PANROTAS 1.464

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Edição nº 1.464 - Ano 29 | 31 de março a 6 de abril | www.panrotas.com.br

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Sem liberação ainda para saídas de portos americanos, Celebrity Cruises e Royal Caribbean fecham parcerias com destinos regionais Ricardo Amaral, da R11 Travel, representante da Celebrity Cruises e Royal Caribbean no Brasil


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PANROTAS — 3 a 9 de fevereiro de 2021


3 a 9 de fevereiro de 2021 — PANROTAS

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ÍNDICE

nº 1.464 | 31 de março a 6 de abril de 2021 | www.panrotas.com.br

Página 05 Editorial - Pandemia e o multiverso temporal

Página 06 Check-in- O novo Bastidores do Turismo e mais notícias de destaque

Página 12 Cruzeiros - Ricardo Amaral, da R11 Travel, aborda o retorno do Grupo Royal Caribbean

Página 16 Viagens e eventos corporativos - Corporate Lodging Forum da HRS foca na retomada nas Américas

Página 20 Espaço Alagev - Lacte 16, um espelho para o segmento de eventos

PRESIDENTE

José Guillermo Condomí Alcorta GESTÃO

José Guilherme Condomí Alcorta

TECNOLOGIA Ricardo Jun Iti Tsugawa

EDITORIAL

Artur Luiz Andrade

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Editorial

PANDEMIA E O MULTIVERSO TEMPORAL Não podemos olhar muito à frente, pois são tantas as incertezas e montanhas cobrindo o horizonte, que fica quase impossível planejar, se organizar. Para o passado, podemos apenas colecionar recordações, já que os números de 2019 para trás já não nos servem como guia. Quando o mundo voltar a viajar, será de uma forma nova, será em um novo cenário, será sobre índices e números inéditos. O foco no presente pode ser muito bom para a meditação, para o relaxamento, mas se abrimos os olhos, vemos apenas desgraças e tragédias desfilando em nossa frente na TV, nas redes sociais, nas ruas ao nosso lado. Um dilema e tanto: para onde olhar? Talvez o segredo seja recortar o olhar. Selecionar, como peças de um quebra-cabeças que só se resolverá mais à frente, em um mundo parecido com o nosso ou em uma distopia como nas séries de TV (Handmaid’s Tale, Expresso do Amanhã, Walking Dead...). Mas pode ser também uma utopia esse novo mundo... Mais seguro ficarmos com o meio termo: um mundo que é igual e diferente, amigo e opressor, novo e velho, real e imaginário. Podemos olhar, por exemplo, para quem nos deu a mão durante a pandemia. Que fornecedores, distribuidores, players, clientes estiveram do seu lado? Ou talvez quais deles não te traíram? Não tentaram te passar a perna, usando a pandemia como “oportunidade” e desculpa para isso?? Podemos nos focar em quem apresentou as melhores soluções para sair da crise, em quem criou mecanismos, medidas e meios para que pudéssemos atravessar a longa tempestade. Podemos olhar também para quem lutou com a gente ou por nós. Um olhar reconfortante vai para quem nos ajudou a relaxar, a esquecer por alguns segundos da pandemia, para quem nos fez um bolo e comeu ao nosso lado, relembrando o passado, projetando possíveis futuros e segurando a nossa mão no presente. Não esqueceremos de quem não se acovardou, de quem lutou pelo setor e também de quem passou pano ou ignorou a gravidade da situação. Também nos lembraremos de nós mesmos, agarrados à esperança, à resiliência ou ao desespero controlado, confiantes de que tudo isso passaria (mas não sabíamos que ia demorar tanto) e fazendo a nossa parte a cada dia. Passado, futuro e presente parecem mundos paralelos, um multiverso que nos consome mentalmente, mas também que nos faz seguir adiante. Em algum lugar já é 2022 e isso pode ser muito bom.

Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br

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Check-in

As notícias da semana

BOLETIM DOS BASTIDORES

O Portal PANROTAS repaginou o Bastidores do Turismo e o programa semanal a partir de agora traz um profissional do trade convidado, de preferência agentes de viagens, toda terça-feira. Iniciado em março, o novo Bastidores rendeu entrevistas curtas e assertivas. Perdeu algum episódio? Acompanhe:

+Lidas da semana Portal PANROTAS 1 - Entenda como funciona o passaporte sanitário de covid-19 2 - Novas regras de máscara no setor aéreo começam hoje no Brasil 3 - Confira a lista de países abertos para viajantes vacinados 4 - Entenda as regras especiais para a aviação durante a pandemia Toque na imagem e leia a notícia completa

Agente com medo de vender?

Convidado: Duda Slud, da ES Travel (Curitiba) "Depois de um retrocesso neste início de ano devido ao fechamento também de destinos domésticos, os clientes ficaram desanimados. São vendas que fizemos e foram frustradas. Isso faz com que os agentes de viagens fiquem com medo de vender. Medo de desapontar seu cliente com um destino fechado. Acredito que a retomada em 2021 será no âmbito de consultas para 2022, que é quando vejo o setor esquentando a ponto de podermos sentir."

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5 - Chile endurece regras para entrada de brasileiros 6 - Feiras de Turismo em 2021 são realidade? O que será deste setor? 7 - Viagens corporativas terão de ser ainda mais justificadas 8 - TUI anuncia novo diretor para América Latina e expande equipe 9 - Cancún cobrará taxa de 12 dólares por visitante a partir de abril 10 - Viagem é o principal desejo dos brasileiros após a vacinação Fonte: Portal PANROTAS


BOLETIM DOS BASTIDORES

Do shopping ao luxo independente

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Convidada: Lorena Cláudia, IC da Clube Viagem by Primetour (Fortaleza) "Embora milhares de empresas tenham fechado as portas por não resistirem à pandemia, o mercado do Turismo tem um lado bastante positivo de empresas novas abrindo. São novas visões que ficarão no póscrise. Encontrei meu caminho no programa de consultores independentes da Primetour. Transformei minha agência de shopping em um novo negócio, trazendo muito da minha clientela. O Turismo não vai parar. Muito pelo contrário. E temos de estar preparados para essa volta."

Um trabalho árduo que não termina

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Convidada: Cláudia Valério, Agaxtur Santos (Santos-SP) "Estamos há praticamente um ano fazendo remarcações. Teve cliente que já trocou seu aéreo de data cinco vezes. Nós não vemos um fim para isso. A MP ajuda os agentes de viagens, mas temos um trabalho árduo que não termina. Por outro lado, ao trocar de Latam Travel para Agaxtur, aumentamos nosso leque. Nós até comemoramos quando vendemos passagem da Gol e da Azul por aqui. Nesse aspecto trocar de marca abriu muitos leques. Além disso, a Agaxtur é mais forte no luxo do que a Latam Travel. Estamos conquistando outros clientes"

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BOLETIM DOS BASTIDORES

+Lidas da semana PANCORP 1 - Novas regras de máscara no setor aéreo começam hoje no Brasil 2 - Confira a lista de países abertos para viajantes vacinados

O pior inimigo das agências está sendo os hoteleiros Convidado: Mauri Viau, da Elite Resorts (São Paulo) Ficou com vontade de entender a colocação do agente Mauri Viau? Então fique ligado no próximo episódio do Bastidores do Turismo, que sai na próxima terça-feira, 30 de março, no Portal PANROTAS. Quer participar do Bastidores? Envie a sugestão de tema para ser abordado no redacao@panrotas.com.br

3 - Feiras de Turismo em 2021 são realidade? O que será deste setor? 4 - Viagens corporativas terão de ser ainda mais justificadas 5 - Maioria dos gestores projeta retorno das viagens domésticas em 2021 6 - Mobility lança solução para locação mensal ou de longa duração 7 - Gol anuncia venda antecipada de passagens por R$ 300 mi a Smiles 8 - Quer receber os Especiais PANROTAS em casa, de graça? Saiba como 9 - Hotelaria precisará reinventar forma de engajar com hóspedes 10 - OBT Tech Travel chega a 40 clientes e diz estar pronta para crescer Fonte: Portal PANROTAS

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Passaporte sanitário

Entenda como funciona o passaporte sanitário de covid-19 anunciado pela União Europeia.

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Uso de máscaras nos aeroportos Novas regras da Anvisa estão em vigor.

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Portas abertas para vacinados Confira a lista de países que já carimbam passaporte de quem está comprovadamente imunizado.

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Argentina fechada País suspende todos os voos de e para Brasil, Chile e México.

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Chile restrito Mais de um teste, isolamento em hotel e outras medidas serão necessários para entrar no país andino se o passageiro for proveniente do Brasil ou tenha estado no território nacional nos últimos 14 dias.

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Malas prontas Estudo mostra que viajar é o principal desejo de consumo do brasileiro em isolamento.

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CVC Corp na Copa do Mundo Toque na imagem e leia a notícia completa

Grupo fecha acordo para vender pacotes para a Copa do Catar 2022.

Disneyland Califórnia

Os dois parques devem ser expandidos em um projeto chamado DisneylandForward, em parceria com a prefeitura de Anaheim. Toque na imagem e leia a notícia completa

Seychelles te espera

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Reaberto ao Turismo o arquipélago de Seychelles promove evento virtual destinado aos turistas brasileiros. Participe do Seychelles te Espera.

Smiles integrado à Gol

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A Assembleia Geral do Smiles aprovou a incorporação da empresa de fidelidade pela Gol Linhas Aéreas, que já era sua controladora. Agora o Smiles será uma divisão da Gol, assim como ocorreu com o Fidelidade, da Latam, que passou a ser incorporado à aérea, mas com o nome de Latam Pass.

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Entrevista

Artur Luiz Andrade

CRUZEIROS DE VOLTA AO CARIBE Na semana passada a Royal Caribbean e a Celebrity Cruises, ambas representadas no Brasil pela R11 Travel, anunciaram a volta dos cruzeiros pelo Caribe, já em junho. O embarque não será da Flórida, como de costume, e sim de portos caribenhos. Isso porque os cruzeiros ainda estão proibidos nos Estados Unidos, mas com a vacinação avançada no país e os protocolos das companhias marítimas revisados e implantados, é grande a pressão da indústria pela liberação dos cruzeiros, única atividade ainda proibida no Turismo americano por conta da pandemia de covid-19. O diretor da R11 Travel, Ricardo Amaral, falou com a Revista PANROTAS sobre essa volta, mais de um ano depois, ao Caribe. Ricardo Amaral

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Quantum of the Seas

REVISTA PANROTAS – A Royal e a Celebrity anunciaram semana passada o retorno das viagens ao Caribe, com saídas de portos na região e não nos Estados Unidos. Como será essa operação? RICARDO AMARAL – A mobilidade dos cruzeiros permitiu essa solução rápida e que viabiliza os que querem voltar a navegar. O CDC ainda não liberou de forma clara os cruzeiros de e para portos americanos, porém, há voos diários para Nassau, nas Bahamas, St. Marteen e Bermudas, permitindo que o cruzeiro ocorra sem os home ports onde iniciam e terminam nos Estados Unidos, agora substituídos por portos do Caribe. Esses grandes destinos vivem de Turismo e sofreram por muito tempo sem fluxo de cruzeiristas e outros turistas. O impacto econômico positivo tão necessário está faltando há mais de um ano, e com a vacinação e os protocolos de segurança sanitária eles aceitaram viabilizar as saídas que começam regulares em breve (a previsão das primeiras saídas é em junho para as duas companhias). O Grupo Royal já embarcou mais de 100 mil hóspedes desde que retomaram as saídas, em Cingapura, com o Quantum of the Seas. Ainda antes das vacinas e com os protocolos, e a operação deu muito certo. Foi a prova e o incentivo para os destinos do Caribe começarem a operar. 31 de março a 6 de abril de 2021 — PANROTAS

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Odyssey of the Seas

Também em Israel os vacinados vão poder navegar e com grande parte de sua população vacinada os cruzeiros partem para Grécia com o Odyssey of the Seas, que após isto, em novembro, realizará a travessia e iniciará a temporada inaugural no Caribe, para todas nacionalidades, saindo de Fort Lauderdale, com itinerários para Falmouth, Jamaica; Georgetown, Grand Cayman; Cozumel, México; e Perfect Day at Cococay, nas Bahamas. O navio Millennium, da Celebrity Cruises, partirá de Phillipsburg, em St, Marteen, com portos de escala no Caribe, incluindo Aruba, Curaçao, Barbados, Tortola e Santa Lúcia. O Adventure of the Seas, da Royal, terá saídas de Nassau, com itinerários em Grand Bahama Island e Cozumel, no México. O Vision of the Seas terá saídas a partir de Bermudas, visitando nosso destino exclusivo Perfect Day at CocoCay, nas Bahamas. Todos os governos estão apoiando a iniciativa com garantias que a operação seja tranquila e segura para todos. PANROTAS – Quem poderá embarcar? O que precisará ser apresentado do ponto de vista de saúde? AMARAL – Cada destino tem seu protocolo descrito pelas autoridades sanitárias

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locais, mas de forma geral os certificados de vacinação serão determinantes para embarcar e testes em menores de 18 anos com 72 horas de antecedência do embarque. PANROTAS – Os brasileiros poderão aproveitar essa primeira onda de cruzeiros no Caribe? AMARAL – Depende muito mais de abertura de fronteiras em cada destino especificamente para brasileiros e essa situação se altera rapidamente. Mesmo com a fronteira dos Estados Unidos ainda fechada para brasileiros, os outros destinos das saídas que permitem acesso vão viabilizar os embarques a partir dos portos e destinos designados, desde que tenham certificados de vacinação. A Copa Airlines tem voos diários via Panamá para Nassau, permitindo ótima conectividade para embarque de brasileiros. Nassau e Bermudas nesse momento estão abertos para brasileiros e esperamos que St, Marteen abra em breve. PANROTAS – Como serão as atividades a bordo? Os protocolos anunciados em 2020 continuam? AMARAL – Os protocolos continuam e são aperfeiçoados, tudo é muito novo e evolui de forma a manter a segurança e


focando no conforto, comodidade e entretenimento dos hóspedes. PANROTAS – A partir daí, como você vê a retomada dos cruzeiros no Caribe, na Flórida e no resto do mundo? AMARAL – Muito rapidamente nos próximos meses e a demanda reprimida de todos que navegam constantemente e tiveram seus planos interrompidos vai ser alta. Como a oferta vai crescer aos poucos temos alguns fenômenos como, por exemplo, o cruzeiro da Silversea que vendeu totalmente no dia de abertura das reservas. PANROTAS – Com essa retomada já mais perto, que dicas você dá ao agente de viagens brasileiro para aproveitar as vendas e atender a seus clientes cruzeiristas? AMARAL – Sejam rápidos para garantir espaço, já que muitas pessoas têm créditos das saídas canceladas e vão usar. Deve ter um boom relevante e pico de reservas. Divulguem a política “Navegue com confiança”, que permite utilização dos créditos e também novas reservas, que podem ser alteradas. Dessa forma, não existe problema em reservar e garantir melhores cabines e destinos. A dica é: reservem já para garantir. E se preparem que muitas novidades boas devem vir em breve. n

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Viagens e eventos corporativos Beatrice Teizen

INSIGHTS PARA O REINÍCIO Tobias Ragge, CEO da HRS

Desde que teve início a pandemia de covid-19, o mercado de viagens e eventos corporativos vem tentando sobreviver e se adaptar às novas realidades exigidas pela crise sanitária. Com a situação ainda incerta, mas segura de que a recuperação virá, a HRS realizou na semana passada o Corporate Lodging Forum, pelo segundo ano consecutivo de maneira on-line. A temática “Emergir. Mais Fortes. Juntos” focou na retomada nas Américas e trouxe insights e visões de como o setor poderá ser no futuro. “A pandemia nos mostrou mais ainda que a interação humana, o trabalhar junto, é essencial. Estamos vendo que a demanda de viagens corporativas que conhecemos possa estar se perdendo – com uma estimativa de redução de um terço – e que

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uma grande parte delas seja substituída por essa nova realidade de trabalho. Os fornecedores continuarão enfrentando desafios, por isso é importante ser estratégico com as parcerias comerciais. Vejo uma oportunidade, já que as viagens e a nova forma de trabalhar trarão tendências, de estar mais perto do que nunca dos parceiros”, disse o CEO da HRS, Tobias Ragge. Se os budgets para viagens a negócios serão menores nas empresas, serão realizados menos deslocamentos, mas estes serão mais importantes. Haverá, então, um número menor de viajantes, que serão escolhidos a dedo para viajar. Isso acabará influenciando inevitavelmente nas políticas e em todo o programa de viagens de uma corporação. “Com isso talvez a categoria de viagens

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perca um pouco da importância na perspectiva da área de procurement, já que gastará menos dinheiro que outros departamentos da companhia. Mas o duty of care e o bem-estar do viajante estão ainda mais em evidência. Na gestão de viagens veremos mais dados e alguns avanços tecnológicos em relação aos hotéis e companhias aéreas”, pontuou o consultor para Indústria da tClara, Scott Gillespie. REUNIÕES VIRTUAIS X SUSTENTABILIDADE Um dos principais tópicos dessa geração e da próxima é a sustentabilidade. Com a meta de chegar à neutralidade de carbono até 2050, empresas terão de ter visão estratégica sobre o assunto para continuar existindo. Apesar de a emissão de carbono nas viagens corporativas ser pequena em comparação às grandes fábricas e indústrias, por exemplo, sustentabilidade é um KPI bastante importante no programa de viagens. Os encontros presenciais são vitais e voltarão, mas como balancear essa relação? “Esta será a pergunta crítica. É uma grande necessidade de as companhias entenderem qual será a maneira de justificar qualquer viagem que alguém da empresa vá fazer. Por que não fazer por Zoom? Aquele deslocamento terá de ser ainda mais justificado. E as decisões relacionadas às questões sustentáveis que os viajantes terão de tomar só vão crescer”, afirmou Gillespie No entanto, sabe-se que as reuniões face to face são essenciais e não vão acabar. Apesar de as virtuais serem mais baratas, livres de carbono e fáceis de agendar, elas trazem alguns riscos que devem ser considerados, como a relutância dos participantes de fazer perguntas difíceis, motivação insuficiente, objetivos irreais e participação passiva. “Os encontros digitais têm vantagens e desvantagens, mas é preciso pensar na importância de minimizar esses riscos que eles podem causar e olhar para a relevância de se encontrar, fisicamente, com pessoas”, finalizou o consultor.

EXPERIÊNCIA DE 2019 Após alguns longos meses de ocupação praticamente zero e hotéis fechados quase que em sua totalidade, a indústria hoteleira precisou, e muito, se readaptar e repensar estratégias e maneiras de operar. “O impacto no nosso negócio foi severo, mas ao mesmo tempo nos mostrou como somos resilientes e conseguimos nos manter fortes. Como resultado desta força, agora na América, quase todos os nossos hotéis estão abertos e, se as condições de mercado continuarem melhorando, estamos otimistas que os poucos que continuam fechados também reabrirão”, afirmou a vice-presidente de Contas Globais da IHG Hotels & Resorts, Betty Wilson, em um dos painéis. Com o avanço do programa de vacinação em países como os Estados Unidos, espera-se que a demanda comece a se recuperar e, então, os hotéis enfrentarão um outro desafio: a volta da grande quantidade de hóspedes e a necessidade de se adaptar à nova (na verdade velha) realidade. “Os hotéis estarão começando os serviços do zero e os hóspedes, quando voltarem, vão esperar a experiência que tinham em 2019. Será um desafio treinar o pessoal, eliminar as restrições de aglomerações e voltar ao que era antes. Outro ponto é que os seres humanos precisam de interação social e, se não a temos em um escritório, acredito que essa convivência cada vez mais migrará para o setor hoteleiro. As empresas poderão mudar os custos que tinham com o aluguel do escritório para reuniões pontuais em hotéis, por exemplo”, disse o presidente para Américas da HVS, Rod Clough. PORTFÓLIO DIVERSIFICADO Os hábitos de viagem estão mudando cada vez mais depois do surgimento da covid-19 e essa tendência vem mostrando à indústria hoteleira a importância de se ter um portfólio diversificado de hotéis para atender as diferentes necessidades dos viajantes. “Temos visto uma performance forte nos nossos produtos de longa estada.

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Painel sobre a nova dinâmica da indústria hoteleira

Para corporativo, estamos focando mais em doméstico. A proporção de grupos diminuiu, claro, mas vemos muitas pequenas e médias empresas performando melhor do que as multinacionais. Existem negócios que precisam continuar viajando, como setor de construção e governo. Por isso é importante essa diversificação, além de levar novas marcas aos clientes e criar novas parcerias”, explicou Betty. NOVA FORMA DE ENGAJAR A crise sanitária mudou a forma como os hotéis operam, fazem negócios e se relacionam com todos os stakeholders, principalmente os clientes. Além dos diversos protocolos de higiene e segurança que precisaram ser adotados para garantir e conquistar a confiança do hóspede de volta, a questão de tarifas e precificação precisou ser – e vem sendo – repensada. Assim como o engajamento com todas as partes. “Trabalhando com procurement, a base era sempre a tarifa. Mas com o novo coronavírus a prioridade mudou e o duty of care é chave. Nossa indústria não é um commodity, é muito importante para as empresas onde os viajantes corporativos estão dormindo, comendo, se exercitando etc.”, contou a vice-presidente de Vendas Globais para EUA e Canadá da Marriott International, Kathy Mouw. Sobre uma estratégia de tarifas dinâmicas ou estáticas, ainda há muito a ser discutido. São muitos os produtos a serem precificados e, nos últimos anos, se tem visto mais programas dinâmicos. No entanto, as tarifas estão cada vez mais transparentes, disponíveis nos canais de distribuições. Os clientes corporativos estão tendo valor pelo volume e confiam que a oferta recebida será a melhor possível em relação ao 18

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contrato acordado. “Gostamos mais das tarifas estáticas ou que a tarifa negociada seja muito menor. Além disso, na questão da hotelaria, o mais importante para nós é a experiência do viajante, como podemos fazer o processo mais fácil, ter o melhor custo e saber onde ele está, em uma perspectiva de segurança. São os três aspectos que focamos”, disse o gerente de Categoria Global da Amazon, Mathias Smyser. PAPEL DA TECNOLOGIA Em tempos de distanciamentos social e contaminação por meio de contato, é essencial que os pontos da jornada da viagem ofereçam tecnologias touchless (sem contato). É o que os clientes esperam e querem neste momento, não só em hotéis, mas em todos os aspectos de suas vidas. “Este é o mundo que vivemos agora e acho que vamos começar a ver mais pessoas pegando vantagem dessa oportunidade. Estamos trabalhando para tornar nossos processos cada vez mais sem fricção e a segurança precisa estar em primeiro lugar. Mas não queremos tirar a hospitalidade do nosso negócio, por isso estamos tendo de reinventar o engajamento com os nossos hóspedes”, explicou Kathy. Segundo Smyser, tirar processos da jornada só tende a melhorar a experiência do cliente. “Não é preciso tirar a hospitalidade do hotel, ainda queremos as interações, mas queremos facilidades na hora de fazer o check-out, por exemplo. Sempre buscamos por soluções inovadoras e tecnológicas para beneficiar nossos viajantes em vários aspectos. Queremos entregar uma experiência fácil para ele, assim como é comprar na Amazon”, finalizou. n


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EVENTOS E VIAGENS CORPORATIVAS

abril de 2021de 2020 www.alagev.org | Edição 45 33 – 6 26dede fevereiro Parte integrante da Revista PANROTAS

MANTENEDORES ALAGEV

Giovana Jannuzzelli e Eduardo Murad, da Alagev

UM ESPELHO PARA O MERCADO DE EVENTOS Potência Transformadora. Este foi o slogan do Lacte deste ano e, no quesito tecnologia, inovação e experiência do participante, a 16ª edição do encontro para gestores de viagens e meeting planners da Alagev conseguiu atingir seu objetivo, sendo uma jornada potente e transformando o jeito de fazer eventos no mercado. Com início já em dezembro de 2020, o evento foi completamen20

te reformulado e, em formato híbrido, reuniu, ao todo, mais de 2,6 mil pessoas – sendo cerca de 100 participantes no primeiro dia, que aconteceu no Golden Hall do WTC, em São Paulo. O segundo dia contou com a tecnologia multi-hub, sendo transmitido simultaneamente do Club Med Lake Paradise, em São Paulo, e do Rio das Pedras, no Rio. Diante do on-line, o propósito foi engajar todos os

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players e stakeholders e entregar o networking pelo qual o Lacte é conhecido. “O grande desafio foi como conectar todo mundo, todos os parceiros, nesse grande ecossistema. Tivemos gameficação, visitação nos estandes, ativações, pesquisas, galeria com fotos dos eventos anteriores. Foi desafiador, mas todo o ambiente virtual estava bem amarrado, conseguimos


Raffaele Cecere, da R1, Rogério Miranda, da Inteegra, Juliana Aranega, da Imaginadora, e Eduardo Murad, da Alagev

integrar todos os pontos dentro da ferramenta”, diz o diretor executivo da entidade, Eduardo Murad. INOVAÇÕES Os responsáveis pela plataforma do evento foram a R1 e a Inteegra que, juntas, entregaram uma ferramenta com diferentes inovações, tipos de interação, recursos tecnológicos e, principalmente, a geração de uma infinidade de dados, obtidos em tempo real, sobre todos os movimentos dos usuários dentro do ambiente. O que vale ouro para os organizadores de evento e que, em encontros totalmente presenciais, não é gerado de maneira tão consistente. “Um dos principais pilares do conceito do Lacte 16 foi a questão da estratégia de coleta de dados e como utilizaríamos isso dentro e fora da programação. Seguindo as normas da LGPD, conseguimos visualizar todos os comportamentos das navegações dos participantes: por onde acessavam, em quais ambientes mais entravam, qual painel tinha mais audiência, quais assuntos tinham maior engajamento entre o público... Conseguimos trackear toda a jornada do participante, medida por perfil, e isso gerou uma massa muito interessante de informações”, conta o CEO da Inteegra, Rogério Miranda. Além da enorme geração de dados, a primeira edição híbrida do evento da Alagev contou com outras inovações, como realidade aumentada, com a presidente da entidade, Roberta Moreno, recepcionando os visitantes na entrada do hall, por exemplo, elementos 3D nos estandes da Expo L²ACTE², rastreamento de hashtags, nuvens de palavras, crossover de tecnologias na transmis-

são ao vivo, multi-hub, super tela – que permitia engajar por meio de reações, como likes e corações – e a possibilidade de deixar o evento aberto por mais tempo para que as pessoas pudessem revisitar, como foi feito com a feira virtual. “O índice de revisitação foi muito alto e este é um dado interessante, pois mostra que faz sentido ter uma ferramenta complementar ao evento presencial. Posso acessar com mais calma, em um horário que eu me adapte melhor, principalmente em tempo de home office com diversas distrações. Uma espécie de Netflix para eventos”, comenta o presidente do Grupo R1, Raffaele Cecere. A plataforma contou também com uma seção com materiais complementares, uma espécie de grande biblioteca com diversos conteúdos que complementavam assuntos tratados durante as palestras. Havia também uma galeria de imagens que trazia fotos de todas as edições, desde a primeira, onde os participantes podiam ver a evolução do evento ao longo dos anos. Uma vasta quantidade de links e opções para quem quisesse conhecer a história e trajetória do evento. DESAFIOS DO HÍBRIDO Com as restrições, os eventos precisaram ser suspensos e realizados de forma on-line. Protocolos foram surgindo e viu-se que era possível migrar para o formato híbrido e foi decidido que assim seria, então, o Lacte deste ano. Uma pequena parte do público participaria presencialmente e, o restante, on-line. A partir disso, toda a realização do evento foi repensada e o conceito que tinha acabado de mudar, na edição 14, em 2019, mais uma vez precisou ser reformulado. “No Lacte 14 construímos um modelo que levaria 31 de março a 6 de abril de 2021 — PANROTAS

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um tempo para consolidar, mas veio a pandemia e networking, lembrando aos participantes como é e mudou tudo. Sabíamos que o formato de dois estar presencialmente em um evento é fundamental. dias inteiros, no virtual, não funcionaria do jeito que www.alagev.org | Edição 33 – 26 de fevereiro de 2020 integrante da Revista PANROTAS EVENTOS E VIAGENS CORPORATIVAS acreditávamos. Por isso nossa estratégia foi trans- Parte PONTOS CHAVE PARA O SUCESSO formá-lo em uma jornada de três meses para ir O sucesso de um evento pode ser medido de várias MANTENEDORES ALAGEV aquecendo a comunidade, fazendo gamefications, maneiras e, no digital, é preciso ter cuidado para que opções no aplicativo, feira virtual, geração de negó- ele não se torne cansativo. O trabalho é dobrado cios, finalizando no evento híbrido”, explica a head para conseguir prender a atenção das pessoas, uma de Eventos na Imaginadora, Juliana Aranega. vez que são muitas as interferências e interrupções O objetivo principal foi mostrar para o mercado o possíveis dentro de casa. que dá para fazer em termos de eventos. Com a pro- A abrangência do Lacte desse ano, que atingiu toda posta criada, vieram os desafios. Que foram muitos. a América Latina – além do multi-hub que possibiO principal: entender que o evento híbrido são dois litou a participação das pessoas em duas cidades dentro de um – o on-line e o presencial. diferentes ao mesmo tempo –, foi um dos pontos É preciso pensar em quem está assistindo de casa altos, trazendo muita interação e captura de leads. e no local. São dois roteiros, dois diretores artísticos, O conteúdo de um evento presencial sempre foi a dois diretores técnicos, cada um olhando para um chave para uma realização bem-sucedida e, para o universo. Mestre de cerimônia separado, brincadei- híbrido, não é diferente. É talvez até mais importante ras e o entretenimento para o virtual eram de um já que as experiências como almoços, breaks e netjeito, para os presentes era de outro... Dois eventos working presenciais não acontecem. Ele precisa ser (quatro, um em SP e outro no Rio), por isso, era ne- assertivo e bem elaborado para que a audiência não cessário pensar em uma agenda para conseguir en- seja perdida. Sem contar a questão da segurança e caixar as experiências de ambos os formatos. de saúde, que é a principal neste momento de pan“O evento híbrido demanda um olhar duplo. Precisa demia. ter engajamento do pessoal com o físico, com vir- “Esta foi a edição do Lacte que tivemos o maior nútual, lembrando que cada público vai ter experiências mero de participantes. Um dos principais objetivos completamente diferentes do evento. Essa amar- era levar conteúdo para mais gente possível e o diração de todos esses pontos torna o evento muito gital nos permitiu isso. Tivemos uma abrangência mais complexo, mas a gente sabe que é algo que nacional e para América Latina. Outro ponto de suatinge muito mais pessoas. É proporcionar aquele cesso foi que, como evento híbrido dentro do nosso gostinho de evento físico, mas capaz de atingir um mercado, foi o com a maior aderência no presencial público maior”, pontua a gerente executiva da Ala- e no on-line. Contribuir de alguma forma dentro de gev, Giovana Jannuzzelli. um momento extremamente difícil para o nosso Manter o engajamento também é um desafio, prin- setor, capacitando profissionais, foi algo extremacipalmente em épocas de home office e de estafa mente satisfatório para nós”, comemora o CEO da causada pela grande quantidade de lives neste pe- Inteegra.n ríodo de quarentena. Por isso, oferecer engajamento

E PARA QUEM PARTICIPOU? “A tecnologia foi primordial para conseguir fazer um evento bacana como foi o Lacte. A navegabilidade era simples, a ferramenta nos possibilitou uma série de interações interessantes. Estamos em um cenário com todo mundo um pouco estafado com tantas transmissões ao vivo e em frente a um computador, por isso, plataformas dinâmicas nos ajudam muito a participar, tendo um tempo de qualidade. Não é só mais uma live ou um Zoom, tem toda a possibilidade de networking, de ver os produtos e engajar com a tecnologia”, comenta a gestora de Viagens da Syngenta, Ana Prado. Para os próximos eventos, tanto Lacte quanto

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PANROTAS — 31 de março a 6 de abril de 2021

outros do mercado, Ana acredita que não há mais como deixar de lado a captura de dados. Outra questão a ser observada é a possibilidade de aproximação que um encontro híbrido dá, trazendo palestrantes renomados virtualmente, por exemplo. Há muitos ganhos em termos de abrangência e conteúdo. “O Lacte é um evento educacional, um espelho para todo o mercado ver. Por ser de entidade, tem de servir como base, a inovação precisa sempre estar presente. É um desafio fazer e manter um evento de qualidade, mas com toda a expertise, parceiros certos e o setor empenhado, é possível fazer um encontro de sucesso.”


P A N R O T A S , ano agor T E L E GR AM T ododi a Anál i s e DEnos s os e di t or e s Façapar t eda nossacomuni dade: Escanei eoQR Codeaol ado, pesqui sepor @panr ot asou acessepel ol i nk t . me/ panr ot as

T odaS E MANA

R e vi s t ap anr ot as esPANROTAS or t seEdi i #Anál

#Revi st aPANROTAS


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PANROTAS — 5 a 11 de agosto de 2020


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