ÍNDICE
Página 06
Editorial: Resista. E você, não resista
Página 07
Infográfico: Perfil do viajante LGBT+
Página 10
ARTIGO: Ricardo Gomes, Câmara LGBT
Página 12
Diversidade na hotelaria: o case Accor
Página 19
Sua História: Petra Perón
Página 22
ARTIGO: Tati Isler, TI Comunicações
Página 23
Eventos: Conferência da Diversidade
Página 30
Eventos: Proud Experiences
Los Angeles
Página 36
Sua História: Mama Darling
Página 38
Viagens corporativas: Alagev destaca importância da diversidade
Página 40
Viagens corporativas: Diversidade na Copastur
Página 42
Viagens corporativas: Diversidade na Kontik
Página 48
Sua História: Jane Rodrigues/ Opium Viagens
Página 49
ARTIGO: Clóvis Casemiro, IGLTA
Página 51
Infográfico: Paradas do Orgulho pelo mundo
Página 54
ARTIGO: Letícia Modolo e Giulia Fiorott, @JuntasNoMapa
Página 58
Entrevista especial: John Rodgerson, presidente da Azul Linhas Aéreas
PRESIDENTE
José Guillermo Condomí Alcorta
GESTÃO
José Guilherme Condomí Alcorta
TECNOLOGIA
Ricardo Jun Iti Tsugawa
EDITORIAL
Artur Luiz Andrade
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RESISTA. E VOCÊ, NÃO RESISTA
As lutas por igualdade, justiça e reparações históricas são tão longas e lentas como a própria história. E sem cada difícil passo em direção ao objetivo maior (e contra a corrente de quem não quer ou não vê a necessidade de mudanças) não se conseguem avanços, melhorias, conquistas e mesmo estrutura e força para continuar lutando.
A lei é imprescindível para qualquer mudança relacionada a garantir direitos iguais, eliminar ou diminuir desigualdades, promover a inclusão, criar ambientes mais seguros. A governança das grandes corporações idem. A voz do consumidor pressiona. Os movimentos mantêm a visibilidade no que precisa ser mudado e conquistado. Mas nem tudo isso e um pouco mais é suficiente para acabar com a homofobia, o racismo, o machismo, o etarismo, capacitismo e tantos outros preconceitos e ações nocivas contra minorias ou contra quem seja diferente dos “donos” do poder. Brigar com culturas, pensamentos, muitas vezes religiosos, e arquétipos milenares, não é fácil. Mas evoluir é preciso. A luta das mulheres por igualdade vem de séculos e nunca o feminicídio esteve tão incidente, com homens matando o que consideram ser sua propriedade ou seres que estão ali meramente para lhes servir. A luta das mulheres é secular e ainda hoje a grande maioria delas ganha menos que homens nos mesmos cargos. As mulheres no Brasil lutaram para votar, o que conseguiram há cerca de 100 anos, mas ainda são minoria absoluta nos cargos políticos. O exemplo do tempo e dificuldade da trajetória de lutas e conquistas das mulheres (ainda distante de um cenário que se considere mais aceitável e justo) serve para mostrar que os esforços não podem parar, que, literalmente, a luta continua. E olha que estamos falando de 51,1% da população brasileira. Ou seja, bem longe de serem minoria numérica, mas considerada minoria em poder, reconhecimento, segurança, oportunidades... Resista. Continue. Não desista. Há muitas pessoas, empresas, governos prontos para ajudar e incentivar essas lutas. As mudanças de geração sempre aceleram algumas dessas conquistas, mas é preciso estar sempre atento, alerta, repetindo os mesmos mantras: somos diversos, temos direitos iguais, respeite a diversidade, incentive a inclusão. E seja anti-racista, anti-homofóbico, anti-opressão das minorias ou das diferenças.
Não resista, você que está no topo da pirâmide. E acha que queremos apenas te derrubar. A diversidade é boa para todos. O respeito constrói. A tolerância educa. No Turismo, diversidade é base, pilar... ou há só um tipo de turista que viaja, se hospeda, voa, visita lugares e experimenta a comida local? Não resista, pois a mudança virá. Pois sabemos que fomos educados sob a cultura do errado ou do pecado, e não é sobre isso.
Não resista, pois em algum momento da sua vida a opressão tocará seus ombros. E o que você fará?
A quem apelará? Seja porque alguém mais poderoso te achará velho e ultrapassado, mesmo aos 50 anos. Incapaz e fora da comunidade mainstream, aos 60 ou 70. Dispensável, por ser gordo. Fútil, por ser mulher. Inadequado, pela cor da sua pele ou pela sua origem. Engraçado, pelo seu sotaque. Perigoso por cantar uma música diferente. Asqueroso pela sua alimentação.
Um dia você pode estar, por inúmeras circunstâncias, em uma situação em que te olhem de cima e com desprezo. Em que seja injustiçado. Você vai esperar esse dia para agir? Para olhar os outros como um igual a você? Mais que isso: para fazer algo que combata injustiças e preconceitos e ajude a melhorar nossa sociedade?
Não resista.
Artur Luiz Andrade Editor-chefe e Chief Communication Officer da PANROTAS artur@panrotas.com.brCOMPORTAMENTOS DO VIAJANTE LGBTQIAP+
Entre março e abril deste ano, a Booking.com realizou uma pesquisa em 27 países, incluindo o Brasil, com mais de 11 mil entrevistados para compreender como a comunidade LGBTQIAP+ viaja
A Travel Proud 2023 identificou que:
9 em cada 10 viajantes brasileiros LGBT+ relataram que consideram sua segurança e bem-estar ao escolher um destino;
27% dos entrevistados foram submetidos a estereótipos e 1 a cada 5 disseram que pessoas assumiram incorretamente seu gênero ou pronomes durante a viagem;
4 a cada 5 brasileiros sentem que ser LGBT+ os torna mais confiantes como viajantes, em vez de se sentirem receosos;
9 em cada 10 viajantes se sentem mais confortáveis viajando devido ao aumento de medidas inclusivas na indústria de Viagens;
85% dos brasileiros LGBT+ experimentaram alguma forma de experiência positiva em suas viagens;
77% dos viajantes pesquisam marcas antes de viajar para entender o papel que desempenham no apoio à comunidade LGBT+;
Os brasileiros são a 7ª nacionalidade que mais pesquisa empresas e experiências antes das férias;
77% dos viajantes admitem que notícias sobre discriminação e violência contra pessoas LGBT+ têm grande impacto em sua escolha de destino.
77%
A plataforma ainda selecionou os 9 principais destinos indicados pelos usuários como LGBT-friendly:
• Kyoto (Japão),
• Nice (França),
• Chiang Mai (Tailândia),
• Puerto Vallarta (México),
• Ghent (Bélgica),
• Las Vegas (Estados Unidos),
• Ottawa (Canadá),
• Amsterdã (Holanda),
• Bariloche (Argentina).
No caso do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo lideram, seguidos por Salvador e Recife
A pesquisa Travel Proud faz parte de um novo programa da Booking.com que destaca acomodações inclusivas e acolhedoras.
A DIVERSIDADE, EQUIDADE E INCLUSÃO NAS EMPRESAS DO TRADE TURÍSTICO
Que o Turismo em geral tem sido, há muito anos, um dos setores que empregam a comunidade LGBTQIAPN+ não é novidade. O fato certamente se consolidou porque muitos profissionais da comunidade se destacaram no atendimento e no trato com as pessoas. O preconceito sofrido por ser da comunidade pode certamente ser um dos fatores que fizeram com que estes profissionais fossem mais cuidadosos no trato com as pessoas, se tornando mais acolhedores com os clientes, colegas de trabalho e prestadores de serviço. O Turismo LGBT tem se desenvolvido muito nos últimos anos e o mercado tem buscado cada vez mais informação, treinamento e capacitação para atender de forma mais adequada e profissional o turista LGBTQIAPN+. Agora se faz necessário ampliar a diversidade e principalmente a diversidade que passa pela transversalidade com outros grupos historicamente minorizados como pessoas com deficiência, afrodescendentes e povos originários, mulheres etc, também na contratação de colaboradores e de prestados de serviços. Além de avançar na capacitação de todo trade turístico para atender bem o turista LGBTQIAPN+, as organizações da iniciativa privada e pública precisam ir além e implementar políticas internas de contratação e retenção de talentos diversos levando em conta esta transversalidade. Como exemplo as empresas precisam olhar para
uma mulher transexual preta e com deficiência. A contratação de pessoas com diversos marcadores sociais minorizados é de suma importância, além, é claro, de priorizar contratações destas populações minorizadas individualmente.
A comunidade LGBTQIAPN+ está cada dia mais atenta às organizações que apoiam verdadeiramente a comunidade e as que praticam o pinkwashing - termo usado para classificar a apropriação do movimento LGBTQIAPN+ para promover uma agenda corporativa ou política específica, ou seja, se dizem friendly para ganhar a aprovação da comunidade e de seus aliados, enquanto mascaram ações que vão completamente contra os direitos da comunidade.
Avançamos nos últimos anos, no entanto o relatório Tendências de Gestão de Pessoas 2022 , feito pela consultoria global GPTW (Great Place to Work) apuraram que as empresas aumentaram sua preocupação com a saúde mental dos colaboradores e a diversidade e inclusão estão ficando para segundo plano. A pesquisa foi realizada com 2.654 pessoas, tanto da área de Recursos Humanos quanto em cargos de liderança.
Em 2019, 24% dos entrevistados afirmaram que as empresas tinham diversidade e inclusão como um aspecto prioritário a ser trabalhado. Em 2020, esse número subiu para 32%, e em 2021 para 37%. Em 2022 a prioridade caiu para 17,9%.
A análise dos dados da pesquisa aponta que a falta de engajamento da liderança, seguido da falta de recrutamento e seleção inclusivos ou deficitários são a grande barreira a ser transposta. O relatório afirma ainda que, apesar da maioria dos colaboradores ter respondido que diversidade e inclusão são pautas estratégicas das corporações em que trabalham, em torno de 12% disseram que a empresa não está preparada de verdade ou tem maturidade no tema. As principais ações de diversidade nas empresas têm prioridade nos grupos de mulheres, étnico-raciais e pessoas com deficiências. A comunidade LGBTQIAPN+, a população mais vulnerável, entram na pauta de ações ou contratação de forma menos prioritária, pelo fato de ser o tema que causa mais polêmica e que tem maior índice de preconceito.
O Turismo com sua vanguarda no acolhimento da diversidade precisa neste momento assumir a sua responsabilidade no movimento de empregabilidade e contratação de produtos e serviços de pessoas da comunidade LGBTQIAPN+. Vale lembrar que o Turismo voltado à comunidade é de suma importância na composição do Turismo em números absolutos e isso deve ser levado em conta para que o setor não seja enquadrado naqueles que querem apenas o dinheiro desta população sem querer se envolver verdadeiramente na construção de uma sociedade mais igualitária.
A diversidade real nas empresas impacta diretamente no desempenho da corporação e também na composição de uma equipe de trabalho mais saudável e pronta para atender de forma mais eficiente e eficaz todas as demandas por ter olhares e experiência diversas. A diversidade como cultura organizacional e compromisso da empresa em tempos de ESG (environmental, social and governance) é a grande sacada em todos os sentidos. Não é mais possível falar em inovação sem passar pela diversidade, equidade e inclusão. O tema vai proporcionar o aumento da criatividade organizacional, redução de conflitos, melhora na imagem da empresa, criação de um clima organizacional mais favorável, proporcionar o alcance de melhores resultados e diminuição da rotatividade da equipe, só para citar os principais. Segundo a pesquisa da Harvard Business, em empresas onde o ambiente de diversidade não é reconhecido, os funcionários estão 83% menos engajados e dispostos a exceder suas responsabilidades. É importante também entendermos que as empresas que não têm equipes diversas em um País miscigenado, de muitas etnias, culturas e religiões, além de não cumprir seu papel social, terão uma equipe menos capacitada a ter um olhar 360 sobre produtos, serviços e ações. Vamos juntas, juntos e juntes fazer com que o Turismo seja cada dia mais inclusivo, não só apenas no respeito ao turista, mas também aos colabores e prestadores de serviços. A Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil quer ser parceira das empresas e destinos na construção deste Turismo diverso. Contem conosco. n
COMO A REDE ACCOR ATUA POR DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA HOSPITALIDADE
Antonietta Varlese, SVP de Comunicação e Sustentabilidade - Accor Américas (Premium, Midscale & Economy Brands), fala à Revista PANROTAS sobre as ações da maior rede hoteleira no Brasil e na América Sul para promover a inclusão e a diversidade, combater a homofobia e criar ambientes receptivos e seguros para hóspedes, colaboradores e parceiros. Figura atuante em ações de Diversidade e ESG na região, Antonietta Varlese destaca o que tem dado certo e o que falta fazer, sendo que esse último depende, e muito, da união e conscientização dos players.
PANROTAS – Simpática e ativa em relação à causa LGBTQIA+ desde 2017, quais estratégias são aplicadas pela Accor para promover a diversidade e a inclusão entre o quadro de colaboradores?
ANTONIETTA VARLESE – A Diversidade, Equidade e Inclusão estão incorporadas no DNA da Accor e são um componente essencial do sucesso do grupo. Hospitalidade é sobre pessoas, e a nossa empresa é construída para acolher os outros, aceitar e valorizar as diferenças, promovendo uma cultura de inclusão.
Queremos sempre impulsionar a abertura e a igualdade no local de trabalho, prevenir a discriminação, garantir oportunidades que capacitem todos e ajudar a apoiar o papel da hospitalidade como um elevador social. Ser uma empresa inclusiva é um grande diferencial. Promovemos o bem-estar dos funcionários e capacitamos os membros das nossas equipes, estimulando o desempenho individual e coletivo, além de cultivar a criatividade e a inovação.
Nossos colaboradores, que chamamos carinhosamente de Heartists (artistas do coração), estão satisfeitos com os esforços da Accor para apoiar a diversidade, equidade e inclusão, pontuando-nos com nota 9 de um máximo de 10 em nossa pesquisa mundial de engajamento hoteleiro, realizada em 2022.
PANROTAS – E para os hóspedes da rede? Como essas ações e posicionamento chegam a eles? E que retorno a Accor sente dos clientes?
ANTONIETTA – A representatividade é um elemento muito importante para a decisão de compra dos nossos hóspedes LGBTI+, que precisam se ver em nossas ações como um todo, incluindo fotos de campa-
nhas publicitárias, posicionamentos institucionais, eventos e ativações direcionadas à comunidade não apenas no mês de junho. No entanto, o que mais pesa neste sentido é o acolhimento em nossos hotéis – algo que fará com que eles retornem e se fidelizem. O retorno dessas iniciativas é muito positivo, já que a Accor é lembrada sempre como empresa aberta à diversidade, com marcas muito fortes no mercado, que atendem a vários tipos de públicos e bolsos.
PANROTAS – Durante o mês de junho é sabido que a Accor promove descontos e condições especiais para pessoas que participam das Paradas LGBT em São Paulo e no Rio de Janeiro. Qual a importância dos eventos do orgulho e como eles podem ser mais bem trabalhados pelo Turismo?
ANTONIETTA – Nosso calendário inclui ações, treinamentos e patrocínios o ano inteiro, mostrando que o compromisso do Grupo Accor não se restringe ao Mês do Orgulho. No entanto, as Paradas LGBTI+ têm grande visibilidade e, dentro do nosso escopo regional das Américas, apoiamos várias delas, tanto pelo lado institucional quanto dos hotéis, que muitas vezes trabalham individualmente com os eventos. É um momento super relevante para mostrar, na prática, que somos aliados. Pesquisas indicam que o viajante LGBTI+ tem gastos maiores em comparação com os viajantes heterossexuais, só que falta muito preparo do Turismo em oferecer produtos personalizados
e o acolhimento necessário. No entanto, o setor privado não conseguirá promover sozinho essa mudança de mindset. É necessário o apoio dos órgãos públicos para que a transformação seja efetiva.
PANROTAS – Como a Cartilha Accor de Diversidade e Inclusão foi desenvolvida e como é feito o trabalho para os hotéis aderirem ao documento?
ANTONIETTA – Em 2018 lançamos o guia “Compromisso com a Diversidade”, que apresenta dados estatísticos de marketing voltados para o consumo desse público, conceitos básicos mais abrangentes, glossário, datas comemorativas e um guia para experiência positiva do hóspede –que inclui dicas para ações práticas como atenção em bares, restaurantes, recepção e preparação dos ambientes. Essa cartilha foi distribuída para todos os hotéis da Accor no Brasil e hoje é utilizada como treinamento para as equipes. Em paralelo, lançamos o Manual de Recrutamento LGBTI+, que serve para a conscientização dos recrutadores na tratativa de candidatos durante os processos seletivos. O conteúdo enfatiza que o recrutamento e seleção de candidatos devem basear-se apenas em questões profissionais e não em critérios discriminatórios, como religião, idade, gênero, opiniões políticas, origem étnica, afiliação sindical etc. Reforça ainda que qualquer legislação local em favor da diversidade e da igualdade de oportunidades deve ser respeitada.
PANROTAS – O regionalismo dos hotéis influencia na aplicação da Cartilha? Há Estados que aplicam com mais facilidade?
ANTONIETTA – É evidente que temos diversos cenários de abertura à diversidade no Brasil. Por exemplo, há receptividade maior em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por serem grandes centros urbanos, onde este elemento já faz parte da própria cultura. No entanto, apesar do preconceito de muitas pessoas em relação às minorias, notamos um avanço como um todo da sociedade. Trata-se de Direitos Humanos e, na Accor, não toleramos nenhuma forma de discriminação. Todas as pessoas são bem-vindas, acolhidas, respeitadas e têm um local seguro para se expressar.
PANROTAS – É possível trabalhar pautas de diversidade ao lado de demandas dos movimentos feminista, negro, ambiental etc? Ou seja, os movimentos conversam entre si, têm pautas em comum, estão juntos em reivindicações?
ANTONIETTA – As pautas de diversidade devem ser trabalhadas pelas corporações, na medida do possível, para refletir as demandas sociais que os grupos minorizados pleiteiam. Na Accor, a abordagem do grupo está estruturada em torno de quatro principais pilares: 1 – Diversidade & Igualdade de Gênero; 2 – Inclusão de Pessoas com Deficiência; 3 – Riqueza da Diversidade Social, Étnica, Racial e Cultural; e 4 – Inclusão LGBTI+. Assim, geramos um impacto significativo, com base em fortes compromissos globais e iniciativas locais direcionadas, que melhor atendem às necessidades específicas mais próximas de cada comunidade.
Focamos em desempenhar um papel ativo como elevador social, oferecendo oportunidades de emprego e treinamentos que promovam mobilidade e inclusão econômica para pessoas que muitas vezes não tiveram formação prévia ou educação superior. Estes são pontos de interseccionalidade que acometem a todos os grupos. E considerar que as opressões também se sobrepõem é um excelente direcionador, que utilizamos na construção de nossas ações.
PANROTAS – Quais entraves ainda impedem o avanço da hotelaria no apoio à causa LGBT+?
ANTONIETTA – De maneira geral, entendo que há muito a ser feito pelo mercado. É uma questão de conscientização e de boas alianças, que tornam o desenvolvimento mais assertivo. Isso vale para todas as esferas, tanto públicas quanto privadas. O trabalho deve ser conjunto. Precisamos garantir mais experiências e produtos direcionados à comunidade. Só que além de criar esses serviços, necessitamos colocá-los em evidência, divulgando-os sem medo de represálias. Tenho
orgulho de fazer parte de uma empresa que é case de sucesso e não tem medo de se posicionar como aliada.
PANROTAS – Alguma ação nova para o mês de junho desse ano que queira destacar?
ANTONIETTA – Em 2023 mantivemos algumas ações de sucesso no Mês do Orgulho, como o Esquenta da Parada no Pullman São Paulo Ibirapuera, momento divertido com música, comidas temáticas, DJ e vans que transportaram nossos convidados para a avenida Paulista, onde apoiamos o Trio 9 e a transmissão oficial on-line do evento. Além disso, hotéis da capital paulista mais uma vez se mostraram super engajados, decorando lobbies, entregando brindes para os hóspedes e vestindo a camisa com o nosso logotipo rainbow.
PANROTAS – Como a Accor trabalha com as entidades oficiais da causa LGBT, como a Câmara LGBT, IGLTA, entre outras?
ANTONIETTA – Em 2021 nos tornamos Platinum Partner da IGLTA - International LGBTQ+ Travel Association e, desde 2018, apoiamos os Padrões Globais de Conduta para Empresas estabelecidos pela ONU com foco na comunidade LGBTQI+. Na América do Sul ainda trabalhamos em conjunto com Câmaras LGBTs de vários países como Brasil, Argentina e Colômbia, dando suporte à realização de fóruns, bate-papos com o trade e feiras de Turismo. É muito relevante esse tipo de parceria porque as associações são formadas por profissionais com conhecimento técnico e local de fala, que abrem nossa mentalidade para novas oportunidades de negócios e capacitação de colaboradores sobre temas que muitas vezes passam despercebidos no cotidiano.
PANROTAS – Quais hotéis da rede no Brasil têm cases de sucesso em inclusão LGBT e engajamento com a causa? Cite alguns exemplos que a hotelaria pode seguir.
ANTONIETTA – Em São Paulo, o Novotel Jaraguá, localizado no Centro, foi uma das primeiras unidades a hastear a bandeira do arco-íris e já foi palco de dezenas de eventos ligados à causa, fugindo do convencional. O ibis budget Paraíso recebeu o Mister Brasil Trans, assim como o Novotel Jaraguá. No ibis budget Maceió, em Alagoas, cerca de 40% dos colaboradores se identificam como LGBTI+. E o combo, formado por esse ibis budget e o Mercure Pajuçara, apoia o Grupo Gay de Maceió, uma entidade local que realiza trabalho de inclusão e acolhimento. Os hotéis não precisam de grandes recursos para mostrar que são aliados da comunidade. São ações que partem de um docinho colorido e uma carta após o check-in, no quarto, mostrando que os hóspedes LGBTI+ são bem-vindos e respeitados. O importante é usar a criatividade. n
COPASTUR REFORÇA IMPORTÂNCIA DE AÇÕES DE DIVERSIDADE E INCLUSÃO NO TURISMO
A Copastur fornece a seus clientes consultoria e gestão de viagens, eventos, incentivo, live marketing, lazer e offshore. O objetivo é facilitar o dia a dia das empresas, impactando a sociedade e o mercado do Turismo de forma positiva. Por isso, a Copastur reafirma seus compromissos com a sociedade e com os colaboradores da agência, por meio de ações de diversidade e inclusão, como:
VOZES LGBTI+
O grupo promove o acolhimento e diálogo a respeito das pautas da comunidade LGBTI+ por meio de encontros periódicos on-line, com a presença de pessoas colaboradoras, independentemente de fazerem ou não parte de alguma letra da sigla.
“Faço parte do vozes LGBTI+ e é umas das experiências mais incríveis que a Copastur me proporcionou. Sempre desejei, mas não imaginei ser possível estar em um espaço onde podemos contar nossas histórias e ouvir tantas outras em um ambiente corporativo. Me sinto agradecida e representada”, conta a supervisora de Pessoas & Cultura na Copastur, Kamylla Sizidio.
BENEFÍCIO: PRAZER, EU
Além de respeitar o nome social e identidade de gênero nos e-mails, crachás e comunicações, desde o início de 2023, a Copastur oferece apoio jurídico e financeiro para todas as pessoas colaboradoras transgênero que desejam realizar a retificação de nome dos principais documentos (RG, CPF, CTPS, CNH). Por isso, a Copastur lançou o Prazer, eu. Seu nome foi escolhido com o objetivo de trazer identidade e destacar o interior/exterior da pessoa na palavra EU,
mas com apoio da palavra PRAZER. “Por mais que eu seja um cidadão e tenha todos os meus direitos, a retificação ainda é um caminho muito exaustivo. Contar com o apoio jurídico, financeiro e até mesmo a presença de alguém da área de Diversidade e Inclusão da Copastur tornou o processo ágil, passando mais segurança e fazendo com que eu me sentisse apoiado”, afirma o assistente de design gráfico e primeira pessoa a participar do projeto, Theo Kimura. n
ACREDITAMOS NA CULTURA DO AMOR E NA FORMA MAIS GENUÍNA DE HUMANIZAÇÃO NAS EMPRESAS.
SOMOS UMA FAMÍLIA DIVERSA E INCLUSIVA QUE CUIDA DE TODAS AS PESSOAS COM MUITO RESPEITO E RESPONSABILIDADE.
Veja as ações de diversidade e inclusão da Copastur.
SUA HISTÓRIA: PETRA PERÓN
Aos que pensam que arte e política não se misturam, a nomeação da drag queen Petra Perón como coordenadora de Regionalização e Promoção do Turismo LGBTQIAP+ na Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur-BA) vem para provar o contrário. Desenvolvido politicamente no centro de movimentos sociais, o ativista Rafael Pedral não imaginava que seu trabalho artístico como drag queen o levaria ao comando de um departamento na Setur-BA.
Recém-chegada ao setor, Petra foi convidada para a missão de mapear, qualificar e promover o Turismo LGBTQIAP+ no Estado. No País que mais mata transexuais e travestis pelo 14° ano seguido, o desafio é levar conscientização para toda a cadeia produtiva e compreender as principais demandas do segmento. Sob a marca “Bahia, destino da diversidade” - a ser divulgada nas principais feiras do País - a Lei do Arco Íris surge como um programa voltado aos meios de hospedagem, transportes e demais estabelecimentos comerciais para capacitá-los na receptividade adequada ao turista LGBTQIAP+.
Em parceria com a Organização Mundial do Trabalho e o Ministério Público da Bahia, o projeto ainda promove profissionalização da população transexual e atua ao lado do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBTQIAP+ com advogados, assistentes sociais e psicólogos.
Ainda que Salvador seja a principal referência baiana quando o assunto é Turismo LGBTQIAP+, Petra não hesita ao afirmar que destinos como Porto Seguro, Maraú, Chapada Diamantina, Vitória da Conquista, Itacaré, Mata de São João e Cairu têm caído no gosto do viajante por dispor de serviços, restaurantes, bares e festas LGBT-friendly.
E a Bahia não é LGBTQIAP+ apenas em junho. Com eventos e festas o ano todo, em todo o Estado, o destino vem se aperfeiçoando nos quesitos segurança e atrações para públicos diversos.
“Sabemos que o Turismo é sinônimo de empregabilidade e monetização. O setor representa quase dois dígitos do PIB da Bahia e estamos trabalhando para aperfeiçoar esse segmento por meio de parcerias e fortalecimento dos direitos da comunidade. A LGBTfobia é um aspecto da misoginia e da masculinidade tóxica.
Salvador é a cidade com a maior população preta fora do continente africano e é preciso trabalhar todas essas pautas em sincronia para que nossos cidadãos tenham acesso à saúde, educação e trabalho, e possam ser quem são”, explica Petra.
Petra ainda crê que o forte potencial do Turismo LGBTQIAP+ será responsável por alavancar o Brasil entre os países que mais recebem turistas estrangeiros. O segmento é marcado por viajantes que gastam mais do que a média, planejam roteiros com mais antecedência, são majoritariamente politizados e tendem a buscar por destinos já consagrados pela comunidade.
“A Bahia tem muito a ensinar, mas também a aprender. Somos destaque para os viajantes LGBTQIAP+ e queremos trocar experiências com outros destinos.
O Turismo deve capacitar seus profissionais para receber bem do visitante local ao turista internacional”, completa. n
CURAÇAO: UMA ILHA COM MUITAS PRAIAS, DIVERSIDADE E PRIDE
Ao escolher um destino no Caribe, é fácil (mas errado) pensar que uma ilha é igual a outra. Mas com mais de 35 praias cativantes em enseadas, um patrimônio diversificado que abrange 55 culturas diferentes, uma atitude de “viva e deixe viver”; muito espaço ao ar livre, uma arquitetura tradicional europeia incomparável, segurança e respeito à diversidade, Curaçao se diferencia do resto como um destino LGBTQ+ a ser explorado. É conhecida por seus ambientes relaxantes, tornando-a o lugar perfeito para relaxar. Um local onde os indivíduos podem realmente recarregar e recuperar o fôlego desses tempos agitados. Ideal para curiosidades insaciáveis, esta ilha do sul do Caribe oferece como cenário perfeito para todos os tipos de viajantes: aventureiros, mergulhadores, apaixonados por história e exploradores modernos da cidade ou quem vai para ficar isolado.
Willemstad é Patrimônio Mundial da Unesco e uma joia rara na região. De todas as coisas interessantes para fazer em Curaçao, a capital em si pode oferecer a experiência mais única em todo o Caribe. Além dela, todos podem continuar a ampliar seus horizontes em mais de 80 locais de mergulho ao redor da ilha com uma visibilidade de até 30 metros. Curaçao foi nomeado um dos melhores destinos de mergulho costeiro do mundo devido ao fácil acesso aos pontos de mergulho. Permita-se visitar a variedade de cafés nas calçadas, restaurantes gourmet, lanchonetes e mercados locais. Onde quer que sua jornada o leve, o turista saberá que está vendo o Caribe da maneira como ele deveria ser visto e sempre com a tranquilidade em todos os cantos.
CURAÇAO PRIDE
Curaçao convida a todos a prestigiar o tão festejado CURAÇAO PRIDE, entre 1º e 15 de outubro de 2023. O PRIDE Curaçao é um evento anual que serve como farol de aceitação e inclusão, celebrando a comunidade LGBTQ+ e promovendo a igualdade para todos os indivíduos, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Assim, transformando-se, sem dúvida, no destino mais friendly do Caribe. Mantenha-se atualizado no site curacaopride.org
Então, percebeu que Curaçao é uma ilha onde todos podem realmente se sentir livres, com muita diversidade e pluralidade? Escolha Curaçao nas próximas viagens. Para chegar a Curaçao, existem voos com conexão da Copa Airlines, American Airlines e Avianca saindo de diversas capitais brasileiras, além do novo voo direto entre Belo Horizonte e Willemstad com a Azul Linhas Aéreas. Sinta você mesmo!
Mais informações: visite curacao.com
A LIBERDADE DA CENA EUROPEIA
Eu tive o privilégio de passar uma semana em uma república de estudantes universitários entre 18 e 23 anos em Zurique. Assim como o de conviver com jovens entre 26 e 28 anos, jantando na casa deles, saindo à noite e percebendo como eles se relacionam. E pude ver a beleza do que poderia se transformar o mundo, ao mesmo tempo em que ainda vivemos o pesadelo da LGBTQfobia que, só no Brasil, em 2021, assassinou quase 350 pessoas. O Brasil é o país que mais mata LGBTQ no mundo.
Passei um mês na Europa entre maio e junho deste ano, visitando França, Inglaterra e Suíça. E nessa experiência de conviver com jovens europeus foi uma loucura ver a transformação na cena LGBT.
Para a galera mais jovem, não tem mais isso. É tudo misturado. Casais “héteros” desenvolvem relacionamentos dentro do casamento com pessoas do mesmo sexo. Abertamente. Tipo, a menina namora um tempo outra menina, o marido sabe e não tá nem aí. Os grupos de amigos misturam tudo. Gays, héteros, bissexuais, e ainda alguns que nem estão mais a fim de sexo.
Vim de uma época, nos
meus vinte e tantos anos, quando comecei a me relacionar com mulheres, que tudo era escondido. E tudo segregado.
A cena europeia ainda tem noites gays seja de homens seja de mulheres, mas todos frequentam. E são as noites mais concorridas, porque em princípio a vibe, as músicas, a energia, tudo é melhor.
E os jovens têm uma liberdade de exercer a sensualidade uns com os outros na maior tranquilidade e naturalidade...é um outro mundo. Também fiz uns tours de experiência de bike em Paris e casais de meninas se misturavam com casais héteros, e tudo na maior naturalidade possível. Inclusive, em uma dessas experiências, havia dois casais em lua de mel: um de meninas e outro hétero.
A real, na minha visão, é que isso nem deveria ser mais assunto. É claro que as pessoas são diferentes, têm gostos diferentes, e essa é a beleza do mundo. A variedade. E é uma delícia quando essa diversidade toda convive. É muito mais rico, é muito mais lindo, é muito mais divertido.
Viva a Liberdade de Ser e de Viver. E como é importante conviver com os mais jovens e aprender com eles. Voltei dessa viagem renovada. n
AÇÕES PARA O AVANÇO DO TURISMO LGBTQIA+
Promovida pela Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, a sétima edição da Conferência Internacional da Diversidade aconteceu de 26 a 28 de abril na FecomercioSP, e como tradição, teve o primeiro dia inteiro dedicado ao Turismo. Mais uma vez apresentado por Mama Darling, fundadora do bloco de carnaval MinhoQueens, e Ricardo Gomes, presidente da Câmara LGBT, o evento contou com a participação de Fernando Santos, presidente da Abav-SP, e Juliana Assumpção, vice-presidente do Visite São Paulo. Os dois demonstraram como as agências de viagens podem ser mais receptivas ao Turismo LGBT+ e promover, de fato, um setor mais diverso. “Como podemos contribuir com o mercado LGBT+? A resposta desse questionamento começou no ano passado quando a Abav-SP e a Câmara LGBT firmaram um acordo. Pela primeira vez na história da Abav TravelSP tivemos um estande dedicado ao Turismo LGBT na última edição da feira. Trabalhamos para que as agências do Estado de São Paulo estejam inseridas no mercado LGBT, que busquem conhecimento e não encarem esse segmento como mais um produto na prateleira”, expôs Fernando Santos. O presidente da Abav-SP ressaltou que ainda há agências de viagens do interior do Estado que sentem receio em trabalhar com este público. “É preciso desenvolver essas empresas e levar mais inclusão ao interior”, completou. E a Abav-SP não foi a única entidade que se comprometeu em levar as demandas do público LGBTQIA+ para todo o setor. Na figura de Bruno Reis, a Embratur assinou um protocolo de cooperação com a Câmara LGBT que visa promover um Turismo mais diverso e igualitário em todo o País. “Queremos posicionar o Brasil no lugar que merece e de onde nunca deveria
ter saído. Iremos interagir com outros órgãos do Governo para promover políticas públicas que atendam às comunidades locais e aos viajantes”, afirmou. Um dos avanços mais recentes foi a criação do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras (CNLGBTQIA+) pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, para atuar na elaboração de políticas públicas para essa comunidade e propor formas de monitorar as ações voltadas às pessoas LGBTQIA+.
O QUE AINDA PODE SER FEITO
Diversos destinos, associações e empresas do trade apresentaram campanhas e tendências do segmento, além de temas como receptividade do Turismo LGBTQIA+ nas agências de viagens, criação de espaços inclusivos e promoção da diversidade, impactos na construção de políticas públicas LGBTQIA+, Lei Diversa e perspectivas para o consumo de destinos LGBTQIA+.
Uma das palestras do dia foi comandada por Aline Delmanto, gestora de Turismo do Sebrae-SP, que revelou como o Turismo tem a capacidade de derrubar barreiras da descriminalização e promover oportunidades de trabalho igualitário. “As viagens são uma ferramenta para mudança de atitudes. Empresas realmente diversas se posicionam, contam com equipes diversas, realizam treinamentos e implementam políticas de inclusão”, afirmou. A gestora ainda reiterou que o perfil do turista LGBTQIA+ é diverso e precisa de serviços personalizados, pois inclui casais em lua de mel, famílias com filhos, noivos e tem preferências por destinos gay-friendly.
ESPANHA DIVERSA
Entre esses destinos, a Espanha é parceira da Conferência da Diversidade e esteve representada pelo Conselheiro de Turismo, Oscar Almendros, que apresentou dados que reiteram o país como um destino que abraça as cores da diversidade. De acordo com o executivo, a comunidade LGBTQIA+ no pré-pandemia representava cerca de 7 milhões de turistas que iam à Espanha. O país se destacou no ranking Spartacus Gay Travel como quarto melhor destino para esse público, vem firmando parcerias com destinos para pessoas queers e também conta com a Ley Trans, destinada a garantir a igualdade de pessoas transexuais. Almendros ainda ressaltou os dados do WTTC que afirmam que a comunidade LGBTQIA+ representa 10% dos viajantes internacionais e gasta cerca de US$ 195 bilhões, com um crescimento anual de 10%.
E para reforçar a importância de promover espaços sem preconceitos, o presidente da Câmara LGBT, Ricardo Gomes, e o CEO da Cámara de la Diversidad da Colômbia, Felipe Cardenas, lança-
ram o Selo Friendly biz
O selo foi implementado na Câmara da Colômbia em 2014 para garantir espaços livres em setores empresariais. “Entendemos que o selo é vantajoso para as empresas, pois se adapta aos contextos locais, e traz o debate da interseccionalidade, capacita o meio corporativo para que compreendam as diversidades entre os profissionais”
O objetivo é implementar o selo Friendly biz em empresas brasileiras a partir deste mês.
A próxima edição da Conferência Internacional da Diversidade, promovida pela Câmara LGBT do Brasil, acontecerá de 23 a 26 de abril de 2024. n
FLASHES 7ª
DA DIVERSIDADE
FLASHES 7ª CONFERÊNCIA DA DIVERSIDADE
CELEBRE O ORGULHO EM THE PALM BEACHES
Com uma ampla variedade de lugares LGBTQ+ friendly e uma cena artística próspera, The Palm Beaches, na Flórida, abraça a diversidade e a inclusão para que todos - residentes e visitantes - encontrem um destino acolhedor que celebra o Orgulho. Para aqueles que procuram uma vida noturna vibrante, West Palm Beach e Lake Worth Beach dispõem de bares e clubes LGBTQ+, além de muitos espaços para dançar e socializar. Shows de drag queens, festas temáticas e eventos exclusivos percorrem a noite toda em uma atmosfera de entretenimento e inclusão. Com eventos dedicados o ano inteiro, The Palm Beaches fica ainda mais colorida em junho. Música ao vivo, apresentações, feiras gastronômicas e atividades para todas as idades recheiam o Mês do Orgulho. A Palm Beach Pride Anual é outro destaque do calendário com desfiles, palestras e exposições para celebrar a causa LGBTQ+ e defender seus direitos. Diversos meios de hospedagem oferecem comodidades e localização perto da vibrante cena LGBTQ+, proporcionando uma estada acolhedora aos hóspedes. De luxuosos resorts à beira-mar a hotéis boutique, há acomodações para todos os gostos e orçamento.
Além da vida noturna e dos eventos, The Palm Beaches possui belas praias com sol, areia e surfe onde todos podem ser quem são. Seja participando da Palm Beach Pride, procurando uma vida noturna emocionante, explorando a cena artística ou simplesmente curtindo as praias, o viajante encontrará uma comunidade que celebra a diversidade e abraça a todos. n
FEIRA COM ORGULHO, NEGÓCIOS COM REPRESENTATIVIDADE
Agachado, o diretor da Proud Experiences Simon Mayle acompanha o time organizador da feira
Quando se trata de Turismo, “gays lideram e os demais seguem. Eles são aventureiros e gostam de novas experiências. Possuem uma inclinação para viajar muito maior do que seus equivalentes heterossexuais. Viajam mais e gastam mais quando estão em viagem. São os queridinhos da indústria de Viagens quando se trata de gastos e dólares”.
A constatação é do ex-presidente da principal associação do Turismo dos Estados Unidos, US Travel, Roger Dow. Ela foi publicada em entrevista de Dow a Ed Salvato, também norte-americano e um dos principais escritores e especialistas em viagens LGBTQIA+ do mundo.
E por falar em referência global do universo LGBTQIA+, aconteceu na primeira semana de junho mais uma edição do Proud Experiences, em Los Angeles. Dirigido por Simon Mayle, o mesmo que lidera as feiras de Turismo de luxo ILTM Latin America e ILTM North America, o evento é o maior encontro profissional do segmento no mundo.
Em 2023, cresceu 60% em relação ao ano anterior, com mais de 500 participantes (21 brasileiros), que viram a abertura do evento com... Ed Salvato. Em mais uma participação especial no Proud Experiences , o jornalista lançou tendências e dados animadores para o setor, apesar de algumas ressalvas (que vêm se diluindo aos poucos, ano após ano).
A começar pelas cifras:
• A comunidade LGBTQIA+ soma US$ 1 trilhão em gastos totais do consumidor nos Estados
Unidos por ano, volume similar ao gasto dos afro-americanos.
• Apenas em viagens, são US$ 64 bilhões nos Estados Unidos e US$ 218 bilhões na indústria global de Turismo.
• E os viajantes LGBTQIA+ não são de poupar quando o assunto são férias fora de casa. Em Los Angeles, um dos principais destinos do mundo, os 8% dos visitantes identificados com a sigla respondem por 20% dos gastos totais.
• Em Fort Lauderdale, na Flórida, a receita é de US$ 1,2 bilhão por ano, de acordo com o Visit Lauderdale.
TENDÊNCIAS APONTADAS PELAS EMPRESAS
Outras características-chaves destacadas na apresentação de abertura do Proud Experiences, por Ed Salvato, com base em pesquisas do setor privado:
DESTINOS E MARCAS COM ESTRATÉGIAS BEM-SUCEDIDAS
Em sua maioria, os casais têm orçamentos duplos (cada indivíduo com o seu) e viajam sem crianças
Viajar está em seu DNA e é prioridade de consumo
Viajam com frequência e são leais às marcas
Espontaneidade
Costumam viajar em períodos de transição entre alta e baixa temporadas
Gastam mais, passam mais tempo e realizam mais atividades do que a média
EM UMA VISÃO MAIS AMPLA...
São resilientes economicamente
São fiéis às marcas Antecipam-se ao uso de novas tecnologias
OS RISCOS QUANDO MARCAS E DESTINOS NÃO ENGAJAM AUTENTICAMENTE
No geral, o crescimento populacional no Ocidente está estagnado ou decaindo, enquanto a parcela não-branca ou LGBTQIA+ está aumentando
São desproporcionalmente adeptos às redes sociais
Têm influência na própria comunidade LGBT
Têm as vozes ressoadas entre Millennials e Gen Z
São formadores de opinião em transformações sociais
DICAS VALIOSAS
É necessário incluir a comunidade LGBTQIA+ e outras “minorias” para possibilitar o crescimento
O percentual de pessoas que não apoiam a comunidade LGBTQ está despencando As vozes de oposição são barulhentas, mas representam uma pequena minoria que não constitui um segmento atrativo
Considere os parceiros de negócio LGBTQIA+ como pessoas para aprender. Entenda suas necessidades e preocupações para compreender o segmento
Participe de capacitações do nicho e engaje com seus conteúdos. Adote as palavras que o segmento utiliza Evite clichês como “todos são bem-vindos aqui”, que não despertam confiança nos viajantes LGBTQIA+ Contrate experts no tema que sejam externos para obter uma perspectiva mais abrangente e menos tendenciosa Compartilhe seus aprendizados com seus colegas
GASTRONOMIA E ESPORTES
Simon Mayle está admirado com os resultados apresentados pela Proud Experiences 2023 Além da apresentação de Ed Salvato, ele ressalta as aparições de destinos como Nova York, Los Angeles e San Diego mostrando a importância do mercado LGBTQIA+ para o Turismo e economia em geral. Outros pilares do evento foram gastronomia e esportes . Sobre o primeiro, duas mulheres lésbicas falaram da mudança de paradigma vivida pelas cozinhas high-end mundo afora. Ambientes antes predominantemente liderados por homens heterossexuais estão aos poucos mudando e se tornando mais confortáveis para homens e mulheres homossexuais.
Já na abordagem do tema esportivo, ele recomenda que o mercado preste atenção nas oportunidades. “É um marcado que gosta de socializar, aprecia sair bastante e buscar atividades de saúde e bem-estar mental e físico. O Turismo esportivo, portanto, tem grande influência no nosso mundo. Estive no Fairmont Copacabana durante o fim de semana da maratona do Rio de Janeiro e estava lotado de turistas LGBTQIA+”, aponta Mayle.
“No Proud Experiences levamos Damy Kelly Holmes, a primeira atleta britânica do sexo feminino a ganhar duas medalhas de ouro olímpicas no atletismo desde 1920. Ela saiu do armário recentemente, com 53 anos, e seu depoimento foi sobre os motivos de ela não ter saído antes
com receio de perder tudo: fama, medalhas, patrocínio. Em um mundo tão machista, ela viveu nessa sombra, disfarçava quando viajava com a namorada”, explica o diretor da feira de Turismo LGBTQIA+.
CRUZEIROS E VIAGENS TEMÁTICAS
Ainda no fator socialização, Simon Mayle destaca o quanto a comunidade gosta de se encontrar quando viaja. “Um dos segmentos mais badalados no Proud Experiences foi o de cruzeiros marítimos e fluviais. Os buyers buscaram fornecedores desta natureza com o objetivo de fretar saídas para a comunidade e promover atrativos dedicados a ela. Essa é uma característica dos viajantes LGBTQIA+ não só na feira especializada, mas nas próprias edições da ILTM, nas quais profissionais do luxo buscam armadoras, hotéis e receptivos a fim de dedicar datas para seus clientes. Pode ser museu, parque, passeios, festas e espaços de eventos”, indica o especialista. No entanto, alerta Mayle, não é apenas nas viagens fretadas que os fornecedores devem se capacitar para bem atender o público LGBTQIA+. “Os viajantes que se identificam com a comunidade querem fazer o que os demais fazem, desejam estar nos mesmos lugares, ter suas experiências autênticas e serem respeitados. O agente de viagens tem de exigir que seu cliente seja recebido corretamente, sendo tratado com compostura. Férias, viagens, não é momento para qualquer desconforto.”
NEM TUDO SÃO FLORES
Há mais de 60 países onde é ilegal (sim, proibido por lei) ser homossexual. Em alguns casos, o cidadão pode morrer pela sua orientação sexual. "Existe muito progresso sendo notado pelo mundo, mas situações assustadoras ainda resistem, como a lei anti-LGBTQ de Uganda. Ed Salvato contou que um viajante de luxo cancelou um safári de US$ 150 mil no país devido a essa lei, pois sua filha é lésbica. Ele trocou por Ruanda", aponta Mayle.
O setor privado pode ser decisivo para mudar esse jogo quando o assunto é Turismo. Nas Maldivas, por exemplo, a homossexualidade é considerada ilegal. Essas leis têm impacto direto na vida cotidiana das pessoas LGBTQIA+ no país, que podem enfrentar discriminação, estigmatização e até mesmo violência. No entanto, fornecedores do arquipélago participaram do Proud Experiences e asseguram que dentro de suas propriedades os visitantes de qualquer categoria têm liberdade. “Seychelles teve grandes avanços quando viu que começou a perder visitantes devido à discriminação. Quando apresentou a bandeira LGBTQIA+ mudou a atmosfera do destino”, pondera Simon Mayle.
E O BRASIL?
Belmond Copacabana Palace e Unique Hotel foram expositores da Proud Experiences, mas independentemente da participação dos fornecedores na feira, o Brasil tem uma visão bem positiva entre a comunidade LGBTQIA+ estrangeira, na visão do diretor da feira. “O que atrapalha o Brasil é a percepção de segurança em uma visão macro, em se tratando de crimes, assaltos, furtos. No entanto, é importante que o País siga em busca de evolução em se mostrar seguro para o viajante LGBTQIA+. Nos destinos brasileiros, andar de mãos dadas não é um problema para casal de nenhuma orientação. Andando pelo Rio de Janeiro,
bandeiras do arco-íris em todos os cantos dão as boas-vindas aos casais. O Rio é um dos destinos mais desejados pelos LGBTQIA+ internacionais. Para eles, é um destino onde se celebra a diversidade. A Parada de São Paulo é única. O Brasil é acima de tudo um país democrático.”
PROUD EXPERIENCES 2024
Mesmo lugar, mesma data. De 3 a 5 de junho, no Fairmont Century Plaza, em Los Angeles. Mayle convoca os brasileiros e esclarece que não se trata de um evento para quem trabalha com exclusividade com viajantes LGBTs. "É uma oportunidade muito grande para quem deseja trabalhar com o viajante LGBTQIA+. Não estamos falando necessariamente de agências nichadas. Quem tem cerca de 30% de clientes LGBTQIA+ já tem oportunidades de se aprofundar no tema no Proud Experiences", afirma o diretor do evento, Simon Mayle. n
SUA HISTÓRIA: MAMA DARLING
Mama DarlingEm 1993, o jovem Fernando Magrin chegaria a São Paulo com o sonho de ingressar na carreira de ator. Recém-formado em Artes Cênicas, o também jornalista acabou sendo contratado por uma joalheria no Aeroporto de Guarulhos, onde, sem imaginar, veria sua vida decolar.
Desde o “sim” que recebeu ao se candidatar à vaga de analista de Vendas Corporativas até o seu último dia na American Airlines, foram 24 anos de um Turismo “atraente, prazeroso e recompensador”. Parte dessa experiência positiva é vista como um agradecimento à companhia aérea pelo pioneirismo em políticas de diversidade e inclusão. Em toda a sua trajetória, Magrin liderou o grupo de afinidade Pride, viu a American Airlines reconhecer os relacionamentos homoafetivos de seus colaboradores e incluí-los nos benefícios da empresa. Todo esse apoio seria essencial para o fortalecimento, em 2016, do seu eu-artístico. Na figura da drag queen Mama Darling, o então executivo de uma das maiores companhias aéreas do mundo comandaria o bloco de Carnaval Minhoqueens que, pouco tempo depois, ganharia notoriedade entre os blocos LGBTQIAP+ de São Paulo.
Para além do Carnaval, Mama Darling passou a promover festas, shows de stand-up, eventos e palestras sobre inclusão nas empresas. Dentro da American, nada mudou. A artista se viu abraçada por todos e ainda se tornou porta-voz de Diversidade da companhia.
Já há cinco edições Mama é apresentadora da Conferência Internacional da Diversidade, promovida pela Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, que fomenta negócios para empresas simpáticas à causa e para as cadeias produtivas do Turismo e do Esporte LGBTQIAP+.
Apesar do longo caminho no Turismo, a artista ainda sonha com uma viagem à Tailândia e deseja que os destinos, os hotéis, as companhias aéreas e as agências de viagens se tornem lugares seguros para a comunidade LGBTQIAP+. n
LGBTQIA+ ESTÁ NA SUA POLÍTICA DE VIAGENS?
Diversidade de gênero, inclusão e representatividade da comunidade LGBTQIA+ não são somente uma recomendação dentro das empresas, mas, sim, uma obrigação. E no âmbito das viagens e eventos corporativos não é diferente. Seja para orientar como um viajante da comunidade deve agir ao enfrentar situações homofóbicas em uma viagem a trabalho ou a importância da presença desta população no staff de um congresso, por exemplo, instruir os players deste setor é imprescindível.
“As empresas precisam fazer um censo interno para entender idade, cor, orientação sexual, que são pontos que hoje precisamos levantar dentro das companhias para entender se elas, de fato, estão agindo de acordo com a letra S (de social) de ESG. Não adianta só chamar para a festa, precisa ensinar a dançar. Temos de integrar a comunidade junto aos outros funcionários. Uma empresa diversa tem de ter a visão de vários clusters, de vários grupos de pessoas”, diz a diretora executiva da Alagev, Giovana Jannuzzelli. Giovana explica que para companhias que vendem produtos e serviços, que é o caso do Turismo, para uma diversidade enorme de pessoas, não adianta ter um grupo de pessoas brancas desenvolvendo produtos voltados para pessoas pretas ou equipes formadas somente por heterossexuais criando para um consumidor LGBTQ+.
“É necessário ter essa diversidade dentro das empresas para que possa criar negócios e produtos, campanhas mais aderentes para todos os públicos. Pensar e agir assim é essencial”, pontua a executiva.
Como benefício, olhar – e, principalmente, respeitar – a diversidade na prestação de serviço é entender que a empresa está falando para uma variedade enorme de grupos. Por isso, é preciso ter
um representante, uma pessoa que se sinta parte daquela fatia, que converse com aquele público. “O produto se torna muito mais aderente, a companhia passa a ter uma inteligência de mercado estratégica, entende que, independentemente de orientação sexual, tem um profissional gabaritado. Precisamos sensibilizar nosso olhar para este sentido.”
E AS POLÍTICAS DE VIAGENS?
Um ponto levantado por Giovana Jannuzzelli foi a questão de colocar orientações sobre a comunidade LGBTQIA+ dentro das políticas de viagens. A política das empresas está olhando para esta população? O gestor de viagens ou setor responsável pelos deslocamentos de seus funcionários sabe quais atitudes tomar em caso de situações discriminatórias?
“Fizemos pesquisas para ver se a política das empresas abrangia algo endereçado às pessoas pretas. Se elas sofrem algum ato de racismo, entender se a companhia diz, no documento, como ela deveria se portar. É sobre compreender como o alto escalão, o jurídico, o RH, diferentes departamentos podem agir quando os diferentes grupos de uma empresa estão viajando a trabalho”, afirma a diretora executiva da Alagev.
PRÁTICAS DA ALAGEV
Por parte da entidade, Giovana conta que há todo um trabalho em criar uma cartilha, por meio do Hub ESG, lançado em agosto do ano passado com o intuito de desbravar as oportunidades que as três letras da sigla trazem para a indústria de viagens e eventos corporativos. Em seu Guia de Práticas ESG, a associação aborda uma série de temas pertinentes ao ambiental, social e governança, que ajudam a nortear o setor e seus players em como agir e, mais ainda, em como contratar, como atuar e como trabalhar nas viagens e eventos. n
UMA TMC TRANSFORMADA PELA DIVERSIDADE
Rodrigo Vieira Copastur Júlia Souza, supervisora de Diversidade e Inclusão da CopasturNa Copastur, o assunto é tão levado a sério que existe uma liderança exclusiva para Diversidade e Inclusão. Júlia Souza atuava no Marketing da empresa e desde 2018 já trabalhava no projeto de educação para assuntos relacionados a diversidade. Tomou a iniciativa, então, de tornar esse projeto mais sólido e, segundo ela, obteve total apoio da diretoria para se tornar supervisora da área.
“O Edmar [Mendoza, CEO da Copastur] diz que a empresa precisa ser o reflexo da sociedade e, se a sociedade é diversa, nós também precisamos ser. Criamos essa frente em 2021, quando o Turismo vivia momento de retomada da pandemia. No entanto, foi só a formalização de algo que já vinha ocorrendo. De 2020 até o fim de 2022, a taxa de crescimento do público LGBTI+ na Copastur foi de 31,81% ao ano. Vale dizer que essa é apenas uma das frentes da diversidade, e que esse índice é relevante sobretudo pelo crescimento exponencial que a empresa vem tendo no número de colaboradores”, afirma ela.
A Copastur iniciou 2022 com cerca de 300 profissionais e encerrou o ano com aproximadamente 1 mil.
Com essa estrutura dedicada, a Copastur adquiriu uma atuação mais ampla sobre o tema, com um desenvolvimento mais sólido de política e estruturas internas, com meta de contratação de grupos diversos. Ações educacionais, participação em eventos focados no tema e parcerias, como a assinada com a Câmara de Turismo e Comércio LGBT, foram avanços notados desde então.
“O foco principal é dar apoio a todas as verticais para que a companhia toda tenha penetração da diversidade. As metas são cascateadas para todas as áreas. Damos suporte para que todos os departamentos tenham estruturas.
E não basta contratar, tem de haver espaço para que as pessoas expressem suas vozes e se sintam confortáveis para trabalhar sendo quem elas são”, pondera Júlia Souza.
“Agora, nós já sentimos que as pessoas aplicam para as vagas da Copastur com a percepção de que a empresa dá as boas-vindas à diversidade. Nós vemos nos números e também nos corredores: pessoas confortáveis de ser quem são e pessoas que não fazem parte de nenhum grupo de minoria felizes por quebrarem seus próprios paradigmas naturalmente. Recentemente conversei com um colaborador que era base e agora está na gestão da empresa. Ele relatou que aprendeu no ambiente de trabalho a deixar de fazer brincadeiras que considerava normais, de sua criação, mas po-
deriam ser ofensivas. Quando você cria essa cultura, tudo flui. É interessante ver os resultados quanto as coisas não são forçadas.”
Um dos resultados, relata a líder, é a retenção de talentos. Como exemplo, ela menciona uma colaboradora lésbica, preta, nordestina e com uma trajetória de vida desafiadora. Seu departamento é o de Tecnologia, uma das áreas mais disputadas em termos de aquisição de talentos no mercado. Sondada por uma multinacional, onde poderia ter um salário melhor, a colaboradora optou por nem ouvir a proposta e ficar no TI da TMC por ter lugar de fala e pela certeza de que a cor da sua pele e sua orientação não serem impeditivos para poder liderar projetos e ascender. “Esse relato é daqueles que fazem tudo valer a pena. Estou há seis anos na Copastur, tenho desafios, trabalhamos bastante, mas a Copastur é quase como uma mãe, que te acolhe, dá oportunidade de se envolver e desenvolver. Fazemos questão de capacitar as pessoas profissionalmente, desde que estejam envolvidas em nossa cultura”, aponta a supervisora de Diversidade e Inclusão.
DIVERSIDADE NA PRÁTICA
O Comitê de Diversidade e Inclusão, criado em 2021, teve inscrição de 70 colaboradores, mas fechou com 40. Dessas reuniões surgem discussões sobre treinamentos para equipes e lideranças, recrutamento e seleção de vagas afirmativas e desenvolvimento de ações formativas para grupos subrepresentados (interno e externo). Foi criada uma página de Diversidade e Inclusão (D&I) no site da Copastur, onde estão centralizadas informações de ações que a empresa tem realizado, dados obtidos através do Censo de Diversidade e as metas para garantir a satisfação e senso de pertencimento até 2025.
“Outra ação que muito nos orgulha foi a criação do benefício ‘Prazer, eu!’. Desde janeiro de 2023, todas as pessoas colaboradoras transgênero que desejarem realizar a retificação de nome e dos principais documentos (RG, CPF, CTPS, CNH) contarão com apoio jurídico para o processo. Ao colaborador Copastur que aplicar para esse programa só damos o trabalho de assinar. Todo auxílio financeiro para a documentação exigida é por conta da empresa. Pessoas trans pegaram seus RGs com nomes certificados. Não é só o custo, mas a conquista. O processo é violento para essas pessoas. Elas são colocadas em questionamentos o tempo inteiro”, aponta Júlia. n
INCLUINDO TALENTOS E SUAS PERSPECTIVAS
Se, hoje, a Kontik é uma das principais TMCs do Brasil, seu sucesso pode ser creditado em parte ao ambiente inclusivo da empresa, assim como à liderança de Fernando Vasconcellos, sócio e CEO do Grupo Kontik. O executivo explicou que a questão da inclusão da comunidade LGBTQIA+ nem chega a ser tão latente dentro da empresa, porque já é tratada com muita naturalidade há um certo tempo.
"A pauta é super importante para a Kontik e busco muito ela, porque sou gay e tenho um relacionamento homoafetivo. Sou casado há 18 anos e sou muito aberto sobre isso, tanto no pessoal quanto na empresa. Isso está na nossa veia, por eu ser gay e saber a dificuldade de se assumir e estar no ambiente corporativo. Entendo que em uma empresa com vários colaboradores, é necessário criar políticas de inclusão. Eu sei, na pele, que preconceitos acontecem. Então, temos nossas políticas, mas a Kontik é muito inclusiva de forma natural", afirmou Vasconcellos.
E tratar essa questão de forma tão natural só trouxe bons frutos à Kontik, como a pluralidade de perspectivas e a atração de talentos. "Ser uma empresa inclusiva nos trouxe uma grande pluralidade nas discussões. Quando você tem uma empresa plural, também focada na diversidade racial e de gênero, você traz um olhar diferente para além daquela bolha tradicional. Quando você coloca essas pessoas na mesa, isso é muito rico. A diversidade de pensamentos e perspectivas diferentes enriquecem muito a criatividade, inovação e solução de problemas. Diferentes pessoas olham para o mesmo assunto com vieses diferentes", explicou. "Outro ponto positivo é a atração de talentos qualificados. Quando a empresa é genuinamente inclusiva e acolhedora, as pessoas querem trabalhar com você. Além disso, colocamos nossos colaboradores para entenderem as dores destes profissionais e aplicar as ações que aprendem na empresa já no momento da contratação. Então, em um processo de contratação, o ideal é que a pessoa já chegue à vontade, com o armário quebrado. E a cereja do bolo é o clima
organizacional positivo, baseado em muito respeito. Vejo na Kontik que as pessoas não aceitam qualquer tipo de discriminação", completou Vasconcellos.
A tolerância é zero com casos de discriminação na Kontik, já que para o CEO a melhor fórmula para combatê-la é dar o exemplo. "Aconteceu alguma coisa? É demissão na hora. 'Ah, mas não vamos dar mais uma chance?' Não. Se aconteceu qualquer caso e teve provas, pode ser o melhor colaborador da empresa, é tchau. Combater é ser intolerante com qualquer forma de discriminação. E isso já aconteceu. Inclusive com cliente que atuou junto à Kontik. Nesse caso, apuramos, entramos no compliance da empresa e só sossegamos quando a pessoa foi demitida", relata. Fernando, inclusive, acredita que ações como essas da Kontik deveriam ser mais comuns para que a inclusão deixe o discurso para ser aplicada na prática. "Este é um tema muito importante. E o mercado ainda é muito machista, enquanto a galera 'paga de bonzinho' nas redes. Precisamos de um Turismo inclusivo, anti-racista. Nosso mercado está precisando evoluir em termos de inclusão", defende o CEO. Outra importante iniciativa da Kontik no tema é a participação no Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+. "Participo do fórum de empresários para discutir esse tema tão importante, levar a minha experiência e entender o que os outros fazem em suas empresas. O que vejo acontecendo muito são políticas claras contra a discriminação, buscando proteger o colaborador. A Kontik, por exemplo, tem um canal aberto para lidar diretamente com os CEOs, como se fosse uma ouvidoria. Assim, os colaboradores sentem que têm voz para comunicar certas questões, e, sabendo dela, a empresa vai atuar para resolver essa questão", explicou Vasconcellos. "Nossa política de inclusão é pautada no fórum. Nossas equipes de RH e de Marketing estão dentro do fórum. Temos comitês que participam de ações sociais dentro do fórum. Então, nosso combate à discriminação está mais nas ações do que na parte escrita", concluiu o sócio e CEO do Grupo Kontik. n
ACCOR PROMOVE
DIVERSIDADE O ANO INTEIRO
ibis PaulistaDiversidade, Equidade & Inclusão é um pilar de grande importância na estratégia global da Accor, envolvendo diversas esferas do grupo. Fomos premiados recentemente no Great Place To Work - LGBTQIA+ 2022, ocupando a terceira posição do ranking, que teve mais de 200 inscritos no Brasil. Esta iniciativa da consultoria global reconhece um conjunto de ações, incluindo as políticas de cada empresa para combater a discriminação, porta-vozes capacitados e canais de suporte sobre o assunto. A Accor recebeu também o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, entregue pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) da Prefeitura Municipal de São Paulo, que reconhece as iniciativas de inclusão e boas práticas de Direitos Humanos adotadas pelas organizações. E neste ano, é claro, mantivemos nossa série de ativações tradicionais com foco no Orgulho.
Em 17 de maio celebramos o Dia Internacional Contra a LGBTfobia, mobilizando colaboradores de toda a América Latina em palestras e eventos regionais abordando temas como estereótipos de gênero e diferentes modelos de famílias. No domingo da Parada na capital paulista, o Pullman São Paulo
Ibirapuera recebeu novamente um Esquenta com direito a DJ, brunch, estação de maquiagem, brindes e vans, que transportaram os participantes até a Avenida Paulista.
Para hotéis da cidade de São Paulo, oferecemos descontos de até 25% em diárias na semana da Parada LGBTI+, da qual fomos novamente a rede hoteleira oficial e apoiadora do Trio 9. Além disso, unidades do grupo receberam 4 mil kits com tatuagens temporárias, entregues como brindes aos clientes, com frases e ilustrações que expressavam mensagens de pertencimento e apoio à comunidade.
Por meio da marca ALL - Accor Live Limitless, que é nosso programa de fidelidade e plataforma de reservas, também participamos da transmissão oficial da Parada LGBTI+, feita pelo Portal Terra. Antes disso, a Accor também apoiou de maneira institucional a Feira Cultural da Diversidade, realizada no dia 8 de junho no Memorial da América Latina, e o hotel Pergamon SP Frei Caneca by Accor foi parceiro do Festival do Orgulho, evento que teve shows de artistas como Pabllo Vittar, Lexa, Matheus Carrillo, Urias e Thiago Pantaleão.
RIO DAS CORES
Já em parceria com o Rio Convention & Visitors Bureau (VisitRio) e a Câmara de Comércio e Turismo LGBT, integramos o “Circuito Rio de Cores”. Na ação, estabelecimentos oferecem descontos e benefícios especiais. Patrocinamos ainda, dentro do nosso calendário, eventos como o LGBT+ Turismo Expo (RJ) e a Conferência Internacional da Diversidade (SP), garantindo momentos de diálogo e networking com o mercado, sempre com o objetivo de aumentar o volume de negócios e as parcerias dentro do segmento.
Apesar de um conjunto de iniciativas especiais em junho, nosso calendário é anual. Hóspedes, colaboradores e parceiros são sempre acolhidos da melhor maneira, pois promovemos com frequência treinamentos e sensibilização dos times. Aqui na Accor, todas as pessoas são bem-vindas.
ESCUTE SEU CORAÇÃO E SE CONECTE COM ESSA EXPERIÊNCIA DE OUTRO MUNDO
Seja protagonista de uma história inesquecível. O Hard Rock Hotel Vallarta, no México, não conhece limites quando o assunto é proporcionar estadas memoráveis.
Com uma oferta gastronômica internacional em oito restaurantes, da cozinha italiana aos teppanyakis, os hóspedes ainda desfrutam de um verdadeiro all inclusive de coquetéis nos bares e lounges. Para que suas férias sejam lendárias, divirta-se com os shows ao vivo na companhia do seu melhor amigo. O Hard Rock Hotel Vallarta é muito mais que um hotel pet-friendly, é uma experiência luxuosa de outro nível no Pacífico.
E os pequenos também não ficam de fora. O Hard Rock Roxity Kids Club™ proporciona entretenimento interminável com jogos e espetáculos enquanto os pais desfrutam das comodidades do hotel. Viva essa experiência. Viva Hard Rock Hotel Vallarta.
Agências de Viagens
Beatriz ContelliSUA HISTÓRIA: JANE RODRIGUES
Jane Rodrigues sempre soube que sua atuação no Turismo seria diferenciada e, por vezes, incompreendida. De um contato com o Jornal PANROTAS em 1992 à abertura da Opium Viagens em 1995, na cidade de Campinas (SP), a turismóloga teve acesso muito cedo ao universo LGBTQIAP+ e decidiu, ainda antes da virada do milênio, que sua agência de viagens seria especializada nesse segmento.
Olhares tortos de colegas do setor, parcerias recusadas e constrangimentos marcariam parte da trajetória de Jane que não se abalou e seguiu seu desejo de ser uma das poucas profissionais do interior de São Paulo a trabalhar com Turismo LGBTQIAP+. Se sensibilização, capacitação e atualização são indispensáveis para agências que pretendem trabalhar com o segmento, a dona da Opium Viagens também lembra que renegar o turista LGBTQIAP+ é renegar o sucesso do próprio negócio.
Além de ser o público com mais tendência a viajar - até quatro vezes no ano - o gasto médio do viajante LGBTQIAP+ só perde para o fã de Fórmula 1. “O turista que viaja para ir à Parada do Orgulho tende a chegar no destino até três dias antes do evento, contribuindo para a movimentação da economia local. E neste cenário entra a importância de fidelizar o cliente, para que se sinta motivado a realizar outras viagens”, explica.
E para conquistar esse viajante é importante se desprender de todo estereótipo ou julgamento. A comunidade LGBTQIAP+ é formada por indivíduos completamente diversos entre si, com demandas e perfis distintos. O ideal é que as agências tenham destinos para o ano todo, seja para quem viaja sozinho, em casal, com amigos ou em família. A perseverança de Jane em promover a diversidade no setor não passaria despercebida. Diretora da antiga Abrat GLS - fundada para promover Turismo e entretenimento à comunidade - hoje ela representa a Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil em todo o interior de São Paulo, convite realizado diretamente pelo seu presidente, Ricardo Gomes.
Sua função é divulgar o trabalho da entidade e buscar novos destinos para se associarem. A Opium Viagens ainda é associada da IGLTA, principal entidade de Turismo LGBTQIAP+.
“Nós, pessoas LGBTQIAP+, já nascemos tendo que nos impor. O mínimo que as agências, hotéis e destinos devem fazer é não nos proporcionar constrangimentos. Queremos ocupar esses espaços como visitantes e como colaboradores, queremos estratégias mais assertivas, atendimentos humanizados, viagens seguras, compreensão e diversidade”, completa. n
ARTIGO
TURISMO LGBT+ NÃO É SÓ PRAIA, FESTA E CARNAVAL…
(É ISSO E MUITO MAIS)
Há algum tempo os turistas LGBT+ tinham rótulos de “festeiros” e praticamente todas as ofertas eram voltadas para os grandes festivais e destinos que “fervem” com festas, incluindo resorts e cruzeiros. E pode colocar os nossos brasileiríssimos Carnaval e Réveillon nessa lista, pois são datas até hoje muito fortes com os turistas LGBT+ nacionais e cada vez mais com os internacionais. É tão forte que teve Micareta em São Paulo durante a última Parada. Com as pesquisas realizadas pela International Gay and Lesbian Travel Association (IGLTA)* em diferentes mercados para entender melhor quem são esses turistas LGBT+ após a covid-19, notamos que cerca de 70% dos turistas dizem que estão em busca de lugares ligados ao ecoturismo, à natureza, lugares protegidos e que são sustentáveis. Mesmo que a viagem esteja atrelada a destinos urbanos famosos e quem sabe com um show importante. O turista LGBT+ mudou muito nesses dez últimos anos, avançamos muito com a sociedade em termos de visibilidade, leis, ofertas no comércio e no Turismo isso foi evidente. E melhorou para todos, pois é muito importante sabermos e entendermos o que esse cliente quer na experiência da viagem e o que é possível ser oferecido. No Brasil, destinos importantes em sustentabilidade logo entenderam esse recado e produziram treinamentos, peças, vídeos e trouxeram informações para seus belos produtos. Um dos primeiros foi Mato Grosso do Sul , que por meio de Bonito deu início ao projeto que é campeão na promoção para a comunidade LGBT+, e agora irá am -
Clóvis Casemiro, presidente da International Gay and Lesbian Travel Association (IGLTA)pliar essa informação no mercado internacional com parceria da IGLTA. Pipa , no Rio Grande do Norte , é outro forte candidato a destino saudável, sustentável e que busca os turistas LGBT+ com campanhas muito bem direcionadas.
O Pantanal começou a ser representado pela Icterus Ecoturism o, que está lançando o primeiro produto fluvial de Corumbá (MS) receptivo à comunidade LGBT+. Será o primeiro Cruzeiro LGBT+ do Pantanal Brasileiro. Uma viagem onde todos poderão vivenciar aventura, segurança, emoção e muita natureza na maior planície alagável do mundo. E no Amazonas a Cabral Turismo e All Brazil Travel apresentam produtos para grupos e casais LGBT+ com interesse nas aventuras incríveis da nossa Amazônia, passeios em barcos privativos e experiências inesquecíveis como conhecer as cachoeiras de Presidente Figueiredo.
Explorando ainda mais, no Sul os Aparados são outra região linda do Brasil que começou a desenvolver os produtos para os turistas LGBT+, com grande sucesso e tudo começa na cidade de Praia Grande (SC) , a somente três horas de Gramado. Aqui, as donas dos Canyons do Sul deram início a produtos como piquenique no pôr do sol, passeios em balões coloridos pelos cânions, que são grandes concorrentes de outros destinos internacionais. E as visitas para os Parques Nacionais dos Aparados da Serra, que é a joia da coroa. Caminhar pelos rios é outro atrativo imperdível, assim como as cavalgadas e muita trilha. No mercado internacional, visitar o Alasca , Groenlândia ou a Antártica é coisa de turista LGBT+. Com saídas exclusivas e fretadas, empresas como a OutAdventure oferecem além dos cruzeiros, passeios com safári no Quênia , caminhadas pelo Nepal ou Patagonia
A operadora Vacaya em 2024 terá um cruzeiro de luxo e “mais quente” em sua rota, no iate World Navigator, visitando três países Argentina, Brasil e Uruguai, com um roteiro muito especial começando em Buenos Aires e terminando nas praias cariocas. Existem operadoras que oferecem cruzeiros fluviais na Europa com saídas fretadas e exclusivas para os turistas LGBT+. Incluindo as operadoras que oferecem para outro forte segmento que são as famílias. Os esportes também são outro ponto forte dentro do Turismo LGBT+, inclusive no
mercado brasileiro. E o grande responsável é a Ligay Nacional de Futebol Society do Brasil , uma associação esportiva de futebol society composta por atletas da comunidade LGBTQ+. Hoje são cerca de cinco mil atletas, com vários campeonatos entre seus times, sendo o último realizado em Fortaleza, atraindo além dos atletas e comissão técnica, os cônjuges, amigos e famílias. E durante a Parada de São Paulo também realizaram uma competição. Em nível mundial será realizado em Hong Kong e Guadalajara o famoso evento Gay Games , evento multiesportivo internacional e encontro cultural, como uma grande Olimpíada LGBT+. Sua última edição foi em Paris 2018, com muito sucesso de atletas e público. Em 2023 será realizado em novembro 11 a 19, em duas cidades devido à situação da China e suas relações consulares e ao covid-19 ainda.
E para 2024, em Curitiba, teremos nosso primeiro grande evento esportivo Brazil Pride Games , que vai acontecer nos dias 14 a 17 de novembro de 2024 e deve reunir cerca de 2,5 mil atletas do mundo inteiro. Serão disputadas 12 modalidades esportivas: atletismo, beach tennis, dança, futebol 7, handebol, jiu-jitsu, judô, natação, tênis de mesa, voleibol, vôlei de praia e xadrez.
E mantendo o tema no segmento de “eventos” é importante lembrar do mercado corporativo LGBT+, existe o MICE LGBT+ , que ainda é pouco divulgado e comentado. No Exterior existem vários tipos de eventos corporativos e nossa associação IGLTA irá realizar sua 40ª Convenção Global em San Juan, Porto Rico.
Será de 4 a 7 de outubro com vários momentos de negócios, como o “buyer e supplier”, “media network”, seminários e mesas redondas, incluindo os encontros sociais que são muito importantes. As próximas edições já estão determinadas seus destinos: em 2024 será em Osaka no Japão e em 2025 em Palm Springs , Estados Unidos. Daria para continuar com outros segmentos e destinos e produtos que não foi possível trazer tudo aqui, mas visite o nosso site www.iglta.org e assim ampliar seu conhecimento com muitas ofertas, dicas bacanas, lista de paradas e eventos LGBT+.
A intenção é alertar o mercado para a variedade e possibilidades de como trabalhar e dar as boas-vindas aos seus clientes LGBT+. n
INFOGRÁFICO
PELO MUNDO PARADAS DO ORGULHO
2023
Pride Fort Lauderdale
Fevereiro
CONCLUÍDA
The Palm Beaches Pride
26 de março
Curaçao Pride
Junho
Ibiza Gay Pride
9 de junho
CONCLUÍDA
CONCLUÍDA
Rome Gay Pride Parade
10 de junho
Parada do Orgulho LGBT de São Paulo
CONCLUÍDA
11 de junho
Tel Aviv Gay Pride
4 a 11 de junho
Munich Gay Pride
10 a 25 de junho
CONCLUÍDA
Oslo Pride Parade
1 de julho
Bogotá Pride
2 de julho
Parada do Orgulho Belo Horizonte
9 de julho
Parada do Orgulho Brasília
9 de julho
CONCLUÍDA
Barcelona Gay Pride
15 de julho
Gay Pride Berlin
22 de julho
Amsterdam Pride
CONCLUÍDA
CONCLUÍDA
Marche des fiertés Paris
24 de junho
Dublin Pride Festival
24 de junho
NYC Pride March
25 de junho
Pride Toronto
25 de junho
CONCLUÍDA
CONCLUÍDA
CONCLUÍDA
CONCLUÍDA
San Francisco Pride
25 de junho
Madrid Orgullo
1 de julho
Pride London
1 de julho
CONCLUÍDA
1 a 6 de agosto
Prague Pride
12 de agosto
Parada do Orgulho
Ribeirão Preto (SP)
20 de agosto
Parada do Orgulho Santos (SP)
3 de setembro
Parada do Orgulho João Pessoa
17 de setembto
Parada do Orgulho Rio de Janeiro
24 de setembro
Parada do Orgulho Boa Vista
17 setembro
Orlando Gay Pride
20 de outubro
Pride Week Buenos Aires
28 de outubro a 4 de novembro
SEJA QUEM VOCÊ QUISER EM GREATER FORT LAUDERDALE
Já faz 27 anos que Greater Fort Lauderdale, na Flórida, compreendeu a potência do viajante LGBTQIAP+. Referência não apenas no Estado ensolarado, o destino foi um dos primeiros da América do Norte a focar nesse segmento e hoje se orgulha de ter a diversidade e a inclusão em seu DNA.
Greater Fort Lauderdale faz jus às bandeiras do arco-íris com atrações e eventos o ano todo. É a terra do “bairro mais gay dos Estados Unidos”, o Wilton Manors, que conta com uma vibrante comunidade LGBTQIAP+ que acolhe todos os visitantes com seus parques perfeitamente adequados para famílias; o Pride Center, espaço que promove encontros e atividades; o Stonewall Pride Festival and Parade, evento que recebe 30 mil visitantes por ano; e o Stonewall National Museum, museu repleto de artefatos históricos e exposições de arte.
Para não perder nada do que o destino oferece, os viajantes são convidados a desfrutar das praias, dos resorts, das lojas e ainda de jantares para lá de divertidos nas centenas de restaurantes que oferecem gastronomia e shows de drag queen espetaculares. Sem falar nos eventos que já possuem data marcada:
• CannonBall Bash - 19 a 21 de outubro
• Outshine LGBT+ Film Festival - 19 a 29 de outubro
• Halloween de Wilton Manors - 31 de outubro
• Fort Lauderdale Beach Pride - fevereiro de 2024
• Bears in the Alley - março de 2024
• Fetish Weekend - 23 a 27 de maio de 2024
• Floatarama - junho de 2024
• Stonewall Pride Festival - junho de 2024
• FlockFest na praia - julho de 2024
E antes mesmo de chegar, os visitantes já são recepcionados pelo destino com a bela campanha Everyone Under The Sun que reforça o paraíso tropical, rico em comunidades inclusivas, cultura próspera e variedade de experiências que Greater Fort Lauderdale é. "Quanto mais treinamos nossos profissionais, investimos em publicidade e recebemos bem nossos visitantes, mais viajantes LGBTQIAP+ querem nos conhecer. Recebemos milhares de visitantes LGBTQIAP+ durante o ano, que, a lazer ou a negócios, gastam cerca de US$ 2 bilhões.
Greater Fort Lauderdale é, sem dúvida, o destino mais diversificado da Flórida. Damos as boas-vindas a todos os viajantes de braços abertos", destaca o vice-presidente sênior de Inclusão e Acessibilidade do Visit Lauderdale, Richard Gray.
Os brasileiros estão convidados a serem quem quiserem em Greater Fort Lauderdale. Por meio da Azul Linhas Aéreas, que oferece voos diretos a partir de São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Manaus e Belém, os viajantes se sentirão em casa logo ao pousar no Aeroporto Internacional de Fort Lauderdale-Hollywood, um dos melhores do país.
DESBRAVANDO O MUNDO JUNTAS
Queríamos começar nos apresentando. Somos Letícia e Giulia, um casal que há cerca de quatro anos criou o Instagram @JuntasNoMapa. Lá, compartilhamos nossas viagens, destinos, hotéis, um pouco da nossa rotina e as experiências que vivenciamos juntas nesses anos como um casal LGBT+. Começamos o perfil como um hobby, com a intenção de partilhar o que vivíamos durante nossas viagens e hoje isso se tornou nosso trabalho como produtoras de conteúdo.
Já são muitos destinos na bagagem e cada um com sua particularidade, por isso, antes de começar qualquer viagem, pesquisamos muito para saber exatamente como é o lugar, a cultura, a tolerância com mulheres e, principalmente, com a comunidade LGBT+. Sabemos que uma viagem começa bem antes do embarque, procuramos ficar em hotéis que demonstrem aceitação à diversidade, escolhemos restaurantes e locais que prestem esse acolhimento, sabendo que vamos nos sentir seguras e livres para aproveitar ao máximo. Viajar pelo mundo como um casal de mulheres é uma experiência incrível, repleta de momentos inesquecíveis. No entanto, ao longo de nossas jornadas, também nos deparamos com desafios únicos que acompanham viajantes femininas e LGBT+.
Uma das principais preocupações que enfrentamos é em relação à segurança. Uma situação que nos marcou foi caminhar tarde da noite pelas ruas de Barcelona, com certo receio de um assalto ou mesmo uma importunação, e descobrir que não havia necessidade de medo. Estamos tão acostumadas com esse problema no Brasil que,
quando chegamos em um país mais seguro, essa sensação ainda é levada conosco. É essencial estarmos cientes das leis e costumes locais, adaptando nosso comportamento quando necessário, para garantir nossa segurança e bem-estar. Outra barreira enfrentada é o próprio estigma de viajar “sozinhas”, como se não bastássemos sermos duas mulheres, pois a sociedade ainda nos enxerga como desprotegidas na falta de uma figura masculina. Apesar desses fatores, viajar nos traz a sensação de independência, descobrimos a nossa própria força e coragem, e isso nos impulsiona a ir mais longe.
Infelizmente, ainda existem muitos lugares onde a homofobia persiste e a demonstração de afeto entre casais do mesmo sexo é vista com desaprovação ou até risco para nossa integridade físi-
ca. Particularmente, nós não escolhemos e nem pretendemos viajar para destinos que declaradamente criminalizam a homossexualidade. Por esse motivo, sempre buscamos escolher países que tenham informações claras sobre como é a aceitação com o público LGBT+. Dessa forma, só tivemos experiências positivas, tanto nas hospedagens quanto em locais que já visitamos.
Além disso, ao compartilharmos nossas histórias e experiências como casal de mulheres LGBT+ viajantes, podemos ser fonte de inspiração para outras pessoas. A representatividade é poderosa, e ao mostrarmos ao mundo que existem casais como nós, contribuímos para a quebra de estereótipos e preconceitos, incentivando outras pessoas a viajarem e promovendo uma sociedade mais inclusiva e acolhedora. n
KONTIK DEMONSTRA QUE
VIAGENS
CORPORATIVAS TAMBÉM PODEM SER INCLUSIVAS
Fundada há 69 anos, a Kontik nunca deixou de se renovar para oferecer os melhores produtos e serviços em gestão de viagens corporativas, lazer e eventos. Com seus mais de 500 colaboradores, a TMC não só acompanha as tendências da indústria de Viagens e Turismo, como também compreende a importância de promover uma cultura empresarial de diversidade e inclusão.
Entre suas políticas sociais, oferece vagas para profissionais PCDs e LGBTQIAP+ em parceria com a plataforma Trans Empregos, realiza treinamentos com os colaboradores e não tolera discriminações por gênero, orientação sexual ou cor da pele, seja na rotina corporativa ou em processos seletivos.
Para a Kontik, as TMCs podem contribuir para promover a diversidade nas viagens corporativas por meio de: Sensibilização - promover treinamentos e workshops sobre diversidade e inclusão, a fim de conscientizar os colaboradores e fornecer as ferramentas necessárias para lidar com as demandas específicas dos viajantes LGBTQIAP+;
Parcerias com Empresas LGBT-friendly - Estabelecer parcerias com empresas e destinos que possuam políticas e práticas inclusivas para garantir que estes viajantes sejam bem recebidos em todos os aspectos da viagem, desde a hospedagem até as atividades de lazer; Políticas de Acomodação - Garantir que as opções de acomo-
dações oferecidas aos viajantes corporativos incluam locais que sejam seguros e acolhedores para a comunidade; Comunicação e Marketing Inclusivos - Adotar uma linguagem inclusiva em todos os materiais de divulgação.
Conheça mais sobre as ações da Kontik em kontik.com.br
AZUL TURBINADA
Opresidente da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, está otimista com o segundo semestre do ano e por várias razões. Depois de reestruturar a dívida acumulada durante a pandemia e garantir a continuidade do mesmo modelo de negócio, como a flexibilidade de tamanho de aeronaves e a aposta em conectividade por todo o País, a Azul se diz pronta para crescer e ajudar na volta da democratização da aviação. Para isso, porém, há ainda uma boa lição de casa a ser feita, como na questão da precificação do combustível de aviação no Brasil e mudanças para inibir a indústria de compra de processos contra companhias aéreas. Antes dos gargalos, vamos ao que John Rodgerson aponta como motivos para comemorar :
• a companhia redesenhou sua dívida de mais de R$ 20 bilhões, tendo renegociado especialmente com as empresas de leasing, e agora se mostra pronta para crescer de forma sustentável e rápida – a crise gerada na pandemia, portanto, passou;
• a Azul já sente os efeitos da queda do dólar (de R$ 5,53 para R$ 4,77 em seis meses) e do preço do combustível – e já fazendo planos para utilizar mais a frota já existente, por exemplo em voos noturnos;
• a companhia ganhou público com a chegada de forma massiva em Congonhas (SP) – Rodgerson revelou que um terço dos clientes da empresa no aeroporto é estreante na companhia –ou seja, nunca tinha voado de Azul;
• os índices operacionais da companhia, que foi a mais pontual do mundo em 2022, continuam em alta, tendo sido a empresa com menos queixas no consumidor.gov.br e a que mais apresentou soluções (o que mostra, também, engajamento do time de colaboradores);
“Turismo deveria ser algo estratégico para o Brasil. Isso começa pelos próprios brasileiros, de conhecer mais o Brasil.”John Rodgerson John Rodgerson
• a tarifa média continua alta e o mercado (especialmente os distribuidores) está “saudável” e sem grandes crises ou loucuras (case Hurb à parte);
• e a Azul Viagens, operadora da empresa aérea, tem registrado resultados acima do esperado, tanto que o plano de lojas foi acelerado e a empresa mais que dobrará o número este ano, chegando a 103. O foco da operadora continua sendo o B2B, com a expansão regional ajudando a alcançar mais agências de viagens pelo País. Com esse panorama, ao qual se somam outras variáveis, Rodgerson diz que a Azul terá mais voos no segundo semestre, especialmente tendo as cidades do Nordeste como maiores beneficiadas. Também os investimentos em Manaus e na região Norte em geral devem continuar na segunda metade do ano.
“Para baratear as passagens, é preciso aumentar a oferta. Usar os horários noturnos, de meia noite às seis da manhã, e os finais de semana, como estamos fazendo nesse último caso com a ajuda da Azul Viagens. E a queda dos custos ajuda nisso. Com o combustível nas alturas e o dólar acompanhando, não é possível ter mais voos. A conta não fecha”, disse à PANROTAS, em entrevista na sede da companhia aérea, em Alphaville, São Paulo.
O QUE PRECISA MELHORAR
A situação está melhor, graças às ações da própria Azul e ao começo do novo governo, mas está longe do ideal, e ele aponta especificamente dois vilões, que pretende combater com veemência.
• A precificação do combustível de aviação, baseada na menor parte importada pelo País (7%);
• Os custos da judicialização do transporte aéreo.
Segundo ele, há negociações com o governo sobre a questão do combustível, pois só assim a aviação brasileira poderá ser competitiva e o ambiente conseguirá, inclusive, atrair players low cost. Quando à judicialização, ele diz que todo o esforço da empresa, “que é reconhecida pelo serviço, que teve o menor número de reclamações no Consumidor. gov no ano passado, e maior quantidade de problemas resolvidos”, é prejudicado com uma verdadeira indústria de compra de processos.
Os aplicativos especializados, segundo Rodgerson, assediam o passageiro aéreo – e pedem casos de até cinco anos –compram o processo, pagam um valor ao viajante e depois fazem alegações absurdas que os clientes nem sabem, como indenizações por danos morais ou perda de
oportunidades. “É a história de toda mala perdida que tinha o vestido do casamento”, ilustra ele.
Indenizações por questões naturais e as que saem da Justiça comum, indo além da Resolução 400 da Anac (que regula direitos dos passageiros) são jabuticabas (ou seja, itens exclusivamente brasileiros) que atrapalham a aviação nacional e sua competitividade, como a questão da precificação do combustível.
O número de processos com que o setor tem de lidar, para Rodgerson, não tem ligação com o aumento de cobranças das aéreas nos últimos anos, quando se alinharam a práticas globais para criação de taxas de serviço, como despacho de bagagem, marcação de assentos, serviço de bordo... “Não concordo que tenha a ver. A indústria da aviação no Brasil tem ótimos índices. Fomos a empresa mais pontual do mundo em 2022, e nossa concorrente, a Latam, estava no Top 5.” Há quem defenda a tese de que os viajantes estão mais exigentes depois da cobrança de taxas, mas o presidente da Azul aponta o aparecimento desses apps de processos como o principal diferencial.
MAIS DÚVIDAS
Há mais variáveis que precisam melhorar no País, para que a aviação nacional não apenas recupere as perdas da pandemia, mas também cresça e volte a ser um modal democrático. O presidente da Azul acredita no programa do governo de oferecer passagens mais baratas para aposentados e estudantes (a R$ 200 segundo proposta divulgada no começo do ano), baseando-se na ociosidade dos assentos em algumas datas, mas a democratização e queda das tarifas passa pelo aumento da oferta, desde que as condições, como as citadas anteriormente, sejam viabilizadas. Mais variáveis que precisam de respostas e melhorias são:
• A volta das viagens corporativas . Hoje na Azul esse segmento está em 85% do nível pré-pandemia (em número de passageiros),
e Rodgerson acredita que continuará assim no decorrer do ano. Em receita, porém, o segmento já ultrapassou 2019, por conta da tarifa média maior em 2023. Ele também acredita que o presencial venceu o zoom e que as viagens a trabalho devem crescer com o tempo.
• A concessão de aeroportos tem assuntos delicados a serem resolvidos, especialmente na questão Galeão/Santos Dumont. O presidente da Azul preferiu não opinar sobre o projeto inicial de concentrar no SDU apenas operações para Brasília e Congonhas (SP), mas disse que tudo precisa ser feito com cuidado. A estratégia de hubs da Azul continua a mesma: Campinas (SP), Confins (MG) e Recife. Com grandes investimentos chegando também a Manaus, que, no entanto, não pode ser considerado um hub.
• Mais CPFs voando . Segundo estimativa do mercado, apenas de 12 milhões a 15 milhões de brasileiros viajam de avião por ano. Quase nada frente à população do Brasil. Estimular esse acesso ao modal aéreo deve ser visto como estratégia por todos.
• Mais aeronaves entregues . A Azul deve receber mais um Airbus e seis Embraer este ano, mas precisaria de mais aeronaves. As entregas estão atrasadas em todo o mundo e, segundo John Rodgerson, a solução no momento é crescer com a frota já em operação – ou seja, estimular os voos noturnos e nos finais de semana.
FOCO NA EUROPA
Recentemente, o Portal PANROTAS publicou que a Azul Linhas Aéreas pediu slots no aeroporto de Heathrow, em Londres, um dos mais disputados do mundo. Rodgerson confirmou o pedido (negado pelo aeroporto), mas disse que se trata de algo rotineiro, em busca de oportunidades, e que não há planos concretos de voos para a Inglaterra. Há, no entanto, foco total na Europa nos próximos meses. O objetivo, segundo ele, é equilibrar a oferta da empresa para a Europa com a dos Estados Unidos. Uma ferramenta importante nesse processo é o acordo com
“(A indústria de) processos judiciais na aviação são um câncer na nossa indústria”.
John Rodgerson
a Tap Air Portugal, que agora pode ser vendida pela Azul em seu site e tem mais 24 cidades europeias adicionadas na nova fase do acordo.
A Azul tem voos diretos para Lisboa e Paris, com ótimos resultados, segundo John Rodgerson.
E OS ESTADOS UNIDOS?
A empresa iniciou novos voos para os Estados Unidos na semana passada, com as ligações de Confins (MG) e Recife para Fort Lauderdale e Orlando. Também a ligação Confins-Curaçao teve seu início. A Azul vai continuar apostando na Flórida, destino preferido dos brasileiros nos EUA, e não tem planos imediatos para chegar a Nova York – talvez somente a partir de 2024. Uma novidade que adiou esse desejo de ir a Nova York foi o fim do contrato com a United Airlines que, ao investir na companhia, colocou algumas restrições de operações nos Estados Unidos. Com o término dessas restrições (a United continua acionista da Azul e parceira em voos codeshare), a Azul ampliou a parceria com a JetBlue e a própria United para voos a partir da Flórida para LaGuardia, JFK e Newark, os três aeroportos que atendem Nova York. Dessa forma, a malha da companhia nos Estados Unidos ganha mais opções com voos em parceria com a JetBlue e a United Airlines.
AMÉRICA DO SUL FORA DOS PLANOS
Voar para Buenos Aires e Santiago? Fora dos planos da Azul, segundo John Rodgerson. São rotas onde a empresa não vê oportunidade de ganhar dinheiro. A América do Sul não está na estratégia da companhia, que está satisfeita com a parceria que tem com a Copa Airlines.
HURB E DISTRIBUIÇÃO
Tirando o case Hurb, que está em crise devido ao atraso no pagamento a fornecedores e dificuldades na entrega de viagens vendidas, John Rodgerson acredita que o setor de distribuição se encontra calmo e saudável. “Todos sofreram muito na pandemia. Estão todos cautelosos”, disse. Sobre o caso da Hurb, ele disse que o conceito é bom (ter viagens flexíveis, o que está alinhado com um novo tipo de comportamento do consumidor de viagens – o que tem e quer flexibilidade),
mas que é preciso entregar o prometido. Vender uma passagem aérea para daqui a dois anos é algo arriscado, pois não se sabe quanto estará o dólar, o combustível, a própria passagem. Uma companhia aérea oferece venda de bilhetes para um período de um ano. Então como uma agência on-line vende uma passagem para daqui a dois anos?
Outra questão da distribuição, o comércio de milhas, segundo a Azul continua a ser um problema que deturpa os programas de fidelidade e encarece os resgates.
Frases de John Rodgerson
“Metade da nossa dívida renegociada estamos dando equity para eles (os credores), a outra metade foi para 2030, com juros baixos. Também a dívida vencendo em 2024 e 2026 já repassamos para 2029 e 2030. Então, somos uma das poucas empresas aéreas do mundo a sair da crise sem dar calote, desconto, entrar em recuperação judicial.”
“Nunca passou por nossa mente apelar para a recuperação judicial. Nossa empresa é sólida. O problema da Azul não foi nosso plano de negócio. Muitos buscam a recuperação judicial pois têm um plano de negócios quebrado e precisam consertar isso. Vejam a Avianca que entrou em RJ e saiu como uma empresa completamente diferente, ultra low cost. Mudaram modelo de negócio. Azul não precisou mudar seu modelo. Nosso problema era a dívida da covid. Prova disso é que nenhuma aeronave saiu de nossa frota ou de nossos pedidos de novos aviões. O mercado acredita na Azul.”
“Agora, com tudo renegociado, posso levantar capital para o crescimento daqui pra frente. Vamos promover 130 co-pilotos para comandantes, um recorde. Fizemos grande investimento na Azul Viagens, vamos de 50 para 103 lojas. Veja também nossa unidade de carga, que triplicou. Então estamos saindo da crise mais eficientes, e com faca nos dentes”.
“Quando o combustível e o câmbio estão altos, você voa menos. Não voa à noite, por exemplo. Como você ataca o preço da passagem? Voando mais, utilizando mais as aeronaves. Azul Viagens é uma prova disso, nos fazendo voar sábado e domingo.”
“Vamos voar muito mais na segunda metade do ano, em relação ao primeiro semestre,
só utilizando mais nossas aeronaves. Muitos desses novos voos para o Nordeste.”
“Preço do combustível no Brasil ainda é o maior do mundo. 93% do combustível é produzido aqui. Apenas 7% vem do Exterior, a um custo 30% maior. Mas a precificação de todo o combustível é baseada no percentual importado. Isso é um imposto que está prejudicando o brasileiro, especialmente a classe média.”
“Número de CPFs que viajam de avião no Brasil está entre 12 milhões e 15 milhões. É nada. Por que mexicanos e colombianos viajam mais que brasileiros? Porque não têm essa precificação. O preço do combustível tem caído, mas esse “imposto” não pode existir”
“Fácil achar que somos vilões (por causa do preço da passagem). Mas 2022 foi ano que Petrobras mais lucrou, e empresas aéreas perderam bilhões de reais.”
“O preço da passagem está alto no Brasil, mas veja Europa e Estados Unidos, lá também está. A demanda está alta. Aqui podemos atacar esses tributos que só existem no Brasil”.
“Um terço dos nossos viajantes em Congonhas (SP) está viajando pela primeira vez com a Azul. Era estratégico lançar Paris e Congonhas ao mesmo tempo. Esse novo viajante passa a querer saber mais da Azul.”
“Temos mais crescimento no Norte do País. Veja o investimento que estamos fazendo em Manaus, por exemplo, muito importante e estratégico para a Azul Conecta, para cargas também. Agora temos Manaus-Fort Lauderdale, Belém-Fort Lauderdale. Conectividade para nós é muito importante.”
“A judicialização (na aviação) sempre existiu no Brasil, mas piorou por conta dos aplicativos (que compram possíveis processos). Isso acaba embutido no custo para todo mundo. É um câncer para nossa indústria. E isso com as empresas mais pontuais do planeta. Mais um imposto sobre os clientes. Resolver isso ajudará mais pessoas a viajar.”
“Estamos animados que agora vendemos Tap, todas as cidades e codeshare que não tínhamos antes; também aumentamos as cidades nas parcerias com JetBlue e United. Ficar meio independente (ou seja, ter mais parceiros) não é ruim para a Azul. Somos uma empresa diferente.”
“Mercado está saudável neste momento. Todos se comportando. Agentes de viagens, consolidadores...todos querem vender. Não há joguinhos sendo feitos. Todo mundo chegou tão perto da morte, que agora todos têm religião.”
“Melhor coisa para o agente de viagens é acesso ao assento. Essa questão da Hurb ter ido atrás de um nicho flexível é válida, mas tem de entregar. Não tem como saber o preço do combustível e a oferta de voos daqui a dois anos. Indústria tem de focar no que é bom a longo prazo. Criar produtos flexíveis não é ruim, mas não tem mágica. Tem de entregar.” n