SALVADOR, SÁBADO, 3 DE AGOSTO DE 2013
Fica mais um pouco :)
Fotos Fernando Vivas/ Ag. A TARDE
Escola Parque
Passar mais tempo na escola não se torna chato quando a brincadeira se mistura com a aprendizagem. Não cabe nos dedos das mãos a quantidade de vezes que as pessoas mais velhas fazem a seguinte pergunta: o que você quer ser quando crescer? Elas se preocupam tanto que colocam os filhos em escola, cursos, esportes e aulas extras. Haja fôlego. A correria é para que o filho passe no vestibular e responda à pergunta acima. Mas elas não percebem que fórmulas e regras gramaticais são esquecidas. O projeto sobre meios de comunicação da escola Villa Criar, em Lauro de Já alguns valores, não. PAULA MORAIS
O educador Anísio Teixeira foi quem criou a primeira escola de educação integral no Brasil. Isso aconteceu em 1950, em Salvador. Ela é chamada de Escola Parque e, ainda hoje, é exemplo desse modelo educacional no País. Mas o diretor da Escola Parque, Gedean Ribeiro, contou que não é fácil manter a educação integral em escolas públicas. “É necessária uma estrutura que dê comodidade ao aluno. Ele precisa de alimentação, local de descanso, armário para guardar as coisas e equipamentos. Às vezes falta”. Ele disse que a escola não deve ser um lugar somente para cumprir os duzentos dias de aula com conteúdos que vão ser esquecidos depois. “O estudante tem papel principal na escola e deve produzir conhecimento. Ele tem que gostar de estar aqui, senão vira apenas uma obrigação”.
Outra família
Cidadão integral A jornalista e fundadora da ONG Cipó, Anna Penido, falou que a educação integral não significa passar o dia inteiro na escola estudando. “É fazer com que esse tempo seja distribuído entre praticar esportes, aprender a cozinhar, entender o que é ser cidadão, brincar ou fazer passeios e conhecer o bairro, por exemplo”.
Ana disse que o objetivo é não tornar a sala de aula o único lugar de entendimento. É ganhar novas habilidades para ser um bom profissional no futuro e melhor cidadão sempre. “Imagina aprender ciências em uma cozinha? Ou física em uma oficina? Sairemos das aulas e das contas decoradas”.
Freitas, ajudou Tiffany Galvão, 6, a falar em público. Foi a primeira apresentação dela para várias pessoas. “Me sinto mais preparada. A timidez foi embora”. Tiffany entra na escola às 13h e sai às 17h. Almoça e toma banho lá. Metade do tempo faz as atividades de história e literatura, por exemplo, e, na outra metade, yoga, capoeira e circo. “Prefiro ficar aqui aprendendo e me divertindo. Ficaria com tédio em casa, e meus amigos estão aqui”. A professora Lília Rezende explicou que o convívio com meninos e meninas que têm diferentes gostos, emoções e ideias faz com que o estudante descubra a respeitar o próximo desde cedo. “Eles se tornam amigos e aprendem a dialogar. Eles sabem resolver os problemas com a conversa”.
Acima, alunos de educação integral da Vila Criar: diálogo é a base das aulas
Liberdade para criar projetos educativos no Colégio 2 de Julho
Faça você mesmo a sua própria aula Os estudantes de educação integral são os atores principais das atividades do Colégio 2 de Julho, no bairro do Garcia. Noah Adjou, 8, contou que eles têm liberdade em suas escolhas. Basta ter
criatividade, respeito e estar dentro da programação de educação da escola. “Já tivemos banho de espuma e apresentações de música. A escola ensina, mas faz você relaxar também”.
Foto Acervo IAT/ Divulgação
4e5
De manhã e de tarde sem zangar Oficina de letras, para descobrir qualidades, na Escola Terezinha Vaz da Silveira
Antônio Barbosa, 10, descobriu o significado da palavra solidariedade em uma das seis oficinas da Escola Municipal Terezinha Vaz da Silveira, no bairro de Santo Antônio. “É amizade e respeito pelo próximo”. Ele explicou que a monitora traz uma caixa e tira palavras de dentro. “Cantamos e desenhamos o que achamos que significa de acordo com nossos valores”. Rayana Almeida, 6, não perde
os assuntos das aulas de manhã. Mas ela não volta para casa quando o sinal bate. À tarde, Rayana tem oficina de desenho, capoeira e tecnologia. “Aprendo mais ficando esse tempo aqui”. Cláudia Pinto atende ao Programa Mais Educação na Bahia. É o que traz educação integral para escolas públicas. “Temos dois desafios: a falta de estrutura das escolas e profissionais qualificados”.