"Esporte de rei"

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SALVADOR, SÁBADO, 4 DE MAIO DE 2013

Fernando Vivas / Ag. A Tarde

ESPORTE

DE REI

Rede rasgada Luiz demorou cinco anos para juntar tantos pontos e chegar à oitava posição do ranking brasileiro. Isso aconteceu porque existem poucos jogos e faltam pessoas nos torneios na Bahia. “Na minha categoria, conto 10 inscritos por campeonato e são sempre os mesmos tenistas. Os pontos também são poucos”. Para ter maior pontuação é preciso jogar em outras cidades, e o custo fica muito alto. Uma raquete pode chegar a R$ 500, e a diária para um treino, mais de R$ 100. Para conseguir as duas coisas, uma pessoa que ganha, por exemplo, R$ 20 de mesada por semana teria que juntar o dinheiro por seis meses sem gastar nada. “Também faltam treinadores para nível avançado. É mais lucrativo um treinador ter 10 alunos amadores do que três atletas”. Segundo Thainá, o esporte em Salvador não é divulgado. E fica difícil para quem tem pouco dinheiro. “Na Boca do Rio tem quadras públicas, mas falta professor”. De tanto correr na quadra, precisa comprar um sapato a cada três meses por causa do desgaste, e viaja com a ajuda somente dos pais.

Surgido no século 19, na Inglaterra, o tênis tem chances de ser mais conhecido no Brasil com as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro PAULA MORAIS

Falta menos de três meses para Luiz Berenguer e Thainá Carvalho, de 11 anos, vencerem o jogo contra a ansiedade. Eles vão viajar para a Espanha porque foram campeões, em categorias diferentes, do Circuito de Tênis Escolar e Universitário. Lá, vão conhecer outra cultura e treinar em uma das melhores academias de tênis da Europa. Luiz e Thainá estão entre os três melhores tenistas da Bahia, nas categorias masculina e feminina, com idade até 12 anos. Eles participam do ranking da Federação Baiana de Tênis e ganham pontos quando vencem os torneios. Juntar muitos pontos é importante para fazer parte do ranking brasileiro. Os dez primeiros colocados recebem ajuda com equipamentos, alimentação e hospedagem quando viajam para jogar. Mila Cordeiro / Ag. A Tarde

Luiz Berenguer, 11, vai para a Espanha pela segunda vez depois de vencer torneio de tênis

Pai-trocínio

Thainá Carvalho, 11, aprendeu a sacar em em uma semana para poder competir

4e5

O pai de Thainá, Elton Carvalho, disse que a Federação Baiana de Tênis ajuda com parte do dinheiro. “Faltam projetos”. O presidente da federação, Edgar Silva Neto, explicou que existem três projetos para que mais crianças possam jogar tênis em Salvador. Faltam quadras e incentivo. “Estamos conversando com a prefeitura para que as quadras da Boca do Rio façam parte da federação até o final deste ano”. O coordenador de Esportes, Lazer e Entretenimento de Salvador, Edmilson Machado, falou que qualquer criança pode se inscrever para jogar tênis nas quadras públicas e que existe professor para ajudá-las. Ele explicou que a prefeitura quer levar o tênis para as escolas e que ainda não estão preparados para formar profissionais.

[ onde jogar ] Academia Winner, Pituaçu: 71 3461-2442 Associação Atlética do Banco do Brasil, Piatã: 2102-8250 Quadras Públicas da Boca do Rio

História de boleiro David Rodrigues, 19, é estudante de educação física e professor de tênis. Ele conheceu o esporte quando era boleiro. Um nome engraçado para chamar as pessoas que ficam em quadra pegando e devolvendo as bolas para os tenistas. Ele começou a gostar do esporte quando trabalhava em uma academia. “O dinheiro era pouco para comprar os equipamentos. Pegava raquete emprestada”. Ele conseguiu ser ajudante de árbitro e, depois, de professor. Hoje, tem os próprios alunos.


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