PARQ
Número 24
novembro / dezembro 2010
Director
TEXTOS
editorial
Francisco Vaz Fernandes
Ana Canadas Ana Rita Sousa ana rita sevilha Anabela Oliveira Carla Carbone Cláudia Gavinho Cláudia Matos Silva diana de nóbrega Davide Pinheiro Diogo Torres Francisco Vaz Fernandes hélder faria José Reis Nuno Adragna Margarida Brito Paes Maria João Teixeira Maria São Miguel Miguel Carvalho Miguel Pedreira Pedro Lima Pedro Pinto Teixeira Roger Winstanley Rui Catalão Rui Miguel Abreu
Esperança
francisco@parqmag.com
editora Cláudia Gavinho claudia.gavinho@parqmag.com
editora de moda Ana Canadas ana.canadas@parqmag.com
Direcção de Arte Valdemar Lamego @ Alva www.alva-alva.com
Publicidade Francisco Vaz Fernandes francisco@parqmag.com
FOTOS
periocidade Mensal Depósito legal: 272758/08
javier domenech le-joy Manuel Sousa Marcos Sobral sara gomes Sérgio Santos
Depois de uma breve pausa de repouso voltamos em Fevereiro. Um bom ano para todos, são os votos de toda a equipa que faz a PARQ.
Registo ERC: 125392 Edição Conforto Moderno Uni, Lda. nIF: 508 399 289
STYLING
PARQ Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq. 1000-251 Lisboa
Ana Canadas Conforto Moderno juliana lapa Margarida Brito Paes
t. 00351.218 473 379 Impressão BeProfit / SOGAPAL Rua Mário Castelhano — Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena 20.000 exemplares distribuição Conforto Moderno Uni, Lda. A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.Todos os direitos reservados. Copyright © 2008—2010 Parq. Assinatura anual 15¤. www.parqmag.com
A estação natalícia é propícia a discursos humanitários a que sempre tentamos fugir. Contudo, um momento de crise obriga-nos a olhar mais atentamente para o que se passa ao nosso lado, com os amigos e com os leitores anónimos que não conhecemos mas que conseguimos imaginar, nos seus momentos de alegria e de aflição. A PARQ é um terreno sensível como um papel fotográfico e reflecte as atmosferas daqueles a que se destina. Por isso, não podíamos estar mais de acordo como NUNO MARKL, o entrevistado desta edição, quando se refere que este é um momento delicado para quem faz humor. Queremos obviamente rir, ser felizes e despreocupados mas teremos mais dificuldade em achar piada num momento difícil. O mesmo acontece, diríamos, com quem faz um projecto de lifestyle como este quando se procuram coisas básicas. Por isso, entre o entusiasmo e o desespero, será necessário navegar entre uma fronteira de esperança. Ser criativo é uma chave neste momento e nós queremos ser uma referência enquanto espaço de troca de ideias de uma comunidade criativa a pensar num mundo melhor. Por isso, este Natal, ofereça uma PARQ para a construção de um mundo melhor.
ilustração bráulio amado Luís Gama
por Francisco Vaz Fernandes
real people
moda
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vincent moon texto por Pedro Teixeira, ilustração por Luís Gama
06.
katfyr texto por Pedro Lima, ilustração por Luís Gama
58.
miguel molena texto por Ana Canadas, ilustração por Luís Gama
60-63.
08.
54—57.
cidades porto. um guia texto por José Reis, fotos por Le~Joy
10—13.
you must shopping fotografia por Manuel Sousa, styling Ana Canadas
Go Your Own Way Ana Filipa (L’Agence) fotografada por Sara Gomes, direcção de arte e styling por Ana Canadas, ass.styling por Margarida Brito Paes, makeup por Anne Sophie com produtos M.A.C.
80—89.
The Kids Are Alright Pureza Flemming, João Pombeiro, Tiago Veiga, Inês Magalhães (L’Agence), Nádia Vieira (Light Models), Diogo Castro (Light Models), João Henriques, pedro ventura (ML Agency) fotografados por manuel sousa, direcção de arte e styling por Ana Canadas, ass. fotografia Alex Holstein, ass. styling Margarida Brito Pães, make-up & hair da 7ª imagem (Television) Ana Vahia Tiza, make-up Miguel Molena com produtos Maybelinne New York, ass. make-up Ana Frazão, Joana Martins e Carla Santos, hair Marco Pinheiro
cinema gainsbourg por Maria João Teixeira cultura Dressing for pleasure por Roger Winstanley
shopping 64.
72—79.
tv mad man por Diana de Nóbrega
you must 14—39.
·armanda duarte ·pedro gadanho ·crono lisboa ·design london ·formex formidable ·made out portugal ·519 ·die antwoord ·the chromatics ·legends ·destroyer ·abarth ·Hybrid ·dinky toys ·l'eroica ·band of outsiders ·RED ·goose feathers ·Garage artists ·Scooters mini e smart … …
parq here 90.
shopping 40—43.
relógios + ténis
66.
moda Moda lisboa: Desfiles por Diogo Torres e Margarida Brito Paes
68.
Moda moda lisboa: street style texto por Ana Canadas, fotos por Sara Gomes
soundstation 44.
Kisses por Pedro Lima
46.
dj culture por Davide Pinheiro
48.
Analog Africa por Rui Miguel Abreu
70.
Moda moda lisboa: backstage ana salazar fotografia por Marcos Sobral
71.
portugal fashion por Francisco Vaz Fernandes
central parq 50—53.
Grande Entrevista nuno markl texto por Francisco Vaz Fernandes e Cláudia Gavinho, fotografia por Javier Domenech
92—96.
vis-à-vis: canela de coelho por Fred&Fanny verónique soul mood d'ici et lá lobo taste voa store drinks
97.
guia de compras
98.
Dia Positivo girls just wan't to have fun texto por Cláudia Matos Silva, ilustração por Braúlio Amado
fotografia da capa por Pedro Janeiro, styling por Ana Canadas, ass. styling Margarida Brito Paes, make‑up por Lola Péron, modelo Alyosha (Light Models). Alyosha usa óculos Ray Ban na André Ópticas, camisa de ganga Levi’s, camisola Hoss
www.vincentmoon.com
MATHIEU SAURA (aka VINCENT MOON) nasceu em Paris em 1979. Há dez anos trocou a máquina fotográfica pela câmara de filmar e, desde então, gravou mais de duzentos filmes com músicos e bandas de todo o mundo. O realizador que fechou os ARCADE FIRE num elevador permanece apostado em deixar algo para a imaginação, reduzindo a abrangência dos planos e reservando o foco da atenção para o pormenor. Em conversa com a PARQ deixou algumas pistas.
O teu trabalho está muito ligado à música. Quais os discos sem os quais não poderias viver? VM: Eu não ouço discos. Ouço apenas aquilo que gravo. A tua linguagem visual funciona melhor com determinados tipos de música, concordas? VM: Eu acredito que cada música merece uma abordagem distinta mas,
ao mesmo tempo, não tenho respeito por nada. Aceito todos os estilos musicais mas não tenho respeito por eles, o que resulta em coisas totalmente diferentes. Existe uma procura e uma tentativa de evolução mas interessa-me, sobretudo, não ser um espectador nem um realizador, interessa-me estar no meio da acção e, sim, fazer parte dela. Eu utilizo a câmara para interagir. Não sei tocar guitarra, por isso toco câmara. Gostavas de realizar um vídeo para os U2? VM: Não. Interessa-me sobretudo filmar coisas que não conheço, é a minha maneira de explorar o mundo. Não ganho dinheiro com os filmes que faço e tenho não ganhar. Tento ter um estilo de vida em que o dinheiro não é importante, ou algo do género. Faço um filme para ti e tu arranjasme um sítio para ficar esta noite.
004 – real People
Em que altura aprendeste mais com o teu trabalho? VM: De certa maneira, aprendi mais na terça-feira passada quando estive no Cairo e filmei uma cerimónia de transe. Organizei uma cerimónia de transe para mim, uma cerimónia Zar. Foi uma experiência incrível.
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E o que te faz feliz? VM: Fingir que faço filmes só para conhecer pessoas.
— pedro pinto teixeira
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— luís gama
Sê louco. Confia nos loucos.
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katfyr Os KATFYR (lê-se catfire) são os novos talentos do electro-maximal e já começam a dar que falar. Com produção de JAYJAY (OXID PROJECT) e voz de TOBEL (SLAMO), a banda cria música de cadência possante e batidas incendiárias. Depois das remisturas oficiais para AUTOKRATZ e CELLDWELLER, os rapazes preparam-se para o seu álbum de estreia. A PARQ falou com JAYJAY.
www.katfyr.com
JAYJAY, fala-nos do teu percurso. Como começaste a produzir música e quando iniciaste os KATFYR? JJ: Fiz as minhas primeiras produções em 1998 mas só em 2001 comecei a promover o OXID PROJECT. Os KATFYR surgiram mais recentemente, em finais de 2008, como uma evolução natural dos vários trabalhos feitos por mim e pelo TOBEL. No fundo, foi uma forma de exteriorizarmos abordagens e conceitos sonoros ainda mais pujantes e experimentais do que nos nossos outros projectos.
Os KATFYR deram-se a conhecer no Facebook e em live acts demolidores. Quem é esta banda, para quem ainda não vos conhece? JJ: Os KATFYR são um grupo de música electrónica de Lisboa, formado por mim e pelo meu irmão TOBEL. O nosso lema é pôr toda a gente a saltar com as nossas músicas e com as performances ao vivo. Para saberem mais dêem um pulo à nossa página do Facebook ou apareçam no próximo gig e serão mais que bem-vindos! Como é a vossa música? JJ: Em poucas palavras: possante, energética e melódica. A nossa assinatura são linhas de baixo agressivas aliadas a batidas fortes e progressões sonoras talhadas para dar um boost gigantesco a quem quer que nos oiça. Pelo menos tentamos fazer por isso! Os KATFYR estão alinhados com a nova tendência do banger maximal e ruidoso como STEVE AOKI e
006 – real People
THE BLOODY BEETROOTS. Quais são as vossas inspirações? JJ: Estamos mais ligadas a conceitos do que propriamente a artistas. As nossas produções têm influências em vários géneros musicais, desde o rock ao trance melódico, do metal ao IDM. No entanto, admitimos que os THE PRODIGY são, sem dúvida, uma referência para nós, na forma como põem toda a energia possível em cada música e exploram novas abordagens sonoras sem preconceitos. Estão prestes a publicar o álbum de estreia. Fala-nos sobre ele e os vossos planos para o futuro. JJ: Ainda não queremos revelar o nome do álbum mas vai combinar vários estilos como o electro, maximal,
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— pedro lima
nu-rave e neo-80s, tudo misturado à nossa maneira. Não vejo a hora de pormos este bicho na rua, até porque já estamos a produzir temas que irão fazer parte do próximo trabalho que, entre outras novidades, contará com a participação de alguns artistas como os AUTOKRATZ. Mas essas produções, por enquanto, só vão poder ser ouvidas nos lives. Quanto ao futuro, estamos neste momento a preparar o primeiro video e a tratar de preencher a agenda de 2011 com o maior número de datas possível porque os KATFYR estão aqui para ficar —assim espero, pelo menos!
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— luís gama
Hairstylist e maquilhador profissional MIGUEL MOLENA não teve um percurso de carreira linear. Iniciou a sua formação académica em Pintura Cerâmica da qual desistiu para ingressar no conservatório em Dança Clássica. Foi convidado pela Companhia Nacional de Bailado como Pré-Profissional onde se manteve durante um ano e meio, acabando por abandonar o curso por sentir que não era o seu campo. Após um período de indecisão os cabelos e a maquilhagem, matérias igualmente técnicas e delicadas como as que anteriormente lhe tinham suscitado interesse, acabariam por vir a ser um modo de vida. Da moda ao teatro, passando pelo cinema e televisão, a procura de novas aventuras e a multidisciplinaridade são um motor para a sua criatividade. A LISBOA MAKE UP SCHOOL é o seu mais recente desafio.
Como iniciaste o teu percurso no mundo dos cabelos e da maquilhagem? MM: Comecei por trabalhar na CASA AYER durante bastante tempo. Nos anos 90 apareceram as televisões privadas e fui abrir a TVI. Em simultâneo trabalhava para revistas, teatro e noutros projectos. O que te fascina mais no processo de maquilhar? MM: Fazer com que algo complexo pareça simples e trabalhar a cor. Saber misturar mas, ao mesmo tempo, manter uma harmonia. Que referências usas como base de inspiração? MM: Procuro inspiração em tudo o que me rodeia mas sempre tive um interesse particular pelo movimento punk, pela VIIVIENNE WESTWOOD e pela make-up dos anos 80. Gosto de trabalhar a cor, as texturas, o processo e o método que levam à construção de um look. As ideias nunca se esgotam, estou a viver numa época muito criativa, muito interessante. Fizeste um mestrado em Make‑Up de Efeitos Especiais. Donde surgiu este interesse? MM: Efeitos Especiais era algo que me faltava, uma lacuna na minha formação. Enquanto auto-didacta a quantidade de conhecimentos que se adquire é limitada, fazem-se trabalhos por aproximação e, para trabalhar em cinema, não é suficiente. Fazer este mestrado em Los Angeles abriu‑me os horizontes e permitiu-me
008 – real People
crescer a vários níveis. Ganhei uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e fui viver uma experiência única. É curioso, as pessoas no nosso país têm medo de arriscar, não procuram as oportunidades e desconhecem que elas existem. Iniciaste recentemente a LISBOA MAKE UP SCHOOL. Como tens encarado este novo projecto? MM: A abertura da escola foi uma loucura, especialmente na fase económica que atravessamos, mas é um desafio que faz sentido nesta fase da minha carreira. Ensinamos make-up em todas as suas vertentes: beauty, cinema, teatro, televisão, body painting. Fazemos workshops em todas estas áreas e também cursos profissionais. Sinto que é gratificante ensinar e acompanhar o percurso evolutivo dos alunos, ver para que área têm mais aptidão.
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— ana canadas
Como vês a evolução da maquilhagem ao longo dos tempos? MM: Os anos 80 tinham um conceito forte que durou uma década. Os cabelos e a maquilhagem sempre tiveram bastante associados à historia mas, a partir dos anos 90, torna‑se difícil de caracterizar. Podemos brincar e criar imagens conceptuais. Quando me pedem para fazer uma maquilhagem dos anos 40 ou do final do séc. XIX, é fácil estabelecer um look padrão através dos elementos chave que conhecemos mas, se me for pedida a mesma coisa para a actualidade, é impossível definir, as possibilidades são infinitas.
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— luís gama
building blocks
fotografia por MANUEL SOUSA styling por ANA CANADAS
batons Dior perfume Calvin Klein relógio branco Diesel relógio cinzento com riscas Diesel relógio dourado Timex no Espaço B relógio preto Phillippe Starck relógio laranja Nixon no Espaço B relógio castanho Diesel relógio preto com calculadora Timex no Espaço B relógio branco Armani óculos com imagem na haste Tipton Budapest atrás óculos prateados Todd Lynn by Linda Farrow do lado esquerdo óculos brancos Dita todos na André Ópticas
010 – You Must shopping
011 – You Must shopping
012 – You Must shopping
building blocks
fotografia por MANUEL SOUSA styling por ANA CANADAS
ténis Supra Sk ytop II Burgundy Sparkle na Tribal ténis bege com detalhes em pele Kris Van Assche no Espaço B ténis brancos com riscas bordeaux Tiger ténis com atacadores amarelos Converse ténis vermelhos e pretos Supra Vrider Red/Blk Distressed na Tribal ténis brancos e salmão Adidas bonecos na Skywalker mala MySuelly no Espaço B calças bordeaux Replay calças cinza Diesel calças azuis escuras Diesel calças bege Wrangler calças de ganga desbotadas Diesel calças cinzentas KR3W na Tribal
013 – You Must shopping
a r m a n da Até 3 de Dezembro Chiado 8 Arte Contemporânea Largo do Chiado, Lisboa De 2ª—6ª, das 12h—20h
d u ar t e T— Francisco Vaz Fernandes
O trabalho de ARMANDA DUARTE desenvolve-se a partir de enunciados mais ou menos evidentes dentro dos títulos que as obras vão tomando. Por exemplo, Sopro Livre é constituída por 24 esferas de vidro que formam uma coluna vertical de 48 centímetros de altura, precisamente o desnível entre esta primeira sala onde está exposta e a segunda. Também a obra seguinte, Ângulo de Repouso, em ângulo inclinado, representa 31 metros cúbicos de areia correspondentes à totalidade do volume das duas salas anteriores medidas à altura de 48 centímetros. Os enunciados são, então, pontos de partida que estabelecem uma ordem de processos e de lógicas que nos remetem para objectivos minimalistas que poderíamos encontrar nos procedimentos de CARL ANDRÉ ou DONALD JUDD. Contudo, estes aspectos mais objectivos servem de alguma forma para conter um trânsito de emoções de ordem subjectiva que percorre transversalmente toda a obra da artista. Ao contrário dos dois artistas americanos (que pensam a obra como um fim em si) as obras de ARMANDA DUARTE seguem um ciclo que as relaciona com obras passadas e futuras, assim como ao momento e ao local. Elas estabelecem‑se numa relação com o espaço, desvendando uma rede de vivências que fazem com que a obra vá, em certos momentos, seguindo o seu curso independente da autora. Grande parte das obras são dadas
014 – You Must
o solo da sala servem como unidades‑medida. No caderno Desenho Intermédio, constrói um inventário exaustivo das espessuras e dos perímetros dos objectos dispostos na laje para desenvolver um desenho realizado na parede. Esta obra é, até, mais ilustrativa da função objectiva do enunciado e dos contornos de deriva que pode tomar a sua interpretação.
e finitude —como acontecia com os minimalistas, sua referência imediata— ela desvanece‑se nesse trânsito e tende a desmaterializar‑se porque procura alcançar uma infinitude. É uma obra que nunca pode ser avaliada pelo conjunto de objectos em si mas pelas relações que estabelece com o mundo à volta.
O trabalho da ARMANDA DUARTE está sempre em ressonância com o mundo à volta. Cada gesto e cada material enche-se de significados, ganhando um lugar e uma lógica que se precipitam numa cadeia de enunciados que tecem uma malha. Nesse sentido, nada no mundo de Armanda encontra rupturas mas, sempre, pontos de ligação. Por tudo isso, a sua obra antes de se estabelecer como unidade
Sopro Livre, 2010. 24 esferas de vidro.
como iniciadas mas, depois, entregues a outros intérpretes, estabelecendo todo um ambiente de deriva e de descontrole contrário às especificidades objectivas do enunciado. Por exemplo, em Uma Laje, todos os objectos circulares contidos numa das pedras de mármore que cobrem Ângulo de Repouso, 2010. 31 m3 de areia.
Uma Laje, 2010. Vários objectos circulares.
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gadanho
lisboa
T— Francisco Vaz Fernandes
T— Maria São Miguel
A experiência curatorial —mais do que uma soma de obras ou de criadores escudados sobre o pretexto de um tema— pode ser, por si, um objecto de reflexão. Nesse sentido, a mais-valia deste projecto curatorial de PEDRO
Pill, 2010. Edgar Martins
GADANHO prende‑se com a singularidade de trazer os olhares de diversos artistas sobre a sua própria obra enquanto arquitecto. Essa ideia, que foi tomando corpo ao longo do seu percurso (que, além da arquitectura, tem sido preenchido com a produção de eventos na área da arquitectura, do design e da arte contemporânea, sempre na óptica de expandir as suas fronteiras) teve como primeiro momento um vídeo de FILIPA CÉSAR. Neste projecto a artista, a partir de um efeito de travelling elíptico, intercala os interiores da casa de uma coleccionadora com os captados no interior da Galeria Presença, no Porto (uma das primeiras obras arquitectónicas de Gadanho). Quando EDGAR MARTINS fotografa a casa
016 – You Must
de GUTA MOURA GUEDES este projecto expositivo estava já em marcha e é interessante verificar como o olhar do artista sobre a arquitectura perde a preocupação documental do espaço, restando resquícios abstractos que não ajudam
Todas as pessoas que vivem em Lisboa repararam nos enormes graffitis criados na Avenida Fontes Pereira de Melo, desenhados numa escala e num espaço nobre até então nunca visto. O projecto programado pela ACA (AZÁFAMA CITADINA – ASSOCIAÇÃO) segue agora com a mesma dimensão com as propostas de ERICAILCANE (Itália), BASTARDILLA (Colômbia), LUCY (Reino Unido), MAR (Portugal) e RAM (Portugal), no mesmo quarteirão da Avenida Fontes Pereira de Melo com a Avenida da Liberdade (no nº 247) e na Rua de Cascais (em Alcântara), cumprindo‑se assim a segunda etapa das quatro previstas. Uma por estação, dando a este projecto uma dimensão internacional, tornando Lisboa a capital do graffiti, da street art e das demais formas de expressão criativa no espaço colectivo.
Closet, 2010. Edgar Martins
à sua leitura. Aliás, essa tensão entre um carácter mais documental e um carácter interpretativo é o ponto fulcral de toda a exposição. Neste sentido, JOÃO PAULO FELICIANO é, talvez, o que maior eco faz dessa tensão. Constrói uma peça a três dimensões a partir de pequenas fotos do seu espaço doméstico fotografado ao longo dos anos que, juntas, criam um espaço próprio, tridimensional, longe de desvelar o edificado.
ericailcane + lucy
london d e s i g n www.londondesignfestival.com
f e s t i v a l T— Francisco Vaz Fernandes
Para muitos londrinos Setembro não é apenas o regresso às aulas é, também, um período de avaliação nas áreas criativas. A temporada começa com dois grandes eventos: o LONDON DESIGN FESTIVAL (cujo epicentro é a 100% DESIGN) e a FRIEZE, uma feira de arte contemporânea. Este ano a Trafalgar Square (que era, até agora, um dos espaços públicos mais emblemáticos do LONDON DESIGN FESTIVAL dada a dimensão das encomendas) foi entregue à AUDI, que desenvolveu um projecto com jogos de lazer fazendo referência à robotização usada nas linhas de montagem de
kenyon yeh, Jufuku Bamboo Stool.
carros. Apesar do aparato, o projecto da AUDI foi mal recebido e, mesmo, considerado irrelevante, por a praça ter anteriormente acolhido projectos de JAIME HAYON (em 2009) e de TOM DIXON (em 2008). Por tudo isto, um projecto de design público que, à partida, seria secundário, viria a ser o mais aclamado. A LOLLIPOP
yael Mer + Shay Alkalay, da Raw Edges. Plaid Bench.
018 – You Must
jaime hayon, Gold Arpa Chair & Time Piece Table.
kenyon yeh, Jufuku Bamboo Coffee Table.
SHOPPE, empresa de mobiliário fundada em 2007, desenvolveu seis projectos pensados para o espaço público onde se destacam as propostas de YAEL MER e SHAY ALKALAY (do RAW EDGES STUDIO). Este duo concebeu uma sucessão de bancos corridos de madeira pintada, criando uma superfície de xadrez a partir de travejamentos. A leiloeira PHILLIPS DE PURY trouxe para a SAATCHI GALLERY uma exposição de cadeiras de jovens designers em vias de consagração, onde se destacam as propostas da NENDO. Esta empresa japonesa liderada por OKI SATO desenvolveu uma série de projectos baseados na ideia de desenho a partir de uma linha contínua. A sua cadeira 21 400 mm Chair mereceu grande destaque por parte das publicações especializadas, rivalizando com os móveis em bambu propostos por KENYON YEH, designer japonês residente em Londres. Exalando um ligeiro perfume
kenyon yeh, Jufuku Bamboo Cabinet.
e leveza, estes móveis baseados na ideia de repetição de formas, foram tidos como os mais poéticos numa semana marcada, essencialmente, pelo carácter económico que tem levantado protestos e teve mesmo um concorrente: o ANTI DESIGN FESTIVAL que, nesta sua estreia, também não trouxe nada de relevante.
stuart haygarth, no Victoria&Albert Museum. Framed.
tw c ar a s t e . © Filip a Ri
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f o r m e x www.formexmagazine.com
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formidable
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T— Francisco Vaz Fernandes
dock lamp. ©João Valente.
keramiska burkar. ©Camilla Engdahl.
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FORMEX é a maior feira de design de interiores da Escandinávia e realiza‑se todos os anos em Estocolmo. A organização desta feira acompanha a excelente produção industrial destes países que, desde há muitos anos, têm o design como a sua principal arma, agora produzido em qualquer parte do mundo, tornando os produtos ainda mais competitivos. A feira tem ganho um estatuto especial nas áreas da cerâmica, dos têxteis e do papel de parede —elementos associados à decoração que atraem empresas de todo o mundo. Para captar a participação de pequenas empresas criativas, a feira criou o prémio FORMEX FORMIDABLE, em que todos os nomeados ganham 10 mil euros. O prémio só é atribuído em Janeiro mas os 19 concorrentes já são conhecidos.
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m a d e o u t www.madeoutportugal.com
portugal T— Francisco Vaz Fernandes
wonderland. ©Stephen Johnson, para a Men at Work.
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São nove portugueses e constituíram‑se como plataforma informal sob o nome de MADE OUT PORTUGAL. Não pretendendo ser uma delegação portuguesa garantiram, mesmo assim, uma presença na última edição da DUTCH DESIGN WEEK em Eindhoven. São muitas as afinidades geracionais que os aproximam: são todos jovens designers formados em Portugal que procuram desenvolver, a partir da Holanda, as oportunidades de uma carreira que o seu país não pode dar.
Foram descobertos por HEIDI SLIMANE (antigo director criativo da DIOR HOMME) já lá vão uns bons anos e, desde então, têm estado sob o olhar atento do circuito da moda. Mas o quarteto britânico é muito mais do que o hype criado à sua volta e a música que fazem é por muitos considerada das mais inovadoras da década (o uso de uma percussão off beat e de uma estética negra e melancólica coloca-os à parte dos restantes fenómenos pop).
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levi's unfamous music awards these new puritans 11 de novembro Musicbox, lisboa
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T— Cláudia Gavinho
vivo no próximo dia 11 de Novembro, no MUSICBOX, em Lisboa, a propósito dos LEVI'S UNFAMOUS MUSIC AWARDS. A nova campanha WORN BY DOERS, da qual os TNP são a imagem, propõe um regresso a um look mais autêntico com os LEVI'S 519 —uns jeans de 5 bolsos e perna muito slim, ligeiramente tapered, disponível em tons de preto e índigo. O look é finalizado com uma t-shirt branca ou preta, uma camisa SAWTOOTH com emblemas e o blusão de ganga TRUCKER.
Para celebrar o espírito pioneiro desta e de outras bandas, a LEVI'S apresenta os THESE NEW PURITANS como protagonistas da sua nova campanha WORN BY DOERS e como cabeças de cartaz da 3ª edição dos LEVI'S UNFAMOUS MUSIC AWARDS, que tem como objectivo mostrar projectos ainda desconhecidos do panorama musical. Não será tanto o caso dos THESE NEW PURITANS, já com uma sólida base de fãs em Portugal que, pela primeira vez, os poderá ver ao
www.levis.com
022 – You Must
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chro ma tics O Teatro Sá da Bandeira e o Lux vão receber um dos mais interessantes projectos synthpop da actualidade, o quarteto norte-americano CHROMATICS. As sonoridades têm o cunho pessoal de JOHNNY JEWEL, produtor e guitarrista dos já conhecidos GLASS CANDY, da aclamada editora ITALIANS DO IT BETTER. Guitarras eléctricas pesadas que se arrastam, batidas italo‑disco da década de 70, teclados vintage, disco-noir decadente, vocais
30 de novembro teatro sá da bandeira Porto 02 de dezembro Lux Lisboa
femininos atraentes mas em queda, sussuros sexuais de torpor etilizado pontuados por drum machines e sintetizadores em staccato. O estilo situa-se entre o revivalismo pós‑punk, dance music e o indie pop, mais obscuro que adocicado. Os álbuns de originais editados a conta-gotas têm sido alvo de rasgados elogios por parte da crítica. Temas como Night Drive, In The City ou a versão inspirada de Running Up That Hill de KATE BUSH vão, certamente, deixar o público desta banda embriagado na sensualidade contagiante da vocalista RUTH RADELET.
T— Pedro Lima
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Os DIE ANTWOORD são uma banda sul-africana e um fenómeno dos dias de hoje. Próximos do hip hop identificam-se, no entanto, com diversas influências. A reacção geral aos vídeos da banda é algo como: “Isto é mesmo real ou será uma grande paródia muito bem produzida?”. Mas, ver para crer, estes vídeos tornaram-se num fenómeno de visitas no Youtube e banda tem estado em tour pelo mundo desde Abril. Em palco são como um furacão contagioso, transpiram adrenalina e até os públicos menos convictos se rendem a um ritmo que mistura hip hop, trash e rave.
T— Ana Rita Sousa
o s c te a l www.24teeth.com
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Sneakerfreaker
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O novo e inspirador projecto LACOSTE LEGENDS junta 12 colaboradores do mundo da música, dos media, do estilismo e do retalho com o intuito de criar uma exclusiva colecção de 12 pares de sapatos. Cada um fez uma interpretação pessoal do legado de RENÉ LACOSTE, dos valores da marca e da sua tradição no calçado transformando, assim, alguns dos modelos mais icóncos da marca. Cada modelo desta colecção limitada tem uma pala feita do algodão petit
piqué e uma etiqueta de tecido da LACOSTE finalizada com um botão em madrepérola, uma referência ao detalhe do lendário pólo L.12.12 , criado por RENÉ LACOSTE há 75 anos. Em Portugal, esta edição estará disponível na loja COCKTAIL MOLOTOF, no Porto, e AKIRA, em Lisboa. Os preços vão variar entre os 95¤ e os 199¤.
Colaboradores: Jazzie B (empresário musical), Sébastien Tellier (Músico), Stones Throw (empresa discográfica), Ato (criador de moda), Christophe Lemaire (criador de moda), Tim Hamilton (criador de moda), Sneaker Freaker (revista de moda), i-D (revista de moda), Shoes Master (revista de moda), Bodega (loja de sneakers), D-Mop (concept store), Colette (concept store).
T— Maria São Miguel
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d e stroy
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Os típicos blusões de futebol que se popularizaram nas universidades americanas são hoje uma peça‑chave na tendência College desta estação. Desde sempre ligada ao desporto, nomeadamente, ao desporto universitário a partir da década de 70, a NIKE criou agora uma versão para homem e para mulher destes blusões. O novo blusão DESTROYER tem um design renovado e é feito com materiais sintéticos usados na alta competição, que lhe conferem leveza. Existe ainda um modelo em lã, com mangas em couro, para uma imagem mais retro. Em qualquer dos casos, os blusões DESTROYER da linha NIKE Sportswear têm detalhes que lhes dão uma nova contemporaneidade. Mantendo o corte original, o modelo tem pormenores que aliam uma funcionalidade futurista a uma estética intemporal. Exemplo dessas inovações são o corte feito a laser, os revestimentos à prova de água e o novo fecho zíper. T— Francisco Vaz Fernandes
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Fabio Novembre um dos mais reputados designers de interiores italiano criou uma nova cadeira para a Casamania inspirada no Abarth , um carro desportivo que tem por base a carroçaria do Fiat 500. É uma cadeira em policarbonato transparente apoiada num pé de alumínio lacado que procura evocar velocidade. Disponível na Fluxograma.
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www.novembre.it www.fluxograma.com
T— Francisco Vaz Fernandes
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Camper Rua de Santa Justa—Lisboa 213 422 068 Av. de Roma, 55b—Lisboa 217 0061 635
www.camper.com
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O conceito de híbrido tem ganho uma presença cada vez maior na nossa sociedade, tomando diferentes significados consoante os produtos. Na maior parte das vezes tem uma conotação ecológica e é precisamente essa a ideia que subjaz à colecção THE HYBRID da CAMPER. Todos os modelos foram concebidos segundo uma ética de design sustentável e produzidos com materiais reciclados, uma política que a CAMPER pretende implantar e alargar a outros produtos (durante todo este ano houve um claro investimento da marca nesta mensagem). Tanto as peles, como as borrachas, as palmilha e os fios provêm de materiais recicláveis e de processos que ajudam a reduzir a contaminação dos solos. Além desta colecção ter ganho as montras da maior parte das lojas CAMPER de todo o mundo, a marca pediu ao artista espanhol EMÍLIO GOMORIZ para criar as imagens da campanha e uma animação 3D onde o processo de reciclagem é representado por seres fantásticos, num claro apelo ao consumidor mais jovem que está preparado para receber estes novos híbridos. T— Francisco Vaz Fernandes
i o n y k s y Até 31 de dezembro casa-museu medeiros e almeida Rua Rosa Araújo, 41 — Lisboa 2ª—6ª: 13h—17h30 Sáb: 10h—17h30
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Inicialmente, a DINKY TOYS era uma marca americana que reproduzia em pequena escala os automóveis que circulavam nos anos 30. O seu sucesso fez com que outras marcas surgissem no mercado mas a designação DINKY TOYS ficou e tornouse global para referir estas pequenas miniaturas. Agora pode ser vista na Casa-Museu António Medeiros e Almeida, em Lisboa, uma exposição muito completa e cheia de raridades organizada
por JOSÉ ANDRADE. A exposição inclui miniaturas em lata da inglesa CORGI TOYS, da francesa SOLIDO e da portuguesa METOSUL que merecia, por si só, uma exposição já que, nos anos 60, viveu o seu período de ouro, quando fazia uma clonagem de modelos das outras marcas. Independentemente da idade, é bem provável que quem visite a exposição se lembre do CITROËN DS 19 (cópia fiel do modelo da CORGI TOYS que foi
descontinuado em 1965). Ou do MERCEDES-BENZ 200, que teve na versão Táxi (verde e preto) a sua maior produção, tanto com a letra A, de aluguer, como na versão de cidade.
T— Maria São Miguel
Em Itália a história do ciclismo está intimamente ligada à figura de heróis nacionais como FAUSTO COPPI, Il Campionissimo. A corrida L'EROICA, criada há doze anos por GIANCARLO BROCCI para celebrar as strada bianchi (estradas brancas) da belíssima região da Toscânia, é um misto de giro, de festival de época,
peças, equipamento vintage, relíquias e memorabilia. Os adeptos da modalidade entram verdadeiramente no espírito e vestem-se a rigor, ao melhor estilo dos anos 50 e 60: boinas, óculos com elásticos, meias até aos joelhos, pólos de lã, câmaras de ar cruzadas ao peito e caramanholas de alumínio presas aos guiadores.
retro— —ciclismo , l eroica de festa popular e uma homenagem aos tempos épicos do ciclismo em que o que contava era o esforço e o espírito de competição. Este ano a LE COQ SPORTIF foi, pela primeira vez, a patrocinadora oficial da corrida e irá manter a colaboração nas próximas
Passaportes carimbados e participantes equilibrados nas bicicletas (algumas restauradas, outras não), a ordem de partida é dada da piazza principal de Gaiole, ainda de madrugada. Há quatro percursos possíveis: 205km (a verdadeira corrida heróica), 135km, 75km e
38km (aconselhada para turistas e amadores). A maioria das bicicletas em prova têm o selim bem alto em couro, ajustes nos pedais, um guiador profissional, rodas finas e apenas uma mudança. O frio que por esta altura já se faz notar torna esta prova ainda mais dura, mas há compensações
www.lecoqsportif.com/eroica
pelo caminho. Ao longo do percurso, por uma paisagem belíssima de ciprestes, vinhas, oliveiras e campos cultivados, são feitas algumas paragens para recuperar energias onde é servido prosciutto, queijo e a bebida da região: vinho Chianti. A propósito da
T— Cláudia Gavinho
cinco edições. Todos os anos, no início de Outubro, a vila de Gaiole, em Chianti, na província de Siena, transforma-se na sede da L'EROICA e acolhe milhares de participantes vindos de todo o mundo —desde profissionais a amadores — unidos pela paixão do ciclismo. Durante três dias, a pequena vila toscana é palco de um mercado de bicicletas antigas (como as lendárias BIANCHI), onde se encontra todo o tipo de
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corrida, a LE COQ SPORTIF lançou a colecção vintage L'EROICA, composta por T-shirts e blusões com capuz inspirados nos anos dourados do ciclismo italiano, já disponível nas lojas. Esta não é a primeira vez que a marca tricolor se associa ao ciclismo: durante mais de 40 anos a LE COQ SPORTIF foi a fornecedora
exclusiva do TOUR DE FRANCE e o fundador da marca, EMILE CAMUSET, era um apaixonado pelos valores nobres deste desporto.
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T— Maria São Miguel
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A crítica de moda que não presta atenção às propostas americanas e, em geral, não lhes reconhece o título de criadores (pelo menos na forma como Paris entende o conceito) tem‑se rendido, nos últimos anos, ao contributo do estilo americano no campo da roupa desportiva. A BAND OF OUTSIDERS é uma das marcas mais aplaudidas, precisamente por reinventar o que pode ser chamado de sportswear americano, trabalhando
o legado de marcas como GANT e RALPH LAUREN mas transpondo esse universo para as ruas de Nova Iorque, apelando a uma expressão individual. Criada por SCOTT STERNBERG, a BAND OF OUTSIDERS foi das primeiras marcas a estar presente na Semana da Moda de Nova Iorque com uma colecção para homem e mulher. Em geral, apresenta roupa prática, casual,
com combinações improváveis, característica que, em menos de sete anos, trouxe justamente a marca para a ribalta, conseguindo a proeza de entrar nos armazéns BARNEYS ao lado de marcas como GUCCI, LANVIN ou BOTTEGA VENETTA. Certo é que não pára de crescer e, para isso, contou a presença na loja online super selecta OPEN CEREMONY que, para muitos, foi o primeiro ponto de contacto com a marca.
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r Com dois anos e quatro colecções dirigidas a um público jovem, a linha RED! da LACOSTE, foi recebida como uma autêntica lufada de ar fresco em continuidade com a estratégia de rejuvenescimento da marca. Esta colecção de Inverno (a última dirigida por CHRISTOPHE LEMAIRE já que está de saída), opta por um estilo colegial americano onde não faltam parkas e
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e
o típico blusão de futebol. Algumas das peças mais apelativas são T-shirts e sweat-shirts com estampagens de riscas ou do crocodilo, símbolo da LACOSTE, desenhado e pintado rudemente à mão. Um efeito que poderíamos considerar punk mas que resulta num pormenor clean e elegante, característico da marca francesa.
T— Maria São Miguel
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Os casacos de penas que fizerem furor nos anos 80 estão a voltar e a GAS, procurando antecipar esta tendência, criou uma colecção especial de casacos de penas de ganso para homem e para mulher. Os modelos são muito diversificados: casacos compridos, bastante curtos, alguns deles sem mangas e outros com capuz. Em comum: um tratamento e uma técnica de estampagem cuidada que lhes dão um toque especial.
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T— Maria São Miguel
Para este Inverno a FRED PERRY explorou o espaço intermédio entre um sapato formal e um sapato casual e criou uma colecção de ténis/sapatos para homem e mulher. O nosso destaque vai para os sapatos de perfil baixo em camurça, em pele polida e em lã. Os tecidos encorpados com xadrez mantêm-se depois de, neste Verão, terem reinado as lonas mais leves. Essenciais para quem opte por um look anos 60, com calças estreitas levemente acima do tornozelo.
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Fiel ao seu estilo retro, a marca japonesa ONITSUKA TIGER apresenta uma das peças-chave deste Inverno: o modelo SUNOTORE que surge, nesta estação, em xadrez. Para os que procuram a suavidade da camurça o modelo MEXICO MIDRUNNER vem em três tons monocromáticos. Seguindo ainda esta tendência monocolor, destaque para o modelo SECK QUARTZ, disponível em três cores.
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Dez artistas internacionais de street art foram convidados a criar os desenhos para uma exclusiva colecção-cápsula de T-shirts da Insight. Aos artistas foi-lhes apenas pedido que desenvolvessem as suas obras em torno de algo que lhes era familiar: a estética de garagem (um local simbólico, onde muita da criação juvenil e cultura de protesto acontecem). Com plena liberdade de expressão, o objectivo foi fazer de cada T-shirt uma peça de arte.
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A imagem de campanha da TEZENIS é uma rapariga sensual, segura, provocatória e irreverente que quer roupa confortável para usar dentro de uns jeans. Este ano, predominam as micro-estampagens de motivos geométricos e motivos florais e pormenores como pequenas aplicações, rendas ou tachas que conferem um carácter muito feminino. Em termos de cores, predominam o azul marinho, o verde floresta, a cor de vinho e os tons mesclados. Além do underwear, a colecção tem crescido para o homewear que segue os mesmos padrões.
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www.victorinox.com
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A VICTORINOX SWISS ARMY lança a série limitada DIVE MASTER 500 MONACHUS dedicada ao Lobo-marinho (ou Foca‑monge-do-Mediterrâneo). O fundo da caixa do relógio tem gravada a imagem deste mamífero, que pode ser avistado no arquipélago da Madeira. É uma edição limitada e numerada a 150 exemplares, apenas disponível nas Agências do FINIBANCO. Parte do seu valor reverterá a favor do PARQUE NATURAL DA MADEIRA, instituição responsável pela conservação do Lobo‑marinho e do seu habitat no arquipélago da Madeira. T— Maria São Miguel
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A DIESEL lançou nesta estação uma linha de relógios surpreendente. As caixas oversize, que tornam os relógios DIESEL tão distintos, chamam sempre a atenção. Neste caso, a caixa preta, em contraste com a correias de cabedal castanho-mel, fazem deste relógio uma autêntica jóia de estilo retro futurista.
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lobo mar As réplicas de pêlo de animais selvagens voltam em força este ano —se é que alguma vez nos deixaram por completo durante esta década. A DOLCE & GABBANA, que desde cedo associou a selva à ideia de sensualidade, lança a colecção ANIMALIER onde o padrão das feras aparece sobre uma base de cores vibrantes: azul, vermelho, roxo, verde e amarelo. A dose certa de irreverência que ajuda a personalizar o estilo de uma maneira única e distintiva.
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T— Hugo Madureira www.hackett.com
T— Maria São Miguel
A Hackett London, marca de roupa masculina que une tradição e modernidade, e a Globe‑Trotter, conhecida pelas suas excepcionais malas de viagem, estabeleceram uma parceria e apresentaram a Hackett Mayfair , uma colecção de malas feitas à mão que podem durar uma vida. Os padrões são inspirados na iconografia britânica e as malas podem ser personalizadas, uma vez que é possível ter as iniciais pintadas no seu exterior. Esta, em particular, é feita em fibra vulcânica, com apoios de borracha e acabamentos em pele.
jantje JANTJE FLEISCHHUT é uma artista alemã formada em joalharia pela Academia Gerrit Ritvelt de Amesterdão, onde reside. O seu trabalho distingue-se tanto pela precisão e virtuosismo da sua técnica como pela escolha dos materiais: peças de plástico inutilizadas, embalagens, pedaços de madeira e objectos que seriam considerados lixo mas aos quais JANTJE dá um poder formal. Muitas das suas peças têm um acabamento em urushi (laca japonesa), uma técnica morosa aqui explorada numa variante contemporânea.
www.jantjefleischhut.com
sofia coppola for louis vuitton Mais uma colecção limitada de bolsas assinadas por Sofia Coppola para a Louis Vuitton, considerada uma das musas de Marc Jacobs. A relação com a casa francesa começou quando Sofia foi escolhida para ser a estrela da sua campanha de Verão 2008. Em Março de 2009, a sua perspectiva de bolsa ideal já estava nas lojas Vuitton. Esta nova série repete alguns dos modelos já apresentados anteriormente, se bem que possam aparecer numa versão reduzida ou então ganho, novos materiais como, por exemplo, uma versão em couro de crocodilo. As fotos que se fizerem para esta campanha, da qual a realizadora é protagonista, reflectem o universo profissional e o glamour cool de Sofia Coppola.
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www.louisvuitton.com
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A SISLEY criou um duo de frascos inspirados na última exposição de ANISH KAPOOR na Royal Academy of Arts, em Londres. A nova edição do célebre aroma floral-chipre de EAU DU SOIR surge em frascos de colecção salpicados de pigmentos pretos, vermelhos e brancos. A ideia subjacente é a dualidade claro/escuro, positivo/ negativo presente nas obras do artista. Foram apenas feitos 5000 exemplares desta edição, disponível individualmente ou em duo.
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Inspirada na elegância da Belle Époque, a clutch DIOR MINIAUDIÉRE de estilo retro guarda todos os essenciais de maquilhagem de noite. Esta caixa preciosa, com acabamentos em preto e dourado, contém tudo o que é necessário para realçar os lábios e os olhos. Disponível em dois tons ultra-glamorosos: dourados cinzentos (001 Ors Gris) e dourados rosados (002 Ors Roses).
LES VOILETTES é uma belíssima caixa da GUERLAIN com pós soltos que unificam e matificam suavemente a pele com uma deliciosa fragrância a violeta. Estes pigmentos de origem mineral proporcionam uma cobertura invisível e ultra-leve e podem ser usados sozinhos (para um efeito pele nua) ou como toque final, depois do fond de teint, para um acabamento aveludado.
A nova ROCK COLLECTION da MAKE UP FOREVER foi especialmente pensada para as adeptas de um look dark sofisticado. As sombras (em branco prateado e ouro acobreado) e os lápis Aqua Eyes (aqui em versão mini, em preto mate e castanho nacarado) iluminam e acentuam o olhar graças à sua textura cremosa, de longa duração e à prova de água. Em exclusivo na SEPHORA.
Miniaudiére, clutch com palete de maquilhagem, Dior, ¤88
Les Voilettes, pó solto mineral, Guerlain, ¤46
Star and Aqua Eyes, Rock collection, Make Up Forever, ¤32.40
T— Cláudia Gavinho
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A BURBERRY acaba de lançar uma edição limitada de BRIT FOR MEN e BRIT FOR WOMAN para este Inverno e aproveitou para renovar o visual e o aroma dos perfumes. O tradicional xadrez característico da marca vem agora metalizado e as fragrâncias foram retrabalhadas: notas cítricas e especiarias quentes para a versão feminina e notas frescas mescladas com madeiras para a versão masculina.
Depois da água de colónia a YVES SAINT LAURENT lança agora a versão mais concentrada, em perfume, de LA NUIT DE L'HOMME, uma fragrância oriental absolutamente irresistível. O frasco em vidro escuro transmite uma energia misteriosa, como que escondendo a fragrância explosiva que transporta, símbolo da profundidade e da elegância da noite.
A última fragrância masculina de DAVIDOFF lembra a importância do desporto como um ritual quotidiano. O frasco em vidro preto com as extremidades prateadas faz lembrar um haltere, símbolo de determinação e da força. Fresco e simultaneamente magnético como a energia do metal, o novo perfume CHAMPION cria um impacto vigoroso e sofisticado graças às essências do limão, da bergamota, do cedro e do musgo.
ABSOLUTION é uma nova marca francesa de cosméticos de origem biológica concebida para um público masculino e feminino que procura um equilíbrio entre a consciência ecológica e um modo de vida urbano. A qualidade dos produtos, o design surpreendente e a filosofia da marca combinam-se num conceito inovador que vale a pena explorar. Em exclusivo na WRONG WEATHER.
Burberry Brit for Men, Eau de Toilette, 100 ml, ¤66
La Nuit de L´Homme, Eau de Parfum, Yves Saint Laurent, ¤68.52
Champion, Eau de Toilette, 50 ml, Davidoff, ¤54,33
Loção Age Control, Absolution, ¤73
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A LAVAZZA acaba de lançar em Portugal a sua mais recente máquina de café expresso de cápsulas, a PICCINA. A nova máquina da gama A Modo Mio combina a qualidade do melhor café italiano com um design sofisticado e compacto e a tecnologia superior da SAECO. O modelo encontra‑se à venda em exclusivo no Jumbo e está disponível em quatro cores: branco, preto, vermelho e laranja.
Para os que gostam de objectos personalizados a PENTAX criou um verdadeiro camaleão, a OPTIO RS 1000, uma câmara com uma face amovível que permite ir mudando as capas e ir escolhendo outras, entre as mais de 50 disponíveis no catálogo. Se mesmo assim nenhuma agradar há ainda a possibilidade de criar a própria capa recorrendo a uma ferramenta do site da marca, tornando a câmara verdadeiramente única. Dotada de um sensor de 14,1 megapixeis e de um zoom óptico 4x/ grande‑angular, a câmara permite tirar fotografias de grande qualidade, com elevada nitidez. Além disso, pode filmar vídeos com resolução HDTV (1280 x 720 pixeis) e 30 imagens por segundo.
PVP: ¤89
PVP: ¤129
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m ar fim O NOTEBOOK SF 510 da SAMSUNG foi pensado para todos aqueles que, além da eficácia, se preocupam com a componente estética dos produtos que usam. As superfícies brilhantes de cor marfim deste computador escondem um desempenho e eficiência energética incríveis. Para isso, contribui uma interessante solução híbrida que utiliza duas placas gráficas diferentes: uma da INTEL, para maximizar a duração da bateria, e outra da NVIDIA, para um melhor desempenho multimédia. De salientar que este levíssimo computador portátil possui uma bateria de polímeros de lítio que permite até sete horas e meia de autonomia.
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Chega a Portugal só no inicio de 2011 mas é já um dos grandes lançamentos mundiais. O mais recente smartphone da LG, MAXIMO 7, conta com o novíssimo sistema operativo móvel da MICROSOFT (Windows Phone 7) e oferece a melhor experiência multimédia com ligação ao Zune Marktplace e XBox Live. O ecrã de 3.8 polegadas permite visualizar filmes em HD criados no próprio telemóvel e fazer upload das suas fotos directamente para as redes sociais, graças à câmara digital de 5 megapixels. Com a aplicação de realidade aumentada poderá encontrar no mapa pontos de interesse (cafés, restaurantes, farmácias) a partir da sua localização actual, consultar a previsão do tempo e usar o Outlook no telemóvel, enquanto permanece sincronizado com a agenda, o email e os seus contactos. PVP: ¤549,90 (desbloqueado) e ¤499,90 (na Optimus)
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A revolução eléctrica está em marcha e passa também pelas duas rodas. Tanto a SMART como a MINI apresentaram em estreia mundial no Salão Automóvel de Paris, as suas scooters eléctricas, prevendo-se aqui uma feroz competição. A scooter da SMART opta por um look mais futurista, com painéis que podem ser trocados, enquanto a MINI tem um modelo com um estilo retro que o associa de imediato ao carro. Ambas estão equipadas com um motor eléctrico que debita uma potência de 4 kW e é alimentado por um conjunto de baterias de iões de lítio de 48V. A scooter da SMART anunciou que consegue atingir uma velocidade máxima de 45 km/h,
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com uma autonomia de cerca de 100 quilómetros. As baterias podem ser recarregadas numa qualquer tomada convencional, processo que demora entre três a cinco horas. Um dos aspectos mais interessantes é que estes modelos socorrem-se das funcionalidades dos modernos smartphones para propor uma espécie de revolução na mobilidade urbana. Esses equipamentos servem como chave electrónica e painel de bordo, por exemplo. Através do smartphone será ainda possível utilizar a função Bluetooth para se “ligar” ao capacete, permitindo ao condutor fazer e receber chamadas, assim como aceder a todas as funcionalidades do telemóvel.
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polaroid tropical Os KISSES são o último projecto electrónico saído da fornada chillwave do Verão passado. Com um álbum de estreia acabado de editar, o casal de namorados aponta a melodias aquecidas ao sol que orbitam num universo romântico passado entre noites de fogueira ao luar e coreografias disco nos anos 70. 044 – soundstation
Composto por JESSE KIVEL e ZIZI EDMUNSON, naturais de Los Angeles, os KISSES têm espalhado canções de amores de Verão ao longo do último ano, com os singles BERMUDA e KISSES, que agora se juntam a uma colecção de nove temas no álbum de estreia THE HEART OF THE NIGHTLIFE . A dupla estende os seus dedos por paisagens sonoras que transportam o ouvinte para os ritmos baleáricos dos anos 70 e 80, com synths retro, guitarras etéreas e memórias de amores perdidos. O casal cita algumas inspirações para a sua música, como a extravagância disco do lendário produtor ALEC C. COSTANDINOS, a sensibilidade pop evocativa da fase romântica de ARTHUR RUSSEL ou o eurodisco instrumental do francês CERRONE. KIVEL chegou mesmo a desenvolver uma grande amizade na sua juventude com COSTANDINOS que lançou as bases do que viriam a ser os KISSES —o próprio nome da banda é um aceno ao projecto LOVE & KISSES do produtor.
T— Pedro Lima www.stereobeatbox.com
Existem, neste álbum, erupções de fantasia e imaginário de épocas que não vivemos, fragmentos de tempo que só recordamos em postais ou memórias difusas. Momentos para os quais muito contribuiu a anterior profissão de KIVEL como jornalista de viagens, em que escrevia sobre centenas de hotéis e resorts exóticos, muitos dos quais nunca chegou a conhecer. A imagética usada nas suas críticas transparece agora nas letras de canções como WOMAN ON THE CLUB e sobrevoa cada nota de THE HEART OF THE NIGHTLIFE .
A voz doce e suspirada de JESSE KIVEL, que traz o sueco JENS LEKMAN à cabeça, oferece um conforto que nos faz mexer em atrapalhados swings de anca enquanto bebericamos coloridos cocktails de piña colada. É fácil comparar este registo à celebração da cassete lo-fi e aos sons em reverb de bandas como NEON INDIAN ou WASHED OUT mas esta dupla soube distanciar-se através de melodias açucaradas, teclados vintage e ritmos pontuados por palmas que convidam a usar a nossa camisa florida mais vistosa. KISSES e BERMUDA são, sem dúvida, os mais memoráveis de todo o álbum. Canções que brilham em refinamentos de elegância, glamour e flirts adolescentes. Outra das nossas favoritas é PEOPLE CAN DO THE MOST AMAZING THINGS , que abre um território mais negro e temperamental com uma marcha de sintetizadores urgentes e percussão abafada. No seu todo, o álbum é um repertório bem equilibrado de baladas intensas (LOVERS e ON THE MOOVE), rico em texturas suaves que cruzam trópicos inebriados (WOMAN ON THE CLUB) com vocais honestos e letras apontadas ao coração, acordes down‑tempo (WEEKEND IN BROOKLYN) e momentos de dança inspirados (MIDNIGHT LOVER). Uma estranha polaróide tropical de melancolia, desenhada a cores esbatidas que se revê com um sorriso nos lábios.
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Todos os anos, há um produtor na moda. Primeiro foi MARK RONSON, após o êxito de BACK TO BLACK de AMY WINEHOUSE. Depois foi TIMBALAND, dos NEPTUNES, figura tutelar do club americano até há bem pouco tempo. Actualmente, essa tocha está na mão de DAVID GUETTA, que agora é escolhido para trabalhar
Do dubstep chegam os MAGNETIC MAN, um supertrio formado pelos produtores BENGA, SKREAM e ARTWORK. E não menos mediática, a dupla COUNT & SINDEN, autora do muito recomendável MEGA MEGA MEGA , onde se podem descobrir ecos da influência que o som dos BURAKA SOM SISTEMA
dj culture com os maiores artistas pop dos E.U.A: BLACK EYED PEAS, RIHANNA, AKON e FLO-RIDA. Parte da contaminação electrónica da música pop americana actual deve-se a este francês, mas os precursores da tendência foram DIDDY e KANYE WEST. Do lado de cá do Atlântico, a norte
começa a surtir em Londres. Regressando a RASCAL, é vê-lo e ouvi-lo a cantar com SHAKIRA em LOCA , do novo álbum da colombiana. Partindo do princípio que os nomes mais sonantes da pop têm colaboradores suficientemente informados para escolherem o ouro de maior quilate, há um
a dança do som do Canal da Mancha, há um processo paralelo em curso. O ponto de partida foi a rua mas hoje o centro das decisões é também a pista. A suavização do grime foi iniciada por DIZZEE RASCAL, hoje um artista muito mais ligado ao clubbing londrino do que à urbanidade, ainda que ambos os universos se interceptem. É que, embora o cérebro dos THE STREETS, MIKE SKINNER, se tenha afirmado enquanto figura pop de dimensão nacional, nunca o grime deixou de ser um fenómeno de elite. DIZZEE RASCAL é, então, o cabecilha de uma tribo da nova música de dança, ou aparentada, onde se podem incluir nomes como TINIE TEMPAH, N-DUBZ ou TINCHY STRYDER.
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sinal claro de expansão de um som que veio dos subúrbios, passou para a pista e segue agora rumo aos maiores palcos do mundo. No entanto, foi o segundo passo que fez a diferença, aquele que pôs o mundo a dançar ao som do electrizante BONKERS (uma parceria com o produtor ARMAND VAN HELDEN). E que posteriormente levou a que KELE OKEREKE (BLOC PARTY) deixasse as guitarras para trás no disco de estreia THE BOXER . O que isto tudo quer dizer é que o efeito pirâmide está a transformar a pop actual numa enorme pista de dança em que, com ritmos mais ou menos acelerados, com batidas gordas ou minimais, o ritmo é cada vez mais o combustível da geração wi-fi.
Olhando para o panorama lisboeta, a cena electrónica cresce a olhos vistos. ZOMBIES FOR MONEY, BLOODY BASTARDS, (e MAD MAC), DROP TOP, BANDIDO$, XINOBI ou DA CHICK são cada vez mais requisitados para actuar nos clubes da cidade. Há DJ sets com três mil pessoas a suar (CROOKERS e mais recentemente PENDULUM) e, semanalmente, nomes de topo a vir ao Lux ou à LX Factory. Electro, maximal e fidget passaram a ocupar a maior parte do espaço disponível nos iPods e outros gadgets portáteis. Se está em curso uma revolução estética? Provavelmente não. Se a tecnologia irá cada vez mais condicionar a produção pop? Provavelmente sim, até por uma questão económica. Um computador portátil será sempre mais barato e prático que uma bateria, além de poder ter outros fins. E se adicionarmos as culturas da faixa, própria da electrónica, e do YouTube, é fácil perceber porque é que estamos na era do single e não do álbum. No fundo, anda tudo ligado.
A pop actual não larga a pista. Dos E.U.A à Europa, há um paralelismo em que só alguns ingredientes da receita mudam.
T— Davide Pinheiro
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Se dúvidas restassem sobre o carácter global da experiência musical contemporânea, bastaria atentar na mais recente edição da invariavelmente excelente ANALOG AFRICA. Esta editora, que tem em SAMY BEN REDJEB o seu homem do leme (na verdade, não há função que não desempenhe a bordo),
perto para ouvir?” Raras vezes a música lançada por editoras como a LIGHT IN THE ATTIC, NOW AGAIN, SOUL JAZZ (por vezes), VAMPISOUL ou, de forma mais consistente, ACADEMY LPS, SOUNDWAY e ANALOG AFRICA se fez ouvir para lá das suas edições originais. As preciosidades de rock psicadélico, funk, afro
analog africa T— Rui Miguel Abreu já nos ofereceu excelentes antologias com música do Benin, Zimbabué, Nigéria e Colômbia. E agora é Angola que concentra as suas atenções. ANGOLA SOUNDTRACK —SPECIAL SOUNDS FROM LUANDA, 1965-1978 , é uma incrível edição cuja história tem início nos sound systems da Colômbia sintonizados com a profunda vibração africana, passa por colecionadores norte‑americanos e desemboca em São Tomé. Como num filme de Indiana Jones —cujo argumento obriga o protagonista a viajar do Tibete à Europa e daí até às areias do deserto egípcio para a descoberta final do tesouro— também no caso destas compilações o caminho se revela tão importante quanto o destino para compreender, afinal de contas, como sobrevive esta música durante décadas. No momento presente do que sobra da indústria discográfica a recuperação do passado tornou-se regra e o mercado das re-edições é, pelo menos, tão vibrante quanto o das criações contemporâneas. Há, claro, maneiras diferentes de abordar o passado: da atitude corporativa que rege o reavivar de obras como a de JOHN LENNON à mais simples —e tantas vezes acertada— opção pela manutenção linear de certas pérolas do passado em catálogo. E depois há quem se dedique a responder à eterna pergunta: “será que a árvore que cai no meio da floresta faz barulho se não estiver ninguém por
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beat, high life ou champeta que se descobrem hoje nestes discos, tiveram edições originais em condições adversas, extremamente limitadas, e ficaram para sempre presas no passado. Até que homens como SAMY BEM REDJEB as recuperaram para o presente. Agora sim, há gente por perto para as ouvir.
A ANALOG AFRICA, uma das mais reputadas editoras internacionais de re-edição de música do grande continente negro, volta agora a atenção para a memória de Angola. LA MUSIQUE ANGOLAISE 1965/1975, lançada há já dez anos pela LUSAFRICA; e ainda a caixa dedicada a Angola lançada pela portuguesa DIFFERENCE a partir do catálogo da VALENTIM DE CARVALHO.
memórias de angola O caso da música angolana, ainda assim, é particular. Os discos que se lançaram em Angola até 1974, sobretudo, faziam parte das marcas de identidade que os emigrantes transportaram consigo ao fugir dos conflitos armados. Para Portugal, claro, mas também para São Tomé ou para os Estados Unidos. Por estar associada de uma forma muito vincada à memória, esta música esteve também sempre presente. E na última década houve algumas edições importantes: as antologias dedicadas às décadas de 60, 70 e 80 em Angola editadas pela francesa BUDA MUSIQUE (a mesma editora que deu ao mundo a fabulosa série ETHIOPIQUES); a belíssima compilação THE SOUL OF ANGOLA —ANTHOLOGIE DE
Nenhuma destas antologias, no entanto, equilibrava o trabalho de arquivo com uma inspeção rigorosa do terreno como a que a ANALOG AFRICA agora propõe. Se quiséssemos manter a analogia com Indiana Jones poderíamos dizer que todas essas compilações foram feitas a partir de trabalho de biblioteca na Torre do Tombo (neste caso, nos arquivos da Valentim de Carvalho) e que ANGOLA SOUNDTRACK lhes acrescenta trabalho de campo. Em primeiro lugar, isso significa um luxuoso trabalho de recolha de informação por parte de SAMY BEM REDJEB, que relata todas as desventuras que o levaram até Luanda ao encontro de alguns dos lendários
músicos cujas obras são agora recuperadas. Mas há também uma vertente académica séria, manifestada, por exemplo, na localização de uma professora universitária norte-americana que publicou uma interessante tese em livro e que se envolveu igualmente nos conteúdos documentais desta edição: Intonations —A Social History of Music and Nation in Luanda, Angola, from 1945 to Recent Times , da autoria da investigadora MARISSA MOORMAN (e disponível na Amazon) informou a abordagem de REDJEB a este trabalho, revelando certamente, importantes informações que balizaram os textos que acompanham esta edição. E além dos textos há igualmente que considerar a sempre excelente marca gráfica da ANALOG AFRICA que apresenta um booklet recheado de imagens, cuidando dos pormenores: selos da época, fotos de Luanda e dos músicos, reproduções de capas de discos e de contratos. Este pretende, afinal de contas, ser o retrato definitivo da música de Angola entre meados dos anos 60 e finais dos anos 70 do século passado. E a música? Os KIEZOS, JOVENS DO PRENDA, ZÉ DA LUA, BONGOS, DIMBA DIANGOLA, N’GOMA JAZZ, DAVID ZÉ, OS KORIMBAS, ÁFRICA RITMO e ÁFRICA SHOW são alguns dos nomes incluídos nesta viagem com 18 paragens num passado em que Angola cozinhava o seu semba com energia eléctrica e balanço modernista. Metade das faixas vêm dos arquivos ricos da VALENTIM DE CARVALHO, o restante sobretudo da REBITA, outro depósito imenso de tesouros de Angola. Depois da atenção recente manifestada por EGON por este país (o cérebro da NOW AGAIN e reputado colecionador americano que já investigou as lojas de Lisboa em busca de vinil angolano) e com esta compilação lançada na fantástica ANALOG AFRICA , o retrato de Angola passa agora a ser mais nítido. E todos os que se entusiasmam com o presente enunciado pelos BURAKA SOM SISTEMA ou CONJUNTO NGONGUENHA encontrarão, certamente, explicações para a eficácia desse swing nos sound systems contemporâneos.
049 – analog africa: Memórias de Angola
T— Francisco Vaz Fernandes e Cláudia Gavinho
050 – Central Parq | Grande Entrevista
F— Javier Domenech
nuno markl
Afinal o que é que os anos 80 tiveram de tão especial? NUNO MARKL explica e fala sobre a década que
o inspirou a fazer a CADERNETA DE cromos CRO M OS , u m para sketch na Rádio troca Comercial que agora passou para livro, com cromos a sério e tudo. Depois de O HOMEM QUE MORDEU O CÃO e de HÁ VIDA EM MARKL, podemos ainda vê-lo no Canal Q com o programa SHOWMARKL. O que lhe falta fazer? 051 – nuno markl: cromos para troca
No dia-a-dia, és realmente uma pessoa bem-disposta? NM: Tenho dias, como toda gente, mas genericamente é preciso bastante para me virarem ao contrário. Tento olhar para o ângulo positivo das coisas, embora aprecie e tenha uma grande estima pelo meu lado mal-disposto. A má disposição pode tornar-se a melhor amiga do humorista —aliás, a crítica vem mais da má do que da boa disposição. O humor é uma forma de exorcizar esse lado, que nos chateia e nos irrita. O que um humorista faz é transformar isso em comédia. O que te deixa irritado? NM: Há coisas que me irritam na sociedade portuguesa como a burocracia, os políticos... Obviamente, essa irritação acaba por ser facilmente transformável em criatividade. Recentemente, nada me irritou mais do que um engano das finanças. Na altura achei a ocasião odiosa mas depois pareceu-me um momento maravilhoso. Não há nada que suscite mais a comédia do que a estupidez burocrática em que este país parece ser tão rico. Também fico irritado quando tenho poucas horas de sono. As melhores edições da CADERNETA DE CROMOS aconteceram quando dormi menos horas e estou mais on the edge —sem querer parecer pretensioso. O sono é um estado amigo do humor e da comédia.
O que é para ti um mau momento cómico? NM: São momentos muito normais nesta profissão. Por vezes, estou a escrever em casa e acho que vai correr maravilhosamente mas, quando estou no ar todo contente a dizer a piada e a pensar “com esta é que eu vou dar cabo deles”, apercebo-me no momento que, afinal, não tem graça nenhuma. É o pior momento cómico de todos. A comédia é uma coisa delicada, difícil de fazer e de perceber se vai funcionar ou não. Às vezes basta uma respiração fora do sítio, um ligeiro engano ou uma ligeira gaguez para estragar tudo. É um castelo de cartas mas em que as cartas são de papel vegetal. Aquilo cai num instante... Como dás a volta nessas alturas? NM: É sempre um exercício engraçado. Estás perfeitamente consciente de que está a acontecer uma catástrofe, a tua cabeça está a mil para encontrar soluções e tentar sair daquele buraco. Às vezes até se consegue salvar a piada e fazer uma coisa gira. É mais desagradável quando estamos a escrever para outras pessoas e estamos confiantes de que vai resultar. São sempre riscos que se correm. Portugal está a atravessar um mau momento cómico? NM: Normalmente, quando Portugal atravessa os seus piores momentos é quando acontecem os melhores momentos cómicos. Estou a lembrar-me do tempo das tropelias de Santana Lopes, as coisas que ele dizia e fazia já eram comédia, quase não era preciso escrever. A nossa classe política proporcionanos bons momentos de comédia que quase se escrevem a eles próprios. Num momento de crise é sempre bom
exorcizar o sentimento de desespero que existe, embora tenhamos que usar pinças e ser mais cuidadosos porque as pessoas querem rir e estar bem dispostas, mas também estão mais sensíveis e receptivas a não acharem piada nenhuma. Como surgiu a ideia de fazer a CADERNETA DE CROMOS? NM: Também surgiu de uma situação de algum mal-estar. Com 39 anos, na antecâmara dos 40, pensei que se calhar estava a passar por uma crise de meia‑idade e perguntei-me de que forma podia transformar tudo isto numa situação de humor. Comecei a olhar para trás, não num sentido saudosista e doentio, nado do tipo “ah aqueles tempos é que eram bons”, mas com vontade de celebrar o meu tempo de juventude e das pessoas que nasceram nessa época. Estava a passar da Antena 3 para a Rádio Comercial e entre mim e o Pedro Ribeiro surgiu a questão sobre que programa fazer. Não valia a pena ressuscitar o tempo do HOMEM QUE MORDEU O CÃO, quando se procura recuperar algo que correu muito bem é raro que coisas darem bom resultado. Achei que tinha de criar uma coisa completamente
Normalmente, quando Portugal atravessa os seus piores momentos é quando acontecem os melhores momentos cómicos.
nova e, tendo em conta a faixa etária do público da Rádio Comercial, talvez os exorcismos dos meus 40 anos falassem mais à audiência. De todos os “cromos” dos anos 80, quais os que te vieram primeiro à memória e deram mais vontade de fazer o programa? NM: Quando comecei a rubrica parti com o sentimento de que isto era uma coisa que eu adorava que alguém já tivesse feito. Uma das razões que me levou a avançar foi cristalizar algumas recordações que andavam a flutuar dentro de mim. De início, nem me lembrei das coisas mais óbvias, não pensei em bombokas nem em cubos mágicos mas num brinquedo ridículo que saiu algures nos anos 80, uma minhoca de pêlo que se chamava Bzzu, que tinha um anúncio apelativo mas era uma desilusão tremenda quando a comprávamos. Então, decidi que a primeira coisa que tinha de falar era do Bzzu que, a certa altura, já era uma coisa meio mito meio realidade. Chegava-me a questionar se aquilo realmente existiu ou se sonhei com essa cobra num dia em que estava com febre.
052 – Central Parq | Grande Entrevista
Realmente nunca ouvi falar do Bzzu, não deixou grande história. Como é que este tipo de referências comunica com um público mais jovem, que reverencia os anos 80? NM: Curiosamente, julgava que esta rubrica ia ter um público-alvo muito específico dentro da minha faixa etária mas, surpreendentemente, aparecem miúdos de 12 anos nas sessões de autógrafos do livro. Penso que os miúdos ouvem os pais contar estas histórias e acham graça porque é um ambiente completamente diferente, quase como se tivéssemos existido noutro planeta. Depois há as pessoas mais velhas, que são as mães e os pais que nos compraram o Bzzu, que passaram por isto de um outro ângulo e acham graça relembrar esse tempo. Mas com os miúdos é um fenómeno mais engraçado. Os anos 80 estão na moda e há muita gente nova a descobri‑los, até porque muita da música que se produz actualmente inspira-se nessa época. Acaba por haver uma curiosidade quase extra-terrestre —estes tipos eram malucos, tinham computadores ridículos com 40k de memória, uma coisa do outro mundo. De todos, qual é o melhor cromo dos anos 80? NM: É uma pergunta difícil, foi uma época alucinante, havia cromos em todo lado. Mas o TARZAN BOY dos BALTIMORA era um cromo incrível. SAMANTHA FOX ou KIM
WILDE, afinal, qual delas para casar e qual delas para “coiso”? NM: No universo da CADERNETA DE CROMOS, a SAMANTHA FOX e a KIM WILDE acabam por resumir aquilo que nos passava na cabeça no sentido de dividir as mulheres que eram para casar e as mulheres que eram para “coisar”. Obviamente, a SAMANTHA era para “coiso” e a KIM para casar... E a MADONNA? NM: A MADONNA era para “coiso”, aquilo das rendas e dos crucifixos era extremo... Em que altura da tua vida percebeste que podias fazer uma carreira do humor? NM: Sempre gostei de ver filmes e séries cómicas mas apercebi-me que o humor podia ser uma excelente defesa na escola, que é uma sociedade bastante cruel, especialmente quando se era um caixa de óculos e se tinha todos aqueles complexos inerentes a essa condição.
Estudavas em Lisboa? NM: Sim, em Benfica. Grande parte da CADERNETA DE CROMOS tem Benfica como cenário, essa terra de sonhos. É a minha Oz. Na escola começamos a criar algumas defesas, especialmente quando se tem problemas de auto-confiança, e o humor é uma delas. Gostava imenso de desenhar e fazia caricaturas dos meus colegas, que assim não me batiam tanto (risos). Percebi que conseguia conquistar algumas pessoas dessa forma. Mal eu sabia, passados tantos anos, que quem trabalha em humor é quem leva mais pancada porque divide as pessoas. O que faz rir a pessoa A não é o que faz rir a pessoa B. Quando acham piada, as pessoas dizem coisas bonitas e apaixonadas mas, quando não gostam, são capazes de dizer as coisas mais brutais, piores do que aquelas que alguma vez ouvi na escola. Só não dão é caldos (risos). A sociedade portuguesa tem sentido de humor? NM: Aos poucos, vai tendo um bocadinho mas com alguma dificuldade. O português gosta bastante de se rir dos
A nossa classe política proporciona-nos bons momentos de comédia que quase se escrevem a eles próprios.
outros mas custa-lhe rir-se de si próprio. A comédia portuguesa durante muitos anos foi muito boa, os anos clássicos da revista à portuguesa foram importantes para o nosso sentido de humor. Mas era baseado na tensão de não se poder dizer tudo, o que era espectacular porque se desenvolveram imensas ideias de comédia mas tornou-nos, de certa forma, mais retraídos e enfiados. Ao mesmo tempo, foram-se operando algumas revoluções interessantes. O HERMAN JOSÉ fez coisas incríveis com o TAL CANAL nos início dos anos 80... Mais para a frente houve esse boom, no início de 2000, dos cómicos de stand up, depois apareceram os GATO FEDORENTO. Devagarinho, vãose abrindo os horizontes dos portugueses para a comédia. Vês-te mais como um escritor, um humorista ou um homem da rádio? NM: São todas facetas de uma mesma moeda. Gosto muito de escrever. Passei uma boa parte da minha vida a escrever para outras pessoas e sempre me senti bastante confortável nesse papel. Ver os meus textos interpretados por actores
muito bons continua a ser das melhores sensações que há. Costumas participar na direcção de actores? NM: Geralmente não, apesar de ter tido um esboço disso quando escrevíamos para o HERMAN porque íamos com ele para o estúdio de rádio e, por vezes, timidamente, fazíamos sugestões. Mas ele é o HERMAN e não estávamos a ensinar-lhe nada, a maior parte das vezes ele melhorava as ideias que tínhamos na cabeça. E para quando um programa na televisão com o NUNO MARKL? NM: Eu só consigo criar-me a mim próprio, sou um péssimo actor. Fiz uma série de episódios para a Internet baseada no programa de rádio e no cartoon HÁ VIDA EM MARKL, um género de uma sitcom que eu achei que tinha pernas para andar. Agora no canal Q estou a fazer o SHOWMARKL que tem uns sketches lá pelo meio em que faço de mim próprio, numa versão meio caricaturada. Mas hoje em dia as televisões estão pouco receptivas à comédia. Tanto pode resultar como falhar rotundamente, por isso as televisões generalistas estão a apostar no que é mais seguro —malta a cantar, a dançar ou fechada numa casa com câmaras.
Lá no topo
I~l~u~s~t~r~a~d~o~r As reflexões de FRANK MILLER (autor de SIN CITY) e HARVEY PEKAR (autor de AMERICAN SPLENDOR) foram determinantes para mim.
F~i~l~m~e DR. ESTRANHO AMOR e A VIDA DE BRYAN, os dois filmes que mais me inspiraram para fazer comédia.
Como convives com as críticas das pessoas que não gostam do teu trabalho? NM: Costumava ter mais retorno quando tinha comentários no meu blog mas depois passei a usar mais o Facebook. Num blog aquilo é lindo, as pessoas podem escrever livremente o que lhes apetece. No Facebook, aqueles que não gostam de mim já lhes custa serem fãs da minha página. Para dizerem mal têm que ser fãs e aquilo torna-se esquisito (risos).
M~ú~s~i~ca O primeiro disco que comprei quando ganhei um ordenado foi dos TALKING HEADS, foi com eles que comecei a gostar de música a sério e larguei definitivamente o TARZAN BOY.
E decidiste tirar os comentários do teu blog... NM: Aquilo estava a azedar muito. Havia pessoas que ficavam madrugadas inteiras a dizer coisas que eu comecei a considerar demasiado terríveis para serem publicadas. Não fazia sentido dar espaço à crueldade tremenda de algumas pessoas.
A~n~i~m~al Cães. Mas estou a aprender a gostar de gatos. Há quem diga que o mundo se divide entre as pessoas que gostam de cães e as que gostam de gatos. Se puder ter os dois no mesmo sítio é o ideal.
Quais são as tuas maiores influências? NM: Muita gente, de variadíssimas épocas. De uma forma mais imediata, o HERMAN e os MONTY PYTHON. Quando comecei a despertar para a comédia foram muito importantes. Mas há muitas outras, a começar pelos clássicos portugueses como O PAI TIRANO, A CANÇÃO DE LISBOA, até aos filmes dos IRMÃOS MARX, de quem eu sou um grade fã. E, claro, o WOODY ALLEN e o PETER SELLERS, que fez um dos filmes que mais me estimulou a escrever comédia, o DR. ESTRANHO AMOR, de STANLEY KUBRICK, uma sátira sobre a guerra que usa a comédia e consegue passar a mensagem de forma mais eficaz do que se usasse lições de moral. Estou sempre a receber influências porque estão sempre a acontecer coisas extraordinárias lá fora como o SEINFELD e, mais recentemente, o RICK GERVAIS.
053 – nuno markl: cromos para troca
C~i~d~a~de Tenho um fraquinho por Londres. É capaz de ser a cidade do mundo onde fui mais vezes. Houve alturas em que ia a Londres como quem ia ao Porto. Gosto tanto que, às vezes, dou por mim a ir às web cams das ruas só para ver como aquilo está por lá. É uma espécie de pornografia, é deprimente admiti-lo, mas é a mais pura da verdade.
L~i~v~r~o Tenho para mim que os grandes tratados da vida e do humor são THE HITCHHIKER'S GUIDE TO THE GALAXY, de DOUGLAS ADAMS, e UMA CONSPIRAÇÃO DE ESTÚPIDOS, de JOHN KENNEDY TOOLE.
roteiro porto T— José Reis
F— Le~Joy www.le-joy.com
Sabemos que o Porto tem muito para oferecer, que a oferta é diversificada, que tem o casario e o rio e o vinho... Sabemos tudo isso. Mas não queremos aqui dar conta dos melhores locais para uma escapadinha de fim-de-semana, nem dos melhores lugares da cidade, nem mesmo daquilo que tens de fazer quando vieres cá. Não. Propomos que se conheça o Porto através de um roteiro criado pelos nossos guias, que conhecem a cidade melhor do que ninguém. 054 – Central Parq | cidades
C
omeçamos pelas meninas, que estão em desvantagem neste artigo (de uma para seis homens, incluindo os três visados, o jornalista, o fotógrafo e o assistente de fotografia). CAROLINA VELOSO, 34 anos, sempre viveu nos centros das cidades por onde passou. “Para mim, viver no centro é essencial”, diz-nos esta Designer que vive no Porto há mais de dez anos e está agora a lançar a sua marca própria, PISCA. Combinamos um final de tarde na CASA ALMADA e pedimos-lhe um itinerário: “Um pequeno-almoço tardio na PADARIA RIBEIRO e, de seguida, uma visita pelas lojas da Rua do Almada como a CASA ALMADA, a RETROPARADISE ou a EMAÚS. Depois, subir a Rua
uma sessão de cinema no PASSOS MANUEL, ou jantar no ZÉ BOTA. E tudo feito a pé, sem gastar mais do que o essencial. As escolhas de Carolina Veloso Casa Almada Rua do Almada, 544 www.casaalmada.com Dama Aflita Rua da Picaria, 84 www.damaaflita.com Luís Buchinho Rua José Falcão, 122 www.luisbuchinho.pt Quarto de Cima Rua do Rosário, 154 myspace.com/quartodecima
Carolina Veloso Designer. Sentada num dos sofás da Casa Almada.
da Picaria para espreitar a galeria DAMA AFLITA e namorar as criações do LUÍS BUCHINHO na loja da Rua José Falcão. Rumar de seguida à Rua Miguel Bombarda para ver as galerias e, se estiver bom tempo, dar um passeio pelo PALÁCIO DE CRISTAL. Dar ainda um salto às lojas QUARTO DE CIMA, MUUDA e ÁGUAS FURTADAS. Parar para um cházinho no QUINTAL, acompanhado de umas torradas deliciosas... O fim de tarde é obrigatoriamente na CASA DE LÓ ou no CANDELABRO —ai os famosos fins de tarde animados com amigos. No final, optar por um serão mais calmo como
Muuda Rua do Rosário, 294 www.muuda.com Casa de Ló Travessa de Cedofeita, 20 A myspace.com/casadelo Zé Bota Travessa do Carmo 16/20 Passos Manuel Rua Passos Manuel, 137 www.passosmanuel.net
E
le é um dos nomes fortes da crítica musical (a responsabilidade do epíteto é do autor do texto) na BLITZ, no BODYSPACE e no (saudoso) extinto UM. ANDRÉ GOMES gosta de música. Descaradamente. E faz crítica descomprometida, sem preconceitos. Faz parte da equipa responsável pela programação do AUDITÓRIO DE ESPINHO e gosta de espaços que gostem de música. Vive no centro da cidade porque lhe agrada ”estacionar o carro à sexta-feira e só voltar a pegar nele na semana seguinte”. Ouvimos as suas opções num final de tarde no CAFÉ AU LAIT. “Começamos pela MUZAK, para espreitar uns vinis. Caso seja fim‑de‑semana,
nelson vieira
a passagem pelo CAFÉ AU LAIT para ouvir um DJ set e estar com os amigos e com o staff, num divertimento sincero e honesto”. Eu avisei que ele gostava de música. As escolhas de André Gomes Muzak Rua Miguel Bombarda, 457, Edifício Artes em Partes www.muzakvinil.blogspot.com Quintal Rua do Rosário, 177 www.blogdoquintal. blogspot.com Candelabro Rua da Conceição, 3 www.cafecandelabro. blogspot.com
Produtor de Moda. Na loja wrongweather.
S
ão raras as vezes que o vemos vestido de outra cor que não o preto —e nulas as vezes que usa mais de duas cores no mesmo look. Vive no Porto mas, amanhã, pode viver noutra cidade qualquer, o amanhã não se conhece. “Viver no Porto ainda é caro, não tanto como noutras cidades, é certo, mas podia ser mais barato”, confidencia‑nos NELSON VIEIRA, 26 anos, Produtor de Moda com trabalhos publicados em revistas nacionais e estrangeiras. Marcamos encontro com ele no início da Avenida da Boavista (o centro da cidade pode ser onde nós quisermos), na WRONG WEATHER, onde nos deu conhecer o seu roteiro: “Depois de fazermos umas compras nesta loja e de espreitarmos a galeria de fotografias, paramos no CAFÉ DOS ARTISTAS da CASA DA MÚSICA. Continuamos pela Avenida da Boavista e entramos na loja POR VOCAÇÃO onde, além de roupa, encontramos perfumes e revistas interessantes. Continuando a descer a avenida, paramos na FUNDAÇÃO SERRALVES para ver as exposições, espreitar a livraria e aproveitar para lanchar no terraço. Seguimos para a SPIDER TATTOO, o sítio perfeito para marcar um momento especial, e acabamos as compras na FASHION CLINIC. De regresso ao ponto de partida, e para finalizar, paragem no restaurante GOSHO para jantar umas peças do melhor sushi".
As escolhas de Nelson Oliveira Café dos Artistas na Casa da Música Av. da Boavista, 604-610 www.casadamusica.com Wrong Weather Av. da Boavista, 754 www.wrongweather.net Por Vocação Av. da Boavista, 971 www.porvocacao.com Fundação de Serralves Rua D. João de Castro, 210 www.serralves.pt Spider Tattoos Av. da Boavista, 47 www.spidertattoos.pt Fashion Clinic Av. da Boavista, 4167 www.fashionclinic.pt Gosho Av. da Boavista, 1277 www.gosho.pt
055 – roteiro do porto: guia-nos pela mão
andré gomes
Crítico de Música. No Café au lait, um dos seus bares favoritos no Porto.
paramos num dos mercadinhos da cidade como o PORTO BELO, a mostra de novos criadores GALERIA DE PARIS, o FLEA MARKET ou o MERCADINHO DOS CLÉRIGOS. Depois, descemos à FUNDAÇÃO SERRALVES para apanhar umas exposições desafiantes. Voltamos ao centro e paramos no QUINTAL para comer uma deliciosa sandes de tofu fumado. Antes de jantar, paramos no CANDELABRO para beber um copo de vinho e rumamos depois ao SOLAR MOINHO DE VENTO, um sítio com óptima comida tradicional portuguesa na baixa da cidade. Antes de fechar a noite é obrigatória
Solar Moinho de Vento Rua Sá de Noronha, 81 www.solarmoinhodevento.com Café au Lait Rua Galeria de Paris, 46 www.cafeaulait-porto. blogspot.com
A
ntes de começar, um aviso: “eu não sou de sítios muito trendy”, como que a avisar que não frequenta os locais da moda ou as grandes confusões. NUNO RAMALHO, artista plástico quase sempre, DJ de vez em quando, é daqueles que passa o dia todo na baixa. Sentados numa das mesas do CANDELABRO, ouvimos o que diz: “Depois de almoçar, há algumas coisas que gosto sempre de ver, alguns sítios que visito mais ou menos regularmente como a FUNDAÇÃO, criada e mantida pelo José Almeida Pereira, a Cristina Regadas e o Miguel Flor, na cave da casa deste último. Também gosto de ir a UMA CERTA FALTA DE COERÊNCIA, na Rua dos
comia carne, ia à CASA DOS PASTÉIS DE CHAVES (na Rua Passos Manuel, em frente ao MAUS HÁBITOS) comer um folar, mas pequenino. Como já não como carne, aprecio mais uma fatia de bolo no MARIA VAI COM AS OUTRAS.” As escolhas de nuno ramalho A Fundação Rua do Bonjardim, 951 www.a-fundacao.blogspot.com Uma Certa Falta de Coerência Rua dos Caldeireiros, 77 www.umacertafaltadecoerencia. blogspot.com Espaço Ilimitado Rua de Cedofeita, 187
nuno ramalho Artista Plástico. No Candelabro, um dos novos espaços da Cidade.
Caldeireiros, onde o André Sousa e o Mauro Cerqueira asseguram a programação. O ESPAÇO ILIMITADO, na Rua de Cedofeita, é outro dos locais que frequento. Até Dezembro, este espaço vai acolher o ciclo de performance O DIZER DO CORPO, de Susana Chiocca (também responsável pela A SALA). Passo, depois, pelo ESPAÇO CAMPANHÃ onde, até 13 Novembro, está a exposição OLHAR AMPLO de José Almeida Pereira. Ir à CULTURGEST é sempre boa ideia —o sítio onde os artistas que vivem no Porto não expõem mas trabalham (na recepção ou nas montagens). Na hora do lanche, quando ainda
056 – Central Parq | cidades
A Sala Rua do Bonjardim, 235, 2º www.asalanabaixa.blogspot.com Espaço Campanhã Rua Pinto Bessa, 122, Armazém 4 Culturgest Av. dos Aliados 104 www.culturgest.pt Maria Vai com as Outras Rua do Almada, 443 www.maria-vai-com-asoutras.blogspot.com/
057 – roteiro do porto: guia-nos pela mão
Por estes dias já estreou nos cinemas Gainsbourg —Vida Heróica, um biopic muito pouco tradicional sobre o cantor. No fundo, sabemos muito pouco sobre ele. Conhecemos a sua música,
Para GAINSBOURG o amor, as mulheres e o sexo eram uma fonte de inspiração. Protagonista de incontáveis escândalos fez jus à expressão não há má publicidade mas, apesar do carácter muitas vezes sexual e da ironia implícita nas suas letras (consideradas desapropriadas para a época), tornou-se rapidamente num dos compositores mais
é considerado um dos melhores e mais inovadores neste género. Após ter desenhado GAINSBOURG no papel decidiu arriscar e contar a história no grande ecrã. De notar que escolheu uma forma menos convencional de dar a conhecer certos aspectos da vida do cantor, ancorando-se em técnicas de BD, incluindo marionetas, para mostrar os
T— Maria João Teixeira
desejados de França. A sua vida privada fundiu‑se com o seu trabalho e os romances e as canções tornaram-se parte da memória colectiva francesa.
fantasmas de GAINSBOURG, não renunciando ao seu passado. Interessou-lhe a questão da dualidade entre a beleza das mulheres que o rodeavam e a sua
caricatural e sem sentido. Sobre isso mantemos a dúvida porque, ao longo da história, tanto vemos o lado superficial do artista como conseguimos encontrar a sua verdadeira essência. O projecto inicial contava com a sua filha CHARLOTTE (nascida da sua relação com BIRKIN) para desempenhar o seu papel. No entanto, a actriz viria a abandonar o projecto alegando que seria demasiado penoso reviver a vida do seu pai. ERIC ELMOSNINO ficou a ganhar, desde logo, pelas inacreditáveis semelhanças com GAINSBOURG. Os papéis de musas ficaram reservados para LAETITIA CASTA (BRIGITTE BARDOT), ANNA MOUGLALIS (JULIETTE GRÉCO) e LUCY GORDON (JANE BIRKIN). Quanto a eventuais imprecisões históricas, não consta que algum dos visados, grande parte ainda vivos, tenha reivindicado a reposição da verdade.
serge gainsbourg alguns dos seus filmes e, certamente, os seus romances com mulheres bonitas... Dono de uma personalidade magnética, quanto mais chocava mais popular se tornava em plena época de libertação sexual.
Sem qualquer constrangimento e com uma grande dose de bom humor, o filme leva-nos pela sua vida, guiada pela mão das mulheres que a povoaram. Todas as histórias que podemos esperar estão lá. Insinuações de romances, ligações impróprias, o caso com BRIGITTE BARDOT, o casamento com JANE BIRKIN, as traições, os enganos, os vícios, as virtudes, o princípio do fim. Sem uma cronologia linear, somos constantemente convidados a visitar a sua infância. O anti-semitismo e a estrela amarela ao peito numa França ocupada pelos nazis (GAINSBOURG era judeu) são marcantes e já aí reconhecemos os traços duma personalidade muito particular e com muitas pretensões artísticas. O realizador, JOANN SFAR, é ainda desconhecido no meio cinematográfico mas tem já créditos firmados na BD. Autor de culto,
058 – Central Parq | cinema
fealdade, de alguém que tratava tão mal o amor mas, na verdade, vivia para ele. Em relação ao acolhimento do filme, as opiniões têm sido muito diversas e alguns vêem apenas um retrato impressionista que, a determinada altura, parece tornar-se demasiado
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059 – serge gainsbourg: vida heróica
john sutcliffe
F— Fuel
060 Parq|| cultura 060 – Central Central Parq cinema
T— Roger Winstanley
dressing for pleasure – john sutcliffe: dressing for pleasure 061 061 – nowhere
Através da recente edição do livro DRESSING FOR PLEASURE, da editora FUEL, o inglês JOHN SUTCLIFFE (e a sua revista ATOMAGE) é relembrado por trazer para o domínio público o fetichismo em torno da roupa de cabedal e de látex que viria a ser uma bandeira da contra‑cultura londrina nos anos 70 e se viu ameaçada pelo novo puritanismo da era de THATCHER nos anos 80. Quase sem deixar rasto, JONNY TRUNK investiu dois anos para nos trazer o mundo de SUTCLIFFE, considerado uma pedra-chave para compreender o universo cultural que alimentava o movimento punk e uma criadora de moda que começava a dar nas vistas, VIVIENNE WESTWOOD.
O gosto por roupa fetichista revelou-se em JOHN SUTCLIFFE um pouco por acaso, até de forma inconsciente porque, até então, não existia uma definição para este fenómeno. No seu caso específico, o reconhecimento do efeito que uma mulher vestida de cabedal lhe causava deu‑se em 1957, quando este engenheiro de formação criou um fato à prova de água, para que a namorada o pudesse acompanhar de mota sem ter de ficar toda molhada, como regularmente acontecia. Na altura, ainda não tinha sido pensada uma roupa apropriada para as mulheres andarem de mota e, como tal, foi preciso criar tudo, obedecendo a uma anatomia feminina revelada no advento da revolução sexual e da luta pelos direitos igualitários. Com pedaços de cabedal vermelho comprados no Soho e uma máquina de costura emprestada, coseu o que viria a ser uma produção constante na sua vida e a tornar-se mesmo numa obsessão diagnosticada pelo seu próprio psiquiatra. Largou o emprego e criou sozinho uma máquina de costura apropriada para coser cabedal e látex uma vez que a Singer, a quem se dirigiu inicialmente, ficou horrorizada com os propósitos que tinha em mente. O certo é que a formação de SUTCLIFFE permitiu-lhe avançar com o projecto, criando um atelier que se especializou em roupas para as mulheres andarem da bicicleta, como se podia ler nos anúncios da época. Para além dos consumidores privados que o procuravam, o seu sucesso viria-se a afirmar no mundo do espectáculo, que apreciava o lado bizarro de muitas das suas criações.
Uma das primeiras clientes a trazer-lhe grande visibilidade foi MARIANNE FAITHFULL, que aparece no filme GIRL ON A MOTORCYCLE , de 1968, com roupas do seu atelier. Seguiu-se depois a a série policial inglesa THE AVENGERS que, entre 1968 e 1969, trouxe regularmente ao espectador MISS PEARL, uma jovem
concebeu um conjunto de esculturas de mulheres em posições de submissão e de humilhação que se transformavam em móveis. Esta obra, pela qual ALLEN JONES é essencialmente lembrado, apresentava mulheres de gatas em posição de quatro, com um tampo de vidro por cima, transformando-as numa mesa. Outra, ainda
detective futurista vestida com roupas de plástico colante criadas por SUTCLIFFE. Nessa época, era já um criador popular e uma das principais figuras do underground londrino onde, naturalmente, se cruzaria com ALLEN JONES, um pintor inglês que se destacava na Pop Art com representações de mulheres com uma enorme carga erótica. SUTCLIFFE estaria ao lado de JONES quando
colocava-as deitadas com as pernas alçadas, transformando-as em cadeiras. Todas foram vestidas com roupas sensuais de cabedal criadas por JOHN SUTCLIFFE. O sucesso destas esculturas levaria ainda STANLEY KUBRIK a pedir a colaboração da dupla para criar acessórios para o seu filme LARANJA MECÂNICA, que nunca chegariam a ser utilizados durante a
062 – Central Parq | cultura
www.fuel-design.com
rodagem. Não obstante, no meio alternativo londrino, as criações de JOHN SUTCLIFFE eram muito apreciadas e eram tidas como fonte de
comercial de WESTWOOD e faziam lembrar algumas concepções de SUTCLIFFE. Foi, no entanto, a revista ATOMAGE que levaria JOHN
ATOMAGE, em 1972, estava repleta de criações antigas, algumas delas para teatro, que fizeram confundir a revista com um catálogo. A atmosfera kinky e naïf, inserida num ambiente suburbano, dominava a estética desta primeira edição que nunca conseguiu evoluir em sofisticação, apesar de ter encontrado um crescente público apreciador. Inicialmente houve um problema relativo à distribuição porque, apesar de não conter conteúdos pornográficos — toleráveis pela sociedade da época— a revista era vista como bizarra e doentia. Finalmente, uma pequena livraria de Londres, perto de Victoria Station, aceita a distribuição desta pequena revista que teve muita procura, (havendo mesmo referências à fila que se
formava quando se sabia que a revista chegava). Para este sucesso terá contribuído uma rubrica (introduzida mais tarde) de fotografias dos leitores. Nela, homens, mulheres e casais fotografavam-se no seu espaço doméstico vestidos com roupas de cabedal e de látex. Os leitores passaram a ver fotografias de pessoas comuns que, tal como eles, gostavam de usar roupas fetichistas em certos momentos. Pessoas que, livremente, enviavam depoimentos sobre a sensação de estarem sozinhas em casa vestidas com as suas roupas de cabedal, participando assim na definição de uma comunidade que comungava dos mesmos ideais.
inspiração para VIVIENNE WESTWOOD, que acabava de abrir a loja SEX em Kings Road, frequentada pelo movimento punk. As calças bondage em tecido xadrez, peça‑chave para o look punk, foram o primeiro sucesso
SUTCLIFFE ao estrelato. A ideia surgiu por parte de um amigo, que viu na criação da revista uma oportunidade de mostrar algumas das suas melhores produções de cabedal e de borracha. A primeira edição da
063 – john sutcliffe: dressing for pleasure
JOHN SAMSON é o primeiro a reconhecer a relevância da ATOMAGE na nova cultura inglesa. Em 1976, cria um documentário para o canal televisivo LWT intitulado DRESSING FOR PLEAUSURE que, além de uma entrevista a JOHN SUTCLIFFE, conta com filmagens raras dos interiores da SEX de VIVIENNE WESTWOOD e de todo o ambiente punk de Kings Road. Não obstante todo este legado histórico, JOHN SUTCLIFFE esteve praticamente esquecido até JONNY TRUNK ter encontrado uma das edições
de ATOMAGE em casa de PATRICK WHITAKER e KEIR MALEM, dois designers de moda que reconhecem terem sido influenciados pelos anos 70 e pelas atmosferas criadas por SUTCLIFFE. Convencido da relevância histórica dessa revista e do seu editor para a compreensão de uma época de liberdade que os anos 80 e as políticas da “Dama de Ferro” quiseram apagar, o historiador dedicou-se a um levantamento exaustivo que hoje é compilado no livro DRESSING FOR PLEAUSURE , amplamente ilustrado, publicado pela jovem editora FUEL. Com o advento do governo conservador e repressivo de MARGARET THATCHER a ATOMAGE deixa de ser publicada em 1980 e, dois anos mais tarde, o único romance de SUTCLIFFE —
THE STORY OF GERDA— é proibido de circular, confiscado e queimado. Com a sua morte, cinco anos depois, a cultura fetichista sofre um importante revés e regressa à clandestinidade, como acontecia antes de ATOMAGE. Até então, as únicas referências ao fetichismo de cabedal e de borracha estavam em livros de psicologia e sempre em termos científicos, que poucas pessoas compreendiam. Apesar de uma certa inocência, ATOMAGE representou para muitas dos jovens dos anos 70 uma forma de protesto e de libertação das convenções sociais, valores que esta publicação da FUEL procura agora frisar nesta sua edição.
Admitindo-o —ou não— foram poucos os que, na indústria da moda, ficaram indiferentes à nostalgia modernista e à estética glamourosa e ultra-feminina que se fez sentir na rentrée: desde os elegantíssimos vestidos LOUIS VUITTON, passando pelos escarpins da casa PRADA, até ao volume das saias cintadas de OSCAR DE LA RENTA. O estilo retro estendeu‑se à beleza, fazendo com que as unhas amendoadas e os batons vermelhos em bocas perfeitamente desenhadas substituíssem o minimalismo das estações anteriores, aludindo a épocas em que as rotinas de beleza faziam parte do quotidiano de homens e de mulheres. No masculino, a imagem do homem maduro, seguro
televisões e conversas de todo o mundo. Em cada episódio assistimos aos desafios da agência de publicidade nova-ioquina Sterling Cooper (mais tarde Sterling Cooper Draping Price), vividos por personagens que representam clichés da época como o gentleman ambicioso, imortalizado por BOGART e SINATRA,
T— Diana de Nóbrega
Efeito MAD MEN. É a designação que melhor caracteriza o impacto que a aclamada série norte-americana (que retrata a transição entre os dourados fifties e os libertadores sixties) teve nas tendências de moda e de beleza deste Outono/ Inverno. Curvas, glamour e silhuetas lady like convivem com o total black e o look négligé que predominaram em estacões anteriores. Para os fiéis seguidores há agora a oportunidade de ver a quarta série no canal FOX NEXT. e profissional, afasta os modelos andróginos. Mas como uma série televisiva é capaz de influenciar tão marcadamente a indústria da moda? Nomeada para 16 Emmys pelo argumento brilhante e pelos conteúdos controversos, MAD MEN está no ar desde 2007 no canal por cabo norte‑americano AMC, tendo-se espalhado, desde então, pelas
o produtor executivo e argumentista MATTHEW WEINER, autor de OS SOPRANOS, que traz como ingrediente fundamental os anos dourados da América. O país estava a atravessar um processo de sofisticação e inventava um glamour baseado num design modernista, prático e estilizado, amplamente representado
as donzelas imaculadas de look perfeito, à imagem da mítica GRACE KELLY, ou as bombshells, como MARILYN MONROE e SOPHIA LOREN. Estas mulheres e estes homens tentam afirmar-se através de profissões que se estavam, na altura, ainda a inventar nas áreas da publicidade e do marketing. Parte do sucesso de MAD MEN é atribuído à genialidade do seu criador,
064 – Central Parq | televisão
em cenários, cores e vestuário que compunham um imaginário de perfeição estética. JANIE BRYANT é a costume designer responsável pelos lookschave da série. A stylist e designer não se inibiu de alugar indumentárias, utilizar peças vintage, trajes da sua família ou, mesmo, repetir um ou outro vestido que tivesse sido um sucesso num episódio anterior. A maquilhagem, penteados e acessórios tiveram atenção redobrada. Quando o THE NEW YORK TIMES lhe perguntou sobre a complexidade do guarda‑roupa de MAD MEN, JANE BRYANT afirmou: “Os anos 50 foram, realmente, um período de elegância. Era uma altura em que as pessoas se vestiam impecavelmente para trabalhar. Usavam-se luvas e outros acessórios que, hoje em dia, são considerados dispensáveis. E se esta tendência faz com que as pessoas se preocupem mais com o que vestem, então penso que é fantástico”, diz. Vivia-se na altura a era do New Look de DIOR que, em 1947, alterou indiscutivelmente o percurso da história da moda. Subitamente, após nove anos de vestuário utilitário, comedido e militar, era possível aproveitar o que havia de mais feminino e proibido. Marcava o fim do racionamento de tecidos e a mulher dos anos 50 podia gastar metros e metros de tecido para confeccionar um vestido, bem amplo e à altura dos tornozelos. A cintura marcada, os sapatos de salto alto, as luvas e outros acessórios
luxuosos, como peles e jóias, definiam a silhueta. Em Março deste ano, MARC JACOBS (o eterno americano em Paris) restaurou o lugar da volúpia na indústria da moda com a sua colecção para a LOUIS VUITTON. As suas propostas afastaram, determinantemente, o look teenager super skinny de proporções mínimas, dando lugar a silhuetas clássicas e curvilíneas, ao look madame, decotes generosos, tecidos ricos e cinturas vincadas, apresentado em ícones esculturais como ELLE MCPHERSON, LAETITIA CASTA e LARA STONE. MICHELLE OBAMA e CARLA BRUNI também são apontadas como influências responsáveis pelo regresso do look clássico. O apelo ao mundo de MAD MEN nos dias de hoje não é inocente e explica-se facilmente: no período de crise em que o nosso mundo parece mergulhado, facilmente nos prendemos à nostalgia da era de ouro do pós‑guerra de EISENHOWER. A sociedade actual encontra‑se, igualmente, num período de transição e no final de uma década também se sonha com dias melhores, de abundância, de liberdade, de segurança e de glamour. MAD MEN traz-nos tudo isso. Esta não é a primeira criação de Hollywood que influencia as tendências de moda. Também não será, certamente, a última. Há décadas que o cinema e a televisão ocupam um lugar pioneiro a ditar tendências, tenha o público consciência disso ou não. Se MAD MEN será importante para o mundo da moda como o SEXO E A CIDADE foi no final dos anos 90, só a história o poderá dizer. Mas um facto é incontornável: JANIE BRYANT está a ter um papel preponderante no regresso do look vintage e glamouroso, reflexo de uma época em que homens e as mulheres eram exigentes com eles próprios e com os outros.
fox.canais-fox.pt
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o retorno
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F— Rui Vasco
moda lisboa35 —desfiles Contenção. Rapidez. Conforto. Simplicidade. São algumas das palavras‑chave que caracterizam qualquer uma das colecções masculinas do evento.
aforest design
virtuais por onde todos nós deambulamos, o criador apresentou uma colecção de carácter geométrico, tecidos em sobreposição e uma mistura de cores que distinguiu as peças. As tendências criadas por VÍTOR na colecção São Paulo focaram-se na leveza e sentido prático. Pretos e brancos com padrões e contrastes gráficos e, acima de tudo, muita textura. Inspirado numa viagem do norte de Marrocos
dino alves
colarinhos duplicados, ténis que caminhavam aos pares de dois… Enfim, um conceito irreverente, cuja execução não acompanhou a originalidade prometida. LIDIJA KOLOVRAT desenvolveu a ideia de uma queda de um arranha‑céus, dando movimento e fluidez a peças de linha clássica. Os efeitos da gravidade surgiram através da desconstrução de tecidos, tornando-os esvoaçantes. Predominância de cores neutras e alguns tons e materiais metálicos.
H alexandra moura
T— Diogo Torres
lidija kolovrat
ALEXANDRA MOURA levou‑nos ao mundo microscópico de artefactos metálicos milenares, concentrando‑se em padrões digitais pormenorizados que me remeteram ligeiramente para ALEXANDER MCQUEEN. Uma silhueta básica, prática e limpa que se focou, sobretudo, nos tons neutros e estampados coloridos. Qual a tua identidade? foi a pergunta de partida de DINO ALVES. Questionando os mundos
066 – Central Parq | Moda
daniel dinis
a Istambul, DANIEL DINIS concentrou‑se nas silhuetas tradicionais, conferindo‑lhes uma fluidez necessária ao trajecto que lhe serviu de inspiração. Viram‑se neutros, algumas tonalidades de azul, vermelho e cinzento, roupas largas, práticas e alguns padrões fortes. A colecção de AFOREST DESIGN desconstruiu a concepção de simetria. Apresentaram tons neutros, alguns apontamentos fortes, padrões de riscas,
vítor
F— Rui Vasco
Os tecidos texturizados, brilhantes e transparentes, e o cabedal, foram uma constante nas colecções femininas. Destaque também para as cores pastel que contrastaram com cores fortes e primárias, com tons terra e tijolo e uma vasta gama de cinzas. No que toca à construção, as grandes tendências foram os jogos com as pregas, painéis geométricos, drapeados, bolsos e acabamentos imperfeitos.
alexandra moura
M 067 – moda: Desfiles
ALEXANDRA MOURA destacou-se pelo padrão abstracto em tons de fogo, a fazer lembrar um vulcão, que aplicou a todo o tipo de peças, com principal destaque para as calças e para os casacos. NUNO BALTAZAR, por sua vez, apresentou uma colecção extremamente feminina com macacões e rachas enormes nos vestidos compridos. As assimetrias e drapeados (presos nas costuras a fazerem lembrar pregas) foram uma constante. Outros detalhes que prenderem o olhar foram os fechos dourados e as enormes aberturas dos vestidos e das saias. RICARDO DOURADO foi, na minha opinião, o designer que apresentou uma das colecções mais interessantes. Propondo uma mulher com botas de montanha e adornada com grandes bolsos e fivelas, apresentou uma colecção extremamente completa e muito trendy. Os desenhos a carvão dos WHITE TENT abriram caminho a uma colecção que reinventou o trench coat e a camisa, proporcionando peças originais, em tecidos impermeáveis. PEDRO PEDRO fez-nos viajar até ao Japão por meio dos estampados florais de vestidos com formas arredondadas que completavam o look de ninfa ou de fada. As
alves/gonçalves
nuno baltazar
pedro pedro
ricardo dourado
T— Margarida Brito Paes
mangas abertas e as costas descobertas (mas com capa por cima) foram outros detalhes que diferenciaram a colecção. ALVES/GONÇALVES trouxeram‑nos vestidos com costas recortadas, casacos com cortes originais, plissados sobrepostos a transparências, vestidos cheios de movimento (onde pequenos folhos faziam lembrar rosas sobre a pele), tops e saias com rendas largas, que resultaram num desfile muito versátil.
white tent
moda lisboa35 —street style T— Ana Canadas
O que tomaste ao pequeno almoço? IV: Omeleta, pão com fiambre e fruta (brunch). Qual é o teu produto de beleza preferido? IV: Máscara de pestanas. Última viagem que fizeste? IV: Londres. Peça preferida que adquiriste? IV: Colar da MALENE BIRGER.
davide camilo Blazer e t-shirt ZARA, calças H&M, sapatos VITÓRIA, pulseira vintage. Serviço educativo do Palácio de Queluz.
Cor de verniz? IV: Rosa choque. O que tomaste ao pequeno-almoço? DC: Taça de muesli, iogurte de pêra rocha e sumo de melancia. Última viagem que fizeste? DC: Madrid. Último livro que leste? DC: Em Busca do Tempo Perdido (volume I), MARCEL PROUST. Último filme que viste? DC: O Talentoso Mr. Replay. Qual a próxima compra que pretendes fazer? DC: Uma caixa de raiz de nogueira para acessórios.
ilanka verhoeven Casaco MANGO, top ZARA, vestido SFERA, sapatos ASOS, mala vintage. BLOGGER. www.fashion-nerdic.com
068 – Central Parq | Moda
Qual foi o primeiro objecto que juntaste dinheiro para comprar? DC: Uma caixa de chá Wedgwood do séc. XVIII.
marta brito Camisola PEPE JEANS, saia SFERA, sapatilhas CONVERSE. ESTAGIÁRIA NA VOGUE.
O que tomaste ao pequeno almoço? MB: Não tomei, mas almocei bifes de seitan. Banda preferida? MB: Mutemath. Última compra? MB: A saia que tenho vestida. Última viagem? MB: Dubai.
F— Sara Gomes
O que tomaste ao pequeno-almoço? JP: Chá preto e uma maçã. Último livro que leste? JP: Orar, Comer e Amar. Último filme que viste? JP: The September Issue. Produto de beleza que mais gosta de usar quando estás a trabalhar? JP: Blush em creme. Última cidade para onde viajaste? JP: Paris.
joão pombeiro Blazer, calças e mala ZARA, colete SOVIET, lenço vintage, sapatos ASOS, óculos ANA SALAZAR. MAQUILHADOR. 069 – moda: street style
moda lisboa35 —backstage ana salazar
070 – Central Parq | Moda: backstage ana salazar
F— Marcos Sobral
portugal fashion XXVII
Storytailors
Felipe Oliveira Baptista
Storytailors
Estelita Mendonça no espaço Bloom
A celebrar o seu 15º aniversário, a última edição do PORTUGAL FASHION teve em tudo, um efeito comemorativo. Longe do tempo das top models, esta edição consagrada ao conceito Simple (a maior de sempre), acolheu 22 desfiles, onde participaram
071 – moda: portugalfashion
Felipe Oliveira Baptista
Felipe Oliveira Baptista
19 criadores e 26 marcas ao longo de quatro dias. KATTY XIOMARA e MIGUEL VIEIRA regressaram a esta passarelle, ALVES/ GONÇALVES e ANA SALAZAR estreavam-se, enquanto FELIPE OLIVEIRA BAPTISTA ocupava o estatuto de estrela. O actual director criativo da LACOSTE que, nos últimos anos, tem sido apoiado pelo PORTUGAL FASHION nos desfiles de Paris, trouxe ao Porto um exercício de design levado a um nível raro de se ver em Portugal. Foram vistos coordenados minimais pontuados por pequenos volumes, blocos de cores definidos, geometrias e estampagens
T— Francisco Vaz Fernandes
Vicri
que criavam um efeito de ilusão óptica. Os perfis de golas de abas estampados, em alguns casos, passavam a elementos repetitivos, recordando elementos das artes decorativas dos anos 50 que podemos encontrar na arquitectura modernista. O segundo
momento alto seria o desfile dos STORYTAYLORS que também se socorreram do ilusionismo para tratar as assimetrias. Construções, em tecidos leves e fluidos, sobrepunham outras mais estruturadas como se fossem duas faces da mesma moeda. A percepção frontal dos coordenados era negada quando vistos de costas, como se fossem duas realidades cumulativas. Ainda de assinalar que, além dos desfiles, houve no edifício da Alfândega do Porto um espaço reservado a concertos e a convívio gerido por alguns bares da baixa da cidade. Destaque também para a estrutura BLOOM, coordenada por MIGUEL FLOR, que trouxe a este mesmo espaço criações de dez jovens designers (seleccionados de três escolas de moda do Porto), preparando positivamente os estudantes para futuros desafios profissionais.
casaco pepe jeans
vestido ana salazar cachecol mostarda malene birger luvas castanhas pedro pedro tutu branco repetto sapatos el caballo
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Fotografia— Sara Gomes
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Styling— Ana Canadas
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Ana Filipa (L’Agence), ass.styling por Margarida Brito Paes, make-up por Anne Sophie com produtos M.A.C. Agradecimentos a Sara e Marta Montenegro.
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peça de lã com franjas Stefanel vestido Malene Birger saia transparente Pedro Pedro tutu Repetto botas Vivienne Westwood para Melissa gorro branco e gorro preto Diesel cachecol na cabeça Benneton
capa preta Benetton gorro Malene Birger vestido com penas Pedro Pedro calรงas em pele Patrizia Pepe botas Cat
vestido como camisola Mango saia Ana Salazar saia de rede preta Isilda Pelicano tutu beije Repetto cachecol Lacoste
cinto El Caballo gorro de pelo da produção perneiras em lã Hoss luvas Pepe Jeans botas Ugg
vestido de lantejoulas Miguel Vieira gola em lã cinzenta Benneton casaco beije Malene Birger casaco comprido Sonia by Sonia Rykiel gorro de pelo da produção
casaco preto Nuno Baltazar gola de pêlo Pedro Pedro gola de pêlo como acessório de cabeça Twin-Set regalo de malha Gant
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Fotografia— Manuel Sousa
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s Styling— Ana Canadas
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Pureza Flemming, João Pombeiro, Tiago Veiga, Inês Magalhães (L’Agence), Nádia Vieira (Light Models), Diogo Castro (Light Models), João Henriques, pedro ventura (ML Agency), ass. fotografia Alex Holstein, ass. styling Margarida Brito Pães, make-up & hair da 7ª imagem (Television) Ana Vahia Tiza, make-up Miguel Molena com produtos Maybelinne New York, ass. make-up Ana Frazão, Joana Martins e Carla Santos, hair Marco Pinheiro
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Dois terços dos pacientes que procuram a cirurgia cosmética voltam para nova cirurgia. Para além dos riscos em que se incorre no processo (que engloba infecções, falhas de órgãos durante a cirurgia e reacções alérgicas a medicação), muitos dos pacientes criam uma dependência psicológica. Esta dependência é derivada da imagem distorcida que ganham dos seus corpos e os leva a fazer contínuas cirurgias na esperança de corrigirem essa visão.
Nádia: camisa Orla Kiely na Veronique, pulseira Apartment À Louer no Espaço B. Diogo: impermeável branco Nude: Masahiko Maruyama na Wrong Weather.
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Um vício cada vez mais recorrente, caracterizado pela alienação e isolamento dos jogadores. Atingir objectivos no jogo torna-se mais relevante do que qualquer acontecimento na vida real. Casos chocantes incluem o de Kim Sa-rang, uma criança de 3 meses que faleceu de má nutrição após os seus pais passarem horas online a criar um bebé virtual.
Tiago: camisa Dries Van Noten na Wrong Weather, casaco de malha Lacoste, colete em tiras de pele branca Nude: Masahiko Maruyama na Wrong Weather, calças Blaak na Wrong Weather, sapatos Bernhard Wilhelm para Camper, óculos Claire Goldsmith na André Ópticas
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A obesidade é um dos problemas de saúde publica mais graves do séc. XXI. Uma estimativa da Organização Mundial de Saúde de 2005 refere que 400 milhões de adultos no mundo são obesos, uma taxa que ronda os 10% da população mundial. A obesidade incorre no aumento da probabilidade de desenvolvimento de variadas doenças, nomeadamente doenças cardíacas, diabetes de tipo 2, dificuldades respiratórias e certos tipos de cancro.
Nádia: camisa Pepe Jeans, casaco BCBG, saia Orla Kiely na Veronique, cinto Hoss, lenço Hermès, óculos Linda Farrow Luxe na André Ópticas
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Afecta maioritariamente mulheres no fim da adolescência e é geralmente uma condição crónica que cai na categoria das desordens de controlo dos impulsos. Acompanhada de altos e baixos a vítima experiencia frequentemente satisfação que se manifesta no acto da compra e que desaparece logo após a mesma. Consequências incluem grandes endividamentos, crédito arruinado e empréstimos sucessivos.
pureza: vestido Fred Perry no Espaço B, casaco de malha Lacoste, casaco See By Chloe, cinto Mango, óculos Alexander Wang by Linda Farrow na André Ópticas, mala verde Repetto, malinha castanha e beije El Caballo, botas azuis Repetto, mala branca de portátil no Espaço B, mala verde seco Mango, sapato preto El Caballo, mala castanha com 2 tons Sonia by Sonia Rykiel, mala preta pequena Mango, sapato branco El Caballo, mala preta grande Pepe Jeans
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O vício do tabaco tem sido historicamente um dos mais complicados de combater. Sendo comparado a drogas como a heroína e a cocaína, a nicotina actua no cérebro a nível dos circuitos que regulam os centros de prazer e euforia. O uso do tabaco leva ao aparecimento de doenças que afectam o coração e pulmões, sendo um factor determinante em ataques de coração, acidentes vasculares cerebrais, obstruções pulmonares, enfisemas e cancro. Durante o decorrer do séc. XX foi a causa de 100 milhões de mortes.
joão pombeiro: camisa Dries Van Noten e camisola Yoji Yamamoto ambas na Wrong Weather, casaco em lã e pele Neil Barrett no Espaço B, calças Replay, cintos Diesel e Tommy Hilfiger, anel H&M, óculos Cutler & Gross na André Ópticas
television
Ver televisão durante longos períodos de tempo tem sido apontado como causa de falta de motivação, depressão e irritabilidade. Estudos em crianças e adultos encontram uma associação entre o número de horas passadas a ver televisão e os níveis de obesidade devido à diminuição de ritmo do metabolismo. Os conteúdos programáticos têm-se revelado como outro factor preocupante sendo muitos considerados inapropriados, ofensivos ou indecentes.
inês: casaco Lacoste, vestido Pedro Pedro, chapéu H&M, óculos Jeremy Scott for Linda Farrow Projects na André Ópticas
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Uma em cada 25 mortes são mundialmente atribuídas ao consumo de álcool. Elevados níveis de consumo estão relacionados com o desenvolvimento de alcoolismo, doenças cardiovasculares, pancreatite crónica, doenças de fígado e cancro. Bebedeiras em excesso, comuns nos adolescentes, afectam uma parte importante do crescimento podendo inibir o desenvolvimento de novas células cerebrais.
diogo: pólo Adidas, blusão Carhartt, calças Wrong Weather, luvas Carhartt, relógio Diesel, óculos Dita na André Ópticas
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A auto-medicação é um dos principais factores que leva ao abuso de substâncias, nomeadamente fármacos que se encontram disponíveis muitas vezes no armário de medicamentos de qualquer casa, ou que podem ser adquiridos sem receita médica. O uso indevido e prolongado leva à habituação e actua a nível psicológico e neurobiológico.
pedro: camisa Neil Barrett no Espaço B, casaco vermelho Fred Perry no Espaço B, impermeável preto Nude: Masahiko Maruyama na Wrong Weather, auscultadores Nixon no Espaço B, óculos customizados da produção
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Tanorexia é o novo nome adoptado para descrever a condição de uma pessoa que é viciada na exposição solar excessiva ou em produtos que actuam na pele com um objectivo semelhante, tais como sprays, camas de bronzeamento e cremes. O excesso de exposição prolongada aos raios UV causam inúmeros danos irreparáveis na pele, envelhecendo-a, criando manchas, sinais e, em casos extremos cancro.
joão henriques: camisa Lacoste, casaco Diesel, laço Gant, relógio Nixon no Espaço B, joalheiras em pele brancas Nude: Masahiko Maruyama na Wrong Weather, óculos House of Holland para Linda Farrow Projects na André Ópticas
-Vis à s i V
“Nem sempre há oportunidade de ir ao Porto e com as subidas de preços nas portagens e nos transportes, as distâncias parece que aumentam mais”, lamentava Fred à sua companheira, sentados junto a uma das grandes vitrines do CANELAS DO COELHO. Dali, Fanny podia avistar os Aliados e todo o movimento nocturno que sobe à procura dos bares da recém animada baixa do Porto. Abstraídos d o m ovi m e n to l á fo ra , concentraram-se na extensa lista de entradas da carta. A l exa n d re C a n e l a s , u m dos sócios, prontificou‑se
paragens, estão aqui fruto da rede de contactos de Fernando Coelho, o outro sócio (em conjunto com Alexandre Canelas), enólogo e produtor vinícula da Q u inta de Tourais, na região do Douro. Abstivémo‑nos de qualquer aperitivo e fomos directos ao que interessa, pedindo então um Tourónio Rosé da Quinta de Tourais. Um pouco seco mas muito fresco, apesar de um certo grau, perfeito para acompanhar a vieira assada de Fanny. Fred pediu um carapau limado, tendo sido servidos apenas os lombos cozidos nos sucos aromáticos de vários citrinos . Uma maravilha. Agora era tempo de repousar, de um cigarro à porta, e de nos delongarmos em conversas sobre a oferta cultural do Porto. Fred e Fa n ny q ueixava m - se d a canseira do dia, de tanto saltitar entre os desfiles do Portugal Fashion e os eventos do Festival Trama. Voltando à mesa, foi‑lhes sugerido um vinho tinto reserva da Quinta de Tour ais, o
a explicar que além de restaurante, este é um bar de tapas onde, a qualquer hora, são servidas pequenas porções acompanhadas de um bom vinho. Ficava então explicada a extensa lista de vinhos e as cerca de 180 entradas, para um espaço que não é grande. Os vinhos, raros de encontrar por outras
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Fúria , que se revelou com muito carácter, encorpado e cheio de armas no paladar, perfeito para acompanhar um polvo braseado com migas de milho e feijão manteiga com leve travo a azeitonas. Fanny esperava um prato mais delicado e deleitou-se com a maciez da carne de raia com açorda de marisco. A açorda —plena de berbigão, mexilhão e camarão— teria, por si, satisfeito o pedido. Constatando que a lista de pratos principais não era grande, não deixaram de observar as duas opções vegeta ria nas e, nesse instante, perderam-se em considerações sobre ditas e desditas de uma cozinha vernacular na restauração a c t u a l . Fr e d a i n d a f o i tentado por uma sobremesa, um demi cuit de chocolate com gengibre e canela acompanhado de uma espuma de coco, que se revelou fundante. E já no final, porque o Porto é dado a encontros singulares, lançaram-se numa conversa com dois suíços,
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Rua Elísio melo 29/33 porto T. 222 015 824 Seg — sab: 12h — 23h sex — Sáb: até às 02h
que tinham vindo para uma conferência organizada pela AGI, na Casa da Música. O tema rapidamente passou a ser onde ir de seguida. E assim saímos todos, rumo ao PASSOS MANUEL, para uma sortida de musíca electrónica do Trama, numa peculiar noite quente de final de Outubro.
T— Fred & Fanny
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Travessa do Carmo,1, lj3—Lisboa T—213 463 179 2ª—SAB, das 10h30—19h
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niqu o r e vé Travessa do Carmo,1—Lisboa T—211 952 299 2ª—SAB, das 11h30—19h
A SOUL MOOD é o novo espaço multimarcas no Chiado idealizado por Maria João, (dona de uma outra loja em Cascais) e Sofia Passarinho. A arquitectura do espaço, de linhas puras e simples, e as peças de roupa penduradas d e fo rm a esq u e m át ic a , chamam a atenção de quem passa. Às peças da designer belga Sarah Pacini, que Maria João já comercializava em Cascais, juntaram-se também as criações do alemão Hannes Roether. Pensada para o público masculino e feminino, a SOUL MOOD é dirigida a todos os que procuram peças de qualidade, com um aspecto clean e feitas em materiais naturais (com especial destaque para as malhas), que primam pela diferença no design e no corte. 092 – parq here | places
T— Margarida Brito Paes
Descobriu as roupas vintage quando viveu em Londres e nunca mais largou esta tendência, por se “destacar das outras pessoas” e “pela mistura do velho com o novo”. Quando perguntamos a VÉRONIQUE LARANJO sobre a loja que acabou de abrir no Chiado, responde: “Quis abrir um espaço que fosse realmente a minha cara, que reflectisse a minha maneira de vestir”. Na VÉRONIQUE BOUTIQUE é possível encontrar roupas e acessórios de Paul & Joe Sister, Orla Kiely, Marc Jacobs, See by Chloé e jóias Corpus Christy, entre outras marcas exclusivas. O mobiliário antigo e as fotografias a preto e branco de Paulo Segadães convidam-nos a entrar num espaço diferente, reflexo da paixão de Véronique pelo novo e pelo antigo.
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Rua Saraiva de Carvalho, 35—Lisboa T—211 900 100
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O HOTEL DA ESTRELA é um hotel-escola anexo à Escola de Hotelaria e Turismo preparado para dar uma formação directa aos alunos, permitindo-lhes um contacto com a realidade e com o standard de qualidade do grupo LÁGRIMAS, que vai ficar a gerir o espaço por 13 anos. Os quartos, as suites, o bar e as três salas de reuniões, além de um restaurante com 60 lugares, foram decorados pelo conhecido arquitecto de interiores Miguel Câncio Martins, que se socorreu do recheio obsoleto do parque escolar e de peças que vieram do Liceu Machado de Castro para se inspirar. Por isso, ao lado de pequenos luxos (camas Hästens nas suites), encontramos tampos de mesas com cábulas, asneiras e declarações de amor penduradas nas paredes dos quartos, globos, mapas e esquadros. Também as alcatifas dos quartos são como antigos quadros de ardósia. O tema da aprendizagem impôs-se, não só por este ser um hotel-escola mas por, na sua envolvente, existirem vários liceus. Falta ainda a conclusão de uma parte essencial deste conjunto, um restaurante que se vai chamar CANTINA DA ESTRELA e que, tendo a mão dos alunos em formação, promete estar ao nível daquilo a que o grupo Lágrimas nos costuma habituar nos seus hotéis e no restaurante ELEVEN.
T— Francisco Vaz Fernandes
Lisboa é uma cidade que apaixona, que o digam Araceli Pique e Laia Martinelli, duas espanholas que encontraram agora um novo pretexto para ficar por aqui mais alguns anos, com a abertura de uma loja no Príncipe Real. O objectivo foi criar um espaço despretensioso, como os que se podem encontrar no SoHo em Nova Iorque. Por isso, a loja mantém o lado industrial, com pouco elementos de decoração. A energia e a paixão são, essencialmente, depositadas na selecção das peças de roupa, dando prioridade a uma oferta de marcas pouco massificadas, que não se encontravam no mercado português. Há roupa, calçado e acessórios pensados para um estilo de vida moderno e prático, com atenção ao detalhe e à qualidade. Encontrar as peças certas obriga-as a muitas viagens, especialmente a Inglaterra, França, Bélgica e Espanha. Daí que o nome da loja — D’ICI ET LÁ— não pudesse ser mais adequado.
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o v b Palácio das Artes Largo de S. Domingos, 16-22 Porto 2ª—DOM, das 10h—20h
o , d ici Rua D. Pedro V, 93-95 Príncipe Real—Lisboa T—938 800 601 2ª—6ª, das 10h30—14h/15h30—20h SAB, das 11h—14h/16h—20h
et lá T— Maria São Miguel
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t a s t e s t o r e Rua Nova do Almada, 96—Lisboa T—213 427 097 2ª—6ª, das 11h—20h SAB, das 10h—20h Paulo Lobo, um dos designers de interiores mais reputados, responsável por projectos de interiores como o Cafeína, Twins, Porto Palácio Hotel, Bhule e Shis, entre outros, criou uma nova loja dedicada ao artesanato contemporâneo. A LOBO TASTE reúne peças raras de artesanato português, redesign de objectos tradicionais da cultura portuguesa e produtos internacionais. São dois pisos, com paredes e estantes pintadas de cinza, onde sobressaem dezenas de produtos com assinatura que desenterram memórias e nos remetem às artes tradicionais portuguesas, de uma forma minimalista. O projecto envolve artesãos de todo o país, do Algarve ao Minho, que têm desenvolvido os objectos de acordo com novas ideias e novas técnicas.. São, em geral edições limitadas que, quando esgotadas, darão lugar a outras.
Ricardo Lemos e Pedro de Almeida, industriais ligados ao têxtil em Guimarães, criaram no Chiado um espaço quase 100% português dedicado ao universo da casa. No piso térreo encontramos uma zona têxtil (com roupa de cama e de mesa), uma zona dedicada a produtos de jardinagem e outra para velas, ambientadores e sabonetes (onde estão disponíveis marcas como SAVON DE MARSEILLE , INSTITUT KARITÉ e CASTELBEL). Os produtos estão expostos em estantes altas e em móveis recuperados pintados de branco, com um certo ar rústico e usado. No segundo andar predominam as louças, os vidros e as cutelarias, pousadas em caixotes de madeira natural. Há ainda uma área reservada para produtos gourmet, outra para livros e um pequeno bar onde são servidos snacks, decorado com mesas e cadeiras vintage (que também se encontram à venda) a convidar a um momento de relax, enquanto se aprecia o movimento da Rua Nova do Almada.
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T— Nuno Adragna
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i a g l i m m e r
T— Nuno Adragna e Miguel Tojal J á es t a m os h a b i t u a d os às edições especiais da ABSOLUT mas esta é a mais surpreendente de todas. A nova garrafa ABSOLUT GLIMMER, produzida em vidro cinzelado repleto de pequenos prismas de vidro cristalino, faz-nos lembrar as garrafas de cristal do século passado, onde se guardavam os melhores licores caseiros, conhaques e vinhos generosos velhos. Tal como no passado as garrafas de vidro facetado serviam para dar brilho aos momentos mais especiais, também a ABSOLUT GLIMMER prestigia o precioso líquido que guarda. Mais uma vez, a ABSOLUT marca a sua posição como vodka premium, feita exclusivamente a par tir de ingredientes naturais, sem adição de açúcares (como acontece com outras vodkas), distinguindo -se
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pelo final prolongado e sabor encorpado e complexo, com traços de cereais, seguidos por um toque de frutos secos. Aqui fica uma receita de cocktail fácil de fazer tendo por base ABSOLUT VODKA. Kamikaze 3,5cl de Vodka Absolut 2cl de Triple Sec 2cl de sumo de limão natural 1cl de xarope de açúcar branco Técnica: shaker Copo: on the rock’s Decoração: gomo de laranja
Junte os ingredientes todos no shaker com quatro cubos de gelo. Agite bem por alguns segundos e verta para o copo final. Por fim, esprema um gomo de laranja e coloque-o no cocktail. Have a nice drink.
Os vinhos da QUINTA DE TOURAIS, como se pode ler na apresentação da casa vinícula, “são mais do que vinhos, são a personificação do mestre que ensinou a Baco todos os prazeres da vida e deixou os seus segredos enterrados nas terras do Douro”. A nova estrela que este ano sai para o mercado é o FÚRIA, um vinho de cor ruby, encorpado com personalidade e persistente na boca, com ligeiro sabor a fruta vermelha, cravinho e tomilho, resultante de cepas antigas. A distinção do vinho começa pela imagem do rótulo —neste caso, uma serigrafia criada pelo artista espanhol Luis Urculo. A colaboração de artistas tem sido uma regra desde que Fernando Coelho, produtor e enólogo, deu início à marca QUINTA DE TOURAIS. A direcção de imagem de todos os rótulos está a cargo do ilustrador Miguel Salazar. No ano passado o seu vinho TOURÓNIO foi distinguido com o prémio para melhor imagem de vinho. Infelizmente para nós, 90% dos vinhos de TOURAIS são exportados para o mercado do norte da Europa, Estados Unidos e Canadá, restando apenas 10% para o mercado português. Os vinhos estão disponíveis nos SABORES DE GOA, em Lisboa, e no restarurante CANELAS DE COELHO, no Porto (ver a crítica gastronómica Vis-a-Vis).
& B
m a n h a t t a n
T— Nuno Adragna MANHATTAN é u m dos cock tails clássicos mais populares em todo o mundo, pa ra sem p re lig ado ao glamour americano dos anos 50. A sua base é uma mistura de vermute doce com whisky. Mas nem sempre é fácil fazer esta bebida sem auxílio de um barman, o que levou a JB a lançar, a nível mundial, o J&B MANHATTAN COCKTAIL. Num só movimento, podemos verter para um copo de gelo a perfeita combinação de um MANHATTAN, com as doses certas de J&B RARE e de um vermute, acompanhados pelo aroma doce de cereja e mirtilo, em contraste com a essência cítrica refrescante da laranja.
g — u — i — a c—o—m—p—r—a—s A VIDA PORTUGUESA Rua Anchieta, 11 — Lisboa T. 213 465 073
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Diapositivo u m a c r ó n i c a d e c l áu d i a m at o s s i lva com ilustração de Bráulio Amado
Gi r ls j u st wa nt to h av e f u n ! E pensar que BOYS BOYS BOYS de LADY GAGA seria o update do tema de SABRINA, sim a jovem curvilínea (e l i g e i ra m e n t e e s t rá b i c a) que invadiu as televisões europeias na década de 80, envergando um minúsculo biquini. Quem não achou graça foi SAMANTHA FOX, a diva dos camionistas que adoravam adornar as cabines dos seus camiões de longo curso com posters da loira provocante. Ombrear, nos magníficos murais das garagens de reparação automóvel, com a recém sensação da europop, SABRINA, não foi de fácil digestão para a intérprete de TOUCH ME. A contra-resposta de Miss FOX chegaria com NOTHING'S GONNA STOP ME NOW, ilustrado com um videoclip abrasador em biquini, pois claro.
a GAGA. O adjectivo mais lisonjeiro que aplica talvez seja vulgar, mas a única vulgaridade nesta história é o facto de, ao longo dos anos, haver sempre uma mulher que surge para abanar as águas. Vejamos: CYNDI LAUPER, de cabelo multicolor, explode com GIRLS JUST WANT TO HAVE FUN, do disco SHE'S SO UNUSUAL. JOHNNY ROTTEN dos SEX PISTOLS afirma «she’s a bag», não sabemos se por ser portátil se por gostar de andar vestida com trapos. E por falarmos em trapos, não nos podemos esquecer de DORA que, em pleno Festival da
LADY GAGA assume que o single orelhudo do cd de estreia FAME é apenas uma resposta a GIRLS GIRLS GIRLS dos MOTLEY CRUE e confessa uma paixão assolapada pelo andrógino baixista do grupo, NIKKI SIXX. Aliás, no meio de tantas notícias ficcionadas em relação à coqueluche da pop, o facto de, supostamente, ser hermafrodita fez correr muita tinta . Por essa altura, numa de «roi-te de inveja MISS PIGGY», convida o sapo COCAS a acompanhá-la na edição de 2009 dos MTV Video Music Awards. Se meio mundo ou, quem sabe, o mundo inteiro, segue com fascínio os passos da senhora de BAD ROMANCE, uma das mais reputadas criticas dos Estados Unidos da América, CAM ILLE PAGLIA , não é meiguinha nas apreciações
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Canção, usou umas botas Dr. Martens, uma saia que mais parecia uma alface gigante e uma frase que lhe mudaria a vida: «não sejas mau pra mim». MADONNA, a grande sobrevivente, também deixou muito a desejar ao bom gosto. Do topo de um bolo de noiva, vêmo-la na entrega dos prémios MTV, em 1984, na actuação que daria a maior visibilidade d e sempre a LIKE A VIRGIN.
Diz-se que LADY GAGA é a mais digna sucessora de MADONNA. Uma coisa é certa, que gosta de alimentar os paparazzi ninguém duvida, pelo menos, tendo em conta o vestido de carne, assinado por FRANC FERNANDEZ, que envergou na última edição dos VMA’s. Aconselha-se vivamente que LADY GAGA não se atreva a “passar pelas brasas” porque, qualquer dia sem dar por ela, chega outra menina ambiciosa, qual MATERIAL GIRL, destronando -a sem dó nem piedade do seu estatuto de estrela maior da pop.
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