaboradores. Há 34 anos trabalhando na companhia, Sueli Ruotolo encerrou sua passagem falando em orgulho por sua trajetória, experiência e aprendizado. A executiva entrou no grupo em 1986, pelo departamento rodoviário e logo depois foi transferida para o setor aéreo. Sueli foi responsável pela emissão de bilhetes, controle de bloqueios e reservas aéreas.
No cargo desde outubro de 2018, Lucimar Reis revelou que sua saída foi um acordo entre as partes. "Nesses quase dois anos, eu fui muito feliz. Eu aprendi bastante e foi muito importante estar do outro lado da mesa. Eu saio ainda mais preparada para o mercado", disse ela, em entrevista ao Portal PANROTAS. "Conheci novas pessoas e aprendi muitas coisas novas. Saio ainda mais preparada para o mercado. Desejo muita sorte para essa nova empresa que está sendo construída e acredito que ela continuará sendo a maior da América Latina." Depois de sete anos de casa, Adriano Gomes disse que entende a movimentação e ressalta seu desempenho durante o tempo em que permaneceu. "Abrimos nos últimos quatro anos mais de 60 lojas. Meus resultados foram bastante expressivos e isso me orgulha
bastante", diz. O executivo agora está à procura de novos desafios, em São Paulo e no Rio de Janeiro. As saídas fazem parte de um projeto de reestruturação da companhia, conforme informa a CVC por meio de nota. "A CVC Corp menciona que alguns ajustes foram realizados em sua estrutura organizacional e que são decorrentes da recente reordenação e integração de áreas e negócios, conforme já noticiado, sendo que algumas posições deixam de existir, considerando a simplificação da sua estrutura e aumento de sinergia entre as áreas. A companhia está operando normalmente, com a retomada dos negócios de forma gradativa a partir deste mês, para embarques futuros em destinos domésticos, priorizando fornecedores e regiões que seguem protocolos de segurança". 22 a 28 de julho de 2020 — PANROTAS
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Destinos
A retomada do Turismo na região Norte
A última edição do Check Point reuniu quatro secretários de Turismo da região Norte para discutir a retomada no pós-pandemia: Amazonas, Pará, Tocantins e Amapá. Apesar de estarem relativamente próximos, a situação é um pouco diferente em alguns Estados. No Amazonas, por exemplo, a expectativa é que o Estado volte a receber turistas a partir de setembro. “Esse é o período em que se inicia a temporada de pesca esportiva”, disse a secretária de Turismo, Roselene Medeiros. O Estado, que sofreu com um grande números de casos da doença no início da pandemia, anunciou a retorno do transporte fluvial na quinta-feira (16), incluindo passeios turísticos, como o Encontro das Águas, em Manaus, e ida até hotéis de selva. Já no Pará, apesar de ainda não estar aberto aos turistas de todo o País, a boa notícia é que a movimentação interna já começou. "Nós já temos uma movimentação do Turismo interno, praticado pelos moradores do Estado. As pessoas estão buscando nossas 12
praias, os balneários, já que estamos no verão amazônico. Além disso, esperamos reabrir para o País a partir de setembro”, afirmou o secretário de Turismo do Pará, André Dias. Belém também é palco de um dos principais eventos religiosos do mundo, o Círio de Nazaré, que acontece no segundo domingo de outubro e reúne dois milhões de pessoas. Para este ano, no entanto, ainda não há uma definição sobre a realização do evento. “A organização está fazendo um estudo técnico para saber como se daria o Círio neste ano, para saber sobre os riscos e outras possíveis consequências, mas, até o momento, ainda não houve nenhuma definição oficial”, salientou o secretário de Turismo do Pará. AMAPÁ E TOCANTINS O Amapá, que entrou nesta semana na fase laranja do plano de retomada da economia, pretende trabalhar com foco no ecoturismo na volta das viagens. “Somos banhado pelo rio Amazonas e temos muitas be-
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lezas naturais e esse será um dos nossos focos: a pesca, o mergulho, as comunidades quilombolas, entre outros”. O transporte fluvial de passageiros, um dos principais meios de locomoção, ainda não retornou. “A expectativa é que esse retorno aconteça em agosto”, afirmou Adbon. Agosto também é o mês que o Estado espera voltar a receber mais voos – atualmente, a malha aérea está reduzida. Uma das principais atrações turísticas do Tocantins, o parque do Jalapão deverá ser reaberto apenas depois que os números de casos no Tocantins estiverem controlados. O local está sem receber visitantes desde março, mês que marcou o início da pandemia do novo coronavírus no País. “Nós só vamos abrir o parque do Jalapão quando não tiver mais riscos nem para a população local nem para o turista”, disse a diretora de Projetos da Agência de Turismo do Tocantins, Maria Antônia Valadares.
Viagens Corporativas
Sete Mares anuncia joint-venture com Uniglobe
Rafael Buffara e Rafael Atala Buffara, da Sete Mares
A Sete Mares Turismo, com sede em São Paulo, e atuação nos segmentos de viagens de luxo, corporativo e eventos, anunciou um pacote de investimentos e mudanças para aproveitar as oportunidades do período de retomada que se aproxima. Entre as novidades estão uma joint-venture na área de viagens corporativas com a Uniglobe Travel Brasil e o lançamento de dois programas B2B: um para consultores independentes de viagens de luxo (ICs) e um para a associação de pequenas agências de Mice e eventos. E ainda a contratação de Guilherme Ishikawa como diretor de Marketing. “Após alguns ajustes e readequações redefinimos nosso plano de ação para 2021. Agimos muito rapidamente à chegada da pandemia, adotamos o home office já no começo de março e ao final do mês já estávamos 100% operacionais. A partir disso, passamos a olhar para nossas diferentes operações (Lazer, Operadora e Corporativo) e tomar medidas objetivas para a segurança dos negócios”, contou o CEO da Sete Mares, Rafael Atala Buffara.
o objetivo é “aliar tecnologia e a experiência de mais de 20 anos no mercado de Turismo de luxo”. “Mesmo antes do lançamento já recebemos diversos pedidos de afiliação de agentes independentes”, disse Guilherme Burti, um dos sócios da Sete Mares. Segundo ele, a estrutura da Sete Mares está pronta para receber e atender até 30 consultores independentes após o lançamento. Além disso, a empresa vai apresentar “um novo formato de associação a pequenas agências de Mice e eventos”, prometendo trazer um novo modelo de negócio para o mercado. De acordo com Guilherme Burti, a intenção é parecida com a dos consultores independentes: oferecer a estrutura, os selos, a expertise da Sete Mares para essas agências de pequeno porte, que querem atender seus clientes de uma forma mais robusta e eficiente. O departamento de Eventos e Mice continua sendo tocado pela Sete Mares e não faz parte do contrato com a Uniglobe, que ficou com o atendimento das contas correntes corporativas.
PARA CONSULTORES E AGÊNCIAS No B2B, duas iniciativas marcam o novo período da Sete Mares. A empresa finalizou seu programa de ICs (consultores independentes) para lançamento oficial ao mercado, onde
UNIGLOBE “E no corporativo, estamos muito felizes em anunciar em primeira mão na PANROTAS nosso acordo de jointventure com a Uniglobe, que já era uma grande parceira e agora faz parte
da nossa família”, comentou Burti, que está liderando essas iniciativas B2B. A Uniglobe, dirigida por Patrick Tytgadt, já faz o atendimento de plantão da Sete Mares, há seis anos, e, portanto, conhece bem a forma de trabalhar e a operação da empresa. “Nosso corporativo estava crescendo bastante e vimos que o melhor seria buscar um parceiro para essa joint-venture entre as duas empresas. Por enquanto, durante a pandemia, nada muda, mas depois visitaremos todos os clientes para mostrar que é uma mudança para melhor e que o DNA da Sete Mares estará presente”, explicou. TECNOLOGIA Na área da tecnologia, investimentos estão sendo feitos para tornar ainda mais ágil e eficiente o trabalho dos consultores e ICs, com a implantação de um novo sistema de CRM e Atendimento. “Sem contar que essa inovação também aumentará consideravelmente a capacidade de atendimento da rede de agências parceiras”, acrescentou Burti. “O mercado e os clientes podem esperar muito da Sete Mares para 2020, estamos confiantes que atravessaremos as tormentas mundiais e sairemos ainda mais fortes”, acrescentaram Rafael Buffara e Beth Buffara, sócios fundadores da companhia. 22 a 28 de julho de 2020 — PANROTAS
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Abracorp acumula dados negativos
+Lidas da semana PANCORP 1 O que fazer depois da
demissão? Lucimar Reis, exCVC, escreve artigo
2 O que as melhores empresas para trabalhar têm a ensinar
3 Alagev lança grupo no
LinkedIn para vagas de trabalho
4 Sete Mares: joint-venture com Uniglobe e programa de ICs no luxo
5 Abracorp acumula dados
negativos e propõe campanha pelo Brasil
6 Grupo Arbaitman chega a 21% das vendas prépandemia
7 Voos da Delta devem voltar ao Brasil em agosto
Gervasio Tanabe e Carlos Prado, da Abracorp
Dados da Abracorp continuam mostrando quedas acentuadas na movimentação de viagens corporativas no País: março (-54,2%), abril (-91,9%) e maio (-91,4%) são o extremo oposto dos mesmos meses no ano passado. Enquanto o segundo trimestre de 2019 registrava crescimento total de 18% nas vendas, com o destaque para o aumento no consumo de passagens aéreas nacionais (38,6%), sob os efeitos gerados pelo novo coronavírus, em maio as vendas para voos nacionais despencaram: -95,7%. O menor nível de retração das vendas se deu no segmento da locação nacional de automóveis, com -41,7%. “Essa pode ser mais uma sinalização de que a retomada da demanda, incluindo as viagens corporativas, tende a ter início a partir do fortalecimento do mercado doméstico, como prevê a OMT”, ponderou o presidente executivo da entidade, Gervasio Tanabe.
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8 Empresas: 49% prontas para SUPERA TURISMO Diante desse cenário, a Abracorp é uma das entidades engajadas no Movimento Supera Turismo Brasil, que destaca a importância da atividade como vetor estratégico para prover desenvolvimento sustentável do País. “Várias boas iniciativas foram realizadas, em diferentes governos, mas nunca foi implementado um modelo de desenvolvimento sustentável na transformação da qualificada matéria-prima turística nacional”, ressaltou o presidente do Conselho de Administração da associação e cofundador do Movimento Supera Turismo Brasil, Carlos Prado. Para a Abracorp e o Movimento Supera Turismo, o momento favorece a realização de campanhas educativas voltadas à valorização dos atrativos turísticos nacionais e ao aumento da percepção sobre a importância do setor como fato econômico, de extraordinária relevância social. n
viajar e 56% mudaram política de viagem
9 Air France-KLM amplia operação no Brasil em setembro e outubro
10 MTur e OMT lançam
concurso de inovação para retomar o setor
Fonte: PANCORP
Aviação
COMPROMETIDA COM O BRASIL Artur Luiz Andrade
A United Airlines, única empresa americana que manteve um voo regular entre o Brasil e os Estados Unidos durante os primeiros meses da pandemia de covid-19, garante que o mercado brasileiro é estratégico para a companhia e, assim como ocorreu em outras crises, espera uma recuperação da América Latina mais assertiva que em outros mercados. A diretora Brasil, Jacqueline Conrado, conversou com a Revista PANROTAS sobre as mudanças na operação e na estrutura no País, os novos protocolos a bordo e nos aeroportos e os planos da United Airlines para a região.
REVISTA PANROTAS – A United foi a única empresa americana a manter um voo diário entre o Brasil e os Estados Unidos durante os piores meses da pandemia. Qual o balanço dessa operação emergencial? Foi uma decisão rentável? JACQUELINE CONRADO – O Brasil continua sendo um mercado extremamente estratégico para a United, por isso, a importância de manter nossa operação (São Paulo-Houston) diária em nossa malha internacional, bastante reduzida nesse momento tão desafiador e dinâmico da nossa indústria. Continuamos acreditando e investindo no mercado brasileiro, isso não muda, mesmo nos tempos atuais. E essa decisão se mostrou assertiva, pois reforça o nosso compromisso com o Brasil e com os nossos parceiros e clientes. Além de São Paulo-Houston, nossa operação São Paulo-Nova York retorna agora no início de agosto (previsto retorno para 6/8, três vezes por semana, com o Boeing 787-9). A manutenção da operação foi e continua sendo importante para atender passageiros que precisam visitar seus familiares e cumprir 16
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Jacqueline Conrado, diretora Brasil da United Airlines
seus compromissos de trabalho ou fazer negócios. Além disso, também contribuímos com a repatriação de passageiros de outros países da América do Sul que estão com suas fronteiras fechadas e/ou operações suspensas. RP – E como foi a implantação dos protocolos de saúde e segurança? JACQUELINE – A segurança continua sendo prioridade número um para a United, por isso, elevamos ainda mais os nossos protocolos de higienização e limpeza, que já eram rigorosos, e lançamos o United CleanPlus, plataforma que reúne a
marca mais confiável em desinfecção de superfícies (Clorox) com os principais especialistas médicos dos Estados Unidos (Cleveland Clinic), trazendo o aconselhamento e conhecimento técnico para o desenvolvimento de novos processos e para garantir que cada passo da viagem seja segura. Quanto mais sabemos sobre o vírus, novos protocolos são implementados. Também fomos a primeira companhia aérea a exigir o uso de máscara em nossas aeronaves, além da implementação de medidas de distanciamento social para garantir o mínimo de contato entre agentes e
clientes e reduzir os pontos de contato durante a viagem, tudo isso para garantir a saúde e a segurança dos passageiros para que se sintam seguros para viajar. Consideramos o fato de sermos a única companhia aérea que continuou operando diariamente no País um motivo de grande orgulho. Para a United, o apoio contínuo aos nossos clientes e parceiros é fundamental, e acreditamos que essas ações nos fortalecem ainda mais. RP – Como será a retomada de voos internacionais? A malha estará menor? Qual a importância do Brasil e da América do Sul? JACQUELINE – Estamos passando por um momento sem precedentes e com um cenário muito dinâmico, por isso, buscamos nos adaptar rapidamente às necessidades do mercado e da demanda. Um outro fator importante para o planejamento do retorno de rotas é o fechamento da fronteira entre países, e continuamos monitorando junto aos orgãos responsáveis. A retomada dos voos internacionais acontecerá gradualmente, de acordo com a demanda observada em cada mercado e de pesquisas realizadas com clientes que apontam os destinos que serão importantes e fundamentais na retomada da nossa operação. Mais uma vez, estamos colocando os clientes no centro das nossas ações e avaliando as suas necessidades na tomada de decisão. Em crises anteriores, a América Latina foi a primeira região a se recuperar, liderada pelo Brasil, por isso continuamos acreditando em nosso mercado e no seu potencial de retomada. RP – Como ficou a relação com o trade durante a pandemia? E quais os planos para a retomada? JACQUELINE – A United sempre esteve bastante presente e apoiando seus parceiros, e esse momento desafiador nos trouxe a oportunidade de estarmos ainda mais próximos. Para nós, o compromisso com os clientes é um pilar fundamental, ainda mais diante desse cenário que afetou tão fortemente a nossa indústria. Nossa equipe está ainda mais engajada e disponível para que possamos atravessar esse momento juntos, e para que nós saiamos
desta crise mais fortes e unidos. A comunicação nunca foi tão importante, por isso, fazemos questão de informar sobre todas as mudanças, procedimentos e medidas adotadas durante a crise, enquanto nos adaptamos e nos preparamos para uma retomada. Estaremos prontos e preparados para quando a demanda voltar. RP – Já há um cronograma de voos para os próximos meses no Brasil? Acredita que a operação pré-pandemia voltará em quanto tempo? JACQUELINE – Além do voo diário para Houston, a ligação São Paulo-Nova York/EWR retornará no dia 6 de agosto, inicialmente três vezes por semana (às segundas, quintas e sábados) com o Boeing 787-9 Dreamliner. O retorno do voo para Nova York reforça ainda mais o compromisso da United com o nosso mercado, mesmo ainda diante de um cenário desafiador para a indústria. O apoio aos nossos clientes e ao mercado brasileiro segue mais forte do que nunca. Continuamos avaliando todas as oportunidades e estamos atentos aos movimentos do mercado. RP – Como a experiência a bordo e nos aeroportos foi impactada? O que a United fez para tornar essa experiência mais segura e também agradável? JACQUELINE – A United sempre investiu em tecnologia e inovação e, nos últimos anos, foi pioneira no lançamento de diversos produtos que comprovam esses investimentos. E, em um momento em que temos que nos readaptar para garantir a segurança dos nossos passageiros, reforçamos esses investimentos para garantir uma experiência cada vez mais digital aos nossos clientes, além do investimento em produtos de higienização e desinfecção que passaram a ser utilizados em nossas aeronaves. O feedback que temos recebido dos clientes viajando conosco nos últimos meses mostra que estamos no caminho certo, pois eles estão muito bem impressionados com todas as medidas implementadas e afirmam que se sentem bastante seguros e confortáveis viajando com a United. E, com o objetivo de oferecer um padrão de limpeza líder no setor, a United lançou o United CleanPlus, que conta com o endosso e conhecimento técni15 a 21 de julho de 2020 — PANROTAS
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co de especialistas. As principais medidas tomadas durante esse período incluem:
RP – Os preços dos bilhetes internacionais e domésticos estão menores em relação ao pré-pandemia? Como devem se comportar? JACQUELINE – A United continua mantendo preços competitivos no mercado para ajudar os clientes no seu planejamento de viagem. A política de preços dependerá da demanda e capacidade ofertada no momento. Com um cenário tão dinâmico, é difícil ter total previsibilidade.
covid-19 14 dias antes do voo. Os clientes que não puderem confirmar esses requisitos e optarem por não viajar poderão reagendar seu voo. Todos os serviços oferecidos pela United tiveram que ser readequados à nova realidade e aos protocolos de saúde e segurança. Além das mudanças no processo de embarque e desembarque e medidas de distanciamento social mencionadas anteriormente, o serviço de alimentação e bebidas foi modificado e passou a ser entregue em embalagens individuais e descartáveis; alguns itens que ficavam no encosto dos assentos foram removidos temporariamente para diminuir áreas de contato, além de outras medidas. As salas vip Polaris Lounge e United Club estão sendo reabertas de acordo com a demanda, porém com capacidade reduzida e reforço nas medidas de higienização. Nos aeroportos, as medidas de distanciamento social também estão sendo aplicadas rigorosamente, além de adição de escudos de proteção nos balcões de check-in, implementação de totens para check-in com redução de contato, entre outras. Acreditamos que algumas dessas medidas serão adotadas como padrão e farão parte do nosso novo normal. Estamos inovando para oferecer um amanhã mais saudável e seguro.
RP – Como ficaram o serviço de bordo, o entretenimento, as salas vips e outras experiências dentro das aeronaves ou nos aeroportos? JACQUELINE – Para reforçar que a segurança dos nossos clientes vem em primeiro lugar, novos protocolos estão sendo adotados ou modificados durante a pandemia. Fomos a primeira grande companhia aérea dos EUA a pedir a todos os passageiros que concluam uma autoavaliação de saúde durante o processo de check-in. A lista de verificação “Ready to fly” solicita aos clientes que confirmem que não tiveram sintomas relacionados à
RP – A flexibilização das políticas comerciais (reembolso, remarcação, mudanças de itinerário) é algo muito importante hoje para o consumidor. O que a United fez nesse sentido e você acredita que essa política mais flexível ainda vá durar muito tempo? JACQUELINE – Queremos oferecer ainda mais segurança e flexibilidade para os clientes também no processo de compra. Caso emitam uma passagem conosco e precisem remarcar sua viagem, estaremos disponíveis para oferecer todo o suporte necessário. A United estendeu a validade dos
• A criação de uma experiência cada vez mais “touchless” (sem contatos físicos); • Uso obrigatório de máscara tanto para passageiro quanto para colaborador; • Novo processo de autoavaliação de saúde antes do embarque; • Mudança no processo de embarque e desembarque; • Fornecimento de lenços para higienização das mãos e kits de limpeza; • Pulverização eletrostática das cabines das aeronaves; • Filtros de alta eficiência (HEPA), que removem até 99,97% das partículas transportadas a bordo; • A possibilidade de escolha do cliente por voos menos cheios.
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bilhetes emitidos entre 1 de maio de 2019 a 31 de março de 2020 para 24 meses, com isenção de multa de alteração, a qual também está vigente para bilhetes emitidos até o final de julho (podendo ser prorrogado). Além disso, implementamos as seguintes mudanças no nosso programa de fidelidade, o MileagePlus: extensão do Status Premier até 31 de janeiro de 2022; redução dos pontos para qualificação Premier para atingir o status em 2022; prorrogação dos PlusPoints por seis meses e isenção da taxa de reembolso de milhas de bilhetes-prêmio MileagePlus. Essas medidas são atualizadas de acordo com a necessidade e reforçadas constantemente para o mercado. Sabemos da importância de sermos flexíveis e parceiros dos clientes diante das inúmeras mudanças que estamos vivendo. RP – A United diminuiu sua estrutura no Brasil? JACQUELINE – Infelizmente a situação nos forçou a tomar decisões extremamente difíceis e, em junho, perdemos uma posição e um profissional excelente e muito querido no trade (o gerente de Vendas Rio, An20
thony Mota). Essa foi a única mudança realizada, o que reforça ainda mais o compromisso da United com o País. RP – Quanto à operação, ela está mais demorada? Há recomendação para o cliente chegar mais cedo ao aeroporto? Que outras dicas você daria ao passageiro? JACQUELINE – A operação não está mais demorada e continuamos recomendando que os passageiros cheguem no aeroporto com pelo menos duas horas de antecedência ao horário de embarque. Todos os demais processos de segurança, regulados pelos órgãos responsáveis, permanecem inalterados. Além de todas as medidas adotadas dentro das aeronaves, a United trabalha para oferecer aos passageiros a segurança que eles precisam, tanto no ar quanto em solo. Foram instaladas placas de acrílico nos balcões de check-in dos aeroportos, medidas de distanciamento social durante o check-in e na imigração foram implementadas, e estamos estimulando os clientes a usarem o aplicativo para realizar o check-in antecipadamen-
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te. Toda a equipe de aeroporto está utilizando máscara. Caso o passageiro não esteja usando máscara, a United oferece a cobertura facial gratuitamente, pois o seu uso se tornou obrigatório dentro de nossas aeronaves. E sempre que uma nova restrição governamental é imposta, informamos os clientes para que eles possam reorganizar a sua viagem. RP – Como está a relação com a Azul nesse período de pandemia? Como viu o acordo da Azul com a Latam? JACQUELINE – A Azul é uma parceira estratégica para a United. Possuímos 8% das ações da companhia aérea brasileira e uma cadeira no Conselho Administrativo. Essa parceria será igualmente importante durante o processo de retomada ajudando a conectar o Brasil aos Estados Unidos. Estamos passando por um momento sem precedentes, então esse processo e essa movimentação de empresas buscando novas formas de parceria e acordos comerciais são naturais, assim como a busca por novas formas de
atender a demanda e conectar os passageiros. RP – O que o trade brasileiro pode esperar da United nos próximos meses e anos? Mudou algo nos principais hubs? A empresa encolheu? JACQUELINE – O Brasil é uma grande prioridade da United e continuará sendo. Nosso foco é ser a companhia aérea de escolha dos brasileiros para os Estados Unidos. Por ser um mercado prioritário na malha global da United, o trade brasileiro pode confiar que continuaremos a realizar investimentos no País, claro que, entendendo que será um novo mercado e adaptado à essa nova realidade e demanda. Investiremos também, cada vez mais, em inovação e tecnologia, para atender às novas necessidades e manter a segurança dos nossos passageiros sempre em primeiro lugar. Importante mencionar que, mesmo no momento mais desafiador da história da nossa indústria, anunciamos na última semana nossa Chief Director para Diversidade, Equidade e Inclusão, devido à importância que o tema tem para o nosso negócio. Além disso, a United acabou de ser reconhecida, pelo quinto ano consecutivo, como a melhor empresa para trabalhar para a inclusão de pessoas com deficiência, com uma pontuação perfeita de 100 no Índice de Igualdade entre Pessoas com Deficiência em 2020 (DEI). Mais do que nunca, o momento requer que as pessoas sejam colocadas em primeiro lugar. A United sairá desta crise como uma empresa mais inovadora, eficiente e focada no cliente e também mais diversa e inclusiva.n
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Viagens Corporativas
UM VELHO NORMAL INCÔMODO PARA AS TMCS Presidente executivo da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), Gervásio Tanabe escreveu recentemente um artigo sobre o que chama "assédio corporativo". Muito se fala no "novo normal" que já começamos a ter e teremos no Turismo global pós-pandemia, desde o hábito dos viajantes, escolhas dos destinos, novas preocupações, prioridades alteradas... Sob o ponto de vista de mercado, muita coisa também está mudando. Estruturas enxutas, home office, novos processos... Mas uma coisa não mudou. Logo um dos problemas mais indigestos que vivem as agências de viagens corporativas (TMCs): são as concorrências no mercado corporativo. Confira o texto e entrevista exclusiva com Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorp e, na sequência, o ponto de vista do diretor executivo da Associação Latino Americana de Gestores de Viagens e Eventos Corporativos (Alagev), Eduardo Murad, a respeito das colocações do colega.
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Artigo
O "ASSÉDIO MORAL CORPORATIVO" E O NOVO NORMAL É chover no molhado comentar sobre os efeitos que a pandemia provoca no ecossistema do Turismo, o setor mais atingido em toda essa crise. O segmento de viagens está quase parado, com exceção de poucos setores produtivos. E isso independe do segmento abordado - corporativo, lazer, educação, eventos. Mas enfim, o novo normal fala das mudanças de comportamento de pessoas e empresas e dos protocolos. Correto? Não. O novo normal é o velho normal. É a constatação do “assédio moral corporativo”, recentemente debatido por um executivo do setor de eventos. Falamos de concorrências no mercado corporativo. Falamos de empresas bilionárias que defendem a atenção ao cliente e à cadeia de suprimentos como fundamentais nesse novo normal, balizados na Bíblia da governança corporativa, entre outros belos substantivos. Sim, belos substantivos que compõem o mosaico dos sites dessas organizações. Ainda que não saibamos, ao certo, sobre uma linha de tempo e volume de retomada das viagens, o que está acontecendo é a insanidade das concorrências, as famosas RFPs (request for proposals) que circulam no mercado. Propostas que exigem das agências de viagens corporativas e eventos e de outros prestadores de serviços, tão impactados com a covid-19, pagamento antecipado de percentual do volume a ser gasto. Exato, você entendeu bem, são depósitos a título de caução, para garantir a entrega
Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorp
futura dos serviços prestados. E depois, quem sabe, a contratante pretenda efetuar os pagamentos devidos com prazos de 60, 90 ou 120 dias. Que mundo surreal é esse? Isso é “assédio moral corporativo”. Falando em prazos, você leitor sabe qual é o prazo de faturamento aéreo? Bem, se a agência de viagens comprar uma passagem no dia 1º, ela terá que pagar à companhia aérea no dia 17 do mesmo mês. Num hotel, talvez o prazo seja um pouco maior, 20 dias, quando muito. E quando a agência sugere a implantação de algo mais seguro como o cartão de crédito ao cliente, aí vem a velha resposta. Ele, o cliente, não está maduro o suficiente para distribuir o cartão de crédito para o colaborador, entenda-se, talvez, maduro por falta de confiança no colaborador, muitas vezes. Ou que os trâmites burocráticos de pagamentos não permitem que a empresa consiga cumprir o prazo oferecido pelo cartão de crédito, embora essa mesma empresa use o cartão de crédito, nos Estados Unidos ou na Europa. Aqui o cenário é um pouco diferente. Esse tipo de empresa, parece, prefere a burocracia à praticidade, sob o pretexto de uma tal insegurança nas transações ou por que, de fato, prefere praticar o “assédio moral corporativo”? Outro argumento recorrente é o risco de fraude. Inaceitável: o Brasil é um dos líderes mundiais em segurança nas transações financeiras e bancárias e o reembolso de despesas à base de recibos e
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notinhas é que de fato traz riscos de fraude e burocratiza o processo. A rigor, uma empresa dessas sem escrúpulo corporativo faz uso de seu poder econômico para pressionar os elos mais sensíveis da cadeia, como as agências de viagens e eventos e mais uma dezena de serviços, para que essas se curvem às práticas absolutamente incompreensíveis e insustentáveis. Mas o “assédio” não para por aí. Esse tipo de empresa impõe exigências sem o devido reconhecimento ao valor agregado do profissional, como por exemplo, consultores de atendimento bilíngues. Pagar por esse serviço diferenciado é algo fora da cartilha desse tipo de empresa. Vamos mais além, cobrança de percentual sobre o volume total de compras, caso a agência não cumpra o SLA definido. Correto uma penalidade, mas veja, sobre o volume total do orçamento? Isso é ultrajante e claro desrespeito às leis de negócios tidos como sustentáveis. Por outro lado, algumas empresas, nesse mundo disruptivo, querem oferecer liberdade de escolha aos seus viajantes. Perfeito, porém, exigem que a TMC faça o acompanhamento e pior, ela será penalizada caso o viajante ache algo, digamos, mais barato nos vários canais de vendas disponíveis nesse
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traiçoeiro mundo on-line. Decerto, entendendo que a dinâmica de viagens é tal como comprar ativos simples como parafusos, esse tipo de cliente imagina que distribuição de conteúdo é igualmente simples e gratuita. O fornecedor que se vire nos 30. A suposição de que cuidar do viajante nesse mundo pandêmico e disruptivo é coisa simples. Ledo engano. O momento é oportuno e convidamos as empresas à reflexão sobre os pilares da sustentabilidade. Tornar a cadeia sustentável é papel protagonista do cliente, sim. Com o apoio da KPMG, está em curso a implantação de um canal de comunicação Abracorp, um canal onde nosso associado poderá se manifestar, caso ele perceba que os princípios de valor estejam sendo feridos e corrompidos. Esse canal Abracorp servirá, igualmente, para apoiar os demais elos do ecossistema, clientes e fornecedores, para que essas possam ter uma convivência harmônica, tendo como base a governança e a sustentabilidade nas relações de negócio, principalmente, com as TMCs Abracorp. Afinal, essa é a missão da Abracorp: buscar o desenvolvimento do setor, caminhando juntos num momento tão crítico como esse da pandemia.n
ENTREVISTA COM
GERVÁSIO TANABE REVISTA PANROTAS – Como foi a repercussão do artigo? Houve feedback de clientes, fornecedores e demais players? GERVÁSIO TANABE – Sim, acho que foi positivo, principalmente fornecedores ratificaram o pensamento. Logo, imagino que eles também passem por experiências parecidas.
RP – Acredita que o cenário pós-pandemia pode ser favorável às mudanças sugeridas? Por quê? TANABE – Com certeza. Em todo lugar, vemos manifestações de empresários que afirmam que a pandemia trouxe, sim, mudança na forma como os negócios são vistos e praticados. Na semana passada, postei no LinkedIn, uma matéria da CEO da Procter & Gamble, Juliana Azevedo, na qual, ela afirma que “o tempo em que as empresas tinham o lucro como única preocupação ficou para trás e a pandemia acelerou esse processo”. É nisso que também acredito. Estamos vendo a situação do setor. Diariamente vemos nas mídias sociais colegas sendo dispensados das empresas. RP – A Abracorp sugere uma série de medidas que os clientes podem adotar pela sustentabilidade do setor. E as TMCs? Qual o dever de casa do segmento para que essa sustentabilidade seja garantida? TANABE – Também as TMCs têm, sim, sua lição de casa. Primeiro de tudo, parece-me mais sensato, é mostrar ao cliente sobre o que pode ser sustentável ou não. Existem novos custos, mas também, oportunidades para novas receitas. Muitos clientes das TMCs da Abracorp, pelo feedback que nos chegam, têm, sim, a preocupação de que a relação seja de médio e longo prazo. Porque há transparência
na relação. Isso é ponto fundamental, transparência. Feito isso, tudo é mais fácil para ambos os lados. RP – Como vê o papel das TMCs no pós-pandemia? Há mais riscos, responsabilidades e regras... como o profissional de viagens corporativas pode ajudar gestores e empresas nesse novo cenário? TANABE – Reestruturar-se de maneira a colocar o cliente, definitivamente, no topo de sua escala de atenção. A tecnologia disponível é apenas o meio para essa finalidade, como temos dito sempre. Cada vez mais a capacidade de análise e gestão da TMC torna-se fundamental para auxiliar o cliente. Ela, TMC, tem que se aprofundar nas necessidades do cliente, ter uma direção proativa e antever-se com propostas de solução. Fazer parte do plano do cliente, isso é coisa de médio prazo, não é de curto prazo. RP – Que papel a tecnologia desempenhará no pós-pandemia e que investimentos precisam ser feitos por TMCs, fornecedores e clientes? TANABE – O mundo é, cada vez mais, disruptivo. E cabe, com certeza, à TMC, atuar como um verdadeiro marketplace, para que o cliente tenha acesso ao mais amplo cenário de oportunidades. Mas isso tem um custo. Uma plataforma de OBT, simples que seja, tem custos, construção de BI, além de acesso a todos os conteúdos possíveis. Mas, por outro lado, cada vez mais, torna-se maior a responsabilidade do cliente, em relação à segurança e à saúde de seu colaborador. O cenário da pandemia é um exemplo disso. Como saber se o colaborador, dentro do mundo louco da internet, está seguro, ao ter a liberdade de escolha
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do hotel onde vai ficar, do voo que vai pegar. Enfim, isso tem, agora, componentes mais fortes do que simples acordos de tarifas. RP – A forma de remuneração das TMCs pode mudar no pós-pandemia? Qual seria a evolução do modelo atual? TANABE – Já mudou, na verdade. Há tempos a remuneração vem do cliente final. O que é corretíssimo. O beneficiário do serviço tem que pagar pelo benefício ou serviço obtido. Ninguém mais. Esse é o ponto fundamental da relação cliente/TMC. Ai entra o que abordamos nas questões anteriores, quanto mais transparente for a relação, mais segura ela se torna. RP – Ainda sobre a remuneração, muito se fala em concorrências em que há TMCs que oferecem valores irrisórios e até custo zero para as taxas de serviço (fees)... Isso pode se agravar no pós-pandemia ou, pela sustentabilidade do setor, a prática também deve acabar? Como a Abracorp aborda esse tema com seus associados? TANABE – Na Abracorp, não abordamos qualquer ponto que se refira a precificação. Mas abordamos sobre questões de custos. Por isso, inclusive, tentamos discutir processos com toda a cadeia, no sentido de reduzirmos os custos. Existem projetos que envolvemos nossos comitês ou grupos de trabalho com esse objetivo. Note que não abordamos preços em nossa manifestação, mas o que se pede como serviço e que, se não reconhecido, compromete, sim, a sustentabilidade de uma TMC. Esse é o ponto mais sensível. RP – E a relação com fornecedores? Como está evoluindo? Como a flexibilização de regras vai entrar no dia a dia da gestão de viagens corporativas? Como evitar desperdícios? Como ficam as tarifas negociadas para o corporativo? Melhor apostar em um modelo de tarifa dinâmica? TANABE – As tarifas dinâmicas já existem em todos os mercados e segmentos. O principal ponto é que os acordos são meros documentos que prestigiam A ou B no determinado momento. Não há o compromisso do
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prazo mínimo aceitável. Ou seja, propostas são, às vezes, usadas como pretexto para a tentativa de baixar preços. Aí entra, talvez, o que disse a CEO da Procter & Gamble, o lucro como único objetivo tem que dar lugar a uma visão mais consistente e que tenha o compromisso sustentável como base. O argumento da menor tarifa é sempre a desculpa do mercado. Todo o setor foi duramente penalizado com a pandemia. Os ditos protocolos vão gerar custos para as empresas. A capacidade de oferta não será a mesma no pós-pandemia. Portanto, acreditamos que as relações terão um peso maior do compromisso e o entendimento do cenário como base negocial.
RP – Como a Abracorp vê a retomada das viagens corporativas? Já há sinais de retomada? Onde? Em que segmentos e destinos? TANABE – São muito baixos os sinais, ainda. O BI Abracorp indica queda de mais 90% em relação ao mesmo período no ano anterior. Logo, muito fraco. Estamos nos movimentando para que as TMCs e os fornecedores divulguem, ao máximo possível, as providencias que foram tomadas em relação aos protocolos sanitários. Precisamos sensibilizar o viajante de que tendo ele atenção aos seus cuidados pessoais, as empresas estão preparadas para dar continuidade à sua proteção. Os segmentos que têm as demandas maiores são aqueles envolvidos diretamente com a própria pandemia, ou seja, saúde, alimentação, telecom. Mas os destinos nos preocupam, pois a dinâmica em relação à abertura das atividades é muito volátil, uma cidade que ontem estava aberta para as atividades, hoje pode estar fechada. A TMC tem que estar muito atenta a isso, no sentido de auxiliar o cliente na decisão de viagem. RP – Como o setor de Viagens Corporativas estará depois da pandemia? Como fortalecê-lo? Que mudanças, além das sugeridas em seu artigo,
podem ser feitas com mais facilidade, com foco na melhoria do setor? TANABE – É uma incógnita avaliar como serão as viagens corporativas pós-pandemia. O fato é que a dinâmica dos protocolos de higiene tem que ser ponto prioritário para as empresas, de agora em diante. Assim, dar ao seu viajante opção de escolha, buscando os serviços diretamente na internet, é muito arriscado. Sabemos que o País tem uma legislação trabalhista bastante exigente. Portanto, o barato pode sair caro. Não existem milagres. Já sabemos disso. As relações devem ter a transparência como base para tudo. Pensando nisso é que vamos lançar, nas próximas semanas, o CANAL DE TRANSPARENCIA ABRACORP, um canal para contribuir com todo o mercado, o cliente, o fornecedor e, claro, a TMC Abracorp. Para isso, contratamos o sistema da KPMG, que fará toda a gestão desse canal e que já atua com muitas empresas no Brasil, com o mesmo objetivo de proporcionar um ambiente cada vez mais sustentável. Para fortalecer o setor, estamos engajados no Movimento Supera Turismo – o qual mobiliza todas as entidades representativas do trade de Turismo em torno de objetivos de interesse coletivo.n
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ENTREVISTA COM
EDUARDO MURAD
DIRETOR EXECUTIVO DA ALAGEV REVISTA PANROTAS – Como a Alagev enxerga o posicionamento da Abracorp? EDUARDO MURAD – As sugestões da Abracorp são legítimas. Esta é uma discussão que sempre existiu, e se pararmos para observar o custo da TMC dentro do custo total da viagem, não chega a 5%. Na verdade a média é de 3%. Então as empresas têm de entender que para ter um ecossistema saudável de negócios é preciso pensar em todas as cadeias. Não só na TMC, mas no hotel, que também tem de pagar seus fornecedores finais. Enfim, todo mundo tem de ser observado nesta cadeia de suprimentos que é a cadeia de viagens corporativas. Portanto, esse movimento, que a Abracorp tem conduzido há bastante tempo, é super legítimo. Temos agências de viagens dentro da associação. Temos uma comunidade ativa, que é a comunidade das agências corporativas, em que trabalhamos os temas para reforçar a importância da agência corporativa dentro do ecossistema de viagens, inclusive. O problema é que muitas empresas tratam a TMC como qualquer commodity, como na comparação do Tanabe. Por outro lado, acontece de muitas TMCs entrarem nesse jogo e de certa forma aceitarem ser tratadas como commodities. Como o mercado de agências é muito fragmentado, é difícil haver uma organização ou mobilização. Então, existem agências grandes que entendem que isso é maléfico para a cadeia, mas por outro lado existem agências menores que topam trabalhar com 90 dias e um fee muito baixo. Aí é uma escolha da agência, mas a conta não se paga. RP – A sobrevivência de agências corporativas está em risco?
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MURAD – Não existe mágica, e é por isso que falamos tanto de transparência, entender a estrutura desses fees baixos e pagamentos em 90 dias. A agência tem de sobreviver. A agência não é ONG. Elas têm de tirar receita de algum lugar, e essa receita vem dos fornecedores. Isso é claro para todo mundo, mas não adianta o gestor de viagens apertar. Tenho acompanhado processos de concorrência em que o fee é de um centavo. Isso não existe. Não se paga nenhuma operação com fee de um centavo. Mas ainda existem clientes grandes, principalmente do setor público, em que os bids são abertos, a gente consegue ver isso e nosso papel é tentar mudar. As sugestões são pertinentes. O mercado precisa ser educado dos dois lados para que haja uma coexistência sadia. RP – E como resolver esses problemas? MURAD – É preciso trilhar um caminho educativo. A Alagev também se empenha nesta causa. É mostrar que pode e deve existir uma relação sadia e sustentável na cadeia produtiva. RP – O que é crucial para ser “ensinado”? MURAD – É fundamental mostrar que, em negociações, o transaction fee é hoje a maior parcela de precificação das agências de viagens, com um fee muito baixo. As agências são apertadas em concorrências absurdas, e muitas vezes a conta não fecha. Se fizermos uma análise breve, vemos que existe uma nova gestão em viagens: muita gente está inovando, ou os mais experientes se esqueceram de como se faz a composição de custo de uma agência. O custo de transação nada mais é do que a soma de todos os custos, diretos e indiretos,
que a agência tem para atender aquele cliente, somado à margem de lucro que a agência tem de ter. Aí divide-se pelo número de transações para se encontrar o transaction fee. Mas como isso se commoditizou, é preciso ter um cuidado muito grande ao tratar a negociação de serviço por meio de um custo de transação. E isso é algo que foi se perdendo. Óbvio que tem outros serviços que uma empresa paga por transação, mas no caso da agência de viagens esse serviço foi commoditizado, pois se trabalha com custo de transação e quando você trabalha só com isso, o preço acaba sendo jogado lá para baixo. Isso tornou a concorrência mais agressiva, e na concorrência o preço acaba ficando acima de tudo. Então, é uma questão de educação. Trabalhar transparência nas negociações e mostrar a importância da TMC na cadeia é um papel fundamental de Abracorp, Alagev e outras associações. É preciso mostrar o valor agregado dos serviços, senão as agências vão acabar como commodities e entrar nessas negociações de 90 dias, até 120 dias, e com fees absurdos. Acima de tudo educação no mercado, comunicação e dar um passo para trás e mostrar como se compõem os preços e, como diz o Tanabe, mostrar como a indústria se comporta. RP – O que precisa ser colocado em prática? MURAD – Levar ao pessoal do departamento de Compras, que geralmente é quem define esses processos agressivos, a dinâmica da cadeia de Turismo. Como mostra o exemplo do Tanabe sobre a diferença entre pagar um bilhete aéreo faturado ou acomodação em um hotel: existe todo um processo de faturamento, desde a chegada da nota fiscal na agência, a conferência, o pagamento... As agências estão financiando clientes gigantes, sem ganhar por isso. Agência de viagens não é banco, mas muitas vezes acaba desempenhando o papel de um. Outra resolução é trabalhar com meio de pagamento eletrônico: claro, cartão de crédito como forma de pagamento, mas temos de falar do meio de pagamento, do processo de pagamento, automatização do processo end-to-end, com o expense. Como o Tanabe bem falou, a questão de a empresa não ter o controle do funcionário não pode existir mais. Eu mesmo, quando fui gestor, trabalhava em uma multinacional com 15 mil cartões de crédito e auditoria constante pra
Eduardo Murad, diretor executivo da Alagev
não ter fraude. Dentro do sistema de expense dá para se fazer isso, sim. Tem várias soluções. RP – A pandemia afeta essas decisões? Como? MURAD – Dessa pandemia esperamos empatia dos gestores. Esperamos que a pandemia abra a visão dos empresários e gestores para a sustentabilidade da empresa. Pois nesse momento estamos todos sentindo o impacto da crise, no Turismo principalmente, e os gestores têm de estar preocupados com a saúde financeira de seus provedores,, seja agência, seja hotel. Os gestores têm de revisar todo o processo desses prazos de pagamentos absurdos, pois isso impacta diretamente a sustentabilidade da empresa. Com fees baixos, com volume a 10% do normal, com equipes e estruturas a serem pagas... não será sustentável. O gestor de viagens realmente tem de estar atento à sustentabilidade da sua cadeia de fornecimento. Esse é um papel crucial não só
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do gestor, mas da área de Compras. O profissional de Compras, quando avalia os fornecedores, tem de entender que a saúde financeira da cadeia tem de estar agora em primeiro lugar. E outro fator: neste momento a segurança é essencial. Quem vai ajudar o gestor de viagens a informar e tentar repatriar viajantes neste momento? Fator segurança está acima de preço. Então essa relação tem de ser sustentável, para que o fornecedor e a agência possam entregar um serviço adequado. Todas as ferramentas: atendimento on-line, aplicativos, ferramentas emergenciais, enfim... RP – O que precisa ser revisto na relação clientes-TMCs? MURAD – Revendo os temas de Lactes antigos notase que essa é uma conversa que existe há mais de 15 anos. Quem é mais antigo quer até mudar esse disco. É um assunto esgotado. Fundamentalmente é necessário ter uma relação transparente entre essas partes. Transparência em relação ao custo do fee, se todos os custos precisam ser netos. Toda negociação tem de deixar todos os aspectos bem claros. Transparência. Antes essa relação era velada, mas agora é aberta e tem que ser aberta, pois sabemos que existem comissionamentos por metas. E é justo que o cliente abra mão disso ou não... vai depender do tipo de contrato. É crucial que na hora de sentar e conversar, se deixe claro o que os contratos regem, que receitas serão necessárias para pagar a operação. Tem que mostrar onde a TMC tem seus gastos. A partir do momento em que mudamos para a negociação transacional, muitas vezes acabamos esquecendo a composição de custos. Tem de ter essa transparência, mostrar as melhores negociações e o impacto delas na cadeia. A TMC tem que pensar na cadeia de fornecedores, e não fazê-lo isoladamente. Porque se o cliente atrasa o pagamento e a TMC não tem fluxo de caixa, ela vai acabar atrasando o pagamento para um hotel, por exemplo. Toda a cadeia é impactada. O próprio faturamento é um modelo com um custo absurdo que as empresas não veem. É um custo
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PANROTAS — 22 a 28 de julho de 2020
tanto da agência, do hotel. Custos internos da empresa para processarem essas faturas. Novamente: porque as empresas não estão olhando todos os processos. A pandemia é um bom momento para isso, pois é um momento de diálogo no setor em geral. RP – Que outras mudanças terão de ser aceleradas devido à crise causada pela covid-19? MURAD – Uma mudança que está sendo acelerada, mas precisa de ainda mais foco, é a transformação digital das viagens corporativas. Inclusive no playbook que a Alagev criou de negociações e processos a serem revistos pelo gestor durante a pandemia, é a transformação digital. Por exemplo, se você tem um sistema de reservas on-line (OBT) e não tem uma alta taxa de adoção, agora que caiu o número de viagens é hora de buscar 100% de adesão. É trabalhar a conectividade de todos os canais de distribuição possíveis dentro de seu OBT. É hora de trabalhar reservas de hotéis dentro dele. Existe um ganho de saving, que as empresas tanto buscam, na transformação digital. Em gestão de despesas, por exemplo, está na hora de as empresas deixarem o Excel para lá e adquirirem novos processos. Há muitas empresas, inclusive multinacionais, que têm o processo de report de despesas no Excel. Isso não pode existir mais. Não pode ser manual. O custo de processamento interno desse tipo de processo não é colocado na ponta do lápis, mas precisa ser colocado. Há ferramentas end-to-end que calculam as despesas desde que o funcionário sai. Quanto está gastando de transporte, de aplicativo, de táxi, de refeição. Cada vez mais o gestor tem de abraçar isso e, até por conta de carreira, ele precisa levar essas soluções a suas empresas. Centralizar despesas. Outra mudança é duty of care. Quem não tinha preocupação com duty of care tem de ter. É o cuidado do viajante, é a saúde, segurança e bem-estar de seu profissional. Até pouco tempo atrás as empresas não tinham nenhum processo de emergência ou saúde do viajante. Agora elas são obrigadas a ter. Essa será outra grande mudança. O quanto a questão de saúde dele estará à frente. n
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