"Faz a bolinha e puxa a perninha"

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Faz a bolinha e...

Mila Cordeiro/ Ag. A TARDE

puxa a perninha

Escrever com letra cursiva se aprende desde cedo com a caligrafia PAULA MORAIS

Fernando Vivas / Ag. A TARDE

Os traços das letras até parecem iguais. Basta um deslize que a linha do ‘t’ vai parar embaixo do ‘f’. Mas elas ficam diferentes quando riscadas no papel. É que cada pessoa tem um jeito próprio de escrever. Corridas, deitadas, grandes ou pequenas. As letras cursivas são apresentadas nos primeiros anos da escola e são escritas à mão.

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MÚSICA E ESCRITA

A turma da alfabetização da Escola Arco-Íris aprende a letra cursiva de um jeito bem diferente. Mariana Gurgel, 6, contou que a aula de caligrafia não é só papel e lápis. “A gente escuta a música e escreve uma frase dela”. Mariana disse que a turma trabalha com o Sítio do Picapau Amarelo. Ela e os colegas sentam em roda e ouve o CD. Depois, escrevem no caderno os nomes dos personagens ou as falas de um deles. Os amigos de Mariana,

Lilian Oliveira, 7, e Lui Oliveira, 6, também estão adiantados na aula. Lilian disse que não foi difícil mudar a letra bastão para a cursiva. “Era só seguir o movimento da onda. Primeiro fiz a letra ‘c’, depois passei para o ‘a’”.

Ela explicou que o segredo não é seguir a ordem do alfabeto. É usar a mão para fazer as letras com movimentos parecidos. A mão que faz a letra ‘t’, por exemplo, movimenta-se igual à da letra ‘l’. É só testar.

É assim que a aula de caligrafia vira diversão. Lui aprendeu a escrever com 4 anos e agora se sente mais seguro com a ponta do lápis. “Já consigo escrever mais rápido com as letras cursivas. Agora, elas estão mais caprichosas”.

Lilian, Mariana e Lui são colegas nas aulas de caligrafia

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SALVADOR, SÁBADO, 21 DE SETEMBRO DE 2013

Fora da escola

Matheus Amorim, 8, tem três cadernos de caligrafia e faz curso há três meses. Nada é por obrigação. “Quero ser professor de língua portuguesa e me preparo desde agora”.

Ele contou que não é só pelas letras. “Treino também a coordenação motora, conheço palavras novas e o som delas”.

4e5

Como é a sua letra?

A grafologia é uma técnica capaz de saber como a pessoa é analisando a letra. A Diretora da Academia Internacional de Estudos Grafológicos, Elisabeth Romar, explicou que é igual a pintar o próprio rosto ao olhar no espelho. “Projetamos sem querer a forma como somos quando escrevemos”. Ela disse que a nossa letra muda com o tempo. “Mudamos a escrita, porque também acontecem mudanças em nossas vidas: emocionais, psicológicas e até financeiras”. Eduardo Martins / Ag. A TARDE

Adeus, letra cursiva Sabia que o ensino da letra cursiva não é obrigatório em mais de 40 estados dos EUA? É que eles acham que as crianças não precisam mais escrever com lápis e papel. O importante é só usar a letra bastão e o computador. Essa lei não chegou ao Brasil, mas já divide opiniões. O presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista de Oliveira, disse que a letra cursiva é importante. “A letra bastão não é aceita na redação do vestibular. Quem não aprender vai se prejudicar”. Já o vice-presidente da Associação Brasileira de Psicomotricidade, Gustavo Vasconcellos, disse que o computador e a escrita à mão se completam. “Caligrafia e computador ajudam na escrita e na compreensão. A caligrafia não pode ser obrigatória e nem o computador pode ser o único jeito de aprender”.

Ítalo, Rayanne e Henrique capricham na letra na Escola Municipal José Arapiraca

Afinal, escrever à mão é chato ou legal? Rayanne Gonçalves e Pedro Henrique, 11 anos, deixaram a alfabetização, mas não a caligrafia. É que ela ajuda a deixar as letras mais bonitas. Pedro disse que a professora não entendia o que ele escrevia. “Minha letra parecia um garrancho”. Ele gosta de escrever poemas, e a caligrafia ajudou. “Queria escrever

bonito. Poucas pessoas escrevem à mão hoje em dia”. Já Rayanne acha que caligrafia é do passado. “É entediante e repetitivo. Faço por obrigação”. Ela disse que procurou outra alternativa. “Preferi olhar textos e fazer cópia deles. Melhor do que seguir os traçados da caligrafia”.

Escrever no computador trouxe problemas para Ítalo Péricles, 12. Ele diminuiu tanto as palavras no Facebook que fez igual na redação. “Escrevi td no lugar de tudo”. Ítalo explicou que os meninos da idade dele escrevem rápido. “A gente se acostuma a escrever no computador e quer fazer o mesmo no caderno”.


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