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As estratégias de coping e a resiliência como medidas de cuidado a saúde mental em tempos de Pandemia: o aprender a se reinventar...

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... envolve aceitar que se pode, a qualquer momento de nossas vidas, ser confrontado com tragédias, perdas, vitórias, tristezas, alegrias, saúde e mesmo doença. Esta última, nos últimos meses ganhou grande espaço em um contexto mundial, seja no cenário econômico, social, cultural, familiar, espiritual, ao qual de modo geral transformou a vida de todos, e faz a sociedade construir um novo aprender a ser reinventar, ser feliz em outras condições, vivenciar outras possibilidades de relacionar-se, e a acostumar-se com um novo normal. Agora, eu pergunto a você, o que é normal? O que é ser feliz para você? Deste modo, peço licença, para pedir que você reflita sobre as respostas destas simples perguntas, pensando não no passado ou no futuro, e sim no presente, pois é o que temos neste momento. Tais questionamentos abrem espaço para iniciarmos nosso diálogo de fato, saúde mental em tempos de pandemia, em que há uma grande preocupação com a saúde física (prioritário), social e psicológica das pessoas. Este texto, irá abordar especificamente o cuidado, a saúde mental do ser humano. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) entende-se por saúde mental como um “estado de bem-estar no qual o indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir com sua comunidade”. Após leitura deste

conceito, vamos aplicá-lo aos dias de hoje! Quais as habilidades conhecidas e desenvolvidas por cada um de nós, que estão sendo reinventadas para adaptar-se a realidade do isolamento social e gerar bem-estar, seja evidenciado no home-office, no uso dos recursos tecnológicos para comunicação com as pessoas que amam (família e amigos), na convivência mais intensa com as pessoas de sua casa, o conviver consigo mesmo, dentre outras habilidades que anteriormente eram experienciadas de outro modo. E quando você reconstrói estas novas habilidades, reconstrói junto a percepção de bem-estar e qualidade de vida em relação a elas e as suas contribuições enquanto ser social. Deste modo, convido você novamente, a refletir de uma habilidade que foi reinventada para gerar bem-estar a você neste período recente, que beneficiou diretamente a você e a comunidade? Após esta pergunta, vamos abordar sugestões de como você pode cuidar de sua saúde mental nesses tempos de isolamento social provocado pela pandemia e gerar bem-estar a esta fase do aprender a se reinventar. Durante o curso normal da vida, a maioria das pessoas são confrontadas com pelo menos um, e às vezes vários, eventos potencialmente traumáticos, e embora essas experiências estejam associadas ao sofrimento emocional, al

gumas pessoas a partir disso sofrem de estresse crônico ou sintomatologia depressiva, enquanto outros sofrem com menor intensidade por períodos mais curtos de tempo. Outros então, parecem lidar com estes acontecimentos sem aparente prejuízo para as suas funções, recuperando- -se de forma relativamente rápida e eficaz após a situação, demonstrando resiliência. Entende se por resiliência à capacidade do indivíduo de se manter psicologicamente ajustado (reinventar) apesar da exposição a eventos potencialmente traumáticos (isolamento social pela pandemia) e está associada a uma variedade de processos cognitivos do ser humano, incluindo a utilização de estratégias de coping específicas. Então o que seria as estratégias de coping? O coping é geralmente definido como esforços conscientes utilizados pela pessoa para gerir estressores internos ou externos, que o indivíduo percebe como desafiando os seus recursos (zona de conforto ou rotina), ou seja, o conjunto das estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas ou estressantes (Folkman e Lazarus, 1985). Aplicando estes conceitos em tempos de pandemia, utilizaremos o seguinte exemplo: estressores internos ou externos - dificuldades de relacionamento vivenciado por algumas pessoas pelo conviver mais intenso no ambiente familiar; as dificuldades do home-office; a impossibilidade de viajar e fazer atividades em ambientes de aglomeração; vivenciar atividades mais individuais, que antes eram praticadas em grupo, etc. – estratégias de adaptação: utilizo recursos (atitudes e comportamentos que quando realizadas de modo contínuo viram hábitos) que alteram a percepção em relação aquela situação que gera desprazer ou desconforto, pois agora deve gerar prazer e bem-estar, tais como: pensamentos positivos, espiritualidade, unir aquela situação a algo que você gosta para ajudar a realizar aquela atividade com mais prazer, aprender novas tarefas que desenvolvam suas habilidades em novas condições, e outros. Portanto, embora adaptadas para a gestão do estresse de eventos diários, as estratégias de coping podem ser usadas na resolução de problemas e podem ainda auxiliar na gestão das emoções. Então, resgate a resiliência em você, use as estratégias de coping, aprenda a se reinventar, tenha gratidão e seja feliz.

Psicóloga Thayanne Branches Pereira – Email: thatybranches@hotmail.com

Referência: Folkman, S.; Lazarus, R. (1985), “If it Changes it Must Be a Process: Study of Emotion and Coping

during Three Stages of a College Examination”, Journal of Personality and Social Psychology, 48, 150-170.

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