fรกbrica
TOSTER um projeto coletivo
Realização:
MSTB
Movimento dos Sem Teto da Bahia
Apoio:
Agradecimento especial a todas as moradoras e moradores da Comunidade Toster pelo acolhimento, entusiasmo e tempo dispensado nas ações propostas para o bom desenvolvimento deste projeto. Aos representantes do MSTB que nos acompanharam e guiaram neste processo, aos colaboradores pesquisadores, bolsistas e professores pelo empenho e dedicação nas diferentes e desafiantes etapas realizadas. E a todos que de alguma maneira participaram e acreditaram na construção coletiva deste trabalho.
sumário Apresentação O território Comunidade Toster População
04 06 10 12
Processo Participativo Oficinas Mapa de usos O projeto Pojeto paisagistico
14 16 20 22 30
Outras ações Memórias em vídeo Disciplina de extensão Oficina de reciclagem Montagem dos móveis Registros audiovisuais
32 33 34 35 36 37
apresentação Esta cartilha apresenta a experiência do processo participativo para a construção coletiva de um projeto de equipamento comunitário como possibilidade de reciclagem de interesse social da ruína da antiga Fábrica Toster e seu entorno, no bairro de Lobato em Salvador. É fruto de um trabalho realizado a partir da interação entre universidade-comunidade-movimento social, mais precisamente entre o projeto Vazios Construídos, sediado no grupo de pesquisa Lugar Comum da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, a Comunidade Toster e o Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB). Tal projeto é realizado no âmbito de uma pesquisa mais ampla intitulada « Reciclagem de vazios construídos em áreas urbanas centrais. Uma tecnologia social aplicada ao caso de Salvador, Bahia », financiada pelo Ministério de Educação através do programa Ciência Sem Fronteiras/CAPES entre fevereiro 2015 e janeiro 2018. A pesquisa Vazios Construídos, através de lideranças do MSTB, entrou em contato com a comunidade Toster no ano de 2016, tendo como objetivo a construção de um projeto experimental a ser desenvolvido conjuntamente visando a ressignificação da ruína da fábrica e do seu entorno. Desde então, através de oficinas comunitárias iniciou-se um processo de conscientização do potencial da ruína da fábrica para abarcar demandas concretas elencadas pelos moradores por espaços comunitários, entre eles, áreas para lazer, formação, trabalho, espaço específico para crianças, biblioteca, depósito de material reciclado, oficinas, salão de festas e horta comunitária. O trabalho, que durou quase dois anos, resultou em um intenso processo de trocas de experiências, de formação e de produção de um conhecimento comum, compartilhado entre todos os envolvidos. Esta cartilha apresenta esse processo construído de forma gradual e participativa, até o desenho do projeto coletivo para a fábrica e seu entorno.
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texto de wagner
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o território A comunidade Toster, sinalizada no mapa ao lado, está localizada no bairro do Lobato, entre a movimentada Avenida Afrânio Peixoto, principal via de acesso ao Subúrbio Ferroviário, e a Avenida Beira Mar do Lobato, que envolve parte da Enseada do Cabrito, região simbólica em aspectos sociais, culturais e econômicos. A comunidade leva esse nome por ter ocupado primeiramente o edifício abandonado e atualmente os arredores da antiga Fábrica Toster. A região do subúrbio ferroviário onde se situa a comunidade Toster possui 15 bairros e abriga cerca de 10% da população soteropolitana, o que significa aproximadamente 290 mil pessoas (CENSO 2010). De maneira geral, o território apresenta inúmeros problemas referentes à infraestrutura urbana, com dificuldades de acesso a saneamento básico e a coleta de lixo, assim como um sistema de transporte público insuficiente e precário. Desde uma outra perspectiva a região é cercada por belíssimas praias e grandes espaços de áreas verdes, como o Parque São Bartolomeu, próximo ao local onde se situa a Comunidade Toster. O Subúrbio também é lugar de diversas manifestações e agentes culturais, que atuam com o objetivo de fomentar tradições populares e a cultura local. É um território que tem sua história associada a um contexto de lutas e resistências por parte da população que cotidianamente se organiza e se movimenta para gerar mudanças sociais efetivas no espaço.
ribe
salvador
bonfim
massarand
boa viagem roma
6
uruguai
eira
duba
plataforma parque são bartolomeu
estação alameda brandão
pirajá toster
lobato
alto do cabrito
marechal rondon
penísula de itapagipe
estação lobato
capelinha
legenda
são caetano Linha Férrea
NORTE
Estação de trem
Av. Afranio Peixoto Trajetos de barco
Toster
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A antiga fábrica Toster Lobato fazia parte de uma concentração industrial relativamente densa presente na Península de Itapagipe e no Subúrbio Ferroviário. A península e o subúrbio tornaram-se territórios da atividade fabril por conta da relativa proximidade com o centro – viabilizada pela linha férrea, inclusive – e por comportar terrenos com preços mais acessíveis à atividade fabril. A Toster Lobato, entretanto, não fez parte do apogeu do processo de industrialização na referida região, que se dá até a primeira metade do sec XX. Ela foi aberta justamente em meio ao descenso da fase industrial soteropolitana. Era uma de quatro fábricas do grupo Toster. A mesma somente fechou as portas na década de 1990 – quando a decadência da centralidade industrial em questão já estava consolidada – imergindo assim no mundo da necessidade da população pobre estabelecida no Subúrbio Ferroviário. De acordo com o atual Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador, a área da Toster se situa dentro da macroárea de restruturação da borda da Bahia de Todos os Santos, definida no art. 145 do PDDU (Lei 9069/2016) como “estratégica para o desenvolvimento urbano de Salvador por sua posição geográfica em relação à Baía de Todos os Santos e à Baía de Aratu, que apresentam condições propícias para atividades náuticas e portuárias e outras relacionadas à economia do mar, mas, também, pela necessidade do resgate urbanístico, econômico e social dos bairros que formam conjuntamente um extenso bolsão de pobreza, no qual são deficitárias as redes de infraestrutura e a provisão de equipamentos e serviços públicos, configurando um quadro de grande vulnerabilidade urbanística e social”.
Ainda segundo o PDDU, o terreno da Toster se encontra em Zona Especial de interesse social ZEIS-4, que
“correspondente aos assentamentos precários ocupados por população de baixa renda, inseridos em APA (Àrea de Proteção Ambiental) ou em APRN (Áreas de Proteção de Recursos Naturais), localizados em áreas públicas ou privadas, nos quais haja interesse público em promover os meios para a regularização fundiária e recuperação ambiental, considerando a legislação específica vigente”.
Hoje grande parte do terreno da Toster ocupado pertence a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), e está situada inclusive em área prevista para Operações Urbanas Consorciadas pelo atual PDDU, e próxima ao traçado do projeto do VLT- Veiculo Leve sobre Trilho, zona portanto de conflito de interesses. Tal área pode vir a sofrer uma forte pressão especulativa nos próximos anos, o que ameaçaria a permanência da comunidade Toster neste lugar.
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comunidade toster No início dos anos 2000, em seguimento a décadas de luta por melhores condições de moradia na Bahia e no Brasil, as populações sem teto se organizam em novos movimentos sociais e ocupam espaços abandonados pelo capital. É precisamente em 2006 que a Fábrica Toster, desativada e abandonada desde a década de 90, é ocupada por uma centena de moradores sem teto, reanimando esse espaço pela vida e necessidade dos seus novos habitantes. O Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB, na época ainda associado ao MSTS) é o movimento social que organiza e efetiva a ocupação. Inicialmente instalados no próprio prédio, os moradores aos poucos vão se transferindo e ocupando o terreno no entorno imediato da fábrica, construindo ali suas residências que progressivamente serão consolidadas. Atualmente 74 famílias vivem na comunidade Toster e constituem ali espaços improvisados de lazer e convivência, tecendo redes sociais que possibilitam ajuda mútua e fazem com que se sintam totalmente territorializadas naquele espaço.
Av. Beira Mar do Lobato
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antiga fábrica
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COMUNIDADE TOSTER
Rua Abel
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NORTE
11
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POPULAÇÃO
1- Gilmara e Joel 2- Josete, Ícaro, Italo e Tatiane 3- Antônio 4- Magnólia e Alex 5- Celina 6- Cristina 7- Queizinha 8- Sivaldo e Greiciliane 9- Milena e esposo 10- Djalma 11- Claudia e Sérgio 12- João de Deus 13- Josiane, Lindomar e Vitor 14- Edson 15- Panga 16- Solange e Agma 18- Lais e Lucas 19- Iraci e Andrea
N%
N%
HOMENS
MULHERES
N%
CRIANÇAS
N%
IDOSOS
N%
ADOLESCENTES
N%
ADULTOS
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FÁBRICA TOSTER
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42
4
38- Gilene, Eduardo e Gilmar 39- Sílvio 40- Alba 41- Tais, Douglas e filha 42- Jorge e Rosa 45- Wesley 46-Pauliane, Josevaldo, Cleiton e Paloma 47- Rose 48- Silvio 49- Domingues 50- Rita 52- Alda 53- Luis Ricardo, Elinei, Lucas e Emanueli 54- Renildo 56- Andrea, Lenilson e Ismael 57- Carleia, Breno e Jaiane
20- Livia e Evelin 21- Tatiane e Roberval 22- Danilo, Juliana e Maria Julia 23- Luzia e Maria 24- Claudio, Patricia e João 25- Janete, Emili e Henrique 26- Edson 27- Eliete, Juan, Vinicius e Ingrid 28- Edna e Douglas 29- Celestino e esposa 30- Jean, Karine, Jonathan e Caroline 31- Danga 32- Daniela, Icaro, Tailane e Joadson 33- Clovis, esposa e filha 34- Robson, Estela e 3 filhos 36- Wallace
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legenda:
2
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MULHER
1
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41
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58- Maicon e Eli 59- Jamile, Carlos, Carlos Daniel e Damaris60- Joel 61- Hildebrando, Icaro e Murilo 62- Fabiana 63- Gilmara, Geovani e filha 64- Marluce, Uilson, Danilo, Daniela, Jenifer e Isaque 65- Claudia 66- Alex 67- Luis 68- Eliana e Gabriel 69- Luciana 70- Liliane, esposo e filho 71- Filho, esposa e filho 72- Cristina
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HOMEM
CRIANÇA / ADOLESCENTE
IDOSO
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47 74
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72 71
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69 68
67 66 65
63 64
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processo participativo Um projeto comum foi sendo gradualmente construído mediante diálogo entre a universidade, a comunidade Toster (que conectava o projeto à escala local) e o MSTB (que conectava o projeto às escalas metropolitana, estadual e mesmo nacional). Através de encontros e oficinas, os anseios, necessidades e desejos da comunidade surgiam e eram discutidos, ao mesmo tempo em que se revelavam as relações cotidianas e modos de viver daquele grupo social. O projeto acompanhava a evolução das demandas tanto da comunidade como do movimento social e se transformava à medida que as ideias, conjuntamente, eram amadurecidas. Pensar possibilidades que incluam a comunidade no processo de criação do projeto também significa pensar ferramentas que possibilitem essa participação de forma efetiva. Frente à complexidade de um desenho técnico arquitetônico, desenvolvemos algumas atividades que colaboraram para a apropriação da planta arquitetônica pelos moradores. Uma delas, na realização do cadastro do espaço, tomando as medidas da fábrica com a ajuda de alguns dos moradores e explicando-lhes a passagem ao desenho na fermenta digital autoCAD. Depois, para a definição do programa, a abstração do desenho arquitetônico – plantas, cortes e fachadas – foi traduzida em uma atividade na qual os ambientes propostos pelos moradores eram marcados no piso da fábrica em escala 1:1.
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O que na planta era uma linha preta representando uma parede, por exemplo, na atividade se transformava em uma fita que, fixada em um dos pilares, se desenvolvia pela fábrica conformando os futuros espaços. Desse modo, os próprios moradores definiam a dimensão dos lugares que seria necessária para a realização das atividades. Essa atividade possibilitou uma nova relação dos moradores com a espacialidade da fábrica, dando mais concretude ao espaço da planta a ser projetada. Outra metodologia de trabalho foi através do uso de uma maquete da fábrica, possibilitando os moradores a apropriarem-se visualmente da totalidade da construção, sem precisarem se deslocar no espaço. Essa visão global facilitou compreender uma primeira distribuição do programa no edifício, comparando os diversos pavimentos entre si em termos de extensão e também possibilidades de iluminação e ventilação. Comparações que ajudavam a definir e redefinir coletivamente as demandas.
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oficinas linha do tempo OFICINA 3
Apreensão do entorno
19/11/2016
OFICINA 1 Árvore dos desejos
10/09/2016
set/2016
out/2016
OFICINA 2
Apresentação da Pesquisa Vazios Construídos
22/10/2016
16
nov/2016
OFICINA 5
Definição coletiva dos espaços e usos
21/01/2017
nov nov/2016
jan/2017
OFICINA 4
Cartografia coletiva (mapa de usos) + Produção de amarelinha com as crianças
26/11/2016
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OFICINA 7
Verificação do programa a partir da maquete
18/03/2017
fev/2017
mar/2017
OFICINA 6 Consolidação dos espaços e usos
18/02/2017
18
abr/2017
OFICINA 8 Conversa em torno dos primeiros estudos
01/04/2017
OFICINA 9
Possibilidades através da recilagem
29/04/2017
abr/2017
jun/2017
OFICINA 10
Revisão e aprovação do projeto pela comunidade
29/06/2017
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mapa de usos A relação dos moradores da Toster com o território e o suporte de serviços e equipamentos disponiveis na região foi sistematizada no mapa ao lado, que foi construído junto aos moradores na oficina 4 (mencionada anteriormente). A partir das aproximações e apreensões realizadas durante essa atividade, foi possível perceber a paisagem onde as trajetórias individuais dos moradores atravessavam, entendo suas relações com os espaços que atendiam as suas necessidades relacionadas a alimentação, assistência médica, momentos de lazer, redes de trabalho, dentre outros. As distâncias e caminhabilidades também surgiram como uma questão importante, já que a grande maioria da população da Toster se locomove principalmente a pé. A produção coletiva do mapa de usos auxiliou na realização do projeto da própria fábrica, uma vez que foi possível entender quais equipamentos de serviço e lazer a comunidade já possuía, assim como suas distâncias e dificuldades de acesso, e quais equipamentos não existiam na região.
legenda EDUCAÇÃO
RELIGIOSO
E01 - Escola Municipal Ivone Vieira Lima E02 - Projeto Semear e Quadra de Esporte E03 - Escola Municipal Geraldo Bispo E04 - Centro Educativo João Paulo II E05 - Escola João Paulo II E06 - Creche João Paulo II E07 - Curso no São Bartolomeu (Karatê, Futebol, Teatro, etc.
R01 - Igreja Batista N. Primavera R02 - Assembléia de Deus R03 - Igreja Avante por Cristo R04 - Igreja Juízo Final R05 - Candomblé
LAZER L01 - Praias da Ribeira/Cantagalo (2km) L02 - Praias de Tubarão/Cocisa/Base Naval L03 - Futura Área de Lazer L04 - Praia da Barra (13km)
saúde S01 - Posto de Saúde S02 - USF Beira Mangue
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TRANSPORTE P01 - Ponto de Ônibus Boiadeiro P02 - Ponto de Ônibus Casinhas P03 - Sinaleira e Faixa de Pedestre P04 - Ponto de Ônibus São Bartolomeu P05 - Ponto de Ônibus
toster
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Poligonal da comunidade
L04
04
E07
L02
1.5km
P04 S02 P05
E03
1km
E02 r02 E04
L01 P03
S01
E05
E01 E06 P02
P01
0.5km
L03
r01
r03
r05
NORTE
toster
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Biblioteca
o projeto O projeto foi coletivamente construído através de um processo de aprendizado mútuo, que contribuiu para ampliar os campos de visão de todos os envolvidos, abrindo novas e inesperadas possibilidades para o lugar e atendendo uma grande diversidade de usos: um espaço para as crianças; um centro de formação e capacitação com auditório, sala de informática, biblioteca e sala de estudos; um ateliê de costura e artesanato; uma oficina de marcenaria e serralheria; seis baias para armazenagem de material reciclado; cozinha, lavanderia e horta comunitárias; praça, área de lazer e de esportes; um albergue com capacidade para 40 pessoas e, na cobertura, um amplo salão de festas com vista para a Baía de Todos os Santos!
Espaço de apoio às crianças
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Centro de Formação e Capacitação
Sala de Informática
Ateliê de Costura e Artesanato
Marcenaria e Serralheria
Baias de Reciclagem
Horta Comunitรกria
Cozinha Coletiva Lavanderia
Praรงa Quadra Albergue
Salรฃo de Festas
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pavimento térreo
MARCENARIA
ESPAÇO DE APOIO A CRIANÇA
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BAIAS DE RECICLAGEM HORTA
PRAÇA
QUADRA
COZINHA COMUNITÁRIA
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primeiro pavimento
REFEITÓRIO
INFORMÁTICA
SALA DE ESTUDOS
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ÁREA DE CONVÍVIO
ALBERGUE
ATELIÊ DE COSTURA E ARTESANATO AUDITÓRIO
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segundo pavimento
COPA
SALĂƒO DE FESTAS
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SALA DE APOIO
ALBERGUE
PALCO MÓVEL
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projeto paisagístico tecnologias de infraestrutura verde O projeto paisagístico foi desenvolvido a partir da disciplina ARQ 139 - Introdução à Arquitetura da Paisagem, da Faculdade de Arquitetura da UFBA. Oito projetos foram produzidos e ao final se consolidaram em uma única proposta. Após uma leitura de como a comunidade se apropria do espaço - por exemplo o plantio de espécies ornamentais, ervas e temperos - e da constatação de haver pouca arborização, foram propostoas diversas espécies que se adpatam às condições locais para livre escolha dos moradores. Esse projeto, além de pensar funções estéticas e contemplativas é determinante no enfrentamento dos problemas socioambientais urbanos em que a comunidade está inserida. Enquanto parte da rede de espaços públicos, o projeto busca equacionar esses conjunto de questões e incentivar as identidades dos moradores, por meio da apropriação de espaços mais estimulantes e sustentáveis.
LEGENDA PAVIMENTAÇÃO: Pavimentação em concreto
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Área permeável
Piso drenante em concreto
Jardim de chuva
Auxiliam no manejo das águas através da infiltração
Biovaleta
LEGENDA VEGETAÇÃO: Vegetação existente
Tecnologia de infraestrutura verde capaz de filtrar os poluentes por fitoremediação
Horta suspensa
Vegetação para jardins de chuva
Vegetação para arborização
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outras ações Paralelamente as oficinas de projeto participativo, outras ações para atender as demandas da comunidade Toster foram se efetuando. Um vídeo contando a história do lugar a partir das falas dos moradores; uma disciplina de extensão pensando a argamassa armada como técnica construtiva possível de ser reproduzida pela comunidade Toster; uma oficina com material reciclável e material de demolição para a produção de mobiliário para o espaço. O interesse na continuidade do trabalho também abriu portas para outras formas de cooperação, com a Suíça, seja em termos de ensino aplicado, a ser desenvolvido junto à École Polytechnique Fédérale de Lausanne, seja em termos de identificação de novas possibilidades de financiamento para a capacitação de moradores em tecnologias construtivas, em ação conjunta com a Faculdade de Arquitetura e a Escola Politécnica da UFBA.
oficinas de projeto participativo
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disciplina de extensão
oficina de reciclagem
memórias em vídeo
registros audiovisuais
memórias em vídeo “toster: da indústria à ocupação.” Durante as atividades realizadas surgiu a curiosidade e vontade, por parte de todos os envolvidos no processo, de investigar e registrar de alguma maneira a história daquele lugar. Essa vontade se concretizou na elaboração de um vídeo de nome “Toster: da indústria à ocupação”, que através de relatos de vários moradores, e também de ex-funcionários da antiga fábrica, reconstruiu parte da história do lugar, apresentando seus usos e espacialidades desde quando era uma fábrica até quando se tornou moradia e espaço coletivo.
“Quando a gente veio pra Salvador, ele (Sr. Piauí) que tomava conta da fábrica, que era de tecido, ele abria e fechava pro pessoal trabalhar” Lucia (funcionária da fábrica)
“Na época a gente era criança e a fábrica fechou [...] tinha muito maquinário dava pra brincar de pique-esconde, pega-pega, tinha até uma escorregadeira, que era para as roupas e hoje não tem mais ”
“Eu gostaria de melhorar o prédio. Uma escola... Alguma coisa para as crianças que tão sempre ai dentro.” Josiane (moradora)
Cláudio (morador)
“Para poder ter meu lugar próprio, apareceu essa oportunidade da ocupação e eu me joguei de corpo e alma, já vai fazer 10 anos .” Luís Cláudio (morador)
Acesse em: https://youtu.be/Xs21vblbnFc
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disciplina de extensão accs: pré-fabricação na arquitetura
A disciplina, desenvolvida durante os semestres letivos 2016.2 e 2017.1, na Faculdade de Arquitetura da UFBA, propôs experimentar a tecnologia da argamassa armada na elaboração de elementos a serem construídos no projeto coletivo da Toster. A atividade buscou estimular novos objetos de investigação e inovação através da cooperação entre a comunidade e a universidade, aliando ensino, pesquisa e extensão.
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OFICINA DE RECIcLAGEM RECICLAR PARA RECICLAR No decorrer das oficinas de projeto, surgiu a necessidade de pensar na produção de mobiliários e espaços a partir da reciclagem de materiais, que já é um costume cotidiano de alguns moradores, que além de coletar esses materiais e guardar nos espaços da fábrica, também os transformam em objetos para suas casas. Assim iniciaram as preparações para a realização de uma oficina de reciclagem, que aconteceu através da parceria entre a Comunidade Toster (MSTB), Vazios Construídos (UFBa) e o grupo Tectônicas (UFBa). A oficina foi aberta e teve a participação de estudantes, professores, profissionais e moradores da Toster.
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montagem dos móveis reciclar para recilar
Após a construção dos móveis na oficina de reciclagem foi realizada uma atividade junto com os moradores para montagem das peças nos espaços da fábrica, experiemntando e criando alternativas de uso do mobiliário no espaço da Toster.
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registros audiovisuais As atividades realizadas impulsionaram a vontade de produzir diversos materiais audiovisuais para registrar o processo, compartilhar o conteúdo e tornar o acesso à produção desse trabalho mais amplo. Assim, foram desenvolvidos os vídeos apresentados abaixo, que podem ser acessados através dos links correspondentes. Oficina 7 - projeto participativo toster Acesse em: https://youtu.be/Xs21vblbn-
retrospectiva oficinas de projeto - toster Acesse em: https://youtu.be/MLySVgNnqsM
workshop reciclar para reciclar Acesse em: https://youtu.be/svpFfKI2Y-
vídeo de wagner Acesse em: https://youtu.be/svpFfKI2Y-
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PESQUISA VAZIOS CONSTRUIDOS / PROGRAMA CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS – CAPES Coordenador PPGAU / FAUFBA Prof. Dr. Luis Antônio Fernandes Cardoso Coordenador Técnico: Profa. Dra. Ana Maria Fernandes Pesquisador Visitante Especial: Profa. Dra. Olivia Fernandes de Oliveira Grupo de pesquisa Lugar Comum PPGAU / FAUFBa Pesquisadores Bolsistas Shanti Marengo bolsista pós-doc. CAPES Mayara Araújo bolsista pós-doc. CAPES Richard Wiliam Campos Alexandre, bolsista pós-doc CAPES Marcia Reis bolsista doutorado sanduiche SWE CAPES Carolina Fialho Silva, bolsista doutorado sanduiche SWE CAPES Estudantes bolsistas e estagiários Daniele de Oliveira Guedes Diego Santos Moreira Fabiane Green Gabriel Macedo Goes Gabriel Victor Nunes Jones do Nascimento Lara Espinheira e Espinheira Mariana Pardo Nicholas Beloso Rodrigo Sena Voluntários Anna de Carvalho Souza Fabio Mirabelli Marina Muniz Ferreira Mazzy Donato Vinicius Lyra Doutorandos Wagner Moreira Mestrandos André Barros Verônica Vaz Oliveira Barbosa Ana Christina Neves Alves Juliana de Souza Caldas Mel Travassos Sofia Reis Thais Garcia Professores vinculados à pesquisa Ana Gabriela Wanderlei Soriano Akemi Tahara Bau Carvalho Ceila Rosana Carneiro Cardoso Edson Fernandes D'Oliveira Santos Neto, Leandro Cruz, Francisco Gabriel dos Santos José Fernando Marinho Minho Naia Alban Nayara Cristina Rosa Amorim Sergio Ekerman
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COMUNIDADE MSTB TOSTER LOBATO (oficinas) Ademilson Silva Lima Alba Valéria Aldair de santana santos Alexandre dos Santos Aline Aquino dos Santos Andria Oliveira Santos Antônio Marcos Costa Antônio Santos Carine Conceição de Jesus Carine dos Santos da Cruz Carla Santana Conceição Carlos Andrade Paraguassu Celestina Dias de Jesus Celina dos Santos Nascimento Claudio Santos Cleonice de S. Cunha Clóvis Batista de Oliveira Cristiane Custódio Cristina Maria de Jesus Daniela Aquino Daniela Lima Daniela Santos Silva Danilo Fagundes Danilo Góes Vieira Diane Passos Diego Barreto da Silva Djalma Barbosa Santos Edete dos Santos Araújo Edna Barbosa de Paiva Edson de Jesus Edson dos Santos Araújo Elane S. dos Santos Eliete Liberato Elineide Silva Emanuel da Silva Emanuela Barreto da Silva Estela dos Santos Fabiana Santos de Brito Fabiane de Oliveira Nazaré George Ferreira da Silva Gilmar Brito Gilmara Santos Araújo Iasmin de Jesus Ítalo dos Santos Jamille de Jesus Janete da Encarnação Jean Jesus Alves Jilmara S. de Jesus Joanice Maria de Oliveira Joel Barbosa Joseane de Oliveira Lima Josete Barbosa Teixeira Juciara das Neves dos Santos Jucicleide Jesus dos Santos
Juliano Santos Keise da Encarnação Costa Larissa Santos Liliana de Santana Barbosa Liliane Gomes dos Santos Lindomar Santos de Jesus Lívia Santos Teixeira Luciano Duarte Oliveira Luís Alberto Luis Claudio Ferreira Luís Ricardo Silva Luzia A. da Silva Magnólia Manoel Barreto da Silva Marcos Santos de Jesus Marluce Limeira Milena da Conceição Milton dos Santos Miralva Nascimento Murilo Nadyane Santana Santos Olívia Santos Teixeira Osmar Gomes dos Santos Patrícia de J. dos Santos Pauliana Ferreira da Silva Rayane Cristina Rejane Conceição Renildo Soares Jesus Rita de Cássia dos Santos Rita dos Anjos de Jesus Romilda Roquelina A. da Silva Rose de Santana dos Santos Sérgio Santos Solange dos Santos Tatiane Santos Barbosa Valdinei Jesus da Silva Wilson José de Carvalho
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fรกbrica
TOSTER um projeto coletivo
MSTB
Movimento dos Sem Teto da Bahia