"A Palavra de Deus é regra suprema da fé e potência de vida” Papa Emérito Bento XVI Informativo semanal da Paróquia São Sebastião de Amparo - SP | Ano 2 - Nº 068 - 05 a 11 de setembro de 2015
EVANGELHO DE MATEUS: O MESSIAS DA JUSTIÇA E DA MISERICÓRDIA
Palavra do Padre por Pe. Carlos Panassolo, pároco “Saindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: “Siga-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus “(Mt 9, 9). Estimados paroquianos, estamos adentrando o mês de setembro, no qual a Igreja nos chama a um olhar mais atento à Sagrada Escritura. Em agosto contemplamos as vocações, e agora somos chamados a viver nossa vocação à luz da Fé em Cristo Jesus, como ocorreu com as comunidades que nasceram do testemunho dos apóstolos. Contemplamos assim o nascer dos Evangelhos, ensinamentos catequéticos sobre a palavra e a prática de Jesus, inicialmente transmitidos de forma oral e depois por escrito, como ocorre com o Evangelho de Mateus, escrito no ano 85 d. C., livro sobre o qual vamos hoje refletir um pouco. O Evangelho de Mateus nasce dentro de comunidades compostas em sua maioria de judeus convertidos, denominados judeus cristãos, que viviam em confronto com os judeus fariseus que buscavam a reorganização dos valores e da crença do judaísmo em torno da Lei e das Sinagogas, ainda mais com a destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.. A comunidade de Mateus vê Jesus como o Messias que prega o desapego em relação aos bens materiais, em oposição ao messias rei poderoso e defensor da Lei, esperado pelos Fariseus (M1,1-2,23). Os judeus cristãos veem Jesus como o verdadeiro intérprete da Lei (Mt 5,17-18), um Jesus pobre, humilde e misericordioso (Mt 11, 28-30), que ensina que a correção fraterna deve estar acima do rigorismo e do legalismo da sinagoga (Mt 18, 23-35), e renova a forma de se relacionar com Deus, não mais um relacionamento marcado pela retribuição, mas pela prática da misericórdia e da solidariedade, pela noção de justiça presente de forma ímpar no texto do juízo final (Mt 25, 31-46) e nas bem-aventuranças (Mt 5, 1-12). O Livro de Mateus nos mostra de forma impressionante Jesus como o Emanuel (Deus Conosco) (Mt 1,23), o Messias da justiça e da misericórdia, fazendo a ponte entre o antigo e o novo Testamento. Dentro desse olhar de redescoberta e reencontro com a Palavra de Deus, convido agora a perceber algumas curiosidades de nossa matriz de São Sebastião. Chamo atenção para as portas laterais do templo, que apresentam entalhes em baixo relevo do arquiteto Dr. Victor Vicente Pelaez Llera, onde contemplamos figuras que representam os quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João. Voltemos nosso olhar para o ícone de São Mateus, aqui apresentando os dois grupos dentro deste contexto bíblico, histórico e teológico no reconhecer e acolher Jesus como o Salvador: um apresenta a Cruz que traduz o cristianismo nascente e o outro a estrela de Davi, que representa as sinagogas, e os semicírculos representam essa distinção entre as comunidades. Ao lado do apóstolo Mateus , que teve a alegria de caminhar com Jesus e vivenciar todas as verdades presentes no Evangelho, façamos nós também a mesma escolha dele: seguir Jesus, o Emanuel (Deus Conosco) (Mt, 1,23) e aprender com Jesus: “ Eu quero a misericórdia e não o sacrifício” (Mt 9, 13). Aproveitemos essa semana para ler e rezar esse Evangelho.