ANO 30 | 1.546 | 12 a 18 de dezembro de 2022
www.panrotas.com.br
22 a 28 de agosto de 2022 — PANROTAS
1
ÍNDICE
ANO 30 | 1.546 | 12 A 18 DE DEZEMBRO DE 2022 | www.panrotas.com.br | R$ 11,00
Página 06
Editorial - Recados para Tite e a seleção de futebol
Página 08
WTTC Global Summit Sutentabilidade é obrigação do Turismo
Página 21
Braztoa - Como foram a Convenção e Prêmio Braztoa no MS
Página 28
Melhores Promotores Hotelaria Nacional e Internacional
Página 36
Luiz Araújo - A trajetória de um dos principais executivos da Disney para o Brasil
Página 51
Uruguai - Verão em Punta del Este vai além de praias e festas
Página 61
TMCs - Veja como foi a 1ª Convenção Avipam
Página 63
Espaço Alagev - A hora e a vez dos avatares
PRESIDENTE
José Guillermo Condomí Alcorta GESTÃO José Guilherme Condomí Alcorta TECNOLOGIA Ricardo Jun Iti Tsugawa EDITORIAL Artur Luiz Andrade
Media Partner
Quer receber a revista PANROTAS pelo celular? Toque aqui ou use o QR Code ao lado.
Parceria Estratégica
10 a 16 de outubro de 2022 — PANROTAS
5
Editorial
RECADOS PARA TITE E A SELEÇÃO DE FUTEBOL Quem se importa? Queremos mesmo mandar recados para o próximo ministro do Turismo, para nós mesmos do trade, para profissionais, entidades e empresários dessa indústria. Em 2023, o Ministério do Turismo, criado por Lula em seu primeiro governo, lá no longínquo 2003, completará 20 anos e nem nós, nem o governo aprendemos a lidar com ele. O governo, em muitas vezes, em todos os partidos que comandaram o ministério, ou olhou a pasta como moeda de troca política ou sem entender para que servia. Se o MTur teve um começo promissor, com Walfrido dos Mares Guia e sua equipe, que, mesmo delirando nos números e projeções iniciais (vamos culpar o entusiasmo inicial) tinham um projeto interessante, completo, abrangente e continuado, logo depois sofreu com a inconstância. Os ministros ficavam, em média, um ano e meio no cargo, usado como trampolim político. A cada novo ocupante da cadeira, começávamos tudo de novo e quando houve troca de partido no comando do governo, a tragédia se formou. Não avançamos. Nem o ministério, a cada hora apontando para um caminho e uma política. Nem o trade, sempre com um tom mais bajulador, temeroso, e de raras críticas, com medo de represálias, como não ajudar na aprovação de medidas ou leis (no Congresso) que beneficiassem o setor. Um bom ministro do Turismo, pasmem, passou a ser quem conseguia falar com frequência com o presidente da República. Era usado, então, para apagar incêndios apenas. Com o macro praticamente igual há décadas. Os gargalos idênticos aos de 20 anos atrás e os poucos avanços frutos de outros setores (como a Economia ou a Aviação) ou da dinâmica do mercado, com a mão quase sempre eficiente e ativa do empresariado do Turismo. Queremos um ministro, sim, que seja atendido pelo presidente, não por amizade, mas porque o Turismo será estratégico para o governo. E que tenha um projeto consistente e conversado com o setor. Um ministro político, ou com trânsito político, e com os melhores técnicos, de dentro e de fora do MTur, em suas secretarias, coordenações e equipes. Queremos um trade sem medo de represálias do governo. Vejam, as medidas provisórias que geraram os benefícios durante a pandemia (como o prazo de reembolso) foram ações de sobrevivência do setor. Se o ministro do Turismo, e os demais, não estão lá para isso (defender a sobrevivência do setor que representam), então algo está muito errado. Apresentar ao Con-
6
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
gresso as demandas dessa indústria, outra obrigação e não um favor. Afinal, desenvolver o Turismo, estimulá-lo e incentivá-lo, fomentá-lo e torná-lo referência na Economia do País é o que todos queremos – e o ministro deveria querer também . Então agradecer ao ministro por fazer o básico por seu setor chega a ser constrangedor. Mas é assim que a política ainda funciona no Brasil - o coronel joga migalhas e o povo sorri na inauguração da praça em sua homenagem. Queremos um trade focado nas políticas de fomento do setor, na soma de demandas de cada segmento, na união de players, associações e representantes de toda a esfera. E se o governo não estiver à altura do melhor, do que queremos para o nosso setor, que seja cobrado, contestado e indagado. Isso inclui todos nós, da imprensa especializada às entidades, dos organizadores de evento, desesperados pela participação do MTur em suas feiras, aos estudantes e empresários. Não dá mais para o governo achar que está fazendo muito e nós embaixo, na plateia, aplaudindo loucuras ou olhando para outro lado, fingindo que não é com a gente . Chega de cara de paisagem. Queremos um ministro do Turismo poderoso, participativo, inovador, ousado, político. Queremos um ministério técnico, próximo, executor, global, eficiente. Queremos um trade ouvido, participativo, crítico, exigente e independente. Vem aí um novo ministério, para resgatar o tempo perdido de várias gestões que aproveitaram mal a pasta e seu potencial. Vem aí um novo ministério, de um governo que criou o MTur. Vem aí um novo ministério, com a promessa de mais peso político. Vem aí um novo ministério, em um país bem mais dividido que em 2003. Mas o Turismo é um só. Sabemos como crescer, mudar, brilhar. As perspectivas são excelentes, assim como a grandeza dos desafios. Não queremos um MTur que não atrapalhe. Mas que efetivamente ajude e construa. Não queremos um ministro do Turismo da brigada de incêndio do Planalto. E sim um estrategista, um vendedor, um político hábil. Não queremos mais do mesmo. Nem no MTur, nem nas secretarias de Turismo pelo País. Há exemplos nessas últimas que nos fazem ter muita esperança e a certeza de que é possível. Independentemente de partidos ou grupos de afinidades. Dependendo apenas de nós, nossas ideias e ideais e da visão do que o Turismo é, e muita gente, inclusive no governo, ainda não sabe. Não queremos um técnico de clube de futebol. Nós somos e queremos ser reconhecidos como uma Seleção. Somos Todos Turismo. E o Turismo é um dos pilares de nosso País – e não apenas quando o avião atrasa, quando o evento atrai milhares de pessoas ou quando é réveillon e carnaval. Turismo é muito mais que isso. E o MTur tem de ser não apenas o espelho do que somos, mas um farol, um guia, um incentivador. Lá vamos nós outra vez.
Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.br
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
7
Macrotendências Rodrigo Vieira - Riad (Arábia Saudita)
SUSTENTABILIDADE É OBRIGAÇÃO DO TURISMO
Julia Simpson, presidente e CEO do WTTC, na abertura do 23º Global Summit da entidade, em Riad
O
s caminhos pelos quais o Turismo global precisa percorrer nos próximos anos para que a indústria continue como um dos mais importantes vetores econômicos globais foram indicados no começo de dezembro em Riad, Arábia Saudita. Foi lá que aconteceu um dos maiores eventos mundiais do setor, o WTTC Global Summit, do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, em sua 22ª edição, encontro que mapeou com mais detalhes os desafios a serem supera-
8
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
dos, sobretudo em termos ambientais, mas também virou mais páginas a respeito do impacto negativo da pandemia de covid-19 de Viagens e Turismo, mostrando que os próximos capítulos têm tudo para ser considerados otimistas. País "aberto" aos visitantes internacionais em 2019, a Arábia Saudita foi anfitriã de um evento para 55 ministros de Turismo, 250 CEOs de grandes corporações e 60 embaixadores no suntuoso Ritz-Carlton de Riad. No total, foram
quase três mil participantes de 140 países, quase o triplo da última edição pré-pandemia, em Sevilha, na Espanha. A maior parte dessas lideranças tem motivo para voltar para casa com um senso renovado de otimismo. "Este ano, a receita do Turismo no mundo está 85% do que estivemos pré-pandemia. Há países que já superaram os índices de 2019, ano em que a movimentação foi de US$ 9,2 trilhões. Agora, estamos em US$ 8,6 trilhões. Estamos mostrando uma recuperação importante e quando a China for reaberta esses números vão disparar. Fornecedores, destinos e distribuidores estão otimistas neste momento, pois há mais demanda do que capacidade", explica a presidente e CEO do WTTC, Julia Simpson. Além de mostradas as evidências da retomada de Viagens e Turismo após a devastação da pandemia, em três dias de evento novas estratégias entre países foram traçadas, esforços colaborativos firmados e metas compartilhadas. E novamente o tema dominante do encontro foi sustentabilidade. O WTTC Global Summit deixou claro que não é mais uma questão de escolha: aplicar
Público interage durante as discussões do 22º Global Summit do WTTC
Julia Simpson, CEO e presidente do WTTC
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
9
Arnold Donald, CEO da Carnival Corp, é chair do WTTC
maneiras e conceitos menos agressivos ao meio ambiente e às comunidades do entorno de seus negócios é obrigação, urgência e... rentabilidade. "Estamos encarando uma nova realidade na indústria, com a necessidade urgente de incorporar práticas sustentáveis em tudo o que fazemos. O produto final que estamos lutando para entregar é o apreço do nosso consumidor, o que geralmente é alcançado ao tentar garantir que a interface com nossos produtos seja a mais breve e clara possível", sintetizou o CEO do Dubai Airports International, Paul Griffiths, em uma das rodas de conversa. E na maioria das outras discussões, o tema persistiu: o impacto positivo que estratégias sustentáveis têm não só em relação ao meio ambiente, não só para assegurar um futuro digno e um planeta viável para as próximas gerações, como também para aumentar os postos de empregos e desenvolver comunidades e pessoas capacitadas, o que é essencial para o futuro de Viagens e Turismo. O WTTC provavelmente preferiria levar ao palco pautas mais claras sobre crescimento econômico vertiginoso, novas ideias de negócios, dicas práticas para as grandes corporações rumo a receitas recorde, mas se insiste nas diretrizes ambientais, sociais e de governança, é porque esses são temas urgentes para a longevidade desse setor que representa cerca de 10% do PIB Global. Afinal, sustentabilidade não é o tema mais agradável de se discutir, mas este desafio é visto pelo órgão como mais espinhoso até mesmo do que a covid-19.
10
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Apresentações musicais durante o WTTC Global Summit
Este tampouco é um tema apenas restrito aos grandes conglomerados. Pequenos negócios no Brasil e no mundo podem e devem tomar medidas cabíveis para colaborar com o impacto positivo do Turismo no meio ambiente. Em breve, o mundo inteiro terá à disposição a Pesquisa Ambiental e Social (ESR, pela sigla em inglês). Trata-se de uma nova metodologia a ser aplicada pelo WTTC, com "enorme investimento e apoio" do governo da Arábia Saudita, para avaliar uma série de indicadores, como poluentes, fontes energéticas e uso de água, tal como considera dados sociais como idade, poder de consumo, gênero e empregabilidade. Em um primeiro momento, a pesquisa, que será aplicada anualmente pelo WTTC, foi apenas previamente publicada, durante o Global Summit em Riad, mas ainda será dissecada entre países e setores. Pelo que foi apresentado por ora, sabe-se que Viagens e Turismo respondem por 8,1% da emissão de gases de efeito estufa globalmente. Anteriormente, era dado que a indústria seria responsável por 11% de todas as emissões. mas desta nova pesquisa surgiu o índice de 8,1% de emissão
Estandes e espaços para reuniões no Ritz-Carlton Riad, durante o WTTC Global Summit
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
11
Pelos corredores do 22º WTTC Global Summit, no Ritz-Carlton de Riad
de CO2 pelo setor em 2019, ano imediatamente pré-pandemia, quando Viagens e Turismo teve seu melhor desempenho mundialmente. "Precisamos ter uma narrativa única quando se trata de sustentabilidade em Viagens e Turismo, e esta nova metodologia vai unificar os dados, nos dar um bom entendimento do nosso patamar atual e poderá ser dividida por país, por segmento, por iniciativas", justifica a presidente e CEO do WTTC, Julia Simpson. "Com o ESR, teremos um grande mapeamento de onde estamos errando e acertando mais. Temos de dar múltiplos passos para vencermos esse desafio, e esse é apenas o primeiro passo." Uma das soluções é o SAF, combustível sustentável de aviação. Isso porque a emissão do transporte foi responsável por 38% do total de emissões de gases de efeito estufa em 2019, segundo o novo estudo. "Precisamos acelerar e avolumar a produção de SAF, e tecnologia para isso já existe. Temos urgência por colaboração pública e privada no engajamento do SAF, pois o combustível sustentável é realmente uma solução. Precisamos de coragem dos governos, como está tendo o da Arábia Saudita. Também precisamos de um uso maior 12
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
de energia renovável em nossas redes elétricas nacionais para, quando acendermos a luz em um quarto de hotel, estarmos usando uma fonte de energia sustentável. Essa indústria superou a crise da pandemia e agora precisa ir além", reforça Julia Simpson. Depois de transporte (38%), o consumo de energia elétrica é o maior responsável pela emissão de gases poluentes (20%) no Turismo, seguido pelo setor industrial (15%), agricultura e alimentação (11%). O setor de hospitalidade tem 2% desta responsabilidade, nos cálculos do órgão. Contudo, apesar do impacto ambiental considerável do setor de Viagens e Turismo no meio ambiente, existe uma divergência entre o crescimento econômico do setor e sua pegada climática entre 2010 e 2019. Segundo o WTTC, a indústria está se dissociando de suas emissões de gases de efeito estufa. Isso porque as emissões vêm caindo desde 2010, como resultado de desenvolvimento tecnológico e da introdução de um grande número de medidas de eficiência energética em vários segmentos do Turismo. Entre 2010 e 2019, o PIB global de Viagens e Turismo cresceu em uma média de 4,3% anualmente, enquanto sua pegada am-
biental teve um crescimento anual médio de 2,4%. Em 2010, Viagens e Turismo produziam 0,63 quilo de carbono por dólar de PIB, enquanto em 2019 esse índice foi de 0,53 quilo de carbono por dólar de PIB. De maneira geral, consumidores em todos os setores estão buscando hábitos de menor impacto no meio ambiente, sobretudo as gerações mais novas. Em Viagens e Turismo, essa realidade já vinha sendo apresentada antes da pandemia. Várias pesquisas mostravam que viajantes têm cada vez mais interesse em fazer o possível para amenizar suas marcas no meio ambiente, inclusive aceitando pagar mais por isso. Evitar o chamado overtourism (superlotação nas grandes cidades) e impactar positivamente comunidades locais também eram hábitos em tendência antes de pararmos de falar sobre isso para darmos atenção total à covid-19. Além do apoio da Arábia Saudita ao WTTC nessa pesquisa, o país anfitrião vem tentando se tornar também uma
Reuniões paralelas como o Advisors’ Circle aconteceram durante os três dias do 22º WTTC Global Summit
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
13
WTTC Global Summit 2022 foi realizado no hotel Ritz-Carlton, em Riad
referência em práticas sustentáveis de Turismo para o meio ambiente. O CEO do Conselho de Turismo do país do Oriente Médio, Fahd Hamidaddin, afirma que o impacto doméstico e o compromisso sauditas com o WTTC, de US$ 10,5 bilhões, "é definitivamente uma relação ganha-ganha tanto com o órgão quanto com os negócios que o país está buscando ao redor do mundo". Destinos turísticos estão sendo criados "do zero" na Arábia Saudita, e em todos há preocupação e comunicação claras com as práticas ambientais. A diretora administrativa do Turismo da Austrália Ocidental, Carolyn Turnbull, endossou as medidas. “Nossa experiência em Riad foi extraordinária. Ouvir falar da visão existente na Arábia Saudita é notável. Tentarei assegurar que Austrália Ocidental esteja pensando tão grande quanto Riad, porque é algo bastante notável." O ministro do Turismo da Arábia Saudita, Ahmed Al Khateeb, endossou esse tom ao encerrar o evento no RitzCarlton. "Esse summit foi o perfeito exemplo de colaboração e de grandes discussões que nos levarão a ações efetivas, afirmou, sendo corroborado pela presidente e CEO do WTTC, Julia 14
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Julia Simpson, Ceo do WTTC, com Ahmed Al Khateeb, ministro de Turismo da Arábia Saudita
Simpson. "O Turismo está crescendo e, com toda essa paixão, suas pessoas e essa incrível hospitalidade, o país pode ser capaz de superar os Estados Unidos em visitantes internacionais." A Arábia Saudita investe US$ 8 bilhões em infraestrutura e serviços turísticos para se tornar mais atrativo para o visitante internacional, no que chama de plano Visão 2030. Falaremos mais a respeito das ambições, realidades e desafios nas próximas edições da Revista PANROTAS.
Turismo da Arábia Saudita investe pesado na tentativa de ser um destino internacional dos mais relevantes do mundo até 2030
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
15
O ex-secretário geral da ONU Ban-Ki-Moon foi um dos palestrantes do 22º WTTC Global Summit
BAN-KI-MOON O ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon também participou de discussão sobre o futuro sustentável das viagens. Segundo ele, o Turismo deu e dá uma contribuição substancial para o progresso social e econômico da humanidade. “Pertença você à Arábia Saudita, China, Estados Unidos ou Coreia do Sul – não há fronteiras para estas preocupações, pois precisamos nos tornar cidadãos globais”, afirmou. “Temos tantos problemas – questões de saúde, questões políticas, questões ambientais – mas com a cidadania global podemos resolvê-los. Vamos trabalhar como cidadãos globais para tornar este mundo mais sustentável, para transformá-lo e passá-lo para as próximas gerações de uma maneira melhor do que o encontramos.” PARCERIA COM A OMT Pouco tempo depois da realização do Summit, o WTTC assinou com a Organização Mundial do Turismo (OMT) e com a Sustainable Hospitality Alliance (the Alliance) uma nova colaboração para unir a visão dos setores público e privado na busca por reverter a perda de biodiversidade em um plano até 2030. A ideia é inspirar todos os stakeholders do Turismo e implementar o Quadro de Biodiversidade Global pós-2020 para ajudar a transformar o relacionamento da indústria e das pessoas com a natureza. Os signatários se comprometeram a adotar uma abordagem positiva da natureza para o Turismo, integrando as medidas de proteção da biodiversidade, reduzindo as emissões de carbono, o impacto da poluição, o uso insustentável dos recursos e protegendo e restaurando a natureza e sua vida selvagem.
16
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
RECUPERAÇÃO INTERNACIONAL A demanda por viagens internacionais está em seu ponto mais alto desde o início da pandemia, o que na visão do WTTC mantém de forma sustentável a recuperação da indústria. Cerca de 66% dos consumidores planejam ao menos uma viagem fora de seus países nos próximos 12 meses. Visto com otimismo, sobretudo pelo fato de a China ainda estar fechada, o dado também foi divulgado no WTTC Global Summit. O órgão tem como base mais de 41 mil consumidores entrevistados em 25 países e, desses, mais de 26 mil pretendem fazer ao menos uma viagem internacional nos próximos 12 meses. Feita pela YouGov, a pesquisa também aponta que mais de 27% dos consumidores planejam três ou mais viagens neste mesmo período. Os australianos serão os viajantes mais dispostos a gastar dinheiro no Exterior nos próximos 12 meses, seguidos por canadenses, sauditas e filipinos, segundo o estudo. "Essa pesquisa mostra que as viagens internacionais estão de volta. Ao iniciar nossa reunião global em Riad, com líderes mundiais e governos de todo mundo, os viajantes estão se preparando para sair de suas fronteiras novamente", afirma a presidente e CEO do WTTC, Julia Simpson. Na visão da britânica, os resultados também mostram a crescente importância da sustentabilidade para os consumidores. Mais de 60% dos entrevistados declaram que preferem marcas de viagens e destinos que sejam mais sustentáveis, enquanto quase metade gastará com marcas que sejam social e ambientalmente responsáveis. RIO DE JANEIRO EM FRANCA RECUPERAÇÃO Outro dos estudos publicados durante o 22º WTTC Global Summit aconteceu em parceria com a empresa de pagamentos Visa e mostrou que o Rio de Janeiro é a quinta cidade de maior crescimento em PIB turístico do mundo e a maior da América do Sul neste ano na comparação com o ano pré-pandemia.
Rio é a quinta cidade de maior recuperação global de Turismo, segundo estudo WTTC e Visa
A vitrine brasileira para o mundo cresceu 9% em PIB Turístico em 2022 ante 2019, atrás de Doha (Catar), Varsóvia (Polônia), Sanya (China) e Orlando (Estados Unidos). Las Vegas e Miami (EUA), Joanesburgo (África do Sul), Lisboa (Portugal) e Antalya (Turquia) completam o top 10. Há a promessa de que o estudo seja detalhado nas próximas semanas, mas sua prévia já demonstra a resiliência da Cidade Maravilhosa como destino turístico, sobretudo doméstico. Claro que com a melhora nos índices de covid-19 globalmente, o Rio deve terminar 2022 com um número bem maior de estrangeiros do que nos dois anos anteriores, mas na visão da vice-presidente do WTTC, Virginia Messina, o fluxo de brasileiros viajando pelo próprio País é o responsável pela guinada da capital fluminense no presente ano. "Em 2021, definitivamente as viagens domésticas tiveram um papel crucial no Turismo da América Latina, devido às dificuldades que a região ainda enfrentava naquele ano na gestão da pandemia. Esse provavelmente será o caso no Brasil em 2022, portanto será a principal razão pela guinada do PIB turístico do Rio de Janeiro", aponta Virginia. Em maio de 2022, o Portal PANROTAS mostrou dados da Anac sobre a recuperação da malha aérea no Brasil até 12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
17
Virginia Messina, vice-presidente do WTTC
aquele mês. Na ocasião, as companhias aéreas já ultrapassavam 100% da malha doméstica pré-pandemia, mesmo com algumas aeronaves ainda sem voar. Já no internacional a situação melhorou em maio, mas ainda com grande defasagem em relação a 2019. E então, outra evidência de que o Rio de Janeiro cresceu em PIB turístico graças ao doméstico: o Estado de São Paulo detinha 70% do volume internacional de voos no Brasil. O estudo leva em consideração 82 das maiores urbes globais. De acordo com a CEO e presidente do WTTC, Julia Simpson, quase metade do volume global de viagens internacionais tem como destino as grandes cidades. "Sabemos que a pandemia devastou viagens aos centros urbanos, mas agora, com as restrições sendo quase totalmente derrubadas ao redor do mundo, os turistas estão voltando. E a grande notícia é que 2022 se torna o primeiro ano de uma recuperação real de viagens urbanas", avalia a britânica. De acordo com o estudo, em 2019 as viagens às 82 cidades avaliadas contribuíram com US$ 734 bilhões ao PIB Global, enquanto neste ano esta cifra será de US$ 582 bilhões. "E daqui a uma década, o cenário é otimista: esperamos que essas ci-
18
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
dades contribuam com impressionantes US$ 1,1 trilhão na economia. Isso significa uma incrível geração de emprego de quase metade da população da Colômbia: 25,2 milhões", calcula Julia Simpson. "Em 2019, Viagens e Turismo contribuiu com 18,4 milhões de empregos nestes 82 centros urbanos estudados, enquanto, em 2022, estimamos somem 15,7 milhões de vagas. Isso significa que, apesar da devastação da pandemia, o setor encolheu 15% em empregos na comparação com o ano pré-crise." Julia ainda menciona o "efeito Disney" para justificar o crescimento de Orlando e, claro, o "poder do futebol" como explicação da liderança de Doha neste ranking. A terceira posição da cidade chinesa se deve, obviamente, ao Turismo doméstico, uma vez que as fronteiras dessa grande potência ainda estão fechadas devido à covid-19. Por fim, Jeni Mundy, head de vendas Globais e Aquisições da Visa, apontou o efeito do cinema, série e entrenimentos em pequenas cidades como Skelling Michael, na Irlanda; Dubrovnic, na Croácia; e Bath, na Inglaterra. WTTC e Visa prometem divulgar os estudos detalhados próximas semanas, e publicaremos os dados no Portal PANROTAS.
NOVO GOVERNO, NOVA OPORTUNIDADE Ainda a respeito do Brasil, o WTTC mostra-se atento à mudança de governo federal. A presidente da entidade, Julia Simpson, alerta para a necessidade desta nova gestão Luiz Inácio Lula da Silva não perder a oportunidade de levar o Turismo a sério, pois o setor pode ser um importante vetor econômico e de geração de emprego neste que, para a britânica, é um dos destinos mais completos do mundo. Profissionalização, capacitação técnica e aliança com países vizinhos são alguns dos conselhos dados por Julia em conversa exclusiva com a Revista PANROTAS. "O Brasil tem uma grande história, é um proponente nesse mundo, é um país almejado pelo visitante internacional por sua diversidade cultural e natural, mas precisa levar o Turismo a sério", afirma a presidente e CEO do WTTC. "Agora, nesta troca de governo, há uma grande oportunidade. A nova gestão tem de colocar o Turismo
no centro da estratégica econômica, pois o PIB de Turismo do Brasil deve crescer mais do que o PIB total do País. É, portanto, um setor de muita oportunidade, e o novo governo tem de entender que vai haver mais postos de emprego, mais gente trabalhando, alimentando sua família por meio de uma indústria tão rica, de tantos benefícios. Então, que [o governo Lula] leve o Turismo a sério, e estou segura que o fará. O WTTC está disposto a ouvir e ajudar." Além de capacitação das pessoas e melhorias de infraestrutura, um dos caminhos para o Brasil segundo o WTTC, é fazer alianças com países vizinhos para atrair o viajante internacional. "Fazer parceria com a Argentina, por exemplo, é uma ideia muito boa. O turista estrangeiro que deseja ir ao Brasil, principalmente o que voa de longe, quer aproveitar a viagem e conhecer mais de uma cultura. Não vejo motivo para haver competitividade entre eles, pois desta maneira ambos saem perdendo."
Juan Gómes, head de Inteligência de Mercado da ForwardKeys
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
19
Por fim, Julia fala da importância das agências de viagens neste contexto internacional. "São fundamentais. São eles que conectam o negócio ao consumidor, simples assim. Sejam digitais ou físicas, corporativas ou de luxo, é crucial que o Turismo tenha gente com conhecimento técnico no qual os consumidores podem confiar." FORWARDKEYS FAZ PARCERIA COM O BRASIL Uma das principais consultorias de aviação e inteligência de destinos do Turismo global, a ForwardKeys fechou uma parceria com o Ministério de Turismo do Brasil. "São dados que o governo pode analisar em tempo real e tomar medidas rápidas. O maior benefício que o Brasil pode sacar com a ForwardKeys é entender melhor as tendências globais e as possibilidades que há mundo afora para os destinos brasileiros, que são muito atrativos. Checar os principais emissores internacionais ao Brasil, como os Estados Unidos. Como aproveitar o crescimento e instigar o desejo de consumo desses mercados", afirma o head de Inteligência de Mercado da empresa, Juan Gómez. O espanhol, que aponta uma colaboração anterior com o Turismo do Rio Grande do Norte e outros países da América do Sul, como a Colômbia, diz que está animado por trabalhar em nível nacional com o Brasil, em parceria que já terá seus primeiros resultados sendo mostrados em breve. "Agentes de viagens e operadores também poderão se aproveitar deste acordo, com base
20
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
no que o governo federal disponibilizará publicamente ao trade." Nos dados globais apresentados por ele sobre o primeiro trimestre de 2023, as previsões de chegadas aéreas internacionais são de 25% abaixo do mesmo período em 2019. Apenas o Oriente Médio terá crescimento (+15%) em relação ao pré-pandemia. No restante das macrorregiões, a previsões ainda são de baixa considerável: Américas -12%; África -11%; Europa -19% e Ásia-Pacífico -46%. Juan Gómez foi mais um a mencionar a importância de reabertura da China para estabilização dos dados de voos internacionais no mundo. RUANDA 2023 Ruanda será o destino anfitrião do WTTC Global Summit em 2023.O país africano receberá a 23ª edição do evento. As datas ainda não foram divulgadas. O Turismo é a principal atividade econômica de Ruanda, onde uma das grandes atrações é a concorrida aproximação do gorila-das-montanhas no Volcanoes National Park. De 2013 a 2018, o setor tinha uma projeção de crescimento anual média de 25%, de acordo com o Rwanda Development Board. O país tem uma oferta luxuosa e a presença de algumas das grandes redes hoteleiras globais. A PANROTAS é media partner do WTTC e viajou com seguro GTA, voando Lufthansa. n
Convenção e Prêmio Braztoa
Alexandre Campbell, especial para a Revista PANROTAS – Campo Grande (MS)
UNIÃO E ATENÇÃO AO TURISMO SUSTENTÁVEL Finalistas, júri, equipe Braztoa e autoridades posam para foto no auditório do Bioparque Pantanal em Campo Grande, MS
A
Convenção e o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2022/2023 não podiam ter tido um palco mais significativo esse ano para acontecer: o Estado referência em ecoturismo no Brasil, o Mato Grosso do Sul. De 1º a 4 de dezembro, profissionais do setor, diretores e associados Braztoa, finalistas do prêmio e autoridades representantes do Sebrae, da FundturMS e do Ministério do Turismo se reuniram em Campo Grande para discutir sobre os desafios do mercado turístico brasileiro atual, as tendências de futuro, as soluções e os caminhos para reposicionar o Turismo em um patamar mais competitivo. O evento começou com uma sessão de negócios entre operadores e empreendedores locais, coordenado pelo Sebrae MS, seguido pelo ciclo de palestras SEEDS – Semeando a Excelência do Desenvolvimento Sustentável, que reuniu gestores e líderes de empresas especializadas em viagens de lazer com o objetivo de compartilhar informações e provocar reflexões. O ciclo de palestras SEEDS consiste em pequenas conversas que visam deixar um legado em Turismo responsável para a região anfitriã do evento.
Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
21
Participantes posam para foto na abertura da Convenção Braztoa no Hotel Deville Prime em Campo Grande, MS
Por meio de painéis interativos, presenciais e online, os debates giraram em torno do desenvolvimento sustentável. Foram abordados temas como a forma de reduzir a poluição plástica a partir do Turismo, destinos inteligentes, a hospitalidade como indicador para um destino turístico, o lançamento de um mapa do Turismo responsável e o fato de Bonito passar a ser o primeiro destino carbono neutro do mundo. CELEBRANDO A RECONEXÃO A convenção aconteceu um dia depois a portas fechadas no Hotel Deville Prime em Campo Grande, restrita apenas à diretoria e aos associados Braztoa. O presidente da associação, Roberto Nedelciu, abriu os trabalhos frisando uma palavra que, no seu entender, representa tudo o que vem acontecendo no momento: reconexão. Segundo ele, o reencontro presencial é ainda mais importante para os que trabalham com o Turismo. Estar junto nesse momento de reconexão significa voltar a conviver com amigos, parceiros, operadores, instituições, enfim, voltar a fazer negócios. Nedelciu fez um convite para que todos pensem coletivamente e estrategicamente e que os profissionais do Turismo possam cooperar entre si
22
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
ao mesmo tempo que competem. Segundo ele, a tendência para 2023 é muito positiva já que os clientes estão viajando muito mais e mais vezes durante o ano, a chamada demanda reprimida, pois perceberam que ficar dois anos trancados em casa não é uma experiência muito agradável. E ainda, estão buscando novos destinos, mais abertos, de ecoturismo, sendo o Mato Grosso do Sul um verdadeiro paraíso nesse sentido. As viagens em família também estão em alta, e também as internacionais, que algumas vezes estão em promoções ainda mais atraentes que as nacionais. O aumento das viagens em geral abre caminho para o Brasil, pois as viagens internas são mais curtas e fáceis de fazer. Segundo Nedelciu, há espaço de sobra para todos os perfis, basta achar o nicho que se quer trabalhar, o nicho que agrada mais o operador, o que ele se acha melhor pra vender. Existe uma tendência que diz que as viagens estão se distribuindo durante o ano. Antes, a concentração era nas férias de verão e de julho. Hoje a procura é mais distribuída e o ano que vem será de muitos feriados. Haverá uma maior distribuição durante o ano e isso será bom para todos, operadores, setor de hotelaria e receptivos. Apesar das dificuldades, Nedelciu acredita que o
Auditório com convidados do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade no Bioparque Pantanal em Campo Grande, MS
Turismo se consolida cada vez mais e terá uma importância muito maior no Brasil futuramente. O País ainda está aquém das suas possibilidades comparado a outros países com potenciais menores. Apenas 7% do PIB brasileiro é para o Turismo, por isso existe espaço para crescimento. O número de turistas estrangeiros que chega ao Brasil é o mesmo há muito tempo. É preciso, segundo ele, mudar o foco para aumentar esse fluxo e encontrar juntos um caminho. Segundo o boletim Braztoa lançado em novembro, um dos principais desafios é a retomada dos custos aéreos. A passagem aérea no Brasil é mais cara que muitos outros lugares do mundo. Também devemos pensar na retomada da malha aérea, principalmente a internacional, que não voltou ao normal. O boletim ressalta também que os custos de hospedagem aumentaram, talvez por causa da inflação, e isso é prejudicial para o Turismo, assim como a instabilidade política, a instabilidade sanitária, sempre com a possibilidade de chegada de novas variantes da covid, o câmbio, conflitos e guerras. Outro problema que, na sua opinião, dificulta o crescimento é a falta de mão de obra especializada para trabalhar em operadoras, hotéis e companhias aéreas. Esses serviços apresentam carência de pessoas e qualificação. Mas o Turismo é um setor que, além de um imenso
potencial, tem esperteza para contornar todas essas situações. Nedelciu acredita que é possível dobrar a porcentagem no PIB e chegar a 14%, perto do agronegócio, que detém 20%. EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS As atividades de trabalho entre associados Braztoa contaram ainda com mais três palestras conduzidas pela psicóloga Flávia Cunha, da Casa Causa, especializada em desenvolvimento humano e transformação em empresas, que abordaram temas importantes para os operadores. Fábio Trabulsi Aschar, escritor e professor universitário que vive em Miami e é fundador da Life at Campus, empresa de programas educacionais de curta duração, falou sobre o desafio de uma empresa em concorrer com outra mais poderosa. Em sua palestra, ele usou o exemplo da estratégia da Universal para se diferenciar da empresa mais amada que é a Disney. Com isso, os operadores aprendem a como enfrentar os líderes do mercado. Já o consultor de marketing digital Thiago Akira mostrou como as marcas no Turismo podem planejar melhor o seu posicionamento através da segmentação, diferenciação, comunicação, identidade e entrega. E Jaqueline Gil, CEO da Amplia Mundo, apresentou o 12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
23
Oscar Almendros (Turismo da Espanha) recebe troféu especial de Roberto Nedelciu (Braztoa) na cerimônia do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade no Bioparque Pantanal em Campo Grande, MS
seu olhar para os negócios e viagens sustentáveis. O compartilhamento de experiências e a tentativa de se trabalhar em conjunto em prol do bem comum foi um dos objetivos do encontro. Oscar Almendros, do Turismo da Espanha, que participou pela primeira vez da Convenção Braztoa, achou as reuniões muito dinâmicas, com palestras interessantes. Almendros se encantou com a interação do grupo e o compartilhamento de ideias. “Eu represento um destino importante pois a Espanha está entre os primeiros países mais visitados do mundo e, na convenção, percebi que existem problemas comuns que independem do tamanho do destino e também da empresa em que cada um trabalha, mas podemos resolver juntos, trocar contatos, experiências”, disse ele. Roberto Nedelciu garante que o encontro é a melhor oportunidade para motivar e aprimorar os conhecimentos dos operadores e, através de debates, negócios e palestras, situá-los na realidade do mercado. Marina Figueiredo, vice presidente da Braztoa, disse estar muito satisfeita com o resultado da convenção, ressaltando a boa conexão entre os associados. “A gente conseguiu tratar de assuntos importantes e vimos que estamos todos alinhados. Falamos sobre inovação, comunicação e ESG, a sigla que coloca a sustentabilidade na governança. Agora temos que aprofundar muitas coisas 24
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
que discutimos aqui, pensando sempre na força do coletivo, que deve andar junto com os nossos próprios negócios”, afirma. “A gente vê que a Braztoa está empenhada em novos projetos, preocupada com o futuro e com os caminhos a seguir. Cada empresa associada entendeu que deve tocar o seu negócio de forma sustentável não somente no campo ambiental, mas econômico e social também”, diz Danilo Melanda da CVC Corp. Nedelciu disse estar muito feliz em realizar a convenção e comemorar dez anos de Prêmio Braztoa de Sustentabilidade num lugar como Campo Grande e Mato Grosso do Sul. “Fazer o nosso evento aqui e conhecer um pouco a região engrandece a percepção que nós já temos desse
Operadores convidados da Braztoa assistem ao jogo do Brasil na Copa na Feira Central de Campo Grande
Vencedores do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade posam, para foto no palco do auditório do Bioparque Pantanal em Campo Grande, MS
bioma maravilhoso que é o Pantanal e Bonito. Isso agrega valor. Eu tenho certeza que nós estamos bem melhor do que muitos destinos no mundo”, afirma ele. “Para os operadores de um modo geral, o produto Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Bonito e Pantanal está muito bem estruturado e organizado, pronto para comercializar. É um produto que você pode colocar na prateleira e vender tranquilamente”, conclui. DEZ ANOS DE PRÊMIO BRAZTOA DE SUSTENTABILIDADE A cerimônia do Décimo Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2022/2023 aconteceu no auditório do maior aquário de água doce do mundo, dentro Bioparque Pantanal em Campo Grande. Estavam presentes, além dos finalistas ao prêmio, diretoria, funcionários e associados Braztoa. A premiação contou com um show de música pantaneira, vídeos sobre Mato Grosso do Sul e sobre os dez anos do prêmio, terminando com um coquetel no saguão do aquário para todos os convidados. Na categoria Parceiros Institucionais foram três vencedores dp Prêmio Braztoa de sustentabilidade, o roteiro Quilombo Cultural de São Luís no Maranhão, uma iniciativa da Prefeitura da cidade para valorizar a memória quilombola. O Turismo de base comunitária em São Sebastião, São Paulo, um projeto de Turismo sustentável que gera renda e coloca a comunidade caiçara protagonista do seu próprio negócio. E o Programa Parques Paraná, uma iniciativa do governo para promover o Turismo sustentável em unidades de conservação, integrando a comunidade do entorno. A categoria Parceiros de Negócios premiou cin-
co iniciativas. O Cafezal em Flor Turismo e Cafés Especiais, de São Paulo, um pequeno negócio familiar que une hospitalidade, gastronomia, conhecimento agrícola, produção de cafés especiais e práticas sustentáveis. A Estância Mimosa EcoTurismo, um atrativo em Bonito, MS, que oferece passeios sustentáveis incentivando a agricultura familiar e a restauração florestal. A Florin Experience no Espírito Santo, que promove cursos e visitas técnicas para mostrar a importância das abelhas e da polinização na produção de alimentos saudáveis. O Programa de Turismo regenerativo Biofábrica de Corais em Pernambuco, uma startup voltada para a reconstituição recifal. E a Quinta da Estância, no Rio Grande do Sul, com ações de educação que valorizam a mão de obra local, fornecedores regionais e estudantes carentes. Foram dois os vencedores na categoria Operadores. A Ambiental Turismo, do Projeto Yaripo de Amazônia Yanomami, um projeto de Turismo protagonizado pelos indígenas com geração de renda e preservação. E o Programa de Capacitação em Turismo Sustentável da CVC Corp, com foco no desenvolvimento turístico através de experiências criativas, inclusivas e sustentáveis. E, por fim, três Menções Honrosas vencedoras. Na categoria Academia, a Mandioteca, do Distrito Federal, uma cartografia das farinhas para promover seu uso mazônia m o e turístico. E um estudo feito pelo professor Osiris Marques da UFF sobre Nudges, uma aplicação da economia comportamental que visa tomada de decisões e liberdade de escolha. E na categoria Menção Honrosa de Mídia conquistada pelos textos inspiradores e informativos sobre Turismo sus-
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
25
Grupo de jurados do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade visitam o aquário no Bioparque Pantanal em Campo Grande, MS
tentável feitos por Elaine Villatoro, da Live More Travel More, que podem e devem ser acessados através do site: www.livemoretravelmore.com ou pelo Instagram @livemoretravelmore UM FINALISTA ESPECIAL DE UMA REGIÃO A SE DESCOBRIR Fora dos holofotes dos vencedores, mas com um trabalho inovador e ousado, Victor Pontes, da Ayshawã Travel, um dos operadores finalistas do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2022/2023, desenvolve no Acre o etno-Turismo e a etno-vivência dentro das aldeias indígenas de sua região. Segundo ele, é um Turismo de base comunitária que vem se destacando dentro de um novo conceito de Turismo, o de vivenciar o cotidiano de uma aldeia indígena e se elevar ao mesmo tempo. O turista que compra os seus pacotes participa da parte cultural da aldeia, aprende suas danças e tradições, artesanato, pinturas corporais, mas também é convidado a fazer parte da cerimônia de experimentação da medicina sagrada da floresta. São usadas a
26
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
ayahuasca, a sananga e o rapé, misturas ancestrais feitas com árvores, folhas e cipós que buscam a cura e a espiritualidade. A Ayshawã Travel, segundo Pontes, dá todo o suporte para o turista passar uns dias dentro de uma comunidade indígena. Toda a logística até chegar na aldeia é feita com muita atenção e cuidado. “Nós acompanhamos o turista desde a sua chegada na capital Rio Branco, fazemos o transfer, hospedagem e os acompanhamos também em sua estada na aldeia. E depois os acompanhamos de volta”, garante ele. A maioria dos interessados nesse tipo de Turismo são estrangeiros que buscam a expansão da consciência, a possibilidade de cura e de conhecimentos ancestrais. Tudo isso somado à alegria da natureza em sua plenitude. No seu entender é uma experiência única viver a simplicidade da floresta da Amazônia acreana. Pontes sonha em difundir seu Estado e sua proposta turística também para brasileiros que não conhecem ou não ouviram falar desse pedaço do Brasil que fica esquecido diante de tanta oferta que o nosso País apresenta.
MATO GROSSO DO SUL, PELO SEU MAIOR INCENTIVADOR Bruno Wendling, presidente do Fundtur-MS, responsável pelo Turismo do Estado, é também um entusiasta da “pérola” que ele tem em mãos para trabalhar. A Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, em seu entender, tenta trabalhar indo além da política pública. “Havia uma lacuna entre o produto turístico e a forma como ele estava sendo oferecido na prateleira das operadoras. Há quatro anos essa relação estava defasada, e estavam sendo oferecidos produtos que nem existiam mais. Nós começamos a descobrir que alguns operadores que vendiam o Estado nem o conheciam. Impossível vender sem conhecer. Foi então que começamos a ocupar esses espaços criando um programa de relacionamento com operadores do País. Trouxemos os gerentes de produtos para conhecer a fundo a nossa região, descobrimos que tipo de ação esses gerentes faziam para vender, colamos neles on-line e off-line e começamos a subir produtos que os interessavam. Já trouxemos convenções de operadores para cá, participamos de alguns feirões onde eles realizam e fomos nos aproximando cada vez mais uns dos outros”, diz Bruno Wendling. Os objetivos e estratégias do Fundtur-MS visam zerar o impacto das emissões de carbono até 2030, melhorar a qualidade dos produtos e serviços turísticos, consolidar a imagem do Mato Grosso do Sul como um dos melhores destinos turísticos de ecoturismo do País e aumentar o número de produtos sulmato-grossenses nas prateleiras. Inovar e diversificar a oferta turística, e promover continuamente os destinos turísticos com campanhas segmentadas e branding também são metas do Fundtur. O ecoturismo é a grande atração do Estado, mas
existe também o Turismo de observação de aves, a pesca esportiva que atualmente não é mais predatória e trabalha com cota praticamente zero, permitindo ao pescador levar apenas um peixe para casa, e o Turismo de soft adventure de Bonito, que quebra o paradigma de que aventura é apenas para jovens e aventureiros. É um Turismo leve, as atividades são todas certificadas com ISO e isso transmite segurança para o cliente. O Pantanal é um destino autêntico, as pousadas pantaneiras são fazendas de verdade. Já Campo Grande é considerada a capital mais segura do Brasil. O Estado do Mato Grosso do Sul merecia sediar o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade, acrescenta Bruno Wendling, já que desde 2016 é desenvolvido no destino o projeto do carbono neutro. “Inauguramos o Bioparque Pantanal em março desse ano, juntamente com o maior aquário de água doce do mundo, e acabamos de entregar a certificação de Bonito como o primeiro destino de ecoturismo no mundo. Esses feitos redesenham a oferta turística do Estado”, diz ele. Segundo Wendling, o Pantanal é um dos biomas mais conservados do mundo e Bonito é considerado o melhor destino de ecoturismo do Brasil, com respeito a sua capacidade de suporte, operação com 100% de guias cadastrados e especializados em atrativos naturais, e um sistema de voucher eletrônico que controla a capacidade de carga. “Aqui nós fazemos uma transição equilibrada do agro para a floresta e para o Turismo. Alguns vencedores do prêmio são fazendeiros, produtores rurais e empresários do Turismo. Somos um Estado que é agro, é Turismo, é indústria e que trabalha de forma responsável”, finaliza. n 12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
Bruno Wendling, presidente do Fundtur-MS
27
TOP PROMOTORES DE HOTELARIA Filip Calixto
REINVENÇÃO PARA
SEGUIR VENDENDO P rofissionais responsáveis por fazer a ponte entre hotelaria e agências de viagens e operadoras, os executivos de contas ou representantes comerciais de meios de hospedagem são mais um tipo de profissional que teve que mudar seus hábitos e métodos de trabalho para se adaptar a uma nova realidade. No mercado mudado pela pandemia, o contato virtual e a agilidade nas responstas passaram a ser requisitos indispensáveis para a função, como eles próprios relatam. "De modo geral, todos nós tivemos que nos capacitar, buscar novas habilidades e conhecimento para estarmos aptos para atuar em áreas distintas dentro de nosso mercado", afirma o representante comercial do Nannai Beach Resort, Alex Andrade, que há 30 anos vive o mercado de Turismo e viu a área se transformar depois da pandemia. "Nada substitui o presencial, mas com as ferramentas tecnológicas disponíveis, com as webinars, lives e calls que fizemos durante este período, fomos capazes de aumentar de forma significativa nossa capilaridade e alcançar um número recorde de capacitações", reforça. Outro profissional que compartilha da estratégia é o gerente de Vendas dos hotéis Ritz Lagoa da Anta e Ritz Suítes, ambos em Alagoas, Wagner Barros. Ele apostou no aumento da criação de conteúdo distribuído digitalmente e multiplicou a quantidade de clientes alcançados. "Hoje tenho 25 listas de transmissão (6 mil agentes alcançados). Passamos ainda a trabalhar com a criação de conteúdos personalizados para atender cada perfil de agência", pontua. A utilização das tecnologias, como mencionado por Andrade e Barros, foi umas das
28
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
posturas que pass aram a fazer parte da lista de predicados que esses profissionais precisaram adquirir numa área que teve seu contingente de profissionais reduzido nos dois últimos anos. Outras características que precisaram ser incorporadas ao trabalho desse tipo de profissional foram a maior disponibilidade para atender rapidamente as demandas, o olhar mais humano para interagir com parceiros comerciais e a compreensão de que a venda é compartilhada e os eventuais problemas que possam aparecer em uma viagem têm que ter soluções conjuntas entre a agência que fez a venda e o hotel. "Tivemos que incluir no nosso perfil uma postura e ação mais resolutivas, de abraçar a agência, entender que também podemos ser parte da solução e nos envolver com ela", resume Suellen Bandeira, profissional do Turismo há 20 e representante comercial há pelo menos metade da sua carreira. A compreensão é parecida com a de Renata Leite, que há 15 anos trabalha com representação comercial. "Avaliando o cenário como um todo, é possível perceber que tivemos muitas saídas de profissionais e quem ficou no mercado precisou ter capacidade de resiliência e se adaptar para fazer mais com menos. Unir forças foi essencial", disse. Tanto Suellen e Renata, quanto Andrade e Barros, que fizeram considerações acerca da mudança do perfil do profissional que lida com a área Comercial em hotéis, estão em uma lista de executivos de destaque em sua área. São nomes citados no top 3 de Promotores da Hotelaria, escolhidos por agentes de viagens que votaram em um levantamento feito pela PANROTAS. Veja a seguir o Top 3 de Hotelaria Nacional e Internacional e o ranking dos mais votados:
HOTELARIA NACIONAL 1º LUGAR
WAGNER BARROS
46 anos
Gerente de Vendas dos hotéis Ritz Lagoa da Anta e Ritz Suítes, ambos em Alagoas Tempo de Turismo 26 anos e os últimos oito dedicados ao Ritz Lagoa da Anta e Ritz Suítes Como a pandemia impactou seu trabalho? No período da pandemia os meus diretores optaram por manter os hotéis abertos e a estratégia de momento foi trabalhar com foco nos reagendamentos. Paralelamente também comecei a investir no contato virtual com esses agentes criando listas de transmissão com informações a respeito dos nossos produtos. Hoje tenho 25 listas de transmissão (6 mil agentes alcançados). Passamos ainda a trabalhar com a criação de conteúdos personalizados para atender cada perfil de agência. Também foi nessa época que comecei a fazer vídeos curtos com conteúdos sobre o hotel para esses agentes. Esses conteúdos me fizeram sair de 3 mil para 17 mil seguidores no Instagram. Quem te inspira? As pessoas que me inspiram até hoje são pessoas que eu considero verdadeiros coachs corporativos. Alfredo Rebelo, do Maceió Atlantic, Paulo Dias, da rede Pestana, Marialda Ribeiro, do Fiesta Bahia, e Valter Patriani, fundador da Construtora Patriani e ex-CVC. Como a falta da mão de obra qualificada no Turismo provocada pela pandemia impacta seu trabalho? Entendo que os representantes comerciais que permaneceram no mercado acabaram sendo mais valorizados, tanto internamente como pelo mercado como um todo. O agente também entendeu essa necessidade de valorização e hoje prefere comprar um hotel que tenha suporte de vendas. Como a PANROTAS faz parte do seu dia a dia? É uma companhia e uma fonte de informações diária. É por este canal que me atualizo sobre o segmento e sobre as políticas voltadas a ele. Nos dá uma visão mais global sobre o mercado.
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
29
2º LUGAR
ALEX ANDRADE
48 anos
Representante comercial do Nannai Beach Resort Tempo de Turismo 30 anos e há sete no Nannai Como a pandemia impactou seu trabalho? Nós que somos profissionais de campo, que nos relacionamos de forma presencial diariamente com o agente de viagens e com os operadores, tivemos que nos reinventar para nos fazer “presente” em um tempo de distanciamento social. A tecnologia e as redes sociais tiveram um papel fundamental neste processo, pois foi através delas que conseguimos manter nossos clientes informados em tempo real de tudo o que estava acontecendo com nossos produtos e serviços. Nada substitui o presencial, mas com as ferramentas tecnológicas disponíveis, com os webinars, lives e calls que fizemos durante este período, fomos capazes de aumentar de forma significativa nossa capilaridade e alcançar um número recorde de capacitações durante a pandemia. Quem te inspira? São muitos os profissionais que respeito e admiro em nosso mercado. Vou mencionar aqui três pessoas que fizeram e fazem parte da minha trajetória ao longo destes quase 30 anos de atuação no Turismo. São eles: Valter Patriani (o maior vendedor do Turismo de todos os tempos), Maria Helena Santana (diretora no Tivoli Praia do Forte) e Rodrigo Lins (gerente comercial do Nannai). Cada um deles com suas características próprias me inspira a me tornar um profissional melhor a cada dia. Como a falta da mão de obra qualificada no Turismo provocada pela pandemia impacta seu trabalho? Acredito que de um modo geral, todos nós tivemos que nos capacitar, buscar novas habilidades e conhecimento para estarmos aptos para atuar em áreas distintas dentro de nosso mercado. Num momento como este, a flexibilidade e a disposição para encarar novos desafios são essenciais.
30
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Como a PANROTAS faz parte do seu dia a dia? Ela é a principal fonte de informação do trade, leio a PANROTAS desde que entrei no Turismo em março de 1993 (lembro-me do Guia PANROTAS, onde consultávamos rotas aéreas, tarifas, frequências e horários de voos. Além de endereços de consulados e documentação necessária para obtenção de vistos...bons tempos). Através da PANROTAS me mantenho informado sobre tudo o que acontece em nosso mercado.
HOTELARIA INTERNACIONAL 1º LUGAR
RENATA LEITE
46 anos
Iberostar e agora ViagensPromo Tempo de Turismo 15 anos de Turismo, sendo 10 dedicados à Iberostar, onde foi gerente de Contas para São Paulo e Santa Catarina. Desde agosto deste ano faz parte da equipe ViagensPromo. Como a pandemia impactou seu trabalho? Sempre falo que nosso trabalho é o bom relacionamento, com todas as partes envolvidas na indústria. Porém, no pós-pandemia isso mudou muito pois o relacionamento on-line ganhou lugar e a aproximação se modificou. Esse atendimento do agente de viagens ficou mais dinâmico, já que tudo precisou ser feito com mais agilidade. Tivemos que, em muitos momentos, trocar a visita por esse contato virtual que vai de uma simples consulta até apresentação de conteúdo. Quem te inspira? Muitos colegas me inspiram mas poderia citar um que hoje estou próxima novamente, que é o Renato Kido, da ViagensPromo. Já havia trabalhado com ele na Visual Turismo e hoje estamos juntos de novo. Kido é alguém que gosto e confio, uma pessoa muito visionária e corajosa. Também tenho como inspiração o Orlando Giglio, que esteve comigo no Iberostar e sempre me apoiou. Agradeço aos dois pelo carinho pela confiança no meu trabalho. Como a falta da mão de obra qualificada no Turismo provocada pela pandemia impacta seu trabalho? Na Iberostra tínhamos uma equipe muito unida e não teve muita saída. Mas avaliando o cenário como um todo, é possível perceber que tivemos muitas saídas de profissionais e quem ficou no mercado precisou ter capacidade de resiliência e se adaptar para fazer mais com menos. Unir forças foi essencial. Como a PANROTAS faz parte do seu dia a dia? Acompanho todos os dias as notícias e o cenário de mercado. Acho que se manter infromada também sobre a nossa indústria é esencial. Também considero o Fórum PANROTAS um evento incrível pelo conteúdo disponível ali. 12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
31
2º LUGAR
GLAUCIA DE SOUZA BARBOSA
39 anos
Executiva de Vendas sênior da RCD Hotels, que representa a Hard Rock Hotels All Inclusive Tempo de Turismo 20 anos, sendo os últimos seis dedicados à RCD Como a pandemia impactou seu trabalho? Obviamente teve interferência pois lidamos com viagens internacionais, mas o fato de o México ter fechado as fronteiras por pouco tempo fez com que o trabalho não fosse totalmente paralisado. Entretanto, mesmo com essa facilidade tive que me reinventar, principalmente incluindo as ferramentas on-line na comunicação com as agências. Quem te inspira? Muitas pessoas me inspiram. desde profissionais do Turismo a pessoas que sigo. Uma que poderia citar é a Monja Coen, que com seus relatos me ajudou bastante no período da pandemia. Também tenho como inspiração o trabalho feito pelas principais operadoras de Turismo. Como a falta da mão de obra qualificada no Turismo provocada pela pandemia impacta seu trabalho? Na pandemia acabei assumindo as vendas para o Brasil nas vendas individuais. Havia outras pessoas na equipe que acabaram se desligando mas eu fiquei e tive que me reorganizar, rever estratégias e saber como chegar na maioria das agências. Esse volume de trabalho maior fez com houvesse também uma mudança no jeito de fazer o trabalho e reavaliar o contato com as agências. Como a PANROTAS faz parte do seu dia a dia? É um dos principais canais para se inteirar em relação ao mercado do Turismo. Por isso é fundamental para quem é do ramo se manter atualizado.
32
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
3º LUGAR
RENATA SALINA
45 anos
Representante exclusiva Sandals no Brasil Tempo de Turismo 11 anos, com passagem por uma agência de viagens da família antes de chegar à rede Sandals. Como a pandemia impactou seu trabalho? Durante a pandemia tive que mudar minha abordagem. Era um período de incertezas e entendi que o melhor jeito de ligar e interagir com as agências era explorar o lado humano, sempre tentanto entender como essas pessoas estavam e o que planejavam, mais do que falar sobre vendas. Tentei naquele momento saber como elas estavam compreendendo todo o cenário e senti esse carinho de volta. Nesse período precisávamos um do outro e isso foi a chave de tudo. Quem te inspira? Minha primeira inspiração é Deus, que acredita em nós, e minha família, que me impulsiona. Mas também tenho como ispirações a minha diretora, Alenes Garcia, que cuida do mercado de América Latina no Sandals, e uma amiga minha Ingrid Azenha, que também trabalha ajudando pessoas a viajar. Como a falta da mão de obra qualificada no Turismo provocada pela pandemia impacta seu trabalho? Antes da pandemia já fazia um trabalho de ligar e conhecer as agências que trabalham conosco em todo o Brasil e hoje sigo fazendo o mesmo. Essa prática facilitou o meu trabalho quando tive que passar a representar a marca sozinha para todo o mercado. Mas também é importante ressaltar que a equipe do Sandals não ficou desfalcada durante esse período e sempre tinha a quem recorrer, o que facilitou esse processo como um todo. Como a PANROTAS faz parte do seu dia a dia? Dentro da minha equipe tenho também a função de fazer alguns relatórios sobre o cenário do Brasil e para isso acompanho a PANROTAS diariamente. É um veículo que nos conecta com tudo de forma prática e didática.
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
33
3º LUGAR
SUELLEN BANDEIRA
38 anos
Executiva de Contas Interep Viagens (agora na TBO Holidays) Tempo de Turismo 20 anos, com cinco deles dedicados à Interep Viagens em duas passagens, atualmente é executiva da Contas da TBO.com Como a pandemia impactou seu trabalho? Entendo que a pandemia acabou valorizando ainda mais o relacionamento entre as pessoas e empresas. Depois da pandemia passou a ser condição sine qua non para a agência ter esse suporte do executivo que representa um hotel ou um outro fornecedor. Quem te inspira? Minha família, que é inspiração e motivação. Mas também tenho como inspiração quem me deu a primeira oportunidade, que foi o Carlos Barbosa, que atualmente representa Aruba. Ele botou fé em mim. Outra pessoa que gostaria de citar é a Mariana Saul, que era minha líder na Interep, ela sempre me deu a mão e confiou muito no meu trabalho. Como a falta da mão de obra qualificada no Turismo provocada pela pandemia impacta seu trabalho? A gente precisou se reinventar. Antes da pandemia o executivo de Vendas era o da pastinha, que não necessariamente oferecia suporte ao agente. Isso mudou e tivemos que incluir no nosso perfil essa ação mais resolutiva, de abraçar a agência. O vendedor teve que se reinventar sim e saber que o papel dele também é resolver problemas ao lado dos agentes. Como a PANROTAS faz parte do seu dia a dia? A PANROTAS participa da minha vida desde antes da faculdade. Desde 1999, quando eu já era apaixonada por Turismo. Eu lia o guia sem ser do mercado ainda. São mais de 20 anos fazendo parte da minha vida e servindo como fonte de atualização e referência.
34
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
RANKING HOTELARIA NACIONAL 1 - WAGNER BARROS - Ritz Lagoa da Anta 2 - ALEX ANDRADE - Nannai 3 - RENATA LEITE - Iberostar (hoje ViagensPromo) 4 - MAURÍCIO LINO - DiRoma 5 - CLAUDIO PORTUGAL - CP Hotéis 6 - MONIQUE BARBOSA - Maceió Mar VICTOR GIGEIRA - Vila Galé 7 - CLAUCIO BRITO - E-HTL 8 - VERONICA BARRETO - E-HTL
HOTELARIA INTERNACIONAL 1 - RENATA LEITE - Iberostar 2 - GLAUCIA BARBOSA - RCD Hotels 3 - RENATA SALINA - Sandals SULLEN BANDEIRA - Interep (hoje TBO) 4 - LEANDRO BOLZONI - Best Buy 5 - CLAUDIO BRITO - E-HTL 6 - CARLOS EDUARDO AUGUSTO - Best Buy
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
35
SUA HISTÓRIA:
LUIZ ARAÚJO JR Disney Destinations
AO INFINITO E ALÉM Artur Luiz Andrade
L
uiz Antônio Araújo Jr., 43 anos, curitibano e global, americano da Califórnia morando na Flórida e amante das praias e da natureza, é cidadão do mundo, como muitos que trabalham com Turismo, porém, acima de tudo, uma pessoa que está sempre olhando para a frente, além, para o que está por vir. E para as pessoas. Ele se preocupa com quem está a seu lado, a sua frente. Da família aos colegas de trabalho, dos clientes aos agentes de viagens e operadores do trade, dos amigos de infância aos novos amigos, Luiz é um expert em pessoas. Apaixonado por elas e sempre disposto a adicionar. Com uma trajetória rica em experiências das mais diversas – do empreendedorismo no Paraná à participação, como soldado do Exército dos Estados Unidos, na Guerra do Iraque – Araújo hoje é uma das caras (felizes) da Disney no Brasil, o homem de vendas que te convence com sorriso no rosto e determinação, duas de suas marcas. Quem cruza com ele nos eventos, na superficialidade do dia-a-dia, acha que não tem tempo ruim com Luiz. E não tem mesmo, pois o mais importante é como ele vê a vida e como lida com esses problemas e intempéries, alguns muito pesados e complexos, como ir para a guerra, arma em punho, ou outros pessoais que teve de enfrentar ao longo do caminho. Sempre olhando para frente, sem desrespeitar o passado, cujo legado ele preserva com carinho, e resolvendo de maneira objetiva e prática os percalços, algo que o Exército lhe ensinou. Em bate papo com a PANROTAS, mesmo emocionado ao falar desses momentos mais difíceis, Araújo vê tudo como aprendizado e com lições que leva para a vida, e muitas vezes para a pele. Suas inúme-
ras tatuagens são marcas que lembram de suas experiências ou palavras para que lembre do que passou, do que tem de fazer, de seus propósitos. Tatuagens que começaram após a experiência no Exército. A primeira foi uma fênix, simbolizando o renascimento, e vocês entenderão melhor lendo um pouco de sua história aqui nessas páginas. Ah, e sempre com seu amigo Boni, de Curitiba, o autor de todas as tatuagens que tem pelo corpo. “As experiências militares e de combate mudaram minha vida; elas me fizeram uma pessoa melhor. Aprendi a valorizar ainda mais minha família, meus amigos e as coisas simples da vida às quais às vezes não damos atenção, como uma refeição quentinha, uma cama limpa para dormir, ou o simples fato de estar vivo, e capaz de trabalhar”, disse ele à PANROTAS. Segundo Luiz, tudo o que aprendeu durante seu período nas forças armadas ele usa até hoje. “A disciplina que trago da formação militar me ajuda a me preparar para enfrentar quaisquer obstáculos da vida, a me concentrar na minha saúde e a enfrentar os desafios que a vida trará. A experiência de combate me ensinou a prestar atenção ao meu redor. Aprendi a manter o foco, agilidade e rapidez o tempo todo.” E como ele aplica esses ensinamentos no trabalho, vendendo parques temáticos, cruzeiros e alegria? “No trabalho, isso me ajuda a ser estratégico em nossos negócios e fortalecer minha confiança com os companheiros de trabalho (os cast members Disney) e colegas”, explica, ressaltando a importância do trabalho em equipe, ainda mais em uma organização tão grande e repleta de nuances e produtos como a Disney. “Consequentemente, gosto de acreditar que sou um melhor líder, pai, membro da equipe e solucionador de problemas.” 12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
37
As tatuagens não permitiram que ele fosse salva-vidas em seu primeiro empresa na Disney, mas ele conseguiu um lugar trabalhando com o serviço rápido de comida no parque aquático Disney’s Typhoon Lagoon, em Walt Disney World. Seu primeiro emprego na Disney, onde acaba de completar dez anos como membro do elenco, o nome que a empresa dá a seus funcionários (cast member). “Eu amo meu trabalho. É um prazer trabalhar em um lugar divertido com pessoas incríveis”, afirma ele, o que é visível em suas apresentações para agentes de viagens, eventos do trade, famtours e encontros. Sua energia vem dessa positividade, dos valores que tatuou no corpo e que leva para a vida, dos momentos difíceis que superou e da paixão pelo que faz. Depois do parque aquático, ele foi transferido para a área de resorts da Disney World. “A maior parte do tempo eu trabalhava no Disney's Caribbean Beach Resort. Mas passei por vários resorts. Adorava o Art of Animation, o Pop Century. Gostava de interagir com pessoas. Depois disso, mudei para o Disney Reservation Center – agora chamado de Disney Center – onde trabalhei por quatro anos antes de chegar à minha função atual como gerente de Vendas sênior para a equipe de Destinos da Disney, com foco no Brasil”. As inovações que implantou no Centro de Reservas continuam até hoje e ajudam diretamente o seu trabalho como vendedor Disney. Ele participou do primeiro grupo do departamento de atendimento em português, em 2014. Foi ali no call center, como gerente, que ele viu que tinha muita coisa pelo qual era apaixonado dentro da Disney e quis construir uma nova carreira lá. Depois de passar pelas experiências no parque aquático, na hotelaria temática e como concierge, estar ali no centro de atendimento deu a ele a oportunidade também de aplicar o que havia aprendido sobre gestão, liderança, pessoas. “Como se faz para gerir tanta gente ao mesmo tempo e 38
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Reprodução Instagram
NA DISNEY
Hoje, com as mudanças na cultura da Disney, Luiz já pode exibir algumas de suas tatuagens
atendendo com excelência nota mil? Isso me encantou, me cativou. Estava terminando meu mestrado sobre isso e vendo a prática na minha frente, na maior empresa de entretenimento do mundo.” Para ele, o cast member, que não é chamado de funcionário, é um personagem, uma peça-chave da empresa, e o grande responsável pelo sucesso do negócio. Daí a gestão de pessoas estar no centro de tudo, tanto para os cast members quanto para os clientes, que são guests (convidados).
CRACHÁ AZUL A jornada de dez anos na Disney foi de muito aprendizado e também reconhecimento. Além do cargo de gerente na área de Vendas da América Latina, comandada por Cinthia Douglas, Luiz Araújo é um dos poucos colaboradores Disney a usar um crachá azul, onde estão seu nome e a cidade natal (no seu caso, a cidade onde cresceu). Por causa de toda a sua dedicação e aprendizado com suas equipes na Disney, ele recebeu, há alguns anos, o The Walt Disney Legacy Award, e com isso seu name tag (crachá) é azul. Um reconhecimento dos próprios funcionários Disney. “Esta é a minha mais importante realização profissional, da qual muito me orgulho. Meus colegas me nomearam como alguém que está sempre motivando os outros a continuar sonhando, criando e até inspirando pessoas ao redor do mundo e, o mais importante, alguém que mantém vivo o legado de Walt Disney. Além disso, continuarei a fazê-lo!”, conta, orgulhoso. Portanto, da próxima vez que encontrar Luiz pelos eventos e viagens, ou qualquer outro
membro com um crachá azul, parabenize pelo legado que estão ajudando a construir na Disney. Com certeza, você receberá um grande sorriso de volta. 12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
39
PANDEMIA NO CAMINHO Depois de enfrentar dramas pessoais, um ano e meio na guerra e o desafio de começar uma nova vida em um país estranho, entre outros desafios, a pandemia de covid-19 foi mais um grande obstáculo para Luiz Araújo atravessar, e também aprender e aplicar o que aprendeu na vida. “Esses anos de Disney me permitiram conhecer tantas pessoas incríveis. Aprendi muito através das muitas experiências incríveis das quais participei. Os últimos anos (de pandemia) não foram fáceis para muita gente. Mas durante a pandemia, sempre usei minha positividade para enfrentar as mudanças e seguir em frente para melhorar nosso futuro. Acredito que temos que honrar nosso passado e o que aprendemos ao longo dos anos. Para abraçar as mudanças e o futuro, também precisamos aprender a deixar ir, desapegar. Isso faz parte da jornada de vida que aprendi durante meu tempo nas Forças Armadas.” E como foi essa volta, depois de um tempo parado por causa da pandemia, quando, pela primeira vez na história, lemos nas manchetes que os parques temáticos da Disney estavam fechados, por dias, meses...? “Sempre continuarei a aprender, melhorar e levar nossa equipe e parceiros comerciais ao sucesso. Depois da pandemia, quando voltei a trabalhar, estava pronto para as mudanças que aconteceram e focado em ajudar meus clientes e minha equipe”, afirma. Depois dessa volta, vimos Luiz Araújo em todas as feiras de Turismo no Brasil, em treinamentos próprios da Disney, nos eventos nos Estados Unidos e sempre com essa mensagem positiva e de seguir em frente, com a força que os aprendizados trazem.
40
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Luiz Araújo e sua ex-parceira de treinamentos na Disney, Gabriela Delai
Claudia Gobetti (mulher), Tainá M. Araujo (filha mais velha), Luara M. Araujo (segunda filha) e Maria Eduarda G. Malfatti (enteada)
5 ANOS A pandemia nos ensinou a olhar e valorizar cada vez mais o presente. E que muitas vezes nosso planejamento vai por água abaixo, por conta de fatores externos. Mas será que dá para planejar os próximos anos? Como o executivo da Disney se vê em cinco anos, por exemplo? “Eu me vejo na Walt Disney Company. Sempre sonhando, criando e inspirando pessoas para continuar a espalhar a magia pelo mundo. Continuarei a encontrar oportunidades para melhorar, aprender e me desenvolver. Uma coisa é certa, com certeza estarei trabalhando com as pessoas, para ajudá-las a acreditar em si mesmas, para serem sempre melhores.”
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
41
A HISTÓRIA POR TRÁS DO SORRISO
Com a mãe, em uma das muitas férias na Disney
42
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Com sorriso cativante, nosso personagem deste perfil nasceu em Curitiba... Ops, não. Para tudo. Luiz nasceu em Oakland, na Califórnia. Mas na name tag dele, está a cidade onde foi criado, Curitiba. Uma escolha sua. Mas como assim Oakland? Seu pai, Luiz Antonio de Araújo, piloto, trabalhou na Tam, Vasp, entre outras aéreas. Em sua carreira, passou um tempo nos Estados Unidos (1978) para aprender inglês e pilotagem de helicóptero, ampliando as habilidades. Nessa época, levou a mãe, Vera Lucia Pacheco, professora, e a irmã, Vanize, quatro anos mais velha que Luiz. A ideia era ficar apenas um ano, mas a mãe engravidou e foi proibida pelos médicos de voltar para ter o filho no Brasil. Daí Luiz Antonio Araujo Jr. nasceu em um de seus destinos preferidos de férias, a Califórnia. “Foi um acidente, nada planejado”, diz Luiz. Oito meses depois, a família voltou para o Brasil, retomando a vida em Curitiba. Onde ficaram pouco tempo, pois o trabalho conseguido para perseguir o sonho da aviação de Luiz pai foi em Alta Floresta (PA). “Morei na beira do rio Tapajós dos quatro aos seis anos de idade”, lembra ele. Foi um período marcante de contato íntimo com um Brasil diferente da vida nas grandes cidades, exuberante e cercado de natureza. “Meu pai trabalhava no garimpo, minha mãe dava aula para as famílias ribeirinhas, para os indígenas da região... Tenho algumas lembranças...de andar de moto com meu tio, do calor. Meu bicho de estimação era um macaco, o Chico. Nossa brincadeira era no rio com piranha...” Passado um tempo, e dez malárias curadas, o pai procurou novo emprego e encontrou na Transportes Aéreos da Bacia Amazônica (Taba), em Belém. Ficou um ano lá com a família, até seus sete anos. De lá, o upgrade foi para o Fokker 27 da Tam, comandada pelo mítico comandante Rolim Amaro. “Na época ele ainda recebia as pessoas na porta, com tapete vermelho. Serviço era tudo.” Os Araújo, então, voltaram para Curitiba. O pai de Luiz ficou cerca de oito anos na Tam e depois foi para a Vasp, mas a família sempre em Curitiba. Quando o pai se aposentou na Vasp, ele já estava separado da sua mãe e morando em São Paulo. Luiz e a irmã Vanize moravam com Vera Lucia na capital paranaense. E o pai iniciou carreira internacional em transporte de carga.
Em família na Disneyland
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
43
INFÂNCIA EM CURITIBA “Amizade, infância, MTV, muito tempo com os amigos... Lembranças boas de Curitiba. Nunca foi fácil, minha mãe era professora, exigia muito da gente, não ganhava tanto, mas fazíamos tudo juntos. Meu pai, como piloto, tinha vantagens e todo ano eu estava na Disney. Tinha documentação, passagem aérea, então era fácil”, lembra Luiz. “Tenho fotos na Disneyland na Califórnia com minha mãe, a primeira que conheci. E depois em Walt Disney World.” Quando chegou a hora de ir para a faculdade, Luiz escolheu engenharia química. Por adorar a matéria, as ciências exatas. Fez um ano e viu que não era o que queria. Ou melhor, queria mais. A fase adulta havia chegado, a família já seguia rumos diferentes, ele queria ir além.
44
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Vera Lucia e os filhos Vanize e Luiz, em visita ao Magic Kingdom
“Minha mãe sugeriu que eu fosse para os Estados Unidos estudar. E eu fui. Foi a primeira vez que fui sendo americano. Passei um ano em San Diego, na Califórnia. Queria voltar para o Estado onde nasci e onde tinha praia, sempre adorei o mar. E a escola de San Diego cabia no meu bolso”, explica. A mãe, grande referência na vida de Luiz, foi quem incentivou e pagou pela ida. “Minha mãe sempre fez tudo por mim e por minha irmã. Sempre presente. Meu pai, claro, era piloto, e também estava presente quando podia. Mas a minha mãe é a minha referência desde a infância. O sonho dela é melhorar o ensino o Brasil e ela se dedicou muito a nos ensinar.” O carisma de Luiz, aliás, pelo que ele conta, veio da mãe. E o espírito desbravador, do pai.
Com Cinthia Douglas e Gabriela Delai, a caráter, recebendo agentes de viagens no Disney's Animal Kingdom
PRIMEIRO TRABALHO Para continuar a estudar em San Diego, Luiz Araújo trabalhou como entregador de pizza. Segundo ele, informalmente ele sempre trabalhou desde os 16 anos, por exemplo vendendo peixes que pescava na Ilha do Mel (PR). Seis meses depois retornou ao Brasil, reencontrou a namorada Rafaela, que havia deixado lá, casou e teve a primeira filha, aos 19 anos. Em vez de voltar para engenharia química, fez biologia. Também não gostou e passou a fazer administração, curso concluído. E a segunda filha chegou nesse meio tempo, quando ele tinha 20 anos. Tainá Miranda Araújo e Luara Miranda Araújo aceleraram, portanto, o amadurecimento do jovem surfista, pescador, filho do aviador e da professora. Tainá (primeiros raios de sol, em tupi) e Luara (lua rara) são, segundo o pai coruja, o dia e a noite. As duas hoje moram em Newport Beach, na Califórnia. Tainá se formando em Saúde Pública e Luara
entrando para estudar Tecnologia. Pai presente? “Total. Sou tão presente, que quando separei da mãe delas, Rafaela, elas tinham dois e três anos, elas continuaram comigo. Fui pãe... pai e mãe das duas ao mesmo tempo”, responde ele, que contará mais dessa história adiante. E para sustentar a família, o lado empreendedor aflorou ainda mais e ele abriu uma lanchonete em Curitiba, dentro de uma academia, focada em alimentação natural. Foram dois anos, mas sempre de olho no que podia ganhar nos Estados Unidos, em dólar. Em 2001, então, ainda casado com Rafaela, resolveu voltar aos Estados Unidos, para apostar na vida em seu país natal. O dinheiro só dava para uma passagem para Miami e lá chegou com US$ 400. As meninas ficaram com a mãe, com a promessa de todas irem encontrar com ele muito em breve.
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
45
ESTAMOS CONTRATANDO Luiz começou a trabalhar em hotéis de Miami, como ajudante. Mas sabia, como a mãe ensinara, que precisaria estudar e se qualificar para poder ganhar mais e estar com a família. Ao procurar uma escola de inglês viu uma placa de “contrata-se”, entrou e mudou sua vida para sempre. A tal placa buscando funcionários nada mais era que Tio Sam em pessoa, alistando voluntários para o Exército. Araújo saiu de lá com uma proposta de emprego (US$ 18 mil por ano), a promessa de regularização de sua família nos Estados Unidos e algumas opções de trabalho, que dependeriam ainda de testes, mas tudo caminhava para ser motorista de veículos militares e paraquedista (ele já havia tirado brevê de piloto em Curitiba, seguindo os passos do pai). Tudo caminhou como planejado, oito semanas de treinamento, curso de paraquedismo... E uma tragédia mundial muda os cursos dos acontecimentos, com os ataques às torres gêmeas do WTC e ao Pentágono em 11 de setembro de 2001. “Ali eu vi do que estava fazendo parte.
46
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Luiz Araújo no Exército americano
Vi a dimensão de tudo. Vi o impacto nos meus colegas, como a instituição reagiu. Foi muito forte. Minha realidade era outra, era o Brasil, e ali eu vi que estava em outro mundo a partir de então”, relembra. A partir daí o treinamento, já em sua base, na Carolina do Norte, onde ficou por cinco anos, mudou de foco, pois a possibilidade de guerra era iminente. Nos dois primeiros anos no Exército, “vida que pedi a Deus”. Família, estudo, treinamentos. Emprego. Até que veio a Guerra do Afeganistão e em seguida a Guerra do Iraque e ele foi convocado para esta última, onde ficou por quase um ano e meio, atuando como motorista de veículos de guerra e soldado do Exército americano. A família, mulher e as duas filhas, ficaram nos Estados Unidos e não havia, como em alguns filmes, aquelas folgas para visitá-las. Temporada de guerra que ele enfrentou com determinação e devoção à causa abraçada ao ingressar no Exército. A instituição exerce até hoje grande fascínio nele e é uma das bases dos ensinamentos que leva para a vida.
Pãe desde cedo, Luiz e suas meninas
VOCÊ PRECISA VOLTAR PARA CASA Era mais um dia normal na guerra em Bagdá e Luiz é chamado pelos superiores. Teria de voltar para casa, nos Estados Unidos, para resolver alguns problemas inesperados. “Te dou dez dias”, disse o comandante. As casualidades e o peso de uma guerra não se limitam aos soldados que estão na linha de frente. Uma batalha afeta desde os países em conflito até a economia global. A aviação mudou por causa do 11 de setembro. A segurança nos aeroportos idem. Mas durante a guerra, as pessoas envolvidas, no front ou distante dele, vivem novos conflitos e situações que jamais conceberam para suas vidas. Novos sentimentos afloram e se para alguns, como Luiz, o mote é seguir adiante e servir, olhando sempre para frente, para outros, antes, durante ou depois da guerra, há conflitos internos e aflições inconciliáveis. Luiz chegou aos Estados Unidos e as duas filhas estavam sendo cuidadas pelo Serviço Social americano. A mãe delas, Rafaela, tinha deixado a casa. É daqueles momentos, segundo Luiz contou à PANROTAS, que se você parar para pensar na vida ou lamentar ou mesmo se revoltar, algo que não combina com ele, você desaba, emocionalmente inclusive, e não faz nada. No meio de uma guerra, com duas filhas no Serviço Social, sem a mãe delas por perto, em um país onde não tinha parentes e tendo de voltar ao front em poucos dias.
“Cheguei em casa e descobri que não tinha mais esposa, não tinha mais nada”, lembra daquele que foi um dos dias mais difíceis de sua vida. Luiz reencontrou a esposa ainda nos Estados Unidos, levou a família toda para Curitiba, deixou as filhas com a sua mãe, Vera Lucia, e retornou para a guerra, para terminar sua missão. “Consegui fazer tudo em dez dias, não sei nem como, voltei para a guerra e fiquei mais seis meses.” Ao fim de seu contrato com o Exército, deixou a instituição e retornou ao Brasil, pois sua prioridade era ficar com as filhas, que estavam em Curitiba. “Isso era 2004 ou 2005 e esse novo período no Brasil durou mais oito anos, trabalhando em Curitiba”, continua. Luiz abriu, com a mãe, uma faculdade de pedagogia, uma editora e instituto de pós-graduação, sabendo do sonho dela em investir em educação. O foco era em necessidades especiais. Com o sonho da mãe realizado, uma hora ele começou a se questionar sobre os próprios sonhos. As filhas já estavam crescidas, criadas e muito bem adaptadas a Curitiba e a esse novo desenho de família, que incluiu um segundo casamento de Luiz, com Claudia, que também já tinha uma filha, Maria Eduarda. Os dois se casaram em 2011, na capital paranaense. Luiz, então, volta para os Estados Unidos para um mestrado de dois anos, e nesse meio tempo reencontrou e descobriu a Disney.
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
47
NOVA VIDA A ideia era estudar por dois anos, com uma bolsa que conseguiu para o mestrado. No primeiro ano, segundo ele, a rotina incluía ir todo mês para o Brasil. No segundo, levou a família para ficar com ele no último ano dos estudos, para que elas experimentassem a vida americana. “Para praticar o inglês, comecei a trabalhar duas vezes por semana no Typhoon Lagoon, parque aquático na Disney World. E assim começou minha história aqui na Disney.” Uma história de dez anos, em que ele vê paralelos com o Exército. “A parte de liderança, a organização, a hierarquização, o cuidado com as pessoas... Hoje faço muito esse elo, as pessoas precisam de planejamento. É claro que a Disney é mais flexível, mas assim como no Exército é tudo um time só. Ninguém faz nada sozinho e na Disney é assim. As equipes são importantes." Era para ser apenas um ano no império de Walt Disney e lá se vão dez, tudo porque as três filhas não quiseram voltar ao Brasil. Venceu o American way of life. Venceu a família, unida uma vez mais em terras americanas, terras que 43 anos atrás deram as boas-vindas, lá na Costa Oeste, a Luiz Antonio Araújo Jr.
48
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Time Disney - Sarah Domenech, Manoella Gentil Bopp, Luiz Araújo Jr., Cinthia Douglas, Terry Brinkoetter, Deborah Baldin e Barbara Modenesi
Luiz Araújo e agentes de viagens do Integração Trade
TRABALHO COM O TRADE Migrar do call center para cuidar de Vendas no Brasil, a convite do exdiretor para América Latina Angel Sarria, foi um grande desafio para Luiz Araújo. “É um mercado enorme, comecei no final de 2017 e levei um tempo para entender as nuances do Brasil. Ainda mais com uma pandemia no meio. Aprendi com todos vocês do mercado”, explica. Araújo entrou no lugar de Patrick Yvars, que estava há 12 anos na posição. O que aumentou o desafio. “Chega um menino que veio do call center, com back-up militar... Muita gente se pergunta como esse cara apareceu lá?”, brinca ele. Hoje ele diz se sentir mais bem preparado para ajudar o agente de viagens, pois entende suas necessidades, conversa muito com eles. O começo de aprendizado com o trade já rende frutos. E vemos esse cari-
nho do trade com o Luiz em todos os eventos de que participa. “Por mais que meu foco sejam os operadores, quem compra deles é o agente de viagens. Então eu preciso estar próximo e entender esse profissional. E vamos trazer novidades para melhorar o trabalho deles”. Hoje, segundo Luiz, o time de Vendas está bastante integrado, como nunca foi. “Eu, Debora (Baldin), Manu (Bopp) e Barbara (Modenesi), a gente pensa como se fosse um time só. Antes não tínhamos isso pro mercado brasileiro. Era pro mercado latino-
-americano e adaptávamos para o brasileiro. Hoje a sinergia está muito maior. E estamos apenas começando no que podemos fazer juntos para os agentes de viagens”, analisa. Luiz começou seu doutorado durante a pandemia e está escrevendo sua tese sobre distribuição pelo trade de Turismo. “Nosso agente de viagens precisa de muita coisa, de gestão a incentivo. Temos conteúdo, mas também quero ajudar com gestão, com outras coisas”, finaliza, prometendo um 2023 ainda mais próximo do trade brasileiro.
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
49
NA DISNEY Qual o lugar preferido de Luiz Araújo em Walt Disney World? Ele nem pisca e logo responde: Epcot. O parque idealizado por Walt Disney para ser uma inspiração (e reprodução, por que não?) do futuro que estamos construindo. E curiosamente um parque que tem se transformado nos últimos três anos e que reúne representações de diversos países ao redor do mundo. Já quando perguntamos sobre as experiências favoritas, fica mais difícil. “Há tantas experiências disponíveis em Walt Disney World, como jantares, shows e passeios que dificultam a escolha. Se eu tivesse que escolher uma dessas experiências, diria que são os nossos shows. É incrível estar no parque, sentir a energia e a felicidade de todos que assistem aos espetáculos. Além disso, com
50
a combinação de músicas, danças e personagens que levantam nosso ânimo, nossos shows aumentam a influência da magia da Disney em nós, e nos fazem realmente acreditar que todos os nossos sonhos podem se tornar realidade se apenas agirmos para ir em direção a eles”. Em suas férias, Luiz gosta das praias e dos lugares naturais. Acaba de voltar de uma experiência incrível com a esposa, Claudia, nas Smokey Mountains, na Carolina do Norte, Estado que serviu de sua base quando estava no Exército. Acampou no meio da natureza, em temperaturas bem baixas, em uma experiência incrível, segundo ele. E não é isso o que buscamos? Experiências incríveis. Mas o mais importante, e isso Luiz nos ensina com sua história, é o que nós fazemos com essas experiências. n
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Destinos
Carla Lencastre, especial para a PANROTAS
VERÃO EM
Praia Mansa
PUNTA DEL ESTE
VAI ALÉM DE PRAIAS E FESTAS
Q
uente e ensolarado neste final da primavera, o balneário de Punta del Este foi o cenário escolhido pelo Ministério do Turismo do Uruguai para o lançamento da temporada de verão no país. Pouco mais de um ano depois da reabertura das fronteiras uruguaias, o evento reuniu políticos, empresários, jornalistas e influenciadores locais e, também, do Brasil, da Argentina e do Chile, os três principais mercados emissores para o país. O evento foi realizado na segunda quinzena de novembro em um dos vários paradores (restaurantes em frente à praia) à beira do estuário do rio da Prata, que separa Uruguai e Argentina. Punta del Este, como o nome indica, é uma península. O lado voltado para o rio é conhecido como Praia Mansa. Do outro lado da “ponta” está o Oceano Atlântico e a Praia Brava. Na temporada de verão, a Azul Linhas Aéreas tem ligações diretas para Punta del Este saindo de Porto Alegre, São Paulo e Campinas. A companhia também voa direto do Brasil para Montevidéu, e acaba de lançar dois voos semanais a partir do Recife. Durante o lançamento da temporada de verão, aproveitamos para revisitar alguns pontos turísticos conhecidos de Punta e outros menos óbvios. A seguir, uma seleção que merece estar no roteiro do visitante que gosta de ir além do Turismo de praia e festa.
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
51
Parques das Esculturas no Maca
MACA O Museo de Arte Contemporáneo Atchugarry (Maca), inaugurado há pouco menos de um ano na fundação sem fins lucrativos criada pelo artista plástico uruguaio Pablo Atchugarry (1954), tem tudo para se tornar uma das principais atrações de Punta del Este. Instalado em uma construção envidraçada e integrada à natureza, desenhada pelo arquiteto uruguaio Carlos Ott (o mesmo da Opéra Bastille, em Paris), o museu foi erguido com mão de obra local. O Maca tem entrada gratuita e está em meio a um Parque de Esculturas contemporâneas, uma espécie de pequeno Inhotim, que sozinho já é um passeio imperdível. Agora o programa está completo e vale algumas horas. Saiba mais em www.fundacionpabloatchugarry.org/es/la-fundacion
52
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Casapueblo
CASAPUEBLO Quando o tema é arte, não podemos deixar de mencionar um dos cartões-postais de Punta, a casa escultura sem linhas retas que o artista plástico Carlos Páez Villaró (1923-2014) começou a erguer no final da década de 1950 em Punta Ballena. Casapueblo merece ser percorrida com calma para ir se encantando não apenas com as esculturas e cerâmicas do artista, mas também com as referências aos muitos amigos, vários deles brasileiros. Vá de tarde para admirar o pôr do sol. Além de museu, Casapueblo continua sendo a casa da família Villaró e tem também hotel e restaurante aberto ao público. Saiba mais em https://casapueblo.com.uy/
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
53
Arboretum
ARBORETUM LUSSICH Em Punta Ballena, é um oásis de frescor em meio ao calorento verão na região. Com mais de 400 espécies de árvores de diferentes partes do mundo plantadas onde antes era uma região árida, o arboretum foi criado pelo empresário marítimo (dono de uma empresa especializada em resgates de naufrágios), escritor e naturalista Antonio Lussich (1848-1928). A visita pode começar pelo museu multimídia, instalado na antiga casa da família. Depois, faça uma das trilhas que levam a diferentes mirantes com vistas panorâmicas. Na volta, vale parar na lojinha do museu, que reúne objetos de design de artistas locais com foco em materiais sustentáveis e naturais. Saiba mais em http://www.arboretumlussich.uy/
54
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
VIÑA EDÉN Visitar uma vinícola no Uruguai é programa quase incontornável para turistas brasileiros. Afinal, o Brasil responde por 70% do total de 5 milhões de litros de vinhos exportados pelo país por ano, segundo dados do Instituto Nacional de Vitivinicultura (Inavi). O Inavi promove o manejo sustentável dos vinhedos em todo o país. Um exemplo na área de Punta del Este é a Viña Edén, vinícola boutique com solo pedregoso de granito e quartzo, autossuficiente em energia e comandada por um casal de brasileiros. Na construção moderna que abriga a sede, destaca-se o lindo restaurante iluminado, que trabalha com produtos orgânicos e oferece uma varanda com vista para os vinhedos. O azeite produzido na casa é delicioso. Já mencionamos os vinhos? São cinco variedades de uvas que se beneficiam do solo mineral fértil, da brisa do mar e da amplidão térmica do verão, com dias quentes e noites nem tanto. Destaque para o premiado Tannat Cemento. Saiba mais em http://www.vinaeden.com/
Vina Eden restaurante
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
55
IL BELVEDERE Um hotel diferente em Punta, perfeito para quem valoriza a privacidade, o Belvedere reúne 20 bangalôs e cabanas de 45m² a 160m². Todas as acomodações possuem cozinha equipada. O hotel fica em um bosque com vegetação nativa e roseiras na Praia Brava, perto da Parada 30, no caminho para José Ignacio. Tem duas piscinas e um restaurante delicioso, privilegiando produtos frescos e locais (os vegetais são da própria horta) e aberto ao público em geral diariamente para café, almoço, chá da tarde e jantar. Saiba mais em https://ilbelvedere.com/
Belvedere hotel
56
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
MONTEVIDÉU
Rambla Rio de la Plata
Antes ou depois de ir a Punta del Este, vale separar umas duas ou três noites para aproveitar a capital uruguaia, que completa 300 anos de fundação em 2024. Banhada pelo Río de la Plata, Montevidéu tem uma bonita Ciudad Vieja, mercados, shows de candombe (o ritmo local de origem africana) e mais de 20 quilômetros de ramblas, como são chamados os calçadões da orla. A estrada entre Punta e a capital é ótima. A seguir, listamos três sugestões de passeios.
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
57
Rosedal
EL ROSEDAL Com rosas de diferentes espécies e cores, o roseiral é um jardim com paisagismo francês dentro do Parque del Prado, uma das maiores áreas verdes de Montevidéu. As primeiras roseiras foram trazidas da França, no início do século passado.
58
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
MUSEO DE BELLAS ARTES JUAN MANUEL BLANES O acervo reúne mais de quatro mil obras, e o museu mantém exposições permanentes dos pintores nascidos em Montevidéu Blanes (1830-1901), com telas que retratam a história do país, e Pedro Figari (1861-1938). O Museu Blanes apresenta também mostras de arte contemporânea. Saiba mais em https://blanes.montevideo.gub.uy/
Museo de Bellas Artes Juan Manuel Blanes
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
59
BODEGAS CARRAU Um das vinícolas mais tradicionais do Uruguai tem sua sede a cerca de apenas 20 quilômetros do Centro da capital e oferece visita guiada mediante agendamento de segunda a sexta-feira. Entre os muitos vinhos disponíveis, no verão vale experimentar os rosés feitos com tannat, a uva ícone do país, e cabernet. Ou um grande reserva como o Amat 2017, um dos vencedores na categoria tannat do 1º Salão Nacional do Vinho Uruguaio, realizado em junho em Punta del Este. Todos os 210 mil litros anuais da Carrau são produzidos na sede, que tem tanques de aço e de concreto para fermentação das uvas, e barris de carvalho francês que ficam em uma bonita cave histórica, com luz e temperatura controlada. Os vinhedos estão em Las Violetas, a uns 30 quilômetros de distância; na sede, há somente 14 linhas de tannat. O bom restaurante abre apenas para grupos a partir de dez pessoas, sempre com reservas antecipadas e em dias de semana. Saiba mais em https://bodegascarrau.com/ A PANROTAS viajou a convite do Ministério do Turismo do Uruguai e com seguro Affinity n
Loja Bodegas Carrau
60
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
Sede Bodegas Carrau
Bodegas Carrau Vinhedo
Eventos Karina Cedeño
AVIPAM:
75 ANOS, 1ª CONVENÇÃO E META DE VENDAS BILIONÁRIA O presidente da AVIPAM, Antonio Fernando Slomp, e o vice-presidente de Operações da TMC, Peterson Prado
U
ma das principais agências de viagens corporativas e grupos de Viagens e Turismo do País, a AVIPAM celebra 75 anos de história em 2022 de forma memorável: a TMC realizou, no Royal Palm Tower Anhanguera, em Campinas (SP), a 1ª Convenção AVIPAM, que reuniu 300 funcionários provenientes de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e outros mercados do Brasil. “O objetivo principal desse evento é reunir todos os colaboradores em nível Brasil. Já realizamos outras convenções de
vendas anteriormente, mas esta é a primeira vez que conseguimos reunir toda a empresa e os nossos parceiros, celebrando o ano de retomada mas também alinhando os nossos objetivos para 2023”, comenta o vice-presidente de Operações da AVIPAM, Peterson Prado. O evento também contou com uma homenagem aos funcionários com mais tempo de casa, além do momento “Noite das Estrelas”, no qual foram destacados cinco colaboradores influencers de 2022.
12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
61
META DE R$ 1 BILHÃO Na ocasião, o presidente da AVIPAM, Antonio Fernando Slomp, anunciou que a TMC tem meta de R$ 1 bilhão em vendas para o ano que vem, anúncio que foi seguido de muitos aplausos da plateia. Outra novidade de grande destaque para 2023 é a ampliação do escritório da TMC em São Paulo, que dobrará de tamanho. "Precisávamos de mais espaço para os nossos colaboradores, inclusive porque temos novas perspectivas de clientes. Devemos mudar até meados do segundo trimestre do ano que vem", conta Slomp. Segundo ele, o novo escritório será focado nas práticas de ESG. Em termos de receita, a TMC já superou os índices de 2019. NOVAS TECNOLOGIAS As novas tecnologias, que sempre fizeram parte do escopo da AVIPAM, continuarão recebendo investimento maciço. "Sempre fomos reconhecidos pela tecnologia e, ainda assim, vimos que precisamos avançar mais diante das novas demandas de mercado", acrescenta o presidente da empresa. "Também estamos dando mais ênfase ao RH, trazendo mais estrutura e ampliando nosso programa de treinamento, realizado de forma on-line e presencial. São mudanças importantes para que possamos melhorar o atendimento de nossos clientes. Temos grande potencial de crescimento com clientes que já temos, além de novos clientes ", destaca Slomp. Segundo ele, as viagens de lazer têm tido forte demanda para a empresa. "Por isso também estamos estruturando mais essa área, trazendo recursos humanos e tecnológicos para o atendimento". COMPROMISSO SOCIAL Reforçando o seu compromisso com a responsabilidade social, a AVIPAM também tem anúncios importantes. A companhia financiará as passagens aéreas de um grupo de adolescentes da ONG Passos Mágicos, que viajará ao Canadá para um programa de intercâmbio no ano que vem. A iniciativa foi trazida para a TMC por meio de seu vice-presidente de Operações, Peterson Prado, e foi bastante elogiada pelo fundador da Passos Mágicos, Dimitri Ivanoff, durante a Convenção AVIPAM, realizada em Campinas (SP). A AVIPAM sempre investiu em projetos sociais, por meio da contribuição com dezenas de computadores para o centro de acolhimento de pessoas em situação de rua de Santo Amaro em parceria com o programa Hillsong Citycare, do apoio à ONG Vivenda da Criança, onde atua diretamente com crianças e famílias na comunidade de Parelheiros, entre outras iniciativas, reforçando o compromisso com as práticas ESG.
62
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
PARCERIAS AINDA MAIS FORTALECIDAS A 1ª Convenção AVIPAM contou com a presença de diversos parceiros da TMC, entre eles a Travel Leaders Group. O presidente da Internova, Gabe Rizzi, e a VP do Travel Leaders Group, Carina Fernandez Grenno, destacaram no evento a importância dessa parceria. “Só tenho a agradecer por essa parceria com a AVIPAM. Desde o início sabíamos o quanto essa relação iria florescer e admiro muito a perseverança e a tenacidade dos líderes Antonio Fernando Slomp e Peterson Prado. Vocês são protagonistas e conseguiram passar por uma crise, sobreviver. São poucas as empresas que conseguiram chegar aos 75 anos e, ainda por cima, realizando um trabalho maravilhoso”, destacou Rizzi, que também deu uma palestra sobre a importância dos consultores de viagem. A parceria com as companhias aéreas (que fazem parte do time de patrocinadores) também foi destaque no evento. A diretora de Vendas e Marketing da Latam, Aline Mafra, destacou que a companhia aérea está vivendo um momento inédito em 2022. "Nunca vi um ano como este para a Latam. A companhia aérea saiu mais forte do Chapter 11 devido à credibilidade que tem no mercado e em 2022 começou a operar dez novos destinos domésticos, além de anunciar mais três destinos para 2023, um deles em parceria com a Delta. Nossa reestruturação apoiada no Chapter 11 traz mais eficiência e custos mais competitivos. Saímos mais fortes, mesmo em um cenário em que o preço do combustível está altíssimo. Somos líderes em oferta e também no mercado", destaca Aline. Ela também deu ênfase à parceria com a AVIPAM, mencionando que a TMC sempre a recebeu de portas abertas e que a parceria é realizada por meio de uma gestão em 360 graus. A head de Vendas Corporativas da Gol, Juliane Castiglione, participou de um painel que debateu a importância das práticas de ESG no setor de viagens corporativas. “Quando falamos de ESG, não estamos falando de uma tendência. É algo que veio para ficar e devemos garantir que esses valores sejam genuínos em nossos colaboradores”, destacou Juliane. Delta, Air France-KLM e British/Iberia também marcaram presença na 1ª Convenção AVIPAM, que também contou com o patrocínio da Movida, RCom Eventos, Accor, Amadeus, Asssit Card, Inteegra, CVC Corp, CEP Transportes, entre outras. n
EVENTOS E VIAGENS CORPORATIVAS
www.alagev.org | Edição 59 – 13 de dezembro de 2022 Parte integrante da Revista PANROTAS
MA NTENEDORES ALAGEV
A HORA E A VEZ DOS AVATARES De um lado, os organizadores de eventos ávidos por novas tecnologias que engajem os participantes e transmitam conteúdo de forma dinâmica. Do outro, os participantes, que buscam novas maneiras de estar presentes nos eventos. Na linha de convergência dessas duas necessidades, surge uma solução: os avatares. Até pouco tempo atrás, a palavra avatar nos lembrava apenas o nome de um filme que mostrava uma realidade futurista, talvez muito distante, na qual seres humanos podiam habitar outro mundo (chamado Pandora) por meio de projeções de si mesmos. Hoje, podemos dizer que o mundo de Pandora já faz parte do setor de eventos, mas com outro nome: metaverso. Tratase de um universo virtual que busca reproduzir a realidade, usando tecnologias como realidade virtual e aumentada. E é nesse ambiente digital que seres humanos podem criar perfis virtuais de si mesmos para participar de eventos e até conduzi-los. “Os seres humanos não podem ser substituídos, mas podem ter sua presença expandida no mundo digital. Nada substitui a experiência de convívio. Mas recentemente vimos a explosão do aplicativo de Inteligência Artificial Lensa, com milhares
de pessoas criando suas versões avatarizadas e postando nas redes sociais”, comenta o CEO da Flex Interativa, Ney Neto (veja seu avatar acima). “Nós já nos acostumamos a criar uma imagem de perfil. Temos imagens para o Linkedin, para o Instagram, e é natural que na era da internet mais imersiva, tridimensional, tenhamos também uma representação digital 3D para acessar esses ambientes. Podemos escolher reproduzir nossa própria anatomia, ou então criar uma representação digital que não corresponda à nossa imagem real”, destaca Neto. 12 a 18 de dezembro de 2022 — PANROTAS
63
E é aí que está uma das vantagens de se utilizar avatares em eventos. Eles podem favorecer as relações sociais, considerando que, por meio de seus personagens virtuais, pessoas que normalmente hesitam em falar na vida real se sentem mais à vontade para interagir no mundo virtual, favorecendo o networking, a interação com os outros participantes e até mesmo com o palestrante do evento. “Os avatares podem fazer parte da régua de comunicação, podem interagir com os participantes, ter uma identidade alinhada com a marca. Veja, por exemplo, a Lu, do Magalu, uma portavoz da empresa há duas décadas. A Shift tem um projeto junto com a Flex Interativa, onde um holograma do presidente da empresa dá as boasvindas ao participante de uma convenção logo no receptivo, e interage com os participantes no transfer, durante o trajeto até o hotel do evento”, exemplifica Neto. Outra vantagem, de acordo com ele, é poder expandir o alcance do evento e até o número de participantes por meio dos avatares. “Durante a pandemia, fizemos muitos eventos digitais e pudemos combinar pessoas do mundo todo, de localidades remotas, na mesma cena, para participar de um painel, renderizados em tamanho real no palco. Imagine que o organizador está fazendo um evento em diversas cidades simultaneamente. Não seria possível ter um mestre de cerimônias como a Deborah Secco em todos os eventos, mas com o avatar dela, a DebbyDry, você pode tê-la em todas as cidades em que seu evento esteja ocorrendo”. Ou seja, ter um avatar pode se tornar uma ferramenta muito lucrativa para um mestre de cerimônias e muito prática para os organizadores de eventos. Sem contar que Deborah Secco não é a única famosa que já aderiu à nova tecnologia. “Recentemente diversas celebridades criaram seus avatares. A Sabrina Sato criou a Satiko, a Bianca Andrade, a Boca Rosa, lançou a Pinky, e mais recentemente a Nina Silva lançou seu avatar, a Nina Verso. Uma das startups mais proeminentes no segmento é a BiobotsTec e, para os eventos, os avatares estão sendo utilizados nas campanhas de comunicação, interagindo com os palestrantes como MCs, e ajudando a contar histórias, como por exemplo no caso da NinaVerso, que tem uma representatividade muito forte na busca pela inclusão de mulheres pretas no ecossistema de empreendedorismo. O avatar passa a ter também uma voz forte junto a seus seguidores, exercendo influência”, destaca. UMA TECNOLOGIA, MIL POSSIBILIDADES O uso do metaverso, dos avatares e das tecnologias resultantes deles oferecem mil possibilidades aos organizadores de eventos e 64
PANROTAS — 12 a 18 de dezembro de 2022
participantes. Segundo Neto, depois de criar os modelos 3D, é possível realizar animações utilizando motion capture e até mesmo fazer aparições holográficas desses personagens no mundo real. “No entretenimento, existem bons shows que eternizam artistas que já não estão mais entre nós, no formato holográfico, como Whitney Houston, Michael Jackson, Maria Callas”, exemplifica. “Saindo do avatar gêmeo digital e pensando agora na holografia de pessoas reais, também seria possível ter um speaker remoto interagindo com a plateia, a partir de um estúdio, mas projetado em uma holografia, e não em uma tela 2D da chamada do Zoom. Aqui fica bem marcada a diferença da linguagem dos avatares, hologramas e metaverso, e o que temos feito atualmente com as participações remotas. Estamos migrando de uma era 2D de consumo de imagem e entrando na era imersiva, tridimensional”, explica o CEO da Flex Interativa. CUSTO MUITO ALTO? Como se vê, as possibilidades são muitas. Mas como você, organizador de eventos, pode ter acesso a essas tecnologias? “É preciso buscar parceiros que já disponham dessa tecnologia e há alguns bons no Brasil. Lembre-se também de tirar da cabeça a ideia de que é muito caro ou muito difícil implementar essas techs”, observa Neto. Mas antes de sair criando um mundo de Pandora, é fundamental questionar o propósito do uso dessa tecnologia no evento. “O principal ponto para um organizador decidir se deve ou não utilizar essa tecnologia é encontrar o porquê. Se for somente pela tecnologia, para apresentar algo novo, eu não faria. Mas se for uma experiência que faça sentido ao participante, ou ao objetivo do evento, aí passa a ser interessante”, destaca Neto. Entretanto, não há motivo para pressa. “Não precisamos acelerar essa adoção, os recursos ainda têm muito a evoluir e irão melhorar, à medida em que as tecnologias exponenciais, como 5G, captura volumétrica e hologramas também avançam. Os organizadores de eventos são naturalmente antenados e inovadores. Não podem ficar alheios a essas novas possibilidades, que serão muito comuns quando a geração de nossas crianças de 5 a 10 anos chegar às salas dos nossos eventos”. OS AVATARES SUBSTITUIRÃO OS SERES HUMANOS NOS EVENTOS? Diante de tanta modernidade, há algum risco de os avatares substituírem os seres humanos de alguma forma? Para Neto, não. “Minha opinião é que não ocorrerá substituição alguma, assim como a web3 não substitui a web2 e o Zoom não substituiu o evento presencial”, conclui o CEO da Flex Interativa. n
Sua doação espalha o bem a cada movimento! Doe e faça parte da nossa história de 25 anos.
Nathália Lopes, primeira paciente símbolo da campanha Teleton, em 1998.
Foto: Sergio Luiz Jorge
DOE AGORA, FAÇA UM PIX PARA: doeteleton@aacd.org.br
DOE POR TELEFONE FIXO OU PÓS*:
0500 12345 05 - doe R$ 5* 0500 12345 20 - doe R$ 20* 0500 12345 40 - doe R$ 40* *Telefone fixo: R$ 0,39/minuto + impostos Telefone móvel: R$ 0,71/minuto + impostos
#Teleton25anos
Ou acesse teleton.org.br