Edição nº 1.476 - Ano 29 | 21 a 27 de junho | www.panrotas.com.br
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Grupos de WhatsApp e nas redes sociais aproximam os profissionais de Turismo, especialmente os agentes de viagens, categoria que é bastante pulverizada por todo o País. Mas e na hora de defender direitos e reivindicar melhorias? Essa atuação dos grupos ajuda ou atrapalha? Soma ou divide? Ouvimos algumas dessas vozes na reportagem especial da semana
ÍNDICE nº 1.476 | 21 a 27 de junho de 2021 | www.panrotas.com.br
Página 05
Editorial - Ranço é o novo mal do Turismo
Página 08
Brasil mais longe do passaporte sanitário
Página 09
Parque aquático indoor em Gramado (RS)
Página 10
MasterChef no Beto Carrero World
Página 11
Primeira ponte aérea digital do mundo
Página 12
Irlanda sem vistos
Página 13
Assembleia para decidir futuro da Aviesp
Página 14
África do Sul renuncia à SAA
Página 15
Hotel Nacional com nova gestora
Página 16
Forças independentes: agentes conquistam espaço via redes sociais
Página 25
Pesquisas mostram Turismo como prioridade ao consumidor
Página 28
Turismo no Congresso: ex-ministro pede celeridade à LGT
PRESIDENTE
José Guillermo Condomí Alcorta Quer receber a revista PANROTAS pelo celular? Toque aqui ou use o QR Code acima.
GESTÃO José Guilherme Condomí Alcorta TECNOLOGIA Ricardo Jun Iti Tsugawa EDITORIAL Artur Luiz Andrade
Media Partner
Associações
Parceria Estratégica
Editorial
RANÇO É O NOVO MAL DO TURISMO A vaidade é um dos grandes desvios (de caráter?) do ser humano, e ela é universal, democrática e altamente sedutora. Quem não se lembra da cena final de Advogado do Diabo, quando o personagem de Keanu Reeves muda a profissão em sua história, mas não o “pecado” da vaidade, para deleite de Al Pacino. Somada ao poder, a vaidade é perigosa e ainda mais tentadora. E somos todos vulneráveis a ela. Quem não tem vaidade que atire a primeira pedra. Quem não tenta controlar a mesma, pode guardar a pedra no bolso. Temos que conviver com a vaidade, assim como tantos outros deslizes e desvios tentadores. Mas e o ranço, hein? O ranço tem dividido o mundo, as pessoas e está cada vez mais enraizado no nosso querido e confraternizador trade de Turismo. O ranço vai de uma implicância (tipo “o santo não bateu”) ao boicote e incentivo ao cancelamento de alguém. O ranço divide, corrói, isola, engana, destrói o diálogo. Na década de 1990, quando comecei no Turismo, me impressionou (e até assustou) o modo como algumas empresas, especialmente as aéreas, lidavam com a distribuição (até então dividida entre telefone, lojas próprias e agências de viagens). Havia verdadeiras panelinhas e reservas de mercado. A Varig era especialista nisso, a ponto de uma empresa como a Advance ter amargado anos tentando vender a companhia de bandeira. Pois a reserva de mercado e as panelinhas foram obrigadas a sumir com a chegada da internet nos anos 2000 (mas não sumiram em definitivo, pois vira e mexe estoura um escândalo de favorecimento, não é mesmo?) e os novos tempos nos trouxeram a multicanalidade, a remuneração variável pela distribuição, o sonho (para alguns fornecedores) da venda 100% direta e... o ranço. Não sabemos se por vaidade ou pela onda dicotômica herdada da política (ou você é ultra direita ou comunista, sem nuances e qualquer outra forma de pensar e agir politicamente), mas alguns de nós, quero crer que não todos, foram se fechando em bolhas de ranço e o diálogo, a parceria ou a construção de uma comunidade do Turismo ficou quase inviabilizada. Daí a grande quantidade de entidades (parabéns a Aviesp e Abav-SP pelo projeto ousado, corajoso e necessário de união de forças, despindo-se de vaidades e briga por poder), de grupos (especialmente no WhatsApp), de comitês, de comissões, de frentes de debates, de eventos (falando a mesma coisa para o mesmo público com os mesmos debatedores)... Uma grande quantidade de líderes das próprias bolhas, mas que, por causa do ranço, não dialogam com os demais.
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Está mais que na hora, no tema associações do Turismo, de termos uma mega entidade estratégica, que trate dos assuntos macro, que represente a indústria de Viagens e Turismo (lazer, corporativo, eventos, parques, agências de viagens, operadoras, meios de hospedagem, empresas de tecnologia, locadoras, receptivos, imprensa especializada, guias de Turismo, seguro viagem, destinos, DMCs e tantos outros players) em discussões abrangentes, especialmente com o governo e órgãos públicos, de todas as esferas, e com a sociedade. Essa entidade não acabaria com as demais, que passariam a ter tempo e recursos para se dedicarem a seus associados – de treinamentos a eventos, da relação com fornecedores a temas que vão do marketing às melhores práticas de vendas. As estratégias maiores, as negociações com os governos, as questões legais e a promoção do Turismo com toda sua força e representatividade ficariam com a nova entidade, que nem precisa inventar a roda, basta se inspirar e aprender com o modelo da US Travel Association (fruto da fusão da Travel Industry Association com outras entidades afins). A US Travel senta com a Casa Branca, ajuda os governos estaduais, promove os Estados Unidos internacionalmente, e a Asta, a Ustoa, as associações de hotéis e de todos os demais segmentos continuam existindo e evoluindo. A própria Asta, há poucos anos, deu uma repaginada e fez uma reviravolta interna, passando, entre outras coisas, a denominar seus associados consultores de viagens (travel advisors) e não mais agentes de viagens (travel agents). Ou seja, enquanto a US Travel mudava sua forma de agir, as entidades independentes também. Evoluir é para todos. Vamos vencer o ranço e achar espaço para todos. Com o topo da montanha dedicado ao Turismo mais forte, mais representativo, mais unido. Sem ranço, administrando vaidades, dialogando e às vezes debatendo, defendendo causas, mas também as diversas classes, se adiantando aos avanços tecnológicos e correndo atrás quando eles chegam primeiro (e geralmente é o que acontece). Muitas vozes no debate. Múltiplas vozes na promoção e nas sugestões para o setor. O Turismo é múltiplo e diverso. Mas em alguns momentos precisa de estratégia, coordenação e organização. Se organizar, todo mundo fala, todo mundo é ouvido. O Turismo precisa de suas associações (talvez não de tantas) e da voz ativa dos associados (e dos que estão unidos em grupos ou fóruns independentes). Mas também precisa de uma Associação Brasileira de Viagens e Turismo. Já temos candidatos para a missão. E vocês? Quem indicariam para liderar a iniciativa privada do Turismo nessa jornada?
Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br
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VOOS PARA O CARIBE COM AMERICAN AIRLINES®
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Os destaques do Turismo
Câmara dos Deputados/Janine Moraes
Presidente Jair Bolsonaro
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Bolsonaro é contrário a passaporte sanitário O Brasil está um pouco mais distante de ter um certificado de imunidade para a covid-19. Aprovado pelo Senado e em discussão na Câmara, o Certificado de Imunização e Segurança Sanitária (CSS), que comprova vacinação, imunidade e/ou teste negativo para covid-19, será vetado por Jair Bolsonaro caso seja aprovado pela maioria dos deputados. Foi o que o presidente disse na semana passada a respeito do projeto. "Alguns falam que para você viajar tem que ter um cartão de vacinação. Cada país faz suas regras. Eu não acredito que isso passe pelo Parlamento. Se passar, eu veto e o Parlamento tem o direito de analisar", afirmou o presidente. Ideia similar já recebeu o apoio do ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, e de sua equipe técnica. Segundo ele, um certificado digital de vacinação pode ser a ferramenta ideal para que as pessoas voltem a ter acesso, em curto prazo, a estádios de futebol, eventos, bares e restaurantes, ainda que sem abrir mão dos protocolos de segurança. Seria, portanto, um certificado aliado do Turismo, na visão do líder da pasta, apesar de ele ressaltar que o mesmo não pode ser mandatório.n
Check-in
Os destaques do Turismo
Primeiro parque aquático indoor sulamericano
Reprodução/Linkedin
Rogério Mendes
A Gramado Parks, responsável pelo desenvolvimento de projetos como o parque de neve Snowland, em Gramado (RS), está se preparando para o lançamento do primeiro parque aquático indoor da América do Sul, que acontece no dia 25 de junho. Batizado de Acquamotion, o parque será inaugurado em Gramado e poderá ser utilizado o ano todo, uma vez que conta com águas termais naturalmente aquecidas e climatização especial, mesmo durante o inverno. O investimento no empreendimento é de quase R$ 100 milhões. Serão sete piscinas, incluindo uma de ondas, uma de borda infinita, três ao ar livre e outras com opções de jatos massageadores e um bar molhado; dois grandes toboáguas e outras atrações para todas as idades. ROGÉRIO MENDES ASSINA COM O GRAMADO PARKS Quem assinou recentemente com o Gramado Parks, como diretor comercial de Entretenimento do grupo, foi Rogério Mendes. O executivo, que ficou 20 anos na CVC Corp, onde foi diretor de Vendas B2B e B2C, se despediu da empresa em fevereiro deste ano, em uma das grandes reestruturações da mesma. n
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Check-in
Os destaques do Turismo
MasterChef Brasil no Beto Carrero World
A partir de 10 de julho, até o fim de agosto, o Beto Carrero World realizará o 1º Festival MasterChef Brasil Beto Carrero. O visitante poderá degustar as receitas de países e regiões que fizeram sucesso no reality show culinário, como Portugal, França, Itália, México, Brasil, além de opções veganas, árabes, entre outras, em dez estações distribuídas pelo parque. Em cada uma, serão servidos dois pratos, uma sobremesa e bebidas típicas. O festival ocorre após o parque fechar parceria com a Endemol Shine Brasil. “Estamos muito felizes com essa parceria! Essa será a primeira vez que teremos o Festival MasterChef em um parque de diversões no mundo. É um grande case de licenciamento, que proporcionará uma degustação gastronômica do programa, viajando pelos países, dentro do Beto Carrero World, onde através do sistema "Grab & Go" o público poderá provar releituras de pratos deliciosos, é sucesso na certa!”, afirmou a head de Licenciamento da Endemol Shine Brasil, Fernanda Abreu. n
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Check-in
Os destaques do Turismo
Divulgação/Gustavo Rampini
Ponte aérea digital
A ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro, via Congonhas e Santos Dumont, se tornou a primeira do mundo a utilizar o uso de reconhecimento facial de ponta a ponta. A tecnologia dispensa a apresentação do cartão de embarque e de documentos de identificação do passageiro. Trata-se do projeto Embarque + Seguro, idealizado pelo Ministério da Infraestrutura e da empresa IDEMIA. VEJA O PASSO A PASSO DO EMBARQUE BIOMÉTRICO: - O passageiro pode fazer seu checkin diretamente no aplicativo do projeto, que está disponível tanto para aparelhos iOS como para Android; - Pela ferramenta, o viajante preenche dados pessoais como CPF, informações do voo e depois disso tira uma foto (selfie) que será confrontada com a base de dados da Serpro Serviço Federal de Processamento de Dados, do governo Federal; - Com a confirmação de dados e reconhecimento facial, o aplicativo manda uma confirmação ao viajante e a informação para as bases de dados do aeroporto e da companhia aérea; - Ao chegar no aeroporto, o passageiro tem dois pontos de reconhecimento. O primeiro já na barreira entre saguão e sala de embarque e o segundo no portão de embarque. - Nesses dois momentos, terminais com câmeras identificam o viajante e liberam a entrada sem que seja necessária a apresentação de qualquer documento ou do cartão de embarque.n
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Os destaques do Turismo
Permissão temporária A Irlanda anunciou o fim da exigência de vistos de entrada temporária e trânsito de brasileiros que entraram em vigor em 28 de janeiro de 2021. Tratase do Plano de Resiliência e Recuperação do governo irlandês desenhado para que o país possa "conviver com a covid-19". Além de brasileiros, viajantes da África do Sul, Argentina, Bolívia, Chile, Guiana, Paraguai e Uruguai não precisam mais do visto para entrar no país, mas de qualquer forma só podem visitar a Irlanda em caso de viagem essencial. A exigência continuará em vigor para cidadãos da Colômbia, Equador, Peru e Suriname. n
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Os destaques do Turismo
Marcos Lucas, presidente da Aviesp
Unificação de entidades A Associação das Agências de Viagens do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp), fundada em dezembro de 1982, e com cerca de 220 associados, convocou as agências de viagens filiadas para uma assembleia dia 19 de julho, com duas sessões virtuais, para deliberar sobre a unificação com a Abav-SP e a extinção jurídica da Aviesp a partir de 1 de novembro de 2021. A convocação é assinada pelo presidente da Aviesp, Marcos Antonio Carvalho Lucas, que ficaria à frente da associação até o encerramento da mesma. Esse prolongamento de mandato também deverá ser aprovado também em assembleia. O atual presidente da Abav-SP e ex-presidente da Aviesp, Fernando Santos, enxerga a medida como uma grande conquista para o trade paulista. As duas entidades já dividem o mesmo site, quadro administrativo e sede, e trabalham juntas há alguns anos. No passado, a Aviesp foi criada por uma dissidência da Abav-SP, com as agências do interior do Estado pedindo mais atenção além da capital. Hoje a Abav-SP conta com cerca de 400 associados. Para Marcos Lucas, não é o fim da Aviesp, que deixará de existir como CNPJ, mas evoluirá e continuará prestando serviços aos agentes juntamente com a Abav-SP. Saiba mais sobre o tema em www.abavspaviesp.com.br. n
Fernando Santos, presidente da Abav-SP
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Os destaques do Turismo
África do Sul renuncia à SAA O governo da África do Sul anunciou que renunciará ao controle da South African Airways. De acordo o ministro Pravin Gordhan, foi assinada a venda de 51% das ações da SAA para 51% o consórcio empresarial Takatso. O governo vai reter 49% do total. A ação segue um processo de um ano realizado pelo Departamento de Empresas Públicas (DPE) para identificar um parceiro de capital estratégico adequado para companhia aérea. O consórcio fará um exercício normal de due diligence antes que a transação seja finalizada. n
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Os destaques do Turismo
Ícone em novas mãos
O Hotel Nacional, em São Conrado, no Rio de Janeiro, está em novas mãos. A VOA Hotéis assumiu, no início deste mês, a gestão comercial de distribuição e desempenho do empreendimento. Com o trabalho iniciado, a startup implementou uma série de ações que deve modificar o perfil comercial do hotel. As principais implementações da empresa foram: instalação de uma central 0800 exclusiva, estrutura de departamentos, reformulação do website e estabelecimento de conexão mais forte com os hóspedes por meio das redes sociais. De acordo com a head comercial da VOA, Karol Garrett, uma estrutura foi contratada com profissionais dedicados, objetivando inicialmente quadruplicar o número de canais de venda integrados ao empreendimento. n
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Agenciamento e intermediação de viagens Artur Luiz Andrade
GRUPOS DE WHATSAPP: DIVIDEM OU SOMAM? O mercado de venda indireta de viagens (ou agenciamento, intermediação) é um dos mais pulverizados do Turismo brasileiro. Não sabemos ao certo, por exemplo, quantas agências de viagens existem no País e isso também se reflete em sua organização para lutar por direitos, melhorias, valorização e capacitação. Segundo pesquisa do Sebrae, divulgada em conjunto com a Abav, o Brasil tem mais de 70 mil CNPJ de agências de viagens. Segundo dados do Cadastro Central de Empresas do IBGE, incluindo as MEI, são 38 mil. No Cadastur, cadastro obrigatório do Ministério do Turismo, são mais de 32 mil agências formalizadas. Já um levantamento feito pela Fenactur e CNC, divulgado ano passado, aponta para 23 mil agências, com base no Relatório Anual de Informações Sociais. Na maior consolidadora do País, a RexturAdvance, da CVC Corp, há 7 mil agências de viagens ativas (ou seja, efetuando vendas). Na Abav Nacional, são 2,2 mil associados nas 27 regionais do País. O setor movimenta mais de R$ 100 bilhões por ano (retendo cerca de 10% desse total). Mas em uma peleja judicial com algum passageiro, por problemas com o consumidor, responde solidariamente pelo todo, mesmo não sendo dono do produto. Essa é uma das principais lutas desse segmento hoje, incluindo na Abav Nacional, que no ano passado conseguiu uma nota técnica da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom) do Ministério da Justiça, reconhecendo que o agente de viagens é solidário propor16
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cionalmente e não totalmente à viagem (a nota técnica, porém, não vale como lei e sim como referência). Este ano, a entidade também obteve apoio da parlamentar Aline Gurgel, do Republicanos do Amapá, que tramita projeto de lei sobre o tema na Câmara dos Deputados. A relatoria é da também deputada Joice Hasselmann. O tema também é assunto em grupos de agentes de viagens via Facebook, WhatsApp, Instagram e outras plataformas, um movimento que começou há alguns anos, em torno de objetivos comuns e pontuais, como o fechamento de operadoras, mas que se ampliou para debates de macro temas no Turismo. Esta semana, em entrevista ao Portal PANROTAS, o movimento RespeitAgente, apontou a questão da responsabilidade solidária como sua principal luta no momento. No grupo Turismo em Pauta, do WhatsApp, e no canal ClubTuris, no Instagram, o tema também está sendo debatido e constantemente sendo levantado pelos agentes e pela coordenadora dos espaços, Fabiana Lima. Os famosos grupos de WhatsApp já geraram filhos que atingiram uma organização maior, como a Unav e o Integração Trade, e têm primos no Facebook, com maior quantidade de participantes, mais barulhentos, mas com poucas ações práticas, como no caso dos grupos menores. Há exceções, claro, como o grupo da Protur, que levanta bandeiras e vai atrás dos casos mais polêmicos e com cunho legal, como nos fechamentos de fornecedores. Essa quantidade de grupos e ações ajuda ou atrapalha na luta pelos agentes de viagens? Somam ou dividem? Quanto mais barulho melhor ou quanto mais coordenação melhor? ABAV “Acho super válido que os agentes ajam, se unam, se movimentem e debatam o setor em todos os seus aspectos”, diz a presidente da Abav Nacional, Magda Nassar. “Mas também é preciso fortalecer as associações oficiais, como a Abav, que fazem um trabalho amplo para o Turismo, com representatividade em Brasília e com autoridades em todas as esferas. Uma coisa não elimina a outra, mas atuar e ajudar a fortalecer as entidades são atos que fortalecem a voz dos agentes de viagens como
QUANTAS SÃO AS AGÊNCIAS DE VIAGENS NO BRASIL
70 MIL
segundo pesquisa do Sebrae e da Abav, baseada em CNPJ de agências de viagens
38 MIL
pelo Cadastro Central de Empresas do IBGE
32 MIL pelo Cadastur
23 MIL
em levantamento da Fenactur e CNC, com base no RAIS
7 MIL
na maior consolidadora do País, a RexturAdvance
2,2 MIL na Abav Nacional OBS.: Grupos no WhatsApp e Telegram variam de 100 a 1 mil participantes, no Instagram reúnem alguns milhares e no Facebook chegam a 30 mil ou mais, mas possivelmente com outros profissionais da cadeia do Turismo.
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um todo, como categoria profissional”, continua ela. Segundo Magda, na pandemia o setor viu como o processo político é complexo e demorado – e essencial. E estar presente pressionando, educando, pleiteando e conscientizando os governantes é fundamental. O fato de a Abav estar em cada Estado do País é um grande diferencial, pois ajuda a trabalhar a base política local, até chegar a Brasília. “Nós temos no nosso radar todos os pleitos que ouvimos de todo o trade, principalmente dos associados. Nós desenvolvemos todos esses pleitos, mas isso leva tempo. O tempo do governo, dos trâmites, não é o tempo da sociedade, da nossa ansiedade. Acredito que o trade deveria se unir, pois várias ações e chamamentos que depois se calam acabam não levando a gente a lugar algum. E continuidade é algo importante. A efetividade tem que ser colocada na mesa e a Abav entrega isso ao mercado”, afirma a presidente da Abav, que lista algumas dessas entregas. “Por exemplo, há alguns dias mandamos os procedimentos para nossos associados para os novos recursos do Pronampe. A Abav foi a associação que mais conseguiu para seus associados acesso a esses créditos. Também estamos com um projeto de lei de responsabilidade solidária caminhando, já com relatora (veja no quadro da página anterior). Acionamos várias bancadas de deputados, conversamos com o Senado. Uma pessoa apenas não resolve, são várias articulações. Por isso conseguimos que a MP 1.036 fosse para o Senado, por isso que conseguimos os créditos, o BEm. E muitos outros projetos.” Para ela, a notícia da responsabilidade solidária parece que é uma novidade, mas não é. “Fizemos uma medida provisória que infelizmente não foi adiante. Respeito cada um desses agentes de viagens e essas vozes importantes que têm
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Magda Nassar, presidente da Abav Nacional
PL DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA O PL 908/2021 é o projeto de lei que a Abav articulou com a deputada federal Aline Gurgel (RepublicanosAP). É um exemplo de como o trabalho regional é importante, com uma corrente de ações que acaba reverberando em Brasília, com ações concretas. O projeto prevê que as agências de Turismo serão objetivamente responsáveis pelos serviços remunerados de intermediação que executam, mas não responderão, salvo se tiverem contribuído para a sua ocorrência, por vícios ou defeitos relacionados a fornecedores de transporte e meios de hospedagem. A autoria é da deputada Aline Gurgel e a relatoria da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), e neste momento o PL tramita em caráter conclusivo, pendente de análise ainda pelas comissões de Defesa do Consumidor; de Turismo; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Bruno Loepert, da SuperAgentes
de falar e ser ouvidas, mas defendo um idioma único. Falar em idiomas diferentes pode causar confusão. E saber o que já está acontecendo para somar forças. Temos divulgado exaustivamente as ações. Quanto maior o barulho bom, melhor para todos. Vamos fazer o barulho bom e certo”, conclui. Vale lembrar que a Abav faz parte do G20+, um grupo com as principais entidades do Turismo, incluindo várias ligadas ao agenciamento de viagens, como Abracorp, AirTkt, Aviesp, Avirrp e Braztoa. Uma articulação da Abav acaba contando com o apoio de todas essas e outras associações.
ASSOCIADOS ABAV 37,15% SUDESTE 25,64% NORDESTE 18,39% SUL 12,34% NORTE 6,48%
CENTRO OESTE
RESPEITAGENTE Para um dos coordenadores do movimento RespeitAgente, Bruno Loepert, da SuperAgentes, uma ação (de um grupo) não anula a outra e no caso da responsabilidade solidária, como as autoridades e a sociedade ainda não entendem sobre o tema, quanto mais ouvirem falar melhor. Assim, o grupo está iniciando uma ação com um deputado federal para organizar uma petição sobre a pauta. “Quanto mais ações chegarem aos deputados, ao governo, melhor. A sociedade civil ainda não conhece esse debate. O B2B conhece há duas décadas, mas as autoridades e a sociedade não. Por isso, quanto mais ações, melhor”, explica ele. A soma dessas ações, para Bruno, fará com o setor seja ouvido e haja uma solução para o maior problema do agenciamento no momento, de acordo com sua visão. Uma ação, segundo ele, não anula a outra. Elas se somam. O RespeitAgente já conta com 600 agentes de viagens cadastrados e nasceu de um grupo de WhatsApp, com cerca de 100 agentes. O agente de viagens Mauri Viau, da Elite Resorts, participa ativamente de quatro grupos de agentes no WhatsApp, dois deles bem restritos (um só para donos de agências e outro com fornecedores
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para debater processos e melhorias), e acha que eles cumprem uma função importante no mercado. “Os grupos de WhatsApp são importantes na comunicação diária entre as agências de viagens, pois é por meio deles que ficamos informados sobre ações, promoções, incentivos e até ações negativas, promovidas pela rede de fornecedores. Este canal de comunicação também auxilia muito nas ações que buscam construir um Turismo mais justo e eficiente no País”, diz ele. E Bruno Loepert concorda: “queremos trazer o equilíbrio de volta ao setor”, afirma, se referindo a questões como tarifas desiguais para os diversos canais, com estímulo à venda direta, e a não valorização, por alguns, dos agentes de viagens. DIVERSIDADE “Somos grupos de WhatsApp, grupos de Facebook, sites, que têm o objetivo de formar, informar, apoiar e lutar para que os problemas que existem e que têm banalizado o setor, destruído a ética da cadeia do Turismo, prejudicado muitos agentes de viagens, MEI, LTDA, dentre outros, possam ser sanados mais rapidamente”, diz Fabiana Lima, da Trielotur, e coordenadora dos canais do ClubTuris (Instagram) e Turismo em Pauta (WhatsApp), cada um com cerca de 100 seguidores. “Queremos um Turismo sustentável de volta para todos. Um Turismo capaz de dar espaço de atuação igualitária e mais transparente”, continua ela, que tem organizado lives e debates sobre temas como remuneração das agências, responsabilidade solidária e legislação em defesa dos profissionais. “Quem tem o objetivo de gerar sonhos, como o Turismo, precisa entender que deve dar espaço para todos sonharem, agirem e atuarem de forma proporcional e respeitosa. Como garantir isso, se hoje as leis que temos, a forma de agir livre e deliberada dentro do mercado, muitas vezes de forma impensada e exclusiva, sem regras ou limites de atuação, continuam prejudicando principalmente a base que sustenta o setor, que são os agentes, pequenos e médios empresários?”, questiona. Segundo ela, o objetivo não é ter apenas um grupo exclusivo representando os agentes de viagens. A diversidade de for-
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Fabiana Lima, da Trielotur, coordenadora dos grupos Turismo em Pauta (WhatsApp) e ClubTuris (Instagram)
mas de representatividade, a variedade geográfica e o mix de agentes são fundamentais. “Queremos ser vários espalhados pelo Brasil todo, cada qual com sua atuação e apoio diferenciado, contudo, unidos quando necessário, para defender e ajudar a prevalecer as causas nobres e mais urgentes do setor. Não queremos acabar com associações, as achamos pertinentemente necessárias. Mas queremos nos identificar verdadeiramente com elas. Queremos proximidade de nossas realidades. Nos identificarmos e nos unirmos a uma delas, ou talvez a algumas delas, e de verdade, tornar o Turismo mais justo em conjunto. Surgimos da necessidade e em meio a uma pandemia muito agressiva. Percebemos que não tínhamos mais nada a perder, e que lutar pelo que precisávamos era a única saída. Acredito sermos uma nova tendência. Será difícil nos desanimar”, finaliza. COMEÇO NO WHATSAPP Com a União Nacional dos Agentes de Viagens (Unav), o começo foi no WhatsApp, em 2015, para tratar de temas urgentes como o fechamento da Nascimento
Turismo e a realização dos feirões da Flytour. E hoje o grupo é um dos mais organizados e respeitados do setor, com mais de 300 agências de viagens. O objetivo é ser um elo entre as agências e os fornecedores, para antever e resolver questões, mas também investir em conhecimento. Durante a pandemia, a Unav, sob a coordenação de Inês Melo, da Stanfer Turismo, promoveu lives e encontros, com uma agenda positiva bastante agitada. A Unav foi o primeiro grupo com o qual a ITA, nova empresa aérea, do Grupo Itapemirim, se reuniu, virtualmente. O objetivo da Unav não é ser uma associação, pois a maioria dos membros já é associada da Abav ou Aviesp. Inês Melo, inclusive, está bastante alinhada com a gestão das duas entidades e até já foi convidada por Magda Nassar, presidente da Abav Nacional, para compor a chapa que concorrerá à próxima eleição da entidade. A Unav acredita na colaboração e não se furta em cobrar fornecedores e exigir respostas, em um processo de ganha-ganha para o setor. Ela usa o exemplo da unificação da Aviesp com a Abav-SP para defender a união do trade. "Há anos tenho feito esse pedido à direção das duas entidades, que sempre admirei muito. Essa ação demonstra a todos os agentes de viagens que precisamos unir nossas forças, pois só unidos conseguiremos conquistar melhorias e reconhecimento de nossa categoria." (leia na página 11) Já o grupo Integração Trade, que também nasceu durante a pandemia, tem foco na capacitação e já conta com mais de 2,4 mil agentes de viagens inscritos. "Conhecimento é fundamental para a atividade. Assessoria em viagens é o nosso diferencial. É na consultoria que está nossa margem de lucro. Não há intermediário para assessoria em viagens e esse é um bem que ninguém tira do consultor", disse Karla Tanaka, uma das coordenadoras, no programa Bastidores do Turismo, do Portal PANROTAS. Tanto a Unav quanto o Integração Trade são exemplos de grupos informais que amadureceram e acharam seu espaço no mercado, ajudando os agen-
Karla Tanaka, do Integração Trade
Inês Melo, da Unav
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tes de viagens com capacitações, orientações e até com condições comerciais diferenciadas. Em seu site, o Integração Trade diz que sua missão é “fortalecer e unir o trade através da disseminação de conteúdo teórico-prático empresarial” e o objetivo criar a maior comunidade de agentes de viagens. Sobre os grupos de WhatsApp no Turismo, Karla Tanaka diz que “diante dos desafios impostos pela pandemia, informação assertiva e ágil tornou-se primordial para a realização da venda, pois o networking obtido por meio desses grupos faz com que os riscos sejam diminuídos”. “Na Integração Trade promovemos o debate saudável e entregamos conteúdo para que as agências possam melhorar os seus resultados, respeitando sempre o livre arbítrio em suas decisões comerciais”, continua ela. Algumas novidades do site do Integração Trade incluem a renovação de todas as parceiras do ciclo anterior, site novo com área de hotéis parceiros dos agentes; sistema unificado de busca e emissão de seguros com suporte exclusivo para agentes da Integração Trade; e sorteios semanais de diárias em hotéis parceiros em comemoração ao primeiro ano do Integração. A LEGALIDADE A Associação de Defesa dos Direitos dos Agentes e Consumidores de Serviços e Viagens e Turismo (Protur) se define como uma associação privada, “constituída com o objetivo de representar o setor de agenciamento de viagens e seus consumidores em âmbito nacional”. O desrespeito aos direitos do consumidor teria gerado indignação e levou à criação da associação. Um consumidor lesado significa uma agência de viagens com imagem e parte financeira comprometidas. O grupo tem atuação forte no Facebook e se posiciona em questões legais, sempre buscando defender os agentes e seus clientes. Para Flávia Coradi, presidente da Protur, os agentes de viagens precisam aprender a se defender e buscar seus direitos. “O ponto primordial é a capacitação do empresário que irá prestar seu serviço como agente de viagens, onde este deverá conhecer as formas de constituição de empresa, a legislação de defesa do consumidor, resolução da Anac, bem como seus direitos e obrigações junto aos demais parceiros do trade”, explica ela. “E ainda, em colaboração mútua, alertar quanto aos perigos e dificuldades no mercado, qualidade de atendimento, risco de fornecedores, e, por fim, mas não menos importante, politicamente atuar
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Flávia Coradi, presidente da Protur
junto às autoridades constituídas para melhorias na regulamentação da atividade.” Sobre os grupos informais ou mais organizados que têm surgido via WhatsApp ou redes sociais, reunindo centenas de agentes de viagens (em alguns casos até milhares), Flávia acredita que “estas formas de comunicação virtual são importantes, porque agregam e agrupam pessoas com interesse em comum, de relacionamento ou então que pertençam a uma mesma categoria, facilitando assim a rápida transmissão da informação e obtenção da resposta”. “Considero muito eficiente aos participantes e facilita a atuação em conjunto.” A própria Protur tem 18 grupos de WhatsApp, além de atuação em algumas plataformas como o Facebook. Um deles é chamado de Parceiro Desleal do Agente de Viagens, que é descrito da seguinte maneira: "Parceiro não concorre com agentes, o nome disso é desrespeito,
deslealdade, ineficiência e falta de comprometimento com a excelência dos serviços prestados perante a classe". “A Protur, como associação privada, visa identificar as dificuldades e anseios da categoria que representa, especialmente entre aqueles que são seus associados, (hoje são 840 agências de viagens em todo o País) apoiá-los mediante a realização de cursos e treinamentos de capacitação, e ainda, informar e coordenar a ação conjunta de seus associados para a cobrança de seus direitos, realização de denúncias junto a autoridades, obtenção de melhores condições comerciais e de tratamento digno por seu parceiros comerciais”, resume ela. A destacar que tanto Magda quanto Flávia falam em trabalhar pelo setor, mas dando atenção especial e até preferencial para os associados. Associar-se, nesses casos,
traz benefícios e uma agilidade que pode fazer a diferença. A ilegalidade de algumas ações é o principal alvo da Protur, que atualmente visa combater “empresas que comissionam pessoas físicas, com os programas de afiliados/agentes independentes, pois é ilegal”. Um tema que ainda vai dar muito o que falar no setor. E que percorrerá todos esses grupos, podendo originar outros e ser ou não foco das principais entidades. Quem decide isso? A urgência do tema, a eloquência dos líderes e a sensibilidade das autoridades e governantes. As vozes plurais do Turismo estão na rua, especialmente as dos agentes de viagens. Caminhar paralelamente parece salutar, com encontros à frente para que uma voz mais potente chegue aos ouvidos de quem precisa ouvir reivindicações, sugestões, denúncias e pleitos. n
ENTIDADES E GRUPOS DE AGENTES DE VIAGENS ABAV
RESPEITEAGENTE
ABRACORP
UGART
*AVIESP
UNAV
www.abav.com.br
www.abracorp.org.br
www.respeitagente.com
www.ugart.com.br
www.abavspaviesp.com.br
www.unav.com.br
AVIRRP
Alguns grupos WhatsApp, Telegram ou Facebook são: Agentes de Viagens Unidos, Amigos do Trade, Benchmark Fornecedores, Empresários do Turismo, Galera do Turismo, Novo Prime, Sou+Agente e Turismo em Pauta , além dos grupos de empresas, que acabam focando em divulgação de produtos e capacitação.
www.avirrp.com.br
BRAZTOA
www.braztoa.com.br
INTEGRAÇÃO TRADE www.integracaotrade.com.br
PROTUR
www.protur.com.br
* A Aviesp convocou uma Assembleia Geral para o dia 19 de julho, quando os associados votarão pela dissolução da Aviesp, criada em 1982, e a migração de todos para a Abav-SP, em uma unificação das entidades. Um movimento raro no setor.
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Retomada das viagens Rodrigo Vieira
DESEJO DE CONSUMO RESPONSÁVEL
Ao passo em que a vacinação avança no Brasil e no mundo, avançam também os índices de desejo de consumo por viagens. Nos últimos dias, duas pesquisas comprovam o que já se imaginava desde o início do isolamento social: Turismo no topo da lista de prioridades para quando a covid-19 for controlada. Aliás, o consumo de viagens nunca foi tão desejado pelas famílias nacionais. A Booking.com revelou que para 63% dos brasileiros, viajar tornou-se mais importante agora do que antes da pandemia de covid-19. Os viajantes estão dispostos a trabalhar em busca de um objetivo comum. O estudo ainda aponta que:
75% 77% 75% 69%
dos brasileiros afirmam que aceitariam comprovar que foram vacinados para poderem viajar; aceitariam usar máscara durante a viagem;
apoiariam a diretriz “sem máscara, sem viagem”; dos entrevistados do País estariam dispostos a viajar apenas em pequenos grupos, de duas a seis pessoas;
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20% 18% 42% 27% 16%
dos brasileiros disseram que planejam usar créditos/vouchers de viagens canceladas em vez de pedir um reembolso;
pretendem comprar vouchers para a família e os amigos usarem quando for seguro de novo;
planejam escolher destinos menos frequentados;
querem reservar acomodações independentes;
buscariam acomodações em sua própria cidade, ou próxima a ela, para apoiar o comércio local.
Enquanto isso, 70% dos parceiros de acomodação da Booking.com ao redor do mundo estão "cautelosamente otimistas sobre o futuro dos negócios". Enquanto 62% esperam ver um aumento no interesse por viagens em 2021, eles continuam fazendo sua parte para garantir que os viajantes se sintam seguros. Inclusive, quase 70% dos meios de hospedagem entrevistados globais aumentaram as medidas de saúde e segurança, além de terem aprimorado os processos de limpeza em suas propriedades. INTERNACIONAL GANHA CORPO Já outro estudo, este da empresa on-line de distribuição de visitas guiadas, atividades e excursões Civitatis, aponta uma procura maior por destinos internacionais nas últimas semanas, embora a retomada do Turismo no País tenha um apelo grande no doméstico, muito ligada ao fechamento de fronteiras. Mais da metade (55%) das reservas feitas entre abril e junho na Civitatis são para um destino internacional. México, República Dominicana e Egito são os destinos mais populares, com 44%, 16% e 6% das reservas no Exterior. Devido à relativa proximidade, os países latino-americanos que permitem a entrada dos brasileiros estão se destacando. Assim, os quatro destinos internacionais com mais reservas no último trimestre estão localizados no Caribe, sendo os três primeiros destinos mexicanos (Cancún, Cidade do México e Riviera Maya)
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e o quarto na República Dominicana (Punta Cana). Importante ressaltar que esses são alguns dos destinos mais procurados para realizar a quarentena antes de ir para os Estados Unidos em busca da vacina. Confira a seguir a lista completa dos 10 destinos nacionais e internacionais com mais reservas na Civitatis entre abril e junho. INTERNACIONAIS Cancún - México Cidade do México - México Riviera Maya - México Punta Cana - República Dominicana Lisboa - Portugal Paris - França Dubai - Emirados Árabes Unidos Roma - Itália Cairo - Egito Assuã - Egito NACIONAIS Salvador - Bahia Rio de Janeiro - Rio de Janeiro São Paulo - São Paulo Fortaleza - Ceará Florianópolis - Santa Catarina Recife - Pernambuco Morro de São Paulo - Bahia Foz do Iguaçu - Paraná Paraty - Rio de Janeiro João Pessoa - Paraíba n
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CELERIDADE PARA A LEI GERAL DO TURISMO
Qual é a sua relação com o Turismo? MARX BELTRÃO – Sempre soube da importância econômica do Turismo, vindo de um Estado como Alagoas, que tem no Turismo sua segunda atividade econômica, geradora de empregos e renda. Mas foi quando tive a oportunidade de assumir o Ministério do Turismo, durante 18 meses entre 2016 e 2018, que pude entender realmente como essa importância econômica se materializa. Tive a oportunidade de dialogar com todos os integrantes do Conselho Nacional do Turismo, com todas as associações que integram o grupo, para desenharmos o plano de ação Brasil Mais Turismo, que perdura até hoje. O Turismo é uma pauta 28
Marx Beltrão, deputado federal e exministro do Turismo
Agência Câmara
Ex-ministro do Turismo, o deputado federal Marx Beltrão (PSD-AL) foi um dos principais articuladores, enquanto líder da pasta, para a conquista da isenção da alíquota do imposto de importação na compra de equipamentos para parques, no âmbito Mercosul. Desde então, incorporou as pautas do setor entre suas principais bandeiras neste segundo mandato no Congresso. A apreciação da Lei Geral do Turismo pelo Senado – e o deputado comemora a possível mudança na relatoria da LGT, que passaria para o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) – é uma de suas preocupações, assim como a manutenção de condições para que as empresas de Turismo sobrevivam à pandemia. Confira a nova entrevista do Turismo no Congresso, parceria do Sindepat (Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas) com a PANROTAS.
positiva, que apaixona quem tem contato com ela, e foi exatamente isso que aconteceu comigo. Tanto que hoje, como deputado, presido a Frente Parlamentar em Defesa do Turismo. O que o senhor destacaria como legado de sua atuação como ministro do Turismo? MARX BELTRÃO – O Plano Brasil Mais Turismo se estende até hoje, mostrando com foi bem idealizado. Aprendi muito naquele período e fico feliz por ter ajudado em importantes conquistas para o setor, destravando algumas pautas, como a questão da desburocratização de vistos para visitantes de alguns países importantes para o Turismo brasileiro; a criação da nova Embratur, que aumentou sua eficiência no cumprimento de
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seus propósitos. No setor aéreo, a possibilidade de maior participação de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras, a captação de voos fretados, fundamentais para o desenvolvimento do turismo internacional no Nordeste. Houve também a nova Lei Geral do Turismo, que ainda não foi aprovada no Senado, mas já passou pela Câmara. Em relação aos parques, por exemplo, fico muito feliz de ver que plantamos sementes que deram frutos. Todo o empenho para conseguirmos a isenção da alíquota do Imposto de Importação para compra de equipamentos para o setor, no âmbito Mercosul, mostrou resultados. Plantamos uma semente, na época do ministério, e vejo meu Estado se beneficiar com a instalação do complexo Pratagy.
Quais são suas principais pautas no Congresso? MARX BELTRÃO – Depois da minha atuação como ministro do Turismo, incluí várias pautas do setor entre as minhas bandeiras. Tenho um excelente relacionamento com o atual ministro, Gilson Machado, um “alambucano”, como chamamos os pernambucanos de coração alagoano e vice-versa, e tenho tentado contribuir. Sempre que apresentamos uma lei pelo Congresso, sua aprovação é muito demorada, por isso priorizamos a edição de Medidas Provisórias, com tramitação muito mais rápida. Nos tempos em que estamos vivendo, essa aceleração é de extrema importância. Tenho feito um trabalho intenso de convencimento do governo na apresentação dessas pautas, como foi a MP 936, que virou a Lei 14.020, criando o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, e a MP 948, sobre os cancelamentos e remarcações nos setores de Turismo e Eventos. Tem ainda o PERSE, muito bem desenhado pelo Congresso, e fico muito feliz em ver o avanço dessas pautas. Acredito que a recuperação do setor será lenta e talvez ainda não tenhamos em 2022 o volume de viagens que gostaríamos, mas sei que em 2023 teremos o setor extremamente aquecido, com plena recuperação dos empregos e criação de novos. O que o senhor gostaria de concretizar neste segundo mandato no Congresso? MARX BELTRÃO – Gostaria de con-
Agência Câmara
Como avalia os impactos da pandemia no setor turístico? MARX BELTRÃO – A pandemia foi e continua sendo extremamente prejudicial. O setor parou. Um exemplo é o voo Maceió-Brasília. Tínhamos dez voos diários, hoje há apenas uma frequência. O prejuízo disso para os hotéis é enorme. A hotelaria alagoana mantinha uma média de ocupação na casa dos 90%. Hoje está em algo entre 30% e 40%. Os restaurantes também foram muito afetados, mais de 400 mil postos de trabalho foram perdidos no Turismo brasileiro. Há um estudo do IBGE mostrando que o Turismo precisará crescer 42% para chegar aos níveis de 2019, prépandemia. Isso comprova o tamanho da devastação no setor.
cretizar ainda alguns dos objetivos do Plano Brasil Mais Turismo, como a Lei Geral do Turismo e pautas como a cobrança do ECAD nos quartos de hotéis, por exemplo. Existe uma responsabilidade de seguirmos tocando todas as pautas e não apenas “sentar nas leis”. Tudo muda muito rapidamente então, mesmo leis criadas há pouco tempo, podem precisar ser revistas em breve. Temos ainda a questão da judicialização das passagens aéreas, tema que precisa ser regulamentado para permitir um equilíbrio melhor para as empresas aéreas brasileiras. A Lei Geral do Turismo está paralisada no Senado e tive informações de que sua relatoria poderia ser entregue ao senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Espero que isso aconteça, para dar mais agilidade em sua análise e votação.
Como o senhor avalia o trabalho do grupo de associações de Turismo reunido no G20+? MARX BELTRÃO – Isso é muito importante para facilitar o diálogo. Otimiza o tempo de todos, especialmente dos parlamentares, que recebem uma pauta única do setor turístico. Adoraria que esse grupo já existisse quando fui ministro, porque sempre achei importante ouvir todas as demandas do setor. Mas, muitas vezes, as reuniões do Conselho Nacional do Turismo tinham 70 pessoas para falar, com pautas que às vezes se repetiam, mas muitas vezes se confundiam. Do ponto de vista político, a apresentação de demandas coletivas, de todo um setor, é mais fácil de se defender. Como deputado, não estou apresentando algo do Sindepat ou da Abrasel, mas do Turismo como um todo.n 21 a 27 de junho de 2021 — PANROTAS
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