3 minute read

Turismo em transe

Amazonas e Pará procuram saídas para a crise no setor e investem em consumo interno e interiorização Mencius Melo – da Revista Cenarium

“Nosso receptivo está parado no que diz respeito ao turismo regional, mas vamos sentir o mercado”

José Fontoura, agente de viagens da Brazil Amazon Turismo.

MANAUS/BELÉM – Atrair turistas para conhecer as belezas do interior e incentivar o consumo interno são algumas das apostas de agências de turismo localizadas nas duas principais cidades da Amazônia Legal, Manaus e Belém, as capitais dos Estados do Amazonas e Pará, respectivamente.

O gerente da CVC Amazonas, Ailton Aguiar, acredita que essa será uma nova opção em face do quadro que se criou nos novos tempos. “O público mudou de comportamento, antes tínhamos clientes que passavam 10 a 15 dias em viagens. Agora esse número caiu para uma semana no máximo ou mesmo um final de semana, tudo por conta do medo de se expor ao vírus”, observou.

O gerente também explicou que por conta da retração de mercado, é melhor turistas viajando em um final de semana, do que não ter nenhuma movimentação.

A praia de Alter do Chão, em Santarém, uma das riquezas do interior do Pará

“Por isso, o turista hoje está condicionado à ideia de fazer uma viagem curta e isso nos leva a acreditar que o interior do Amazonas e da Amazônia serão as opções mais procuradas”, previu.

Ainda segundo Aguiar, a ideia é acreditar na modalidade e apostar em clientes vindos do Sudeste. “Paulistas e mineiros são a nossa maior clientela e o nosso objetivo é agregar com ideias tipo o ‘turismo rodoviário’ para cidades como Presidente Figueiredo ou mesmo Boa Vista (RR). O problema é que não temos muito a cultura de usar estradas, além de termos uma rodoviária extremamente limitada, sem contar que a estação hidroviária da Manaus Moderna é um horror!”, lamentou.

NO PARÁ

O agente de viagens da Brazil Amazon Turismo, José Fontoura, contou à REVISTA CENARIUM sobre as iniciativas em “meio à pós-pandemia”. Localizada em Belém, capital do Pará, a agência aguarda novas decisões como a liberação da vacina contra a Covid-19 para sentir o que será do mercado nos próximos meses.

Segundo Fontoura, o nortista é meio desconfiado com aventuras e prefere apostar no que já é certeiro. “Somos uma agência mais emissiva e menos receptiva, por isso o cenário para nós ainda é de cautela. Não sei como se comporta o mercado de Manaus, mas o fato é que nós nortistas, preferimos apostar em destinos que já conhecemos. Nessa hora, destinos como Gramado, no Rio Grande do Sul, estão bem cotados”, revelou.

Em comum com Manaus, estão a busca por cotações. “Estamos com muita cotação, mas somente para os primeiros meses de 2021”. Quando questionado se, assim como no Amazonas, o ideal seria apostar na interiorização, José Fontoura foi cauteloso. “Nosso receptivo está parado no que diz respeito ao turismo regional, mas vamos sentir o mercado, vamos ver esse ‘ensaio’ de recuperação e daí, quem sabe, traçar uma nova estratégia”.

PESCA ESPORTIVA

Ao contrário da cautela ou mesmo das incertezas no mercado de Belém e Manaus, o turismo de pesca esportiva, que é

No Amazonas, a pesca esportiva não sentiu impactos muito fortes na crise da pandemia

muito ativo no Amazonas, não sentiu tanto os impactos da Covid-19.

Segundo Eduardo Quadros, da Pousada Amazon Roosevelt, empreendimento especializado em pesca esportiva no município de Apuí, sul do Amazonas, houve uma pequena queda, mas nada tão impactante. “Trabalhamos com um público classe A. São clientes que vêm em voos fechados de 15 a 20 pessoas e o que aconteceu foi que passamos a reduzir o volume das comitivas, tipo, onde vinham 20, passamos para 10 e assim sucessivamente”, detalhou.

Segundo ele, os protocolos são seguidos e o isolamento deve contribuir para que os turistas cheguem. “Recebemos gente do Brasil e do mundo. Os turistas nacionais vêm de São Paulo e de Minas em sua maioria. Já os internacionais chegam dos Estados Unidos, Argentina e da Europa”, informou.

Questionado se chegaram a ter prejuízos com a pandemia, Eduardo relatou. “Apesar da crise global, eu diria que não tivemos prejuízos, mantivemos os funcionários e ainda distribuímos cestas básicas para ajudar as comunidades próximas”, finalizou.

“O turista está condicionado à ideia de fazer viagem curta e isso nos leva a acreditar que o interior do Amazonas e da Amazônia serão opções mais procuradas”

Ailton Aguiar, gerente da CVC Amazonas.

This article is from: