"Encontramos Deus em nosso próprio ser, que é o espelho de Deus" Thomas Merton
Informativo semanal da Paróquia São Sebastião de Amparo - SP | Ano 3 - Nº 098 - 23 a 29 de abril de 2016
EM COMUNIDADE, SENTAMOS À MESA DO SENHOR, A NOSSA PEDRA ANGULAR
Palavra do Padre
por Pe. Carlos Panassolo, pároco
“A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular” (Sl 118,22). Estimados amigos no Senhor, ao rezar o salmo 118 contemplamos a grandeza deste Deus que nos ama e nos chama à responsabilidade de um novo mundo, marcado pelo dom da partilha e da corresponsabilidade, onde a solidariedade e fraternidade se unem no princípio da irmandade entre todos, onde a vida ocupa seu real valor, a dignidade para todos, a casa comum... Há muito estamos cansados de contemplar a indiferença e a busca pelo poder e prazer como únicas metas a dar sentido à vida, onde o outro nada ou pouco me diz, tornando-se descartável. O vazio existencial vem ocupando o espaço reservado para a partilha dos sentimentos e o construir do conhecimento como graça, bênção na vida do outro. Na missa existe um momento que passa às vezes despercebido ao olhar de muitos, quando o presidente da Celebração Eucarística, na preparação do altar para o santo sacrifício, ao elevar a patena e nela o pão – hóstia, reza: “Bendito sejais, Senhor Deus do universo, pelo pão que recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar pão da vida” (missal romano). A vida requer cuidados: assim como a terra, o coração humano precisa ser preparado para receber a boa semente e ser regado para que a força vital presente dentro de cada semente possa germinar e produzir seus frutos. Mas o que contemplamos é a aridez das relações onde o eu se torna o único referencial válido, onde os valores e a ética se tornam pontos de vista e não mais a experiência vivida, compartilhada, experimentada e julgada como contemplamos nos livros sagrados, onde Deus vai se revelando e compartilhando com a criação esse plano de amor. A criação se nega a viver e a reconhecer-se parte deste grande diálogo onde o Pai Eterno vai se revelando a cada um de nós, e em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, seu Filho amado, nos convida a fazer a experiência da misericórdia. Ao contrário, reproduzimos entre nós sinais de revolta, revanche e ódio, onde a última palavra tem que ser a minha.