Edição nº 1.458 - Ano 29 | 17 a 23 de fevereiro | www.panrotas.com.br
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Cristiano Beraldo, secretário de Turismo do Rio de Janeiro
Depois de uma gestão que via pecado no Turismo e nos grandes eventos, como o Carnaval, a Cidade Maravilhosa se reorganiza para estar pronta para a retomada pós-pandemia. Mas antes disso, é possível visitar o destino com responsabilidade, segurança e ótimas experiências.
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PANROTAS — 3 a 9 de fevereiro de 2021
3 a 9 de fevereiro de 2021 — PANROTAS
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ÍNDICE
nº 1.458 | 17 a 23 de fevereiro de 2021 | www.panrotas.com.br
Página 05 Editorial - Marcas do Turismo
Página 08 Check-in - Destaques do Portal PANROTAS
Página 14 Rio de Janeiro de volta ao jogo - Entrevista com o secretário de Turismo da capital fluminense
Página 18 CVC Corp - 10 novidades da empresa para 2021
Página 24 Hotelaria - Reed Exhibitions e Fohb mostram para onde o setor está indo no Brasil
PRESIDENTE
José Guillermo Condomí Alcorta GESTÃO
José Guilherme Condomí Alcorta
TECNOLOGIA Ricardo Jun Iti Tsugawa
EDITORIAL
Artur Luiz Andrade Quer receber a revista PANROTAS pelo celular? Toque aqui ou use o QR Code ao lado.
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Editorial
MARCAS DO TURISMO Se você está chegando agora ou desembarcou há pouco tempo no Turismo, talvez não tenha ouvido falar da Soletur, do seu modelo inovador de operação, da parceria com a Varig, da relevância nos aeroportos JFK, em Nova York, e no de Miami, dos fretamentos nacionais e internacionais, dos ônibus de luxo com brasileiros pelo mundo (as Solnaves), ou de seu fundador, Carlos Guimarães, falecido esta semana. Fechada em 2001, em plena crise de viagens internacionais (por conta do 11 de setembro) e, no Brasil, durante uma crise cambial gigantesca, a Soletur formou dezenas de profissionais que estão aí até hoje e inspirou diversas operadoras de lá para cá. Era uma marca poderosa, que dominava os anúncios dos cadernos de Turismo dos jornais, especialmente do Rio de Janeiro, onde estava baseada. Em São Paulo, com foco no doméstico, mas já com boa atuação internacional, a CVC apostava no seu modelo de lojas espalhadas por shoppings, ruas e até supermercados e postos de gasolina. A empresa de Santo André (SP) ajudou a embarcar os passageiros da Soletur que ficaram no chão com o fechamento da operadora carioca (Guilherme Paulus se empenhou pessoalmente no caso), sofreu com boatos de que também ela iria fechar, mas conseguiu consolidar seu negócio, crescer e chegar onde talvez Paulus nunca tivesse imaginado. Corta para 2021, auge da pandemia de covid-19, viagens com restrições, e mais uma vez uma CVC em ebulição. Sem Paulus, sem Valter Patriani, sem Claiton Armelin, mas também sem a sensação de quando foi assumida por executivos da Carlyle e o que mais se sentia era que um desastre estava prestes a acontecer. Agora, há uma nova revolução, uma mescla dos efeitos da pandemia, das mudanças óbvias no mercado e da chegada de uma nova administração, na figura de Leonel Andrade, que convocou novos executivos e ainda conta com muitos que ajudaram a construir a CVC. E apesar das dores e da ansiedade causadas por essa nova reestruturação, percebemos uma CVC mais preparada (ou se preparando) para o novo mundo. Pela primeira vez uma CVC sem Paulus e Patriani agindo diretamente, mas com esse passado ainda presente, afinal ela não se tornou a marca mais conhecida do Turismo no Brasil da noite para o dia. E com muitos planos, como os anunciados no CVC Day, dia 10 de fevereiro. Aliás, uma CVC que há alguns anos ganhou o Corp no nome, representando as diversas empresas que comprou pelo caminho, desde a venda ao Carlyle.
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UMA MARCA QUE REPRESENTA E a CVC Corp decidiu recentemente que, para atender os agentes de viagens, passará a usar a marca única RexturAdvance, desaparecendo com marcas tradicionais, a que o mercado se acostumou por décadas. Esferatur, criada por Beto Santos, Trend, por Washington Preti e José dos Anjos (já falecidos), e Visual, por Afonso Gomes Louro... É hora de dizer adeus a essas marcas, mas não a seus legados e sua história. Algo que temos de preservar, pois, assim como a CVC, o Turismo brasileiro não foi feito do dia para a noite. E muita história real não está nos livros, nas faculdades, sequer na memória de muitos. E uma história bastante rica está por trás da escolha da marca RexturAdvance para ser a interface da CVC Corp com as agências de viagens – vale destacar, antes, que o negócio do grupo, atualmente, é quase que completamente voltado ao agente de viagens, pois, além das sete mil agências independentes, a força de vendas B2C da CVC Corp vem de mais de 1.250 agências de viagens com as marcas CVC e Experimento. Portanto, quando a CVC Corp anuncia e diz “viaje”, ela está dizendo “procure uma agência de viagens”, e os últimos balanços mostram que 50% da venda vem do B2C e 50% do B2B. Dito isso, voltemos aos símbolos em torno da escolha da marca RexturAdvance para ser a cara da venda da CVC Corp às agências de viagens. Para quem não sabe, RexturAdvance, antes de ser comprada pela CVC Corp (e foi a primeira de cerca de dez aquisições), era uma consolidadora, principalmente de passagens aéreas, que, por sua vez, já era fruto de uma fusão de duas grandes empresas do mercado: de um lado a tradicional e muito querida pelos agentes Rextur, fundada por Goiaci Alves Guimarães, muito forte em São Paulo; e a tecnológica e ousada Advance, de Marcelo Sanovicz, que sofreu para ser aceito no clube dos consolidadores, mas se firmou como um dos principais players do País (quando a Advance começou, as empresas aéreas não davam condições para todas, então imagine um novo entrante chegando com um sistema de reservas bacana... pois é). TURISMO CONSOLIDADO Escolher RexturAdvance como símbolo do B2B da CVC Corp é reafirmar a história de sucesso dessas duas empresas e desses dois visionários (Goiaci e Marcelo, muito criticados quando anunciaram a união), e também confirmar que o player consolidador passou a ser o mais próximo dos agentes de viagens, algo evidenciado quando as empresas aéreas entraram em guerra com os GDSs e as consolidadoras tiveram de investir em tecnologia para as agências. Quando a Soletur reinava no mundo das operadoras, eram essas empresas as que tinham relação mais estreita com as agências. Algo que os consolidadores tomaram para si e de uma forma muito potente. Obviamente, os operadores, hotéis, locadoras e até as empresas aéreas (que cortaram a comissão padrão das agências lá na virada do milênio) continuam contando com as agências, mas agora em um ambiente multicanal bem agressivo. E os consolidadores mantiveram seus negócios voltados 100% aos agentes.
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A própria Trend era uma consolidadora de hotéis (e chegou a ensaiar, sem sucesso, uma fusão com a Rextur e a Advance, antes da compra das três pela CVC). A Visual, uma operadora à moda antiga, com serviço olho no olho. E a Esferatur, uma consolidadora nata, que nasceu no Sul e conquistou São Paulo na segunda década dos anos 2000. É um passo ousado esse da CVC Corp, que deve se estender ao B2C, afinal, se quer apostar no luxo ou outros nichos que o consumidor não relaciona à marca CVC, é preciso mudar. E o grupo está disposto a isso, como vimos no caso do B2B. Curioso também ver que quem comanda esse atendimento às agências na divisão B2B é Luciano Guimarães, filho do criador da Rextur e ele mesmo o articulador da fusão com a Advance. Deve passar um belo filme por sua cabeça, sabendo que, assim como a empresa fundada por seu pai, o DNA das demais marcas também precisa continuar e de forma clara para as agências. Agências que também estão se acostumando a um novo momento, mais tecnológico, mais rígido nas regras, e que precisam de uma transição confortável e assistida. Não está fácil para ninguém, e mudanças sempre...apavoram. Ao mesmo tempo em que a CVC Corp abriu mão de profissionais tradicionais de sua história e trouxe outros de grandes empresas, soube manter figuras-chave, especialmente no B2B e no corporativo, pois, parece ter aprendido a lição dos meses de gestão Carlyle: o mundo, o mercado, as pessoas mudam sim, e têm de evoluir e se adaptar a cenários muitas vezes impostos com velocidade e crueldade. Mas é a diversidade (profissionais de fora x pratas da casa, todas as raças e gêneros, todas as idades, todas as experiências) que permitirá se adaptar melhor e mais rapidamente. Operadoras, consolidadoras, novos players... o mercado de Turismo é outro desde 2001, quando a Soletur fechou, quando os agentes começaram a receber comissão menor das aéreas, quando a internet, depois da bolha do ano 2000, mostrou a que veio e deu armas para fornecedores de todas as indústrias mudarem seus negócios, quando ainda existia Varig, Vasp e Transbrasil, quando ainda não havia redes sociais... São apenas 20 anos, mas parece um século atrás. Soubemos, por fim, que uma operadora que vem passando sufoco (como tantas outras) nessa pandemia, recorreu à CVC Corp para comprar produtos, especialmente de hotelaria. Mais uma prova que o mundo muda, mas nem tanto assim. Dar as mãos ainda é um caminho nessa indústria multicanal e tecnológica, mas que depende muito do relacionamento, o olho no olho, do human to human , como nos mostraram Guilherme Paulus, Valter Patriani, Goiaci Guimarães, Marcelo Sanovicz, Carlos Guimarães, Washington Preti, José Anjos, Afonso Louro e tantos outros que ajudaram a construir e ainda apostam e indicam os caminhos do Turismo brasileiro.
Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br
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Check-in
As notícias da semana
+Lidas da semana Portal PANROTAS 1 - CVC Corp escolhe RexturAdvance e acabará com marcas Visual, Trend e Esfera 2 - Em nova reestruturação, CVC Corp anuncia demissões e promoções 3 - CVC cria programa para agentes autônomos e mais 4 novos projetos Toque na imagem e leia a notícia completa
Recuperação só em 2023 2021 seguirá sendo um ano de duras batalhas para o setor de Turismo. Projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indicam que o setor encolherá 9,7% neste ano e que a recuperação dos níveis pré-pandemia virá apenas no segundo trimestre de 2023. A estimativa tem como base os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de dezembro do ano passado, recém-divulgada pelo IBGE.
4 - Veja fotos dos novos contratados e promovidos na CVC Corp 5 - Quatro conselheiros da CVC Corp renunciam e assembleia é convocada 6 - CVC Corp explica mudança no Conselho de Administração 7 - EUA avaliam a cada 30 dias a possibilidade de reabertura ao Brasil 8 - CVC Corp indica candidatos ao novo conselho; conheça 9 - Hugo Lagares deixa CVC Corp depois de três anos 10 - Air France opera normalmente entre Brasil e Europa Fonte: Portal PANROTAS
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Empregos perdidos A CNC também divulgou pesquisa sobre empregos criados e perdidos no ano passado, e alguns setores mostraram saldo positivo, mesmo com a crise. Não é o caso do Turismo, o segmento mais afetado pela pandemia. Toque na imagem e leia a notícia completa
Alitalia adia retorno
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A Alitalia só volta a voar ao Brasil em 1º junho. A principal companhia aérea italiana adiou o retorno a nosso país devido às restrições de viagens internacionais decorrentes da covid-19.
Air FranceKLM segue operando
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Já o grupo Air France-KLM mantém suas operações entre o Brasil e a Europa, mesmo com as condições mais restritas impostas pelos governos europeus. A Air France tem 11 voos semanais, sendo sete de e para São Paulo e quatro de e para o Rio de Janeiro. Já a KLM opera semanalmente sete frequências para capital paulista e cinco à fluminense.
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Caminho para vender Flórida
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Apesar das fronteiras ainda fechadas, a Flórida está investindo no Brasil, que é um de seus principais mercados emissores. Em entrevista à PANROTAS, a presidente do órgão de promoção do destino (Visit Florida), Dana Young, indicou o que o visitante deve procurar quando as fronteiras forem liberadas. O Visit Florida fará uma campanha B2C aqui no País no próximo trimestre.
+Lidas da semana PANCORP 1 - Air France opera normalmente entre Brasil e Europa 2 - Nova plataforma digital da Latam chega ao Brasil 3 - Comunidade digital da Academia de Viagens Corporativas está no ar Toque na imagem e leia a notícia completa
Revisão mensal
O governo norte-americano revisa a cada 30 dias a possibilidade de reabertura de fronteiras para países como o Brasil, que hoje estão na lista de nações vetadas para a entrada de visitantes provenientes de voos diretos. Quem transmite a informação é o diretor e analista de Insights do consumidor do Visit Florida, Jacob Pewitt Yancey, em apresentação sobre o mercado brasileiro no evento Florida Huddle. "Esse é o tempo que a Casa Branca leva para avaliar a situação da pandemia em cada um desses países. No caso do Brasil, o gráfico mostra que janeiro deste ano alcançou, no começo do mês, um recorde no número de casos da doença desde o início da contagem, mas nas semanas seguintes aparentemente se mostra um platô", afirma Yancey.
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4 - Janeiro trouxe sinais de recuperação para as viagens corporativas 5 - Estamos perto de fazer da biometria um passaporte único? 6 - Latam diminui operação em fevereiro, por causa da covid-19 7 - Alitalia adia retorno dos voos ao Brasil para 1º de junho 8 - Mobility transfere escritório para espaço de coworking em SP 9 - Viagens corporativas devem ser retomadas, mesmo antes da vacina 10 - WTTC pede o fim de conceito de 'países de alto risco' Fonte: Portal PANROTAS
Os melhores hotéis US News & World Report divulgou listas dos melhores hotéis de Estados Unidos, Europa, México e Caribe. Clique aqui para Estados Unidos Clique aqui para Europa Clique aqui para Caribe Toque nos links ao lado e leia as notícias completas
Clique aqui para México
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Robô a bordo
A MSC Cruzeiros apresentou detalhes de seu MSC Starship Club, com destaque a seu bartender robô humanoide chamado Rob. Ele atenderá os hóspedes do novo MSC Virtuosa a partir de 16 de abril, quando o navio será inaugurado. Poliglota, o robô fala português do Brasil, inglês, italiano, espanhol, francês, alemão, chinês e japonês.
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Decolar para agentes
A PANROTAS tem recebido muitas reclamações dos agentes de viagens, dizendo que o atendimento da Decolar para as agências afiliadas tem piorado bastante, com muita dificuldade para entrar em contato. A Decolar diz que está tomando providências para atender as agências e que a situação já melhorou.
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BT FOR ALL
A Academia de Viagens Corporativas lançou a plataforma BT For All, que visa reunir todos os players do setor de viagens e eventos corporativos.
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Destinos Artur Luiz Andrade
!"#$%&%&!%#"'()%'& "&$*'(+," Depois de três anos em que o Turismo do Rio sofreu um apagão, graças à (má) gestão do prefeito Marcelo Crivella (a Riotur chegou a ser apontada na mídia como parte de um suposto esquema de corrupção), e com mais um ano em que a pandemia se somou à essa desastrosa gestão pública, o prefeito Eduardo Paes começa tudo praticamente do zero e no Turismo criou um tripé para reerguer o setor: Cristiano Beraldo, que foi o coordenador da área na campanha de Paes, é o novo secretário de Turismo da cidade, em seu primeiro cargo público; Daniela Maia é a presidente da Riotur, que cuida da relação com os grandes eventos na cidade, como o Carnaval; e Antonia Leite Barbosa é a assessora de eventos da Prefeitura, com a missão de facilitar a captação de eventos corporativos e de lazer na Cidade Maravilhosa. Segundo Beraldo, que conversou com a PANRO-
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TAS na terça-feira, 9, no Copacabana Palace, os três órgãos têm gestão independente e papeis bem definidos. Sua secretaria, que terá sede em Laranjeiras ainda este ano, enquanto a Riotur está na Barra, tem como missão desenhar o plano estratégico de Turismo da cidade a longo prazo, dialogar com o setor (o famoso trade) e “promover o Rio como principal destino nacional e internacional do País”. “O Rio por muito tempo foi mais comprado que vendido. Aproveitamos a fama de décadas passadas, temos Carnaval, Réveillon e Rock in Rio, mas não somos só isso. O Rio tem de ser visitado o ano todo e embrulhado pra presenta para o turista”, disse o secretário. Beraldo promete reconstruir o Turismo carioca, apagar a imagem deixada pelo governo anterior e ouvir e dialogar com o setor para inovar, promover e desenvolver mais ainda o destino.
REVISTA PANROTAS – Como é assumir seu primeiro cargo público, na Secretaria de Turismo de um dos principais destinos turísticos do mundo, mas em um momento em que viajar está com muitas restrições? CRISTIANO BERALDO – É sim um momento de muitos desafios, o Turismo vem sofrendo há muito tempo em todo o País. Especificamente no Rio, o trade está muito machucado, de A a Z, tanto pelo momento dolorido quanto por ter sido desamparado pela gestão anterior na cidade. A grande mágoa do setor é a falta de diálogo e já me reuni com as principais lideranças para mostrar que o diálogo está de volta. Claro, o momento é de priorizar a saúde, todos entendem isso, mas o setor precisa estar mais bem informado (sobre as restrições e planos para a saúde) e ser ouvido nas decisões. Estamos também olhando para o futuro e esse diálogo é fundamental para montar esse plano de longo prazo.
Cristiano Beraldo
PANROTAS – Olhando para frente, quando o senhor acredita que poderemos dizer que a normalidade estará de volta? Para que época desse ou do próximo ano o senhor está olhando? CRISTIANO – A perspectiva é que no segundo semestre (de 2021) já estejamos em um nível mais elevado de retomada da normalidade. Temos dois grandes eventos no segundo semestre, os 90 anos do Cristo Redentor, na semana de 12 de outubro, e o Rock in Rio, e estamos otimistas com essa retomada. Antes disso é preciso que o carioca volte a se animar com a cidade. A cidade esteve mal cuidada e isso afetou a população, que, não vendo ordenamento urbano, também passou a burlar regras, como estacionar em locais proibidos, jogar lixo na rua... Vamos reconectar o carioca com a cidade. O prefeito Eduardo Paes conta com a simpatia dos cariocas, que o reconhecem como apaixonado pela cidade, um trabalhador, e que incentiva muito o Turismo. PANROTAS – Mas o Turismo não pode esperar o segundo semestre e já vimos que é possível viajar com responsabilidade. Como o Rio está recebendo esses viajantes, em sua maioria domésticos, que buscam relaxar com isolamento e segurança? CRISTIANO – Quem chega neste momento tem uma boa experiência. A hotelaria, os bares, restaurantes e atrações estão bem preparados para recebê-los com segurança. Temos muita sorte de contarmos com verdadeiros resorts urbanos no Rio, que têm atraído visitantes nacionais que ficam bastante tempo aproveitando essa estrutura excelente desses hotéis. Por outro lado, a Prefeitura está fiscalizando, acabando com as
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festas clandestinas e incentivando um Turismo sem aglomeração, que é o que o momento pede. Quem vier para o Carnaval terá parques, praias, atrações, hotelaria, muita natureza e ar livre, mas é preciso que esse turista não incentive as festas clandestinas e aglomerações. PANROTAS – O senhor disse que o prefeito entende a importância do Turismo e tem incentivado a pasta... Como ele tem feito isso? CRISTIANO – Primeiro criando essa estrutura com três áreas bem definidas para a Secretaria de Turismo, a Riotur e a Assessoria de Eventos. No governo passado a secretaria não teve importância e chegou a ser desativada. Isso em uma cidade que tem enorme dependência do Turismo. O prefeito Eduardo Paes entende essa importância, sabe do impacto econômico do Turismo e também que estamos começando do zero. Esperamos estar com o plano estratégico pronto em abril, olhando para o longo prazo e para a continuidade. O Turismo tem que ter essa continuidade. Temos que olhar para os próximos dez anos pelo menos, quando o Cristo celebrará 100 anos. O Cristo é o maior símbolo turístico do Brasil. Não podemos abrigar esse símbolo e não aproveitar para divulgarmos toda a diversidade do Rio. Não podemos ser um destino lembrado por estereótipos, como as mulheres na praia, por exemplo. PANROTAS – Como mostrar essa diversidade do Rio? Aproveitar a fama do Redentor e apresentar um Rio mais completo? CRISTIANO – Promovendo os nichos, as viagens te-
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máticas, o Rio alternativo, que o turista não conhece. Por exemplo o próprio Turismo religioso, com o Cristo Redentor, que a maioria visita como atração turística, o santuário de Nossa Senhora de Fátima, no Recreio, a Igreja da Penha, as igrejas históricas do Centro, o Mosteiro de São Bento... O Cristo recebe anualmente dois milhões de visitantes e o Turismo religioso pode aumentar isso. Aparecida do Norte recebe 13 milhões de turistas. O Rio tem tudo: esportes, luxo, bem estar, Turismo social... Outro dia fiz pela primeira vez o tour na Comunidade da Babilônia (no Leme), e é impressionante. O contato com a comunidade local, os projetos que lá são desenvolvidos. O Turismo social e com propósito é tendência e o Rio tem produtos para atender esse visitante. PANROTAS – O senhor citou os eventos do segundo semestre, ligados ao lazer, ao entretenimento. E os eventos corporativos, quais as perspectivas e planos da secretaria para eles? CRISTIANO – Somos o local ideal para eventos, congressos, feiras, convenções... Mas ficou difícil fazer um evento no Rio. Isso desanima os organizadores. O Rio pré-olímpico mostrava um mar de oportunidades, mas no governo Crivella perdemos tudo isso, perdemos muitos eventos. E a Antonia está exatamente trabalhando para simplificar isso, apagar essa imagem. PANROTAS – Há algum projeto para a qualificação dos profissionais de Turismo na cidade? CRISTIANO – Sim. Isso faz parte de nossa estratégia,
Cristiano Beraldo
As redes hoteleiras, principalmente de luxo, investem e fazem muito bem esse papel de qualificação e treinamento, mas isso não pode ser exclusividade da hotelaria de luxo. O turista não pode chegar na porta do Trem do Corcovado e ser achacado por flanelinhas. Não pode pagar um absurdo para estacionar no Pão de Açúcar. Vamos investir na qualificação dos atrativos e no ordenamento urbano. PANROTAS – E a eterna questão da segurança na cidade? CRISTIANO – Temos desafios enormes e a segurança está entre as prioridades do Estado e da Prefeitura. Temos melhorado na segurança pública em áreas turísticas. Não em detrimento de outras áreas da cidade, mas para que esse turista nos ajude a divulgar positivamente o Rio ao voltar para sua casa. Estamos melhorando e vamos chegar em um nível aceitável, ideal. PANROTAS – O senhor disse que se reuniu com representantes do trade de Turismo. Quais as principais demandas desse trade? CRISTIANO – Diálogo e promoção. O Rio é o grande destino do Brasil, nosso papel é comunicar isso. Há também demandas em relação ao IPTU e impostos, e estamos dispostos a ajudar, dentro dos caminhos legais, pois sabemos que temos uma situação delicada de caixa. Assim que a vacinação avançar e o cenário estiver mais propício vamos iniciar a divulgação da cidade para mostrar que o Rio é mais do que as pessoas conhecem ou imaginam. PANROTAS – Como carioca, que dicas de experiências únicas, ou de atrações ainda pouco conhecidas o senhor recomendaria? CRISTIANO – Esse tour que mencionei do
Morro da Babilônia. A experiência do golfe no campo olímpico da Barra da Tijuca. O Santuário de Nossa Senhora de Fátima, réplica exata da capela em Portugal. As praias mais distantes, como a Prainha. E até o voo de asa delta duplo, que vendemos mal. PANROTAS – Há algum projeto para o Centro? A região atraiu investimentos para a Olimpíada e hoje, ainda mais com a pandemia, parece abandonada em alguns pontos. CRISTIANO – O secretário de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, tem um projeto ousado para reocupar o Centro e o Turismo só tem a ganhar com isso. O valor histórico e cultural do centro da cidade é enorme. Some-se a isso o acesso fácil, os meios de transporte, o Aeroporto Santos Dumont, a hotelaria nova, os parques, a vista para o mar. Temos uma região única, que se perdeu, mas que será recuperada. Como está acontecendo com o antigo Zoológico, que será reinaugurado como BioParque, no dia 18 de março. Uma experiência que ficou fantástica na já fantástica Quinta da Boa Vista. n
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Artur Luiz Andrade
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!"#$%&%'() %&)*#*)*"+,) ,&+&)-.-/ A CVC Corp dominou o noticiário na última semana, com novidades envolvendo a reestruturação da companhia, novos produtos e áreas de atuação e as perspectivas para o restante do ano.
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A notícia que mais impactou o trade foi a escolha da marca RexturAdvance para o relacionamento com os agentes de viagens. Deixarão de existir as marcas Esferatur, Trend e Visual e todos os produtos estarão sob um único guarda-chuva B2B: RexturAdvance, sob o comando de Luciano Guimarães.
Como parte da reestruturação, nomes como Esequiel Santos, Hugo Lagares, Reginaldo Gama e Cristiane Jayme deixaram o B2B. No B2C houve a substituição da diretora de Marketing Lúcia Bittar por Nathália Torres e a contratação de Cláudia Pinheiro. Roberto Vertemati foi efetivado como diretor da Experimento e continua comandando também o atendimento às agências de viagens multimarcas na CVC Operadora. Renata Esteves e Emerson Cardoso, por outro lado, foram promovidos, no B2B do grupo.
O presidente Leonel Andrade e o CFO Maurício Montilha
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O presidente da CVC Corp, Leonel Andrade, explicou, durante o CVC Day, que a troca de quatro conselheiros que renunciaram aos cargos foi um processo natural e transparente. Eles cumpriram seus ciclos e novos acionistas da CVC Corp pediram para participar mais ativamente do conselho. Pedido atendido, com um conselho mais diverso, a ser confirmado em 11 de março, e vida que segue. A expectativa agora é em relação à análise que o conselho apresentará aos acionistas sobre os erros contábeis encontrados pela auditoria em balanços passados. Haverá sugestão de punição para alguns dos envolvidos?
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A CVC Corp, como prometido em entrevistas à PANROTAS em 2020, lançará ainda este ano seu programa para agentes de viagens autônomos. Franqueados que desistiram da loja física, executivos demitidos na pandemia, consultores independentes que gostariam de trabalhar com a CVC, agências familiares pequenas...são muitos os alvos do programa. Os agentes autônomos terão uma marca diferente da CVC e um app com todos os produtos disponíveis. E uma remuneração menor que os agentes franqueados, avisou Leonel Andrade. “Os franqueados são nossa fortaleza e continuarão sendo. Esse programa é complementar. Se não fizermos, alguém vai fazer”, justificou.
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A CVC Corp também anunciou seu programa de Fidelidade, o Mais CVC, que será lançado em breve e prevê um potencial de mais de dez milhões de associados. Andrade, que já dirigiu o Smiles, entra na briga dos programas de fidelidade para ser um player de ponta. Inclusive lançará o Clube CVC, com benefícios aos membros, como ele fez na Smiles. A CVC Corp também anunciou seu cartão co-branded com o Itaú e a operação da área de viagens do programa Iupp, também do Itaú.
Nichos. Nichos. Nichos. A CVC Corp busca a liderança na oferta de viagens para a terceira idade, para os que buscam bem estar, público LGBT, ecoturismo e muitos outros. Para isso está criando um marketplace exclusivo com foco nesse tipo de produto, e em todos os seus canais de vendas.
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O aluguel de casas será prioridade este ano, e a CVC Corp quer que a VHC dê um salto de 220 para oito mil casas, nos Estados Unidos (a empresa começou na Flórida), Portugal, Espanha e Brasil. O público é de alta renda, pois as casas são grandes, bem localizadas e oferecem serviços como cozinheiro, eventos, mordomo, limpeza, compras, entre outros.
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Sustentabilidade e diversidade são pilares para a CVC Corp em 2021. “Temos que devolver ao planeta e às comunidades nosso reconhecimento”, disse Leonel Andrade, ao anunciar o Reprograma CVC.
Modernização. Leonel Andrade exaltou os 48 anos da CVC, marca de viagens top of mind no País, defendeu suas fortalezas (como as franquias e o DNA da assistência em viagens), mas afirmou que a empresa tem de se modernizar, para abrir espaço para a inovação. Da jornada do cliente (com o app Minha CVC, a ser lançado em abril) à área de operações, da unificação de plataformas a um time alinhado com a nova cultura, a meta é
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modernizar. Andrade bateu na tecla das pessoas e do diferencial que fazem em todo o processo da viagem, e prometeu uma CVC 100% digital, 100% perto e conhecedora do cliente e 100% comprometida com o longo prazo. Na reestruturação desde abril, deixaram a empresa 85 executivos com cargo de liderança, 14 foram promovidos internamente e 53 novos chegaram, de grandes empresas do mercado.
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Quanto às perspectivas de mercado, a CVC Corp prevê um 2021 ainda de recuperação mais lenta, com foco no doméstico, que deve alcançar os níveis pré-pandemia apenas no último mês do ano. O internacional e o corporativo devem reagir mais fortemente somente em 2022. E no fim do ano que vem todo o grupo deve voltar aos patamares de 2019. n
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Entrevista Artur Luiz Andrade
!"#"$%&'($()*+$ ,&'%$"$-%*(."#,"$ /#"),.(,#"0 Daniel Pereira, executivo da Reed Exhibitions, gerente de produto da Equipotel, e Orlando de Souza, presidente executivo do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), conversaram com a PANROTAS sobre o atual momento da hotelaria e do setor de eventos corporativos no País, além das perspectivas para os próximos meses e anos. O que mudou? O que precisa mudar? Quais as principais necessidades e desafios da hotelaria atualmente? Uma coisa é certa nesse cenário: estamos todos reféns da vacina. Ela chegará para todos, mas quando? Para nossos entrevistados, a retomada de fato será apenas em 2022 (começando no final de 2021).
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1 REVISTA PANROTAS – Pesquisa global da GBTA aponta uma recuperação do setor de viagens corporativas somente em 2025. Algumas previsões indicam que um terço desse segmento não volta mais. Some-se a isso um ano em que provavelmente as viagens internacionais seguirão bastante limitadas (ou seja, menos estrangeiros no Brasil) e uma vacinação lenta que deve atrasar a volta dos eventos e temos um cenário ainda bastante preocupante para a hotelaria, especialmente a de rede, dependente de eventos e do corporativo. Vocês concordam com essas previsões? Veem algo diferente e mais promissor no Brasil? Como os hotéis devem enfrentar esse ano ainda cheio de restrições e limitações? ORLANDO DE SOUZA – A pandemia nos ensinou que todas as previsões, por enquanto, são mais palpites do que previsões. Mas após esses dez meses podemos dizer que, para o setor de viagens corporativas, incluída aí a hotelaria, o primeiro semestre de 2021 vai ser tão ruim quanto o foi o semestre passado. Certamente esse setor está refém da vacina, pois é a única ferramenta que poderá virar a chave para um período de retomada. Quando vai começar a retomada de fato? De novo podemos ser desmentidos pela pandemia, mas arrisco dizer que não será em 2021, que considero o ano da vacinação, e o ano em que os hotéis terão que trabalhar para sobreviverem – os que conseguirem – e também sobreviverem com algum grau de consistência, para que , talvez, a partir de 2022, começarem de fato um processo de retomada. Não acho que será só em 2025, mas não será antes de 2023. DANIEL PEREIRA – Acredito que uma das formas de retomada e recuperação de qualquer economia, principalmente a do Brasil, passa pelo Turismo. Somos uma nação que vem se adaptando e se reerguendo das crises já faz algum tempo, respeito os dados globais, mas enxergo que a cadeia produtiva do setor tem se mostrado muito resiliente a uma perspectiva de retomada ainda este ano, principalmente no Turismo interno. Na minha visão, o brasileiro buscará mais opções internas de viagens nos próximos anos.
Orlando de Souza
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Daniel Pereira
2 PANROTAS – O que é possível fazer hoje para o corporativo? Que tipo de eventos? Que tipo de produtos no hotel? Como a hotelaria abraçou tendências como o staycation, o room office e o desejo de escapadas que podem unir lazer e trabalho ainda em isolamento? DANIEL – A indústria está numa constante adaptação. Todos os novos produtos lançados de 2020 pra cá têm mostrado o quanto essa indústria inova com as possibilidades que já existem. É a mesma linha dos eventos, sejam de negócios ou de entretenimento. Estamos nos adaptando para entregar mais, com mais segurança e com mais interatividade. ORLANDO – Durante toda essa convivência com a pandemia, nesses meses, nada se mostrou como uma solução para o corporativo. Essa hotelaria vive de eventos, congressos, feiras, contratos com corporações, e isso tudo está parado e continuará parado até que a segurança dos viajantes/participantes traga um nível razoável de confiança. Só os protocolos, já ficou mostrado que não resolvem.
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3 PANROTAS – O lazer doméstico e possivelmente no fim do ano o inbound sul-americano (também a lazer) prometem ter os melhores resultados. Mas são suficientes para tirar a hotelaria do sufoco? Como os hotéis do Fohb, mais corporativos, estão lidando com o lazer? ORLANDO – Todas essas tentativas de encontrar alternativas para suprir o fluxo normal de clientes, staycation, room office e até mesmo alguns pequenos eventos híbridos, mostraram ser mais uma tentativa de ser pró-ativo e não ficar apenas esperando que as coisas melhorassem por si só, do que soluções que de fato tenham trazido resultados consistentes. Mas é o tal negócio, quando se perde quase tudo de uma hora para a outra, temos que tentar algo e mesmo pequenos resultados já são mais do que nada.
4 PANROTAS – A crise econômica vai fazer com que a hotelaria gaste menos em 2021 ou os investimentos em melhorias, ampliações e até novos empreendimentos estão garantidos? ORLANDO – Certamente os investimentos em renovação dos produtos vão sofrer bastante. Claro que ninguém vai deixar de fazer aquilo que atinge a segurança dos hóspedes, mas obras e renovações que puderem ser postergadas, certamente serão. O caixa dos hotéis está extraordinariamente abalado e, com esse início de ano com o rebote da pandemia, as receitas vão continuar muito baixas e de outro lado as despesas vão começar a chegar em 100% dos valores. Salários, encargos, custos de A&B com inflação, custos de energia etc. É a tempestade perfeita. DANIEL – Acredito que os investimentos serão mais bem aplicados e planejados. A hotelaria, como a maioria dos meios de hospedagem, precisa investir para se renovar, isso é um fato. Queremos que a nossa Equipotel Brasil, seja, a partir dessa nova década, um movimento de retomada e planejamento da nova indústria e, consequentemente, novas possibilidades, empreendimentos e expansões surgirão.
5 PANROTAS – Como comprar melhor este ano? Tendência é trabalhar com menos fornecedores (para gerar fidelidade e melhores condições) ou apostar no leilão de mercado (quem cobra menos leva)? DANIEL – A nova pergunta é “como comprar melhor a partir de agora?”, não somente esse ano. Planejamento, alinhado com opções de fornecedores e boas negociações, atreladas à fidelidade, serão pontos positivos para uma das indústrias que mais compram no País. Temos como base a nossa Equipotel, um evento que em mais de 58 anos, continua ampliando seu leque de expositores que fornece desde amenities, passando por móveis e decoração, até softwares de última geração para a indústria. O novo normal passa por uma nova visão de compras.
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7 6 PANROTAS – Como os hotéis estão cuidando da necessidade de corte de custos, mas ao mesmo tempo o aumento de investimento em limpeza, tecnologia, protocolos? Que setores sofreram mais? ORLANDO – Não há uma definição de qual setor sofre mais. Em uma situação extraordinária como essa, cada hotel tem que decidir onde vai aplicar os parcos recursos que têm (e quando têm) disponíveis. Projetos de renovação e decoração certamente darão lugar a investimentos em segurança, tecnologia e custos de mão de obra que são essenciais.
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PANROTAS – Os hotéis estão trabalhando com menos funcionários. Como fazer com que a qualidade não caia, manter o colaborador seguro e estimulado e quais as perspectivas de contratações para este ano? ORLANDO – É aí que estamos tentando junto ao governo a prorrogação de várias medidas que suportaram os hotéis durante a vigência do estado de calamidade. É mais do que urgente e importante haver a prorrogação de medidas para poder aliviar a pressão no caixa dos hotéis ou haverá certamente quebradeira dramática no setor.
PANROTAS – Quais as recomendações e ações do Fohb e da Equipotel para o ano de 2021? DANIEL – Primeiro é um prazer ser parceiro dessa instituição séria e respeitada no mercado. Em 2020 planejamos muitas coisas que não conseguimos executar pelas questões da pandemia, mas em 2021 viremos mais fortes, com um espírito novo de retomada e com o objetivo de fomentar o setor, levando oportunidades de negócios através dos fóruns de compras, rodada de negócios e conteúdos programados ao longo do ano. Queremos recuperar otimismo dessa indústria e transformar oportunidades em negócios. ORLANDO – A recomendação é que os hotéis administrem muito bem seus caixas em 2021, pelo menos no primeiro semestre de maneira a sobreviverem neste ano visando a uma possível retomada em 2022. Aqueles que não conseguirem fluxo financeiro minimamente saudável dificilmente permanecerão.
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PANROTAS — 3 a 9 de fevereiro de 2021
9 PANROTAS – Qual a previsão para os eventos Equipotel e os eventos do Fohb este ano? ORLANDO – Haverá, sim, um redimensionamento nos eventos em função do maior aproveitamento das plataformas virtuais. Mas não haverá a simples substituição do presencial pelo virtual. Viagens curtas, algumas reuniões e até mesmo alguns eventos menos relevantes serão evitados pela utilização das plataformas. Mas os eventos presenciais voltarão e principalmente as feiras, congressos, convenções, viagens de incentivo etc. DANIEL – Estamos planejando uma Equipotel Brasil como nunca vista antes. Como disse, é uma nova década e muitas possibilidades estão por vir, sem deixar de lado a segurança sanitária que será um fator muito importante para todos os eventos a partir de agora. Construiremos algumas ações digitais, ao longo do ano, para manter acesa a chama do evento presencial, confirmado para novembro de 2021. Vale reforçar que o digital veio para complementar o físico e nossa intenção é gerar negócios aos expositores, parceiros e visitantes através de todos os canais da Equipotel.
10 PANROTAS – As redes devem se fortalecer nos próximos anos, com as marcas famosas atraindo hotéis independentes que teriam mais dificuldade de enfrentar a crise? ORLANDO – Com a dificuldade da retomada e o longo prazo de recuperação deverão, sim, fortalecer aquelas redes com marcas fortes, com alguma capacidade de investimentos, em especial em tecnologia, e com forte capacidade de distribuição. Estamos diante de um ambiente propício para consolidações e incorporações de hotéis independentes pelas redes através de contratos de gestão e também de franquias.
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11 PANROTAS – Tem aumentado no Brasil e no mundo a busca pelo aluguel de casas, onde as famílias ou grupos de amigos podem ficar mais isolados e realizar suas atividades ligadas a trabalho, estudo e lazer. Que contraponto a hotelaria faz a essa tendência? ORLANDO – Entendo que essa procura por casas e apartamentos para hospedagem é uma tendência, sim. Tanto que grandes redes já se estruturaram e têm em seus portfólios produtos nesse sentido. Mas há mercado para todos. O que acho que vai acontecer é um downsize na oferta hoteleira em função do fechamento (ou a não reabertura) de hotéis muito envelhecidos e sem capacidade de investimentos, meios de hospedagens híbridos, os antigos flats/ apart-hotéis, que poderão se converter em prédios puramente residenciais, até porque são normalmente muito bem localizados. DANIEL – Há espaço para todos. A hotelaria proporciona e continuará proporcionando uma experiência única e individual de serviço aos hóspedes, que nenhum outro meio proporciona.
12 PANROTAS – Alguns hotéis ainda funcionam com limite de capacidade... Como está a oferta hoteleira no Fohb e quantos hotéis não resistiram e fecharam? ORLANDO – Desde o início da pandemia temos acompanhado semanalmente a reabertura dos hotéis e chegamos a ter quase 70% da oferta completamente fechada; além de alguns que permaneceram abertos, mas com um mínimo (ou quase nenhum) movimento. No último levantamento apenas 7% estavam fechados, com previsões de aberturas para este primeiro trimestre de 2021. Mas isso vai certamente depender de como a pandemia avança neste início de ano e como avança também o processo de vacinação. Poderemos ter a reabertura total ou, no pior cenário, uma volta de fechamento de unidades que abriram.
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13 PANROTAS – Que regiões ou segmentos já conseguiram operar no azul e voltaram a fazer dinheiro na hotelaria? ORLANDO – Se pensarmos em termos regionais, não há um destino que se destaque. Se observamos, no entanto, a lógica de segmentos, é possível afirmar que a hotelaria de lazer tem melhor desempenho que a corporativa, principalmente pousadas e pequenos empreendimentos. Podemos citar, como exemplo, o litoral paulista e alguns destinos no Nordeste. Hotéis com vocação para negócios não estão operando no azul. O que se vê, em alguns casos – como Vitória, por conta da siderurgia, Macaé, cidades com operações petrolíferas, é uma melhor taxa de ocupação, em torno de 35%, atingindo o breakeven. Mas em outras cidades, majoritariamente de negócios, como São Paulo, Campinas e Curitiba, os hotéis estão operando no vermelho.
14 PANROTAS – Qual o papel de cada player (governo, destinos, hotéis, entidades, eventos) na reconstrução do Turismo? DANIEL – Todos são fundamentais para incentivar, fomentar e contribuir para o desenvolvimento do Turismo. Acredito que ambos devam estar cada vez mais em busca de incentivos e investimentos para o setor, com o objetivo de alavancar uma retomada rápida. Nós de eventos, principalmente a Equipotel, seremos uma ferramenta de compartilhamento das oportunidades apresentadas por todas a instituições e federações parceiras. ORLANDO – A reconstrução do Turismo depende fundamentalmente dos governos. A iniciativa privada fez e continua fazendo sua parte. A oferta hoteleira no País, por exemplo, é uma das melhores do mundo. Em qualidade, em modernidade,
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em segmentação, em produtos e em quantidade. Mas a infraestrutura para que as pessoas, daqui do Brasil ou estrangeiros, viajem por este país continental ainda é ruim e desestimulante.
15 PANROTAS – A hotelaria tem pelo menos quatro grandes entidades (Fohb, ABIH, FBHA, Resorts Brasil), que, mesmo unidas no G20+, ainda não consistem em uma voz única para o setor. Isso pode se transformar? Vemos alguns porta-vozes até mais aduladores do governo, não é preciso uma voz única e crítica, para que o governo veja o setor como parceiro e gerador de renda e empregos e não como um aliado para o que der e vier? ORLANDO – Nada como uma crise para unir. Nunca o Turismo atuou em conjunto como faz hoje. Cada setor, e às vezes mesmo dentro de um setor, havia vários interlocutores. Com o G20 conseguimos, pela primeira vez, aparecer junto às autoridades como um setor consolidado que representa 8,1% do PIB, que gera 2,9 milhões de empregos diretos e que emprega principalmente mão de obra de baixa escolaridade – o que deveria ser visto como fundamental em um país deficiente na educação e com 15 milhões de desempregados. DANIEL – As grandes entidades do setor possuem grandes nomes à frente. São líderes natos que movimentam e discutem, ponto a ponto, novas vertentes de crescimento e oportunidades para o setor. Acho difícil ter um só líder ou porta voz, mesmo que a indústria, de certa forma, seja convergente. O que enxergo é que o governo deveria ter um olhar mais próximo às grandes entidades e que fossem criadas pautas constantes de discussão sobre a recuperação e retomada dos setores envolvidos que estão na linha de frente na geração de empresa e renda. n
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Pesquisa inédita realizada pelo TRVL LAB com: 10 perfis dos viajantes no Brasil que se destacam nesse momento 8 dicas e oportunidades para o mercado Hábitos de consumo e planejamento de viagens de lazer e de negócios dos brasileiros Dados completos e análises
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Apresenta
Baixe a pesquisa gratuitamente em www.trvl.com.br e prepare-se para a Retomada das Viagens APRESENTAÇÃO
REALIZAÇÃO
Laboratório de Inteligência de Mercado em Viagens
Mais informações: www.trvl.com.br
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PANROTAS — 5 a 11 de agosto de 2020