AUÊ - Articulações Urbanas em Escada

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AUÊ Articulações Urbanas em Escada Subúrbio Ferroviário de Salvador


Realizado durante a discplina ARQ042 Atelier V, da FAUFBA, ministrada pelas professoras Gabriela Leandro, Sanane Sampaio e Thais Rosa, e mestrandas, pelo PPGAU-UFBA, Júlia Matos e Rafaela Izeli. Produzido e editado pelos estudantes Ana Clara Araújo, Jones Nascimento, Letícia Grappi, Mariana Pardo, Marina Factum e Taís Evangelhista. Em parceria com a Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada, ABENSE - Associação Beneficente Nossa Senhora de Escada, Jovens em Rede do Subúrbio Ferroviário e Curiar - EMAU da UFBA. Todas as imagens apresentadas pertencem ao acervo do grupo.


AUÊ

Articulações Urbanas em Escada Subúrbio Ferroviário de Salvador


Aprender a tocar e ouvir dos outros seus sentidos, tendo como aporte a “totalidade daquilo que o outro é, daquilo que cada um de nós somos – a totalidade”. Trata-se de fazer a ciência do presente – a sociologia do presente, a geografia da existência, a arquitetura humanista e o planejamento sensível. Ana Clara Torres Ribeiro


Agradecimento especial à todos os moradores e moradoras do bairro de Escada, Subúrbio Ferroviário de Salvador, que de alguma maneira participaram dos processos intensos e sensíveis durante a contrução deste trabalho. À Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada pelo acolhimento e parceria nos momentos de imaginação, criação e prática. Ao grupo dos Jovens em Rede pelos movimentos e pelas trocas, sempre grandes e cheios de energia. Ao movimento trem de ferro, pela disponibilidade e apoio ao nosso estudo. Ao Curiar, que através da extensão universitária nos ensinou um novo modo de pensar e praticar arquitetura e urbanismo. Ao Atelier V, pelas discussões e experiências compartilhadas.


SUMÁRIO

1 2 3

Introdução Sobre processos e aproximações O território Educação e cidade Referências

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Um outro Planejamento Urbano Meio Ambiente Saúde Mobilidade Urbana Cultura Criança e Cidade Encontro Final Perspectivas Referências

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Ações realizadas Multiplicação Anexo 1: Cartilhas e material de apoio

79 84 85


PARTE 1


INTRODUÇÃO Delinear. Unir os fios. Dar forma aos traços. Assim nasce o projeto AUÊ – Articulações Urbanas em Escada, elaborado como proposição final da disciplina Atelier V – Planejamento Urbano e Regional, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Coordenada pelas professoras Gabriela Leandro Pereira, Sanane Sampaio e Thaís Troncon Rosa, e com colaboração, em tirocínio docente, das mestrandas do PPGAU/UFBA Júlia Matos e Rafaela Izeli, a matéria desenvolveu-se como um lugar de tensionamentos, debates e aprendizados acerca das diferentes escalas do urbanismo, e das possibilidades e limites das relações entre espaço e sociedade. Dedicar-se ao estudo da cidade é, como defende a arquiteta e antropóloga italiana Alessia de Biase, despertar “[...] um certo tipo de olhar que não se restringe aos limites disciplinares e que se constrói a partir de uma abordagem sensível da cidade” (2012, p.191). De tal modo foi desenvolvido este projeto, a partir de um mergulho (ou mergulhos) na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador, buscando para essa imersão, o contato com seus habitantes. A partir desse convívio, que se iniciou em junho de 2017 – e que hoje se encontra não em um fim, mas em um meio –, chegamos ao território de Escada, onde fomos convidados, instintivamente, a insistir, a permanecer, a imaginar. É preciso aprender a perder o tempo, a não buscar o caminho mais curto, a deixar-se conduzir pelos eventos, a dirigir-se a estradas impraticáveis onde seja possível “topar”, talvez encalhar-se para falar com as pessoas que se encontram ou saber deter-se, esquecendo que se deve agir. Saber chegar ao caminho não intencional, ao caminho indeterminado (Francesco Careri, arquiteto italiano, 2011, p.242-243, grifos nossos).

O encontro com a Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada, que se tornou nosso principal interlocutor no território, nos permitiu enxergar novas possibilidades no urbanismo, a tocar e a ouvir os outros, a entender que precisamos superar o desafio de nos tornarmos profissionais úteis, e fazer da sensibilidade o caminho para o planejamento urbano, da maneira como propõe Ana Clara Torres Ribeiro, antropóloga brasileira, com sua Cartografia da Ação Social. Assim, nos propusemos a dialogar com a educação no fazer cidade, a perceber as pequenas manifestações sociais, a entrever as respostas, a afetar-nos.

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[...] é preciso realizar o estudo das tendências contra-hegemônicas. Este estudo exige a pesquisa de outras formas de poder que, reunidas na cena urbana, adquirem visibilidade e grande influência nos momentos mais agudos de mudança conjuntural. Estas outras formas de poder incluem vínculos comunitários, experiências religiosas, relações étnicas e aprendizados ancestrais (Ana Clara Torres Ribeiro, 2009, p.153, grifos nossos).

Nesta afetação, redescobrimos o vocábulo auê, etimologicamente ligado à libertação, à agitação, ao encontro. E assim, foi para nós, o contato com o território de Escada e a proposição deste trabalho. Convidamos então, àqueles que tiverem contato com esse material, ao acaso, a atrever-se, a ampliar o olhar sobre a cidade, a não se limitar, a “recordar que o espaço é uma fantástica invenção com a qual se pode brincar [...]” (Francesco Careri, 2011, p.242).

Ana Clara Araújo, Jones Nascimento, Letícia Grappi, Mariana Pardo, Marina Factum e Taís Evangelista, grupo de aprendizes da arte de fazer a cidade

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SOBRE PROCESSOS E APROXIMAÇÕES O programa didático da disciplina de Atelier V, articulou-se em torno da investigação, da reflexão crítica e da proposição de novas metodologias de apreensão da cidade, tendo desenvolvido uma construção teórica e experimental sobre o tema do planejamento urbano e regional, dialogando com movimentos sociais, e com múltiplos indivíduos nos estudos em campo. Os exercícios, realizados no Subúrbio Ferroviário de Salvador, propuseram uma inversão da lógica tradicional da arquitetura e do urbanismo, valorizando o processo na produção acadêmica, e a troca de conhecimentos com a sociedade. Tendo como ponto de partida o imaginário sobre o urbanismo, e sobre essa região da cidade, foram construídas apreensões, análises e propostas de ação, a partir das relações estabelecidas com o território.

OFICINA 1

OFICINA 2

aproximação

UNIVERSIDADE

permanência e interlocução

OFICINA 3

memórias, histórias e políticas

OFICINA 4

mesa cartográfica

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO

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OFICINA 5

cartografia


1 aproximações O contato inicial com a região do Subúrbio Ferroviário, dentro da disciplina de Atelier V, ocorreu após a elaboração de um imaginário coletivo sobre o espaço, e da investigação de possíveis métodos de entrada no local - através da indicação de indivíduos, associações de moradores, coletivos urbanos, familiares e amigos que pudessem facilitar este primeiro encontro. A aproximação do grupo aconteceu a partir de idas em campo, que tiveram como resultado a elaboração de um livreto, com a síntese narrativa das experiências vivenciadas nesta região da cidade. Este material, denominado Multiplicidade - uma releitura da obra As cidades invisíveis, de Italo Calvino -, descreve em suas páginas as impressões, os sentimentos e o fascínio despertados em nossas primeiras viagens.

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permanência e interlocução

Após os relatos e as experiências de aproximação com o território, fomos impelidos a nos lançar novamente sobre o Subúrbio, dedicando-nos a eleger um lugar onde pudéssemos permanecer ao longo dos exercícios que se seguiriam. Movidos pelo interesse em nos aprofundarmos em um local já visitado, a região de Escada, nos referenciamos na técnica da insistência urbana, criando a partir dela, uma metodologia própria. No primeiro momento, elegemos 6 pontos da localidade para percorrermos de forma cíclica, mantendo-nos duas vezes em cada um deles, durante 10 minutos, registrando, de maneira livre, as impressões, as ideias e os sentimentos sobre aquele ambiente. No segundo momento, mantendo os mesmos locais, cada membro do grupo permaneceu, durante 90 minutos em um dos pontos, gerando novas observações sobre o espaço. Ao final, as lembranças - que estavam compiladas em cadernos de campo, panfletos, fotografias, entre outros -, foram reunidas em uma caixa de recordações

2 3

1

6 11

5

4


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memórias, histórias e políticas

Como forma de aprofundar o estudo sobre o território, foi proposto um exercício que possibilitasse a compreensão da evolução urbana e dos diferentes sujeitos, tempos e espaços que perpassam o Subúrbio. Para esta atividade, decidimos realizar a pesquisa a partir de dois eixos: o primeiro, por meio dos moradores de Escada, e de seu entorno (Itacaranha, Alto da Terezinha, Coutos), com suas memórias, histórias e dados - mais precisos que os oficiais; o segundo, a partir de dados institucionais, jornais, fotografias e mapas. Nas conversas - e nas demais informações obtidas -, identificamos estruturas simbólicas que permaneceram no espaço, a exemplo da Igreja de Nossa Senhora de Escada. Entendendo o elemento da carta como um importante registro informal histórico, tanto dos acontecimentos como das memórias de seus escritores, decidimos utilizá-la como modelo de apresentação, reunindo os relatos dos moradores, e anexando aos envelopes fotos, recortes de jornais, mapas, entre outros elementos

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4 mesa cartográfica Com a proposta de unir os diferentes sentidos e interpretações sobre o território em estudo, e assim estabelecer relações e levantar questões que pudessem nortear as futuras ações propositivas em Escada, foi realizada a atividade da Mesa Cartográfica. Fundamentando-se no material apresentado nas três oficinas anteriores, propomos, como representação gráfica, um diagrama que simbolizasse "a valorização imaginativa dos lugares vividos, onde a vida escorre ou ganha força reflexiva e transformadora" (Ana Clara Torres Ribeiro, 2001/02, p.43). Dessa forma, escolhemos colocar as pessoas com quem conversamos como centro e ponto inicial de um conjunto de teias, que através dos fios, unem pessoas entre si e com os elementos espaciais e simbólicos do bairro de Escada, que estavam registrados por meio de fotos, cartas objetos, reportagens, entre outros. Como síntese dessas conexões, alguns temas foram apontados: tradição; invisibilidade; deslocamentos; trajetórias; concentração fundiária; direito à moradia; infraestrutura; e os vínculos entre Escada e o Alto da Terezinha.

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5 cartografia Ao final da atividade anterior, nos encontramos diante de temas importantes - mas também amplos -, e sentimos a necessidade de voltar ao território de Escada e entender melhor quais questões deveriam ser aprofundadas ao longo dos nossos próximos estudos. Neste retorno, conhecemos duas organizações elementares que atuam na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador: a Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada, nas figuras de Preta e Eliana; e o Movimento Trem de Ferro, representado por Gilson. Para a proposta da cartografia, realizamos uma oficina com esses dois grupos, cruzando informações, trocando conhecimento e colocando em contato dois movimentos que potencializam um ao outro. Para esse momento, levamos um papel metro em branco, colocamos na parede, e projetamos a base cartográfica do Google Maps. Conseguimos, coletivamente, situar o local onde nos encontrávamos, e depois escolhemos outros pontos para marcar, de acordo com a orientação desses agentes do território. A inibição inicial deu lugar a um protagonismo coerente com a representação de si mesmo e do local que habitam. As informações coletadas e os relatos deste encontro ficaram registrados na plataforma virtual cartografamos.wix.com/cartografamos.

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RIBEIRA

fim de linha da Ribeira

ALMEIDA BRANDÃO

1 ITACARANHA Centro de Estudos Sofia

PLATAFORMA

casa 1 Acervo da Laje

LOBATO

casa 2 Acervo da Laje

LOBATO

ESCADA

ITACARANHA

PRAIA GRANDE

Mesa de debate “Memórias, histórias e políticas”

PARQUE SÃO BARTOLOMEU

PIRAJÁ

1 aproximações

percursos do grupo

pontos

2 permanência e interlocução

locais visitados

em ônibus

Transporte marítimo

em barco

Automóvel

em carro

1

estações de trem

Embarcações

em trem (1)

2

estações de trem

Linha VILA férrea

em trem (2)

CANÁRIA

RIO SENA

ILHA AMARELA

MAL. RONDON

NORTE

PRAIA GRANDE

ESCOLA COMUNITÁRIA DE ESCADA

ALTO DA TERESINHA

ALTO DO CABRITO

JARDIMmodais de transporte ST. INÁCIOTerminal de ônibus

Espaço Pedaço de África

ESCADA

casa de dona Otacília (avó de Taís)

SÃO JOÃO DO CABRITO

LEGENDA

2

2 1

estações de trem 6

3 5

4

Esta figura representa os pontos e os trajetos percorridos nesta etapa.


E

sobre processos e aproximações

Casas da areia Praia de Escada

2 1

3

Passarela

6

5

Estação de trem

Avenida Suburbana

4

Bar das novelas

PERIPERI

2

SÃO TOMÉ DE PARIPE

COUTOS

PERIPERI

A Corda samba de roda

MOVIMENTO TREM DE FERRO

PARIPE

PARIPE

1 fim de linha de Paripe

FAZENDA COUTOS COUTOS 3 memória, história e política

4 mesa cartográfica

CAJAZEIRAS

5 cartografia Instituições que participaram da elaboração desta etapa.

espaços visitados atividade em campo entrevistas com moradores O limite representado acima, corresponde à área NOV A territorialBRASÍLIA izada neste exercício.

DE VALÉRIA

0 km

0,5 km

1 km


O TERRITÓRIO A riqueza nos detalhes de suas histórias me lembraram que, mesmo tendo a vaga impressão de já ter estado lá, a vivência é o verdadeiro elemento que enriquece nosso sentimento de pertencimento (do livreto Multiplicidade, 2017, p.9).

Instinto. Relato. História. Frescor. O percurso delineado ao longo deste ano acadêmico, no interior do Subúrbio Ferroviário de Salvador, nos levou, por instinto, à Escada, um espaço-tempo inserido na brutalidade da vida contemporânea, mas apegado afetivamente ao passado. Lá, nos propusemos a explorar cada canto, a entender as dinâmicas, a ouvir as pessoas, a registrar as memórias. Vivenciamos este território - do trem, do mar, das casas, de caminhos que nos despertaram a curiosidade sobre o lugar. [...] a paisagem é ela toda passado, porque o presente que escapa de nossas mãos, já é passado também. Então, a cidade nos traz, através da sua materialidade, que é um dado fundamental de compreensão do espaço, essa presença dos tempos que se foram e que permanecem através das formas e objetos que são também representativos de técnicas (Milton Santos, 2002, p.21).

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Nos relatos de seus moradores, pudemos entender a configuração atemporal de Escada, e tecer a trama urbana e social do local. A Igreja Nossa Senhora de Escada, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), erguida por volta do ano de 1536, é possivelmente o primeiro registro de ocupação desta área, indicando, em sua arquitetura, a ruralidade existente neste espaço. Contam também do processo de conquista do território, da expulsão dos índios pelos portugueses, da ocupação momentânea holandesa, e então dos engenhos, das fazendas, e depois casas de veraneio. Ali era a casa dos ricos da época. Tinha a fazenda da família Peixoto, que hoje o nome da Suburbana é Afrânio Peixoto, um dos filhos da família. Eram várias fazendas, a principal era essa dos Peixotos. Jaime Grave era de outra família rica daqui. Inclusive as casas beirando a linha, várias delas eram casas de veraneio, como aqui em baixo. Eles tinham poder aquisitivo muito grande, vinham de lancha pra cá. Faziam campeonato de botão, essas coisas (relato do senhor Herquelau, morador de Escada). Só de raro em raro um fato inesperado rompe a monotonia dessa vida suburbana. Isso de março a novembro, porque nos três meses de férias, dezembro, janeiro, fevereiro, todos esses arrabaldes da Leste Brasileira [...] enchem-se de veranistas. Muitas das melhores residências ficam fechadas durante quase todo o ano, pertencem a famílias da cidade, abrem-se apenas no verão (Jorge Amado, no romance Os Velhos Marinheiros ou o Capitão de longo curso, 1961).

A história, que conta com a imprecisão e a escassez de registros oficiais, ainda no século passado, aponta a presença de uma olaria, que, posteriormente, encerrou as atividades, dando espaço para a construção do Conjunto Habitacional do BANEB (Banco do Estado da Bahia). Também nesse período, em 1971, foi inaugurada a Avenida Suburbana, melhorando a conexão entre os bairros do Subúrbio e também com outras áreas da cidade. Em Escada, que está às margens da Avenida, apesar da predominância da ocupação habitacional, não foram pensadas, nem por parte da empresa responsável pelo projeto das casas, nem por parte do Estado, áreas de convívio, praças, áreas de recreação, quadra de esportes, ou qualquer outra infraestrutura que subsidiasse a comunidade que estava sendo formada. Aqui era um conjunto que foi construído pelo Baneb, para os funcionários. O senhor que tinha esse terreno tomou um empréstimo no Baneb, aí a situação piorou pra ele e ele foi à falência. Então ele cedeu o terreno da antiga Olaria para o banco. Aí o banco foi fazendo o loteamento para os funcionários que não tinham casa... Só que teve muito problema. Funcionários que já tinham casas, vieram logo cedo e foram pegando seus lotes. Mas depois foi reunindo todo mundo, inclusive os funcionários que não tinham aluguel, reorganizaram e fizeram as casinhas (relato de dona Benícia, moradora de Escada).

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A conformação urbana de Escada representa, ainda hoje, um reflexo do tempo pretérito, estando disposta entre a movimentação da Avenida Suburbana e o frescor do mar. Fracionada pelo trem, sua população é uma herança de gerações, e apesar de exposta à violência da cidade, ainda assegura a tranquilidade do lugar. Embora predomine a função habitacional, este local acolhe algumas instituições voltadas para a educação e a cultura, como a Escola Comunitária de Escada, o Centro Suburbano de Educação Profissional (CESEP) e o Centro de Estudos Sofia, com a biblioteca Paulo Freire. Mesmo tendo sido reduzido politicamente à uma localidade, seus moradores ainda o consideram como um bairro, e foi assim que escolhemos tratar-lhe neste material.

Linha férrea de Escada.

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Igreja Nossa Senhora de Escada.

Porta da casa de um morador artesão de Escada


Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada A Escola Comunitária nasce da iniciativa de um grupo de catequistas da Igreja Nossa Senhora de Escada que, sensibilizados com as condições precárias de vida das crianças da região, decidiram criar um espaço para auxiliar no desenvolvimento e na formação infantil. Entre os seus objetivos estão: a garantia da educação, alimentação e saúde das crianças; o resgate da igualdade social, autoestima e cidadania; e a sociabilização das crianças e adolescentes de famílias de baixa renda. A instituição está anexa ao Santuário Nossa Senhora de Escada, no número 86 da Avenida São Jorge de Escada, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Entre as ações desenvolvidas na Escola, que atualmente atendem cerca de 100 crianças, temos: ensino de educação infantil; reforço escolar; oficinas de violão, teclado, canto, capoeira, artesanato, entre outros; orientação pedagógica; rodas de diálogo com temas relacionados à família. Nos últimos anos, foi formado o grupo de economia solidária Cesta Baiana, composto por mães dos estudantes, que cuida da alimentação das crianças e oferece serviço de almoço, com a entrega de quentinhas. Essas atividades são apoiadas pela Associação Beneficente Nossa Senhora de Escola (ABENSE). Atualmente a Escola Comunitária de Escada está inserida no projeto Jovens em Rede, junto com outras cinco instituições do Subúrbio: Grupo Liberdade Já (Periperi), Escola Comunitária Nova Constituinte (Periperi), Escola Comunitária São José Operário (Coutos), Escola Comunitária Nossa Senhora Medianeira (Paripe), Escola Comunitária Vinte de Novembro (Paripe). Neste projeto, são realizadas atividades e eventos, com crianças e adolescentes entre 9 e 16 anos, no turno oposto às aulas, para fomentar o debate de temas relacionados à cidadania e à juventude.

(texto organizado a partir de falas das pedagogas Giovani Silva (Preta) e Eliana Pitangueira, e do panfleto elaborado pelo projeto Ágata Esmeralda sobre a escola).

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EDUCAÇÃO E CIDADE “Não há nada pior que imaginar outros mundos para esquecer o quão doloroso é o mundo em que vivemos. Pelo menos assim eu pensava, então. Contudo eu não havia entendido ainda que, ao imaginar outros mundos, se acaba mudando também este” (Umberto Eco, escritor italiano).

O contato com a Escola Comunitária de Escada e as interações geradas a partir desse encontro, possibilitaram a aproximação com a temática da educação, e com o entendimento da importância desta na formação de crianças e adolescentes. Neste espaço, é possível ver o esforço coletivo de educadores, associações, famílias e jovens para transformar o futuro de seus estudantes, demonstrando que há muitos caminhos para isso através da educação. Essa função pedagógica não se restringe ao aprendizado formal, mas também tem expressão na cidadania, contribuindo para o desenvolvimento de sujeitos ativos e cientes de suas responsabilidades sociais. Este modelo de escola integrada à comunidade, que compreende a educação como responsabilidade comum, tem sido experimentado (e bem sucedido) em diversos locais ao redor do mundo. Talvez seu exemplo mais conhecido seja a experiência de Reggio Emilia, cidade do norte da Itália, que possui cerca de 170 mil habitantes. Neste caso, o processo de transformação e construção compartilhada teve início no pós guerra, na década de 1960, e esteve direcionado principalmente à educação infantil. A principal referência para este trabalho, é a Pedagogia da Escuta, que foi pensada pelo educador Loris Malaguzzi, e defende que os processos pedagógicos sejam realizados a partir das diversas linguagens das crianças, e de suas escolhas. A metodologia aplicada em Reggio Emilia, que hoje já possui conexão com mais de trinta países em todo o mundo, está fundamentada no entendimento de que a educação é um processo construtivo e formativo, devendo estar vinculado, desde o início, à construção crítica dos saberes. Além disso, há também três princípios norteadores sobre a educação: como bem comum; como um direito; e como responsabilidade da comunidade, da sociedade civil e dos governos, sem hierarquia quanto aos compromissos de cada um (Tatiana Martins, pedagoga, 2016). Dessa forma, os professores atuam enquanto

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mediadores, envolvendo familiares e crianças em todos os processos, tendo como objetivos centrais, a escuta e a observação das múltiplas potencialidades da infância. A prática de inserir as crianças cotidianamente em situações de pesquisa e debate favorece o questionamento sobre si próprias e sobre os outros, o que as torna mais participativas e, futuramente, cidadãos mais críticos e cientes da importância de seu papel em uma sociedade mais justa e igualitária (Centro de Referências em Educação Integral, 2014).

reggio emilia e a peagodia da escuta 1. a educação como um bem comum

2. a educação como um direito

3. a educação como responsabilidade da comunidade, da sociedade civil e dos governos

Um outro exemplo de proposta educativa preocupada com a cidadania são as Comunidades de Aprendizagem, que surgiram no final da década de 1970, em Barcelona, na Espanha. Posteriormente, na década de 1990, essa ideia começou a ser estudada pelo Centro de Pesquisa em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades (CREA), da Universidade de Barcelona, passando a ser um projeto entre comunidade e universidade, buscando promover a transformação social através da educação. Como eixo principal para o desenvolvimento de suas ações, está a aprendizagem dialógica, uma concepção fundamentada em sete princípios: diálogo igualitário; inteligência cultural; desejo de transformação; dimensão instrumental; criação de sentido; solidariedade; e igualdade de diferenças (NIASE, 2017).

comunidades de aprendizagem 1. sensibilização 2. tomada de decisão 3. sonho 4. seleção de prioridades 5. planejamento

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As atividades realizadas dentro das Comunidades de Aprendizagem, valorizam o diálogo e a relação entre os indivíduos, considerando as diferentes percepções e contribuições que cada um pode trazer para os temas debatidos. Para isso, é importante contar com a colaboração não apenas dos educadores, como também das crianças, adolescentes, famílias, amigos, membros das associações de moradores e voluntários. Este projeto é desenvolvido também no Brasil, tendo como um de seus parceiros o Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que atua, principalmente, nos cursos de formação e sensibilização de instituições que desejam conhecer a proposta. Estas relações, estabelecidas entre comunidades e universidades, estão inseridas nos debates e ações da extensão universitária. As atividades de caráter extensionista têm conquistado cada vez mais espaço no estudo universitário, entendendo a necessidade de um comprometimento da universidade com a realidade social em que se insere. Neste sentido, é compreendida como um campo articulador de conhecimentos – científicos e populares –, que busca, através do diálogo horizontal, a transformação da sociedade.

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horizontalidade participação

universidade troca de saberes

interdisciplinaridade

tranformação

extensão universitária

comunicação

comunidade

A extensão univer[...] educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem – por isto sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais – em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que pouco sabem, possam igualmente saber mais (Paulo Freire, educador brasileiro, 1983, p.15).

sitária, tal como os modelos educativos apresentados acima, tem como influência os conceitos e ensinamentos do educador Paulo Freire, que reflete sobre a importância de tornar o processo de aprendizagem um trabalho coletivo. Nessa perspectiva, há o entendimento de que ensino e aprendizagem são ações inerentes – de forma que um não existe sem o outro –, trazendo a importância do diálogo para a construção do conhecimento. Logo, todos os envolvidos são sujeitos ativos, e trazem consigo, saberes decorrentes de suas vivências, que devem ser considerados no processo de formação. No âmago do “fazer sociedade”, não existem barreiras intransponíveis entre ação espontânea e ação organizada, desde que a organização seja compreendida em sua verdadeira complexidade. Isto é, como vasto e heterogêneo conjunto articulado de ações tornadas espontâneas por acúmulos da experiência social (Ana Clara Torres Ribeiro, 2005, p.417).

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As experiências sociais também influenciam a cidade – seja nos espaços físicos, como também na economia e na sociedade –, ressaltando a importância da participação da comunidade em todos os campos da vida coletiva. O exercício da cidadania é algo que deve ser aprendido na escola, e implica em lutar pelos nossos direitos, mas também assumir nossos deveres. Quando o espaço urbano é construído em parceria com seus moradores, estes se educam no processo, e se responsabilizam por esses lugares, conforme defende o arquiteto e urbanista colombiano Gustavo Restrepo, responsável pelo projeto de Medellín, na Colômbia. A melhor maneira de construir a cidade que queremos é justamente participando da construção dela. Não podemos ser como penetras numa festa, temos que ser parte fundamental na organização, parte fundamental no processo de transformação. Cidades transformadoras são aquelas que educam para o progresso, a competitividade, a exploração do espaço público, a conectividade, a centralidade, mas, sobretudo, que educam para a paz (Gustavo Restrepo, arquiteto e urbanista colombiano, 2017). Para transformar os espaços urbano, é importante considerar a participação e a autonomia dos cidadãos nas decisões relativas à cidade, que implicam diretamente na vida social. Ao chegarmos no bairro de Escada, buscamos como principal fonte de informações sobre o local, seus habitantes, entrando em contato posteriormente com a Escola Comunitária de Escada, que acabou se tornando nosso principal interlocutor. Estudar e praticar o planejamento urbano e regional na perspectiva educativa, permitiu não apenas estreitar os laços entre comunidade e universidade, mas, também, compreender um sentido mais amplo da educação, de forma que ela seja o centro de reunião de sujeitos diversos, e contribua para a transformação social.

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mia


REFERÊNCIAS introdução

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sobre processos e aproximações BIASE, A. Insistência urbana: ou como ir ao encontro dos “imponderáveis da vida autêntica”. Tradução de Paola Berenstein Jacques. Salvador: Revista Redobra, 2014, p.80-86. CALVINO, I. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das letras, 1990, 150p. MAGNANI, J. G. O velho e bom caderno de campo. São Paulo: Revista Sexta Feira, 1997, p.8-12. RIBEIRO, A. C. T. et al. Por uma cartografia da ação: pequeno ensaio de método. Rio de Janeiro: Cadernos IPPUR, 2001/02, p.33-52.

o território AMADO, J. Os velhos marinheiros ou o Capitão de longo curso. Salvador: Record, 1961. 243p. Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada (panfleto). Salvador: Projeto Ágata Esmeralda, 2006. 4p. SANTOS, M. O tempo nas cidades. Campinas: Revista Ciência e Cultura, 2002, p.21-22.

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educação e cidade BORGES, K. “O espaço urbano é capaz de educar pessoas”. Entrevista com Gustavo Restrepo, arquiteto e urbanista colombiano. Salvador, Jornal A Tarde, 2017. CENTRO DE REFERÊNCIAS EM EDUCAÇÃO INTEGRAL. Reggio Emilia: escolas feitas por professores, alunos e familiares. Link: http://educacaointegral.org.br/experiencias/reggio-emilia-escolas-feitas-por-professores-alunos-familiares/. São Paulo, 2014. FREIRE, P. Extensão ou comunicação? São Paulo: Paz e Terra, 1983. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educadora. São Paulo: Paz e Terra, 1996. MARIGO, A. F. C. et al. Comunidades de Aprendizagem: compartilhando experiências em algumas escolas brasileiras. Revista Políticas Educativas, Porto Alegre, v. 3, n.2, p.74-89, 2010. MARTINS, T. C. Da educação infantil e a experiência de Reggio Emilia. Artigo publicado na Revista Sustinere. Rio de Janeiro, 2016. NIASE – Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa. Comunidades de aprendizagem. Link: http://w w w.niase.ufscar.br/arquivos/1_escolas- como - comunidades-de-aprendizagem-informacoes-gerais-traduzido.pdf. São Carlos: UFSCAR, 2017. REGGIO CHILDREN. Link: http://www.reggiochildren.it. Reggio Emilia, 2018. RIBEIRO, A. C. T. Sociabilidade Hoje. Salvador: Caderno CRH, v.18, n.45, 2005, p.411-422. UNIVERSITAT DE BARCELONA. Comunidades de Aprendizaje. Link: http://utopiadream.info/ca/. Barcelona, 2018.

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PARTE 2

[...] trabalhar com os habitantes é fundamentalmente uma maneira de trabalhar ativamente sobre a cidade, sobre ‘fazer a cidade’ (Alessia de Biase, arquiteta e antropóloga italiana).


UM OUTRO PLANEJAMENTO URBANO Os processos de aproximação com o território do Subúrbio Ferroviário de Salvador, que resultaram na interlocução com a Escola Comunitária de Escada, contribuíram para o aprendizado de novos caminhos dentro do planejamento urbano e regional. Contrapondo-se aos tradicionais planos políticos, que buscam beneficiar os interesses econômicos de uma pequena parcela da população, e reforçam as assimetrias sociais já existentes, essas possibilidades metodológicas de atuação cidadã – de forma participativa e autônoma – trazem novas perspectivas para a transformação da realidade. [...] a ideia de que a cidade poderia funcionar como um corpo político coletivo, um lugar no interior do qual e a partir dele movimentos sociais progressistas poderiam surgir, parece implausível. Há, entretanto, movimentos sociais urbanos procurando superar o isolamento e remodelar a cidade segundo uma imagem diferente da que apresentam os empreendedores, que são apoiados pelas finanças, pelo capital corporativo e um aparato local do Estado progressivamente preocupado com o empresariado (David Harvey, geógrafo britânico, 2012, grifos nossos).

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Mais que um planejamento alternativo, a proposta que apresentaremos trata-se de uma alternativa ao planejamento comum, superficial e incompleto que costuma ocorrer em áreas suburbanas das cidades brasileiras. Tendo como processo uma teia de relações e informações sobre o local, a partir do contato gradual com o corpo social do bairro de Escada, as etapas de aprendizado sobre o espaço foram fundamentais para a apreensão do território. Os diálogos e as dinâmicas realizadas contribuíram para o desenvolvimento de um plano colaborativo, em uma parceria entre comunidade e universidade, tendo como agentes a Escola Comunitária de Escada e um grupo de estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFBA. A partir de um trabalho que já vem sendo desenvolvido no projeto socioeducativo da Escola Comunitária de Escada, que ocorre durante a semana no turno vespertino, com jovens entre 9 e 15 anos, propomos um processo de formação e mobilização desses estudantes, através da construção horizontal de uma consciência cidadã. Esta capacitação busca discutir Educação e Cidade através de cinco eixos, definidos com base nas informações levantadas durante o processo de trabalho na região do Subúrbio Ferroviário, e que se relacionam com o planejamento urbano e a produção dos espaços coletivos. São eles: meio ambiente; saúde; mobilidade urbana; cultura; e criança e cidade.

Educação e Cidade formação e multiplicação EIXO 1

meio ambiente

oficinas

EIXO 2

saúde

atividades

EIXO 3

mobilidade urbana

EIXO 4

EIXO 5

cultura

criança e cidade

reuniões

mutirões

30


encontros

formação

eixo

movimentos multiplicação

embasamento

atividades

1 2

A proposta de formação tem como objetivos centrais a circulação de informação, a articulação de agentes e a mobilização de ações, e está dividida em duas etapas para cada temática. A primeira, com caráter de embasamento teórico, tendo como principais interlocutores os jovens, programada para acontecer durante um turno do projeto socioeducativo. A segunda, mais prática, voltada para a comunidade em geral, e planejada juntamente com os estudantes, com dia e horário a serem combinados. A ideia inicial é que o plano ocorra em cinco meses, sendo desenvolvido em cada um deles, um dos eixos. Ao final do período, pretende-se contribuir para a formação cidadã dos jovens, e também impulsionar a criação de um grupo disposto a multiplicar este processo. A cartografia ao lado, é o ponto de partida para os cinco eixos em Escada, registrada com base na aproximação, conversas e encontros no território, e no mapeamento coletivo realizado anteoriormente (apresentado na parte 1 deste livro). A ideia é, sobre esse mapa, acrescentar, interferir e ver novas leituras ao longo do processo de trabalho aqui proposto.

Reunião Geral Inicial Envolvidos: Grupo Jovens em Rede, Cord. da Escola, Estudantes da FAUFBA, CURIAR/UFBA, demais interessados.

Onde: Escola Comunitária NSE

Duração: 2h (14-16h)

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Antes de iniciar as ações e atividades de cada eixo, pretende-se realizar uma Reunião Geral inicial, onde (re)apresentaremos todo o processo de trabalho proposto aos participantes. Essa primeira atividade se coloca na posição de ponto de partida, abrindo espaço para discussão e modificações, acreditando em um processo aberto, dialógico e não estático. O objetivo deste encontro é estimular a participação dos jovens durante o período de formação, de forma que essas ações, no futuro, sejam multiplicadas autonomamente.


escada: ponto de partida LEGENDA CULTURA Festa de Iemanjá Festa da Padroeira Espaços de cultura Colônia de pescadores Oficina de marcenaria Reciclagem de pneus

SAÚDE

MEIO AMBIENTE

Centros de saúde

Quintais Áreas verdes

MOBILIDADE Estação Ferroviária de Escada Linha Férrea

Denúncias de poluição do mar CRIANÇA E CIDADE

Ponto de Ônibus

Zonas de brincadeiras na rua

Ciclovia

Quadra improvisada

Igreja Nossa Senhora de Escada Escola Comunitária de Escada

CADÊ A UPA? MANIFESTAÇÃO 28/12/2016

Espaço Pedaço de África

UPA de Escada Fechada Chácara de Escada vegetação natural preservada

Hospital Alayde Costa

Centro de Estudos Sofia 0m

NORTE

25 m

50 m


MEIO AMBIENTE A questão ambiental é uma temática que está inserida nos planos e debates voltados para o espaço urbano e suas particularidades. Com os processos de urbanização, o meio ambiente foi sendo substituído, ao longo do tempo, por edificações, vias e calçamentos, de modo à atender aos anseios da ordem capitalista. Dessa forma, para restituir parte do dano causado pela expansão das cidades, é importante que o planejamento adote medidas que estabeleçam um balanço entre o ambiente natural e os espaços urbanizados. No caso do Brasil, observa-se que, 84% de sua população, segundo dados do IBGE, vive em cidades. Esta informação deve ser refletida no planejamento urbano, tornando indispensável a inclusão de áreas verdes nas áreas urbanizadas como maneira de compensar o adensamento populacional (Junior Scheuer e Sandra Neves, 2016). O Estatuto da Cidade e os planos diretores municipais, são exemplos de legislações oficiais que incorporam a temática ambiental no planejamento das cidades. No texto do Estatuto da Cidade, Lei no 10.257/2001, no artigo 2o do capítulo I sobre diretrizes gerais, inclui-se como política urbana para o pleno desenvolvimento das cidades, o seguinte inciso IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.

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Podemos encontrar também a defesa da questão ambiental no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador, elaborado em 2016, no artigo 17 A Política Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável fundamenta-se no direito universal ao ambiente sadio e equilibrado, o que pressupõe o respeito à fragilidade e à vulnerabilidade de todos os seres vivos, o reconhecimento de sua interdependência, além do respeito à capacidade de suporte dos sistemas de apoio à vida como condição indispensável ao estabelecimento de um ambiente humano saudável.

Ainda assim, percebemos a cidade cada dia mais cinza, tornando o espaço urbano insalubre e a saúde de seus habitantes mais crítica. Considerando que a qualidade de vida imprescinde um ambiente saudável, defende-se a adoção de ações de planejamento urbano que garantam a inserção de áreas verdes nas cidades. A carência e/ou ausência das áreas verdes decorrente do (não) planejamento urbano induz [...] ao sedentarismo dos habitantes e a má saúde, fato corroborado pela deficiência de infraestrutura básica, déficit habitacional, dificuldades de locomoção, entre outros quadros de degeneração socioambiental que afetam a qualidade de vida (Junior Scheuer e Sandra Neves, 2016).

Como forma de combater à essa situação, verificamos ações cíveis em comunidades, e por meio de coletivos urbanos, que se propõem a contribuir na recuperação de espaços verdes nas cidades. Em Nova

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Mais de perto... As experiências, aproximações e interlocuções no território revelaram diferentes perspectivas sobre a relação entre os moradores e as questões que se referem ao meio ambiente. Isso pode ser entendido desde os aspectos físicos e naturais do espaço - a proximidade com o mar, as relações com o relevo, os espaços de áreas verdes e vegetações nativas preservadas -, até as ações, mobilizações e denúncias da população. Antes eu ia mais pra praia, mas hoje nem vou mais tanto. É aquela coisa também, hoje em dia o pessoal tá destruindo a praia, joga lixo, deixa a toa... É cada absurdo... Pessoal acha que não vai afetar, mas vai acabando aos poucos com a natureza (Hortência, moradora de Escada).

Em contraponto esse cenário, em Escada e outros bairros mais próximos, como Alto da Terezinha, Itacaranha e Praia Grande, também foi possível perceber diversas iniciativas de cuidado e ampliação do verde na cidade, os quintais e varandas das casas representam bem essa relação. Além disso, projetos como o VER-DE TREM, do Movimento Trem de Ferro -um dos atores sociais aproximados ao longo do processo-, buscam promover a consciência da manutenção e cuidado com a natureza e criar intervenções em pontos próximos às estações de trem. Essa rede articulada de ações se preenche também com iniciativas pontuais, como é o caso de Sidney, morador do bairro de Escada, que vem desenvolvendo trabalhos com materiais reciclados, como pneus e PETs, para produção de canteiros e mobiliários, alguns deles dispostos na rua em que mora. Nessa mesma rua existe também um espaço chamado Pedaço de África, organizado e mantido por Fabiano, um morador que preza pela relação com a natureza e mantém ali um lugar repleto de vegetação e mensagens de cuidado e preservação do verde. Nesse processo de aproximações e compartilhamentos, a Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada apresentou, desde os primeiros encontros, o desejo de transformação e humanização do espaço coletivo que circunda a Escola através da construção comunitária de um jardim e uma horta, que posteriormente se transformou na idealização de um projeto chamado “Jardim de Escada”. Assim, o EIXO MEIO AMBIENTE pretende ampliar o espaço de discussão e valorização da temática, auxiliando nas ações e movimentos de transformação do bairro.

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Paisagem vista desde a Igreja Nossa Senhora de Escada

Um dos canteiros produzidos por Sidney, morador de Escada.

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RIBEIRA

PLATAFORMA ITACARANHA

LOBATO

SÃO JOÃO DO CABRITO

ALTO DA TERESINHA

ALTO DO CABRITO

ILHA AMARELA

LEGENDA Áreas Verdes Rios e Lagos Parque São Bartomaleu Área de Mariscagem Área de Pesca Denúncia de poluição do mar

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Praias condenadas pelo Inema*

*http://www.inema.ba.gov.br/servicos/monitoramento/qualidade-das-praias/

ESCADA

PIRAJÁ

RIO SENA

PRAIA GRANDE


meio ambiente

SÃO TOMÉ DE PARIPE

PERIPERI PARIPE

FAZENDA COUTOS COUTOS CAJAZEIRAS

NOVA BRASÍLIA DE VALÉRIA NORTE

0 km

0,5 km

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1 km


AÇÃO 1 Trazendo a temática do meio ambiente como centro para este encontro de formação, e pensando no fortalecimento de ações alternativas para defesa do ambiente natural e para a melhoria da vida dos moradores do local, convidamos os participantes a pensar e propor outras formas de contribuição para ampliar e preservar as áreas verdes urbanas.

Escola, Envolvidos: ede, Cord. da R m e s n ve /UFBA, Grupo Jo FBA, CURIAR U FA a d s te Estudan ssados. demais intere vidados: Possíveis con tivos, Embrapa le Canteiros Co NSE Comunitária Onde: Escola (14-17h) Duração: 3h

A proposta desta atividade é somar no projeto de sustentabilidade e humanização do Jardim de Escada, idealizado pela coordenação da Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada, trocando ideias e informações. Como metodologia da atividade, pensamos em dividir-la em cinco momentos: 1) Apresentação inicial da programação da atividade, para conhecimento e aprovação por parte dos participantes (10 min). 2) Apresentação e discussão do projeto de sustentabilidade e humanização do Jardim de Escada (45 min). 3) Apresentação da cartilha de Hortas Urbanas, do Instituto Pólis, e da Cartilha para Plantio de Pequenos Jardins Urbanos, do movimento Composta SP. Também levaremos opções de uso de materiais recicláveis e recomendação de algumas espécies para serem plantadas (60 min). 4) Proposição e realização da atividade final. Após a discussão da temática do meio ambiente e da cidade, é a hora de escolhermos coletivamente as espécies que serão plantadas no Jardim, dividir os grupos responsáveis e zonear o terreno (escolher onde cada espécie será plantada) a partir de uma maquete do espaço (50 min). 5) Como última ação deste encontro, vamos apresentar a proposta da próxima atividade, e dividir entre os participantes os preparativos para o início do Jardim, como: divulgar a atividade no bairro; providenciar mudas e ferramentas necessárias; entre outros (15 min).

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AÇÃO 2 Jardim de Escada Envolvidos: Grupo Jovens em Rede, Cord . da Escola, Comunidade do bairro de Es ca da, Estudantes d a FAUFBA, CU R IA R/UFBA, demais intere ssados. Onde: Escola Comunitária NSE Duração: um dia (9-16h)

Partindo dos aprendizados e das experiências compartilhadas durante a atividade anterior, daremos início aos trabalhos para construção do Jardim de Escada. 1) Apresentação da programação do dia para discussão e aprovação geral(10 min). 2) Divisão dos participantes em equipes, a partir do que foi programado e discutido durante o primeiro encontro (10 min). 3) Em seguida, vamos apresentar as mudas, que foram escolhidas anteriormente, ver o que cada um já sabe sobre elas e dividir o que vai para cada canteiro, de acordo com o zoneamento proposto na primeira atividade (10 min). 4) A proposta agora é fazer a locação dos espaços onde serão colocadas as mudas, utilizando para isso barbante, trena e palitos de churrasco (30 min). 5) Feito isso, é hora de pôr as mãos na massa, pegar a enxada e as pás e começar a cavar e plantar (120 min). 6) Pausa para o almoço e para o descanso (90 min). 7) Na parte da tarde iniciaremos com uma oficina de compostagem, utilizando os restos de alimentos do almoço (60 min). 8) Sem demora, hora de semear as flores e cuidar para que elas logo sejam mudas (60 min). 9) Plenária final: pensar as atividades do dia e o que poderia melhorar (30 min).

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SAÚDE Quando pensamos na conformação e estruturação das grandes cidades é de extrema importância levar em conta a saúde de seus habitantes. O planejamento urbano pode e deve ser um dos agentes que auxilia na construção de cidades mais saudáveis, garantindo desde redes de infra-estrutura urbana eficazes até propostas que incluam a participação cidadã, difundindo as informações importantes sobre a temática e as possibilidades alternativas. A promoção da saúde é considerada como um conjunto de ações que envolvem estratégias especiais diferenciadas, a fim de ampliar a autonomia do indivíduo e preparar, coletivamente, cidadãos que interfiram na melhoria do território. Este objetivo, de promover condições para alcançar o bem-estar e a felicidade através de mudanças na organização do território, complementa as propostas do planejamento urbano (Ana Maria Sperandio, Lauro Filho, Thiago Mattos, 2016).

Com o objetivo de trazer o diálogo sobre esse tema à todos os setores da sociedade, o Ministério da Saúde, em 2006, lançou a Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS), onde foram apresentados os Textos Básicos de Saúde e algumas estratégias para sua implementação democrática no território. Dentre essas estratégias temos a inclusão da saúde e seus determinantes no desenvolvimento de intrumentos de planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, agendas 21 locais, etc), enfatizando as especificidades e necessidades de cada território. O trabalho em rede, com a sociedade civil organizada, exige que o planejamento das ações em saúde esteja mais vinculado às necessidades percebidas e vivenciadas pela população nos diferentes territórios e, concomitantemente, garante a sustentabilidade dos processos de intervenção nos determinantes e condicionantes de saúde (PNPS, 2006)

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Apesar da importância e urgência de estimular hábitos saudáveis dentro desse contexto urbano contemporâneo, a realidade das cidades muitas vezes são as mais caóticas possíveis. Além da insuficiência do serviço público de saúde prestado pelo Governo, alguns cenários urbanos cotidianos contribuem no adoecimento das cidades e seus habitantes: Mobilidade urbana desordenada, se gastando horas dentro de meios de transporte lotados; Ruas, espaços públicos e moradias insalubres; Poucas áreas verdes e de lazer; Alta densidade demográfica; Insegurança nas ruas, dentre outros.


Mais de perto... A queixa por parte dos moradores do bairro de Escada e região quanto ao descaso e precariedade em relação à Saúde foi algo bastante frequente em nossas conversas. O bairro contava com uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) até o final de 2016, quando teve seu funcionamento encerrado por desregularidade de suas instalações, tornando quase inexistente a oferta de atendimento público de saúde à população no bairro. Como consequência, os moradores de Escada têm que se deslocar para os bairros vizinhos, fator agravante, principalmente, para idosos e pessoas com dificuldade de locomoção. “Aqui tinha uma UPA que fechou. Era o que dava o maior suporte para emergências... Fechou. Um absurdo! Ela funcionou uns 2 ou 3 anos, não tenho certeza. Quando eu era criança não tinha esse suporte de médico pro lado de cá não, aí com o tempo criaram esses postos de saúde, mas também não é muita coisa. Você chega lá no posto, procura um dentista, uma vacina, e não tem. Tinha um posto aqui do lado em Itacaranha, mas não sei nem mais se tá funcionando.” (Benícia, Moradora de Escada).

Assim, o EIXO SAÚDE surge, das discussões e reflexões coletivas, com o objetivo de minimizar a precariedade em torno da saúde pública na região, propondo como alternativa a disseminação de técnicas de auto-cuidado e estimulando a autonomia das pessoas em relação aos seus corpos e bem estar, tanto individual quanto coletivamente. Vale ressaltar que proposições como essa não reduzem a necessidade do poder público de fornecer o acesso ao Serviço de Saúde para a população, por isso, também se propõe debater e ressaltar os direitos do cidadão no que se refere a temática, aumentando o poder de argumentação, reivindicação e garantia dos mesmos. É importante colocar também, que o conhecimento de terapias “alternativas” e naturais, é um caminho que estimula essa autonomia e bem estar, evidenciando como cuidados simples e cotidianos podem reduzir danos futuros, resgatando também tradições ancestrais e de sabedoria popular. Tudo isso pode ainda ser aliado ao Eixo Meio Ambiente, uma vez que estaremos estimulando o uso de elementos naturais como processos terapêuticos, porque não ter seu remédio plantado no seu quintal? Entendemos que a saúde não é apenas “não estar doente”, ter saúde também é estar feliz e bem consigo mesmo, esse é um diálogo que merece cada vez mais visibilidade na sociedade.

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JOANES LESTE

SÃO JOÃO DO CABRITO

SÃO JOSÉ DE BAIXO

BOA VISTA DO SÃO CAETANO

ITACARANHA ALTO DO BARIRI

ESCADA HOSPITAL ALAYDE COSTA

ALTO DO CABRITO

BEIRA MANGUE

RIO SENA

ANTONIO LAZZAROTTO ILHA AMARELA

RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA

ALTO DO CRUZEIRO


saúde

SÃO TOMÉ DE PARIPE

CAPS II - MARIA CÉLIA ROCHA PERIPERI CENTRO DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS

ALTO DE COUTOS II

ESTRADA DA COCISA

JOÃO BATISTA CARIBÉ

ALTO DE COUTOS

FARMÁCIA POPULAR SÉRGIO AROUCA

PARIPE BATE CORAÇÃO VISTA ALEGRE

NOVA CONSTITUINTE

FAZENDA COUTOS III ALTO DO CONGO

HOSPITAL DO SUBÚRBIO

CECY ANDRADE FAZENDA COUTOS

LEGENDA Ciclovia

Farmácia Popular

Hospital

CAPS (Centro de atenção psicossocial)

USF (Unidade de saúde da família) Quadra de esportes Praça Horta urbana UBS (Unidade básica de saúde) Parque São Bartolomeu

NORTE

0 km

UPA (Unidade de pronto atendimento) UPA DESATIVADA Residência terapêutica Maternidade CEO (Centro de especialidades odontológicas)

0,5 km

1 km


Envolvidos: Grupo Jovens em Rede Estudantes da FAUF , Cord. da Escola, BA, CURIAR/UFBA, demais interessad os. Possíveis convidad os Agentes de saúde, : Grupos de Pesqui sa/UFBA Onde: Escola Com unitária NSE Duração: 3h (14-17 h)

AÇÃO 1 Tendo em vista a urgência de discutir e criar estratégias para garantir cidades mais saudáveis e cidadãos mais informados sobre seus direitos e possibilidades de transformação, este encontro pretende construir um diálogo sobre a temática da Saúde nas Cidades.

Nesse sentido, gostaríamos de apresentar a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, produzida pelo Ministério da Saúde, em 2009, que tem como objetivo garantir o acesso democrático aos serviços e ações relacionadas ao tema. A Carta possui uma linguagem acessível permitindo "o debate e apropriação dos direitos e deveres nela contidos por parte dos gestores, trabalhadores e usuários do SUS". Assim, a atividade será dividida nos seguintes momentos: 1) Apresentação inicial da proposta da atividade e abertura à sugestões e mudanças. (15min) 2) Apresentação da Carta dos Direitos dos usuários da Saúde, seguido de espaço para debate com o objetivo de entender quais direitos nos são assegurados pelo Governo e pensar estratégias de como podemos garanti-los. (1h) 3) Em seguida, propõe-se uma dinâmica com o tema "Relação entre cidade e vida saudável". A ideia é dividir os participantes em grupos, para conversar sobre como a cidade pode nos ajudar na manutenção da saúde, individual e coletiva. Cada grupo produzirá um material gráfico que represente suas discussões e que ao final será compartilhado com todos. (1h) 4) A partir do acúmulo dos momentos anteriores, pretende-se cartografar coletivamente tanto equipamentos públicos de saúde utilizados, deslocamentos necessários e problemáticas relacionadas, como também espaços na cidade que auxiliam na manutenção de uma vida saudável (praças, equipamentos de esportes, ciclovias, hortas urbanas e etc). (45min) 5) Por fim, será apresentada a proposta para a próxima atividade, a fim de incluir os participantes na preparação e execução da mesma.

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AÇÃO 2 Saúde Coletiva e Terapias de Auto-cuidado

Envolvidos: . da Escola, em Rede, Cord s n ve Jo o p ru G cada, do bairro de Es Comunidade AR/UFBA, FAUFBA, CURI a d s te an d tu Es ssados. demais intere tya Rodrigues Convidada: Sa SE Comunitária N Onde: Escola dia (9-16h) Duração: um

A partir das discussões e reflexões trazidas anteriormente, e entendendo a relevância de ampliar o conhecimento geral sobre alguns temas relacionados à cuidados e tratamentos alternativos, sob uma perspectiva de disseminar e compartilhar técnicas, propõe-se como atividade uma roda de diálogo aberta para a comunidade. A conversa será conduzida por Satya Rodrigues, psicóloga especializada em terapias de autocuidado e saúde feminina, e abordará dois temas de interesse geral: Saúde coletiva e Terapias de Autocuidado. Assim, a atividade acontecerá nos seguintes momentos: 1) Dinâmica de apresentação geral e introdução dos temas que serão discutidos durante a oficina. 2) Mesa: Saúde Coletiva e Terapias de Autocuidado. 3) Compartilhamento e difusão de experiências e técnicas, entre todos os participantes, relacionadas ao tema apresentando anteriormente. 4) Momento final para avaliação e reflexão da atividade.

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MOBILIDADE URBANA Alguns dos maiores problemas enfrentados pelas grandes cidades atualmente estão relacionados com a mobilidade urbana. Quase diariamente, enfrentamos longos engarrafamentos, transportes públicos lotados e ineficientes, pouca diversidade de meios de transporte e quase nenhuma infraestrutura que estimule práticas não motorizadas, como as caminhadas e bicicletas. Esses problemas se dão principalmente por conta do aumento crescente de veículos privados aliado à baixa qualidade dos transportes coletivos. As grandes cidades da atualidade buscam estratégias para amenizar essa situação. No Brasil foi instituída a Lei 12.587/2012 que estabelece a Política Nacional de Mobilidade Urbana. Esta, por sua vez, passou a exigir que os municípios com população acima de 20 mil habitantes, elaborem e apresentem plano de mobilidade urbana, com a intenção de planejar o crescimento das cidades de forma ordenada. A Lei determina que estes planos priorizem o modo de transporte não motorizado e os serviços de transporte público coletivo. (Cartilha Lei 12587- Política Nacional de Mobilidade Urbana).

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A partir da Política Nacional de Mobilidade (PNM) são elaborados os Planos de Mobilidade para cada município, como forma de planejamento sobre essa temática dentro do Plano Diretor da cidade. No caso de Salvador temos o PlanMob que ainda está em discussão, mas tem o propósito de ser usado como instrumento de efetivação da PNM. De maneira geral, os Planos de Mobilidade visam a acessibilidade universal; o desenvolvimento sustentável das cidades; equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo e uso do espaço público de circulação; prioridade dos modos de transporte não motorizados sobre os motorizados; integração entre modos de serviços de transporte urbano, bem como a priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território. Isso nos leva a entender parte dos processos que estão acontecendo em Salvador, como por exemplo as grandes obras nos sistemas viários, as propostas de integração entre as linhas de ônibus com o metrô, a construção de ciclovias por toda a cidade, a implantação de piso tátil nas calçadas, a construção de novas praças e tantas outras intervenções que a cidade vem recebendo. Mas também nos leva a questionar a maneira com que essas obras têm sido executadas, os processos de concepção dos projetos, a ausência da participação popular, o público alvo dessas obras, assim como a efetividade, a qualidade, etc. Conhecer, analisar e questionar já são passos de um caminho para entender quais são nossos direitos em relação a mobilidade urbana e principalmente, poder reivindicá-los frente aos órgãos públicos. ção; prioridade dos modos de transporte não motorizados sobre os motorizados; integração entre modos de serviços de transporte urbano, bem como a priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território.

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Mais de perto... Quando pensamos no Subúrbio, em Salvador, imaginamos quase como um substantivo composto, involuntariamente acrescentamos uma palavra que não só adjetiva, mas também diz muito sobre o lugar, chamamos de Subúrbio Ferroviário. Essa via férrea fez história na economia da cidade transportando cargas para outros estados; assim como faz parte da história de grande parte dos moradores do Subúrbio, que convivem com a presença do trem, os sons, os trilhos, e a praticidade de um transporte coletivo tão barato. A linha férrea não só é um dos grandes meios de transporte público da região, como faz parte da identidade do Subúrbio Ferroviário. Quando chegamos no Subúrbio, o elemento que nos conduziu a essa aproximação, foi o trem. Por ele desembarcamos em Escada e lá ouvimos muitas histórias dos moradores e da relação deles com aquele território. Ouvimos das viagens até Santo Amaro e do quanto que o trem ainda tem muita serventia, apesar de está sucateado, com frota e percurso reduzidos.

“O trem vem sendo uma mão na roda pro pessoal. Facilita a locomoção. De manhã cedo você pode descer aí e pegar o trem pra trabalhar e é mais barato. A maioria das pessoas aqui pega o trem pra trabalhar. Às vezes até a metade do caminho né, porque só vai até a calçada, depois tem que pegar um ônibus quando chega lá.” (Benícia, moradora de Escada).

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Estação de Trem de Escada.


Relato escrito durante a cartografia coletiva realizada na Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada.

Relato escrito durante a cartografia coletiva realizada na Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada.

Nesse tempo de aproximação com o território, com os moradores e também nas mesas de conversa (organizadas pela disciplina de Atelier 5), tivemos contato com o projeto proposto pela prefeitura para a Orla do Subúrbio e a substituição do trem para o VLT. Conhecemos pessoas e movimentos, como o Trem de Ferro, através de Gilson Vieira; que se mobilizam para conter os avanços dessa proposta que coloca em jogo um transporte barato e a identidade suburbana, implantando um projeto muito mais de interesse privado do que popular, que apresenta ameaças de realocação de algumas pessoas que moram próximas às áreas de intervenção do projeto. Nesse sentido, vale ressaltar que se busca sim uma solução de melhoria para o estado precário atual do trem, mas essa melhoria deve vir acompanhada da participação popular, do respeito à identidade do lugar e à sua realidade social. Por isso, propomos discutir sobre o EIXO DE MOBILIDADE URBANA, com o intuito de entender a importância histórica do trem para os moradores da região; discutir os impactos que o VLT pode causar; conhecer o nosso Plano de Mobilidade e saber quais são os nossos direitos quando se trata desse assunto.

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RIBEIRA

ALMEIDA BRANDÃO ITACARANHA

PLATAFORMA LOBATO

LOBATO

ESCADA

ITACARANHA SÃO JOÃO DO CABRITO

ALTO DA TERESINHA

ALTO DO CABRITO

ILHA AMARELA

MAL. RONDON PIRAJÁ JARDIM ST. INÁCIO

VILA CANÁRIA

ESCADA PRAIA GRANDE

RIO SENA

PRAIA GRANDE


mobilidade urbana

PERIPERI

SÃO TOMÉ DE PARIPE

COUTOS

PERIPERI PARIPE

PARIPE

FAZENDA COUTOS LEGENDA

COUTOS

Linha Férrea

CAJAZEIRAS

Ciclovia Trajetos de Barco Embarcações Ponto de Ônibus Terminal de Ônibus Estação de Trem

NOVA BRASÍLIA DE VALÉRIA

NORTE

0 km

0,5 km

1 km


AÇÃO 1 Entendendo a necessidade de discutir sobre Mobilidade Urbana, essa oficina tem como objetivo compartilhar conhecimentos acerca dos direitos, relacionados ao tema, estabelecidos por Lei Nacional, estimular a discussão sobre as obras/mudanças no transporte que estão sendo executadas na região, além de fomentar a ideia de que a população tem grande potencial de transformação através do conhecimento e do direito à informação.

Envolvidos: Grupo Jovens em Rede Estudantes da FAUF , Cord. da Escola, BA, CURIAR/UFBA, demais interessad os. Possíveis convidad os Professores, Mobici : dade Onde: Escola Com unitária NSE Duração: 3h (14-17 h)

1) Apresentação inicial da programação da atividade, para conhecimento e aprovação por parte dos participantes (15 min) 2) Exibição de vídeo, para um entendimento mais dinâmico que explica: o que é a mobilidade urbana; quais são os problemas e porquê eles acontecem; e como deveria ser. (5min) 3) Apresentação da Política Nacional de Mobilidade, mostrando quais são as diretrizes e o que diz a Lei 12.587/12 - Lei de Mobilidade, a partir da Cartilha elaborada pelo Governo Federal. (30min) 4) Apresentação, junto a um professor convidado, do Plano de Mobilidade de Salvador, que tem como objetivo analisar e comparar o que está acontecendo na cidade com o que é garantido por Lei. Além disso, levantar discussões sobre as intervenções da Prefeitura nos sistemas de transporte e os impactos dessas grandes obras. (Via Expressa, Linha Viva, Metrô, Passarelas, Viadutos, VLT, Ciclovias) (1h30min) 5) Elaboração de um Mapa coletivo que mostre os principais percursos dos moradores (de casa para: trabalho, escola, faculdade, hospitais, familiares, aeroporto, rodoviária, mercado, shopping, locais de lazer) e quais as opções dos transportes públicos, pontuando questões como o tempo de espera, a qualidade, e etc, afim de conseguir visualizar a situação dos transportes coletivos nesse território. (1h) 6) Ao final da atividade, junto aos jovens participantes, pretende-se refletir sobre a atividade realizada e planejar coletivamente a próxima oficina sugerida, abrindo-a para discussões e mudanças, e organizando algumas etapas como: cronograma do dia, contatos e comunicações, produções gráficas, divulgação no bairro e etc.

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AÇÃO 2 E ai, vai de quê?

Envolvidos: . da Escola, em Rede, Cord s n ve Jo o p ru G cada, do bairro de Es Comunidade UFBA, RI U UFBA, C AR/ FA a d s te an d Estu e Ferro, , Mov. Trem d Proj. FotoTrem ssados. demais intere Estação a Escola para d o d in Sa e: d On da Calçada 4-18h) Duração: 4h (1

Essa oficina tem como objetivo relacionar e questionar as diferenças entre alguns dos modelos de transporte que a cidade oferece na região, observando, experimentando e discutindo suas temporalidades, qualidades, ineficiências, dificuldades, perigos e etc. Por outro lado, a atividade busca também colocar os jovens e a comunidade em contato com projetos que incentivam a cultura local e lutam por causas importantes para o Subúrbio, como o Movimento Trem de Ferro, já apresentado ateriormente, e o FotoTrem, um projeto colaborativo de fotografia experimental que olha para o Subúrbio Ferroviário tendo o trem como câmera e laboratório, valorizando esse transporte que é tão importante para a região e mostrando outras perspectivas sobre ele. 1) O ponto de encontro será na Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada, onde nos dividiremos em 3 grupos diferentes. Cada grupo irá para o destino final (Estação da Calçada) com um modelo de transporte diferente: Trem, Ônibus e Bicicleta. 2) Durante o percurso os grupos podem fazer registros sobre o caminho, contabilizando o tempo, observando os espaços e o trajeto. 3) Ao chegar na Estação da Calçada, os grupos poderão compartilhar suas experiências e registros de deslocamento e avaliar as diferenças e semelhanças entre os percursos. 4) Por fim, acontecerá a visita ao FotoTrem, que fica localizado em um dos antigos vagões parados na Estação da Calçada, para uma conversa sobre o projeto, seus objetivos e a relação com o trem. Nesse mesmo ambiente, o Movimento Trem de Ferro, continuará a temática, falando sobre os problemas que estão acontecendo entorno do trem, e principalmente sobre os impactos do VLT, pensando os riscos da implantação deste transporte para os moradores e também para o andamento do projeto FotoTrem.

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CULTURA Para iniciar o debate sobre cultura e cidade, é importante colocar que cultura apresenta diversos significados. Numa perspectiva sociológica, ela compreende os aspectos aprendidos através das interações sociais e da relação com o espaço urbano. Tudo o que nos constrói socialmente, faz parte da cultura a qual estamos inseridos, derivada dos nossos antepassados, e que se desenvolvem nas nossas ações cotidianas e em nossas relações interpessoais - seja em casa, no bairro ou na cidade. Segundo os geógrafos Marcos Saquet e Michele Briskievicz, "o território de referência não é o território que se habita, mas aquele que se habitou ou se conhece através de leituras e memórias. São imagens que nutrem a identidade atual” (2009, p.9). O processo de produção do território, propicia a identidade que temos com o local em que nos desenvolvemos, entendendo-o através da cultura, ou seja, enquanto produto da apropriação do espaço através do imaginário e/ou da identidade sobre o mesmo. Nesse sentido, nosso comportamento social também é a expressão da nossa identidade, e de como nos mostramos diferentes uns dos outros. Entretanto, num contexto mais amplo, percebe-se o predomínio da divulgação de uma cultura hegemônica - em geral proveniente das classes dominantes -, e que se impõe como se abrangesse a todos os cidadãos, suprimindo as outras culturas.

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Há, realmente, uma tarefa, relativa à preservação e a renovação de valores culturais, a ser assumida por todos e por cada um. Essa tarefa, que envolve o experimento de práticas, ultrapassa as ordens do Estado ou o desenho de políticas sociais por agências multilaterais e entidades da sociedade civil. Trata-se de um dever de compartilhamento, que emerge na vida diária e no lugar, mas também em sintonia com a potencial fraternidade, sem limites geográficos, trazida pela empiricização do mundo (Ana Clara Torres Ribeiro, 2005, p.418, grifos nossos).

Nesta perspectiva, existem algumas iniciativas populares que dão visibilidade e fomentam culturas não hegemônicas, como é o exemplo do Acervo da Laje, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Os idealizadores deste espaço, reúnem obras concretas, e realizam debates acerca da produção artística e cultural do Subúrbio, buscando a "[...] quebra da invisibilidade da história do Subúrbio Ferroviário de Salvador, devolvendo-o à Cidade da Bahia, pertencendo a Ela, com direito à visibilidade de obras e artistas que foram esquecidos por fatores mercadológicos, sociais e culturais” (FERREIRA SANTOS, 2014, p.15). No sentido da divulgação e valorização cultural, programas como o Mais Cultura nas Escolas, promovido pelos Ministérios da Cultura e da Educação, pretendem estimular parcerias entre instituições de ensino e agentes culturais em comunidades locais. São objetivos desse projeto, 1. Reconhecer e promover a escola como espaço de circulação e produção da diversidade cultural brasileira; 2. Contribuir com a formação de público para as artes e ampliar o repertório cultural da comunidade escolar; 3. Desenvolver atividades que promovam a interlocução entre experiências culturais e artísticas e o projeto pedagógico de escolas públicas de Educação Integral; 4. Promover, fortalecer e consolidar territórios educativos, valorizando o diálogo entre saberes comunitários e escolares, integrando na realidade escolar as potencialidades educativas do território em que a escola está inserida [...] (BRASIL, 2014, p. 4)

Na Bahia, 46 instituições foram selecionadas para participar da edição do programa, ocorrida em 2014, sendo oito instituições em Salvador. Nessa perspectiva, é indispensável considerar o papel da educação na valorização da cultura, enquanto patrimônio social, acreditando na introdução de debates e atividades que favoreçam esse processo. Assim, "[...] uma das tarefas fundamentais reside no diálogo permanente e construtivo de saberes e conhecimentos ancestrais com a parte mais avançada do pensamento universal, em um processo de contínua descolonização da sociedade" (Alberto Acosta, político equatoriano, 2012, p.201).

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Mais de perto... Ao longo do processo de aproximação do território e interlocução com os moradores do bairro de Escada, pudemos ouvir e observar a expressão de um modo de vida tranquilo e uma cultura de rua muito marcada, sobretudo nos finais de semana, quando presenciamos crianças brincando, pessoas nos bares e outras sentadas nas portas das casas. A relação com o mar também é forte e, por vezes, esquecemos que estávamos numa das maiores metrópoles brasileiras. Ouvimos ainda, relatos que remetem à antigas tradições locais, passadas por gerações, e cultivadas até os dias atuais, como a Festa da Padroeira Nossa Senhora de Escada, no mês de novembro, que percorre as ruas do bairro, e também a Festa de Iemanjá, que acontece em fevereiro, na praia do local. Há, ainda, um sentimento de orgulho em relação à pequena Igreja de Nossa Senhora de Escada, que é um símbolo concreto da história do lugar. Essa igreja aqui é uma das mais velhas do Brasil. Um padre jesuíta descansou aí, o pulmão dele tava fraco e ele descansou aí. Dá pra ver nas lápides da igreja que ela é super antiga. Essa igreja aqui não é divulgada, mas é tão antiga. Ela é tombada, mas não tem alguém que ajude a conservar essa igreja, a gente que tem que dá conta (Seu Herquelau, morador de Escada).

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Vista da praia de Escada, desde a Igreja.


Ferramentas e peças de Seu Nilton

Igreja Nossa Senhora de Escada

Caminhando, encontramos com pessoas que realizam ofícios tradicionais da região, e que nos contaram suas experiências no bairro. Elas podem ser vistas como símbolos de resistência destas antigas atividades, a exemplo de Seu Nilton - artista, marceneiro e arqueólogo, como ele mesmo se define. Suas obras revelam a beleza extraída da matéria bruta, e a suavidade nas suas curvas. Além deste, conhecemos Seu Sidney, que transcende nos cuidados com seu jardim, e toma a frente quando o assunto é cuidar dos espaços verdes de Escada. Utilizando materiais recicláveis, ele desenvolve uma série de produtos voltados para essas pequenas áreas do bairro, deixando-as mais bonitas. Percebemos também o uso da arte como meio de formação das crianças do bairro e região, como na Biblioteca Paulo Freire, que desenvolve uma série de atividades relacionadas com a leitura, teatro, dentre outros campos. Ações semelhantes também são realizadas na Escola Comunitária de Escada, através do Programa Jovens em Rede. Nessas falas, entendemos o quanto a população local se sente bem no seu modo de vida e nas suas tradições, o quanto se sentem pertencentes ao lugar onde vivem, e na expressão da sua cultura. Nesse sentido, acreditamos na potência de transmitir e discutir a cultura local com as crianças e adolescentes da Escola Comunitária de Escada.

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RIBEIRA

CENTRO CULTURA PLATAFORMA

BABAKAN ALAFIN ASSOCIAÇÃO CULTURAL HERDEIROS DE ANGOLA

GRUPO DE TEATRO DUDU ODARA ACERVO DA LAJE GRUPO DE DANÇA RENASCER DANCE

PLATAFORMA IGREJA INTERNACIONAL DA GRAÇA DE DEUS

ITACARANHA

ASÉ ILÊ OGIYAN AFROXI ILÊ

SÃO JOÃO CIPÓ COMUNICAÇÃO DO CABRITO INTERATIVA LOBATO CENTRO DE CABOCLO BOIADERO

GRUPO 100% AFRO-INDÍGENA

IGREJA CATÓLICA JESUS CRISTO RESSUCITADO GRUPO CULTURAL FACE OCULTA CASA DE GIRO

ALTO DO CABRITO GRUPO DE TEATRO RESISTÊNCIA VIVA

MAL. RONDON

JARDIM CAJAZEIRAS

VILA CANÁRIA

FILHO DO TERREIRO DE ANGOLA

ESCADA

CAPELA NOSSA SENHORA DE ESCADA CASA DE GIRO DO CABOCLO PEDRA PRETA

ALTO DA IGREJA UNIVERSAL TERESINHA DO REINO DE DEUS

MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR DO SUBÚRBIO

!

CENTRO DE REFERÊNCIA

ILHA AMARELA CENTRO DE CABOCLO BOIADERO

PRAÇA DE OXUM

RIO SENA

PARÓQUIA SANTA TEREZINHA IGREJA DEUS É AMOR

ATIM SIBEWI DEWZAMBI

ASSOCIAÇÃO CULTURAL BLOCO CARNAVALESCO ARCA DE OLORUM

PIRAJÁ

JARDIM ST. INÁCIO

BIBLIOTECA PAULO FREIRE

CASA DE GIRO

CAS UMBA

PRAIA GRANDE CENTRO TUPINIQUIM


cultura

SÃO TOMÉ DE PARIPE IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA

LEGENDA

SA DE ANDA

BIBLIOTECA ABDIAS NASCIMENTO

PERIPERI CASA DE GIRO

CENTRO DE CABOCLO REI DAS ERVAS

GRUPO DE CAPOEIRA ONÇA PRETA

Agentes Culturais

CENTRO DE CABOCLO BOIADERO

Espaços de Cultura

GRUPO A CORDA

Avenida Suburbana IGREJA EVANGÉLICA PENTECOSTAL PARÓQUIA S. FRANSCISCO DE ASSIS

Área de Mariscagem FAZENDA COUTOS CASA DE GIRO

COUTOS

Igrejas Evangélicas ASSEMBLÉIA DE DEUS

Igrejas Católicas Festa da Padroeira Terreiros (segundo

mapeamento do CEAO/UFBA)

Festa de Iemanjá Pesca

NOVA BRASÍLIA DE VALÉRIA NORTE

0 km

0,5 km

1 km


AÇÃO 1

Envolvidos: Grupo Jovens em Rede Estudantes da FAUF , Cord. da Escola, BA, CURIAR/UFBA, demais interessad os. Possíveis convidad os: Acervo da Laje, re presentante da Es cola Estadual Professo r Carlos Barros Onde: Escola Com unitária NSE Duração: 3h (14-17 h)

Entendendo a importância de ampliar as discussões acerca das relações entre cultura, tradições e cidade, e tendo em vista a relevância de valorizar o que se produz localmente, esse encontro de formação propõe levantar informações e debates sobre os seguintes aspectos: valorização dos saberes e fazeres locais; criação, divulgação e difusão da produção artística e cultural do Subúrbio; e promoção de encontros e trocas entre agentes mobilizadores da cultura no território. Nesse sentido, surgiu a ideia de convidar representantes do Acervo da Laje e da Escola Estadual Carlos Barros, para participar da roda de conversa sobre Cultura e Cidade, que abrirá a atividade. O Acervo da Laje, é um espaço, no bairro de Plataforma, que reúne, em suas duas casas, produções artísticas, conteúdos históricos e discussões sobre cultura, beleza e tradições do Subúrbio Ferroviário de Salvador, que por muito tempo, foram invisibilizadas. O Colégio Estadual Professor Carlos Barros, localizado no bairro de Paripe, foi um dos participantes do Projeto Mais Cultura nas Escolas, fomentando o acesso e a valorização da cultura local. Dessa maneira, a atividade será desenvolvida da seguinte forma: 1) Apresentação coletiva dos participantes com dinâmica (15min). 2) Roda de conversa sobre Cultura e Cidade, com participação do Acervo da Laje e representante da Escola Estadual Carlos Barros (90min). 3) Apresentação do atividade Dia da Cultura (15min). 4) Trocas de experiências entre os participantes, contando o que já fez ou já ouviu/leu/soube de alguma experiência que pode contribuir para o debate, e mapeamento de atividades e atores que pudessem ser convidados para a atividade posterior (60min).

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AÇÃO 2 Dia da Cultura

Envolvidos: . da Escola, em Rede, Cord s n ve Jo o p ru G cada, do bairro de Es Comunidade UFBA, RI U UFBA, C AR/ FA a d s te an d Estu ssados. demais intere e Escada Comunitária d Onde: Escola Duração: 1 dia

(9-17h)

O Dia da Cultura reunirá uma série de atividades visando discutir e valorizar os costumes e tradições locais de Escada, e dialogar com outras culturas dentro do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Apresentamos abaixo atividades sugeridas para esta ação: 1) Abertura do evento com a apresentação das atividades que ocorrerão ao longo do dia. (30 min). 2) Roda de conversa sobre memória e tradição com moradores antigos do bairro e o Acervo da Laje (90 min). 3) Oficinas: Slam com o Coletivo Roupa Suja, Grupo Boiada Multicor e Acervo da Laje (60 min) 4) Almoço (90 min) 5) Oficinas de Ofícios: Pesca, Marcenaria, Artesanato, Costura e Cozinha Solidária (180 min). 6) Finalização com Samba de roda com o grupo A Corda. (30min)

Abertura do Evento

manhã

Roda de Conversa: Memória e Tadrição

9:00 - 12:00

Slam - Coletivo Roupa Suja

almoço tarde

Acervo da Laje

Almoço

12:00 - 13:30

13:30 - 17:00

Grupo Boiada Multicor

Pesca

Marcenaria

Artesanato

Costura

Finalização: Samba de Roda com o grupo A Corda

Economia Solidária

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CRIANÇA E CIDADE A relação contemporânea da criança e da cidade é produto de múltiplas contradições, que têm suas reflexões no estudo da arquitetura e do urbano. Enquanto a infância pode ser pensada pela espontaneidade, pela liberdade e pelos trânsitos; as cidades atuais mantêm racionalidades da época moderna, que se intensificam com o neoliberalismo e seus muros. A organização e a distribuição dos espaços, a limitação dos movimentos, a nebulosidade das informações visuais e até mesmo a falta de conforto ambiental estavam e estão voltadas para a produção de adultos domesticados, obedientes e disciplinados – se possível limpos -, destituídos de vontade própria e temerosos de indagações (Mayumi Lima, arquiteta, 1989).

De forma a pensar para além dessas barreiras – físicas e mentais –, e contribuir para a formação de crianças mais livres e atuantes, foram criados projetos e regulamentações que defendem seus direitos e os garantem em leis. Como exemplo, é possível citar o programa da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Cidades Amigas da Criança (Child Friendly Cities - CFC), que busca garantir que os direitos da infância estejam refletidos em políticas, leis, programas e orçamentos.

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ter influência nas decisões!

expressar opiniões!

acessar direitos básicos

Os direitos da criança à cidade incluem: a influência nas decisões à respeito da cidade; a expressão de suas opiniões sobre o tipo de local que desejam; os direitos básicos à saúde, educação, meio ambiente limpo, trânsito seguro, participação em eventos culturais, entre outros. No Brasil, esses direitos estão garantidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), ainda que na prática seja possível notar grandes lacunas no cumprimento deles. No campo da Arquitetura e do Urbanismo, consideramos importante incluir a criança no fazer cidade, no seu planejamento e na sua obra. Deste modo, será viável garantir que a cidade represente também a infância e suas necessidades específicas. Esta inclusão pode e deve ter início na Escola, para que, além do aprendizado da cidadania, eles também possam ser participantes das decisões que os englobam diretamente. Estas escolhas também aplicam-se aos demais espaços que as crianças frequentam, de forma que o ambiente urbano reflita as diversas linguagens da infância. Se o ensino de arquitetura começar pela criança, as cidades têm a chance de receber, no futuro, um olhar mais crítico e apurado de quem a constrói, na busca de melhores soluções urbanas (Bianca Antunes e Simone Sayegh, autoras do livro Casacadabra, 2016).

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Mais de perto... No processo de aproximação com o território do Subúrbio a presença da criança se fez forte e cotidiana nas ruas, nas varandas e nas janelas, sempre marcada pela criatividade e pelo improviso; pela necessidade de transformar os espaços em lugares de encontros e brincadeiras; e pela vontade de explorar todas as possibilidades que esses espaços oferecem. Isso porque são poucos os lugares projetados e pensados, de maneira sensível e justa, para a criança e sua escala. Desde a Avenida Suburbana e sua alta velocidade, um tanto agressiva, até a ausência de áreas de lazer confortáveis e devidamente equipadas. Para além da falta de estrutura urbana e da negligência com a segurança das crianças, durante vários processos de investigação e aproximação com alguns moradores, percebeu-se a ausência de ações de inclusão das crianças nos processos de participação e planejamento do território, nas assembleias e

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Meninos jogando bola na Avenida São Jorge de Escada.


reuniões participativas propostas pelo Estado. Ainda assim, lugares de subversão e invenção foram encontrados pela região: ruas inteiras pintadas de giz , desde amarelinhaa até o ABC; partidas de futebol ao lado da igreja e pipas brincando de desviar dos fios do céu azul. Nesse contexto, os encontros e debates que aconteceram na Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada, com moradores da região, refletiram diversas vezes a discussão sobre os espaços de lazer que existiam, principalmente em relação às crianças, evidenciando uma vontade coletiva de ação e produção de iniciativas que criem espaços mais afetivos e humanizados. Assim, o EIXO CRIANÇA E CIDADE se coloca no lugar de fomentar essas discussões, explorar as possibilidades e se desdobrar em ações urbanas, podendo co-criar os espaços imaginados.

Marcas de giz na Rua Pedra Bonita, no bairro de Escada.

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RIBEIRA

PLATAFORMA

3 LOBATO

1

10

1

6

SÃO JOÃO DO CABRITO

Escolas Estaduais Escolas Municipais Escolas Comunitárias (Jovens em Rede) Áreas de Lazer Parque São Bartolomeu Faixa de praia próprias para banho

1

ESCADA

ALTO DA TERESINHA

3

2

ALTO DO CABRITO

ILHA AMARELA

2

2

LEGENDA

ITACARANHA

PIRAJÁ

RIO SENA 2

PRAIA GRANDE

3


criança e cidade

1

SÃO TOMÉ DE PARIPE

PERIPERI

3

2

7

5

PARIPE

3

FAZENDA COUTOS

10

COUTOS 1

8

CAJAZEIRAS

NOVA BRASÍLIA DE VALÉRIA

0 km

NORTE

0,5 km

1 km


AÇÃO 1

Envolvidos: Grupo Jove ns Estudantes em Rede, Cord. da Esc d ola, demais inte a FAUFBA, CURIAR/U FBA, ressados. Possíveis co Organizaçã nvidados: (Câmara M o da Câmara Mirim de extensão Cunicipal de Salvador) Salvador omucidade ,g (Psicologia rupo de Onde: Esco /UFBA) la Comunit á ri a N SE Duração: 3 h (14-17h)

Tendo a relação entre Criança e Cidade como tema principal desta atividade, e acreditando na potência da contribuição dos mais jovens na política e no planejamento urbano, propomos a construção de um momento para conhecer e debater instrumentos oficiais voltados para eles. Para isso, (re)apresentaremos e discutiremos algumas das definições do UNICEF para este grupo, como o Programa Cidades Amigas da Criança (Child Friendly Cities). Este projeto busca garantir, à nível local, a implementação das resoluções da Convenção Internacional sobre os direitos da Criança, aprovado em 1989, na Assembleia Geral das Nações Unidas. O Brasil foi um dos países que endossou o tratado, incorporando-o na Lei no 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Como forma também de valorizar as opiniões políticas das crianças e adolescentes, a Câmara de Deputados realiza anualmente o projeto Câmara Mirim, com a participação de estudantes do 5o ao 9o ano do Ensino Fundamental. Neste evento, estes assumem o papel de legisladores – apresentam, debatem e votam projetos enviados pelas crianças. Como proposta metodológica para a inserção deste tema, dividimos a atividade em cinco momentos: 1) Apresentação da programação da atividade, para conhecimento e aprovação geral (15 min). 2) Apresentação (para os que ainda não conhecem) do UNICEF, do Programa Cidades Amigas da Criança, do ECA e do projeto Câmara Mirim (45 min). 3) Leitura e discussão conjunta do ECA em tirinhas para as crianças, um guia ilustrado, elaborado pela equipe da Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados, que versa sobre os artigos do ECA de maneira mais dinâmica para os jovens (60 min). 4) Pensar sobre os direitos da criança e do adolescente no Subúrbio Ferroviário, tendo a casa e o bairro como espaços primários da vida social dos mais jovens (30 min). 5) Proposição e realização da ação final. A partir da discussão aproximada sobre a região onde vivem, propomos a elaboração conjunta de uma carta para o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, sugerindo e reivindicando melhorias para o local onde vivem (30 min).

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1

AÇÃO 2

explorar

Caixa Secreta Envolvidos: Grupo Jove ns em Red e, C Comunida de do bairro ord. da Escola, de Escada, Estudantes da demais inte FAUFBA, CURIAR/UFB A, ressados. Onde: Esco la Comunit ária NSE Duração: 4 h (14-18h)

2

criar

3 brincar

A proposta dessa atividade é, em parceria com as crianças do bairro, explorar a cidade e suas potencialidades a partir das brincadeiras de rua. Nesse sentido, acreditamos na importância dos processos de aprendizado através dos estímulos lúdicos, investigativos e exploratórios, junto às crianças, fomentando o processo de desenvolvimento e multiplicação de uma consciência urbana ativa entre elas. A atividade acontecerá em 3 momentos: 1) Partiremos todos juntos à procura de uma caixa secreta, que estará escondida em algum lugar do bairro. Teremos a mão um mapa lúdico para auxiliar na nossa busca, explorando as noções de lugar e escala através do mapa e do olhar mais atento aos caminhos e espaços do bairro. 2) Achamos! A nossa caixa secreta vai trazer para a atividade a temática das brincadeiras de rua. Dentro dela estarão vários materiais (corda, giz, tinta, pincel, garrafas, elástico, bola…) que, através da reciclagem e da criatividade, oferecem diversas possibilidades de construir essas brincadeiras, relembrando e re-imaginando o que já acontece no campinho improvisado próximo ao portão da Igreja de Escada, e nos riscos de giz no asfalto. 3) Depois de explorar e desvendar vários lugares do bairro e descobrir o que tinha na caixa secreta, vamos nos organizar em pequenos mutirões de intervenção e instalação das brincadeiras desejadas nos espaços encontrados. Amarelinha, futebol, balanço, pular corda… E o que mais pintar!

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ENCONTRO FINAL Após a conclusão de todos os eixos, consideramos importante garantir um espaço final de reflexão e crítica sobre todas as atividades desenvolvidas ao longo do processo. Para além da auto-avaliação, acreditamos que esses espaços de compartilhamento auxiliam a redescobrir possibilidades e imaginar novos movimentos,

Envolvidos: Grupo Jove ns em Red e, C Comunida de do bairro ord. da Escola, de Escada, Estudantes da FAUFBA , CURIAR/U demais inte FBA, ressados. Onde: Esco la Comunit ária NSE Duração: 4 h (14-18h)

tudo isso acompanhado de um acúmulo de experiencias e aprendizados, o que ajuda a construir o caminho das ações e multiplicações. Além disso, pensamos também ser importante um momento de territorializar as informações concentradas e reunir as cartografias produzidas propostas durante algumas atividades, no sentindo de ter conhecimento dessas produções articuladas e poder disponibiliza-las. O encontro acontecerá em 4 momentos: 1) Apresentação resumo de todas as atividades que aconteceram e reflexão sobre o processo, reunindo, neste momento, os registros realizados por cada um (60 min). 2) Avaliação das cartografias produzidas e debate sobre as informações acumuladas nelas, assim será possível descobrir possibilidades de articulação dessas informações (60 min). 3) Oficina de produção de sites, levada junto com a proposta de construção de uma plataforma digital que possa reunir os registros, depoimentos e cartografias realizadas, no sentido de documentar e tornar amplo o acesso ao processo desenvolvido (90min). 4) Construção de um cronograma de novas atividades a serem desenvolvidas pelos jovens envolvidos no processos de formação (30 min).

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PERSPECTIVAS É preciso escolher um caminho que não tenha fim, mas, ainda assim, caminhar sempre na expectativa de encontrá-lo (autor desconhecido).

O plano de ações, proposto para ser implementado em colaboração com a Escola Comunitária de Escada, a partir da mobilização de seus jovens, tem, a nosso ver, grande potencial de transformação do espaço-tempo, no local onde será realizado. O fortalecimento de uma consciência cidadã, construída horizontalmente nos diálogos e atividades idealizadas, tem a possibilidade de (re)inserção desses indivíduos no campo de disputa do planejamento urbano e regional, acreditando na importância de participação popular no fazer cidade. Nesse sentido foi definida a abordagem dos cinco temas apresentados neste material - meio ambiente, saúde, mobilidade urbana, cultura e criança e cidade -, delineados com base na interlocução com o território de Escada, e do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Tendo como objetivo inicial contribuir na formação desses jovens, consideramos que esta construção será alcançada ainda durante o processo, nos cinco meses previstos para a capacitação dos temas apresentados, correspondendo a fase 1 de projeção do alcance deste plano. Durante este tempo, e também após ele, entende-se que as ideias apontadas, e debatidas, serão compartilhadas, pelos jovens, em suas casas, bairros e escolas, estimulando microintervenções ou outras ações pontuais nesses espaços, sendo esta a fase 2. Assim, na fase 3, outras pessoas, que não tiveram contato direto com o processo de formação na Escola Comunitária de Escada, terão acesso às informações e outras ações realizadas, contribuindo também para a transformação de outros espaços do Subúrbio. Essas escalas de projeção de alcance do projeto, estão inseridas na expectativa de multiplicação dessas ações, que deve ocorrer a partir da circulação de informações, articulação de novos agentes e mobilização de outras ações.

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escolas envolvidas: Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada

Escola Comunitária Nova Constituinte

ITACARANHA

ESCADA

Escola Comunitária São José Operário Escola Comunitária

ALTO DA TERESINHA

N. Senhora Medianeira

SÃO JOÃO DOEscola CABRITO Comunitária

ILHA AMARELA

Vinte de Novembro

LEGENDA Fase 1 Fase 2 Projeções para as casas Projeções para as escolas Fase 3

PIRAJÁ

RIO SENA

PRAIA GRANDE


possíveis escalas de alcance do projeto

SÃO TOMÉ DE PARIPE

PERIPERI

PARIPE FAZENDA COUTOS COUTOS CAJAZEIRAS

NOVA BRASÍLIA DE VALÉRIA

NORTE

0 km

0,5 km

1 km


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criança e cidade ANTUNES, B.; SAYEGH, S. São Paulo: Pistache Editorial, 2016. Link: https://www.pistacheeditorial.com.br/casacadabra. ARAUJO, A. L. C. Algumas reflexões sobre direito da criança à cidade e participação nos espaços públicos. Apresentado no urbBA [17], Salvador, 2017. BRASIL. ECA em tirinhas para as crianças (livro I). Brasília: Câmara de Deputados, 2008. BRASIL. Plenarinho: o jeito criança de ser cidadão. Câmara Mirim. Link: https://plenarinho.leg.br/index.php/camara-mirim/. CLASEN, C. M; ROCHA, E. Deslocamentos entre o Direito à Cidade e a urbanidade contemporânea: crianças e suas corporalidades. Apresentado no XVII ENANPUR, São Paulo, 2017. LIMA, J. D. O que muda quando as crianças são incluídas no planejamento urbano. NEXO JORNAL, 2016.Link:https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/05/16/O-que-muda-quando-as-crian %C3%A7as-s%C3%A3o-inclu%C3%ADdas-no-planejamento-urbano. UNICEF. Child Friendly Cities. http://childfriendlycities.org. Nova Iorque, 2018. AZEVEDO, C.; Sant’Anna, J. “Zonzo: investigadores urbanos”: um dispositivo de apreensão urbana construído em parceria com crianças residentes no Morro da Babilônia, Rio de Janeiro. Apresentado no urbBA [17], Salvador, 2017.

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PARTE 3


AÇÕES REALIZADAS

1

cartografia coletiva

Durante o desenvolvimento do planejamento aqui apresentado, foram realizadas algumas oficinas e ações propostas junto a comunidade e alguns agentes sociais atuantes no território. A primeira delas foi uma cartografia coletiva, apresentada anteriormente na Parte 1 deste material, que envolveu integrantes da Escola Comunitária Nossa Senhora de Escada, do grupo Jovens em Rede e um representante do Movimento Trem de Ferro. Essa atividade se caracterizou como ponto de partida para as próximas, que acabaram sendo influenciadas pela potência encontrada no simples gesto de cartografar a luta de dois importantes agentes do Subúrbio Ferroviário de Salvador. A cartografia foi construída através da projeção do mapa do Subúrbio na parede, coberta de papel metro, e posterior intervenção coletiva, com desenhos, ícones, frases, conexões e outras várias informações que ao final foram reunidas no site cartografamos.wix.com/cartografamos. Dessa conversa surgiu a urgência de pensar em uma estratégia de visibilidade daquelas discussões, assim o site foi elaborado como um instrumento para ampliar o alcance desses debates, como é o caso do projeto do VLT, que ignora questões históricas, culturais e sociais do local, surgindo reivindicações por parte da população, dentre elas: 1. O valor da nova passagem, que será quase 7 vezes maior que o atual. 2. Considera-se desnecessário a implantação de um carro que precise de novos trilhos (com bitola larga) sendo que os trilhos atuais estão em bom estado. 3. Mais atenção aos impactos sociais causados pela implantação dessa obra, já que alargar os trilhos irá impactar diretamente em casas que atualmente estão próximas à ferrovia. 4. Avaliar outros sistemas baseados na bitola atual dos trilhos, causando menos impactos e reduzindo os custos mencionados até agora. 5. Preservar as histórias e memórias que o trem carrega.

79


80


2

eixo meio ambiente

A segunda etapa realizada foi a realização das atividades relativas ao eixo Meio Ambiente, que incorporou o projeto "Jardim de Escada", já pensado pelas coordenadoras e colaboradores da Escola. Essa etapa aconteceu através de 3 encontros, e não apenas dois como previsto no planejamento descrito, visto que a quantidade de pessoas envolvidas variou bastante e o volume de trabalho se mostrou maior que o esperado.

1

0

encontro

2

0

encontro

º Dinâmica "O fio de barbante", com objetivo de mostrar a importância da coletividade, apresentar

º Apresentação, por parte da Escola, do projeto de huma-

os participantes e suas expectativas sobre o dia.

nização do Jardim de Escada.

º Apresentação da cartilha de Hortas Urbanas, do

º Discussão sobre os objetivos e expectativas do projeto.

Instituto Pólis e de espécies recomendadas para

º Roda de conversa acompanhada de Lais Leitão,

aquele local. Também foi levado algumas opções

mestranda do PPGAU-UFBA com enfoque no estudo de

de uso de materiais recicláveis para compor os

hortas urbanas.

objetos e espaços desejados.

º Elaboração de um desenho que reuniu as primeiras

º Divisão dos participantes em dois grupos de

ideias de setorização e organização dos espaços do

trabalho: (1) cadastro dos canteiros internos para

Jardim (horta, canteiros laterais, área das flores e etc)

implementação da horta e (2) setorização dos espaços externos e escolha das espécies, através de

3

0

encontro

uma maquete do local.

º Dinâmica "Alongamento": realizar a apresentação dos participantes em paralelo a movimentos de alongamento, estimulando e dando energia para o cronograma do dia. º Divisão dos participantes em dois grupos de trabalho: interno (horta) e externo (jardim). Ambas as equipes realizaram a limpeza e preparação do terreno, setorização/disposição das espécies e plantação.

81

º Encerramento da atividade: Roda de música.


1 encontro 0

2 encontro 0

82


3 encontro 0

83


MULTIPLICAÇÃO As ações realizadas, durante os processos de trabalho para o desenvolvimento deste livro, foram muito importantes na construção da relação estabelecida entre comunidade e universidade, revelando a força de uma atuação coletiva. Nesse sentido, após a realização das atividades do Jardim de Escada, já aconteceram mais 3 mutirões organizados, divulgados e executados pela comunidade. Essa dinâmica representa o sentido da multiplicação, que é um dos objetivos apresentados nesse projeto. Acreditamos na potência de trabalhos desenvolvidos de forma participativa e democrática, permitindo construir processos de autonomia entre os participantes. As fotos a seguir foram registradas por Giovani Silva, coordenadora da Escola.

84


CARTILHAS E MATERIAIS DE APOIO s dos usuários

Carta dos direito

da saúde.

Programa mais cultu

ra nas escolas

Cartilha para plantio de pequenos jardi

ns

ECA em ti

rinhas para

85

crianças

ra

b Casacada


.. nua. cont i Salvador, fevereiro de 2018.


AUÊ Articulações Urbanas em Escada Subúrbio Ferroviário de Salvador


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