O novo normal na Igreja
N
o dia 8 de março de 2020, o Papa Francisco realizou a oração do Angelus na biblioteca do Palácio Apostólico e não da janela de seu escritório no Vaticano, como é feito tradicionalmente. Ele rezou seu primeiro Angelus totalmente on-line, sem a saudação aos fiéis na praça de São Pedro. Não se tratava de uma simples transmissão, ao vivo, era o Papa falando aos fiéis, não mais das janelas do Vaticano, mas da janela do mundo, que é a internet. Quem assistiu, ainda não tinha a dimensão do que representava aquela iniciativa. Mas, os católicos, aos poucos, foram seguindo na mesma direção e as igrejas ao redor do mundo foram fechando as portas à participação dos fiéis em ritos e atividades pastorais diversas, que enchiam templos, corredores, salas de reuniões e de encontros da catequese. No Brasil, e mais especialmente no Rio de Janeiro, onde vivemos, as paróquias foram se adaptando à realidade que se apresentava e que ainda estamos vivendo. A participação nas missas, terços, grupos de oração, estudos bíblicos e outras atividades passaram a ser acompanhadas pela internet. Em casa, cada fiel, passou a rezar com o celular na mão. Mas sabemos (porque vivemos isso), que o que relata essas linhas não representa algo frio e sem efeito. Pelo contrário. Foram (e ainda são) esses momentos de reflexão e oração pela tela do celular que tirou muitas pessoas da depressão, da angústia, da solidão, do medo do desconhecido e deu um novo animo a um povo acostumado a se aglomerar, a abraçar e beijar no rosto até as pessoas que acabaram de conhecer, com a afetividade própria do carioca. Aos poucos, cada lar foi se transformando em uma igreja doméstica. Símbolos da nossa fé passaram a ser expostos nas portas, janelas e muros das casas. Muitos relatam momentos incríveis vividos na quarentena que virou isolamento, que virou distanciamento... Fato é. que não seremos os mesmos quando tudo isso acabar. Temos uma história de dor, de perdas de parentes, amigos e vizinhos para contar aos filhos e netos, mas a mesma história vai explicar como sobrevivemos ao corona vírus e engana-se quem achar que o personagem principal é ele, pois não é. Os personagens principais da nossa história são a fé, a esperança e a caridade! A tríplice ensinada na Palavra, que nos 8
O Mensageiro Agosto 2020
colocou, no momento certo, às vezes de joelhos em oração e reconhecimento da nossa pequenez; outras vezes de pé em atitude de coragem e compromisso com a vida e, sem dúvida alguma, na maior parte das vezes em movimento, na luta, buscando formas de sobrevivência e ao mesmo tempo de ajuda ao próximo, de apoio emocional, encorajamento... o que seria evangelizar, senão, a prática do que fizemos nesses dias, não é mesmo, queridos irmãos e irmãs?