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G HA RU J N HOOSÉ NS G N PE MAE ST ES DR IE Y T O R-A LE JO C I N O CH 'S RT E ES N
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Director Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com
editora Carla Isidoro carla@parqmag.com
Direcção de arte Valdemar Lamego valdemar@parqmag.com
Trendscout Mário Nascimento mario@parqmag.com
tradução Roger Winstanley roger@parqmag.com
publicidade Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com Cláudia Santos claudia@parqmag.com
PARQ Número 14 Setembro 2009
PARQ. NÚMERO 14. SETEMBRO 2009. REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA.
periocidade
textos
Mensal
Carla Carbone Cláudia Matos Silva júlio dolbeth luísa santos mami pereira miguel joão ferreira miguel pedreira miss jones nuno sousa pedro marques pedro mota pureza flemingh ray monde Roger Winstanley Sofia Saunders
Depósito legal
MO ME DA RO E 14 CU . LTU ww SE TE RA w. MB UR pa rqm RO BA NA ag 20 09 . .co m .
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272758/08 Registo ERC 125392
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Edição Conforto Moderno Uni, Lda. número de contribuinte: 508 399 289 PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa 00351.218 473 379
Impressão BeProfit / SOGAPAL Rua Mário Castelhano · Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares
fotos
Conforto Moderno Uni, Lda.
pedro janeiro pedro pacheco pedro matos andré brito mário ambrózio
A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 Parq.
styling
Assinatura anual 15€.
juliana lapa Conforto Moderno
distribuição
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capa edgar martins (central Models) fotografado por Pedro pacheco (www.pedro-pacheco.com) veste jeans e colete de pele diesel black gold styling: Conforto moderno make-up&pintura corporal: Inês pais para Unicórnio Azul Light equipment www.spot-lightservice.com Agradecimentos ao Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural de Lisboa
2
ilustração vanessa teodoro
Real People 06
tiago pires
por Miguel Pedreira
08
mason jung
por Francisco Vaz Fernandes
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Maxwell Holyoke-Hirsch por Júlio Dolbeth
12
Filipe Macedo
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por Pedro Mota
viewpoint
jose pedro cortes
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You must shopping 18
You must news soundstation 32
editorial
Regressos
kika santos
É o regresso. Depois deste período de paragem para férias voltamos com uma edição em grande parte dedicada ao design aproveitando o evento da Experimenta Design que começa a 14 de Setembro. Temos um artigo sobre um dos seus grandes criadores, Hans Maier-Aichen, que vem a Lisboa para comissariar uma das exposições principais da Experimenta, Lapse of Time, na Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa. Segue-se um texto da nossa colaboradora mais regular, Carla Carbone, sobre as questões da produção do design e do tempo, equação que se tornou premente entre os jovens criadores. Desta forma, quisemos apoiar a Experimenta ou pelo menos contribuir para a divulgação de um pensamento crítico inerente ao design e à criação em geral, uma das grandes lacunas nacionais. Se em tempos fui crítico do modelo da Experimenta —que me pareceu desadequado das realidades mais prementes do nosso país— hoje é com certo sentimento prazenteiro que vejo este projecto vingado, no número de eventos tangenciais que se desenvolvem em seu torno. Não é tanto o músculo que me interessa, o maior ou menor grau de pertinência da temática abordada, dos conferencistas, dos projectos expostos, mas o facto de reconhecer que uma pequena comunidade se organiza por múltiplos interesses legítimos em torno deste grande evento. É evidente que a Experimenta se torna uma janela de oportunidade que tantas vezes falta aos criativos e às áreas de negócio envoltas. Nesse sentido, também o nosso apoio é para os criadores nacionais que conseguem colocar Portugal definitivamente no mapa do design internacional.
por Nuno Sousa
34
corsage
por Miguel João Ferreira
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Honest Jon's por Rui Miguel Abreu
Moda 58
last days
por Pedro Matos
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Twinkle twinkle little star por André Brito
parq here 73
green fresh week viagem
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Porsche Design + cat merrel + g-star places
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clara clara + à margem + sky bar places
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vitamin water + zoka + singatoba gourmet
english version 78
mason jung
by Francisco Vaz Fernandes (english version by Roger Winstanley)
78
hans maier-aichen
by Carla Carbone + Francisco Vaz Fernandes (english version by Roger Winstanley)
80
38
Viewpoint josé pedro cortes central parq 42
hans maier-aichen
por Carla Carbone + Francisco Vaz Fernandes
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o lugar das coisas por Carla Carbone
50
You look so incredibly trashy today por Pureza Flemingh
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João abel manta por Pedro Marques
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Marcel Van Eeden por Luísa Santos
por Francisco Vaz Fernandes
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Khalil Joreige & Joana Hadjithomas por Francisco Vaz Fernandes
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the place of things
by Carla Carbone (english version by Roger Winstanley)
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diathepositivo special k Crónica de Cláudia Matos Silva ilustrado por Vanessa Teodoro
shop online DIESEL.COM *Quando estiveres farto da vida, pede mais Diesel.
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REal PEople
tiago pires texto: Miguel Pedreira foto: Francisco de Almeida
A coleccionar títulos internacionais desde os 14 anos, Tiago Pires “Saca” é hoje, aos 29, considerado o melhor surfista português de todos os tempos, o primeiro (e único) que chegou ao degrau mais elevado do surf competitivo – o World Tour (WT), elite constituída pelos 45 melhores surfistas do mundo.
Faz-nos um balanço do teu primeiro ano no World Tour. Foi um primeiro ano positivo. Apesar de me ter requalificado via WQS (World Qualifying Series – o circuito que dá acesso ao WT; espécie de segunda divisão do surf profissional), consegui chegar a uma meia-final. Era o objectivo que tinha em mente em termos de classificações em etapas. Como tem sido 2009 em termos desportivos? Este segundo ano está a ser de altos e baixos, embora os meus níveis de motivação estejam consistentemente altos. Comecei o ano com duas boas performances mas fui barrado por dois surfistas do top 5 devido ao meu baixo seeding, que veio de 2008. Depois tive uma prova algo frustrante no Tahiti, local onde me sinto bastante confortável, mas onde não consegui encontrar uma segunda onda boa no meu heat para derrotar o australiano Josh Kerr. Mesmo assim saí de cabeça erguida, com a melhor onda do dia. Depois do Tahiti lesionei-me na Indonésia durante uma viagem de promoção e treino do meu patrocinador (Red Bull), e isso veio a fazer com que surfasse lesionado nas duas últimas provas, o que não me ajudou muito a vingar em termos de resultados. Neste momento, e a meio do ano, conto com três 17º lugares e dois 33º lugares, o que significa que estou um pouco melhor que no ano passado.
No ano passado fizeste o WT e o WQS. Este ano estás a fazer apenas o WT. A estratégia está a resultar? Sim, este ano optei por correr só o WT, ou seja, não recorrer ao circuito de qualificação para tentar garantir a vaga do ano seguinte, como fiz em 2008. Optei por manter-me na porta “grande” porque penso ter qualidades para isso. Por outro lado, devido às várias lesões que tenho vindo a contrair, decidi apostar muito na minha forma física e contratei uma equipa de preparadores físicos com os quais tenho vindo a trabalhar desde Janeiro. É uma nova aposta pois vai preparar-me bastante para os próximos anos de circuito, evitando possíveis lesões e ganhando um pouco mais de força e resistência. Como é ser considerado, de facto, um dos melhores surfistas do mundo? Não penso muito nisso! Trabalho muito todos os dias para conseguir escalar uma pirâmide íngreme e é aí que se concentram os meus pensamentos. Tudo o que se diz, o que se fala, é mera opinião pública. Tento não pensar nesse tipo de coisas. O contingente europeu aumentou este ano para sete representantes no WT. A Europa é realmente uma nação muito forte no surf mundial? Penso que é indiscutível não se dizer que a Europa surge como uma potência mundial de surf. Um continente que consegue ter sete representantes num grupo de 45 é de facto uma potência. O mais engraçado é que as coisas evoluíram muito depressa e ninguém esperava que chegássemos aqui tão cedo. Agora acho que a meta está mais longe e começa-se a pensar no primeiro campeão do mundo europeu.
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Quais são os teus objectivos profissionais, a médio prazo? “Saca campeão mundial!” é um eventual título de notícia? O meu objectivo de vida é ser campeão do mundo. Mas sei que para chegar lá ainda tenho alguns parafusos para apertar. Neste momento quero ganhar experiência, evoluir em alguns aspectos técnicos e psicológicos, e espero poder manter-me confortavelmente no WT. É para isso que trabalho e que acordo todos os dias. O que falta ao surf profissional para “explodir” mediaticamente como o futebol, a Fórmula 1 ou mesmo o ténis? Acho que o surf é um desporto especial, algo difícil de captar e compreender à primeira vista. Logo, tem tido uma certa dificuldade em chegar ao mainstream, embora acredite que a evolução tenha vindo a ser contínua e de certo modo grande. Falta-nos, se calhar, outro tipo de estrutura e organização para que se possa começar a falar mais em milhões e assim movimentar as massas. A ASP (Association of Surfing) tem pecado por fechar o circuito mundial só a marcas da indústria do surf, pois há, com certeza, muita vontade de investir num desporto como o surf, que carrega umas das imagens mais bonitas e puras entre todos os desportos do nosso Mundo. Em Outubro vamos ter uma etapa do World Tour em Peniche. O que pensas desse regresso a Portugal, sete anos depois da última prova cá realizada? A localização favorece-te? Estou muito satisfeito por voltar a competir em casa num Grand Slam do surf e desta vez a somar pontos para o meu ranking! Acho que Portugal merece muito uma prova do WT pois é um país com muitos surfistas assíduos, com um litoral cheio de boas ondas e muita vontade de fazer coisas grandes. Estou super motivado para competir em Peniche. A onda é, sem dúvida, uma das melhores do mundo e penso que vai ser um espectáculo digno de se ver ao vivo.
*Para quê mudar se já moras na casa que adoras?
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REal PEople
mason jung texto: Francisco vaz fernandes
o principal prémio do ITS (Internacional Talents Suport), que todos os anos se organiza em Trieste com o patrocínio da Diesel, foi ganho por um jovem coreano, Mason Jung, que vem do Royal College of Arts de Londres. Ganhou 200 mil euros com uma colecção que brinca com as formas estereotipadas da roupa formal masculina.
Não és o primeiro sul coreano a ser distinguido num concurso de moda internacional, como te aconteceu agora no ITS. Há um grande interesse pelo design de moda na Coreia do Sul? Houve sempre interesse e os mais novos que beneficiam do uso da internet estão mais actualizados e prontos para viverem os seus sonhos. Como defines a colecção que apresentaste no ITS? Ela debruça-se sobre a forma como vemos e concebemos a roupa em geral. Eu gosto de analisar fórmulas, mais especificamente as que são inerentes ao uso do fato que os homens vestem no dia-a-dia. Questiono estes estereótipos pegando nos seus aspectos normalizados mais banais para os transformar em algo de diferente, permitindo que ganhem uma maior liberdade de formas. Algumas das minhas criações mantém ainda os elementos estruturais de um fato clássico mas são apenas uma referência visual residual. A colecção não é construída a partir da sua aparência mas a partir da subversão das formas fossilizadas. Acreditas que o aspecto formal da roupa masculina restringe a liberdade dos homens? Como é que achas que os homens se deveriam vestir? Na roupa masculina há um acordo de formas baseado em regras de alfaiataria que ao final de contas restringe os homens. Eles limitam no sentido em que os homens são forçados a seguirem formulas standarizadas pelo mercado e perdem a oportunidade de terem mais variações disponíveis. Daí que para mim seja importante conceber o estereótipo desse estereótipo e trabalhar a partir daí.
Em muitos aspectos as formalidades são mais fortes na cultura oriental do que no ocidente. Isto corresponde à verdade ou é apenas uma impressão ocidental? Na Coreia, por exemplo, depois da guerra, o governo criou um sistema que procurava controlar as pessoas com o objectivo de reconstruir a sociedade. Nessas circunstâncias a individualidade foi sacrificada em detrimento da totalidade. Este facto influenciou globalmente a cultura e penso que a formalidade coreana deriva desse legado. Os coreanos reconhecem isso mas penso que essa nossa especificidade não é uma característica que se possa estender a toda a cultura oriental Qual o tipo de roupas que gostas de usar? Gosto de roupa que seja um pouco “eu” , não uma roupa em que esteja a pensar que saio favorecido. Como é que te vês daqui a cinco anos? Estarás a desenhar uma colecção própria? Penso que sim. Mas tenho uma opinião diferente sobre os ciclos da moda. Penso que as pessoas não precisam de roupa nova todos os seis meses e o tempo não deve ser limitado quando se pensa num trabalho mais profundo. A moda continua a ser a uma área altamente comercial que acaba por impulsionar esses ciclos. No meu futuro vou procurar conciliar interesses díspares, comerciais e criativos. Não quero montar o meu próprio negócio à pressa. Quero estar bem preparado para cada degrau que tiver de subir.
www. masonjung. com
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REal PEople
Maxwell Holyoke-Hirsch texto: júlio dolbeth
Vindo de uma família de pintores e músicos, Maxwell é um artista multidisciplicar de Los Angeles que desenvolveu um desenho poético. Apesar de ser produzido dentro de um contexto marginal das subculturas californianas, não deixou de chamar a atenção dos editores do New York Times que lhe pedem colaborações regularmente.
Em que momento resolveste tornar-te num ilustrador? Pensas que haja uma linha divisória entre a ilustração e a arte? Na verdade não houve um momento em que decidi tornar-me num ilustrador, foi acontecendo. Queria fazer desenhos e exprimir-me nesse campo e por isso fui fazendo alguns trabalhos que iam sendo colocados online. Penso que existe uma linha entre ilustração e arte porque quando fazes ilustração em geral estás a seguir as directivas de uma outra pessoa e tens que trabalhar na maior parte das vezes com um director de arte. Quando faço trabalhos de “arte” para as minhas exposições sigo a minha vontade sem ter que justificar nada a ninguém. O teu trabalho reflecte muito o processo. Como consegues a transição do que tens em mente para o papel? Mexendo as mãos, fico em pé e vou misturando as minhas tintas. Nos últimos seis anos tenho conseguido realizar as minhas ideias com qualquer material disponível que tenha entre mãos. Torna-se cada vez mais fácil idealizar qualquer coisa e conseguir realizá-la.
Há um nível de espiritualidade nas tuas ilustrações. Queres comentar esse facto? Há sempre um nível de espiritualidade na minha vida. É esse o cataclismo que me permite criar uma coisa bruta e única a um passo mais próximo de um fluxo divino na terra ou de qualquer coisa semelhante que tenha a ver com isto. Tens uma abordagem poética muito pessoal que não se deixa apagar pelas narrativas mesmo quando trabalhas na ilustração de artigos. É difícil conseguir esse equilíbrio? Há vezes em que é mais fácil do que outras. Depende do que está a ser pedido. Eu quero desenhar dentro do meu estilo muito próprio mas quando tenho uma encomenda é preciso criar-se um equilíbrio para não se perder a ligação entre o assunto, o artigo e os leitores. Relativamente às suas auto-narrativas, qual é tua definição para ilustração? Iluminação e representação do corpo e alma do criador.
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Para além da cultura popular e das tuas memórias, quais são as outras influências? Fracasso, exploração e transcendência. Faz-nos uma lista de um top 10 que quiseres. Dylan, Batfinks, DITC, Rimbaud, Estes, Dosc, Lexaunculpt, Miller, B.rich, Prince.
www. lorenholyoke. com
REal PEople
filipe macedo texto: pedro mota
Criado há cerca de seis meses, o blog MADSubCulture tem-se distinguido por conseguir dinamizar noites que captam gente apreciadora de um visual forte para se divertir. É um projecto de liberdade de expressão que faz lembrar os extravagantes “Club Kids” do início dos anos 90 em Nova Iorque, ou o ex-clube londrino BoomBox.
Como surgiu a MAD SubCulture e de onde veio a inspiração? Surgiu quando decidi começar a partilhar conteúdos que na minha opinião eram interessantes mas não eram divulgados. Refirome a conteúdos originais e criativos, sejam eles a música, festas, moda, cinema, fotografia, personalidades. Parte dessa inspiração vem de fora, são “importados” mas o objectivo não é copiar. O objectivo é criar algo diferente, à medida do nosso país e das nossas necessidades. Quem é Filipe Macedo fora do contexto da MAD SubCulture? Fiz 23 anos, acabei recentemente o mestrado em Engenharia Informática no Técnico, embora esteja a desenvolver interesses em outras áreas neste momento. Este blog ajudou-me a perceber aquilo que realmente gostava de fazer. E aproveitei-o para tirar um curso de comércio electrónico e marketing online em Londres. Durante 10 anos joguei basquetebol e no ano passado fui campeão nacional da Proliga. qual é o teu papel no projecto? Faço a manutenção do blog, crio a imagem e os conteúdos e até faço o design das nossas t-shirts. Há amigos que ajudam e fazem posts ocasionalmente. O teu projecto já deu origem a várias festas em Lisboa. Porquê festas MAD? Tinha interesse num certo tipo de festas que acontecem lá fora, pela originalidade, criatividade ou mesmo pela música associada a essas festas. Acho que faziam falta Lisboa porque o nosso objectivo principal é sem dúvida a diversão e o entretenimento. Estamos a oferecer uma alternativa. Eu sinto essa necessidade e existem muito mais pessoas que também partilham essa opinião.
Em que consiste uma festa MAD? Qual é a música, o ambiente, o dresscode? Uma festa MAD tem muitas parecenças com outras festas, mas o que a diferencia das outras a que estamos acostumados é talvez a música e principalmente o incentivo à originalidade e criatividade. Como o próprio nome do blog sugere, gostamos de ter nas nossas festas pessoas que se diferenciem, que sobressaiam, que fujam do comum. A originalidade e a criatividade que incentivamos é expressa através do que se veste. No entanto, ao contrário do que possa parecer, não tem havido —e em princípio não haverá— nenhum dress code concreto. As festas não são temáticas. E ninguém é obrigado a vestir-se de maneira diferente.
Este projecto permitiu, para além de outras coisas, desenvolver a tua carreira como DJ. Como é que isso aconteceu? As festas MAD SubCulture permitiram-me ser DJ com muito mais regularidade. Deu-me uma maior exposição, o que, por sua vez, levou a que surgissem outras oportunidades. MAD MAC foi o nome adequado para este projecto.
Como é que este projecto cresceu o ponto de já ter um considerável número de seguidores? Nunca tive grandes pretensões para este blog, apenas ia partilhando coisas que do meu ponto de vista eram interessantes. No entanto, o blog teve um crescimento algo inesperado. Talvez porque existem muito mais pessoas que partilham os meus gostos ou porque sentiam a falta de algo novo em Lisboa, ou simplesmente porque acharam divertido ou diferente. Estou a promovê-lo através da redes sociais na web. As festas acabaram por ajudar o projecto a crescer. A promoção é feita apenas através do blog, do Facebook e passando a palavra. Não houve flyers nem qualquer tipo de promoção.
www. madsubculture. com
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www. myspace. com/ madmacdj
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silver street pedro janeiro
& mário ambrozio
styling: Conforto moderno
Relógio DIESEL, óculos CARRERA, Ténis NIKE SPORTSWEAR, ténis ADIDAS, corrente H&M, botins STEFANEL, pregadeira H&M, Candeeiro NEXT na Area, ténis LACOSTE, perfume PLAY da GIVENCHY, braceletes MANGO
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golden city pedro janeiro
& mário ambrozio
styling: Conforto moderno
Relógio MICHAEL KORS,
bracelete H&M, ténis TIGER TOKIDOKI, cinto com tachas HUGO BOSS, pochette MARC da MARC JACOBS na Loja das Meias, ténis MERRELL, sombra SEPHORA, óculos DIESEL, ténis FRED PERRY, verniz YSL , perfume BENEDIT na Sephora, sapatos
abertos MADE IN
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you must
Barthélémy Toguo
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«Road to Exile» texto: Carla isidoro
www.barthelemytoguo.com www.bandjounstation.com
Barthélémy Toguo nasceu nos Camarões, vive e trabalha entre Paris e Bandjoun. Este mês vem exibir a sua obra no antigo Palácio Pombal. O Carpe Diem convidou Toguo para apresentar a instalação «Road to Exile» e dar uma masterclass focalizada na sua obra e na discussão do activismo político através da arte (entre outros tópicos). As obras de Toguo falam da contestação dos papéis sociais, fazem crítica política e social e põem o dedo na ferida porque o artista é alérgico ao comodismo. A instalação que traz a Lisboa, «Road to Exile», evoca as ideias de mobilidade, navegação, lugar e identidade no espaço político globalizado. Viagens onde as expectativas, os sonhos e os desejos se cruzam quando saltamos de um lugar para outro transportando uma bagagem de vida que toca e choca nas bagagens dos outros. Dizia Toguo acerca de um trabalho de sua autoria que também aborda estas questões, «Transit»: “este encontro pode ser bonito ou difícil. Estamos constantemente em movimento. Portanto esta noção de trânsito é cada vez mais relevante no presente, talvez através de diferentes avatars à medida que a sociedade evolui.” A instalação «Road to Exile» é ainda uma metáfora das travessias de africanos para o continente europeu onde milhares morrem no mar, são forçados a voltar ao ponto de partida ou vêem a esperança ser comida pelos barões do tráfico humano.
➊ «afrika oil» ➋ «road to exile» ➋
Toguo vai dar ainda uma masterclass nos dias 17 e 18 (véspera e dia da inauguração) que promete ser uma experiência enriquecedora acerca do seu processo de trabalho e das questões sobre arte que considera importantes. Outro elemento a conhecer é o Bandjoun Station — centro cultural, artístico e projecto de agricultura (onde integra elementos de arte com elementos agrícolas)— que construiu em Bandjoun, nos Camarões. O espaço acolhe artistas, investigadores e curadores, promove residências artísticas, sessões de leitura, workshops, e funciona como centro congregador e polarizador de cultura contemporânea, africana e não só. Mais um tópico interessante para discutir na masterclass.
Carpe Diem Arte e Pesquisa Rua de O Século, 79 - Lisboa Tel. 210 966 274 Inaugura dia 18 de Setembro fica até Dezembro
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you must
1.
maria lusitano
Persopolis 2.0 «o correspondente Marjane Satrapi
de guerra»
texto: sofia saunders
texto: Francisco vaz fernandes
www.spreadpersepolis.com
Depois do sucesso da BD, Persopolis de Marjane Satrapi, que contava a vida quotidiana de uma jovem no Irão, apareceu na net durante as recentes eleições iranianas o Persopolis 2.O. dinamizado por Sina and Payman. Os dois iranianos exilados não fizeram desaparecer a adolescente que usa uma burka com a frase The Punk is not Dead nas costas. Contudo, são as manifestações da rua, as cargas policiais, as redes sociais como o twitter e a morte de Neda Agha Soltan, consequentes às eleições, que estão no centro das aventuras. Com o mesmo humor e cinismo que prevalecia no primeiro Persopolis as novas histórias não têm obviamente o mesmo apuramento que o primeiro porque nascem de um imediatista, mas são no mínimo esclarecedoras. Segundo os dois criadores o objectivo desta nova BD e do site era criar um veículo de discussão pública internacional a partir de uma versão dos acontecimentos. Quem com certeza não vai gostar das opiniões que circulam pelo site é Mahmoud Ahmadinejad que relativamente à recente conversão a cinema de Persopolis disse que era uma imagem deturpada da realidade. Imaginamos o que dirá destas novas histórias.
3.
www.marialusitano.com
A artista Maria Lusitano apresenta na Sala do Veado, no Museu Nacional de História Natural, o seu último trabalho de vídeo, “O Correspondente de Guerra”. Através da exposição dum evento histórico —a guerra da Crimeia, que opôs a Rússia ao Império Otomano apoiado pelo ocidente— a artista produz uma contra narrativa não só sobre o sujeito histórico mas também sobre o discurso dominante de representação e produção histórica. Recorreu a uma colecção de jornais ilustrados do século XIX que através de ilustrações documentando as notícias da guerra permitia ao público viver apaixonadamente os dramas da violência. Realizadas no campo de batalha estas ilustrações imbuídas de fervor nacionalista não passavam de interpretações unilaterais dos factos, como em geral acontece nos processos de montagem fotográfica e de vídeo que nos informam da actualidade. Desta forma a construção das narrativas e a legitimidade da violência são equacionadas durante 54 minutos, partindo do relato do suposto primeiro correspondente de guerra do jornal Times numa linguagem que balança entre o documentário e o filme de ensaio.
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Museu Nacional de História Natural Rua da Escola Politécnica, 56/58 Lisboa
2.
➌
queer lisboa texto: Sofia Saunders
www.queerlisboa.pt
O filme "Morrer como um homem" de João Pedro Rodrigues vai abrir a 13ª edição do Queer Lisboa, Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, que decorrerá este mês na capital. O filme foi exibido em estreia mundial em Maio no festival de Cannes, sendo esta a sua primeira exibição prevista para Portugal antes de entrar no circuito comercial em Outubro. Ao todo vão ser exibidos 95 filmes no Queer Lisboa, em diferentes categorias, das quais se destacam aqueles em competição ou os da secção Queer Art, onde se podem ver os mais experimentais que não têm projecção fora dos festivais. O Queer Lisboa encerrará com o filme "Were the World Mine", comédia musical gay do norte-americano Tom Gustafson.
Cinema S. Jorge, Av da Liberdade, Lisboa De 18 a 26 de Setembro
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you must
stellar
lau convida nau kennedy
texto: sofia saunders fotografia: Katri Naukkarinen
texto: carla isidoro
www.myspace.com/launau
www.musicboxlisboa.com
Se há país produtor de gente bonita e que musicalmente e faz a diferença, ele é a Finlândia. Laura Naukkarinen canta e compõe desde inícios de 2000 evidenciando-se dentro da comunidade artística independente nacional. Esta artista inclui-se numa geração de jovens criadores que têm profundo conhecimento das tradições populares e folclore, aliando-os ao rock e ao psicadelismo. Lau tem trabalhado com artistas reputados como Avarus e as parcerias que desenvolve com eles assenta na leitura tribalista das tradições da folk local, privilegiando mais o som na sua forma pré e pós-musical, mais do que a técnica musical em si.
“Conheci o Jon Kennedy em Manchester num festival onde estávamos a pôr música em clubes um ao lado do outro. Já gostava da sua música mas gostei muito da personagem "bigger than life" que ele é. Depois foi só manter o contacto e arranjar a oportunidade certa para o convidar. Vai ser um encontro interessante... Trago-o mais pelo seu gosto musical do que pelas produções e ressalvo a noção de groove e o seu sentido de humor.” É assim que o Dj Mike Stellar (na foto) apresenta Jon Kennedy, o seu convidado deste mês no Music Box.
Com dois álbuns editados pela americana Locust Music, Lau Nau ocupa já um lugar de referência no songwriting que hoje se faz. O espectáculo é uma proposta dos programadores Filho Único.
A música de Kennedy ficou conhecida quando ele tinha 24 anos e Mr. Scruff tocou o tema “Tell me how you feel” no programa de rádio Unfold. A Tru Thoughts Recordings pegou logo nele e em 2000 lançava o seu primeiro disco, “We’re Just Waiting For You Now”. Kennedy tem um gosto eclético e revela influências de projectos tão díspares como Rage Against the Machine, Debussy ou Pete Rock nas suas produções.
culturgest porto 18 de setembro
Mike Stellar dispensa apresentações no panorama nacional. Já tocou ao lado de incontornáveis como Jazzanova, Peter Kruder, Gilles Peterson ou Quantic, entre muitos outros. É um apaixonado por groove, música negra e adora pratos: os vinis e os culinários.. Esta noite promete.
Music Box – Lisboa 11 de setembro
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Seja responsável. Beba com moderação.
a vida é feita de bons encontros e também de opostos: realidades diferentes que nos completam, como o melhor da cidade e o melhor da natureza. a vida é feita de coisas que marcam esses encontros, como um bom vinho. como vinha da defesa, tinto, branco ou rosé .
as luzes da cidade
as estrelas do céu
Há sempre mais por descobrir.
you must
Hot Rod Vases texto: francisco vaz fernandes
www.fredriksonstallard.com www.davidgillgalleries.com
Fredrikson Stallard (Patrik Fredrikson & Ian Stallard) tem tido uma carreira marcada no essencial pela edição de objectos de design únicos e de luxo. Vão apresentar em Outubro na Galeria David Gill em Londres as suas últimas peças que consistem em 15 vasos de porcelana em 5 formatos. O interesse nessas peças passa pelo processo de execução, já que os dois designers não se pouparam em esforços e mandaram produzir as peças na China, em Jingdezhen, ao que parece nos mesmos fornos e com as mesmas técnicas com que produziram durante centenas de anos as peças que eram destinadas aos imperadores da China. Para o acabamento final procuraram nos EUA o melhor pintor do estilo Van Art para executar o desenho e pintura sobre as porcelanas Os designers justificam a presença de pin-ups envoltas em labaredas que se pode encontrar na decoração de carros porque encontram nessas figuras um certo paralelo ao simbolismo dos dragões. Ambos remetem para protecção e fertilidade. Apesar dessa aproximação os pontos de choque são mais evidentes, já que por um lado evocamos uma tradição elitista chinesa e por outro a de uma cultura popular americana. Numa resulta da expressão de um refinamento cultural e noutro um aspecto marginal. É o choque entre esses dois mundos antagónicos e a possibilidade de existirem nesta forma híbrida que tornam estas peças tão invulgares como atraentes.
David Gill Galleries 3 Loughborough Street London SE11 5RB UK
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you must
ExD zero2
lisboa Rapigattoli texto: francisco vaz fernandes
texto: sofia saunders
www.experimentadesign.pt
www.zerodois.com
A pensar nas problemáticas do tempo, a Experimenta Design volta a Lisboa um ano depois da sua edição em Amesterdão. De 9 a12 de Setembro, para além da inauguração da maior parte das exposições oficiais e projectos adjacentes que se quiseram associar, a Experimenta apresenta um programa extenso de conferências com especialistas de diversas áreas, dos quais destacamos Peter Saville, Konstantin Grcic e Giulio Cappellini. As exposições estão espalhadas por diversos pontos da cidade mas ficam aqui os nossos destaques: a “Quick, Quick Quick” no Museu Colecção Berardo promete uma extensa retrospectiva sobre a dimensão do tempo no design gráfico desde o início do séc XX. A “Lapse in Time” comissariada por Hans Maier-Aichen, fundador da Authentics (ler Grande Entrevista p.42) apresenta na Sociedade de Belas Artes de Lisboa uma exposição de jovens e menos jovens designers (algumas das novas estrelas) que reflectem novos paradigmas do design com intersecções pioneiras nas ciências cognitivas, na ecologia e na interculturalidade.
A Zero2 é um recente atelier e casa de edições de design português com um espaço aberto ao público no Chiado que oferece peças de autor —algumas delas resultantes de colaborações. As primeiras edições mais relevantes contam com peças de Gezo Marques, que transforma —a partir da reciclagem de materiais— um sideboard dos anos 50 standarizado numa peça plástica única. No que se refere a design próprio, o destaque vai para a edição de uma cadeira de Eduardo Benamor Duarte, criador actualmente a residir em Nova Iorque. Feita a partir de módulos de madeira de bétula cortada a laser, faz-nos lembrar projectos vienenses de formas orgânicas no final do século XIX. O atelier que acredita que ”um país que não cria não se vê, e se não se vê não existe”, promete trazer dia 9 deste mês novas propostas de Eduardo Benamor Duarte, Hugo da Silva, Miguel Coimbra e Pedrita, uma mostra integrada nos projectos tangenciais da Experimenta Design.
Experimenta Design De 9 de Setembro a 8 de Novembro Lisboa
zero2 rua vítor cordon, 40 lisboa
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you must
the greatest show of all
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INTERNATIONAL TALENT SUPPORT
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texto: francisco vaz fernandes
www.itsweb.org
➌
Como dita a regra, no final do ano lectivo os finalistas melhores têm viagem assegurada a Trieste, na Itália. ITS é isso mesmo, o grande concurso destinado aos recém talentos da moda que nos últimos anos invariavelmente saíram em maior número da Hogeschool de Antuérpia ou do Royal College of Art de Londres. Este ano, como aconteceu no anterior, o primeiro prémio foi atribuído a um finalista do Royal College, voltando a contrariar a hegemonia da escola belga verificada durante anos. Foi o Coreano Mason Jung (ver entrevista Real People p.08) da escola britânica a arrecadar o Fashion Collection of the Year no valor de 20 mil euros. À alemã Alice Knackfuss, da Akademie Mode Design de Munique —uma escola que em geral está fora do baralho— seria atribuído o prémio Diesel no valor de 50 mil euros com a possibilidade de estagiar no atelier criativo da empresa italiana e fazer uma colecção própria a ser difundida pelas suas principais lojas. De fora dos prémios ficariam alguns nomes fortes como a britânica Bronwen Marshall ➊➌➎, do Royal College, com uma colecção masculina baseada na figura dos super heróis, e a italiana Karisia Paponi ➍➏, da Hogeschool, com uma colecção desconstrutivista inspirada nas porcelanas europeias do séc XIX. Houve ainda um prémio especial para a russa Masha Lamzina ➋ que trouxe uma colecção simples mas fora do vulgar e cheia de humor.
➍
➎
O ITS tem ainda duas outras secções a concurso, a de fotografia e a de acessórios. Nos acessórios mais uma vez os finalistas do Royal College of Art estiveram em destaque. É o caso da holandesa Juultje Meerdink ➐ com uma colecção fabulosa de sapatos que seria preteria à da colega inglesa, Chau Har Lee, com sapatos igualmente inspirados em madeira. Chegar ao ITS é o sonho de qualquer jovem com pretensões na área da moda mas é evidente que a qualidade da formação e o peso dos formadores é crucial para jogar no pequeno xadrez do topo.
➏
➐
26
you must
➊
ténis
colecções inverno 2009
➋
➌
texto: Sofia saunders
➍
Este Inverno as linhas de moda da maior parte das marcas de calçado de desporto dirigiram o seu olhar para os modelos de basquetebol. A começar pela Adidas Originals que destacou para esta estação os Nizza ➊, modelo old school dos anos 70, e os Fórum ➋ de grande sucesso nos anos 80. Já a Nike Sportswear evidencia a herança dos Air Max, um sapato que nascia em 1987 propondo recriações do Air Max 90 �� ou dos Air Max 09 —um modelo evoluído que aposta nas novas tecnologias. Já a Reebok, para além de acarrear toda a sua herança dos Pump ➑ que rivalizaram nos EUA com os Air Max, propõe um modelo novo feminino, o Top Down ��. Este modelo é baseado na forma do clássico Freestyle só que é mais baixo e com possibilidade de ser usado como um hi-top (cano alto) ou como um modelo low. A Converse, por seu lado, propõe um bem conseguido modelo feminino do clássico Weapon ➐.
➎
➏
➑
No que se refere à Onitsuka Tiger ➎, a aposta é mais singular apresentando nesta estação o invulgar The Tsunahiki ➌, num modelo híbrido com um look artesanal inspirado no sapato mocassim, umas das grandes tendências dos próximos anos.
➐
➒
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A Lacoste e a Fred Perry destacam-se pela gestão do legado histórico predominando modelos inspirados na prática do ténis. O primeiro continua a querer desenvolver a linha Stealth ➒ mais urbana com modelos inspirados no desenvolvimento dos clássicos mas com estampas hi-tech sensíveis à luz que podem mudar de cor ao serem expostos aos raios solares.
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Também a Fred Perry tem explorado os seus clássicos dando-lhes materiais e texturas novas, sendo as evoluções de cano alto bem conseguidas. No domínio do outdoor, a Merrell propõe o Converge ➎, um modelo que se inspira na tendência retrorunning mas com a típica robustez de um outdoor. Já a Cat ➏ investe em modelos abotinados, outra das grandes tendências em termos de calçado de moda de inspiração desportiva.
��
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➐ puma speed cat ➒ diesel industry
�� le coq sportif Sorbone Checkers �� cadmus ue Dark Grey Dirt Red
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you must
do dia para a noite
teddy people
texto: Sofia Saunders
texto: Sofia Saunders
www.diesel.com
www.fredperry.com
Jeans e t-shirts que brilham no escuro em conjunto com ténis fluorescentes e lingerie, estes são os must‑have para a próxima estação 09. A colecção Flash for Fun da Diesel foi concebida para os que se divertem à brava dia & noite, 24h non stop, sem tempo para trocar de roupa para sair. Um especial revestimento fluorescente concebido para ser luminoso debaixo de luz UV é aplicado em denim e algodão fazendo com que a roupa ganhe uma nova aparência. Se essas aplicações são discretas durante o dia revelam-se extremamente brilhantes à noite e quando a noite estiver no auge a fluorescência ácida da roupa invade os clubs.
Para o Outono/Inverno de 2009, a Fred Perry inspirou-se no vestuário feminino nas “teddy girls” , movimento ligado às subculturas londrinas dos anos 50. Essas raparigas com um visual arrapazado, que substituíram os homens durante a guerra queriam no pós uma nova identidade que as libertasse da imagem desmazelada e caseira procurando roupas simples, práticas e de produção industrial . A colecção de homem também se inspira nos anos 50 e é um misto de um visual das escolas privadas inglesas com facetas da Ivy League, formada pelas oito universidades mais importantes dos EUA. Para ambos uma roupa urbana mais cingida ao corpo , micro riscas e vários tipos de xadrez para além do emblemático pólo em piqué com golas cada vez mais pequenas para eles e arredondas para elas.
Carbon Fibre texto: Sofia Saunders
www.ray-ban.com
A Ray Ban nos últimos anos tem sido mais conhecida pela reedição de modelos dado o seu legado histórico que tornou muitos dos seus óculos ícones de várias gerações. No entanto, a inovação tecnológica foi sempre o motor da Ray Ban, que iniciou a sua actividade em 1937 com a lente verde “AntiGlare“, anti encadeamento, aplicado no modelo “Aviator” que se destinava à aviação militar norte americana quando os aviões começaram a voar a maior altitude. Porque inovação ainda é um valor importante, continuam a propor novos modelos com novas tecnologias e è nesse contexto que este ano aparece a Carbon Fibre, a primeira linha da colecção Ray Ban Tech que utiliza materiais técnicos. São uns óculos com hastes em fibra de carbono que para além de ser um material muito resistente também é leve, o que os torna muito mais cómodos. A combinar foram aplicadas a esse modelo lentes P3 (em policarbonato) e P3PLUS (em cristal) garantindo uma polarização de excelente qualidade com cores mais vivas e definidas.
you must
Jalou
ForEver texto: Sofia Saunders
texto: Sofia Saunders
www.tous.com
www.sonyericsson.com
Baseada no desenho de vários formatos de lapidação do diamante, a colecção Ever —uma edição limitada— é um dos produtos estrela da Tous para a estação de Inverno. Inspirado nos desenhos dos comics americanos dos anos 20, estas jóias em prata aparecem com evidência na campanha publicitária que tem como figurante principal Kylie Minogue fotografada com um dos brincos deste conjunto. A linha é dirigida a um público mais jovem e composta ainda por colar, pulseira alfinete e até um diadema para quem quiser ser uma verdadeira princesa. Brilham porque diamants are forEver.
A pensar no público feminino a Sony Ericsson desenvolveu um telemóvel que se assemelha a uma jóia. Pequeno e facetado na cor de várias pedras preciosas, Jalou vem equipado com câmera de 3.2 mega-
pixéis, music player, gravação de vídeo, 3G, Bluetooth™, com rádio FM e Internet podendo aceder ao seu e-
mail, ao YouTube™, Google™, Tem ainda uns extras de requinte que serão do agrado do seu público como por exemplo um ecrã que num toque se pode transformar em espelho. É também o primeiro Sony Ericsson com o Walk Mate —que conta os passos— proporcionando um exercício que ajuda a mulher a manter-se em forma.
BR01 Airborne texto: Sofia Saunders
www.bellross.com
Bell & Ross ocupou desde sempre um espaço único na alta relojoaria suíça ao impor a reprodução de um relógio de bordo dos aviões da segunda Guerra mundial à escala de um pulso humano, o que os tornou inconfundíveis e únicos. Na perspectiva de renovar sempre esse modelo, esta estação apresentam uma nova edição limitada, o BR01 Airborne, onde é visível o desenho de uma caveira directamente inspirado num dos símbolos da bandeira da US Airborne, o corpo da aviação militar dos Estados-Unidos. O mais radical da linha Instrument, tem a particularidade de os ponteiros e caveira serem luminescentes, para que quem use se torne um pirata da noite.
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you must
Hydrating Crescent Mineral a scent Row Veil texto: sofia saunders
www.bareminerals.com
Para uma maquilhagem com acabamento final vivo, a Bare Minerals propõe este pó cuja fórmula à base de água refresca a pele desidratada, mantendo-a fresca durante todo o dia. Sem conservantes, este produto utiliza as propriedades hidratantes dos ácidos gordos do arroz e da sílica e os efeitos calmantes da madressilva para proporcionar um verdadeiro conforto à pele. Um exclusivo das Lojas Sephora.
texto: sofia saunders
texto: sofia saunders
www.isseymiyakeparfums.com
Simples, minimal e austero, três adjectivos que podem definir o novo perfume de mulher de Issey Miyake que entra no mercado nacional este mês. A nova fragrância é uma homenagem à poética minimalista e é inspirada no odor das montanhas japonesas. Procurou-se criar um perfume que traduzisse a pureza e a frescura que paira no ar das grandes altitudes e o seu odor remetesse de imediato para uma natureza primordial. A ideia não foi fazer um perfume que parecesse muito complexo mantendo até uma certa simplicidade nas matérias principais como o jacinto, a verbena, jasmim e galbano. A embalagem transmite os mesmos valores de pureza, é quase luminosa e etérea. Fabulosa como não poderia deixar de ser quando traz a assinatura do designer Arik Levy.
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www.benefitcosmetics.com
A Benefit destacou-se no mundo da cosmética pelo estilo do humor na sua comunicação e pelo uso de produtos naturais a lembrar o tempo das avós. O último lançamento da empresa de cosmética californiana foi inspirado no Royal Crescent, um símbolo da construção Vitoriana inglesa na estância balnear de Bath. São três perfumes diferentes. Um deles, “My place or yours Gina”, é amadeirado equilibrado com a fragrância delicada da pimenta rosa, peónia e lírio branco. Como se subentende, dirige-se a uma mulher determinada que consegue sempre o que quer, eclipsando as suas rivais.
soundstation
Enquanto prepara o segundo álbum de Loopless —projecto ao qual dá voz desde 2003— Kika Santos aproveita para lançar o seu mais recente desafio, juntando a pintura à música numa proposta única designada de «Art Beats From The Heart». "É um projecto instintivo que vem direito do coração. É nu, nasce em bruto sem preconceitos. Nunca aprendi as técnicas. Frequentei o curso de medicina dentária em Ciências da saúde, foi essa a minha área em tempos...", refere Kika. A incursão na pintura vem já de uma vontade antiga. "Sempre gostei muito de desenhar. Em criança passava horas com desenhos. Coisas do meu imaginário. (...) A determinda altura, há cerca de três anos, entrei numa loja de pintura perto de minha casa e arrisquei. Comprei todo o arsenal e a minha primeira tela branca com 1,5m/1m.", conta a cantora, acrescentando que "a pintura é mais uma forma criativa de dar vazão e liberdade aos meus sonhos. A evasão que a pintura me proporciona faz-me sentir bem e feliz com tudo e todos os que me rodeiam. Assim como a música que faço, sendo que esta é a minha prioridade. As telas são como as minhas melhores amigas e confidentes. Nelas deposito toda a confiança. Conto‑lhes segredos que deixam de ser só meus... a arte em geral é assim”.
kika santos
Aproveitando o facto de ter decidido deixado de trabalhar como produtora de audiovisuais, começou a compor novos temas e a dar azo à sua criatividade. “À medida que fui pintando tela atrás de tela, fui cantarolando músicas novas que tinham a ver com os seus conteúdos. A certa altura tinha mesmo que fazer um "break" para poder gravar novas ideias, construir novas letras, novas melodias, novas canções que no fundo iam nascendo enquanto os pinceis estavam nas minhas mãos e as telas em branco ganhavam corpo fazendo um chamamento quase mágico. Uma nova paixão nasceu assim”. Quanto a este projecto, a ideia é apresentá-lo em espaços diferentes. Segundo Kika “distingue-se dos outros projectos precisamente porque as suas atmosferas são outras. Trata-se de uma outra essência. Um outro lado meu que quero dar-vos a conhecer. Trata-se de uma exposição/concerto itinerante pensado para o mundo. Quero levar este projecto a todos os recantos.” O single «U Fill Me» (disponível para download no seu website) é um tema produzido pelo DJ Ride que tinha guardado há uns anos. “Foi um processo curioso. Não precisei de dizer-lhe nada quanto à remix. Depositei-lhe a minha ideia e o que ele fez é simplesmente delicioso. Espontaneamente, o trabalho que Ride desenvolveu foi ao encontro do que eu pretendia. Como se fôssemos cumplices e na realidade ainda mal nos conhecíamos.” Quanto a novas colaborações podemos contar com nomes como Tó Ricciardi, New Max (Expensive Soul) ou João Gomes (Cool Hipnoise) e muitas outras surpresas. Os próximos singles o dirão.
Art Beats From The Heart texto: Nuno Sousa Foto: josé fernandes www.josefernandesphoto.com
«Art Beats From The Heart» é o novo projecto de Kika Santos onde, para além de usufruirmos do seu enorme talento vocal, mergulhamos no universo da sua pintura. «U Fill Me» é o single, produzido e remisturado por DJ Ride. www.kikasantos.com
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kika santos
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soundstation
Corsage, palavra francesa, pode ser um arranjo de flores num vestido de senhora ou em volta do pulso. Este adereço é (cumprindo-se a tradição) usado pelas mães e avós dos noivos numa cerimónia de casamento. O termo também representa o corpete de um vestido e o seu uso transformou-se, consoante as tendências, quer nas fábricas quer nas passerelles. Com o tempo também o termo evoluiu e ainda que tenha os seus floreados, é bem mais do que flores ou vestuário de senhora. É uma banda de cinco espirituosos elementos. Nascidos para a música em data não determinada, mas uns para os outros em 2004, fruto do encontro entre Pedro Temporão (baixo – Raindogs, Cello e Actvs Tragicvs), Carlos António Santos (teclados e acordeão – Actvs Tragicvs), Nuno Damião (guitarras e sopros), Henrique Amoroso (voz e percussão) e Rui Coelho (bateria), a banda começou por lançar um EP homónimo editado pela Camouflage Records com distribuição da Música Activa, em que já se afirmava o pop alternativo/indie com que os seus membros estabelecem afinidades. Poderá apontar-selhes a influência de Tindersticks, Leonard Cohen, The Triffids, Morrisey (durante e pós The Smiths). Amoroso reconhece que “são influências que temos e não podemos negar; isso seria como andar nu pelo Chiado e esperar que as pessoas não olhassem”. Em 2005 participaram, com uma versão de Scott Walker, na colectânea «Angel of Ashes» de homenagem ao muito referenciado músico britânico. Seguiu-se a integração na colectânea «Novo Rock Português» com o tema «Gate Creepers».
«Finito L’Amore», já com Nuno Castêdo (Pop dell’Arte) na bateria, lança os seus sons em 2009, numa edição de autor com distribuição da Compact Records. A alteração na formação, segundo Nuno Damião, reflecte-se na música, mas o objectivo de gravar boas canções pop permanece. O músico destaca ainda a aposta em instrumentos como o trompete, o clarinete-baixo, o violino e o acordeão na busca de uma sonoridade mais ‘tímbrica’ e acessível. Deste trabalho extrai-se o tema de apresentação «All Their Faces» para a colectânea «Pop Nation Vol.2», da editora espanhola Bon Vivant Records. Este tema poderá ser entendido como uma apresentação do grupo, afirmando o seu espaço musical e demarcando-se dos demais. A produção ficou a cargo de Hélder Nelson (Dead Combo, Mikado Lab), com participação especial de Sanja Chakarun (que contribuiu com voz e letras); de Gonçalo Lopes (Alfa Arroba, iNTeRLúNio, In-Canto), amigo de longa data, no clarinete-baixo; e Carlos Santa Clara, introduzido por Hélder Nelson, no violino. Lançado «Finito L’Amore», os Corsage conquistaram a crítica e o público. Vistos como autores de uma indie romântica divertida, passeiam o seu som entre a melancolia, o vintage, o vaudeville e um humor cáustico. Em Maio de 2009 este reconhecimento foi além fronteiras e o júri dos Prémios Internacionais da Música e Criação Independente atribuiu-lhes o prémio de melhor grupo português de 2009. A cerimónia de entrega decorrerá a 26 de Setembro no Gran Teatro de Cáceres.
CORSAGE COMEÇOU A MÚSICA texto: Miguel João Ferreira
Nome em francês, título do álbum em italiano, letras em inglês, colectânea em Espanha, banda portuguesa. Parece que fala do fim do amor, mas em Corsage há um pouco de tudo e, como dizem, «tomorrow is never goodbye». www.myspace.com/corsage
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corsage
Constituído por 13 faixas mais um interlúdio, em vinil virtual (lados A e B, distinguidos por um intervalo que não tem forçosamente de representar uma pausa), suporta a simbologia das duas faces da sua música, uma dominantemente pop, mais enérgica, a outra mais folk/vaudeville e instrospectiva. O vaudeville, quase burlesco, em que Kim Wilde e Oscar Wilde podem ter algo em comum, é aliás uma das suas roupagens mais significativas, reflectida em particular nas actuações ao vivo da banda, que assume uma postura vivamente teatral. Pelos próprios, “Corsage é uma espécie de contraceptivo social que queremos ver usado apenas com fins recreativos, como se faz aos doze anos e se enche os contraceptivos com água e depois se atira a alguém de quem se gosta pouco. Corsage é o fim derradeiro que nunca começa". É um Peter Pan que relembra que a infância não tem de perder-se e é sempre possível. Esta nostalgia de um passado presente sobressai também no aspecto gráfico do disco. Este regresso não é, porém, regressão, e a banda adianta que desde 2004 “Corsage cresceu, mas a verdadeira transformação ainda está por acontecer”. Vendo a música como partilha, crê que “egoísta é ficar em casa com medo e acender o televisor. A música faz as pessoas virem-se juntas.” Pretendem por isso continuar a apresentar ao vivo «Finito L’Amore» e compor novas canções. Com actuações previstas para Setembro e Outubro (Ler Devagar, Cáceres, Maxime), aconselham-nos a “como Daffy Duck, expect the unexpected”.
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soundstation
A realidade é clara: a música tem vindo a mudar-se com crescente velocidade para um plano incorpóreo, onde existe liberta de uma dimensão física. As novas tecnologias subjugaram a música a uma nova ordem de ideias —reduzida à dimensão de “conteúdo”, a música é apenas mais um dos vectores onde assenta o verdadeiro negócio: o da comercialização de peças de hardware crescentemente sofisticadas e com cada vez maiores capacidades de “memória” e de espaço de armazenamento. Essa “memória”, no entanto, tende a apagar o carácter da música reduzindo-a toda a uma condição meramente funcional. Nesta passagem a outro plano de existência, a música tem perdido a sua própria memória: desaparecem as molduras gráficas que são reduzidas a minúsculos ícones, desaparecem as “liner notes” que são transformadas em hiperligações, desaparece o contexto. Em tempos idos, a indústria do Hi-Fi era orientada para o consumidor no pressuposto de que permitiria retirar o maior prazer possível da música. Mas hoje essa ordem natural alterou-se e é a música que parece orientada como mais uma forma de retirar o maior prazer possível do iPhone ou do iPod. E é exactamente por isso que a actividade de editoras como a Honest Jon’s resulta tão crucial. Com distribuição assegurada em solo nacional pela Flur, esta editora oferece várias portas de entrada para um universo onde as fronteiras de espaço e tempo são diluídas e onde o prazer da descoberta é acentuado.
texto: rui miguel abreu
A Honest Jon’s é uma das lojas de discos de referência em Londres. Nos últimos anos, através da associação a Damon Albarn dos Blur, transformou‑se igualmente numa das mais interessantes editoras com uma actividade que une as coordenadas do espaço e do tempo num brilhante catálogo. www.honestjons.com www.flur.pt
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O interessante neste catálogo é, precisamente, a sua liberdade: não existe uma linha nítida de exploração de uma ideia de Groove, como acontece na Soul Jazz, e muito menos um foco exclusivo numa estética ou numa região geográfica, como acontece nos catálogos da Soundway ou da Analog Africa. O fio condutor que une as diversas entradas no espantoso catálogo da Honest Jon’s é feito de outro impulso: entre a exploração do espaço protagonizada pelo recente exercício do Moritz Von Oswald Trio e o mergulho nos arquivos do Congo para «The World Is Shaking – Cubanismo From The Congo 1954-1955» vai uma incomensurável distância. Dois mundos, duas épocas, duas estéticas completamente diferentes. Práticas, ferramentas, atitudes quase opostas. Mas uma idêntica vontade: a de traduzir o seu próprio mundo, a de inscrever a sua época num devir histórico mais amplo. A Honest Jon’s é uma editora discográfica, mas poderia ser uma colecção privada de fotografia, tal a vontade que tem de documentar um mundo em permanente mudança. É a mesma vontade que anima os excelentes Hypnotic Brass Ensemble, colectivo que une as galáxias de Sun Ra, Fela Kuti e James Brown com o mesmo fôlego anímico que define os sons que se desprendem das «Open Strings» —onde passado e presente são aliás colocados em rota de colisão por via de respostas dadas por contemporâneos como Sir Richard Bishop a gravações de arquivo datadas dos anos 20. A abordagem da Honest Jon’s à construção de um catálogo não deve ser analisada sem se considerar que o ponto de partida para esta aventura se encontrou, precisamente, nas prateleiras da loja de Portobello Road aberta desde os anos 70. Foi nessa loja que um jovem James Lavelle começou a trabalhar e terá sido ao dono que pediu as mil libras com que deu início à aventura Mo’ Wax. Porque ninguém consegue olhar para o stock de uma loja sem imaginar o que lhe poderia acrescentar. Desse manuseamento físico nascem as vontades que depois servem de base a aventuras como a que a Honest Jon’s agora protagoniza. A construção de um mundo onde a música —e não os artefactos que a permitem ler— ocupa o verdadeiro centro e justifica tudo o resto. Entre o Congo, Bagdad, Nova Iorque e Berlim ou entre a década de 20 do século passado e o presente não há fronteiras, nem distâncias. Cada uma dessas coordenadas é uma porta representada por um número de catálogo na Honest Jon’s: é possível cruzar todas essas portas ao mesmo tempo e beber a informação e a música contida em cada um dos lançamentos que a Flur agora disponibiliza entre nós. Segurando na mão capas que são completamente relevantes para a fruição do todo, deixando os olhos sorver a informação nelas contidas. Entendendo que a música não se pode reduzir a um ficheiro despido de toda a sua bagagem —e como se pode viajar sem bagagem?
honest jons
honest jon's
Entre o passado e o futuro
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josé pedro cortes
josé pedro cortes things gone and things still here in Tel aviv www.josepedrocortes.com
39José Pedro Cortes © Copyright 2009
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grande entrevista
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Hans Maier‑Aichen A Autenticidade criativa texto: Carla Carbone e Francisco Vaz Fernandes
Hans Maier-Aichen é conhecido pela sua relação com a Authentics e o modo como os seus produtos alcançaram sucesso em todo o mundo. Com ele colaboraram designers de topo como Konstantin Grcic, Tord Boontje, Ed Annink, Marti Guixé, entre outros. Os seus utensílios de uso doméstico habituaram-nos a um estilo “menos é mais” e a uma nova forma de olhar as potencialidades do plástico, num esforço de o tornar, pelas suas características, num material nobre e reconhecido como susceptível de despertar uma experiência também estética. Até aqui, ao que o material dizia respeito, tudo tinha sido insípido —o plástico não nos dava sensação alguma, dizia-nos Eames, um designer que não admirava muito este material. Porém Maier‑Aichen soube contrariar essa ideia pré-concebida e criar formas e utensílios de tal modo inovadores e autênticos que provocaram uma onda de cópia dos seus produtos em todo o mundo. Maier–Aichen está em Portugal para comissariar uma exposição que terá lugar na Experimenta Design. Quisemos entrevistá-lo não só para saber como vão os trabalhos de comissariado mas também para nos inteirarmos das ideias e da obra deste designer, para além das habituais incursões na Authentics. www.authentics.de
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grande entrevista
Encontra-se em Portugal para comissariar uma exposição integrada na Experimenta Design onde mostra trabalhos de novos designers. Que relação encontra entre esses trabalhos propostos e o seu passado na Authentics? Na altura a Authentics mostrava uma atitude extremamente radical e inovadora na medida em que recorria a uma matéria vulgar, o plástico, para criar objectos de vanguarda. Por isso estava interessado numa selecção de jovens designers “virgens”, que tivessem saído recentemente da escola e pudessem desenvolver conceitos excepcionais para produtos de massa que fossem dirigidos a toda a sociedade, de forma ampla. A sua escolha de materiais na Authentics teria sido diferente se não tivesse estudado pintura e escultura no início da sua carreira? Haverá em si uma preocupação no sentido de um artista total, um pouco ao género de William Morris? Na minha ampla educação/experiência, as artes plásticas tiveram sempre um papel fundamental quando surgiam questões relacionadas com volume, formas, superfícies e cor. Muitos dos meus primeiros projectos de design, produtos injectados em moldes, eram baseados num equilíbrio entre o único e as formas básicas, recorrendo a tecnologias de ponta e pesquisa de materiais, especialmente no que se refere a superfícies. Nessa altura conseguimos por acaso descobrir a qualidade da transparência do plástico através de um plástico comum. Esta coincidência acabou por lançar a nossa marca. Qual a sua opinião sobre os novos estúdios de design que trabalham completamente fora dos paradigmas da produção em massa? A maior parte das novas ideias provém de designers ou de estúdios de design que recusam colaborar com a indústria, rejeitam qualquer direcção dada através de “briefings”. Na maior parte dos casos estão contra o pano de fundo da produção de massa que envolve a mediocridade da indústria. Por isso, muitos deles acabaram por redescobrir o lado artesanal com que produzem as suas colecções, o que em muitos casos corresponde a uma solução alternativa, um facto que agora coloca alguns dilemas estratégicos às empresas. Acredita na possibilidade de um saudável relacionamento entre produção artesanal, como agora referiu, e produção industrial? Ainda acredita na indústria? Sem a indústria e as necessidades de métodos de produção económica, incluindo inovações tecnológicas não haveria progresso. A questão é se a indústria ou especificamente a indústria do design vai conseguir ir ao encontro de uma procura mais distinta, de verdadeiros produtos de design. Neste momento duvido. No entanto a ideia de uma actualização de processos de manufactura acabará um dia por influenciar a indústria e a competição entre estes dois grupos dispares vai-se transformar em recíprocas formas de produção harmoniosa. Se tivesse oportunidade de voltar ao período da Authentics o que é que mudaría, se houvesse alguma coisa para mudar? Mudava alguns resultados, mantendo no entanto a mesma estratégia de “menos mas melhor”.
Começou como artista e já nos disse que isso afectou a sua carreira. O que pensa ser hoje fundamental na educação de um designer? Ver muitas coisas e manter-se curioso o tempo todo. Numa regra simples, evitar uma educação num sentido único. É importante mudar de escola, atravessar fronteiras científicas e psíquicas, alargar o nosso conhecimento. Considera que seria importante mudar os pontos de vista académicos? Têm havido nos últimos anos mudanças significativas nas escolas de design? Sim, mas teria que ter muito mais tempo para responder em detalhe a esta questão, mas não queria de fazer algumas observações. É necessário uma maior orientação interdisciplinar na formação académica. Tem havido muita discussão em torno deste assunto, mas ainda poucos resultados. Depois é necessário atravessar fronteiras de ciências cognitivas, da antropologia e estar atento aos desafios do meio ambiente. Treinar uma mente mais elástica e estar melhor preparado para mudanças radicais dos paradigmas do design. O que mudou no Royal College of Art nessa matéria? Não conheço em detalhe. Quais são as suas preocupações relativamente ao futuro e o que é que está a tentar dizer às novas gerações? Parem com o excesso de produção. É importante que as novas gerações viagem, observem, questionem, divirtam-se, permanecendo controversos e argutos. Façam menos design e melhores produtos. vemos um enorme crescimento de jovens a formarem-se em Design. acha que o mercado vai ter capacidade para absorver tantos profissionais? Nesta como nas outras categorias profissionais. Muitos deles não vão ter direito à sua “fatia do bolo” na área especifica do design. Mas eu acredito que ainda há espaço para criadores bem formados conseguirem trabalhos periféricos. Por exemplo, eles podiam dar um maior brilho a muitos serviços e instituições públicas. Mas tendencialmente haverá mais jovens designers a produzir as suas próprias colecções ignorando a indústria. As redes internacionais vão unir esforços e vão fazer com que eles sejam globalmente e localmente mais eficientes e influentes. Acredita que no futuro tudo vai passar pela mão de um designer? Em que medida um mundo estetizado afectaria as nossas vidas? Se considerarmos que todo o excesso de produção de peças de design de que se fala é produzido para apenas 10% da população do mundo, então o melhor seria dar mais atenção ao design dirigido aos restantes 90%. Ainda assim, devemos parar com a crescente inflação do design, com as adaptações, variações e cópias e concentrarmo-nos nos arquétipos, no “super-normal” com qualidades duradoiras e sustentáveis. Pergunto-me se será que o design terá que ficar menos apelativo, menos focalizado numa estética tradicional, para depois voltar a chamar a atenção? A função social do designer já não é simplesmente criar objectos estéticos. Qual será o seu papel no futuro? O designer vai estar entre o “animador” e o amador treinado na área do design que encoraja as pessoas a entender as coisas quotidianas e as coerências entre elas.
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Disse numa entrevista que o “Global versus Local” seria a chave para as soluções mais prementes na área do design nos próximos anos. Os designers tem que se concentrar na pesquisa de materiais e em tecnologias inovativas, mas não teremos igualmente que olhar também para as velhas tecnologias e matérias naturais? Uma nova “mentalidade de produção” pode criar um renascimento para contrapor as actividades do comércio global. Acredita que global versus local será realmente a chave para um design do futuro? Tem medo que o "global" se venha a sobrepor o "local"? No meio de uma crise mundial financeira, é evidente que a economia individual e a ambição as grandes estruturas entraram em colapso. É a queda dos bancos, de empresas de transporte, do ramo automóvel e muitos outros. Estou convencido que vamos voltar a actividades locais com dimensão humana que criam para consumidores regionais mas móveis. Eu espero que isso seja para bem dos designers e dos seus clientes in situ. As necessidades fazem os materiais ou é mais o contrário? A maior parte das vezes, os materiais provocam as necessidades e não ao contrário. Se não houvesse esta preocupação com o meio ambiente, o resultado do design seria diferente? A aparência estéril e a performance dos objectos produzidos em massa, manter-se-íam hoje em dia? Actualmente a nossa básica preocupação com questões do meio ambiente força-nos a pensar na sustentabilidade, em preocupações ecológicas e na ideia de termos que “consertar” algumas coisas. Geralmente não há razão de fazer produtos em série menos atractivos pelo facto de serem mais baratos. Mas a industria não respeita ainda os requisitos sociais e culturais e a obrigação que tem para servir as necessidades das pessoas com os seus produtos. Quais serão os próximos talentos na área do design? Cada dia há uma nova estrela a nascer. A imprensa internacional gosta de fazer disparar novas estrelas para sua própria satisfação. Eles não percebem como as celebridades se esgotam com tanta rapidez. Andy Warholl disse uma vez que um dia todos iríamos ter um pedestral e tornarmo-nos celebridades por poucos segundos. Defina-se em cinco palavras a partir de ideias, pessoas, objectos ou adjectivos. Curioso como uma criança. Estar na estrada, obcecado com ideias diferentes, realizadas de uma forma simples. Gosto de Jean Prouvé e de objectos super normais. O meu piano permanece como fundamental para a alcançar a harmonia.
Lapse in Time (exposição) Design, elasticidade e responsabilidade Auger-Loizeau (GB); BLESS (FR/ DE); Constantin Boym (US); Eric Klarenbeek (NL); Fernando Brízio (PT); Jason Miller (US); Jerszy Seymour (DE/GB); Julien Carretero (NL); Katharina Wahl (DE); Katrin Sonnleitner (DE); Martín Azúa (ES); Nacho Carbonell (ES/ NL); Pieke Bergmans (NL); Silvia Knüppel (DE); Studio Glithero (GB/DE); Susana Soares (PT); Tal Gur (IL); Yvonne Fehling + Jennie Peiz (DE) -----------------------------------------------------------------------13 Set - 08 Nov Seg-Sex 11:00 – 20:00 Sáb 14:0020:00 (Aberto 13 Set) Sociedade Nacional de Belas Artes, Salão Nobre R. Barata Salgueiro, 36, Lisboa — Tel.: 213 138 510
hans maier-aichen
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➊ fernando brízio "Target" ➋ silvia knüppel ➌ silvia knüppel ➍ constantin & laurene leon boym "Still Life" ➎ tal gur "Mesh chair orch with afterlife cell"
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o lugar das coisas texto: Carla Carbone
Dizia-nos Ruskin que os homens orientados apenas para agir como se fossem máquinas de desenhar linhas direitas, copiar ou esculpir um número infinito de formas e arcos com uma rapidez e precisão surpreendentes, se fossem desafiados a pensar pelas suas mentes e a considerar outras formas de representação, ficariam hesitantes, parariam, e questionar-se-iam. O autor da obra “The Stones of Venice” (1853) entendia que esta era a grande oportunidade para esses homens crescerem. Tornarem‑se melhores homens. 46
o lugar das coisas
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➊ + ➋ Frank Tjepkema "Amestel Station"
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➊ ➊ + ➋ + ➌ Marcel Wanders "Snotty Vases" ➍ + ➎ Mariana Tocornal "Beecups" ➏ Pieke Bergmans "Light Bulbs"
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o lugar das coisas
Os seres humanos não foram feitos para trabalhar como instrumentos de precisão, dizia-nos, nem os seus braços podem descrever arcos tão perfeitos como os compassos. Pedir-lhes para traçar formas perfeitas seria o mesmo que desumanizá-los. Desperdiçando assim a suas energias e espírito em direcção a uma única e redutora preocupação, garantir que as linhas de certos objectos fiquem direitas e perfeitas, nas suas medidas. Dividindo o trabalho de tal modo que o transformaria em meros segmentos do homem. Fragmentando de tal ordem a vida, que cada pedaço da inteligência do homem que restasse não seria suficiente para concretizar um projecto na sua plenitude, apenas partes do mesmo. Ficando por isso sujeito a um estado de anestesia, estado perfeito para a tarefa a que foi destinado: fazer o maior número de peças possíveis. Dez horas de trabalho repetitivo, pouco tempo para pensar, pouco tempo para dedicar a sua vida às emoções. Não só a vida do artesão, e mais tarde a do operário, saíram compartimentadas e mecanizadas, todas as nossas vidas se transformaram em prol de um tempo medido minuto a minuto, segundo a segundo, e ditado pela máquina. Como nos diria William Morris, vinte anos mais tarde, “tudo o que as mãos humanas produzem tem uma forma bela e feia”. Bela se se harmoniza com a natureza, feia se não a segue nas suas leis e as contraría”. Encarregamonos inclusivé, em alterar e a impor, a essa mesma natureza, novas leis e ritmos. A longa observação da natureza e das suas formas complexas, o trabalho realizado com respeito por essa natureza, o conhecimento das suas leis internas, parecem não ter mais lugar no mundo em que o tempo passou a ser mecanizado, dividido. O relógio, antes analógico, passou a ser digital (LCD). Com o desaparecimento do relógio analógico, o acto de “ler” o tempo também desaparece. Com o LCD no pulso, deixou de ser necessário perder tempo a ler o tempo. Ele apresenta-se imediato na leitura. Já só é necessário olhar para as horas no mostrador, sem perder tempo a pensar, sem perder tempo a interpretar o tempo, conforme a cadência de cada um dos seus ponteiros. O advento do relógio digital trouxe igualmente o abandono progressivo do relógio de pulso como peça de joalharia. O relógio tornou-se uma peça essencialmente de cariz funcional. O que parece não ter sido assim tão positivo no campo do design uma vez que omite outras dimensões igualmente importantes dos objectos, como as funções lúdicas e as funções estéticas (decorativas em Morris). E que, sem elas, a vida pode tornar-se intolerável. Sem prazer ou qualquer deleite visual, sem cunho personalizado. Como se sabe as funções dos objectos podem ser múltiplas, não sendo sustentável viver-se rodeado de objectos que sirvam apenas funções primeiras e úteis. O relógio digital perde assim o lúdico tic tac, característico do relógio de ponteiros, em que quase se podia dançar ao ritmo das suas batidas. Os relógios de ponteiros permitiam diferentes experiências tácteis, tornadas possíveis pelos diferentes materiais, como a cerâmica, os metais, o vidro. A aparência universal dos objectos trouxe igualmente a uniformização das sensações, dos gostos, dos gestos.
Na realidade a produção em massa não uniformalizou apenas os gostos, mas também o ritmo das nossas vidas, despersonalizando-as, neutralizando-as, mecanizando-as. Em “Time, Work, Discipline and Industrial Capitalism” E.P. Thompson vai observar a diferença que se estabelece entre um tempo que é medido pela natureza e um tempo que é medido pelo relógio mecânico. O autor dá exemplos de contos de Canterbury e da personagem do galo, símbolo natural da medição do tempo. Questiona até que ponto o relógio afecta o modo de apreensão da vida, o modo como é encarado o trabalho. Na agricultura o trabalho é realizado de acordo com o ritmo dos rebanhos, do ciclo do sol, e se for no mar, o modo como o trabalho varia com as marés. Um marinheiro pode passar toda a noite acordado a vigiar os ventos e marés, ou quando os peixes são apanhados pelas suas redes. Nos rebanhos, as ovelhas devem ser guardadas antes que os predadores as avistem e as alcancem. Parece que as actividades, guiadas pela natureza, sobretudo as rurais, exigem tempos próprios. E a vida para estes homens surge em sintonia com a natureza. O mesmo pode pensar-se sobre o design. O design é vida e um design ao serviço da mecanicidade e da indústria é um design que se afasta da natureza. Aos operários, a quem foi exigido que segmentassem as suas vidas no seio do trabalho, condenaramnos a uma condição de autómatos, sem receberem prazer nenhum pelo que faziam, sem encontrarem sentido algum para as suas vidas. Como poderiam compreender a paciência dos marinheiros e a espera de camponeses, habituados a auscultar e a guiarem-se pelos fenómenos da natureza, se eram obrigados a esquecer os seus ritmos biológicos e internos?, se eram obrigados a afastarem-se dos próprios prazeres? Estavam condenados a realizar tarefas repetitivas e rápidas porque o tempo nas fábricas significava lucro e dinheiro. Marx também dizia que “a pequena oficina de mestre patriarcal se convertera na grande fábrica do capitalista industrial”. Para ele os operários “acumulados nas fábricas, são organizados como soldados (...) ao serviço do exército industrial”. Este pensador, admirado por Morris, também lembrava a dimensão das tarefas do operário, reduzida a uma actividade mecânica e fragmentada, reduzida a uma existência desprovida de sentido, significado e individualidade. E tudo em nome da divisão do trabalho. Os designers hoje perceberam essa condição e de como é avessa a qualquer tipo de criatividade. Hoje os designers, nos seus ateliers, realizam experiências e voltam a sua atenção para a natureza. Divorciamse a pouco e pouco desse compromisso quase vitalício com a indústria. Procurar uma definição de design já não significa dizer que o mesmo é sinónimo de indústria e produção em série. Hoje temos designers que respiram um tempo e ritmo próprios. Fazem dos seus ateliers, lugares de alquimias e experiências de pura botânica e retomam o prazer de apreciar a natureza. Sem medo de decorativismos (Morris). Podemos falar de vários, Marcel Wanders, Tord Boontje, os irmãos Bouroullec, Wieki Somers, entre muitos outros que, embora não se encontrem mencionados aqui, são de igual modo importantes, porque valorizam os materiais e respeitam a sua natureza, comprometem-se a agir com a matéria, sem forçar as suas leis: a jarras de Pieke Bergmans, ou as chávenas Beecups, de Mariana Tocornal, ou ainda a redutibilidade do tempo nas peças do Museu Vitra, transformadas por Maarten Baas.
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Loos quando manifestava, nos seus textos, o desejo de ausência de ornamento ou de referências históricas nos objectos, estas apareciam enquadradas num espaço e tempo muito específicos. E é aqui que vamos recordar Heidegger, o filósofo da obra “O que é uma coisa'”. Heidegger dizia-nos, acerca dos objectos, e da determinação dos mesmos, que se fundem na essência de um espaço e de um tempo: “o carácter ocasional dos lugares e a sua multiplicidade está fundado no tempo”.Dois baldes, mesmo que rigorosamente idênticos, se colocados em lugares diferentes, passam a ser diferentes. Dois objectos exactamente iguais, para o serem, terão que ocupar o mesmo tempo e o mesmo espaço, e tal parece não ser possível. Loos impunha uma lógica de determinação dos objectos, mas a sua lógica está fundida inelutavelmente no tempo. Loos também se encontrava afectado por uma característica que mais tarde Pierre Bourdieu parecia caracterizar no seio das interacções sociais, a chamada violência simbólica, e que em muito a revolução industrial deixou o seu contributo. Pierre Bourdieu entendia que as práticas sociais foram implementando valores de tal ordem que esses mesmos valores foram-se consolidando na memória e acção dos grupos sociais. Como se sabe, a sociedade é composta por indivíduos com as suas características individuais, mas esses mesmos indivíduos também são compostos pelas características que compõem o seu grupo social, e que o alimentam. Garantem as suas leis para que essa sociedade se mantenha com as características que a formam. Os indivíduos não são só seres individuais que escolhem e definem os seus gostos de forma isolada, mas seres que simultaneamente pertencem a um grupo e que por isso adoptam também as características desse grupo social. (Podíamos até referir aqui Dorfles e a sua obra “As Oscilações do Gosto”). Mais importante ainda, e para ilustrar o modo como ao longo do tempo o olhar sobre os objectos vai mudando - tenha sido essa mudança realizada por via da “violência simbólica” ou não - a verdade é que por vezes esses espaços e esse tempo, que parecem interiores às coisas, resultam antes exteriores a elas (a industrialização), no sentido em que estão sujeitos às questões da subjectividade e às questões da verdade. Na realidade, o artigo “isto” ou “esta” coisa, “em vez de ser uma característica da própria coisa, é apenas um acréscimo subjectivo vindo do nosso lado”(Heidegger). Por esse motivo torna-se evidente que “não podemos ir directamente até ás próprias coisas porque as determinações que atribuímos às próprias coisas se apresentam como determinações que não pertencem às próprias coisas”. Sendo que as determinações dependem do “lugar em que se encontra aquele que faz a experiência e do momento-de-tempo no qual, do lado do sujeito, a experiência da coisa é, justamente, feita”. Por esse motivo, se a questão é a verdade, e se versamos sobre ela acerca dos objectos que devem ser deste modo e não de outro, se para uns surge como um assumir o essencial e para os outros um receptáculo de emoções, e se ainda para outros uma evocação da natureza, na verdade, e assumindo, mais uma vez as coordenadas de Heidegger, talvez seja que na “nossa expressão quotidiana das coisas, permaneça a dúvida se a mesma verdade deve ser encarada como subjectiva, se objectiva ou uma mistura das duas”(Heidegger).
central parq—moda
Com uns antigos jeans rasgados que foram abruptamente transformados em calções e um tank cinzento estampado da Blondie, saio com botas pretas rasas ao estilo Sienna Miller e cara de poucos amigos. A completar o look, um blusão curto, preto e um chapéu de zebra e lá vou no estilo mais-trash-é-impossível enquanto Kurt Cobain me amacia os ouvidos gritando palavras de desalento. Bem reparo nos olhares de soslaio de senhoras mais velhas que caiam no meu aparentemente desleixado outfit. Não dou importância porque foi escandalosa e meticulosamente estudado. É o estilo grunge inexplicável e incompreensível, principalmente para quem não cresceu nos anos 90. O Grunge é uma das imagens de marca dos anos 90, reflexo de uma geração rebelde e popularizado por grupos como Nirvana, Pearl Jam ou Alice in Chains. Este estilo trash parece ter sido reanimado e adoptado para se conseguir o look mais “I don’t give a shit” possível. Aparentemente descuidado, pobre e trapalhão, é curioso que tenha sido precisamente ressuscitado por quem não é pobre, trapalhão e que, de descuidado, tem pouco ou nada. Primeiro foi adaptado por Kate Moss, num estilo mais light e rock star, depois por Mary-Kate Olsen, Daisy Lowe ou Lindsay Lohan e ainda por modelos como Irina Lazareanu ou Erin Wasson. Elas são apenas algumas das celebridades que fazem questão de mostrar ao mundo o seu look acabado de sair da cama. Por isso não dispensam rasgões, tank tops com rock stars estampadas, as míticas Doc Martens que, entretanto, adoptaram novos estilos, comprimentos ou padrões. Contam ainda com as basic tees que variam entre o branco, cinza e preto, camisas à Kurt Cobain, black biker jackets ou camisolas XXL esburacadas mostram ao mundo a atitude de quem não quer ser igual ao vizinho do lado.
Mas o trash não se perde apenas nas ruas. Também nas principais passereles internacionais estilistas de tesoura em punho fizeram questão de provocar estragos às sua obras. O maior exemplo é o do jovem designer americano Alexander Wang que assumiu o seu estilo como um re-inventar da grunge girl. Partindo do princípio de que “uns jeans e uma t-shirt podem ser tão sexy como um vestido de noite”, o jovem designer que acaba de vencer o FDA Swarovski Award para Womenswear, aposta em peças simples explorando os básicos e prefere deixar de lado o arco-íris, concentrando-se em cores básicas como o branco, o preto e o cinza. Wang define-se como um apaixonado pelos contrastes: Street & Luxe; Sexy & Androgyny e por fim, o declarar do trash come-back, vagabond meets the street-smart modernist. Vagabundos ou não, a verdade é que a tendência não só pegou como tem sido adoptada pelos grandes nomes actuais do panorama fashionista: os jeans deslavados de Balmain, a colecção Fall 09 de Charles Anastase, a britânica Top Shop ou a Mango demonstram-no e bem. Portanto, não se acanhe. Ainda que seja vítima de olhares duvidosos de quem não percebe, rasgue as calças, destrua calções, faça cara de poucos amigos e fique incrivelmente trashy. E não se esqueça: desordem é mesmo a palavra de ordem.
➊ + ➋ Mango ➌ Alexander Wang, Fall/09/10
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You look so incredible trashy today O Grunge dos anos 90 texto: Pureza Flemingh
O Grunge é uma das imagens de marca dos anos 90, reflexo de uma geração rebelde e popularizado por grupos como Nirvana, Pearl Jam ou Alice in Chains. Este estilo trashy, parece ter sido reanimado e adoptado para se conseguir o look mais ‘I don’t give a shit’ possível. 50
o grunge dos anos 90
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JOÃO ABEL MANTA
ECOS DE UMA EXPOSIÇÃO texto: Pedro Marques
O risco de encerrar num museu uma obra tão poderosa e tão interventiva como a de João Abel Manta é o de anestesiar os seus valores extra-artísticos e condenar a riqueza plástica ao abandono. Isto numa época em que, pelos seus assustadores paralelos mentais com os anos do Marcelismo, Portugal necessita cada vez mais de um novo J.A.M. E que caricaturas ele não faria destes últimos 20 anos! 52
joão abel manta
Se muito na Revolução de 1974 parece algo atípico no contexto de meados dos anos 1970 (uma revolução de esquerda feita na rua com tanques, soldados rasos e capitães, em plena Europa Ocidental, e num período de progressiva desmotivação política, em que as guerrilhas urbanas em Espanha, na Alemanha, em França, na Itália, que procuravam concretizar a revolução pedida em 1968, ou eram desmanteladas ou se radicalizavam na clandestinidade), atípico seria também o artista que lhe ficou ligado indissociavelmente.
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Sem o culto do traço livre e “raivoso” de um Siné, um Reiser, um Steadman, um Ungerer, um Topor ou um Feiffer (os cartoonistas de referência por esses anos), João Abel Manta parecia o grafista menos propício aos tempos de caos e renovação que couberam a Portugal em 74-75. Sem grande portfolio na produção de cartazes, a credencial sine qua non para um grafista radical e progressista, JAM cultivava, para além disso, um leque de referências muito erudito, conseguindo criar cartoons plenos de graça com legendas como “Cidadão português despe-
➊ João Abel Manta, “A espera da primeira espiga”,1975 Desenho a tinta da china Publicado em 0 Jornal, 1975, 16 de Maio Colecção do Museu da Cidade de Lisboa/CML
dindo-se da família antes de se aventurar na leitura duma crítica ensaística” (em cartoon de 1974). O seu esti-
lo gráfico de traço limpo, perfeccionista e pleno de contrastes, devia mais ao seu trabalho como arquitecto, à influência da “linha clara” franco-belga dos anos 1940-50 e ao culto da linha de alguma produção gráfica nos anos da Pop do que à ebulição que sacudiu os aparos e os pincéis com tinta-da-china, sobretudo em França (e que tanto influenciou outro dos grandes cartoonistas portugueses dos Setenta, Vasco). Além disso, sendo filho de um pintor de renome, estar-lhe-ia mais rapidamente prevista uma carreira de pintor para galerias do que de “rabiscador” para jornais. Terá sido, contudo, a sua enorme experiência de trabalho como cartoonista na imprensa rigorosamente vigiada do Marcelismo (em que a inteligência e a astúcia de um desenho ou texto conseguiam, ainda assim, passar incólumes por entre as malhas da censura de um regime que precisava desesperadamente de uma fachada de liberalidade cosmopolita, obrigando o artista a um depuramento estilístico pedido pelos vários níveis de “leitura”), conjugado com uma enorme facilidade em usar de forma eficiente recursos recentemente disponíveis como as tramas da Pantone e a tipografia decalcável da Letraset, que lhe deu o músculo gráfico que lhe permitiu, em cima da hora, produzir uma assombrosa quantidade de desenhos sobre a vertiginosa cena política portuguesa do PREC. Tendo estado alguns desses desenhos políticos expostos no Museu Bordalo até ao início de Fevereiro passado, é difícil, perante a sua escala (alguns bem maiores do que A3) e a sua factura (colagens em perfeita união de desenho a tinta, tramas autocolantes e detalhes fotográficos ampliados ou aumentados em fotocopiadora —esses céus das gravuras oitocentistas que ele usou tão bem), não emitir um sinal de admiração. Espanto, por outro lado, é o que se sente quando nos confrontamos com o facto de a última exposição da obra de JAM aberta ao público ter sido em 1992, há dezassete anos (também no Museu Bordalo) e de nada, nem sequer uma pequena fracção deste portfolio espantoso estar em exposição permanente em qualquer local deste país. Espera-se que, no seguimento da doação do seu espólio ao Museu Bordalo, este possa abrir em breve uma sala permanente dedicada a JAM.
➋ João Abel Manta, “Saudosismo – Um beco sem saída”,1975 Desenho a tinta da china Publicado em 0 Jornal, 1975 Colecção do Museu da Cidade de Lisboa/CML
As minhas duas visitas em Janeiro, num dia de semana e num Sábado, reforçaram este sentimento de algum “abandono”: a exposição, montada com bom gosto num curto espaço organizado temática e cromaticamente (a única relação gráfica directa e bem conseguida com os desenhos de JAM) pareceu-me mal publicitada (um painel apenas na frontaria do museu, numa zona, ali perto do viaduto do Campo Grande, pouco própria a contemplações de passeio) e mal servida nos seus suportes gráficos (apenas um folheto A4, com um péssimo tratamento tipográfico, um eco desse do-it-yourself no que toca ao design que parece reinar na CML desde o “célebre” caso da Agenda LX…). Lá dentro, e em ambas as visitas, uma sala rigorosamente vazia (com a excepção do proverbial segurança a impedir-me de fotografar o espaço “porque não pode ser”), em contraste chocante com o bulício mental que alguns daqueles desenhos ainda provocam. A exposição foi articulada com o lançamento da monografia de João Paulo Cotrim para a Assírio & Alvim, publicada no seguimento da atribuição do “Prémio Stuart” de 2008 (a edição tem o contributo do El Corte Ingles, que patrocina o Prémio), prémio que, sob outro patrocínio, JAM recebera em 1988. Mas, fora a presença deste (caro) livro na banca à entrada da sala de exposições temporárias, nada mais (para além dos souvenirs Bordalescos, claro): nem uma reprodução de um cartaz, um cartoon, uma ilustração em postal, poster ou uma tshirt. (Quem o quisesse, teria de ir à Trindade, à loja da Assosiação 25 de Abril, onde comprei 3 excelentes reproduções de cartoons “revolucionários”). As óbvias e excitantes possibilidades de fazer reviver estas obras pela sua integração com um merchandising de qualidade parecem ter escapado a quem de direito: por exemplo, alguém se lembrou já de encomendar a criação de uma fonte com base na tipografia “infantil” de JAM, usada como legenda nos seus cartoons, e pô-la à disposição dos computadores nas escolas primárias?
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Entre um livro de preço algo proibitivo (que não li, mas que, como documento de imagens, não vale o excelente catálogo publicado em conjunto pela CML e pelo Museu em 1992) e um folheto pouco memorável (alguém poderia ter-se lembrado de que estava nos jornais a força e a justificação das obras de JAM, pelo que seria muito melhor uma pequena edição de 8 páginas em papel de jornal a 2 cores, mas se nem o JL se lembrou de fazer isso para a edição mil…), restava, claro, a exposição. Cobrindo com parcimónia mas acerto a obra de JAM desde os anos de 1950 (mas, curiosamente, omitindo as suas obras feitas para as galerias, como os desenhos sobre as peças de Shakespeare), o conjunto permitia, mesmo numa visita apressada, comprovar o génio gráfico que esteve na sua origem. Os desenhos são extraordinários, sobretudo, pelo facto de manterem o seu impacto seja a que distância o observador estiver deles: passo a passo, da composição geral e harmonia das cores numa vista geral, à leitura da legenda, à observação da textura das colagens e, finalmente, à inspecção das ondulações e terminações de algumas linhas a pincel “seco”, os olhos não têm um momento de tédio. Apesar de uma gritante falta de suporte audiovisual (alguém se lembrou de filmar e entrevistar JAM e passar o resultado aos visitantes da sala?), a pura qualidade gráfica dos trabalhos é suporte de sobra.
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Para o artista Holandês Marcel van Eeden a palavra “morte” representa todo o tempo antes do nascimento de alguém, bem como, todo o tempo que se segue. A sua série de trabalhos, "Encyclopedia of My Death" está em constante mudança diária desde 1993. Desde então, o artista faz pelo menos um desenho por dia, copiando imagens de revistas, livros, álbuns, postais e arquivos, todos antes do ano de 1965, ano do seu nascimento. Pretende continuar este projecto até à data da sua morte numa tentativa de ir contra a irreversibilidade do tempo, apropriando-se de imagens de um tempo do qual não foi testemunha. É difícil imaginar Marcel van Eeden com um diário Moleskine com dias e meses planeados. No entanto, é fácil imaginá-lo num mercado de antiguidades, imerso em fotografias antigas, jornais, imagens de revistas com histórias das quais não poderia ter sido testemunha. Em vez de construir a sua história pelo presente, constrói-a recorrendo a arquivos de eventos dos quais não foi testemunha, o passado do qual não participou. A nossa percepção da História é formada —em parte documentada, em parte contada— pelas origens do Universo com todas as teorias possíveis sobre a génese da vida, a evolução e o desenvolvimento da Humanidade. No entanto, não podemos participar nesse passado de um modo que ultrapasse o mero conhecimento. Todos os seus desenhados com 19 x 28 cm foram realizados a lápis de grafite mole a partir do canto superior esquerdo na direcção ao canto inferior evidenciam um humor. Só mais recentemente, iniciou séries pintadas em grande formato sobre acrílico. É na forma como as histórias são narradas, criadas e destruídas, que facto e ficção se tocam seguindo as suas regras auto-ditadas e mantendo o conceito sem cair numa monotonia desinteressante. Eventos importantes ou pessoas conhecidas são claramente evitadas. Frequentemente retratando cenários de Guerra, arquitectura modernista, arte e pessoas vestidas ao estilo do pós-guerra, as imagens são cuidadosamente mantidas numa aura de anonimato. Muitas vezes em fragmentos ou desfocadas, são mais reminiscentes de um filme noir de Hitchcock do que de fotografias de imprensa.
Apesar de ser fiel à prática de um desenho por dia desde 1993, van Eeden ganharia atenção do públi‑ co pela primeira vez com uma série 139 desenhos com uma narrativa linear: "K. M. Wiegand - Life and Work, 2005-2006", mostrada pela primeira na 4ª edi‑ ção da Bienal de Berlim em 2006. A história baseia‑se na vida de um botânico enigmático e é alimentada por detalhes de outras vidas possíveis como a de um capitalista hiperactivo que era também artista, ho‑ mem de letras, campeão mundial de boxe. Na sua recente exposição na galeria Bob van Orsouw, em Zurique, para além dos desenhos indi‑ viduais surgiram séries curtas e um novo ciclo de his‑ tórias - "The Death of Matheus Boryna", 2006-2007, formado por trinta e oito desenhos. Nesta série como numa anterior, —"Celia", 2004-2006—, os fragmen‑ tos de texto inseridos não têm qualquer relação com as imagens. Contudo, acrescentam tantos detalhes à história quanto as interpretações dos espectadores. "Boryna" relaciona-se em estilo e conteúdo à série anterior, "K. M. Wiegand", mas desta vez, demasia‑ do fragmentado para formar uma narrativa coeren‑ te. No entanto ficam algumas pistas para possíveis histórias: O protagonista é uma personagem ficcio‑ nal, provavelmente retirado de um romance policial e, aparentemente também artista. Algumas composi‑ ções a preto e branco, abstracto-expressionistas apa‑ recem no fim do ciclo e podem ser interpretados como sendo trabalhos da personagem. A história centrase na morte não natural do protagonista em que as circunstâncias permanecem obscuras. Algures entre o lugar de repórter e o de arqueólogo, com um tom obsessivo, Van Eeden cria o seu próprio atlas do passado, juntando uma pré-história pessoal através de fragmentos. A impossibilidade de desenhar tudo é compensada pela possibilidade de resgatar vidas anónimas e criar novas identidades. Num dos dese‑ nhos pode-se ler, "Some people think in music, some in paragraphs, some in receipts; Matheus Boryna thou‑ ght in pictures", uma afirmação que poderia ser apli‑ cada ao próprio Marcel Van Eeden.
Na série “Otto Stangl”, 2005, somos levados ao fim dos anos quarenta, a uma exposição de três artistas —Exner, Stringer e Vlasto— na galeria Otto Stangl em Munique. Mais uma vez, Van Eeden conduz o espectador a momentos e a lugares da sua História imaginada. Nessa serei os detalhes e os textos são tão meticulosos que, à primeira vista, pode parecer perante um recorte de um jornal antigo ou de um artigo de arte acompanhado de imagens fotográficas. Reinterpretando, parcialmente reproduzindo, estes artefactos culturais datados, Van Eeden transforma o original. O seu modo específico de desenhar e a sua escrita manual seguem, de modo obsessivamente preciso, a fotografia. Apesar desta precisão, transforma a imagem informativa em interpretação pessoal pelo carácter nostálgico. Esta nostalgia só se manifesta no desenho, enquanto a fotografia de reportagem ou os arquivos em que se baseia, no momento da sua realização, são meros retratos de exactos momentos e lugares. Ao desenhar fotografias, Van Eeden torna o imaterial em material, trazendo o passado para o presente. À primeira vista podemos questionar a razão de um imaginário tão diverso. Em termos de selecção, parece que qualquer coisa serve desde que tenha acontecido antes da data de nascimento do artista. Contudo, o método de Van Eeden não é propriamente arbitrário; tal como qualquer escolha, é selectiva e implica um lado pessoal à semelhança de quando se escreve um diário – ou um “anti-diário”, neste caso. O projecto tem por objectivo retratar a vida como uma recolha de momentos, um olhar à História por séries de histórias pessoais. Com este processo, Marcel van Eeden junta-se –com trabalhos de dimensões modestas– a uma grande tradição. Biografia Marcel van Eeden nasceu em 1965 na Haia, Holanda. Exposições individuais recentes incluem The Archaeologist. The Travels of Oswald Sollmann, Centro de Arte Caja de Burgos, Espanha (2008), e Celia, Galerie Zink, Berlim (2007). Exposições colectivas recentes incluem Lügen.nirgends – Zwischen Fiktion, Wirklichkeit und Dokumentation, Ausstellungshalle zeitgenössische Kunst Münster (2008); The teardrop explodes, Stadtgalerie Schwaz, Austria; endless possibilities, Sabanca University Kasa Gallery, Istambul; Drawing Typologies, Stedelijk Museum CS, Amsterdão (todas em 2007); Dessins/Tekeningen/Zeichnungen, Galerie Bernard Jordan, Paris; 1st Shift, Galerie Maurits van de Laar, Haia; e Of Mice and Men, 4ª edição da Bienal de Berlim (todas em 2006).
O Anti-Diário Marcel van Eeden texto: Luísa Santos
Marcel van Eeden é um artista contemporâneo que trabalha a ideia de História e de memória de um modo auto-biográfico. Em oposição a um diário, cria um registo sem entradas correspondentes ao dia-a-dia do autor mas a vários quotidianos relativos ao período antes da data do seu nascimento, o ano de 1965. www.marcelvaneeden.nl
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Marcel van Eeden
Otto Stangl, 2005 Série de 16 desenhos, da “Encyclopedia of My Death”, 1993 - presente Grafite sobre papel, 19 x 28 cm Cortesia Galeria Zink Munique / Berlim © Marcel Van Eeden
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Nas fronteiras do real Khalil Joreige & Joana
Hadjithomas texto: Francisco Vaz Fernandes
À sombra de um cinema verdade, com as sucessivas guerras do Líbano a servir de fundo, os cineastas Khalil Joreige e Joana Hadjithomas mostram a relevância do seu registo como espaço de construção da memória permitindo que a adversidade humana não seja um folhetim banal. Na 17ª edição do festival de Curtas de Vila do Conde, que projectou grande parte da obra dos realizadores, tivemos o privilégio de conhecer a sua obra cada vez mais importante. www.hadjithomasjoreige.com
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Khalil Joreige e Joana Hadjithomas
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Se compararmos “Je Veut Voir” com o filme anterior, “Perfect Day”, onde os realizadores se aventuram no território ficcional propondo a dupla história de um filho e de uma mãe e as suas perdas íntimas, percebemos, como a ultima longa metragem é um volte face a um território que durante muitos anos experimentado. Procuraram assegurar que toda a força estivesse numa câmara com a emoção de um em directo. Apesar das referências a uma realidade amarga, a de milhares libaneses que não chegam a fazer um luto definitivo porque não lhes é entregue o corpo dos seus entes queridos, “Perfect Day”, não consegue o carácter testemunhal tão único no seu cinema. Esta mesma temática já tinha sido magistralmente tocada em “Lasting Images” (2003) que consistia num vídeo de três minutos com base num filme Super-8 realizado por um tio de Joreige desaparecido. Tal como 17 mil libaneses, foi mais um dos raptados durante a guerra civil sem deixar traços do seu destino. O filme encontrado estava bastante danificado e por isso é basicamente imperceptível, sendo evidente o desaparecimento do seu registo com o tempo, temática tão ao agrado dos realizadores. O registo e pesquisa documental estão na base do cinema dos libaneses Khalil Joreige e Joana Hadjithomas, recentemente homenageados na 17ª edição das Curtas de Vila do Conde. Criaram uma obra com base na recolha de imagens de arquivos públicos ou pessoais através dos quais engendram destruições e desaparecimentos com evocações a um real próximo. Por isso, todo o seu cinema é uma permanente interrogação sobre o poder da representação das suas imagens, a sua capacidade de repor a verdade e o real vivido. Interrogam-se ainda sobre o que essas imagens representam no Líbano em termos individuais e colectivos e sobre as representações da vítima e do herói desse povo. Estas questões são evidentes na última longa-metragem do casal. Em “Je Veut Voir” ➊ Catherine de Deneuve é convocada como protagonista num duplo papel de actriz e testemunha. Ela empresta a sua figura icónica para enfatizar uma errância incrédula por um território estilhaçado pelas guerras. Este filme que passou recentemente no circuito comercial português, parece ser uma tentativa de percurso topográfico onde mais que a representação dos factos, o que está em jogo é a sua apresentação. Nesse território/cenário todo o percurso é demonstrativo e testemunhal. O filme não se torna muito explicativo nem sequer especulativo. Os realizadores optam muitas vezes pelo silêncio e contenção, mais do que o comentário gratuito. Deneuve quase não fala. Ela olha e a câmara como que hipnotizada pela sua figura apenas a segue. De resto, Deneuve daria o empurrão definitivo na carreira do casal, fazendo-os a chegar a Cannes com este filme aclamado.
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“Perfect Day” foi uma entrada num território estra-
nho onde o elemento ficcional acabava por se tornar uma longa metáfora que distraía o espectador do essencial. A esse propósito e para trazer referências a projectos anteriores, quase sempre em vídeo que em geral circulavam em museus, é importante referir, Khiam ➋ (2000-2007). Nessa obra de Khalil Joreige e Joana Hadjithomas mostra o testemunho de seis prisioneiros junto dos destroços daquilo que foi um campo de concentração. Os ex-prisioneiros lamentam a falta de um suporte credível que guarde os vestígios da insuportável realidade que viveram. É nesse sentido, que os autores voltam novamente à questão complexa da representação da política vexatória dos prisioneiros. Para os realizadores não importa só empolar os episódios de sobrevivência desses seis homens mas também a tentativa de esquecimento de toda uma sociedade que procura apagar a sua história recente Para todos os efeitos, Khiam é sobre a oportunidade dos destroços possibilitarem a emergência de palavras. É também, sobre o poder do cinema mudar o curso dos acontecimentos. A ele cumpre assim o seu dever de memória. É um filme que ganha ainda um outro valor simbólico já que o seu o contexto de produção medeia seis anos, simbolicamente um período em que após o fim da retirada israelita do território libanês em 2000 nasce a preocupação de alguns intelectuais libaneses de desenvolverem a promoção de uma cultura árabe contemporânea, experimental e crítica. Por muitas razões Khalil Joreige e Joana Hadjithomas destacaram-se nessa necessidade de discutir um projecto cultural a médio prazo para o Libano.
last days pedro matos
www.pedro-matos.com
styling: Conforto moderno Assistente: Monica Mateus make-up&hair: joão nuno pintura facial: inês pais para Unicórnio Azul Assistente de fotografia: Frederica Abreu Dos Santos
modelo: alberto miguel loft/elite, ricardo valgode best models, sebastião jensen karacter
Agradecimentos à Câmara Municipal de Oeiras – Fábrica da Pólvora de Barcarena
Alberto: cortavento WHITE TENT, mochila RALF SIMONS para EASTPAK, jeans CONVERSE, botas MANGO/HE
ricardo: blusão, jeans e cinto DIESEL
alberto: sweat CARHARTT, t-shirt VANS, camisa xadrez e botas DIESEL, calças PEPE JEANS
sebastião: cardigan FRED PERRY, t-shirt e jeans LEE, camisa xadrez PEPE JEANS, botas FLY LONDON
sebastião: hood e ténis CONVERSE, calças NIKE SPORTSWEAR, t-shirt CARHARTT
ricardo: com parka FRED PERRY, sobre hood NIKE SPORTSWEAR, t-shirt e cinto H&M, calças REPLAY
Alberto: cardigan MANGO/HE calรงas e cinto DIESEL
sebastiรฃo: duplo colete G-STAR com correntes e cinto H&M, calรงas CARHARTT
ricardo: Calรงas DIESEL, corrente ao pescoรงo FERNANDA PEREIRA, botas CAT
sebastião: pólo LACOSTE, calças CARHARTT, botas PEPE JEANS gorro H&M
ricardo: jeans e gorro G-STAR e écharpe DIESEL
alberto: sweat e alfinetes FERNANDA PEREIRA, t-shirt PEPE JEANS, calção CARHARTT, ténis CONVERSE
ricardo: camisa K KARL LAGERFELD, gravata ENERGIE
twinkle twinkle little star andrĂŠ brito
www.andrebrito.com
styling: juliana lapa www.julianalapa.com make-up: Tinoca hair: rui rocha
modelo: rita gonçalves loft models
Vestido e leggings K KARL LAGERFELD, botins MANGO
Saiote de tule e cinto NUNO BALTAZAR, body H&M, bolero RED VALENTINO, luvas ANNETTE GORTZ na The, meias CALZEDONIA, botins MANGO
Casaco LIU.JO, vestido GANT, mini-saia com ligueiro H&M, botins e clutch MANGO, colares GF FERRE, chapĂŠu ANNETTE GORTZ na The, meias CALZEDONIA
Casaco vestido LUIS BUCHINHO, leggings CALZEDONIA, botins e cinto MANGO, colar H&M, acessório de cabelo CLAIRE’S, body de rede da produção
Casaco LIU.JO, saia LUIS BUCHINHO, body e meia liga H&M, sapato REPETTO
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parq here—viagem
Green Fresh Week
➊ ➋ ➌ ➍
texto: roger winstanley
www.greenfreshweek.com
A Madeira é um dos grandes destinos internacionais de turismo, no entanto, pouco familiar entre os portugueses. Provavelmente porque durante anos o investimento turístico dessa região foi sempre direccionado da mesma forma, o que fez com que a Madeira fosse vista como um paraíso para a terceira idade inglesa. Essa imagem ultrapassada tem sido combatida por múltiplas propostas, algumas dirigidas a um turismo jovem. Nesse sentido, a Green Fresh Week junta, num programa de uma semana, o que a Madeira tem para oferecer em termos de acção, festa e ecologia. A ilha foi desde sempre conhecida pela flora única mas para além das suas vistas e passeios é possível proporcionar um turismo mais activo e interveniente. Durante os 7 dias do programa Green Fresh Week os típicos postais turísticos não são postos de parte, mas aparecem associados a actividades de desporto radical e actividades de consciencialização ecológica. Por exemplo, no dia em que se visita o Montado dos Aviceiros —um pequeno paraíso na Terra— ecologia e desporto associam-se. Depois de uma caminhada por uma natureza mágica, há um momento em que se pode ouvir os oradores locais exporem as suas questões sobre projectos de agricultura biológica para a região. Depois de uma refeição, os participantes ainda são convidados a plantar árvores numa área que estava a ser florestada. Todas as noite o recolhimento faz-se na estalagem da Ponta do Sol. É um dos momentos altos do programa porque oferece —num ambiente de design requintado— um grande terraço com uma piscina panorâmica com umas das melhores vistas da Madeira. À noite há animação com Djs e o ambiente é relaxado, que sabe bem depois de toda a actividade proposta pelo programa: passeios a pé nas levadas, subida ao Pico do Areeiro, canoagem no Seixal, descida tradicional de cestos - programas cheios de adrenalina para quem as férias significam cortar com a rotina num ambiente de grande beleza.
➊
➋
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Pousada Ponta do Sol Montado dos Aviceiros Canoagem no Seixal Fresh Sunset Party
parq here—places
porsche cat design merrel texto: sofia saunders
www.porsche-design.com
texto: sofia saunders
www.merrell.com www.catfootwear.com
A primeira loja da Porsche Design na Península Ibérica abriu no segundo piso do Amoreiras Shopping Center, em Lisboa, com um vasto leque de produtos. Destacam-se os artigos de viagem, óculos, cachimbos, jóias, telemóveis e canetas, assim uma colecção de moda, bem como produtos e fragrâncias masculinas. A Porsche Design é uma marca de luxo centrada especialmente em produtos de inspiração tecnológica. A marca foi fundada em 1972 por Ferdinand Alexander Porsche e, desde então, os seus produtos têm mantido um design funcional, purista e intemporal. São concebidos no estúdio Porsche Design em Zell am See, na Áustria, e comercializados por todo o mundo em lojas próprias ou grandes armazéns e lojas de retalho exclusivas.
A Cat e a Merrell, marcas de calçado, vestuário e acessórios streetwear e outdoor, inauguraram a sua 11ª loja no Centro Comercial Cascais Shopping. Criada pelo atelier Mão Livre, a loja está dividida em duas áreas distintas criadas para envolver as duas marcas. No espaço reservado à Cat, marca mais urbana, realça-se o conceito “city connection” através do qual várias cidades do mundo estão ligadas entre si por uma malha de redes.
amoreiras shopping center
centro comercial cascais shopping
Na área reservada à Merrell —mais associada a actividades outdoor— realça-se a vertente ecológica e tecnológica da marca, com os ténis e as botas a assumirem grande protagonismo.
g-star texto: sofia saunders
www.g-star.com
A G-Star entrou timidamente em Portugal e só no último ano —com a abertura das lojas no Dolce Vita das Antas e no Colombo em Lisboa— foi possível ter acesso a uma vasta gama de produtos que agora é reforçada pela nova loja na Rua Ivens. Este espaço, localizado em pleno Chiado, pela sua dimensão e pelo carácter emblemático da zona, torna-se a principal montra da G-Star em Portugal. Esta empresa de denim de origem holandesa destacou-se no mercado mundial a partir de 1996 com o conceito G-Star Raw Denim. Criava produtos apoiados essencialmente no corte e no design tendo como matéria principal um denim de qualidade sem lavagens. Segundo os mais entusiastas a G-Star conseguiu elevar os jeans à categoria “alta costura”. A constante participação da marca na semana da moda de Nova Iorque tem permitido que ela acrescente (além de estar vocacionada para uma cultura street que valoriza o lado prático associado ao conforto) uma componente de luxo ao produto final. Rua Ivens,68, Lisboa
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interpretação cinema e tv . . fotografia] . . . . . . ] [ criação e gestão de marcas \
parq here—places
sky bar texto: sofia saunders
www.tivolihotels.com
clara clara texto: sofia saunders
Até acredito que haja pessoas que não adorem couves-de-Bruxelas, mas toda a gente gosta de torradas, assim como toda a gente gosta de quiosques. O Clara Clara é um novo quiosque-esplanada plantado no verde jardim-miradouro Botto Machado, bem ao lado do Panteão Nacional. O sítio ideal para jogar à sueca, admirar as pechinchas encontradas na Feira da Ladra, tomar brunchs "al fresco" com gente gira acabada de conhecer no Lux, ouvir música nos Domingos preguiçosos, escrever poemas sobre a beleza líquida do Tejo, o macio entardecer lisboeta ou o ódio aos pombos, e mandar emails a fazer inveja com o Wi-Fi grátis. No Verão petisca-se ao som do riso dos putos no parque ao lado, à noite espera-se por estrelas cadentes, de Mojito na mão. No Inverno prometem-nos mantas, aquecedores e chocolate quente. Melhor que este spot secreto, só se as torradas já nascessem sem côdea. Jardim de Botto Machado Campo de Santa Clara Verão: 10h-23h Inverno: 10h-19h
à margem texto: sofia saunders
Chamam-lhe “café branco” pelo aspecto minimal e clean perfeitamente enquadrado na actual estéticaipod, idealizado por alguém que um dia quis tomar um café quase em cima do Tejo. Mas o À Margem desafia, com as leves transparências do vidro, (obra de João Pedro Falcão de Campos e Ricardo Vaz) outras “brancuras” imponentes debruçadas sobre a nossa Riviera Alfacinha. Numa altura em que o “serviço esplanada” já não é o que era, sabemos que nesta margem o nível se mantém. Só aqui podemos passar uma tarde a ouvir Tom Jobim ao sabor da melhor fatia de bolo de chocolate, almoçar deliciosas tostas e sanduíches ao som de clássicos de Jazz e brindar aos pores-do-sol com cocktails e exclamações inspiradas do género “isto é que é vida!” E é mesmo! Doca do Bom Sucesso – Lisboa Tel: 918 225 548 ou 918 620 032. De Dom a 5ª, das 10h à 01h; de 6ª a Sáb e vésperas de feriados, das 10h à 02h
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Não paramos de aproveitar o Sky Bar no terraço do Hotel Tivoli, uma das melhores vistas da cidade. É quase uma vista de 360graus perto do céu. Recomenda-se o final da tarde com o baixar da luz amarelada e frescura que caracterizam os fins de tarde de Lisboa. São momentos mágicos numa atmosfera lounge de inspiração marroquina com uma carta de cocktails extensa e finger food ( pastéis, hamburgueres) para ir petiscando com uma mão enquanto a outra segura o copo .O Sky bar está aberto das 19h à uma da manhã, de quinta a sábado. Não há consumo mínimo. Hotel Tivoli Av da Liberdade, 185 lisboa
parq here—gourmet
vitamin zoka water texto: sofia saunders
texto: sofia saunders
www.glaceau.com
A moda das águas energizantes e com sabores está no auge. E compreende-se porquê. Agora chega a Portugal a Glacéau vitamin water, uma água criada em Nova Iorque que rapidamente ganhou sucesso em outras grandes metrópoles Esta água de cores atraentes, criada para um estilo de vida urbano, foi pensada como complemento diário juntando à água da nascente as vitaminas e minerais necessários ao dia-a-dia. Estão disponíveis no mercado seis variedades, todas com um sabor diferente e cada uma preparada para oferecer benefícios variados.
A gelataria Zoka é desde 1977 uma instituição em Évora, especialmente quando o calor aperta. Produz gelados à maneira italiana granjeando um prestígio que ultrapassa as fronteiras locais, sendo hoje uma referência a nível nacional. Para além dos gelados, outra das referências desta gelataria são os requintados chocolates e bombons comercializados em especial no Inverno. Realizados de forma artesanal, com cacaus de diferentes proveniências e enriquecidos com leite, frutos secos ou frescos, os bombons Zoka são hoje um produto premium já disponível em hotéis de referência. Rua Miguel Bombarda, 14 - Évora
Singatoba texto: sofia saunders
www.nespresso.com
A Indonésia encontra-se entre os maiores exportadores de café no Mundo e a ilha da Sumatra é particularmente conhecida pelo cultivo de café de elevada qualidade. O novo Nespresso Special Club, Singatoba, é composto por 100% de Arábica Blue Batak, um grão colhido até 1,600 metros de altitude em torno do Lago Toba, no norte da Sumatra. O Blue Batak beneficia da riqueza do solo vulcânico da região, produzindo um café encorpado que é procurado pelos grandes apreciadores. Com uma safra limitada e uma forte procura global, o Arábica Blue Batak é uma variedade de café rara. Singatoba fica disponível a partir de Setembro nas boutiques Nespresso.
guia de compras: Adidas: telf. 214 424 400 www.adidas.com/pt Adidas Eyewear, Brodheim lda: telf. 213 193 130 AFOREST DESIGN: telf. 966 892 965 www.aforest-design.com Bing Punch: R. do Norte, 73 — Bairro Alto — Lisboa telf. 213 423 987 Carhartt Shop: R. do Norte, 64 — Bairro Alto — Lisboa www.carhartt-streetwear.com Carolina Herrera: Av. da Liberdade, 150 — Lisboa Cat Bedivar: telf. 219 946 810 Chloé: Fátima Mendes e Gatsby (Porto) Loja das Meias e Stivali (Lisboa) Cheyenne: ACQUA Roma – Av de Roma — Lisboa Colcci: Rua Ivens, 59-61 — Lisboa Converse Proged: telf. 214 412 705 www.converse.pt Decode: Tivoli Forum – Av da Liberdade, 180 Lj 3B — Lisboa Diesel Store: Prç Luís de Camões, 28 — Lisboa telf 213 421 974 Dior Joalharia: David Rosas – Av. da Liberdade — Lisboa Machado Joalharia – Av. Boavista — Porto Eastpak – Morais&Gonçalves, lda: telf. 219 174 211 Emergildo Zenha: Av. da Liberdade, 151 telf. 213 433 710 Energie – Sixty Portugal: telf. 223 770 230 Epicurista: Rua do Instituto Industrial, nº 7H — Lisboa telf. 223 770 230 Fabrico infinito: Rua D. Pedro V, 74 — Lisboa Fashion Clinic: Tivoli Forum – Av. da Liberdade, 180, lj 2 e lj 5 — Lisboa C.C. Amoreiras Lj 2663/4 — Lisboa R. Pedro Homem de Melo, 125/127 — Porto Fátima Mendes: Av. Londres, B1 1º Piso — Guimarães R. Pedro Homem de Melo, 357 — Porto FILIPE FAÍSCA: Calçada do Combro, 95 — Lisboa Firetrap – Buscavisual, lda: telf. 917 449 778 FLY LONDON: telf. 253 559 140 www.flylondon.com Fornarina: telf. 912 1818 88 wwwfornarina.it Fred Perry – Sagatex: telf. 225 089 153 GANT: telf.252 418 254 Riccon Comercial Lojas: Av. da Liberdade, 38H — Lisboa Av. da Boavista 2300/2304, — Porto Empório casa: telf. 210 964 093 Gas: telf. 223 770 314 wwwgasjeans.com Goorin: Hold Me – Rua do Norte, Bairro Alto — Lisboa Guru – Dualtrand: telf. 225 101 245 Gsus – Pano de Fundo lda: telf. 223 745 278 H&M: Rua do Carmo, 42 — Lisboa Havaianas – Cia Brasil: telf. 291 211 860 Hoss – André Costa: telf. 226 199 050 Hugo Boss Portugal: telf. 212 343 195 wwwhugoboss.com Killah – Sixty Portugal: telf. 223 770 230 LACOSTE – M anuel F. Monteiro & Filho: telf. 214 243 700 LARA TORRES: www.laratorres.com Le Coq Sportif: telf. 220 915 886 www.lecoqsportif. com LEE: www.lee-eu.com Levi's – Levi's Portugal: telf 217 998 149 Levi's acessórios – Pedro Nunes lda: telf. 239 802 500 Lidija Kolovrat: telf. 213 874 536 Rua do Salitre, 169 Louis vuitton: Av. da Liberdade, 190 — Lisboa telf: 213 584 320 Luis Buchinho: telf 222 012 776 Rua José Falcão 122 — Porto www.luisbuchinho.pt Maison Margiela: telf. 220 927 002 Por Vocação – Av. da Boavista Mango www.mango.com Marlboro Classics: Gaia Shopping, Forum Coimbra e C.C. Vasco da Gama Melissa: telf 934 134 392 www.melissa.com.br Merrell – Bedivar: telf. 219 946 810 wwwmerrellboot.com Nikita – Fonseca e carvalho, lda: www.nikitaclothing.com Miss Sixty – Sixty Portugal: telf. 223 770 230 MIGUEL VIEIRA: telf. 256 833 923 www.miguelvieira.pt My Good: Avis, R. José Gomes Ferreira, 11 Lj 251 — Lisboa C.C. 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english version
If you were in the Authentics period again, what would you change, if anything? Change some designers for the good, maintaining the strategy of doing “less but better”.
Mason Jung p. 08
This year, Mason Jung, a young Korean, won first prize in ITS (International Talent Support), organised every year in Trieste and sponsored by Diesel. Mason Jung, from the Royal College of Arts in London won 20,000 euros with a collection which explores the stereotypical forms of formal menswear. You are not the first South Korean to come to the west and find success, winning contests as happened with ITS. Is there now increasing interest in fashion design in Korea? There has always been a lot of interest in fashion in South Korea, and the younger generations that have benefited from the internet seem more eager than ever now because they are more informed and stimulated. How would you define the collection you showed at ITS? My collection is about questioning general perception of clothing. Specifically, the formula for the man’s formal suit, which has never changed its fixed form. I question the stereotypes and have created ordinary looking garments that transform into different and more liberal forms. Some of them have elements of a classic suit just as visual reference. The collection is not only about the outward appearance but about something behind the fossilised form. Do you believe that formal menswear restricts male liberty? How do you think men should dress? In menswear people agreed on a specific form and have created the sartorial rules which would restrict themselves in the end. It is important to conceive a stereotype as a stereotype. They are "restricted" in the sense that they are forced to wear a standardised form by the market. They lose the opportunity to have more variations made available.
Hans Maier-Aichen Authentic Creativity p. 42
Hans Maier-Aichen is well-known for his relationship with the Authentics and the widespread success of his objects around the world. Among those who have collaborated with him are Konstantin Grcic, Tord Boontje, Ed Annink and Marti Guixé. His domestic utensils demonstrate the “less is more” philosophy and show us a new way of looking at the potential of plastic, with the idea of transforming it into a more exclusive and aesthetic material, worthy of embracing more. Before Maier – Aichen, plastic was looked down upon by those such as Eames, but he went against this and started creating forms and utensils so innovative and authentic that they were subsequently copied around the world. Maier – Aichen is currently in Portugal to curate an exhibition for Experimenta Design. We interviewed him to find out not only how the curating was going but also to delve deeper into the ideas and work of this designer, his work with the Authentics and beyond. You are here in Portugal to curate an exhibition showing the work of young designers; how do you feel this work ties in with your past in Authentics? The attitude of Authentics at that time was radical and innovative in terms of using ordinary plastic material and converting it into avantgarde products. I was extremely interested in choosing young “unspoiled” designers, just having left school, to develop an incomparable concept for mass products for everybody.
Are issues of formality stronger in Oriental culture than here, do you think, or is this just the impression we get here in the west? In Korea for example, after the Korean war, the government needed an effective system to control people to re-build the society. In those circumstances, individuality was sacrificed for totality. Those characteristics have influenced the overall culture. I think formality is the result of our special situation. Korean people themselves recognise it. (though they live in Korea) It's not characteristic of the whole oriental culture.
Do you think that your choices of materials in the Authentics period would be different, if you hadn't studied painting and sculpture at the beginning of your career? Or are we in a presence of a total artist in the William Morris sense? My widespread education/experience, and the fine arts in particular, was always part of when it came to questions of volume, shape, surfaces and colours. Most of the early designs of injection moulding products were based on a balance between unique and distinctive shapes,the latest technology and research in materials and especially surfaces. At that time we were able to discover the quality of “transparency” by using ordinary plastic. This coincidence started the trademark of the company.
How was your liberation after all that time living such
How do you see the design studios that currently seem
a restricted life, having to wear Korean military uniform and with so little control over things? I did military service for 26 months. It was quite a unique experience to put yourself in those restricted situations. When I just came back from the army, it was a great feeling, but soon after I forgot the feeling as I became adjusted to my new environment.
to be working completely independently from mass production? The most innovative ideas arrive from designers and design studios that refuse to collaborate with mainstream industries, rejecting any kind of narrow-minded “briefings”. Against the backdrop of the mediocrity of industrial mass production some emerging designers rediscover arts and crafts for their “private collections” that in some cases mark alternative design solutions which often place companies in a strategic dilemma.
What type of clothes do you like to wear? I like to wear clothes like me, not something that makes me look better. Would you say that living in London and studying at the Royal College has influenced your work? Yes, it was a period where I could devote all my time to concentrating on my creative vision. You won 20,000 euros. Can I ask what you plan to do with it? I am going to spend it on the new project (collection).
Do you believe in a healthy relationship between craft and industry in the future? Do you still believe in industry? Without industry and the need for economic production methods, including permanent technological innovations, there will be no progress! The question is whether industry and in particular the design industry will be able to communicate a higher demand for authentic design products. At the moment I doubt it. The idea of an updated manufacture will strongly influence industry and the former competition between both disparate groups will transfer into a reciprocal harmony of production.
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You began as an artist, which must have affected the course of your career. What would you say is most important in the education of a designer? Watching things and remaining curious all the time. A very simple rule against oneway education: Change schools, cross borders scientifically and physically, extend knowledge. Do you think it is important to change academic points of views? Have there been any significant changes in academia over the past few years? Yes, but it would take too much time to answer in detail. A few remarks: a need for more interdisciplinary orientation in academic training (there is too much discussion but still little result!), border crossing practices with cognitive sciences, anthropology and environmental challenges, Training the “elastic mind”, being well prepared for a radical paradigmatic shift in design. What has changed at the Royal College? Don’t know in detail! What are your concerns for the future, and what do you try to convey to the younger generations? Stop overproduction! For younger generations: Travel, observe/ watch, question, communicate, have fun, stay controversial, argue. Design less but better products! We are seeing a large influx of new designers. How do you think the market is going to absorb so many? As with other professions, many of them will not “share the big design cake”. I still believe we could accommodate quite well trained creators in numerous sideline jobs. This , for example, would enhance many public services and public institutions. More young designers will create their own collections and ignore industries. International network will unify designers and make them globally and locally more efficient and influential. Do you think in the future, everything is going to have to pass through the hands of designers? Is the whole world going to be aestheticised, and how is this going to affect us? If we consider our overproduction of industrial design collections being produced for only 10% of the world’s population I would give priority to the interest in “design for the other 90%. In addition we should stop the ongoing inflation of design (adaptions, variations and copies) and concentrate on “super normal” archetypes with long lasting and sustainable qualities. Shouldn´t design become a bit uglier (less focused on traditional aesthetics) in order to attract attention? As the social function of designers is no longer simply to create aesthetic objects, what would you say the role of the designer will be in the future? The designer will act as something in between an “animateur” and a trained designer amateur and will encourage people to understand everyday things and coherences better. You said once in an interview: “Global versus local,” this confrontation will be the key for recognizable design solutions in the coming years. As designers we will have to concentrate on research in materials and innovative technologies but we have to look into old techniques and natural materials as well. A new “manufacturing mentality” could create a glorious comeback to counterpoint activities of commercial global players. Do you believe that the global versus local will really be the key for recognizable design solutions in the future? Aren't you afraid that the global will overtake the local? In the middle of a worldwide crises of finances, economics individual greed and a gigantic collapse of global players, i.e. banks, supermarkets, shipping companies, automobile manufacturers and many others, I am even more convinced that we will be confronted by a surprising revival of efficient local activities dealing with human dimensions, producing for regional but mobile consumers – hopefully for the sake of the designers and their future clients “in situ”.
EntrEga dE trabalhos a compEtição Data limite: 30 De Setembro iNformaçõeS, regulameNto e ficha De SubmiSSão em: www.waitaminutEfilmfEst.com
19 a 22 Novembro 27 a 29 Novembro apoioS be@web
english version
Do the needs make the materials or is it the other way around? Mostly the materials provoke the needs and not the other way around. We mean: If it weren't for environmental concern, maybe the design result would be different? With the sterile appearance and performance of mass produced objects, would they prevail more strongly in the minds of designers? Our basic understanding for environmental questions today will force us to think about sustainability, ecological concern and about “repairing” things. Generally there is no reason to make mass products less attractive just because they have to be low-cost and inexpensive. The attitude of the industry still does not sufficiently respect the social and cultural requirements and the obligation to serve the people with their products. Who would you say are the up and coming talents? Still every day a new “shooting star” is born. The international press likes shooting stars for their own satisfaction. They do not realize how quick that burns down. Andy Warhol once stated: “One day everybody will stay on the pedestal and become a celebrity for a few seconds”. How would you define yourself in 5 words, ideas, people, objects, and adjectives…Curious as a child! Being on the road! Obsessed with unusual ideas being realized in a simple way. I like Jean Prouvé and super-normal objects. My piano stays for crucial harmony.
The Place of Things Time p. 46
It was Ruskin who said that men who are trained to act like efficient machines for accurately drawing, copying and sculpting shapes and arches would soon feel paralysed if they were forced to use other forms of representation. The author of The Stones of Venice (1853), however, believed that this was an opportunity for men to grow and improve.. Human beings were not created to work with precise instruments, Ruskin wrote; their arms cannot draw circles as well as a compass can. To ask them to draw perfect forms would be the equivalent of dehumanising them, wasting their energies and spirit on a reductive quest to create straight lines and perfect, measured forms. Work is divided in such a way that it becomes mere segments of men; fragmenting life in such a way that each part of man’s intelligence would never be enough to complete a whole project, merely parts of it. A kind of anaesthesia, perfect for the designated task; ten hours of repetitive work, hardly any time to think, or to dedicate oneself to emotions. The life of the craftsman, as well as that of the worker, is compartmentalised and mechanised. All our lives are accounted for, minute by minute, second by second, dictated by machines. As William Morris would say twenty years after Ruskin, “everything produced by human hands has a beautiful and ugly form.” Beauty is in harmony with nature, while ugliness does not follow this, but rather goes against it. We change and impose new rules and rhythms upon nature. Our ongoing observation of nature, its complex forms, work which is done in harmony with nature, whilst acknowledging its laws, would seem to be irrelevant in a world where time is both mechanised and divided up. Clocks, previously analogical, are now digital. With the disappearance of the analogical clock, we have lost the act of “reading” the time. With a digital clock, we no longer waste time “reading” the
hands and interpreting the time; it is instantly recognisable. Also, the growth of the digital clock has brought about the gradual decline in the wristwatch as an accessory; the digital clock is now primarily functional, which has not been such a positive step in the area of design as it has eliminated other considerations such as the more playful elements and the aesthetic (the decorative in Morris). Without these things, without visual delight, life can become unbearable. As we know, the functions of things can be multiple but unsustainable, and we are surrounded by objects with a very particular, primary function. Clocks have lost their characteristic tick-tock, and the traditional, mechanical (even wind-up) clocks permitted experimentation with differences in material such as ceramic, metal and glass. The universal nature of these objects brought about a certain uniformity of sensations, tastes and gesture. In actual fact, mass production has not merely made our tastes more uniform, it has also made the rhythm of our lives more uniform, depersonalising them, neutralising them and making them more mechanical. In “Time, Work, Discipline and Industrial Capitalism” E.P. Thompson observed the difference between establishing a sense of time which is measured by nature and one which is measured by the clock. He gives examples from the Canterbury Tales and the character of the cockerel, natural symbol for measuring the passing of time. He questions how far clocks have affected the way we view our life and the way we deal with work. In agriculture, work is carried out according to the rhythm of the herd, the position of the sun in the sky and, if by the sea, according to the tides. A sailor can spend the whole night awake, monitoring the wind and the tides or when the fish are caught in the net. Moreover, on land, the sheep have to be put away before they are spotted and hounded by predators. Activities, guided by nature, especially in rural areas, demand their own timescale, and the lives of those who carry them out have to be in harmony with nature. We could say the same about design. In other words, design is life and the design which is subject to the mechanical and the industrial is a design far removed from nature. Workers, whose lives are expected to be segmented in the workplace, were doomed to be considered automatons, not getting any pleasure from what they did, nor feeling that there was any meaning to their lives. How could they possibly understand the patience of sailors and those in the countryside, used to listening to nature and being guided by natural phenomena, if they themselves were expected to forget their natural internal rhythms? They were condemned to do repetitive tasks quickly because time in the factories meant money and profit. Marx wrote that “the small workshop of the patriarchal master has now been converted into the great factory of the industrial capitalist.” For him, the workers “gathered in the factories are organised like soldiers (…) serving the industrial army”. This thinker, so admired by Morris, remembered the dimensions of the workers’ tasks and how they were reduced to a mechanical, fragmented activity, a meaningless existence, stripped of all individuality. All in the name of the division of labour. Designers today understand this condition and how it is the very opposite of any type of creativity. Nowadays, designers in their studios try out experiments and turn their attentions back to nature. They have gradually distanced themselves from this lifelong commitment to industry. Searching for a definition for design does not mean that it is synonymous with industry and mass production. We see designers now who breathe at their own pace and with their own rhythm; their studios have become places of botanic experimentation and alchemy and they have gone back to the pleasure of appreciating nature, whilst being unafraid of the decorative (Morris). There are various notable examples, such as Marcel Wanders, Tord Boontje, the brothers Bouroullec, Wieki Somers, among others who, despite not being referred to here, are of equal importance. They are designers who value their materials, respect nature, show a commitment to what they do without forcing the rules; vases by Pieke Bergmans, Beecups by Mariana Tocornal, or even the ability to reduce time found in the Museu Vitra pieces, as transformed by Maarten Baas. Loos, when writing about the desire for lack of ornament or of historic references in objects, put these issues into a very specific context. It is worth remembering Heidegger who, in his philosophical work “What is a Thing?” observed that objects merge in the essence of a certain time and space: “the chance character of places and its multiplicity is fused in time.” Two buckets, even if identical,
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will be different when placed in different places. Any two identical objects, in order to be identical, will have to occupy the same place at the same time, which is technically impossible. Loos imposed a bold logic on things, but this logic merges inescapably into time. Loos was also affected by a characteristic which Pierre Bourdieu later believed characterised the very heart of social interaction, the so-called “symbolic violence” upon which the industrial revolution left its mark. Pierre Bourdieu believed that social practices implemented certain values which were consolidated in the memory and action of social groups. As we know, society is made up of individuals with their individual character types, yet these same individuals in turn consist of characteristics which constitute their social group, and subsequently feed it. Laws are guaranteed so that society keeps the characteristics which formed it. Individuals do not merely choose and define their tastes in isolation; they belong to a group and thus adopt the characteristics of this social group (and here we can refer to Dorfles’ Le Oscillazioni del Gusto) Even more importantly, and something which illustrates how, with time, the way we see objects may shift – a change which “symbolic violence” identified – is the fact that sometimes, space and time seem to be a part of things, though end up being external to them (the process of industrialisation) in the sense that they are subject to questions of subjectivity and truth. In fact, the partitive “this” or “that”, “instead of being characteristic of the actual thing, is merely a subjective addition, coming from within ourselves” (Heidegger) For this reason, it is obvious that “we cannot go straight to the actual things because what we attribute to them are not the determinations which belong to them.” Since the determinations depend upon “where the moment-in-time experience places them, and beside the subject, the experience of the thing is actually sealed.” Maybe the question is about truth and whether we are concerned with this, and whether the objects should be this way and not any other way. Maybe for some it is about admitting what is essential, while for others, the object is a receptacle of emotions or an evocation of nature. Returning to Heidegger’s thinking, maybe “in our quotidian expression of things, the doubt remains as to whether we face the same truth as subjective, objective or as a mixture of the two.” (Heidegger)
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PARQUE DAS NAÇÕES
diapositivo
The Special K
Crónica de Cláudia Matos Silva Ilustração: Vanessa teodoro www.thesupervan.com
Nunca tivemos a sorte de nos cruzarmos com ela à porta do prédio. Kylie Minogue era mesmo assim, a nossa vizinha favorita. Juntamente com o loiro de sorriso “pepsodent” Jason Donovan, revelou-se uma jovem estrela da televisão australiana com a série “Neighbours”. Um doce de menina, boa influência para as adolescentes dos anos 80, que giravam a cintura com hoola hoops florescentes ao som do single “the locomotion”.
Kylie seria mais uma estrela dos anos 80 que com a nova década perdera o brilho e desapareça dos escaparates. Não poderíamos estar mais enganados pois ela tinha um plano: regressar à pop pastilha elástica e com uns micro calções dourados que lhe valeram o título de rabiosque mais sexy da indústria discográfica. «Spinning Around» do CD «Light Years» ou «Just Can’t get you out of my head» do disco «Fever» enchiam as pistas de dança e a carreira da coqueluche da pop, por vezes uma cópia pirateada do ídolo Madonna ressurgia “on her own terms”.
Michael Hutchence, primeiro apaixonou-se pela jovem de riso sincero e cabelo aos canudos, depois viu o potencial da menina de coro para mulher sem decoro e escreveu «Suicide Blond». O músico dizia muitas vezes que o seu hobbie favorito era corromper Miss Minogue e aos poucos ia levando a água ao seu moinho. A início um corte de cabelo radical, mais tarde um sublime dueto com Nick Cave. Mas as marcas que Hutchence deixaria na vida da cantora não se ficavam pelo nível artístico. Partiu-lhe o coração trocando-a pela topmodel Helen Christensen —e antes de se enforcar no seu apartamento com um cinto— juntou-se à apresentadora Paula Yates, que desgostosa teve o mesmo fim deixando a filha de ambos à guarda do ex-marido Bob Geldof.
Kylie actuou pela primeira vez em Portugal em Julho passado num Pavilhão Atlântico com pouco mais de quatro mil pessoas. Mesmo assim há que ressalvar que quem esteve fez-se ouvir alto e bom som! Da plateia, destaque para algumas celebridades: o coreógrafo Marco de Camilis ou o futebolista Cristiano Ronaldo. No dia seguinte os fóruns da Internet queixavam-se da promotora não terá publicitado devidamente o espectáculo, afinal na primeira passagem da pequena Kylie por Portugal quase ninguém deu por ela. Mas a justificação para uma noite tão desfalcada de público pode mesmo ser o “Delta Tejo”, um festival que estava à pinha para ver, entre outros, os Deolinda. Tratando-se de música nacional, do mal ao menos!
Michael mudaria para sempre a vida de Kylie, abrindo‑lhe os horizontes à pop mais refinada com o lançamento do incompreendido «Impossible Princess». O infortúnio ditou que a Princesa Diana morresse no fim-de-semana anterior ao lançamento do disco. Para a história, uma enorme falta de timing e um monumental flop comercial. Pensámos que
E assim se celebraram mais de 20 anos de carreira da que não dança, nem canta especialmente bem mas possui o factor K que faz dela tudo…menos a nossa “the girl next door”!
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Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa 18 a 26 de Setembro de 2009 Cinema São Jorge
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Espaço Lounge, Espaço da Memória Sessões Especiais Exposição Shocking Pinks Festas Panorama Longas-Metragens Queer Art Queer Pop Noites Hard
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