SALVADOR, SÁBADO, 3 DE AGOSTO DE 2013
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Fotos Fernando Vivas / Ag. A TARDE
Ítalo Parras, 11, culpa os políticos pelo abandono da cidade. Já Luiza Souto, 11, quer mais parques e praças, para que todos possam sair dos seus prédios
escuta AÍ Meninos e meninas debatem sobre a situação de Salvador na primeira edição do Papo de Gente Miúda
Não demorou para que as cadeiras do cinema do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) acomodassem a plateia de curiosos. No palco, Yasmin Souza, Ítalo Parras, Luiza Souto, Luzia Suarez, de 11 anos, e Daniel Souza, 13, subiram para o debate na primeira edição do Papo de Gente Miúda. O tema foi a cidade de Salvador e as perguntas podiam ser feitas pela plateia ou pelo professor de geografia humana da Universidade Federal da Bahia, Marcelo Faria, que mediou a mesa. Logo, vieram as críticas. Ítalo falou que a capital baiana está abandonada pelos políticos. “Enquanto algumas obras do governo estão paradas, a Fonte Nova foi construída rapidamente”. Daniel disse que a culpa não é só do governo. Ele acha que as pessoas também têm que preservar a cidade. “Às vezes, o bairro tem um parque, mas os próprios moradores destroem”.
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PAULA MORAIS
O outro lado
Olhar de fora da janela No encontro, tinha gente de bairros diferentes e de escolas diferentes também. Mas em uma coisa os cinco participantes concordaram: o que eles mais sentem falta é de poder andar pelas ruas de Salvador em segurança. Luzia mora no bairro da Vitória e gostaria de poder passear por outros lugares. “Minha avó tinha uma
infância boa. Ela saía pelas ruas e batia na porta das pessoas. Eu vou fazer o quê? Tocar a campainha e pegar o elevador? Quero andar mais pelas ruas”, contou. O que falta para Luiza perto de casa, na Graça, é uma área de convivência, para encontrar outras pessoas. “Sinto que tenho pouca liberdade. Queria sair mais do meu prédio”.
Na opinião de Daniel Souza, 13, não só os governantes, mas todas as pessoas que moram na cidade têm o dever de cuidar bem dela
O debate também teve espaço para as coisas boas. Yasmin, que mora próximo à Gamboa, disse que a capital baiana tem muita diversidade e que se sente bem em viver aqui. “Violência tem em todo lugar. Salvador te dá liberdade para fazer o que gosta. É só procurar”. O próximo Papo de Gente Miúda, realizado pelo Núcleo de Arte e Educação do MAM, será em outubro e terá outro tema, ainda não definido. Priscila Lolata, organizadora da Curadoria Educativa, contou que os meninos e meninas devem conhecer o assunto para saber opinar e não ter vergonha de falar em público.