PANROTAS 1.505

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ANO 30 | 1.505 | 31 DE JANEIRO A 6 DE FEVEREIRO DE 2022

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Fitur 2022 abre o caminho para o que deve ser a realidade das feiras no mundo do Turismo, com essa expectativa de o setor conviver com a covid-19. Evento realizado em Madri recebeu 111 mil visitantes, mostrou sede pelo reencontro e expôs novidades e produtos adaptados à nova realidade da indústria


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PANROTAS — 17 a 23 de janeiro de 2022


ÍNDICE

ANO 30 | 1.505 | 31 DE JANEIRO A 6 DE FEVEREIRO DE 2022 | www.panrotas.com.br | R$ 11,00

Página 04

Editorial - Que ano, hein

Página 05

OMS pede liberação internacional; OMT aplaude

Página 06

Operadoras - Contratações, investimentos e pausa

Página 07

Fitur 2022, um exemplo de resistência

Página 21

Os planos para a nova Queensberry, adquirida pela BeFly

Página 23

Entrevista Revista PANROTAS 30 anos Eduardo Sanovicz, presidente da Abear

Página 27

Ministro do Turismo responde sobre IRRF e outros pleitos

Página 30

CVC Corp investe em empresa de tecnologia dos EUA

Página 31

Dados consolidados da Abracorp em 2021

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PRESIDENTE

José Guillermo Condomí Alcorta GESTÃO José Guilherme Condomí Alcorta TECNOLOGIA Ricardo Jun Iti Tsugawa EDITORIAL Artur Luiz Andrade Media Partner

Parceria Estratégica


Editorial

QUE ANO, HEIN 2020, 2021 ou esse intenso janeiro de 2022? Tanto faz. Já estamos em looping, mas de vez em quando aparece uma luz brilhante. O fim do túnel? O vácuo que irá nos engolir? O reflexo do reflexo do reflexo do ano que nunca termina? O abismo que nos sorri de volta? Uma mão estendida para seguirmos juntos? O Turismo não tem paz, já dissemos isso aqui antes. E nos 40 graus à sombra, continuamos sonhando com prestígio, respeito, escuta, incentivos a quem representa 8% do PIB brasileiro. Sim, nós mesmos. A indústria de Viagens e Turismo. O Portal PANROTAS teve um mês intenso cobrindo e analisando para vocês os principais acontecimentos desse início de 2022 e pelo que noticiamos, somado ao que sabemos de bastidores, a conclusão é a mesma: não está fácil. A temporada de cruzeiros virou uma questão política, acreditem (dentro do governo e dos Estados e municípios contra o governo). E as milhares de agências de viagens do setor que assistam impávidas e inertes... Ou que se lasquem, como parecem querer alguns. A ômicron traz mais caos e também esperança, mas também é usada politicamente e a ciência ora é usada a favor, ora contra. E a população que tente acertar se é cara ou coroa. Em entrevista à PANROTAS, o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, se defendeu de críticas, mostrou o que tem feito, conseguiu cartas e falas de apoio da Abav, Braztoa e Clia, enviou MPs aos ministério da Justiça e Economia... Mas é preciso ir além. É preciso que o Turismo esteja na pauta da Economia e da Justiça como deveria estar: 8% do PIB. Tá bom pra você? A decisão do final do ano sobre a MP do IRRF mostra sim uma visão (da Economia) que vê um setor fraco (Turismo) e que não contempla o que foi acordado, simplesmente porque não sabe o que é Turismo. Isso quando o próprio Ministério da Economia já disse que se trata de um imposto que não deveria existir. Mesmo o da aviação, que nunca existiu, está zerado por dois anos, mas depois passa a ser cobrado. Ou seja, não há incentivo ao setor e sim aumento de imposto. Claramente aumento de imposto. No caso do IRRF é a priorização das empresas on-line internacionais, com a mentalidade de se estar incentivando o Turismo interno. Alguém pode desenhar? Primeiro mês do ano e já estamos exaustos. Podemos entrar naquela caverna da série Dark, da Netflix, e sair em outro ano, outro momento, outro cenário? Ainda bem que em fevereiro tem carnaval para gente espairecer... Peraí... O carnaval foi adiado pra abril? Que ano. Que ano.n Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br

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Turismo e Covid-19

NOVO TURISMO CHANCELADO

A tal transformação da covid-19 em uma espécie de influenza, isto é, a esperança de que vamos conviver com a nova doença como o fazemos com a gripe há décadas (vacina, repouso, menos risco de letalidade) pode estar se tornando realidade. Foi, de certa forma, chancelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na semana passada. O órgão recomendou oficialmente que os países retirem completamente ou afrouxem as medidas de proibição às viagens internacionais, alegando que elas não adicionam valor no combate à pandemia e ainda contribuem com o enfraquecimento da economia global. A mesma OMS, lá no início da pandemia, se baseou no que sabe fazer de melhor, a ciência, para recomendar justamente o contrário, mas é fundamental lembrar que a atual deci-

são é baseada após o surgimento da vacina e as políticas públicas de imunização aliados ao provável menor poder de letalidade das novas cepas em comparação com delta e gama, por exemplo. A declaração da OMS foi aplaudida pela Organização Mundial de Turismo (OMT) que por sua vez alega ser impossível a missão de barrar a entrada do vírus em um país. É a nova maneira de fazer Turismo, com a qual os consultores devem se acostumar e sobretudo alertar seus passageiros: usar máscaras, testar, evitar aglomerações e seguir todos os protocolos contra a covid-19 é algo que ainda não está tão próximo do fim. Ah, e oferecer seguro viagem é mais do que recomendação, é obrigação. A escolha é do passageiro, mas a responsabilidade é do agente.n

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Operadoras

REFORÇOS, NOVA FASE E UMA PAUSA Dario Espinoza e Emilia Aiello, da Operadora Concierge

Mariana Hecksher assume a diretoria de Planejamento Estratégico e Rebeca Ferreira a diretoria comercial

Fundada recentemente, sob a administração de executivos experientes no meio, a ViagensPromo reforçou sua equipe com oito executivos em dez dias. Vendas, Produtos, Financeiro e Atendimento em São Paulo e outras bases são o foco da empresa, que dá sinais de crescimento nos negócios apesar da ômicron. Reforçada também está a Interep. Mais lideranças femininas se juntam ao time de Cynthia Rodrigues, diretora geral da operadora de décadas de mercado. Mariana Hecksher comandará o Planejamento Estratégico e, Rebeca Ferreira, as Vendas. Já a Inti Experience, fundada como uma cooperadora de luxo para consultores freelancers há cinco anos, está lançando uma nova frente de negócios, a Operadora Concierge, a fim de oferecer roteiros personalizados e serviço de concierge também para profissionais independentes. 6

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Na Queensberry, o clima é de otimismo em relação à saída da Recuperação Judicial e aos frutos que os investimentos da BeFly, de Marcelo Cohen, adquirente da empresa de Martin Jensen, trarão, principalmente em tecnologia. A continuidade na agitação no segmento de operadoras em 2022 é consequentemente boa notícia para os agentes de viagens. É sinal de que apesar dos obstáculos há motivos para acreditar em um convívio aceitável entre Turismo e pandemia. Por outro lado, a Investur, uma operadora nichada em Ásia e Oriente Médio, anunciou a suspensão de atividades por tempo indeterminado. A empresa paulistana estabelecida em 1988 ainda tem esperanças em continuar atuando, mas o cenário de abertura de fronteiras nos países onde atua é um dos mais incertos em termos globais, portanto, por ora, o atendimento está suspenso.n


Eventos

Fabiola Bemfeito, de Madri, especial para a Revista PANROTAS

HERÓIS DA RESIS TÊNCIA Mais de 100 mil pessoas visitaram a Fitur em 2022

Até o seu início, em 19 de janeiro, a Fitur, feira espanhola que é a primeira no calendário das grandes feiras de Turismo internacionais, foi dúvida entre seus potenciais participantes se de fato aconteceria. Em meio ao crescimento no contágio da variante ômicron na Europa – e no Brasil –, muitos operadores brasileiros preferiram cancelar sua ida ao evento. Afinal, a ITB de Berlim havia decidido não fazer mais seu trade show presencial poucos dias antes, optando pela versão virtual. Mas a organização seguia firme e forte em sua decisão de realizar a feira espanhola no modo presencial e reafirmou isso logo após

a virada do ano. O certo é que, quem manteve a participação, curtiu. A Fitur, em tamanho e número de participantes, foi no mínimo 70% de sua última edição antes da pandemia – o que surpreendeu a todos positivamente. Nada menos que 81.193 participantes, de 127 países, circularam por oito pavilhões do centro de eventos Ifema Madrid nos três primeiros dias, que são dedicados exclusivamente aos profissionais de Turismo. Eles mataram saudades dos principais fornecedores internacionais – a maioria não se via há dois anos –, avaliaram produtos, pensaram novos caminhos e detectaram tendências.

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Mas, antes, apresentaram seu certificado de vacina com pelo menos duas doses – ou exames diários de não contaminação pela covid-19. O mesmo aconteceu com outras 30 mil pessoas, que foram nos dois dias dedicados ao público, mostrando que viajar segue na lista de desejos das pessoas. Protocolos em cima, a Fitur insistiu na tese de que o Turismo precisa seguir. Media partner brasileiro da feira espanhola, a Revista PANROTAS vivenciou o evento in loco – e claro, seguiu os protocolos, apresentou certificado de vacinação, não se contaminou com a variante ômicron. E conta dez dicas e aprendizados. Inspirados pela Fitur, temos também as nossas sugestões...

1 – CORAGEM É BOM E A GENTE GOSTA

2 – QUEM SOBREVIVE A GUERRAS... TAMBÉM SOBREVIVE AO VÍRUS

Um dos pontos interessantes de circular na Fitur – e que mostra que todo mundo está lá –, é o pavilhão que reúne destinos um tanto quanto inusitados. Como é o caso de países 8

Evento acontece no Ifema, na capital da Espanh

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É preciso ter coragem e bancar a resistente para ser presencial em meio à escalada da variante ômicron e ao aumento de internações por covid-19. AFitur resistiu e agradou seus participantes. Não à toa, reuniu mais de 80 mil, o dobro de 2021 e cerca de 60% do total de profissionais de 2020, edição pré-pandemia. “Com sua decisão, a Fitur defende a convivência do Turismo com a segurança sanitária e lança uma mensagem incontestável de que o Turismo deve seguir adiante e aprender a viver de forma segura com essa nova situação”, afirmaram seus realizadores. De acordo com eles, a atividade não pode parar, pois precisa seguir liderando o desenvolvimento econômico e social justamente nesse contexto de recuperação. Que assim seja. E com saúde. Cheers!

que vivem em guerra mas, mesmo assim, mostram que a atividade turística não morre jamais. Enquanto a Síria atravessa momentos desafiadores em meio a uma guerra civil que já dura mais de uma década, o estande cooperado do país está lá reunindo fornecedores locais como o Sheraton Damasco ou o Shahba Hotel Aleppo. Ao lado estava a Palestina, que convidava os visitantes a seguir sua página nas redes sociais. Logo mais ali, o Irã mostrou, mais uma vez, com um estande grande e muitas atrações, que quer mesmo ser uma força do Turismo na região. E a nossa certeza? Que o Turismo vai encontrar seus caminhos em meio a tantos desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus. Que, em ciclos, insiste em voltar, de alguma forma, quando todos acham que a vida está voltando ao normal.

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3 – EVENTOS SÃO PREFERENCIALMENTE PRESENCIAIS. MAS NÃO SÓ...

Se por um lado, a Fitur faz questão de ser tradicional, apostando em seu evento presencial, por outro ela também segue olhando para os novos tempos. E não poderia ser diferente para uma feira que sempre lançou tendências. Para ser coerente com o histórico, a Fitur apostou em complementar a participação presencial de destinos e empresas com uma plataforma digital que, garante, permite agregar valor aos profissionais, empresas e ampliar virtualmente as oportunidades de networking entre expositores e visitantes. O Fitur LIVEConnect ficou em operação de 20 de dezembro a 4 de fevereiro para que os participantes pudessem também interagir virtualmente. No encerramento da edição profissional, registrava 33.286 cadastros, 10% acima das previsões.

4 – SENSAÇÕES SERÃO AUMENTADAS

Outra novidade do ponto de vista tecnológico foi o Helixa Experience Center, plataforma criada para oferecer a empresas e profissionais novos modelos de negócios híbridos virtuais baseados nas oportunidades abertas pelos metaversos. Isso mesmo, o Helixa fala em três opções de eventos – o tradicional, sem apoio tecnológico para criar a experiência do visitante; o segundo com a realidade aumentada; e o terceiro, com realidade virtual. Por exemplo, é possível sugerir um caminho para circular pela feira, por um hotel ou parque sem que ele precise estar desenhado no chão, mas apenas sendo apontado no celular do visitante. Ou apresentar um produto em 3D sem precisar transportálo ao local. Também é possível que na hora de reservar um hotel pela internet, o po-

O Turismo vai resistir, e os estandes da Palestina e da Síria são boas mostras de como o Turismo sobrevive até a guerras

Irã mais uma vez veio com um estande grande e muitas atrações mostrando que quer ser uma força do Turismo na região

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tencial hóspede tenha acesso a todas as facilidades do quarto e informações como, por exemplo, quantas camadas tem um colchão ou o tipo de amenities, enquanto escuta a torneira da banheira ligada. Circular pelos tipos de apartamentos com os respectivos preços e diferenciais. No caso de tour em destinos, há recursos já conhecidos como recriar uma atração histórica exatamente como ela era em seu auge. Como por exemplo, as lutas no Coliseu, de Roma: você olha para um local e vê uma batalha como seria se o Coliseu ainda estivesse em operação. O Lab de inovação da Ifema trabalha no desenvolvimento de eventos, shows de música, cursos e treinamento, pontos de venda e até clínicas de saúde em formato híbrido. Dentro de um evento com venda, por exemplo, dá saber em tempo real o que está sendo consumido e onde, com mapas de calor mostrando produtos e serviços mais bem-sucedidos.

Robôs camareiros e garcons da Pudu Robotics fizeram sucesso na área FiturTechY

A Fitur bancou, para felicidade da maioria de seus participantes, sua realização presencial. Quando a reportagem da Revista PANROTAS perguntava aos profissionais que circulavam na feira o que tinham achado de sua edição 2022, ouviram quase que de forma unânime duas afirmações: primeiro, tinha valido a pena ir, já que os contatos na feira haviam dado um retorno bastante satisfatório; e segundo, estavam muito felizes pela oportunidade de participar de um evento presencial, ver que ele era viável, e principalmente encontrar clientes e fornecedores. A conclusão imediata é que o Turismo é um setor que valoriza o modelo que o tem sustentado desde o início – o do networking e da possibilidade de fazer negócios olho no olho. Isto é, com pandemia ou não, ninguém encontrou uma fórmula que satisfaça

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5 – AS PESSOAS QUEREM SE ENCONTRAR

os negócios do Turismo sem o presencial. Isso quer dizer que as pessoas seguirão lutando pelos eventos nesse formato.

6 – VIAJAR É PRESENCIAL

Apesar dos robôs que, todos os anos, costumam circular pelo Pavilhão 10, e que fascinam os visitantes

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onde tradicionalmente fica a Fitur TechY; e dos caminhos reunidos pela Ifema, organizadora da feira, em soluções como o Helixa Experience Center (item 4) – que não são exclusivas e estão por aí com diversos fornecedores nos países –, ainda não se encontrou um caminho virtual que satisfaça as pessoas no que diz respeito às viagens. Isso, apesar de tudo que já se viu em filmes de ficção científica, quando as pessoas, com óculos VR e outros recursos, passariam a viajar sem sair de casa. Não. Viajar ainda é se deslocar de sua cidade para viver novas experiências, conhecer culturas, cores, sabores, texturas, vivenciá-las, fazer parte delas. É viver situações que trazem uma satisfação diferente. É caminhar pelas ruas, ver, viver, experimentar, fotografar, publicar na sua rede, contar para a família e amigos. E nada disso combina com uma experiência virtual.

Divulgação Fitur

Pedro Sanchez, presidente da Espanha

A prova disso foi que, mesmo em meio aos riscos gerados pela covid-19, que voltaram a assustar a Europa no final de 2021 e reverberaram no início de 2022, cerca de 30 mil consumidores foram à Fitur, em Madri, para o fim de semana com atrações e atividades para o público. Claro que o número é metade do total de antes da pandemia. Mas ainda assim é significativo.

7 – QUANDO O TURISMO É PRIORIDADE...

A Espanha, mais uma vez, mostrou que vontade política faz sim bem ao Turismo. O país está sempre classificado entre os destinos que mais lucram e recebem visitantes no mundo, de acordo com as estatísticas da Organização Mundial do Turismo (OMT), associada à ONU, e

do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Mas isso não surge do nada. Não houve ômicron que impediu as três maiores autoridades da Espanha de irem à feira mostrar seu apoio à atividade turística – fundamental para a economia local, o bem-estar dos espanhóis e de quem vive no país. Estiveram entre os visitantes da Fitur ninguém menos que o rei e a rainha da Espanha, Don Felipe e Dona Letizia, e o presidente do país, Pedro Sanchez. No Brasil, o setor precisa implorar pela presença de um presidente da República na feira da Abav, nosso maior e mais tradicional evento de Turismo. E é raro que vá. Mesmo assim, não costuma se contabilizar, depois da ida, grandes conquistas e mudanças para o setor – apesar de toda a celebração do trade quando se “conquista o direito” de receber um presidente.

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O Os organizadores da Fitur, inclusive, usaram entre seus argumentos para seguir com a feira no modo presencial, o fato de que a atividade não pode parar diante dessa nova situação. Não apenas pelos empregos que gera e famílias que sustenta, como no Brasil, mas porque precisa seguir liderando o desenvolvimento econômico e social justamente nesse contexto de recuperação. A Espanha sabe muito bem a importância do Turismo para sua economia. A família real e o presidente da República também.

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Don Felipe e Dona Letizia, reis da Espanha


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8 – O DOMÉSTICO É A BASE

Como reforçado no item 7, a Espanha costuma liderar as estatísticas internacionais, ao lado da França e mesmo dos Estados Unidos, dos países que recebem mais turistas internacionais em todo o mundo. Há tempos. Mas isso não é à toa. Entre os maiores frequentadores da Fitur estão, claro, os espanhóis. E entre os estandes mais visitados da feira estão, principalmente, os da Espanha, Madri e das diversas regiões espanholas. Como Andaluzia, Catalunha, Castilla, Galícia... Essas regiões investem de forma significativa na feira, fazendo estandes bonitos, atraentes e funcionais, isto é, que mostrem o produto turístico, mas também dêem a ele condições de ser comprado e consumido pelos visitantes da feira. Há um pavilhão exclusivo para a Espanha e suas atrações na Fitur. Que frequentemente é o mais visitado. Uma boa amostra de que um destino, para se destacar internacionalmente, precisa de fato ser consumido pelos locais. São eles que ajustam o produto e geram o equilíbrio necessário para que um destino se sobressaia a outros. E até garantam sua sobrevivência em momentos desafiadores como esse que vivemos, de pandemia, e no qual permanecemos, por muito tempo, com fronteiras fechadas.

9 – INOVAR SEMPRE

Ainda não encontraram um jeito mais eficiente em feiras do que as reuniões pré-agendadas entre clientes e fornecedores. E a Fitur segue isso de forma efetiva, o que é elogiado pelos seus participantes, que saem do evento com a certeza de que, de fato, fecharam negócios. Mas no que dá para pensar em inovar, a Fitur também está lá. A área dedicada ao Turismo LGBT+, por exemplo, completou em 2022 nada menos que 12 edições. Já a FiturTechY chegou aos 15 anos. A Fitur reúne ainda segmentos como

Estande da Andaluzia

o Fitur Next, com o que vem por aí; o Fitur Screen, dedicado ao Turismo voltado a locações de cinema, novelas e séries de TV; o Fitur Know How & Export, que busca facilitar a exportação de soluções para o Turismo de fornecedores espanhóis; ou o Fitur Talent que, como o nome diz, é voltada aos talentos do setor. Há ainda Fitur Mice, Fitur Woman, entre outros. E esse ano, começou, ainda limitado aos dias de público, o Fitur Cruises, voltado a um dos setores que mais sofrem com a pandemia. A Fitur também tem prêmios voltados ao estímulo da sustentabilidade e oferece o The Chatbot Tourism Awards 2022, que reconhece as ações que unem chatbots e inteligência artificial nas empresas de Turismo.

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Apesar do menor tamanho na feira este ano, o espaço dedicado ao Turismo LGBT+ segue firme na Fitur como catalisadora de um segmento de Turismo em franca expansão. A ministra da Indústria, Comércio e Turismo, Reyes Maroto, recebeu o prêmio Fitur LGBT+ pelo compromisso e apoio de seu ministério ao Turismo LGBT-friendly. A ministra também participou do Fitur Woman, pela importância de seu cargo ocupado por uma mulher, e reafirmou seu empenho em apoiar a liderança feminina no Turismo. De acordo com ela, as mulheres devem continuar neste caminho para estar à frente da indústria. O Fitur Woman é realizado com a Women Leading Tourism (WLT), que voltou a dar ênfase ao Objetivo 5 dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU), promovendo a igualdade de gênero e o empoderamento feminino no setor do Turismo. Julia Simpson, CEO e presidente do WTTC, também passou sua mensagem de apoio às mulheres, destacando a capacidade e talento de diversas CEOs e diretoras de importantes empresas na Espanha e internacionalmente. O evento contou com a presença de outras mulheres, Maribel Rodríguez, presidente da WLT, e María Valcarce, diretora da Fitur. A feira ainda recebeu a visita de outra empoderada, a governadora de Madri, Isabel Díaz Ayuso. Também não se pode negar que um evento que recebe mais de 80 mil profissionais de 127 países tem a diversidade na veia. Então, bora lá, Fitur. Está no caminho certo.n

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10 – EMPODERAMENTO É CAMINHO SEM VOLTA


CINCO SUGESTÕES... S E S S E D S O M O S E U PORQ 1

PRESENÇA DAS AUTORIDADES Toda vez que temos, nos grandes eventos, a presença de autoridades, como o rei e rainha da Espanha, e o presidente do país, caso da Fitur, também complica a entrada para os participantes pobres mortais. Como resolver isso então? Poderia haver mais pontos de entradas, para que não se demorasse tanto e nem acumulasse gente? Poderia marcar a chegada das pessoas, com a habitual checagem de segurança, para antes de o evento começar e a vinda das autoridades para o horário? Isso também acontece no Brasil, infelizmente porque temos poucas autoridades participando dos eventos de Turismo. Mas, nas poucas oportunidades em que isso aconteceu, todo mundo se lembra de filas intermináveis diante das máquinas de raio-X. Isso também acontece na Fitur, só que todos os anos, para sorte deles, que são prestigiados pelas autoridades e sua vontade política. Porém, no modo pandemia, complica mais.

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HORÁRIO DA FEIRA Bastante gente que participa da feira questiona se ela precisa acontecer mesmo de manhã e de tarde. Isso porque muita gente gostaria de saborear um pouquinho o destino onde ela se realiza, no caso Madri. Com a Fitur começando meio-dia em vez de 10h, e seguindo como já acontece hoje até às 19h, há quem diga que daria para aproveitar um pouco o destino de dia e não apenas de noite. Mas a questão é polêmica. O que você acha?

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REPENSAR ESTANDES

Quando a gente vê, por muito tempo, estandes com a mesma localização e conceito de anos atrás, questionamos logo: será que não existe uma maneira de dinamizar essa visita, tornar estandes mais funcionais etc.? Pois se você pensou isso, saiba que a Fitur também está pensando. A feira tem buscado melhorar a interação por meio de big data e machine learning. Dessa forma, é possível, por exemplo, saber por meio das postagens dos usuários nas redes sociais em tempo real, com as hashtags, se os visitantes estão ou não satisfeitos com o evento. Também é possível analisar a localização (de modo anônimo, claro) para ver por onde os visitantes mais passam, seu tempo de permanência, percursos e, além de entender os maiores sucessos e fracassos, evitar aglomerações. Tudo baseado em mapas de calor. Dá até para entender os perfis e gostos dos participantes para, assim, oferecer informação personalizada, com base na sua localização e interesses. O que será que vem por aí?

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FEIRA É SIM LUGAR PARA GRANDES LANÇAMENTOS

Tem gente que questiona se uma feira do tamanho da Fitur – ou mesmo da WTM Latin America ou da Abav no Brasil – é o lugar para se lançar novidades pelas empresas. Algumas acham que sim e costumam guardar acontecimentos para a ocasião. Outras, porém, e em número cada vez maior, acham que os lançamentos se perdem de tanta empresa que faz. Fato é que os eventos reúnem de forma efetiva muita gente de uma só vez. Se esses esforços forem somados a notas e matérias na imprensa e uma atuação inteligente nas redes sociais, pode valer lançar as novidades confiando nessa junção de fatores. As novidades na Fitur são bastante visíveis. Até porque se visitam os destinos e empresas que mais interessam. Então pode, sim, valer, deixar as novidades para serem lançadas nos eventos


O O 5

CINEMA TAMBÉM É TURISMO

Novamente, a Fitur, em parceria com a Spain Film Commission, levou adiante o Fitur Screen voltado ao que eles chamam de Turismo cinematográfico. Esse ano, o evento teve ainda apoio da Netflix. Afinal, a Espanha anda em momento de produção significativa para o streaming. E por que os destinos não se inspiram nessa ação da Fitur para desenvolver seus polos? Isso ajuda, inclusive, no posicionamento da marca Espanha, garantem os especialistas. E mais, além de gerar o fluxo de artistas, equipe técnica e todos os que participam das produções para um destino, depois o local pode virar ponto de visitação pelos fãs daquele filme, série ou novela. Ilhéus, na Bahia, até hoje usufrui do imaginário das novelas baseadas em romances de Jorge Amado que se passavam na zona do cacau. E nem sempre com todo o potencial e profissionalismo que poderia. Um dos momentos mais concorridos no estande da Turespaña na Fitur foi justamente quando a Deputación de Lugo falou sobre o tema. Concorrido a ponto de gerar a aglomeração. E quantos filmes ou novelas passados em Nova York, Paris, Barcelona ou Rio de Janeiro lançam na nossa mente a vontade de conhecer um destino? #ficadica n

Fila para pegar caipirinha no estande do Brasil

Baiana como sempre marcando presença nos estandes brasileiros

BOAS NOTÍCIAS PARA O BRASIL

Com foto do presidente Jair Bolsonaro e bandeira brasileira no mastro, o estande do País pareceu que seria sisudo. Mas não. Com um espaço funcional, acabou sendo um dos mais movimentados do Pavilhão 3, o das Américas, ao lado da Argentina e da República Dominicana, país sócio da Fitur em 2022. No meio do estande, para alegria de muitos e tristeza de quem tinha reunião e estava no meio da muvuca, havia um auditório com programação sobre as atrações brasileiras. E que estava constantemente cheio. Nas laterais do estande, os parceiros do cooperado realizavam os seus encontros. Música brasileira tocava em bom volume e só aumentava no fim do dia, quando todo o movimento do estande parecia se dirigir para uma espécie de fila da caipirinha, que fechava a noite na Fitur com a distribuição do drinque típico brasileiro. Uma baiana estilizada, com a inclusão de outros elementos fortes da cultura brasileira, chamava atenção na entrada do estande. Todos queriam fotografar. A boa sacada é que a Embratur incluiu um código de barras. Então, bastava apontar câmeras e celulares para a baiana mandar para o portal do Visit Brasil. O melhor é que os brasileiros que participaram do cooperado estavam felizes com os bons resultados. Em muitos casos, era possível ver filas se formarem na baia de cada um em função do bom número de reuniões agendadas.n

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OS PROTOCOLOS DA FITUR PARA REUNIR 111 MIL A máscara foi cobrada rigidamente. Era necessária que fosse no mínimo uma máscara PFF2 para ter acesso à feira. Se a pessoa não tivesse, a organização oferecia. Ninguém ficou sem. Pode reparar que nas fotos publicadas aqui na revista e no Portal PANROTAS com a cobertura da Fitur, está todo mundo de máscara. Não se tirava nem para a foto. Só mesmo para comer, tomar uma caipirinha ou equivalente. Antes de entrar, todos sem exceção, expositores, visitantes, convidados, precisavam mostrar o certificado de vacinação do país com o mínimo de duas doses. Feito isso, conferida e checada pela equipe da Fitur, os participantes ganhavam uma pulseirinha vermelha que deveria permanecer com eles até o fim do evento. A pulseira ajudava, por exemplo, a evitar que a pessoa tivesse que, novamente, comprovar sua vacinação. Também permitia que todos nos estandes soubessem que aquele visitante estava vacinado. Quando a pessoa não tinha como comprovar a vacina, tinha de apresentar o resultado negativo de covid diariamente. O movimento e a concentração de visitantes e funcionários da feira eram mostrados nas telas de rastreamento por meio de mapas de calor. A análise dos dados permitia, assim, a detecção em tempo real de áreas de alta ocupação para evitar aglomeração e criar uma distribuição natural de visitantes. Nem sempre funcionou. Mas era o primeiro ano de uso da ferramenta. A Fitur também explicou que o alto nível de CO2 representava uma densidade excessiva de pessoas por metro quadrado, o que aumentava as chances de contágio pela covid. Daí a importância a solução capaz de emitir alertas para enviar pessoal de segurança a uma área específica para desviar o fluxo de pessoas ou gerenciar as filas.n 18

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TIMING PERFEITO Liliane Jacob e Luca Souza, da Abreu

Dois especialistas da Abreu também estiveram entre os poucos operadores brasileiros na Fitur. Liliane Jacob, gerente de Produtos Américas e Europa, e Luca Souza, gerente responsável por exóticos e esqui, estavam muito felizes por terem participado do evento. “A Fitur acontece em um timing muito bom, no início do ano, bastante estratégico para nós”, comenta Luca Souza. Além da oportunidade de criar produtos e de rever outros, a feira, na sua opinião, permitiu ainda passar a limpo algumas informações desencontradas sobre a reabertura de países. “Aqui encontramos a galera in loco, entendemos como estão os destinos, onde vale à pena

investir”, continua. De acordo com ele, também é uma chance de criar laços e ampliar a parceria com destinos exóticos menos óbvios, como Armênia, Uzbequistão, Geórgia, que estão em um momento anterior a outros exóticos consagrados, como Egito, Tailândia e Israel, por exemplo. “É sempre bom ter alternativas, especialmente em um momento sui generis como esse que estamos vivendo”, continua. CUSTOMIZADOS Especializada em destinos mais tradicionais, como Estados Unidos, Caribe e grandes centros europeus, o timing da Fitur também é perfeito para Liliane Jacob. Ela disse que en-

controu muita gente dos EUA, o que já chamou sua atenção, já que a Fitur não costuma receber muitos profissionais de lá. Deve ser o momento, em que as pessoas estão mais focadas em aproveitar as poucas oportunidades que têm e, nesse caso, a feira espanhola foi mais do que estratégica. “Estou bastante satisfeita, fizemos contato com todos os nossos fornecedores”, destaca. “Ficar dois anos sem vê-los é muito tempo”, lamenta. Para Liliane e Luca, há ainda mais uma questão estratégica na Fitur, já que 2021 acabou vendendo bem destinos como Caribe, exóticos, o próprio Brasil e, claro, os EUA depois da liberação para os brasileiros. A feira é uma boa oportunidade

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para ajustar produtos pós-pandemia e, principalmente, criar novidades. “Estamos muito voltados à linha Turismo de experiência, nossas enotrips, por exemplo, que nasceram em 2021, têm sido um sucesso, queremos ampliar. A Abreu está sempre apostando em coisas novas e nós viemos aqui também para isso”, celebra Liliane. Outro produto que vem se destacando, segundo a especialista, são roteiros de wellness (bemestar), circuitos gastronômicos e roteiros de experiência, em geral, com guia em português. “O Europa com Amigos tem tido ótima aceitação. Sinto que as pessoas estão em busca de customização, de coisas novas e, pelo menos nessa fase, tem gente preferindo não andar de ônibus”, explica a gerente da Abreu. NOVIDADES ABREU Liliane a Luca lembram ainda que o período da pandemia, com menos viagens, acabou sendo uma oportunidade para a Abreu investir no seu sistema on-line para agências de viagens, que vende de hotéis a ingressos para a Disney, passando pelos circuitos e muito mais. “Trata-se de um diferencial da operadora, que consegue, por exemplo, trabalhar tarifas dinâmicas com as agências”, explica Liliane. Eles também reforçam que em 2022 farão a segunda edição do Mundo Abreu, já que a primeira edição foi muito bem recebida, com muitas promoções. “Outro ponto importante é que seguiremos reconhecendo nossos 40 maiores vendedores”, ressalta Luca. Com tanta coisa acontecendo, ainda bem que teve a Fitur no meio do caminho.n A Revista PANROTAS viajou a convite da Fitur como media partner brasileiro do evento.

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Operadoras

Fabiola Bemfeito, de Madri, especial para a Revista PANROTAS

NOVO MOMENTO Martin Jensen

Poucos operadores brasileiros estiveram na Fitur. Um deles foi Martin Jensen, fundador da Queensberry que, recentemente, foi comprada pela BeFly, de Marcelo Cohen. “Uma entidade me confirmou a vinda de 30 operadores e, perto do evento, me informou que 20 já tinham cancelado”, contou Jensen, que voltou à Fitur depois de oito anos. Estava feliz pela oportunidade de rever tanta gente. Especialmente fornecedores internacionais e parecia mais leve para quem o encontrou na feira. Ele conta que passou dias muito duros durante a pandemia. Em 2015, a Queensberry chegou a ter 160 funcio-

nários. No auge dos cortes com a interrupção das viagens pelo novo coronavírus, ficou com 20 colaboradores. “Já trouxemos de volta 22 e vamos trazer mais gente”, garante. “Me preparei para segurar as coisas por menos de um ano e conseguimos resistir dois anos”, contou o executivo. Se os clientes seguirão confiando na Queensberry após a venda, ele acredita que sim. “Tem muita gente com quem tenho contas a acertar e que fez negócio comigo em produto. Isso mostra o quanto acreditam em nós, mesmo em um momento tão crítico”, celebra. O fundador da Queensberry se

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prepara para seguir na empresa, já que acertou com Cohen estar à frente do negócio por mais alguns anos. “Estou certo de que vamos ficar muito mais tecnológicos. Tem gente jovem e especializada cuidando disso”, afirma Jensen, certo de que a empresa vai evoluir. Por isso, acredita que, sim, o estilo Queensberry vai seguir. “Estou feliz pela forma como o Marcelo está levando as coisas. Ele parece estar gostando do conhecimento visto em vários dos nossos colaboradores”, diz. Produtos novos? Sim, mas nada que saia muito do escopo da operadora. Ele diz que, cada vez mais, aposta em produtos especializados, em que se possa aproveitar mais e viver as experiências locais de forma mais efetiva. “Tenho notado que as pessoas têm preferido pacotes quer envolvem, por exemplo, só um país. Até porque, com restrições em cada lugar por conta da pandemia, tem sido difícil viajar entre um e outro”, constata. Mas, apesar dos desafios, o ano começou bem para a Queensberry. E isso não é só por causa da venda. Em maio, ao planejar como seria 2022, ele imaginou que embarcaria cerca de metade dos 300 grupos que normalmente embarcaria por ano, entre 140 e 160. Em janeiro todos embarcaram e fevereiro também está indo tudo como planejado. Que assim seja.n

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Entrevista 30 Anos Revista PANROTAS Artur Luiz Andrade

OS ALTOS E BAIXOS DA AVIAÇÃO NO BRASIL Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, expresidente da Embratur e da Anhembi Turismo, é o segundo entrevistado em nossa série pelos 30 anos da Revista PANROTAS, fundada em 1992 como Jornal PANROTAS.

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PANROTAS – Ano 3 da pandemia. O pior já passou? EDUARDO SANOVICZ – Chegamos em dezembro a 85% da oferta doméstica pré-pandemia, depois dos dois anos mais difíceis da história da aviação, desde 1945, que é quando nasceu a aviação como conhecemos hoje, com a Iata e a Icao. O 11 de Setembro (de 2001) foi uma gota d’água perto desse tsunami. Tivemos a extinção imediata da demanda, com um custo fixo muito alto e várias medidas emergenciais a serem tomadas, como o estacionamento das aeronaves e sua manutenção. PANROTAS – Quais foram as principais linhas de ação nesse momento mais agudo da crise? SANOVICZ – A revisão de contratos com fornecedores e as relação de trabalho; a remarcação dos bilhetes; medidas operacionais, como o waiver de slots, o estacionamento dos aviões e a renegociação das tarifas do Decea; e a negociação com o Ministério da Economia para uma linha de crédito para o setor. De tudo isso, obtivemos forte resposta do governo e dos parceiros, apenas a linha de crédito não aconteceu. Cada companhia aérea acabou encontrando a sua solução. PANROTAS – No apagar das luzes de 2021 houve ainda o IRRF sobre o leasing de aeronaves. SANOVICZ – É preciso deixar claro nesse caso que não é benefício algum que o governo está dando, pois o setor nunca pagou esse imposto. E pela MP, vai passar a pagar. Nós nunca pagamos esse imposto, que é único no mundo. PANROTAS – Quais os desafios para esse Ano 3 da pandemia? SANOVICZ – A malha doméstica deve estar recomposta já no primeiro trimestre de 2022, com mais de 100% da oferta pré-pandemia. A internacional é um grande desafio e a previsão é de 100% somente no final de 2023. Outro desafio continua a ser o querosene de aviação, que subiu 91,7% nos últimos 24

12 meses. E também o câmbio, com uma desvalorização recorde do real. Isso impacta do leasing ao querosene. E esses dois itens respondem por 51% dos custos de uma companhia. PANROTAS – Quem são os viajantes aéreos dessa retomada? SANOVICZ – A grande parte, sem dúvidas, é o viajante de lazer. Temos ainda um cliente novo, que mescla lazer, corporativo e outros propósitos na mesma viagem. E o corporativo tradicional, hoje mais representado pelas pequenas empresas. Os 15% que faltam na oferta serão ocupados pelo restante do corporativo e pela volta dos eventos, como feiras e reuniões de empresas. Várias corporações estão revendo seus custos e algumas não voltarão a voar como antes.

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PANROTAS – As empresas estão voando mais para destinos de lazer, que antes da pandemia não eram contemplados. Ao mesmo tempo fazem isso com recorde no preço do combustível e na desvalorização do real frente ao dólar. Não é contraditório? SANOVICZ – A indústria aprendeu a fazer mais com custo menor. Voos que há dois anos não fechavam a conta, não ficavam em pé, agora são sustentáveis economicamente. A questão toda era o custo. Há uma equação clássica na aviação que quando o custo cai 10%, mais 14% de pessoas viajam de avião. PANROTAS – Os destinos de lazer podem perder espaço com a volta do corporativo? SANOVICZ – Acredito que não. E nem com a disparada desses dois custos (dólar e combustível). Não temos deficiência de infraestrutura, o último leilão de aeroportos será em abril/maio, as aeronaves estão encomendadas, o dever de casa interno foi feito... Se houver algum corte será pontual. PANROTAS – E os protocolos nos aeroportos e a bordo? Continuam até quando? SANOVICZ – Ainda por muito tempo. Pelo menos nos próximos dois anos. A higiene refinada, as restrições de alimentação, o desembarque por filas também devem continuar por um tempo. E vale ressaltar que o Brasil está super alinhado com as novas tecnologias que irão facilitar os processos da viagem de avião, como o reconhecimento facial. PANROTAS – O brasileiro respondeu bem rápido à volta da viagem de avião. Por quê? SANOVICZ – O brasileiro aderiu à vacinação. A grande razão para termos chegado em dezembro passado a 85% da oferta de antes da pandemia foi a vacinação. E as empresas aéreas nacionais tiveram papel fundamental nisso, transportando de graça as vacinas para todo o País. Também vale destacar o trabalho de segurança feito pelo setor, como na prova de que o filtro Hepa limpa o ar de dentro das aeronaves. PANROTAS – Quais os efeitos da crise da Itapemirim Transportes Aéreos, que deixou de voar em 17 de dezembro?

SANOVICZ – Uma pena que a empresa não tenha conseguido ir adiante. O Brasil é um cemitério de empresas aéreas – Real, PanAir, Varig, Vasp, Transbrasil, RioSul, Avianca... Isso eleva nosso grau de alerta para as condições estruturais e de custo muito difíceis que existem no Brasil. Dessas, apenas a PanAir não foi vítima das condições estruturais do País ou de problemas de gestão e mercado. PANROTAS – Com a volta das viagens aéreas, a tarifa disparou. Nunca esteve tão alta? SANOVICZ – Nunca esteve tão alta nos últimos dois anos. Assim como o custo nunca esteve tão alto. Há um volume importante de passageiros que costumava viajar mais para o Exterior. Esse é um dos efeitos mais interessantes da pandemia e essa descoberta do Brasil deve ficar mesmo depois de acabar a crise. Foi um público pouco afetado pela crise. PANROTAS – Com isso a democratização do transporte aéreo, iniciada em 2002 com o início da liberdade tarifária, está comprometida? SANOVICZ – Em 2002 tínhamos 30 milhões de viagens e um tíquete médio de R$ 800. Em 2016 chegamos a 100 milhões e R$ 430. De 2016 para cá, a perda de renda do brasileiro e o desemprego têm piorado as condições para viajar de avião. E nesse momento, nesse Ano 3 da pandemia, diria que sim, a democratização do transporte aéreo fica comprometida sim. Há um segmento que voltou ao ônibus e outro que não vai mais viajar. O crescimento da capacidade de investimento das organizações depende do poder de consumo das pessoas. Não tenho certeza se isso se recupera este ano, com pandemia, eleições e crescimento econômico fraco. Vamos terminar o ano maiores que o pré-crise, mas difícil prever quando será a recuperação do setor. O endividamento com certeza vai pesar. PANROTAS – O governo tem atendido aos pleitos da aviação? SANOVICZ – Sim, tem investido na simplificação de procedimentos, na modernização do setor. E isso é mérito da Anac, que tem sido pró-ativa e vital nessa travessia. Tanto que este ano escolhemos dar uma das Medalhas JK da Confederação Nacional dos Transportes para a Anac.

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DE SANTOS PARA A AVIAÇÃO

Ministro Mares Guia com Márcio Favilla, Maria Luísa Leal, Milton Zuanazzi e Edu Sanovicz

Dependendo da sua área de atuação, Eduardo Sanovicz é conhecido no setor por seu trabalho nos CVBs, no governo federal ou na aviação. Em 1992, ano de criação do Jornal PANROTAS (hoje Revista PANROTAS), ele trabalhava em Santos e com 32 anos estava mergulhado no segmento de eventos, shows, congressos. Sua primeira Feira da Abav foi naquele ano, no Rio de Janeiro. “Foi um momento bonito do Turismo de Santos, que investia em atrações, como o Aquário e o Orquidário, nos eventos de verão e na balneabilidade das praias. Foi o renascimento do Turismo na cidade”, relembra. Ao entrar em contato com o Turismo de Barcelona, que também em 1992 teve um marco em sua trajetória, as Olímpiadas de Verão, Sanovicz diz que sua visão do setor mudou completamente. Em 1997, a convite de Aristides de la Plata Cury, foi trabalhar no

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São Paulo CVB e começou uma carreira de sucesso na gestão de destinos e captação de eventos. Quando chegou, em 2002, a liberdade tarifária que mudou o segmento em que hoje trabalha, Sanovicz estava no Anhembi, lidando com corte de estrutura, rebranding e a ligação com os diversos elos da cadeia. Incluindo o setor aéreo, onde teve como interlocutor, entre outros, Luiz da Gama Mór, da Varig, que viria a ser um grande parceiro de Sanoviz a partir de 2003: ele na Embratur e Mór na Tap. Em dez anos, o Brasil pulou de 3,7 milhões para 6,6 milhões de turistas estrangeiros e ali estagnou. Ficando bem longe do seu potencial. Sanovicz saiu do governo, tocou outros projetos e em 2012 (anos das duas décadas do Jornal PANROTAS), montou a Abear, lançada em junho daquele ano. Nos últimos três anos, só desafios: quebra da Avianca, saída da

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Azul da entidade, pandemia e a crise da Ita Transportes Aéreos. A Abear encolheu, se reestruturou e manteve sua agenda em parceria com a sociedade. “O time (da Abear) é o segredo. Entregou mais que o setor esperava. Temos uma mescla de pessoas que trabalharam comigo e outros ícones do setor, como o Ruy Amparo, que foi da Tam, o Emboaba, da Vasp e Gol, o cel. Raul, do Decea...”, analisa. O setor está mais organizado e a Abear é prova e causa disso, e ele vê um movimento parecido no Turismo, com várias associações apostando na profissionalização, como Clia, Fohb, o SPCVB e a Resorts Brasil. Houve avanços claros na aviação, mesmo na pandemia, mas segundo ele ainda falta um diálogo e reconhecimento melhor do Ministério da Economia. Nada que um bom planejamento e um bom time não consigam, não é mesmo? n


Política Artur Luiz Andrade

DUAS MPS EM MODO DE ESPERA

ASSISTA AQUI O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, em entrevista exclusiva à PANROTAS, explicou as duas MPs que foram enviadas aos ministérios da Economia (para reduzir o IRRF sobre remessas ao Exterior de 25% para 6%) e Justiça (para reeditar a medida dos reembolsos, que valeu durante os dois primeiros anos da pandemia). O momento agora é de articulação e pressão, para que, até fevereiro, essas barreiras ao Turismo sejam resolvidas. Machado Neto também se defendeu das críticas que vem recebendo por conta da MP do IRRF, que contemplou apenas o setor aéreo, e contou os planos do MTur para este ano.

Assista à entrevista completa em nosso canal no Youtube (ou no link acima) e leia um resumo a seguir. PANROTAS – Havia um acordo sobre a MP do IRRF e o setor foi surpreendido por ter ficado de fora. O que aconteceu ministro? MINISTRO GILSON MACHADO – Na realidade, nós promovemos diversas reuniões com as principais entidades do setor, sempre fomos solidários a todos os pleitos do setor, e sentamos com a Abav, Braztoa, Clia, entre outras entidades, para uma nova proposta de texto pra uma nova MP para reduzir a alíquota do imposto de renda. Temos sim

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que lutar para que isso seja diminuído, mas não existe fórmula mágica – pra tudo tem que ter uma compensação, ou o presidente Bolsonaro pode entrar no crime de irresponsabilidade fiscal. O texto foi apresentado ao Ministério da Economia em 13 de janeiro e eles devem se manifestar, estamos esperando por isso, junto ao setor, para corrigir essa injustiça. PANROTAS – Um imposto como esse atrapalha mais ainda a retomada do Turismo, não é ministro? Conversei com a Magda, o Marco Ferraz e o Roberto Nedelciu, e eles confirmam que o MTur está do lado do setor, mas havia um acordo e fomos deixados de fora. O que aconteceu? MINISTRO GILSON MACHADO – O que aconteceu é que não temos fórmula mágica, temos que arrumar uma fonte de compensação (para a diminuição do imposto). A MP original que enviamos contemplava os dois (setores). Agora estamos empenhados para resolver isso aí. Acredito que vamos resolver. Inclusive até sexta-feira (dia 28/1) tenho uma reunião com o ministro Guedes e acredito que conseguiremos algum alento para a classe. Outro setor que vem sofrendo de novo é o setor de Eventos. Ninguém esperava o cancelamento de carnaval, réveillon... Estamos lutando para reeditar a MP do Não Cancele, Remarque. PANROTAS – E como está a tramitação dessa reedição da MP do Reembolso? MINISTRO GILSON MACHADO – Estamos nos ajustes finais com os ministérios da Economia e da Justiça. Esperamos que até o fim de fevereiro isso esteja resolvido, não apenas para o setor de Eventos, mas para os demais (setores do Turismo) que estejam sendo atingidos pela variante ômicron, que ninguém esperava. Veja o que aconteceu com os cruzeiros marítimos. Em outubro, quando fizemos os protocolos, ninguém esperava uma ômicron e do jeito que ela é. Mas graças a Deus a vacinação e a menor letalidade da ômicron estão levando ao final da pandemia. PANROTAS – Ministro, as duas novas MPs, do IRRF e do Reembolso, envolvem negociações com outras pastas. Será que o Ministério da Economia vê o valor do Turismo, um setor que é 8% do PIB do País? O governo não vê o Turismo como supérfluo?

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Ministro Gilson Machado

MINISTRO GILSON MACHADO – Veja bem, esse governo nunca tratou o Turismo como algo supérfluo. Tivemos 3.200 obras, investimento de R$ 1 bilhão no ano passado e quase R$ 800 milhões no ano retrasado, que nenhum governo antes tinha feito isso. Entregamos coisas que estavam paradas há 18 anos. A Economia é solidária (com o Turismo), a Economia sabe, e converso isso com o ministro Guedes, que o Turismo no Brasil tem a capacidade de ser tão ou mais importante que o agronegócio. Mas temos que ter fonte de compensação para não cairmos em crime de responsabilidade fiscal. PANROTAS – O senhor está otimista que a MP do IRRF vai sair? MINISTRO GILSON MACHADO – Sou um otimista e tenho me empenhado para con-


seguir as coisas e tenho conseguido, como a isenção de vistos, como consegui, no apagar das luzes, colocar as companhias aéreas nisso daí, e agora vou lutar para conseguir essa MP do Imposto também. Como também a MP do setor de Eventos, que precisa ser socorrido. PANROTAS – Com relação aos cruzeiros, o senhor acredita na volta? Temos visto que a discussão está ganhando uma conotação política... MINISTRO GILSON MACHADO – A Anvisa fez uma recomendação, ela não suspendeu os cruzeiros. A Clia achou prudente dar um tempo nas operações para ver como iria se comportar o número de internações. O lugar mais testado hoje é dentro de um cruzeiro. O protocolo de outubro, que não contava com a ômicron, caracterizava como surto 0,1%, ou seja 3 passageiros em um navio de 3 mil viajantes. Apelo para o bom senso, torço para que essa temporada se restabeleça. A Clia já está tendo conexão com os municípios e Estados. Vamos supor que a gente feche o Aeroporto de Brasília e teste todo mundo, você acha que vai dar 1% ou mais de positivos? E os ônibus seis horas da noite, com todo mundo colado? Temos de diminuir a hipocrisia de muitas autoridades. Em Pernambuco você já não consegue um exame para fazer em farmácia. O índice de positivos está altíssimo, mas assintomáticos, por causa da vacinação. PANROTAS – Argentina, Espanha e outros países já não exigem mais o teste para entrar no País. O Brasil vai tomar essa medida também, exigindo apenas a vacinação? MINISTRO GILSON MACHADO – Eu torço, e vou falar com o ministro Queiroga (Saúde), para medidas que destravem o Turismo. Sou um advogado do setor, pois sei o potencial que o Turismo tem para a geração de emprego e desenvolvimento. Vamos lutar por essa simplificação de protocolos, sem nunca perder a responsabilidade do controle da pandemia. PANROTAS – Como o senhor recebeu o posicionamento crítico da CVC Corp, maior empresa de Turismo do Brasil? MINISTRO GILSON MACHADO – Acho que ele agiu com um pouco de emoção, ele deveria ter visto que o Ministério do Turismo tem um ministro que é do ramo (na entre-

Ministro Gilson Machado

vista, Machado se diz veterinário, criador de gado no Tocantins, dono de fazenda de coco em Alagoas, piloto e hoteleiro em São Miguel dos Milagres/AL, além de músico) e uma pessoa que luta pelo setor, reconhecido por todos. Estou aqui para recebê-lo e aberto a qualquer questionamento que ele tenha. PANROTAS – Ministro, 2022 é ano de eleições, Copa do Mundo, o que podemos esperar do Ministério do Turismo este ano? MINISTRO GILSON MACHADO – Estamos preparando, junto com a Secretaria de Cultura, grandes eventos e ações alusivos ao Bicentenário da Independência do Brasil. As eleições servirão também para que tenhamos espaço na mídia para mostrar o que nosso governo fez. E nós optamos por trabalhar, por entregas.n

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Tecnologia

Leonel Andrade, CEO da CVC Corp

DIGITAL DO INÍCIO AO FIM Foco na experiência digital do início ao fim da jornada de seu cliente é a principal marca do CEO da CVC Corp, Leonel Andrade, desde sua chegada à maior empresa de Turismo do Brasil. Depois da digitalização do B2B e do B2C, ainda em processo, mais um passo foi dado em sua missão. A norte-americana WeTrek, que tem como principal produto um aplicativo de dicas aos viajantes independentes, recebeu investimento da companhia brasileira. O valor investido e o percentual adquirido não foram revelados, mas a CVC Corp tem a opção de compra de 100%.

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O app WeTrek possibilita a customização para o viajante, ou seja, oferece experiências personalizdas no destino, com curadoria especializada e passeios guiados no momento em que o cliente desejar, ali na tela e nos fones de ouvido de seu smartphone. Baseada em Miami, a WeTrek foi fundada pelo brasileiro Calex Guimarães e atualmente oferece tours no destino da Flórida (Wynwood, Little Havana, Miami Beach e Downtown), mas é claro que a CVC Corp quer mais e seu investimento impulsionará a expansão da ferramenta para outros países, incluindo Brasil e vizinhos sul-americanos. n


Dados Abracorp

ACCOR, AZUL E LOCALIZA NA LIDERANÇA DAS VIAGENS CORPORATIVAS EM 2021

Fonte: Abracorp

A Abracorp divulgou parte dos números referentes às vendas das TMCs associadas em todo o ano de 2021. A receita total alcançou R$ 4,3 bilhões, o que representa cerca de 40% do faturamento – uma queda de 61% – do pré-pandemia, em 2019, cujo valor foi de R$ 11,4 bilhões. Também significa um crescimento de 18% em comparação aos números de 2020, pior ano de pandemia para o setor de Turismo, que teve um faturamento de R$ 3,7 bilhões e diminuição de 68% em relação a três anos atrás. Os índices mostram que o setor estava reagindo, mas a ômicron, que chegou em dezembro, atingiu em cheio as viagens a negócios, que voltaram a frear. AÉREO Com o internacional praticamente parado, a entidade analisou os dados referentes ao faturamento das agências de viagens corporativas no setor aéreo nacional. Este segmento sofreu uma queda de

58% em relação aos níveis de 2019. A receita foi de R$ 1,95 bilhão versus R$ 4,65 bilhões. A Azul seguiu o movimento de liderança durante o ano e foi detentora do maior share, de 40,2%, seguida pela Latam, com 31,7%, Gol, que representou 27,9%, e demais companhias aéreas, com 0,2%. Além disso, a tarifa média, em 2021, foi mais alta que em 2019, registrando R$ 779 versus R$ 761. HOTELARIA Em relação às vendas de hotelaria nacional no ano passado, o faturamento registrou uma queda de 40%, em comparação com 2019. O total, em 2021, foi de R$ 1,3 bilhão, enquanto em 2019 foi de R$ 2,2 bilhões. Os hotéis independentes se destacaram no market share, detendo 56,6% da fatia. Em segundo lugar estão os da rede Accor, com 12,5%, com a Windsor em seguida, representando 8%. Já a Atlantica figurou em quarto lugar, com um share de 7,9% em 2021.

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Fonte: Abracorp

Fonte: Abracorp

O total de room nights, somando as principais e as outras redes hoteleiras, sofreu uma variação negativa de 31,9%, indo de 9.862.038 em 2019 para 6.713.608 em 2021. O valor da diária média também diminuiu, indo de R$ 228 para R$ 200. LOCADORAS Por fim, os números da Abracorp mostraram que, em 2021, o setor de locação foi o menos impactado pela pandemia de covid-19. Enquanto a maioria dos segmentos registrou uma queda de cerca de 70% no ano – em comparação com 2019 – o serviço de aluguel de

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carros apresentou um crescimento de 5,4%. O faturamento aumentou de R$ 157 milhões para R$ 165 milhões. A Localiza liderou, com folga, o ranking das empresas mais vendidas entre as TMCs associadas, registrando um share de 61,6%. A Movida aparece em segundo lugar, com uma fatia de 22,6%, seguida pela Unidas, com 3,8%. A tarifa média, por sua vez, sofreu um aumento, indo de R$ 85 em 2019 para R$ 90 em 2021. Para mais informações e para acessar todos os gráficos, visite www.panrotas.com.br e abracorp.org.br.


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