"Grafite leva ar despojado da arte de rua para dentro de casa"

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IMOBILIÁRIO

SALVADOR SÁBADO 1/3/2014

3 Mila Cordeiro / Ag. A TARDE

PAULA MORAIS

Sem azulejos ou tintas de lata. Agora, as paredes de casa são decoradas com um novo estilo: grafite e suas técnicas. A arte urbana que surgiu como forma de expressão na década de 1960, colorindo os muros das ruas, vem invadindo o ambiente residencial e dando personalidade ao ambiente. Da sala ao banheiro, não há restrição para quem deseja dar um ar despojado e original a uma parede branca e fria. De acordo com o arquiteto David Bastos, o morador que deseja grafitar em casa precisa, principalmente, se identificar com o desenho e conhecer o trabalho do profissional. “O grafite é uma atitude que você tem. É como uma tatuagem, e você precisa ser capaz de assumir o desenho estampado, só que na parede da sua casa. É por isso que se identificar com a pinturaéimportante,porqueela pode dizer muito sobre o morador, sobre o ambiente”, diz.

Móveis e paredes

A casa do ator Edvaldo Bittencourt, 47, conhecido como Preto, tem toques de arte urbana. Os móveis são feitos de material reciclado e há uma parede grafitada em uma das salas. O desenho, que tem dois metros de altura, foi pensado para se adequar ao cômodo. Bittencourt se diz místico e guarda nessa sala imagens que remetem a esse tipo de religião. “Tenho um altar nessa parte da casa, é um lugar mais zen; e decidi fazer um grafite que apresentasse isso. O desenho é essa mistura de religiosidade e tem de tudo um pouco: Buda e mantra, por exemplo”, fala. A pintura foi feita com a mistura de desenhos manuais, criados pelo profissional, e a técnica de radiografia, também conhecida como estêncil (stencil). Onde desenhos e ilustrações são aplicados em superfícies por meio de moldes vazados. “Grafite se torna algo curioso. Você acorda, às vezes, olha para a parede e percebe detalhes que não tinha visto antes. Apesar de o desenho expressar muito do morador, também tem um toque de personalidade do profissional. Essa mistura que faz do ambiente um espaço mais original”, conta Bittencourt.

Místico, o ator Petro grafitou um Buda na parede da casa

TENDÊNCIA Quem planeja investir nesta alternativa para decorar ambientes como salas e quartos precisa se identificar com o desenho e conhecer o trabalho do profissional

Grafite leva ar despojado da arte de rua para dentro de casa Afonso mostra o quarto da filha grafitado por um amigo

Em busca de harmonia

Do clássico ao moderno, o estilo da casa não dificulta caso o morador queira escolher o grafite como decoração, segundo Bastos. “Quando o tom da casa é mais escuro, recomendam-se imagens mais coloridas e vice-versa. Mas não há uma regra”, fala. No entanto, há quem discorde. De acordo com o arquiteto Rogério Menezes, por ser o grafite uma expressão de arte contemporânea, aplicar esse estilo em uma casa clássica pode destoar. “Para estas ambientações clássicas existem outros tipos de pintura de suporte fixo, como a técnica do afresco. Mas há ambientações bem ecléticas e atemporais, que, de repente, podem funcionar”, explica. A harmonia que o tatuador e grafiteiro Afonso Ferreira encontrou para decorar o quarto da filha foi o uso de tons mais suaves. Para Ferreira, o equilíbrio fica por conta de fazer desenhos em uma só parede do cômodo. “Quando você faz o grafite pela casa inteira, o espaço fica estressante. Dá para fazer em diferentes ambientes, mas sem exagero”.

COMO ESCOLHER UM GRAFITE PARA DECORAÇÃO DESENHO Escolher a ilustração e se identificar com ela é o primeiro passo para começar a grafitar em casa. O morador precisa assumir o desenho como parte do ambiente, uma vez que ele, geralmente, demonstra muito do espaço e da personalidade do morador PROFISSIONAL Procure saber sobre o trabalho do profissional. O custo do desenho pode variar de acordo com o tamanho e o tempo que leve para realizá-lo AMBIENTE Os desenhos podem ser realizados em qualquer espaço da casa. Recomenda-se, no entanto, que sejam criados em uma parede de cada espaço para que não torne o ambiente estressante e temático CORES Paredes brancas e lisas são mais recomendadas para o grafite e outras técnicas, como a radiografia, pois tornam os desenhos mais visíveis. Além de paredes, as técnicas também podem ser aplicadas em madeira, gesso e até tecidos TEMÁTICA Recomenda-se utilizar desenhos que, além de criar identificação com o morador, também harmonizem com a decoração do cômodo

Além das paredes, superfícies de madeira, gesso e tecido também podem ganhar um estilo personalizado

Técnica de radiografia também é usada para decorar ambientes internos Além do grafite, a técnica de radiografia também pode ser utilizada para decorar ambientes internos. Embora as paredes sejam as principais superfícies utilizadas para decoração, madeiras, gessos e tecidos também podem ganhar um estilo personalizado. De acordo com a designer de interiores Liane Canário, a técnica pode ser feita pelo próprio morador, a partir de moldes prontos ou utilizando o desenho desejado em acetato. “Papel vegetal também pode servir e dá para comprar em lojas de artigos para artesanato ou em papelaria. Quem não quiser gastar, basta usar raio-x que está velho”, diz. Para esse tipo de aplicação, o custo é reduzido, segundo Liane, porque com apenas uma estampa, dá para decorar mais de uma superfície. “Você pode ter um tecido na almofada e utilizar o mesmo desenho nas paredes ou nos móveis, criando uma decoração única”. O grafiteiro Afonso Ferreira afirma que para quem quer algo rápido, é mais fácil escolher uma parede uniforme. Porém acredita que o trabalho de técnicas aplicadas valem mais a pena. “Uma parede uniforme não tem a mesma graça e personalidade do que aquela de uma cor só”.

Luciano da Matta / Ag. A TARDE

Apartamento grafitado

Escritório vibrante

O colorido dos desenhos dá personalidade às paredes brancas da sala do apartamento. O desenho, feito por Binho Ribeiro, foi inspirado em criaturas que lembrassem o oceano

O vibrante do grafite, feito pelo paulista Ozi, harmoniza com os tons mais suaves dos móveis no escritório, que é decorado com elementos urbanos, como latas que substituem bancos e madeiras

Tuca Reines / Divulgação

Xico Diniz / Divulgação


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