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Cunhã-Poranga do Tik Tok
Jovem Tatuyo faz sucesso compartilhando tradições indígenas e já conquistou mais de 1,2 milhão de seguidores Luciana Bezerra – Da Revista Cenarium
Maira Gomez publica vídeos e fotos que mostram o dia a dia na comunidade onde ela vive e alguns têm 5 milhões de visualizações
MANAUS – A nova geração de indígenas do País está cada vez mais conectada. A jovem indígena Maira Gomez, da etnia Tatuyo, é um exemplo disso. Com o perfil batizado de @cunhaporanga_oficial, ela faz sucesso no Tik Tok, mostrando o dia a dia da comunidade onde mora e já conquistou mais de 1,2 milhão de seguidores. Nos vídeos de poucos segundos, Maira compartilha as tradições de sua etnia, demonstra os diferentes hábitos da comunidade e responde as dúvidas do público curioso sobre a cultura Tatuyo.
Em um dos vídeos mais assistidos da jovem indígena no Tik Tok, que chegou a 5 milhões de visualizações, por exemplo, ela explica como é a relação das mulheres da sua etnia quanto ao uso do absorvente durante o período menstrual.
Em outro vídeo Maira esclarece sobre como são realizados os partos na aldeia, que acontecem diferente dos realizados nas aldeias urbanas. Segundo a jovem indígena, os partos são realizados pelos próprios maridos das gestantes.
Maira parabeniza a mãe em um dos vídeos e divide com os seguidores o amor que tem pela matriarca da família.
Além disso, a cunhã-poranga - mulher bonita da aldeia na língua Tupi - compartilha dicas de beleza e estética facial com as seguidoras como, por exemplo, como as mulheres da etnia Tatuyo fazem para manter as lindas e longas madeixas sem o uso de produtos químicos. “Aqui, as mulheres usam apenas sabão e babosa para hidratar os cabelos”, diz Maira, em um dos vídeos.
A jovem Tatuyo compartilha ainda com os seguidores como é realizado o ritual de passagem das meninas da aldeia para a fase a adulta da vida.
TECNOLOGIA EM PROL DOS DIREITOS
Para a pesquisadora de educação indígena, Marina Terena, a cultura das etnias também é dinâmica e não está imune às transformações que a sociedade vive.
“É preciso que isso se torne claro para o não índio, para acabar com determinados preconceitos. A tecnologia já está
Maira Gomez faz registros da aldeia, que está acostumada a receber a visita de turistas
Marina Terena, pesquisadora de educação indígena.
disponível para todas populações, indígenas ou não indígenas. O próprio movimento indígena hoje se mantém graças à tecnologia, por meio da disseminação da luta de seus direitos, sua cultura, sua história e trajetória”, destaca a pesquisadora.
De acordo com Marina Terena, os projetos que têm levado internet para as aldeias são reivindicações dos próprios índios, principalmente dos mais jovens. “Há um tempo, não tínhamos nem energia. Hoje a gente tem aldeias com elementos urbanos, com energia, com acesso à internet. As redes de conexão chegam principalmente por causa das escolas indígenas e, na maioria das vezes, a conexão é disponibilizada para o restante da aldeia”.
VISITA À COMUNIDADE
A comunidade da etnia Tatuyo, que integra a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé, a aproximadamente 40 minutos de Manaus por via fluvial, está acostumada a receber turistas interessados em conhecer como é viver numa comunidade indígena, aprender sobre a história das etnias do Rio Negro, sobrevivência na selva Amazônica, danças e rituais Tatuyo. Para visitar a comunidade, os interessados devem agendar visitas pelo número: (055) 98458 6242.