PARQ 65

Page 1

JOÃO PESTE FILIPE SAMBADO ANDRÉ TEOMAN


NEW BALANCE GUERRILL A GIRLS texto por Maria São Miguel

↖ R AQ U E L ↖ VA N ES S A ↖ ISABEL top DAV I D F E R R E I R A top H Y E N A top e calças N E W calças e meias calções e meias BA L A N C E N E W BA L A N C E N E W BA L A N C E casaco CA R LO S G I L ténis N E W BA L A N C E 8 5 0 ténis N E W BA L A N C E 8 5 0 ténis N E W BA L A N C E 8 5 0

fotografia F R E D E R I C O S A N TO S styling P E D RO A PA R Í C I O ass. styling M A DA L E N A N U N ES make-up R AQ U E L S O E I RO hair RO D R I G O S A N TO S

NEW BAL ANCE 8 50

Solidários com a luta que as mulheres travam todos os dias para criarem um ambiente mais igualitário inspirámo-nos no G U L A B I G A N G (gang rosa), um movimento de mulheres indianas que recentemente teve destaque nos media, por se terem revoltado contra o machismo no seu país, manifestando-se com roupas coloridas e bastões em punho. Revoltaram-se contra os poderes instituídos de um país que se tem mostrado indiferente ao número de casos de mulheres indianas vítimas de violação. Chamámos três mulheres portuguesas que

A N E W BA L A N C E trouxe para a atualidade um clássico dos anos 90, que se tornou um dos velhos old school nos EUA, país onde a marca teve a sua maior projeção mundial. Os 850 apareceram pela primeira vez em 96 e destacavam-se, na época, pela sua silhueta minimalista, colocando-se à frente do seu tempo. Era um modelo que combinava a tradicional camurça com partes sintéticas e uma malha respirável aliados à introdução da tecnologia ABZORB na sola, tornando-se um sinónimo de conforto ao caminhar. Os 850 não trazem o famoso "N" das laterais para dar espaço às formas onduladas e coloridas que os caracterizam. As combinações de cores possíveis são muitas, grande parte delas remete para as originais, para uma época que deu preferência a cores ácidas e florescentes.

02

personificam essa vontade de mudança que se faz no quotidiano de cada uma. Com percursos díspares, I S A B E L S I LVA , R AQ U E L S A M PA I O e VA N ES S A M A R T I N S , têm em comum, uma grande visibilidade na esfera pública. Estão conscientes do peso da sua mensagem para a construção de uma sociedade mais igualitária, que é implantada no seu exemplo diário. Juntamos à mensagem das nossas G U E R I L L A G I R L S os valores na N E W BA L E N C E , marca que saiu do universo do desporto para o lifestyle e que desde sempre teve uma política interna de tolerância e de inclusão. NEW BALANCE


↖ camiseiro CA R LO S G I L casaco N E W BA L A N C E camisa F E R R AC H E ténis N E W BA L A N C E 8 5 0

M O D E LO / A P R E S E N TA D O R A T V R AQU E L SAMPAIO

Sentes-te uma guerreira? Em que momentos? Sinto-me guerreira quando luto pelo que quero alcançar e provo a quem duvidou de mim que estavam errados.

03

A luta pela igualdade entre os géneros ainda faz sentido? Fará sentido enquanto não houver igualdade. Por isso, sim. Infelizmente, ainda faz todo o sentido. NEW BALANCE

Qual a pior coisa que te disseram por seres mulher? Coisas do género, —"Vais estudar engenharia? Mas isso é curso de rapazes!"


↖ casaco N E W BA L A N C E sweat e calças M M I S S O N I ténis N E W BA L A N C E 8 5 0

AC T R I Z VANES SA MARTINS Sentes-te uma guerreira? Em que momentos? Sinto me uma guerreira quando consigo cumprir com os meus objetivos, e não tem que ser necessariamente grandes feitos. O objetivo de conseguir realizar tarefas ou gerir a minha agenda de forma a que consiga fazer tudo, isso já me faz sentir guerreira. Atualmente as mulheres estão a conseguir cargos melhores em empresas, mas continuam sempre a ter a desigualdade de um pós laboral sobre elas, filhos, casa e tantas outras responsabilidades… e há imensas guerreiras por ai.

04

A luta pela igualdade entre os géneros ainda faz sentido? Fará sempre. Não tem de haver diferenças pelo género. Somos todos seres humanos e temos de ser visto como tal. Não tenho de me sentir diferente pela negativa por ser mulher. Acredito que no futuro haverá pessoas importantes em cargos decisivos sejam eles homens ou mulheres. Mas a mudança parte das próprias mulheres que não sabem o que é o feminismo e nem sequer têm curiosidade em saber. Encaram a luta pela igualdade como uma perca de tempo. E isso está errado, e por essa razão é que a mudança demora mais. NEW BALANCE

Qual a pior coisa que te disseram por seres mulher? Que estava onde estava porque era bonita e sensual, e que isso obviamente me trazia oportunidades. Como se a minha capacidade de trabalho fosse medida pelo padrão de beleza da sociedade. Ou então perguntarem-me se o meu carro foi oferecido pelo meu marido ou se é dele. Eu sou uma mulher que adora carros topo de gama. E tenho todas as capacidades tal como um homem para ter um, pelo meu trabalho ou porque qualquer pessoa pode pedir um empréstimo ao banco. E esse tipo de padrões continua a existir e não muda.


A P R E S E N TA D O R A T V ISABEL S I LVA

Sentes-te uma guerreira? Em que momentos? Sinto-me. E ser guerreira para mim significa ser persistente naquilo que eu acredito e sinto. Neste ponto eu nunca desisto... acredito que a nossa intuição nunca nos apanha na curva. Também vacilo e fico indecisa, mas estas são as alturas que me escuto e reflito mais. Mesmo quando avanço, às vezes é com medo. Mas não faz mal, desde que esteja alinhada com a minha intuição. A vida pede-nos todos os dias para sermos guerreiros. E ainda bem. A vida é feita de desafios. A luta pela igualdade entre os géneros ainda faz sentido? Continua a fazer sentido hoje, como sempre fez. No tempo das minhas avós as coisas eram muito diferentes do que são hoje, e as lutas que elas travaram para se tornarem mulheres independentes não eram as mesmas de hoje. Mas, na verdade, em algumas coisas, também eram. No mundo do trabalho, por exemplo, era impensável encontrar uma mulher a conduzir um autocarro ou a ser diretora de uma grande empresa. Hoje, as coisas mudaram. Já provamos o nosso valor. E acho que está à vista. A igualdade entre os géneros faz sentido, sim. Para um lado... e para o outro também. Qual a pior coisa que te disseram por seres mulher? Nada. Honestamente. Pelo menos que me lembre. A única coisa que posso dizer é que, por exemplo, quando estou a correr as minhas provas de 42.195m ou mesmo as Meias Maratonas, ouço muitas vezes: “lá vai ela, corre mais e melhor do que muitos... e muitas”. Sempre senti respeito e admiração. Também porque me dou a isso.

05

↖ top e calções N E W BA L A N C E capa CA R LO S G I L ténis N E W BA L A N C E 8 5 0

NEW BALANCE


JOÃO PESTE FILIPE SAMBADO ANDRÉ TEOMAN

VA N ES S A M A R T I N S e I S A B E L S I LVA fotografadas por F R E D E R I C O S A N TO S , styling P E D RO A PA R Í C I O.

(Vanessa) vestido P I N KO, top N E W BA L A N C E , brincos CA RO L I N A Q U I N T E L A , ténis N E W BA L A N C E 8 5 0

(Isabel) top N E W BA L A N C E , laço e saia R I CA R D O A N D R E Z , ténis N E W BA L A N C E 8 5 0. PARQ: Revista de tendências

You Must 08

Oje

10

Savage Sally

12

Silver Box Studio

13

Cindy Sherman

14

The Golden Glove

16

Bombshell

18

Favela

19

Oito Cds

20

Velvet Kills

21

Festival MIL

22

Ás de Espadas

24

Merrellite + Jot t

25

Fila + Polaroid

26

Igual Mag + Pallashock

27

Beleza

28

Produto

JOÃO PESTE FILIPE SAMBADO ANDRÉ TEOMAN

de distribuição gratuita. Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000-251 Lisboa

Soundstation

Assinatura anual: 12 euros

30

Lina _ Raül Refree

32

João Peste

Director: Francisco Vaz Fernandes (francisco@parqmag.com) Editor: Conforto Moderno

Central Parq

Editor de Moda:

36

Tiago Paiva

38

André Teoman

40

António Faria

42

Santiago Beruete

44

Filipe Sambado

Design: Valdemar Lamego (www.valdemarlamego.com)

Periocidade: Bimestral Depósito legal: 272758/08 Registo ERC: 125392

65

Edição: Conforto Moderno Uni, Lda.

Fashion ed.

NIF: 508 399 289

56

Propriedade: Conforto Moderno Uni, Lda. Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000—251 Lisboa Telef: 00351 218 473 379

Parq Here 64 65

Impressão: Eurodois. R. Santo António 30, 2725 Sintra 12.000 exemplares Distribuição: Conforto Moderno Uni, Lda.

A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da PARQ. Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 — 2020 PARQ.

Textos

Rui Miguel Abreu

António M. Barradas

Sara Madeira

Bárbara Pires

Sara Pereira

Carla Carbone Carlos Alberto Oliveira

Fotos

Diana de Nóbrega

Andy Dyo

Francisco Vaz Fernandes

Cristina Gameiro

Joana Teixeira

Diana Neto

Liliana Pedro

Frederico Santos

Luís Sereno

Frederico OM

Margarida Santos Maria São Miguel

Styling

Miguel Rodrigues

Daniela Gil

Patrícia César Vicente

Marta Lobo

Rafael Moreira

Pedro Aparício

Rafael Vieira Roger Winstanley www.parqmag.com facebook

/parqmag

instagram

/parqmag

youtube

/parqmag

06

Sunlight

66

MARÇO 2020

Essencial Boullé

Lucien Blondel


FREDPERRY.COM

FRED PERRY STORES: NORTE SHOPPING, MATOSINHOS / PORTO ARRÁBIDA SHOPPING, V. N. GAIA RUA DO OURO, LISBOA SHOP-IN-SHOP: EL CORTE INGLÉS GAIA / PORTO EL CORTE INGLÉS LISBOA MARQUES & SOARES, PORTO

LISTEN TO BLACK / CHAMPAGNE / CHAMPAGNE


TO M Á S P I R E S a . k . a . ÔJE

TO M ÁS P I R ES nasceu em Lisboa em 1987 e cresceu no campo, no concelho de Mafra o que permitiu estabelecer uma ligação com a natureza desde cedo. Confessa que sempre teve tendência para desenhar retratos bem expressivos e o primeiro contacto com a arte do graffiti surge através de um primo que já explorava outros tipos de lettering. A licenciatura em Design de Ambientes clareou a ideia de que queria vingar no mundo das artes e o seu primeiro trabalho surge a partir de uma pintura criada para um projeto de reabilitação subterrânea de Alcântara. A Human Nature que vai apresentar no Art Room em Lisboa de 27 a 29 de fevereiro será a sua primeira exposição individual e conta-nos que "nesta exposição vou mostrar uma técnica que tenho andado a desenvolver em madeira desde 2018. São expressões humanas recriadas em madeira em que recorto as feições em forma de puzzle. Utilizei expressões de pessoas que vivem da terra ou em harmonia com a mesma o que para mim representa a nossa Natureza Humana". Apesar de a mensagem ser subjetiva confessa que o principal foco destas obras são o equilíbrio e a harmonia da natureza com o ser Humano e representam a ligação ao nosso meio. Inspira-se no que o rodeia, em casa, no estúdio, em viagens, mas sobretudo nas pessoas pois afirma que é nelas que se baseia o seu trabalho e convida-nos a uma instrospeção, ao que nos define como seres e à nossa natureza humana.

texto por Sara Pereira

@oje_artist A R T RO O M Rua do Tejolo, 1 a Rua D.Pedro V Príncipe Real Lisboa

08

YOU MUST SEE



SAVAGE SALLY

Mafalda é uma tatuadora portuguesa mais conhecida como S AVAG E S A L LY. Os seus flashes a linha preta não são convencionais, nem podem ser facilmente colocados numa gaveta de estilo. A olho nu podem parecer apenas imagens estranhas —monstros, animais, mulheres com cabelos compridos, figuras míticas... Mas, observando os seus desenhos originais com atenção, conseguimos extrair o estilo oriental como uma forte inspiração da sua arte.

texto por Joana Teixeira

Além de caracteres japoneses em algumas tatuagens, encontramos também a estética da mitologia japonesa. S AVAG E S A L LY é, no fundo, uma mescla de influências artísticas que originam tatuagens de linha únicas e numa onda ignorant style —um estilo de tatuagem com um toque irónico ou de dry humor, que não está preso a convenções e que, basicamente, presta homenagem à liberdade de expressão.

@savage.sally.tattoo

10

YOU MUST SEE



U M R E T R ATO PA R A A V I DA TO DA S ILVERBOX STUDIO

Vivemos na era das memórias curtas —com as redes sociais, as imagens que só estão visíveis durante 24 horas e as centenas de fotografias esquecidas no telemóvel (que só ocupam espaço e mesmo assim nunca são apagadas). E nesta era onde todos os momentos são efémeros e não há rolos fotográficos que nos valham, o S I LV E R B OX S T U D I O, em Lisboa, vem trazer‑nos a intemporalidade de volta.

texto por Joana Teixeira

F I L I P E A LV ES e RU T E M AG A L H Ã ES abriram em 2012 o S I LV E R B OX S T U D I O, no nº88 da Rua Braamcamp em Lisboa. Queriam que as pessoas voltassem a ir ao fotógrafo para fazer retratos, como nos bons velhos tempos. No seu espaçoso estúdio, a tecnologia é da velha guarda, mas não deixa de ser intrigante. Aqui tiram-se retratos em chapa de vidro, recorrendo à técnica do colódio húmido. Esta técnica leva o seu tempo —aliás, como a exposição pode durar até 15 segundos, não é aconselhado sorrir, apenas respirar fundo e ficar imóvel. Aqui, tudo é feito com muita calma... mas a memória fica para sempre.

www.silverbox.pt @silverboxlisboa

12

YOU MUST SEE


F O N DAT I O N LO U I S V U I T TO N a n d C I N DY S HERMAN texto por Francisco Vaz Fernandes

Em abril, a Fondation Louis Vuitton inaugura a maior exposição alguma vez dedicada à carreira de C I N DY S H E R M A N na Europa. A norte americana, com uma carreira iniciada nos anos 70, é uma das mais reputadas artistas de arte contemporânea do seu país. Trabalhou sempre a partir da fotografia, focando-se sobre a natureza da imagem e do seu poder de representação. No rescaldo de uma geração feminista, C I N DY S H E R M A N questionou-se sobre o papel da fotografia na massificação dos clichés que dominavam na sua sociedade sobre a representação da mulher. Toda a sua obra passou então a ser um processo de travestismo em que a artista se coloca no centro da imagem

reconstruindo a imagem desses clichés. Procurava assim abrir um diálogo sobre a construção da imagem da mulher na sua sociedade. Nesse sentido, C I N DY S H E R M A N refez as imagens que passavam nas revistas de moda, no cinema, guias práticos e em todos os outros media em que a mulher aparecia representada. Nos últimos anos as imagens de mulheres que reconstroí tem tido uma carga psicológica mais forte. A mostra disso dá conta porque são 170 obras que vão de 1975 a 2020. A exposição foi pensada em estreita colaboração com a artista que dá especial foco às peças produzidas no início de 2010, assim como alguns trabalhos inéditos da artista.

↘ ☺ C I N DY S H E R M A N , Untitled, 2004, fotografia

www.foundationlouivuitton.fr

13


THE GO L D E N G L OV E by K A I T H A K I N texto por Sara Madeira

14

O cinema alemão tem dificuldades em cruzar fronteiras. The Golden Glove de K A I T H A K I N , consegue-o pela perplexidade da questão que levanta: O que acontece quando uma realidade particularmente dolorosa se une ao humor? Será possível retratar a história real de um homem que violou e esquartejou dezenas de mulheres nos anos 70, dentro de um género cómico sem despoletar a ira de uma memória traumática? Aparentemente não, mas o filme de A K I N sobrevive nos limites da ética, porque transformou o The Golden Glove, o bar que se tornou o epicentro dos acontecimentos, numa espécie de esgoto. Todas as figuras que por ali gravitam são propositadamente grotescas. São feias, sujas, desdentadas e bêbadas. O riso perde assim a leveza, porque o espectador está sempre a ser confrontado com um certo desconforto, perante a quantidade de cenas caricatas que o filme proporciona.

YOU MUST SEE

De repente estamos perante uma história de monstros em que todos se equivalem. Todas as figuras são igualmente ridicularizadas. As mulheres são patéticas, entregam‑se ao carrasco sem contestação. Fritz Honka (J O N AS DAS S L E R), coberto de próteses, também não é um vilão cativante e a ação vai-se transformando numa sequência de mulheres que entram e saem do seu apartamento movidas pela promessa de álcool e de um pouco de afeto entregando‑se à sua sorte. A câmara de A K I aproxima‑se o mais possível desses corpos para gerar a máxima repulsa dentro desse teatro de horrores em que o minúsculo apartamento de Fritz, imundo e coberto de fotos pornográficas se transforma. Na sequência de acontecimentos vamos tomando consciência que o único elemento que permite o criminoso ficar impune durante tanto tempo é a falta de interesse a que todos estão votados. Fritz, sem laços sociais, e as suas vítimas são na verdade invisíveis, encurralados num refúgio de marginalidade.



Nomeado para 3 Óscares, Bombshell – O Escândalo já deu muito que falar e não se resume apenas à sua realização. O filme realizado por JAY ROAC H retrata as denúncias de jornalistas da Fox News e de outros órgãos de comunicação social vítimas de assédio sexual contra RO G E R A I L ES . Composto por um elenco de luxo, C H A R L I Z E T H E RO N , N I C O L E K I D M A N e M A RG OT RO B B I E no papel de três jornalistas focadas em chamar a atenção de outras mulheres que também sofrem de assédio sexual e levá-las a perceber que não estão sozinhas. No fundo, mostrar um padrão que nada tem a ver com o filme em si, mas, sim, com a mensagem que quer atingir. Permitir que as mulheres que estejam elas em que situação estiverem ou qualquer que seja o cargo que ocupem consigam expor todos os abusos sem sentir receio ou medo das consequências a nível profissional.

A BOMBA QUE É O PODER FEMININO BOMBS HELL by JAY R OAC H texto por Bárbara Pires

Através da representação brilhante de C H A R L I Z E T H E RO N como Megyn Kelly, a sua determinação e o seu atrevimento meteram-na frente a frente com o presidente dos EUA. Claramente que D O N A L D T RU M P não é esquecido neste escândalo. Como é que poderia ser? O que é certo é o assédio sexual estar a ganhar cada vez mais força e consequentemente existirem mais pessoas a perceberem do que se trata, divulgarem quem são os seus assediadores ou eventuais casos que possam saber de quem sofre estes comportamentos e, sobretudo, darem a cara. A clara mensagem de Bombshell é o empoderamento feminino. E isso diz tudo o resto.

16

YOU MUST SEE


Photo: Ricardo Santos. Art direction: Cláudia Barros. Model: Diogo Gomes, Just. Graphic Design: Joana Areal

MODALISBOA LISBOA FASHION WEEK FW 20/21 5-8 MARÇO 2020 OFICINAS GERAIS DE FARDAMENTO E EQUIPAMENTO DO EXÉRCITO

Uma iniciativa conjunta

Parceiro Tecnológico

Parceiros

Cofinanciado por

Viatura oficial

Patrocínios

Tv oficial

Rádio oficial

Tv internacional

Hotel oficial

Digital Partner

Apoios

Educational Partner

Parceiro de Media


FAV E L A L ACROIX texto por Sara Pereira

FAV E L A L AC RO I X , a drag queen do momento, personagem criada por J Ú N I O R O L I V E I R A , lança agora um novo hit, “Louca”, e contou‑nos mais sobre o seu percurso. J Ú N I O R nasceu no Brasil e mudou-se para Portugal com apenas 5 anos. Confessa que começou a trabalhar desce cedo em diversas áreas, mas o mundo da música foi sempre uma evidência. Começou a cantar na igreja e fez a sua primeira aparição em televisão em 2014, no programa Fator X e um ano mais tarde conquistou os jurados do The Voice. A oportunidade de entrar no mundo drag surge no clube noturno Trumps, onde é convidado a dar vida a uma drag queen e nasce então a FAV E L A L AC RO I X , uma personagem que é uma mistura explosiva de energia, voz, dança e espetáculo. A diva é uma porta para a sua mais arrojada expressão artística e musical, contando‑nos que a personagem é o oposto de si próprio —“O Júnior é mais pacato, mais tranquilo, mais calmo. A Favela é poder, é segurança, é ousadia”. Apesar disso, o nome da artista transmite muito da sua personalidade —“Sou muito da favela e é daí que nasce a Favela Lacroix”.

@favela_lacroix

18

YOU MUST LISTEN

O hit “Sextou” que estreou em 2019 em colaboração com os N O M A K A chegou ao top 1 do iTunes e já conta com mais de 1 milhão de visualizações no Youtube. Em setembro do mesmo ano apresenta “Quem Manda Aqui?” em parceria com P U T ZG R I L L A . Estes hits de sucesso conduziram-na aos grandes palcos, um deles o do Meo Sudoeste ao lado da B L AYA . Lança agora o seu novo single, acompanhado de videoclipe e é das músicas com que a artista mais se identifica, “Louca é um hit que me caracteriza”, confessa a artista. Apesar de estarmos em 2020, admite que o caminho a ser feito contra o preconceito é longo —“Ainda é preciso mudar mentalidades. Nós somos livres, devemos ser livres”. Não havendo muitas referências no mundo drag em Portugal, sente-se representante desta comunidade e pretende fazer-se ouvir —“No Brasil já existe muita gente a representar a comunidade drag, em Portugal não —pretendo mudar isso”.


OIT O DISCOS

O produtor e compositor de música eletrónica berlinense PA N T H A D U P R I N C E levantou o véu do seu novo disco com o single Pius in Tacet , que antecede o novo álbum Conference of Trees. O álbum será lançado a 6 de Março.

texto por Carlos Alberto Oliveira

L A P r i e s t , o projeto de S A M D U S T, dos L AT E O F T H E P I E R , marca o regresso aos discos em cinco anos, com o álbum GENE . A nova coleção de canções será lançada a 24 de Abril via Domino.

A singular artista sueca, que assina as suas criações artísticas no mundo da música como I B R E A K H O R S ES , está de volta à edição de um novo registo de originais com Warnings. O álbum será editado a 8 de Maio pela Bella Union/Pias. Death Engine e I’ll Be The Death Of You são graciosas promessas de um grande disco.

TO K I M O N S TA nome artístico da produtora musical e Dj norte‑americana J E N N I F E R L E E , tem um novo álbum a sair a 20 de Março, de seu nome Oasis Nocturno. A artista já mostrou o single Fried for the Night , que conta com a participação dos rappers de Atlanta E A R T H G A N G . Os F O U R T E T contaram com a participação vocal de E L L I E G O U L D I N G no single Baby, que serviu como aperitivo para o novo álbum do produtor, Sixteen Oceans. O disco sairá em Março.

O solstício da primavera musical marca sempre o inicio de um novo ciclo, apetrechado de novas e múltiplas sonoridades. Eis oito possíveis discos para alimentar os nossos sentidos.

A americana K AT I E C RU TC H F I E L D, que assina as suas composições musicais a solo como WA X A H ATC H E E , tem um novo disco chamado Saint Cloud, que sairá a 27 de março pela Merge Records.

Murais foi o nome que H É L I O M O R A I S ,

A banda britânica U LT R A Í S TA , trio composto pela vocalista/ produtora L AU R A B E T T I N S O N , o multinstrumentalista/produtor N I G E L G O D R I C H e o baterista/produtor J O E Y WA RO N K E R , estão de volta com o seu segundo disco de estúdio Sister. O sucessor do álbum homónimo de estreia lançado em 2012, será editado a 13 de Março pela Partisan.

19

dos L I N DA M A R T I N I e dos PAU S , encontrou para dar expressão às músicas que compôs a solo. O disco está previsto para ser editado em Abril pela Sony Music. O músico partiu da premissa de encontrar um espaço só seu, diferente daquele que partilha com os seus demais projetos. YOU MUST LISTEN


VELVET K ILLS entrevista por Sara Pereira

O grupo eletro rock/glam, V E LV E T K I L L S atualmente em residência em Portugal prepara-se para lançar em março um novo álbum de originais com o nome Bodhi Labyrinth. O duo constituído por S U E KO e H A R R I S I V ES O, desvendaram-nos o que está por detrás do projeto. Como é que nasce esta dupla V E LV E T K I L L S? H A R R I S I V ES O N : Conhecemo‑nos na pista de dança no BOOM FESTIVAL. Nessa época eu estava a morar em Los Angeles, a gerir um estúdio de música e a SU EKO, que se tinha mudado recentemente de Paris, estava a trabalhar noutro projeto chamado LIKEWOLF. Começamos a conversar e percebemos que ambos fazíamos música. A conversa girou em torno de instrumentos musicais e chegamos à conclusão de que ambos tocávamos as raras guitarras dos anos 80 —chamadas STEINBERGER— e que para além disso, ambos os instrumentos eram brancos, o que para estas guitarras já é muito incomum. Parecia bom demais para ser verdade, então decidimos que algum dia deveríamos fazer música juntos. S U E KO : Um mês mais tarde, voei para Los Angeles e começamos a compôr música juntos. A partir daí nunca mais nos separamos. Em 2005 lançámos Memory, o nosso primeiro EP. Desde então, a experiência de tocar música juntos tem sido cada vez melhor.

20

Três anos após o Mischievous Urges, considerado pela Rádio

Radar entre os melhores álbuns de 2017, que mensagem pretendem trazer em Bodhi Labyrinth? S U E KO : Este álbum traz-nos à realidade da nossa sociedade atual. As mensagens vêm codificadas em sarcasmo, eufemismo, hipérbole e ironia, onde escavamos os arquivos de uma civilização solitária e questionamos o propósito da vida versus estruturas governamentais, onde dinheiro é prioritário e onde o amor é esquecido. Dentro do ruído de uma sociedade atual egoísta, os V K passam a mensagem e apelo ao universo para elevar os humanos a um estado superior de vibração positiva. A chave é o amor.

Entrevista completa em parqmag.com

YOU MUST LISTEN


MIL → LISBON INTERNATIONAL MUS IC N E T WO R K

Se ainda não tem planos para os dias 25, 26 e 27 de março, pode já marcar na sua agenda um festival de música. Não é um festival de música como os outros e é isso que o torna especial. O M I L – L I S B O N I N T E R N AT I O N A L M U S I C N E T WO R K recebe 70 novos artistas provenientes de todo o mundo para atuações em nove salas de espetáculo e clubes noturnos no Cais do Sodré. O festival dedicado à música popular contemporânea vai contar com artistas de nacionalidade espanhola, russa, francesa, belga e muito mais. Entre os nomes confirmados estão também portugueses como AU RO R A P I N H O, PA P I L LO N , M A N E L C RU Z e M A R I N H O. E destacam-se ainda as bandas nacionais como S U N F LOW E R S e M U R A I S , um projeto a solo de H É L I O M O R A I S , dos PAU S e L I N DA M A R T I N I . Além da parte musical, há ainda outras oportunidades para visitar o M I L . Paralelamente ao programa musical, o festival apresenta uma forte aposta em formações na forma de debate, masterclasses, keynotes e workshops.

texto por Bárbara Pires

↓ ☺ M A N E L C RU Z

↓ ☺ S U N F LOW E R S

MIL Cais do Sodré 25 → 27.03.2020 www.millisboa.com/mil/

↘ ☺ MURAIS

→ ☺ MARINHO

21

YOU MUST LISTEN


ÁS DE ESPADAS by LO U I S A P P L E M A N S entrevista por Sara Pereira

LO U I S A P P L E M A N S foi uma das agradáveis surpresas que a plataforma Sangue Novo da Moda Lisboa trouxe na última edição. O belga finalista do curso de moda da La Cambre apresentou uma coleção de roupa masculina a que intitulou Ace of Spades.

Como surge a moda na tua vida? LO U I S : Digamos que ela entra sozinha desde que nasci como entra na vida de qualquer pessoa. Para mim a moda absorve a mente de cada indivíduo, gostemos ou não. Não querer estar na moda, negá-la, opor-se ou não demonstrar interesse, faz parte do mundo da moda. Comecei por interessar-me, desenhava e estudava este mundo e quando chegou a altura de escolher o curso que queria tirar no ensino superior, acabei por me dirigir para a moda e tive a sorte de frequentar um curso rico em aprendizagem que hoje me levou até esta área. Penso que a moda surge por si só, trabalhar neste universo não significa que goste mais do que de qualquer outra pessoa. O termo “moda” faz parte do vocabulário. É, para mim, das palavras mais abstratas do dicionário… Eu já ouvi definições que nada se parecem com a ideia que eu tenho dela; como se essas definições e a minha própria definição falassem de duas coisas diferentes. Em francês, a palavra “moda” significa também coisas mais abstratas que a palavra “fashion”. Na língua francesa falamos de mode de vie, mode d’expression.

22

YOU MUST BUY

“Ace of Spades”, a tua coleção

SS2020 apresenta fusão de padrões, cores e tecidos. Fala‑nos sobre estas peças. LO U I S : De facto sim, os materiais e as cores seguem diferentes direções. A ideia dos padrões era desempenhar um efeito negativo, onde o padrão e a cor compartilham quase o mesmo espaço no mesmo tecido; ao misturar tudo, perde-se a proporção real das roupas e o espaço que o corpo ocupa nessa roupa. A ideia era realçar “a amplitude de um indivíduo” pelas suas roupas e revelar uma certa indiscrição e uma noção desproporcional de espaço e valores das coisas com tecidos rápidos e sedosos que têm a precedência sobre tecidos de alfaiate. É dessa ideia que surge o nome “às de espadas” que é a primeira carta do jogo de cartas com uma figura anónima e singular.


Que mensagem pretendes transmitir com esta criação? LO U I S : Para mim o ás de espadas representa uma personalidade, diria até um arquétipo muito atual nos dias de hoje. Trata-se um indivíduo que, através seu ego generalizado, consegue alcançar o poder e impor o seu lugar. Hoje, uma enorme figura política com uma identidade democrática ref lete uma imagem imperial que rapidamente contraria o seu papel e o seu status. Eu peguei nas figuras emblemáticas de poder excêntrico como o Luís XIV, Coreia do Norte e no visual das cartas de um baralho, para trazer o meu olhar para um volume pesado e invasivo. Cada uma das minhas silhuetas veste calças, camisas e jaquetas de trabalho ou jaquetas que são derrubadas nalgum momento por uma onde de extravagância. A minha maneira de expressar esse contraste é, claro, ingénua, as formas parecem quase como o rei de um jogo de cartas e o chapéu passa a anonimizar o meu famoso “Às de Espadas”. Não estou a tentar atacar os nossos representantes políticos em particular, mas sim o caráter individualista que está a invadir todos nós hoje em dia. O que te inspira quando crias uma peça? LO U I S : Muitas coisas diferentes. Peças de vestuário vintage ou autênticos, materiais, a iconografia atual e histórica (ou até vídeo-performance), desenho… Também trabalho muito no aspeto 3D, faço modelos… Quais são as tuas referências? LO U I S : Para esta coleção, principalmente o retrato de Luís XIV em traje de coroação pintado por HYACINTHE RIGAUD e a estética misteriosa da Coreia do Norte. Eu tinha um monte de referências como os meus jogos de cartas, continua a ser uma inspiração, entre outras, que devem ceder o lugar a outras ideias e conceitos que afastam a minha mente de um propósito fixo. Fiz muita pesquisa sobre as roupas que integrariam o guarda-roupa do personagem que tentei criar, como a jaqueira de trabalho, o traje de trabalho, a capa de chuva… Explorei também outras referências artísticas que me ajudam a situar no que gosto, no que me representa e no que me atrapalha.

@louis.applemans

23

YOU MUST BUY


MERR ELLITE texto por Maria São Miguel

↑ CATA LYS T CA N VAS

↑ K AHUNA WEB

↑ ALPINE SNEAKER

Olhando para o cabaz de ofertas da M E R R E L L para esta estação, a PARQ fixou-se nas Catalyst , uma das novidades da marca que em versões em lona ou em camurça, foram criadas para andar tanto na cidade como seguir trilhos. Procuraram unir o melhor destes dois mundos pensando no conforto,

proteção, respirabilidade e estilo, inspirado no ar livre. As novas sandálias masculinas Kahuna Web são também muito bem-vindas. Introduzem um design inspirado nos arquivos da M E R R E L L mas com tecnologias e desempenho moderno. Com tiras ajustáveis e uma sola de borracha que maximiza a tração

até nos pisos mais escorregadios, as Kahuna Web são perfeitas para os dias de calor passados perto da água. Já os Alpine, outra das jóias recuperadas do arquivo, regressam com cores vibrantes e padrões irreverentes, bem próprias da estação e dos dias quentes.

J O TT texto por Maria São Miguel

Criada em 2010 em Marselha por M AT H I EU e N I C O L AS G O U R D I K I A N , a JOTT (Just Over The Top) é uma marca conhecida pelos seus blusões térmicos acolchoados e ultraleves, desenhados para uma utilização transversal a todas estações do ano. A JOTT é direcionada para um estilo urban sporty que procura reinventar a moda com combinações únicas entre conforto e estilo. Entrou no mercado nacional há dois anos de desde Novembro de 2019 abriu a sua primeira loja no Arrábida Shopping,

24

YOU MUST BUY

onde se poderão esperar muitas novidades relacionadas com o universo JOTT. Os tão famosos Down Jackets feitos com penas e plumas serão os elementos de destaque, tanto pelos materiais, detalhes ou pela infinidade de tonalidades. As novidades no universo JOTT não têm fim porque apresenta por ano duas colecções e duas semi‑colecções entre estações. Agora estão a chegar coleções on‑the-go de praia e outros acessórios aptos para as quatro estações.


P O L A RO I D texto por Maria São Miguel

Em 1929, com apenas 20 anos, EDWIN H. LAND patenteou o primeiro material sintético polarizante do mundo para uso comercial. Oito anos mais funda a POLAROID tendo por base o uso das lentes polarizadas que acabava de criar. Ao longo de décadas, os óculos POLAROID foram desempenhados um

papel pioneiro. Nos anos 50 quando o uso de óculos de sol começa a massificar-se já eram considerados, os melhores, contudo projetados para proteger as pessoas contra o ofuscamento refletido. Desde então tem continuado a trabalhar na melhor proteção para os olhos sem nunca

TA R TA N C H E C K BY FI L A texto por Maria São Miguel

A F I L A procura mudar o jogo. Numa atualização de silhuetas desportivas e padrões clássicos, acenando ao seu passado ímpar, intimamente ligado ao mundo do ténis, a F I L A apresenta a nova linha Tartan Check , inspirando-se na década de 70, e nos seus padrões listados e axadrezados. Procura elevar o fato de treino a verdadeiro statement de moda.

25

YOU MUST BUY

se esquecerem do componente estilo. Hoje as colecções de óculos de sol e graduados da marca são muito diversificadas destacando‑se pela ampla gama de cores vivas, realçando a sua atitude pop e ao mesmo tempo mantendo o foco nas lentes polarizadas funcionais.


PALL AS HOCK texto por Maria São Miguel

Depois do lançamento, na estação passada, da colaboração exclusiva com a casa de moda francesa K E N ZO, cujo foco foram as silhuetas retro Pallashock, a PA L L A D I U M destaca precisamente estes modelos na sua nova coleção primavera-verão 2020. Saltando dos vastos arquivos da marca para as ruas das cidades, os Pallashock OG e os Pallashock Mid OG trazem consigo uma vibe anos 90 que vai deixar os fãs das tendências revivalistas nas nuvens, graças à sua sola compensada mais alta e robusta. Nesta estação entra no estilo retro com a PA L L A D I U M .

I G UA L by A N TÓ N I A R O S A e DAV I D M OT TA texto por Maria São Miguel foto por Frederico Santos

@igualmagazine

Fazendo I G UA L pode-se ser completamente desigual. Esta parece ser a mensagem que motiva A N TÓ N I A RO S A e DAV I D M OT TA os mentores da nova revista de moda que sai em versão on-line nesta edição da Moda Lisboa. A sobejamente conhecida make-up artist, que acaba de fazer 30 anos de carreira e o produtor de moda, uniram esforços para realizar algo que rompesse com o normativo e com todos os clichês. Procuram ser diferentes. “Não só nos conteúdos e sua apresentação mas também no modus operandi”. Em termos de conteúdos, o foco “será a beleza e o

futuro previsto nesta área, sempre com os olhos bem abertos para as questões da sustentabilidade”. Nesta primeira edição contaram com uma equipa formada por jovens talentos, aqueles em que eles acreditam e pensam que venham a marcar o futuro da moda em Portugal. Basicamente dirigiram a cada um deles um convite à liberdade. Quanto ao público, a I G UA L foi pensada para “aqueles que pensam por si próprios, desenvolvem uma identidade própria com consciência ética”. Para os mentores é uma revista essencial para todos os que abraçam a mudança e não querem ser... iguais.

26

YOU MUST BUY

www.palladium.com


DIOR HOM M E E AU DE TOILET TE texto por Liliana Pedro

Dior Homme Eau de Toilette traz uma nova abordagem à sensualidade masculina com a aposta numa fragrância protagonizada pelo cheiro da madeira lisa e crua. Dior Homme Eau de Toilette é um perfume fresco, poderoso e sensual.

M A K E U P FAC TO RY PASTEL BREEE ZE

C H LO É NOMADE ABSOLUT

ANNY N Y FASHION WEEK COLLECTION

texto por Liliana Pedro

texto por Liliana Pedro

texto por Liliana Pedro

A primavera pede cores pastel e, por isso, a Make Up Factory decidiu lançar uma coleção dedicada à próxima temporada. A linha de produtos de Trend Look Spring/ Summer – Pastel Breeze para além de incluir um primer refrescante, uma base de boa cobertura e pó compacto, inclui também sombras, máscara de pestanas e um blush rosado para finalizar o look.

Chloé Nomade Absolu evoca a primavera com uma mistura de aroma de frutas e almíscar. Algumas das notas de topa incluem ameixa cereja, davana e musgo. Chloé Nomade Absolut é a fragrância ideal para quem procura a frescura e a leveza da primavera.

A marca de vernizes Anny lançou uma coleção especial para a Semana de Moda de Nova Iorque. Com a cidade que nunca dorme como inspiração, a paleta de cores dos novos vernizes apresenta uma cor aveludada e com um toque brilhante. Runaway Talk, Prêt-àPorter, Front Row Babes, Flashlight Tornado, Choose The Muse, Devil’s Choice são os vernizes disponíveis em cores como o salmão, o vermelho, o preto e o verde.

27

YOU MUST BUY


DIOR HOMME

HUGO

K A R L L AG E R F E L D

28

DIOR HOMME

M A R C JAC O B S

FENDI

S T E L L A M c CA R T N E Y

PERSOL

DIOR

YOU MUST BUY

V YS E N F O N S I


B U F FA LO

29

MERRELL

F R E D P E R RY

FILA

D I A D O R A P I N K PA N T H E R

NEW BAL ANCE

FILA

MERRELL

P U M A x CA R A D E L E V I N G N E

LE COQ SPORTIF

F R E D P E R RY

CONVERSE T WISTED

PA L L A D I U M

YOU MUST BUY


LINA _

RAÜL

REFREE

PARA UM

FADO DIFERENTE

30

SOUNDSTATION


O produtor que lançou RO SA L Í A na senda do sucesso e uma voz formada no Clube de Fado, mais um monte de sintetizadores resulta num dos mais incríveis registos do ano a que a imprensa internacional já se rendeu. No próximo dia 23 de Julho vai assinalar-se o centenário do nascimento de A M Á L I A RO D R I G U ES , data redonda e simbólica que há-de, certamente, inspirar inúmeras homenagens. E será fácil prever que o peso da efeméride vai funcionar como um vórtice que arrastará tudo e todos para esse passado glorioso que a nossa maior diva representa. Mas A M Á L I A foi sempre futuro, foi sempre uma força de renovação, uma artista que nunca se esquivou à novidade, ao risco. Em 2020, celebrar A M Á L I A olhando apenas para o passado será não a compreender em todas as suas múltiplas dimensões. Aplauda-se, portanto, Lina_ Raül Refree, álbum que comprova que é de facto a olhar em frente que se presta a melhor das vénias.

O produtor e músico catalão R AÜL REFREE explicou os cuidados que teve com a voz de L I N A : “Tive sempre uma fraqueza pessoal pela voz. Creio que apesar de existirem muitos músicos e instrumentistas que se queixam da importância que se dá à voz na música, é uma realidade que não podes negar. A voz é algo que todos temos, quase toda a gente se atreve a cantar, mesmo que não cante bem, e eu acho que o timbre é o que mais nos emociona internamente. Isto foi uma coisa que sempre tive clara desde que me dedico à música e que é: se há voz, é importante tratá-la e encontrar a melhor maneira de emocionar o máximo possível, porque esse será o veículo para fazê-lo. Não sei explicar, e perguntam-me muitas vezes nas entrevistas, quais são os mecanismos com que trabalho a voz. Há alguns que obviamente posso contar, como a eleição do microfone ou o espaço onde gravo as vozes. Depois há outras que são mais difíceis de explicar, que surgem no momento em que estou sentado no estúdio e tenho a L I N A a cantar o fado. É difícil explicar porque é uma reacção muito epidérmica que tenho. Não se explica”. Neste “não se explica”, o espanhol revela, afinal de contas, a procura de uma dimensão que ultrapassa as normas técnicas, que extravasa aquilo até que as máquinas são capazes de garantir. E isso sente-se logo nos primeiros segundos de “Medo” (tema que A M Á L I A gravou originalmente em 1966), quando L I N A começa, sozinha, por cantar “quem dorme à noite comigo” antes de uma camada de tremores analógicos a envolver, como uma densa névoa, deixando imediatamente claro que este vai ser um disco diferente. E em que a voz surge ao centro, em toda a sua nobre e dramática dimensão, como a figura que no teatro se posiciona no palco, ladeada por espartano cenário, recortada apenas pela luz para nos declamar a sua verdade. L I N A chega aqui vinda do Clube de Fado, em Alfama, habituada a fazer-se ouvir num espaço de solenes rituais, sem microfones, mas sempre com o peso da história a sentir-se à volta, como bem sabe quem já por lá possa ter-se maravilhado nalgumas noites. E R AÜ L R E F R E E é produtor de créditos firmados, com um currículo vasto e variado que se estende de L E E R A N A L D O (com quem acaba de editar o novíssimo Names of North End Women) a RO S A L Ì A (assinou a produção de Los Ángeles, álbum de estreia da agora superestrela latina, lançado em 2017). Juntos, R AÜ L e L I N A assinam aqui um prodígio, um álbum em que o fado amaliano é ponto de partida para um estudo fundo sobre a emoção e o poder da voz, sem que se sinta qualquer tentação de mimetismo ou submissão à tradição. E, portanto, como tantas vezes acontece com grandes discos, este Lina_ Raül Refree, é também um paradoxo, porque ao abraçar um reportório com peso histórico não deixa de o entender como ponto de partida e não de chegada, como sugestão e não como dogma, como matéria para construção e não como monumento intocável. E é isso. Simplicidade, ausência de temor, emoção real, honestidade e entrega sem reservas a uma ideia. Não é preciso muito para fazer um grande disco. Neste caso bastou a paixão, a inteligência, o bom gosto e a coragem para fugir ao óbvio e experimentar coisas novas. Como A M Á L I A sabia.

texto por Rui Miguel Abreu

fotos por Luís Mileu

31

SOUNDSTATION


JOÃO

PESTE

POP DELL'ARTE

32

SOUNDSTATION


Uma das bandas portuguesas mais icónicas dos anos 80 regressa este ano com mais um disco de originais. Transgressio Global, surge 10 anos depois com a promessa de transgredir a estética e os géneros musicais, misturando o passado e o presente na mesma linha temporal.

No ano em que celebram 35 anos de carreira, editam um novo disco. Consideram ser uma celebração, visto que dista 10 anos do álbum anterior? JP: Apesar de distar 10 anos, começamos a pensar no novo trabalho logo após o lançamento de Contra Mundum, resultando em 7 anos de trabalho. Naturalmente, faz com que seja um disco muito extenso. Na verdade, estamos a pensar na possibilidade de uma edição em vinil, apesar de ainda não estar confirmado, o que teria que ser um disco duplo, uma vez que a edição em CD terá oitenta minutos. Se fosse avaliado ao metro com certeza já teríamos um prémio. A extensão do disco justifica, na vossa opinião o espaço entre as duas edições? J P : Um disco com 21 temas e a demorar cerca de 10 anos a ser feito é um disco mais complexo, de difícil explicar em duas palavras. É um disco dos P O P D E L L’A R T E , reconhecível como tal, seja lá o que isso for, mas creio que as pessoas quando ouvirem os temas, mesmo eles sendo muito diferentes entre si, reconhecerão a nossa sonoridade. Nesse caso, existe algum fio condutor entre os temas do disco? J P : A palavra chave do disco, digamos, é a palavra transgressão, daí o titulo Transgressio Global. A palavra chave servirá para as pessoas compreenderem melhor o disco. J P : O disco tenta também ser uma viagem por vários tempos, unindo-os numa espécie de um só tempo, ou seja uma amálgama de tempos num só tempo. Aliás o penúltimo tema do disco chama-se “In Diferent Times (At the Same Time)”, exatamente com esse espírito e portanto tem a ver por um lado com o presente, contendo temas da atualidade como “A New Identity”, sendo a questão identitária hoje tão importante, ou o tema “The King of Europe” que tem a ver com o estado atual da União Europeia, ou o “Freaky Dance” que é uma celebração da mitologia do rock com referências que vão desde a PAT T I S M I T H ao J I M M Y M O R R I S O N . JP: Por outo lado, tem temas que remetem para outros tempos, há um tema que é uma versão do V I T O R JA R A , “El Derecho de Vivir en Paz”, que é um tema bastante conhecido, e depois tem três poemas que resolvemos adaptar a música, um deles o de Camões do séc. XVI que é o “Cá, Nesta Babilónia”, que é um

dos poemas com um sentido mais critico e mais cáusticos de CAMÕES . Temos também um poema em latim do G AYO CAT U LO, que é um poeta do séc. I a.C., contemporâneo do J Ú L I O C ÉS A R . E temos também um poema, de autor e data desconhecida, mas que é um poema ao estilo de ANACREON T E, um poeta do séc. V AC, com grande influência para a poesia dos séculos seguintes. À primeira vista, o que é que estes autores têm a ver uns com os outros sendo eles de tempos tão diferentes? JP: A amálgama de referências é propositado. Acho que apesar de diversidade estética, a diversidade de referências e diversidade de épocas, penso que seja coerente e por isso é que a palavra chave é a transgressão. Entendo a transgressão como o ultrapassar limites. Na arte entendo que devem-se ultrapassar os limites estéticos que nos são impostos e que nos condicionam. Na arte pode não haver só transgressão em termos estéticos mas pode haver em termos ideológicos, e até em termos morais. Quando se transgride pode-se transgredir ideologicamente uma obra sem transgredir a estética ou pode-se transgredir esteticamente sem o fazer ideologicamente ou moralmente. Como os P O P D E L L’A R T E veem as novas músicas das bandas atuais em termos de transgressão no tempo atual? J P : Eu acho que infelizmente está a haver uma atitude muito pouco transgressiva na maior parte das bandas e na maior parte das coisas que estão a ser feitas. Considero que as bandas das décadas de 60, 70 e 80 foram bastante transgressivas, criaram-se bastantes coisas novas e essas coisas novas muitas vezes correspondiam a movimentos socias. Não era só a musica. Ser punk não era só ouvir a música punk, era mais do isso, era uma atitude, era uma maneira de estar na sociedade. Por exemplo o maio de 68 em França foi influenciado pela geração do verão do amor de 67, que tinha sido uns meses antes. E o movimento hippie, que era contra a guerra e pelo amor livre, teve muito a ver com o movimento do maio de 68, porque surgiu por questões como o uso das casas de banho comuns por homens e mulheres, os dormitórios comuns e levou a uma revolta pelos estudantes. J P : Isto para dizer que nas últimas décadas curiosamente não tem surgido nada muito novo. Se as pessoas acharem isso devem então apontar-me um movimento musical, dentro da cultura jovem, completamente novo como esses que referi. Eu acho que não há. Não neste sentido nem com aquelas dimensões. Há coisas boas e há bons músicos, mas não há uma vertente nova, um caminho novo. Há pessoas que inovam dentro das coisas que fazem mas não há, em meu entender, uma linguagem musical nova, pelo menos nas ultimas décadas.

SOUNDSTATION


fotos por Céu Guarda

34

SOUNDSTATION


Os P OP DEL L’ART E já tiveram várias formações na sua carreira. Porque se mantém a banda viva, uma vez que a grande maioria das bandas acaba por cessar atividade e em que medida este disco entra no ADN dos próprios POP DELL’ARTE? J P : Acho que a pergunta deveria ser ao contrário, perguntar às bandas que acabaram porque é que acabaram e às que se mantiveram porque é que se mantiveram. Parece-me normal que quem faça música e opte por fazer música, continue a fazer música durante uma série de anos. Se é um projeto musical e se a pessoa acha que as pessoas envolvidas nesse projeto musical acham que ele não se esgotou, não vejo porque não devam continuar e manter durante mais anos. Estranho é porque é que as bandas acabam em vez de as bandas continuarem. Embora nalguns casos compreendo que as bandas que não têm mais nada a dizer resolvam acabar ou ir fazer outra coisa. No dia em que achar isso é porque acho que o projeto POP DELL’ARTE morreu e eu considero que o projeto ainda não morreu. Poder-se-ia dizer que a banda P O P D E L L’A R T E é um projeto de vida pessoal? J P : É uma pergunta difícil de responder. O que é que é um projeto de vida? Acaba por ser em parte, mas um projeto de vida parece que a pessoa só vive para aquilo. Mas existem outras coisas que são importantes. Claro que os P O P DELL’ARTE ao fazerem música fazem parte da minha identidade. Eu não gosto muito da expressão “Projeto de vida” porque as pessoas podem ter vários projetos numa só vida. Digamos que tem sido o meu projeto de vida principal. Os P O P D E L L’A R T E têm uma teatralidade muito vincada, à partida era expectável que houvesse mais registos em vídeo dos singles. Há alguma razão em particular? J P : Há motivos para isso. Em termos pessoais, não falo pelo resto da banda, não sou grande fã de videoclipes. Prefiro primeiro conhecer a música. Entendo o vídeo como um complemento. Porque acho que quando ouvimos só a música temos uma liberdade total de criar na nossa mente as imagens que quisermos. Podemos associar aquilo ao que quisermos. Não estamos condicionados por nada. Sempre achei que os videoclipes condicionam muito a assimilação e a própria liberdade criativa do ouvinte. Mas entendo que seja uma necessidade para promover a música. Como é quase uma inevitabilidade de se fazerem vídeos, vamos fazê-lo. Estão programados dois vídeos. Um está a ser acabado e outro está-se a tratar da logística. Um dos temas “Sem Nome”, o vídeo será da responsabilidade do PAU LO M O N T E I R O, e penso que em breve estará disponível. É um tema com uma linguagem mais próxima do rock e com uma letra em português. E o outro tema é um pouco mais sofisticado no sentido em que é um vídeo do tema “The king of Europe”, um olhar irónico sobre a União Europeia atual, a

35

partir de um personagem como sendo o rei da Europa. É uma personagem inventada que tenta caricaturar o estado da europa, e que seria simultaneamente xenófoba, racista, homofóbica, machista, pretensiosa e neoliberal. Portanto tudo o que nós não gostamos. Esse vídeo é da responsabilidade do CA R LO S C O N C E I ÇÃO, um realizador com quem trabalhámos no vídeo de uma versão de “Lady Godiva’s operation” dos V E LV E T U N D E RG RO U N D. Sendo o disco Trangressio Gobal, um cruzamento temporal de referências a coexistirem numa mesma linha temporal, em que medida é que o fizeram? J P : Tentámos cruzar os tempos e os estilos numa linha temporal única. O tema “Freaky Dance” é uma celebração do rock, provavelmente o tema mais rock do disco e é uma homenagem ao imaginário do rock. No fundo, não podendo referir todos os nomes, destacamos M A R C B O L A N dos T- R E X , J I M MORRISON dos DOORS, JOH N LYDON dos S E X P I S T O L S , PAT T I S M I T H , I A N C U R T I S dos JOY D IV I S I O N e BO B M A RL E Y. Há um tema que brinca um pouco com a ideia do universo da moda, “Style is The Answer (to almost everything)”. Selecionamos para integrar no alinhamento do disco o tema “Anominous”, mas que tem uma nova roupagem. Saiu há quatro anos, provavelmente precipitamo-nos nessa altura, mas agora editamos com uma versão nova. JP: O tema “Post-Romantic Lover” vai resgatar o poema ao estilo A N AC R EO N T E , que já referi. Incluímos três pequenas miniaturas: que é talvez o material mais experimental que compusemos, mas são faixas muito pequenas, que rodam um minuto, uma espécie de interlúdio, têm todas o mesmo nome com uma variante: “3 Things About Foucault (you must love)”, “3 Things About Arvo Pärt You Must Remeber” e “3 Things About Orpheus You Must Understand”. Musicalmente são diferentes do resto do alinhamento do álbum porque foram compostos só com colagens, ninguém toca nem ninguém canta nada. É uma das outras vertentes que sempre exploramos. Estamos a colar elementos de uma outra realidade numa coisa para a qual ela não tinha sido inicialmente feita. Numa espécie de corte e colagem, ao estilo do movimento artístico Dada.

SOUNDSTATION

entrevista por Carlos Alberto Oliveira


GAME

ON

TIAGO PAIVA

36

ACTOR


A verdade é que muita gente o conhece da série portuguesa 4PLAY, mas quem será o T I AG O por trás das câmaras? Conhecido pelos vários talentos, T I AG O PA I VA tem-se vindo a destacar cada vez mais em Portugal: representação, guionismo, música e humor são as principais paixões deste “gajo de 30 anos com muita ambição e que não desiste das suas ideias e devaneios mentais”. Foi desde muito cedo que o mundo do espetáculo se destacou na sua vida, principalmente a vertente musical. O seu avô foi violinista da Orquestra Sinfónica do Porto e a sua mãe é professora de música, e por isso foi-lhe apresentado o violino apenas com 7 anos de idade, quando iniciou a sua formação musical. Com apenas 16 anos integrou uma banda de rock alternativo, os R A I S E , que foi quando a música passou a ser uma prioridade na sua vida. Tiago Paiva Violin Performance foi o projeto iniciado em 2009 onde se lançou a solo com performances de violino em discotecas, o que o permitiu um ano depois, ser agenciado pela L AYJA N ao lado de grandes nomes nacionais como A N G É L I C O V I E I R A , DIOGO MORGADO, JOSÉ CARLOS PEREIRA , ou até mesmo SOFIA A R RU DA . Em discotecas, atuou em mais de 20 países, como por exemplo Espanha, Estados Unidos da América, França, Inglaterra... E atualmente, tem um projeto (criado em 2017) chamado O Badalhoco Gourmet , onde são publicados sketches com doses de humor sobre os mais variado assuntos.

muitos elogiaram. “No primeiro mês houve pouca gente a abordar-me, mas no segundo mês já notei diferença muito grande e começaram a abordar-me diariamente.” A verdade é que a série foi um grande sucesso, mas o que os fãs querem saber é quando chegará a segunda temporada. “Não conseguimos o objetivo do crowdfunding. Temos milhares de fãs, mas é difícil hoje em dia dar dinheiro a quem quer que seja, e com a 4PLAY foi igual”, afirma admitindo que a maior dificuldade da realização da 1ª temporada foi o orçamento, 12.000€ por episódio e pessoas a desempenharem o trabalho de três profissionais. “Neste momento estamos a ver outras possibilidades para que haja a segunda temporada. Ou acontece este ano ou já não acontece.” Refere que estamos num país onde o audiovisual “é desvalorizado e os próprios canais acabam por desvalorizar o meio com os conteúdos” que fazem, acabando por não existir um estímulo para a produção nacional. Ainda este ano podemos esperar Blind Date, um talk show gravado para a NIT TV onde T I AG O irá fazer uma refeição com um convidado surpresa numa entrevista casual. Para o futuro, espera continuar a trabalhar em projetos que o apaixonam, sem nunca deixar de lado a comédia, porque “ser ator é a minha prioridade, mas também gosto de fazer rir e passar boas energias a terceiros através de sorrisos”.

Mas afinal, como surgiu a ideia da criação da série 4PLAY? T I AG O era “um miúdo que estava a viver da música e estudava arquitetura com o sonho de ser ator”, e então resolveu deixar a sua vida no Porto para fazer o que realmente lhe dava prazer. Decidiu mudar-se para Lisboa para estudar representação, interpretação e produção musical na Act School e foi aí que tudo começou. Estava a viver no Bairro Alto e passava o dia a ver séries e vivia uma vida boémia com o seu núcleo de amigos que era composto por três rapazes e uma rapariga. O facto de não haver uma série portuguesa que interessasse uma grande parte da população, com o objetivo de criar o seu próprio lugar no mundo do espetáculo, começou a escrever a série que acabou por retratar as suas vivências e histórias, de uma forma mais ou menos exagerada. Foi um processo bastante demorado, mas depois de vários contactos com produtoras e canais, foram aproximadamente 2 meses de pré-produção, 2 meses e meio de filmagens e mais 3 meses de pós-produção para terem o resultado na RTP2 que

37

ACTOR

texto por Rafael Moreira


ANDRÉ

TEOMAN

↑ ZO O

UM CRIADOR COMPULSIVO

↑ ZO O

38

↑ T ES O U RO S D E BA R RO DESIGN


Com alguns prémios internacionais e referências em publicações de design prestigiadas, A N D R É T EO M A N (1989) é mais um caso de um designer português a ganhar destaque na esfera internacional. Nascido em Viana do Castelo, mas com raízes turcas, lançou-se desde 2015 num projeto pessoal com propostas díspares, em geral alicerçadas na inovação e irreverência, doseadas de um saber fazer artesanal pátrio que, bem conduzido, pode fazer a diferença num mercado global. Propõe-se criar peças de grande impacto que se distinguem pela sua forte raiz identitária e por um calor humano que muitas vezes escasseiam em projetos de design mais massificado. Entre os seus projetos podemos destacar a Zoo Collection composto por vasos modulares em cerâmica e vidro que agrupados na vertical compõem o corpo de pequenos animais fantásticos. Já em Tesouros de Barro, o artista emerge no universo da olaria portuguesa e cria uma série de utensílios, alguns com piercings que tanto nos remetem para silhuetas jovens urbanos contemporâneos ou para formas de arte pré-colombiana com um toque galináceo. Em geral a fonte das suas referências são múltiplas, cruzam culturas, épocas e saberes. A PARQ entrevistou A N D R É T EO M A N que nos deixou uma visão geral do seu trabalho, do design nacional e das perspetivas de crescimento do made in Portugal. Refere que nasceu no seio de uma família que tinha interesses culturais que o instigaram desde jovem a ver e a participar em atividades que o meio artístico à sua volta lhe oferecia. Por isso desenvolver uma carreira criativa impunha-se com alguma naturalidade, independentemente de em certas alturas ter parecido mais orientado para o lado musical, outras vezes para as artes visuais. Optou por se formar numa escola de artes visuais na cidade natal e nessa altura a sua entrega e paixão pelos processos criativos já faziam com que fosse sempre o último a abandonar o atelier, para não dizer literalmente empurrado para fora. Era um período em que vivia tudo muito intensamente e quando saía do atelier mergulhava nas artes do teatro, nomeadamente no das marionetas, uma segunda paixão que, num olhar atento, continua a estar presente nos seus processos criativos. Algumas das suas criações hoje aclamadas prendem-se ainda a estes primeiros passos no mundo das artes ultrapassando muito a questão do objeto utilitário. A N D R É T E O M A N coloca-as num trânsito que vai

do design à arte e as suas criações trazem sempre uma narrativa, fazem parte de histórias e mostram-se com um certo sentido cénico que dão uma razão de ser. Grande parte das peças que cria são únicas ou pertencem a séries limitadas, necessariamente dirigidas ao colecionismo. Esta relação com o mercado mais exclusivo e elitista acaba por ser uma continuação da experiência que teve em empresas de design portuguesas como a B O CA D O LO B O e KO K E T, onde deu os seus primeiros passos e desenvolveu peças como a Newton, Piccadilly ou o Hypnotic que se tornaram peças icónicas que hoje moldam positivamente a imagem do design nacional lá fora. Quando o interrogamos sobre este lado mais positivo em notoriedade e quantidade do que se está a produzir em Portugal, confessa que se podia ir mais longe se o sector soubesse criar um plano nacional, como o calçado soube criar. Sabe do que está a falar, porque não obstante do seu portfolio resultar de uma pequena seleção daquilo que cria, no fundo uma imagem daquilo que quer passar enquanto designer, há muitas outras coisas que desenvolveu, nomeadamente para a indústria, onde soube sempre ter um pé. Pedidos de colaboração não faltam, porque a “indústria tem visto no design uma mais-valia para se diferenciar num mercado internacional se bem com reticências e sempre a olhar para a galinha do vizinho como melhor que a nossa.” Considera que não há políticas do design em Portugal “está tudo por fazer”. Também refere que não podemos pensar que a projeção de pode fazer com iniciativas esporádicas privadas como tem acontecido mais recentemente. “Num país com pequeno poder de compra é essencial mostrar-te lá fora e ir lá para fora tem custos acrescidos. Vão aparecendo algumas oportunidades e eventos, mas não com regularidade e a expressão necessária para criar uma cultura de design interna como aconteceu na Itália ou nos países nórdicos”. Considera que uma projeção internacional do design português até iria ter reflexos positivos no mercado interno, já que este está muito pouco informado quanto aos seus criativos e às suas criações. “A maior parte do público nacional não dá valor ao “Quem”, “Quando” e “Porquê?” porque não foram ensinados a tal e os que dão muitas vezes não tem capacidade para adquirir esses objetos. Se os designs italiano e nórdico são conhecidos é graças à aliança entre a indústria, o estado e os criativos que levou a uma cultura de design próxima da sua população”. Gosta de trabalhar para a indústria, mas implica atitudes completamente diferentes porque para a indústria os fatores mercado e das tendências tem que ser observadas com mais atenção. Enquanto criador da A N D R É T E O M A N S T U D I O muda de postura, procura “criar gostos novos, quer haja alguma ligação atual ou se tenha que começar uma ligação emocional do zero sem pressão das necessidades básicas da indústria. Quanto a objetivos futuros confessa que não procura fazer grande projetos porque o seu próprio trajeto nunca foi linear, nem tal como os projetos. Vendo de longe foram sempre os desvios e a sua capacidade de os aproveitar que tornaram possível estar onde está. “Por isso tenho-me focado em manter boas parcerias e aliar-me a projectos que façam sentido dentro daquilo que tenho desenvolvido”.

texto por Francisco Vaz Fernandes

← K A L E I D O S C O P E TA B L E

39

DESIGN


ANTÓNIO

FARIA

TUDO É DESENHO

40

Um artista que, no seu atelier, tenha como companhia, uma cadeira do E E RO A A R N I O, como a Ball Chair, ou um candeeiro Arc Lamp de AC H I L L E CAS T I G L I O N I , ou ainda uma cadeira Tulip, de V E R N E R PA N TO N , não pode ser vulgar. Sobretudo se, justamente muito próximo do seu processo de trabalho se encontrarem peças de design. E as referências não se ficam por aqui. Multiplicam-se. Algures um candeeiro de TO M D I XO N ilumina um móvel de LU Í S A C O D E R . A própria mesa onde trabalha é uma peça desta designer. A N TÓ N I O FA R I A realiza um desenho evocando uma trama difusa de ramos que se desenvolvem, de forma plana, na superfície da folha. Um labirinto que se desenha, mas sem perder de vista a noção contemporânea de estrutura. Por esse motivo fomos entrevistá-lo, para melhor conhecermos o seu mundo e entendermos a forma gulosa como nos deliciamos, em prazeres múltiplos de fruição, simultaneamente, quer com os seus desenhos, quer com o seu design gráfico, quer com os objetos de design que povoam a sua casa soalheira.

Qual é a intenção de aplicar motivos vegetativos nos seus desenhos? A F : Não há uma intenção, há uma necessidade. E a necessidade é passar uma ideia de melancolia e claustrofobia. Apesar dos motivos que aludem a um bosque, a um labirinto. Não é um fim em si mesmo? A F : Não, não me interessa nada o desenho no sentido naturalista, da representação. É utilizar esta forma, para dizer outra coisa. Quem olha para os teus desenhos fica intrigado pelo modo como os ligas. A F: Há desenhos que são feitos para se ligarem uns aos outros. Mas é um só desenho, tem é a situação de ser composto por partes. Quando a intenção e a necessidade é a mesma obviamente que eles vão criando pontos de ligação entre si. Mas não tenho essa intenção de quase criar um cenário. Fale-nos dessas grandes escalas. Houve uma maior intencionalidade de ligação entre os elementos? AF: Tem que haver. Porque a minha preocupação é fazer um só desenho. Ele é feito por partes mas é um só desenho. É só uma ideia. As escalas têm a ver com a minha necessidade de eu me posicionar, enquanto pessoa, no próprio espaço. Fazer uma escala em que o espaço do desenho toma conta de mim. Me envolve no próprio desenho. E que pode estar ligada a essa questão da claustrofobia? A F : Sim. Gosto da ideia de imensidão. Do desenho ser maior que nós. Do desenho ser capaz de nos envolver ou de nos fazer sentir aquilo que queremos representar. Porquê o amarelo? A F : As cores são algo estranho para mim. São uma coisa emocional. Tem uma vibração de luz que me interessa. Desta vez foi o amarelo. Não há nenhuma carga simbólica. O que me interessa é a vibração luminosa que a cor me provoca. De qualquer maneira também me pareceu, inicialmente, despropositado, e isso foi o que me agarrou mais à ideia de usar o amarelo.

ARTE


No fundo, sair um pouco da zona de conforto e daquele fundo maioritariamente branco em contraste com o negro. A F : Depois há um contraste que me interessa muito, a vibração do amarelo com o preto, é uma coisa que funciona muito bem graficamente, para mim. Aprendi que era o maior contraste possível para a leitura das informações. Coisas de obra, ou das sinalética, muitas vezes apresentam as cores amarelo e preto. Esse poderá ser o seu lado de gráfico a falar. Talvez a sua experiência enquanto designer o tenha levado a selecionar essas cores, e a concluir que o amarelo tinha essa força. AF: Sim, essa vibração. Mas o engraçado é que nem toda a gente vê o amarelo, e isso acho muito interessante. É óbvio que são amarelos. Mas já aconteceu pessoas virem-me dizer “ah, a tua série verde". Porque de facto o amarelo em proximidade com o negro provoca uma sensação de verde. Aquele verde azeitona é feito a partir do amarelo e do preto. Há pessoas que só veem o verde. Eu acho que as pessoas deixam-se levar pela representação da natureza. Estão a ver o lado naturalista. Falamos agora nesta relação dos objetos de design com o espaço onde trabalhas. Eles estão muito presentes no seu espaço de criação. A F : Eu sou um apaixonado por design. Sou apaixonado pela forma. É uma coisa muito importante para mim. E não deixa de ser uma forma de desenhar. É um outro desenho. São coisas que me agradam, que gosto. Que eu gosto de ter Os objetos são importantes. A F : São. Eu raramente consigo sobreviver com coisas que não gosto por perto. Não sou capaz de ter em casa um objeto de que não gosto. É difícil eu ter em casa uma cadeira que ache feia. Não consigo olhar para as coisas. O teu espaço é o teu descanso. A F : Sim, numa conversa que tive há muitos anos, sobre a ideia de conforto, encontravam-nos a discutir essa questão dos objectos que são estéticos e desconfortáveis. Isso para mim não existe, eu prefiro ter uma cadeira que me faça magoar as costas e que seja agradável ao olhar do que uma que seja confortável, mas que me fere os olhos. Para mim o conforto é visual. De facto, a pessoa com quem eu estava a falar, numa dessas discussões disse: "Engraçado, eu nunca pensei nisso. Eu também sou essa pessoa". E apesar dessa pessoa assumir isso, o nosso conforto visual era o oposto, mas a ideia era a mesma. O que nos interessou na nossa conversa foi essa ideia de conforto visual. Mas, existe um conforto visual que é espontâneo, digamos, e outro que é educado. E é isso que é curioso nessa relação que se estabelece entre os objectos e o teu trabalho, enquanto desenha. Trabalhas na companhia, digamos assim, de objetos desenhados por designers de grande renome. A F : Sim, eu escolho os objetos e sei que histórias têm os objetos e quem são os autores.

41

Outra característica em ti que considero peculiar, e que não vejo em muitos artistas, é justamente esse interesse pelos objetos, no seu desenho. A F: Para mim é tudo desenho. Tens uma percetiva horizontal do desenho. No sentido do desenho em todas as vertentes disciplinares. A F: Sim, no sentido em que posso gostar de roupa de estilistas, embora não as use. Mas gosto de apreciar, pelo seu desenho. Pergunto se a mesa onde está o desenho que estás a desenvolver, neste momento, enquanto conversamos, é da LU Í S A C O D E R . AF: Sim. Ela fez uma edição limitada destas mesas, e com a escala que a pessoa quiser. Sim, esta é única. Existem 3 e são todas diferentes. Esta mesa foi pensada para ser uma mesa multidisciplinar, e para pessoas que não queriam ter uma tábua de engomar. Eu não passo a ferro em cima da mesa. Eu não passo a ferro em lado nenhum, mas é uma bela mesa para trabalhar. Tem uma superfície lisa. Não deixa registos nenhuns no desenho. Fácil de limpar. Fale-me dos candeeiros, que também se encontram próximo da mesa. A F : Não são originais. Gosto muito de design dos anos 60. E gostas de contrastes? AF: Sim, gosto sobretudo de contrastes e considerei que resultaria num bom equilíbrio com a mesa. E os candeeiros ainda têm um apontamento a cor laranja. A F: Houve uma fase em que eu estava obcecado com a cor laranja. Em tudo colocava essa cor. Agora já não se nota na casa. Sobraram algumas peças. E achava muita graça ao M A RC N E WS O N que partilhava essa obsessão pelo laranja. Eu procurei, durante muito tempo, uma réplica em miniatura do carro desenhado por ele para a F O R D, que se chamava 021, e que é o número do pantone cor de laranja. Vi o carro ao vivo no museu de design em Londres, mas não era cor de laranja era verde. Muitos trabalhos gráficos que realizei, até as pessoas começarem a chamar-me à atenção eram feitos a laranja. E as cadeiras onde estamos sentados, são de quem? A F: São da LU Í S A C O D E R , também. E organizas jantares nesta mesa? A F : Sim, retiro os desenhos, coloco uma toalha e depois do jantar observo e aproveito os desenhos deixados pela refeição na toalha. Estava a olhar para este monte de desenhos que repousam sobre a mesa. Estão tão bem arrumados que parecem mil folhas. São tantos. A F: Claramente é um mil folhas.

ARTE

entrevista por Carla Carbone foto por Cristina Gameiro


42


UM JARDIM COMO FILOSOFIA DE VIDA

SANTIAGO BERUETE

"A natureza ensina-nos outras formas de sermos humanos". Quem o diz é S A N T I AG O B E RU E T E , que há vários anos investiga e avalia como uma mentalidade ecológica, os estilos de jardinagem e a ciência botânica podem nutrir o pensamento humano. Esta sua teoria filosófica relacionada com a natureza tem um principal objetivo: a busca da tranquilidade. Desde o início da civilização, o jardim tem sido um reflexo da sociedade para muitos pensadores, políticos, arquitetos e artistas. É um veículo de transmissão de pensamentos e saberes. Este é também um local de culto para S A N T I AG O B E R U E T E (Pamplona, 1961). B E R U E T E divide o seu tempo a escrever em jardins e a dar aulas de Filosofia e Sociologia, temas nos quais se formou. “Seja como fragmentos do paraíso ou como esboços de um mundo melhor, os jardins invocam as aspirações atemporais da filosofia e permitem visualizar como seria uma vida mais plena e alegre. São uma metáfora visível da felicidade”, afirma B E RU E T E sobre a relação entre a filosofia e os jardins. B E R U E T E já lançou vários poemas, livros de histórias e romances. No entanto, mais recentemente que casou nas suas obras o valor da filosofia com a sua experiência como jardineiro. Primeiro lançou o livro "Jardinosofía: Una historia filosófica de los jardines" (2016) e mais recentemente "Verdolatría: La naturaleza nos enseña a ser humanos" (2018) (ambos editados pela editora espanhola Turner). Nos seus livros, o antropólogo espanhol incita a nossa mente a refletir sobre importantes aspectos da nossa existência que ainda se encontram camuflados. Usamos as plantas para obter remédios e drogas para os males do corpo. Contudo, segundo este investigador, devíamos utilizar a natureza para obter valiosas lições para a humanidade. "Os valores implícitos na criação e no cuidado de um jardim —paciência, perseverança, humildade, esperança— incentivam e induzem outras formas de compromisso com a terra e a sociedade. Muitos dos prazeres físicos e benefícios psicológicos que cultivam —serenidade, liberdade, descanso e inocência— constituem ingredientes essenciais de uma boa vida", disse numa entrevista para o El Hedonista.

alcançar um determinado status e uma “boa vida” (enquanto sinónimo de riqueza e acumulação). “Qual é a nossa ideia de uma boa vida? Vi muita riqueza acumulada e grandes vazios emocionais. O caminho da acumulação não tem fim e não leva a parte nenhuma: somente a se desconectar da realidade e de si mesmo. O jardim ensina outra via, porque se lhe dás demais, mata-lo”, revelou em entrevista ao El País. Neste sentido, “somos a natureza, mas também a sua pior ameaça”, porque “entendemos que o crescimento não pode ser ilimitado, mas não renunciamos ao conforto”, destaca o autor de "Jardinosofía". Para o escritor, a nossa relação e o contacto com espaços verdes pode pôr fim ao ciclo de insatisfação que muitas vezes vivemos. Ciclo esse baseado em expectativas inalcançáveis. “Temos expectativas que não podem ser satisfeitas porque o mundo em si é organizado para que elas não se cumpram. Isso gera ansiedade. Isso leva-nos a ser individualistas e torna-nos consumidores. O contato com a natureza rompe esse ciclo porque tem outro ritmo. Muito do que consideramos avanços passa por romper esse ritmo da natureza: levar água onde não há, construir sobre a água. Ou atacamos a natureza ou a idealizamos”, constatou na mesma entrevista. Ainda assim sublinha que não há uma receita universal para uma alma saudável. “Não existe felicidade de garrafa. Cada um tem de desenvolver a própria fórmula. Para mim tem a ver com uma viagem para dentro”. Tal como VO LTA I R E propôs no final de “Cândido ou O Otimismo” (1759), a fórmula de SA N T I AGO B ERU E T E também passa por cultivar o seu jardim, de modo a reconhecer quem realmente é. E para isso é preciso paciência e perseverança.

Estes são os valores que para o autor importam. A experiência com a natureza prepara a mente e os sentidos para viver no presente. Crítica as pessoas que se esforçam para

43

FILOSOFIA

texto por Miguel Rodrigues


texto PATRÍCIA CÉSAR VICENTE fotograf ia FREDERICO OM styling PEDRO APARÍCIO assistente MADALENA NUNES make-up RAQUEL SOEIRO

↘ casaco D EC E N I O x ALEX ANDRA MOURA

MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO MOMENTO

SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO SAMBADO 44

MÚSICA

→ saia I N ÊS TO RCATO


45

MÚSICA


F I L I P E S A M BA D O tem um novo disco, uma descoberta com novas experiências naquela forma muito própria de quem sabe comunicar com o mundo através da arte. Quem ouve identifica a diversidade, a honestidade e percebe que acompanhar o percurso deste artista permite viajar por vários universos sem sair do mesmo lugar. Nesta entrevista falámos sobre o seu novo trabalho, o seu percurso, medos, certezas, crenças e tudo aquilo que fazem de F I L I P E S A M B A D O a pessoa certa, que nos faz pensar sobre a forma de ver o mundo que tanto questionamos. O teu percurso começa em 2012 com o EP “Isto Não É Coisa Pra Voltar a Acontecer”. Estamos em 2020, foste convidado para o Festival da Canção e é editado o teu novo álbum de originais Revezo. Como é que têm sido estes anos de crescimento? F I L I P E SA M BA D O: Tem sido em crescendo. Tem sido um desenvolvimento pessoal e musical, mas faz parte de uma timeline de um filme. Já não tenho bem noção da ordem cronológica das coisas. Comecei a fazer estes trabalhos a solo, fui ganhando alguma confiança e fui crescendo. Qual foi o teu processo de composição/criação para este novo álbum? F S : Eu fui fazendo logo muitas das canções no final do processo do disco anterior. Já tinha uma grande parte escrita e era sobretudo um trabalho feito á guitarra e voz, com muitas melodias gravadas no telemóvel. Um processo variado que se podia fazer em qualquer sítio. Depois houve uma parte mais parada e naturalmente decidi que ia para estúdio fazer o resto. Quanto tempo demoraste? FS: O disco demorou menos de dois anos a ser feito, mas o período de estúdio que é a parte mais cansativa demorou cerca de um ano. F S : Gostava que o disco tivesse saído mais cedo, mas também percebi que era um processo de redescoberta e isso acaba por levar mais tempo, foi um processo mais isolado. Tive o acompanhamento de pessoas que foram trabalhando comigo, que me ajudaram bastante e estavam presentes, mas também havia uma fase em que precisava de estar sozinho. Deparavame com erros e tentava resolvê-los. Precisava de descobrir a forma para que aquilo resultasse e tinha inúmeras versões das mesmas canções. Há músicas que têm cinco versões diferentes e comecei a perceber que havia alguma transversalidade nos arranjos. Foi preciso fazer o trabalho de pesquisa de tradições, como a música do cancioneiro dos anos sessenta e setenta. Comecei a decidir o que é que queria ouvir enquanto estava a ouvir o disco, comecei a orientar o disco para um sítio. Ele começou a parar aí e eu quis orientá-lo, foi um encontro. F S : Pretendia que a minha música não fosse só atemporal, mas que fosse um bocado geográfica.

46

Quais são as pessoas e géneros musicais que mais tiveram influência ao longo do teu percurso? E porquê? F S : A minha música vai um bocado do excesso e da velocidade com que as coisas chegam. Eu vou estando a par das coisas que acontecem e posso estar a ouvir uma música que me leva mais para aqui ou para ali, em determinados momentos. Quando fiz Isto não é coisa para voltar a acontecer tinha acabado de descobrir My Blood , por exemplo. Ouvia algum folk tipo C O H E N e DY L A N , estava a ouvir música que entre si não se relacionava, mas tinha o formato de canção. Houve uma altura em que andei a redescobrir o DAV I D B OW I E e foi importante o lado mais espalhafatoso da música. Existem sempre bandas que me vão acompanhando, como os A N I M A L C O L L ECT I V E . E também estive numa fase em que ouvia muito A R I E L P I N K . Portanto, não posso escolher só um ou dois estilos. Há uma ligação com o tempo, tem um lado que marca o tempo. Podem-se dizer que são para sempre mas marcam um tempo. E a parte boa de uma coisa ser para sempre é que tem uma carga de nostalgia. Quando ouves e pensas: "Nesta altura isto era feito" e essa é a inscrição temporal importante. F S : O que faz com que as coisas sejam para sempre, embora o para sempre tenha uma baliza muito concreta. Não há nada que seja para sempre, mas essa sensação de tempo é importante. O álbum Filipe Sambado & Os Acompanhantes de Luxo, editado em Abril de 2018 foi aclamado pela crítica e reconhecido como o melhor disco nacional do Ano pela Antena3, Radar, Vodafone FM e foi nomeado para os prémios SPA 2019. Existe aquilo a que se chama de peso da responsabilidade para que este novo álbum seja tão ou mais bem-sucedido? FS: Não. Senti até mais espaço para trabalhar. Foi o que isto me trouxe acima de tudo. Este reconhecimento da crítica deu-me mais calma para trabalhar. Devido a este reconhecimento tive a oportunidade de trabalhar em mais sítios, permitiu-me deixar o trabalho que tinha para me dedicar só á musica. Portanto, não. Não sinto o peso da responsabilidade. Acho que se as pessoas não gostarem vão ouvir outra coisa. Não vão ficar muito preocupadas se este disco não é assim tão bom como o anterior. Vão virar-se para outro lado e ouvir outra coisa. Para mim é importante sentir que quando acabo um disco é melhor do que o anterior, gosto de sentir isso. A única preocupação será uma autossuficiência monetária, de não poder viver da música e ter de arranjar outro trabalho. Mas se o tiver de voltar a fazer, faço-o. E continuarei a fazer discos, só que com menos frequência. De que forma recebeste/sentiste este convite para o Festival da Canção. E de que forma é que tens preparado, uma vez que certamente irá causar impacto na tua carreira? F S : Eu estava apreensivo quanto ao convite. Quando medi a importância da

MÚSICA


↑ top D I N O A LV ES calças LU Í S CA RVA L H O

47

MÚSICA


48

MÚSICA


← calças L E C O Q S P O R T I F estrutura D I N O A LV ES

49

MÚSICA


minha participação e o que significa a montra do Festival da Canção, não estava confiante. Não sinto que me integre totalmente e não lido bem com a ideia de concurso musical, não gosto da forma como o comportamento social do festival acontece. As pessoas extravasam um bocadinho naquilo que são os seus julgamentos e isso faz-me alguma confusão. Tento ser um bocadinho impermeável a isso, mas acabo por sofrer um bocado e tento distanciar-me. Decidi fazer uma letra para o festival que falasse um pouco sobre esse tema e de todo esse fenómeno em que o festival se insere. Um bocado como um case study em que as pessoas sentem intimidade suficiente para dizerem tudo aquilo que querem, sobre tudo o que é feito e não estão muito preocupadas com o percurso do artista. Aproveitaste esse receio e relutância em participar no festival da canção pelos motivos que mencionaste e escreveste uma canção sobre isso mesmo? F S : É sentir que a minha resposta está dada antes do problema acontecer e depois claro que percebo que o efeito da canção é mais abrangente do que o festival. É quase global, tal como disse antes, o festival é um case study. Qual foi o momento em que se deu aquele "click" e percebeste que a música se tinha tornado num caso sério? F S : Eu sempre fui fazendo música na expectativa de que um dia se tornasse algo sério. FS: A urgência que tenho em fazer canções é por ser uma forma de expressão. A canção é um veículo, não preciso de entrar numa discussão para dizer o que penso. Para mim o privilégio da criação é tu poderes sustentar o que estás a dizer sem entrares em conflito. Aquilo é válido por si e eu sempre senti que a música tinha esse espaço e esse lugar em mim. Fui fazendo sempre com gosto. Claro que sentia sempre que se isto funcionasse enquanto ganha-pão seria um privilégio, mas não foi uma busca. Houveram dois marcos diferentes. Na altura do Vida salgada , quando o fui fazer, as decisões que tomei e usar o dinheiro que tinha guardado. Tudo isto para não estar a trabalhar durante algum tempo, para tentar conceber um disco que para mim seria um marco e estaria a destacar o rigor desse trabalho em comparação com os EPs e com as bandas com que tinha trabalhado. A mudança maior é quando percebo que não preciso de trabalhar no que fazia antes e a música passou a ser o meu único trabalho. Um conselho que te tenham dado e que tenha sido importante para ti e para o teu desenvolvimento enquanto artista? F S : Não me lembro de quase nenhum, normalmente são pessoais e não musicais. Sempre fui um bocado teimoso e quis descobrir muitas das coisas sozinho porque seria mais interessante. Há um lado nisso que funcionou contra mim, muitas vezes. Existe um personagem do

50

livro Sinais de fogo do J O R G E D E S E N A , que é um rapaz que não estuda, não lê livros, mas é um grande inventor. Está a par do que os seus colegas de escola estão a fazer e a sua velocidade de aprendizagem é muito próxima da dos seus colegas. Só que ele não estuda e faz experiências sozinho. Ele não se tornou melhor do que os seus colegas, acabou por estar ao mesmo nível. Só que chegou lá de forma diferente, aprendeu da forma que lhe deu mais prazer. Sei que deve ser teimosia da minha parte e o facto de eu não querer mostrar como está mal e tentar fazer bem. Incorro no erro várias vezes antes de mostrar. Sei que podem ser os meus receios e isso pode atrasar a aprendizagem. Erraste ao longo do teu percurso? F S : Sim, errei. Mas vivo bem com isso, lá que eu não faça mal a ninguém para mim está tudo bem. Sentes que os teus videoclipes têm uma estética que contribuem para a cultura visual, que felizmente tem aumentado em Portugal nos últimos anos? FS: Antes para fazer um vídeo eram precisos recursos que nunca mais acabavam, hoje em dia consegues fazer um vídeo com menos recursos. Continuas a não conseguir pagar ás pessoas envolvidas e isso é um problema gigante, em termos de sustentabilidade continua a ser zero. Em termos de resultados conseguimos orgulhar-nos um bocadinho mais das coisas. F S : Acho importante comunicar no vídeo porque é mais um veículo de leitura. Para mim é interessante poder dizer mais alguma coisa e criar texto na imagem. Na minha opinião, o problema da falta de cultura visual deve-se á falta de dinheiro e capacidade de investimento. Tanto dos artistas como das plataformas que apoiam a arte. A democratização da expressão artística vem mais da democratização tecnológica do que do investimento que tem sido feito. As camaras fotográficas agora filmam, hoje em dia com uma placa de som gravamos um disco, já não precisamos de ir para estúdio, por exemplo. A tua imagem e a forma como te apresentas ao publico é uma forma natural de expressão ou uma afirmação enquanto artista? F S : As duas porque estão ligadas ao meu crescimento de forma cronológica. Tem a ver com os meus medos e libertar-me dos meus medos, de conclusões que pudesse ter. Pintar as unhas para mim foi uma primeira descoberta de expressão e depois com o tempo fui crescendo e tenho tido cada vez mais à vontade. Descobrir isso foi importante. Falando nisso houve uma vez que deste um concerto e estavas todo nu. Porquê? Não me digas que não tinhas nada para vestir… FS: Nesse concerto havia um manequim vestido com a minha roupa, eu estava a dar os primeiros passos no meu à vontade e na minha caminhada de

MÚSICA


↑ top B EJA V E N T U R A

51

MÚSICA


expressão. Era a apresentação de um disco que ainda não tinha saído e pensei que seria interessante dar um concerto despido de julgamentos e aberto a interpretações. Apresentei musicas que nunca tinham sido ouvidas, só a guitarra e voz, tudo no seu formato mais despido e por isso decidi apresentar-me sem roupa. Com que artista nacional gostavas de trabalhar, fazer um dueto quem sabe? F S : Não penso muito nisso, não tenho uma visão muito utópica dessas possibilidades. Estou muito português, nós temos uma dimensão muito pequena e eu não me sinto próximo dessa dimensão. Adorava trabalhar com a RO S A L I A , mas é algo que nem penso, porque sei que nunca iria acontecer. Quais são os teus sonhos/ambições/metas profissionais? F S : Continuar a fazer discos até já não querer continuar a fazer discos ou se deixar de sentir que isto já não é o meu maior veículo de expressão. Se puder continuar a fazer canções enquanto me sinto pertinente, vou fazendo. Enquanto puder pagar contas a fazer música, melhor. Se puder ter filhos e pagar a vida dos meus filhos e estando eu a fazer canções, melhor ainda. Se tiver de ir trabalhar noutra coisa para além da música, será tão nobre como fazer canções. Não tenho problema com nada disso e estou-me um bocado a borrifar para a minha situação porque já percebi que vivo stressado e ansioso tendo um trabalho ou estando só a fazer música. Os meus estados de espírito são tão voláteis estando só, seja estar a fazer música ou não. Pretendo chegar a mais pessoas, porque é terapêutico para mim partilhar. Se eu estou a querer comunicar, não quero que me faltem receptores. Acho que chegar a mais gente é um objectivo mas não é um objectivo tocar em palcos maiores, já toquei em quase todos os festivais nacionais e não sou uma pessoa que procure a internacionalização. Queres comentar aquilo que acabou por gerar polémica recentemente? O cancelamento do concerto de dia 14 de Fevereiro no Hard Club, pondo em causa um espaço que esteve aberto a comício do Partido Chega que tem uma agenda e um programa racista, xenófobo, homofóbico, transfóbico, misógino e tantos outros adjetivos depreciativos de opressão e intolerância, contra os quais lutas. Quando decidiram tomar essa posição alguma vez pensaram que se tornasse numa notícia? F S : Na minha ingenuidade não tive noção da dimensão que isto ia ter. Era um comunicado para ser feito na internet, era uma posição, uma expressão de incómodo. No fundo, como se gosta de dizer, era uma moção de censura… F S : Como tu estavas a referir na tua pergunta, o que eu transmito no que digo não coabita no mesmo espaço. O que eu queria era que tivesse havido uma tomada de posição do Hard Club e aconteceu. O Hard Club mostrou uma consciência reflectida depois do

52

que aconteceu e apercebeu-se de que aquilo que fez não foi o ideal. Isso para mim foi mais importante. F S : A dimensão que isto tomou foi algo que não controlei. Quando soubemos do encontro do partido. Chega foi numa quinta-feira e no sábado quando tivemos a certeza, decidimos emitir um comunicado a informar que o local do concerto ia ser trocado. Para nós foi importante esclarecer que a nossa posição era esta. Quero poder ir tocar a um lugar onde a tolerância existe, não quero ir a um sítio onde há intolerância. Não quero tocar no mesmo lugar onde há um comício de um partido, cujo o líder, chama aberrações a transexuais ou manda para a sua terra uma colega sua que também é deputada. Não posso compactuar com isso. Para mim é um posicionamento, o nosso posicionamento. Não quero entrar numa guerra de palavras.

F I L I P E S A M BA D O actua no: dia 17 de Março no Jameson Arraial St. Patricks' dia 20, no Hub Criativo do Beato, em Lisboa.

MÚSICA


→ top M M I S S O N I

53

MÚSICA


54

MÚSICA


↑ vestido M M I S S O N I

55

MÚSICA


SUNLIGHT

SUNLIGHT

fotograf ia DIANA NE TO ( @dianavmneto) styling DANIEL A GIL ( @gildanielar) make-up and hair TOM PERDIGÃO ( @tomperdigao) model RAFAELA VARELA ( @rafaelavarela13 + @centralmodels)

↑ top F I L A vestido A H C O R L A B calças D EC E N I O x A L E X A N D R A M O U R A

56


T

SUNLIGHT

↑ vestido P I N KO O F F I C I A L

57


↑ top A H C O R L A B

58


↑ top A H C O R L A B calças B U Z I N A sandálias M I G U E L V I E I R A

59


↑ saia G U ES S kimono J OY K EC H

60


↑ top D I N O A LV ES vestido I N ÊS TO RCATO

61


↑ top D I N O A LV ES blazer e calções CA R LO S G I L collans CA L Z E D O N I A

62


↑ vestido R I CA R D O A N D R E Z S T U D I O calças R E L I S H

63


R E S TAU R A N T E ESSENCIAL

Há lugares que dizem muito sobre o seu conteúdo. No essencial toda a cenografia do espaço é uma espécie de embrulho que serve de antecâmara ao que se pretende servir. Ou seja, uma arquitetura de interiores depurada, assente na essência da matéria e no detalhe que reveste as superfícies, despida de atavios tal como a cozinha do chef A N D R É L A N ÇA C O R D E I RO que, depois de ter cozinhado ao lado de três chefes Meilleur Ouvrier de France (MOF), a maior distinção possível em França, abriu na rua da Rosa o ES S E N C I A L , onde agora deposita todo o seu conhecimento acumulado. Todo o espaço remete-nos para aqueles pavilhões de showcase de cozinha, ou então um sushi bar, onde está tudo à vista. Nada a esconder, como se todo o processo por si já fizesse parte da experiência. Sente‑se no ES S E N C I A L a formação do seu Chef em alta cozinha francesa, que introduz na carta alguns dos grandes clássicos gauleses, como o foie gras ou pâté en croût, pratos considerados fixos. Ainda assim não se trata propriamente de um restaurante francês, pelo contrário, encontramos uma cozinha de fusão onde a portugalidade está lá em muitas das propostas baseadas em produtos do mar. Os valores rondam entre os 7 euros, referentes a algumas entradas e os 22 euros para alguns dos pratos principais. A carta de vinhos que oferece uma oferta diversificada e de qualidade acima da média é um fator a ter em atenção, porque é aí que uma ida ao ES S E N C I A L pode encarecer. De resto, pode ser uma experiência memorável. Nessa noite, numa refeição para dois, as Lulas e aipo em tagliatelle, óleo de alho francês e molhos feito através da caramelização das cabeças das lulas, brilharam. Isto só por si ter‑nos-ia deixado satisfeitos. Porém continuamos com tártaro de novilho com ouriço do mar e alga nori que era igualmente surpreendente em frescura e explosão de sabores. Depois gnocchis salteados com “chanterelles” e emulsão de cebola fumada e salmonete com couve coração grelhada e temperada com vinagrete de limão confitado. Ainda molho de fígados de salmonete, todos eles a cumprir o que se espera em termos de técnica e sabor. Por fim um recomendado mil-folhas com caramelo salgado que se tornou um clássico do restaurante. Sorriu-nos na mesa com um volte sempre.

texto por Francisco Vaz Fernandes

ESSENCIAL Rua da Rosa, 176, Lisboa (Bairro Alto) 2ª → Dom. 19h → 23h T. 211 573 713 www.essencialrestaurante.pt

64

PARQ HERE


D E S I G N by BOU L L É texto por Francisco Vaz Fernandes

B O U L L É é uma reputada marca de design brasileira que acaba de se instalar na Casa da Guia em Cascais. Com vistas para o mar, ocupam parte do edifício principal, o antigo Palacete dos Condes de Alcáçovas, cenário perfeito para evidenciar a contemporaneidade de uma marca que tem por base a herança do design brasileiro que nos últimos anos tem sido reconhecido a nível mundial pela singular forma como misturaram o legado europeu com a expressão indígena. Estarão expostas no novo espaço cerca de 70 criações baseadas no recurso a madeira maciça nobre do Brasil, toda ela certificada. Consciente das grandes questões ambientais que hoje se colocam ao Brasil, nomeadamente no que refere à exploração da madeira proveniente da floresta amazónica, a B O U L L É

65

recorre apenas a reaproveitamento de troncos de árvores que chegam através das correntes depois do tempo das chuvas, em geral colhidas em campos agrícolas. As imperfeições que surgem desse processo tornaram-se uma das imagens de marca da B O U L L É . No novo espaço da B O U L L É vamos ainda encontrar outra marca associada, a LOVATO que é especializada em móveis do exterior e que trabalha com base em alumínio e fibras sintéticas de grande durabilidade.

BOULLÉ Casa da Guia, lj.16 Av. Srª do Cabo, 101, Cascais www.boulle.pt

PARQ HERE


AT E L I E R F LO R A L LU C I E N B LON DEL

PAS CA L B LO N D E L é um reputado florista londrino que decidiu mudar‑se para Lisboa, fundando o LU C I E N B LO N D E L , um novo atelier, entre o Rato e Campo de Ourique, dedicado à arte do arranjo floral. O seu percurso passa pela M c Q U E E N S , uma das floristas mais requisitadas no Reino Unido, que tem como clientes os hotéis de luxo de Londres como o Claridge’s, The Berkeley, The Connaught e o Mandarin Oriental. O novo espaço tem 170 metros quadrados e para além de servir de base para a realização de arranjos florais para casamentos, eventos e hotéis, terá ainda uma sala para workshops dedicados à criação de composições de flores. Segundo PAS CA L B LO N D E L , Lisboa está em franca ebulição, tornou-se uma cidade que oferece oportunidades e o seu objetivo agora é “trazer para a capital portuguesa toda a sua experiência de Londres e combiná‑la com a sua essência francesa”.

texto por Maria São Miguel

LU C I E N B LO N D E L — At e l i e r F l o r a l Rua da Arrábida, 66, Lisboa 2ª → 6ª 9h → 12h30 14h30 → 18h30 www.lucienblondel.com

66

PARQ HERE


MODALISBOA

6ªFEIRA 16H-22H SÁBADO E DOMINGO 13H-22H ANTIGAS OFICINAS GERAIS DE FARDAMENTO E EQUIPAMENTO DO EXÉRCITO

POP-UP STORE DE MARCAS SUSTENTÁVEIS

Uma iniciativa conjunta

Parceiro Tecnológico

Parceiros

Cofinanciado por

Viatura oficial

Patrocínios

Tv oficial

Rádio oficial

Tv internacional

Hotel oficial

Digital Partner

Apoios

Educational Partner

Parceiro de Media


MANY PATHS, ONE TRAIL.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.