Cada um conta de um jeito - Aline Maciel

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cada um conta de um jeito

Aline Maciel ilustraçþes de Fabio Dudas


Numa tarde fria de maio de 2011, eu estava a bordo de uma Barca de livros, que costuma navegar pelos mares do sul, levando crianças, piratas, princesas, heróis, tesouros e livros. A barca repousava ancorada numa ilha. A bordo, além de mim e da sua tripulação, outro tanto de gente craque na arte de contar causos. Daí, começaram as apresentações. Um disse: - sou professor; outra falou: - sou psicóloga; eu disse com pose de artista: - sou escritor e jornalista. Dos demais, a profissão agora me foge à memória. Mas lembro muito bem da resposta da Aline: sou contadora de histórias. A frase, dita com tal convicção, convidou-me a olhar com mais atenção para aquela menina-moleca-gigante. Pois bem, Aline é, de fato, uma contadora de histórias. Das vezes que a vi em ação, tive a certeza de que, antes da técnica apurada (que ela tem, claro), emana da sua voz uma verdade. Daquelas que entra pelos ouvidos e faz a fantasia brotar nos olhos da gente. Mais: faz o coração bater no compasso da aventura. Agora, Aline nos presenteia com este livro sobre a arte de contar histórias. E mais uma vez, me surpreende. Num texto conciso, direto ao ponto, sem achismos ou academicismos, escreve


Aline Maciel

cada um conta de um jeito

1a edição

Florianópolis-SC Cia Mafagafos 2012


Texto © Aline Maciel Ilustração © Fabio Dudas Cada um conta de um jeito, © Aline Maciel, 2012 Capa, projeto gráfico e editoração: Paula Albuquerque Revisão: Sig Schaitel

1a edição, 2012 Impresso no Brasil

869.301 M152c

Maciel, Aline Cada um conta de um jeito / Aline Maciel, Florianópolis : Do Autor, 2012. 68 p. ; il.; color. 1. Literatura brasileira – contos 2. narrativa I. Título

Bibliotecária: Eliane Espindola Vieira – CRB 401-14


Financiado com recurso público oriundo do EDITAL de Apoio às Culturas 2012 Fundo Municipal de Cultura de Florianópolis.



Sobre o livro

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Capítulo 1 – Técnicas para contar histórias

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Contação de histórias: uma introdução

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Crenças e pressupostos

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Técnicas para contar histórias

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Capítulo 2 – O Herói Bobo – A História do Zé Bocoió

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A História do Zé Bocoió

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Sugestões para a contação

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Capítulo 3 – Conto de Encantamento – A Sorte de João Gurumete

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A Sorte de João Gurumete

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Sugestões para a contação

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Capítulo 4 – Facécia – O Marido Preguiçoso

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O Marido Preguiçoso

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Sugestões para a contação

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Capítulo 5 – Conto Acumulativo – O Menino e a Coca

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O Menino e a Coca

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Sugestões para a contação

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Capítulo 6 – Conto Etiológico – A Tal Fruta Amarela

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A Tal Fruta Amarela

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Sugestões para a contação

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Capítulo 7 – Sugestões de leitura

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Repertório de histórias e sugestões de leitura

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Livros sobre contação de histórias

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Coletâneas de contos populares

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Sítios e blogues

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Sobre o livro Este livro tem como foco principal professores, educadores e mediadores de leitura que querem se utilizar da contação de histórias em seu trabalho em sala de aula, bibliotecas, brinquedotecas ou outros espaços. Também será útil para qualquer leitor que deseje aprender a contar histórias, ou àquele que simplesmente se interesse pelos contos aqui reunidos. Trata-se de um livro objetivo e prático, um pequeno manual para o contador iniciante. O primeiro capítulo apresenta uma breve contextualização das histórias da tradição oral, fala sobre o papel do contador na atualidade e sobre o espaço da contação de histórias nas escolas, como atividade lúdica e de incentivo à leitura. Além disso, estabelece alguns pressupostos e apresenta técnicas para contar. Nos capítulos seguintes são apresentadas cinco histórias da tradição oral brasileira, recontadas pela autora, suas principais características, sugestões de técnicas e elementos para ajudar na contação. No último capítulo estão listadas sugestões de leitura e pesquisa, tanto para formação de repertório de histórias quanto para o aperfeiçoamento das técnicas de contação. As histórias escolhidas para o livro são parte da tradição oral do Brasil. Os recontos partem de um registro escrito, porém a linguagem mantém-se próxima da oralidade. Cada uma das histórias escolhidas tem características distintas, representando, assim, uma categoria diferente. Há outras tantas categorias que, pela limitação deste volume, ficaram de fora. Mas as cinco escolhidas dão uma boa noção da diversidade das nossas histórias e podem ser de grande proveito para você começar a compor seu repertório. O primeiro reconto, “A História do Zé Bocoió”, classificado como conto de herói bobo, é a história de um menino que se atrapalha em tudo o que faz. O segundo reconto, “A Sorte de João Gurumete”, classificado como conto de encantamento, é a história de um sapateiro muito tolo que, graças aos conselhos de seu ajudante, consegue salvar seu povo de temíveis monstros e gigantes. O terceiro reconto, “O Marido Preguiçoso”, classificado como facécia, é a história de um homem muito preguiçoso, que prefere ser enterrado vivo a levantar de sua rede. O quarto conto, “O Menino e a Coca”, classificado como conto acumulativo, narra a saga de um menino 11


que ganha coisas, as dá de presente e, depois, tenta recuperá-las. O quinto e último conto, “A Tal Fruta Amarela”, classificado como conto etiológico, explica o surgimento da carambola e o formato do casco da tartaruga. Espero que este livro contribua para o desenvolvimento da prática da contação de histórias e auxilie aqueles que desejam encantar contando histórias. Tenha uma boa leitura e faça ótimas sessões de histórias.

Aline Maciel, Contadora de histórias

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Capítulo

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Técnicas para contar histórias 13


• Preparação do Ambiente

Antes de iniciar uma história, o contador deve observar o espaço onde contará e saber que público o espera. Escolha, sempre que possível, um ambiente silencioso onde todos se sintam confortáveis. Evite se posicionar de costas para a porta de entrada do local. Se alguém entrar enquanto você estiver contando a história, muitos desviarão o olhar. Saiba o momento certo de começar a contar a história. A atenção do público deve estar em você. Não há necessidade de pedir silêncio. O silêncio e a atenção do público devem ser conquistados e não impostos. O contador de histórias não quer que o público se cale e se mantenha imóvel do início ao fim da história. Se você estiver contando para crianças sentadas no chão, posicione-se adequadamente para que todas lhe enxerguem. Evite ficar muito próximo das crianças para que as da frente não tenham que ficar olhando para cima o tempo todo. Isso faz com que se cansem e desistam de prestar atenção. Tenha sempre em mente que o momento da contação deve ser agradável para todos que estão no ambiente com você.

• Depois de Contar

Há diversas maneiras de se terminar um conto. Muitos contadores optam por utilizar uma quadra popular ou uma rima no final da história, por exemplo “entrou por uma porta, saiu pela outra, quem quiser que conte outra”, ou “colorim colorado, este conto está terminado”, entre outras. Ao terminar a história ou sua apresentação, não se esqueça de agradecer a atenção de todos. O contador de histórias pode optar por mostrar para o público de onde vieram as histórias, falando sobre o livro e sobre o autor. Essa é uma prática que pode motivar o interesse do público pelo livro e pela leitura. Há contadores, no entanto, que preferem não mostrar o livro, o que não é um problema, apenas uma escolha. O que se deve evitar é falar muito sobre a história no final. Se a história foi bem contada, não há a necessidade de explicações. Até mesmo porque isso pode cansar os ouvintes.

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Capítulo

o2

O Herói Bobo

A História do Zé Bocoió 25



CapĂ­tulo

o3

Conto de Encantamento

A Sorte de JoĂŁo Gurumete 33



Capítulo

o4

Facécia

O Marido Preguiçoso 41



CapĂ­tulo

o5

Conto Acumulativo

O Menino e a Coca 49



Cap铆tulo

o6

Conto Etiol贸gico

A Tal Fruta Amarela 57


Sugestões para a Contação

A história da fruta amarela costuma cativar tanto crianças como jovens e adultos. O ritmo e o humor devem estar presentes na intenção do contador ao preparar esta história. “A Tal Fruta Amarela” agrada principalmente as crianças por ser uma história onde o contador pode explorar elementos como a música e a encenação das personagens. Para contá-la, observe as sugestões gerais apresentadas no capítulo 1. Além disso, destacamos abaixo aspectos importantes da história e propomos algumas técnicas para contar a “A Tal Fruta Amarela”. • Caracterizando as personagens - expressão corporal e voz Nessa história temos diversos personagens: a Anta, o Tatu, a Tartaruga, a Bruxa e Deus. Para o contador que deseja contar desenvolvendo as personagens, é indicado traçar um perfil para cada uma. Quando a conto, costumo expressar tanto com a voz quanto com os movimentos e o corpo aspectos ou traços de cada personagem. Por exemplo, para mim a Anta é um tanto deslumbrada. Quando ela desce a montanha cantando, ela não está nem um pouco preocupada em lembrar-se do nome da fruta, mas sim em cantar a música que acaba de criar. O Tatu, por sua vez, é hiperativo e um pouco desligado também. Quando o Tatu desce a montanha cantando, eu sempre imagino que ele vai dançando. A Tartaruga se diferencia da Anta e do Tatu por ser muito determinada. Para a Tartaruga, costumo modificar a voz e minha expressão corporal, tornando ambas muito lentas, como as tartarugas. Esse recurso contribui para o humor na história e diminui o ritmo, que vinha em um crescendo. A Bruxa, como toda bruxa, é má e tem uma voz esganiçada. A Bruxa, assim como a Tartaruga, contribui para que o humor esteja presente na história. Para finalizar a descrição das personagens, temos Deus que é muito sábio, mas bastante caricato. Também modifico minha voz quando faço Deus, tento deixá-la mais grave, mas não a ponto de soar forçado. Essas caracterizações não são uma regra, apenas exemplos de possibilidades para você enriquecer sua história. Cada contador deve buscar criar e conhecer suas personagens antes de tentar encená-las. Sabendo como são os bichos, a Bruxa e Deus, ficará mais fácil de expressar em seu corpo e em sua voz essas personagens, sem que a história fique em segundo plano. 62


Lembre sempre: o enredo deve ser seu foco principal. As caracterizações não devem atrapalhar o entendimento da história. • Música Nessa história temos dois refrãos. O primeiro, “Carambola, Carambola / Não posso esquecer seu nome / Carambola, Carambola / Que meu povo passa fome”, que foi recolhido por Ricardo Azevedo e está publicada no livro Histórias que o Povo Conta. O segundo “Há há há há! / Preste atenção no que eu vou lhe dizer / você vai me ouvir e da fruta esquecer / da fruta amarela, você não sabe o nome / e todos os bichos vão morrer de fome!/ Isso, isso, fique confuso, troque o nome da fruta pelo nome do parafuso...”, que foi criado por um grupo de contadores de histórias do qual fiz parte, em 2010, o grupo Siricutico Dicontá (Aline Maciel, Flora Bazzo, Ingo Vargas e Murilo Leandro Marcos). Esses dois refrãos podem ser cantados ou falados. É importante saber, no caso do primeiro refrão, qual personagem está cantando. É nesse momento da história que a característica de cada personagem vai se desenvolver. O segundo refrão será sempre da Bruxa, mas mesmo assim pode-se fazer com que a própria Bruxa cante ou fale de formas diferentes, dependendo das condições e da criatividade de cada contador.

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CapĂ­tulo

o7

SugestĂľes de Leitura 65


Repertório de Histórias e Sugestões de Leitura Todo contador de histórias deve, antes de tudo, ser um leitor. É sobretudo através do contato com livros que poderemos escolher histórias para contar. A escolha é uma das partes mais difíceis, mas não existe nada mais gratificante que encontrar uma história que queremos partilhar com os outros. Se gostamos dela, se queremos compartilhar, a contação fará sentido. Do contrário, se somos obrigados a contar (e que isso deixe de acontecer!), a história perde seu maior valor: o do encantamento. Por isso, é sempre aconselhável que o contador busque seu estilo através do repertório. A seguir, apresentamos sugestões de leitura e pesquisa, tanto para formação de repertório quanto para o aperfeiçoamento das técnicas de contação.

• Livros sobre Contação de Histórias

BUSATTO, Cléo. Contar e Encantar: Pequenos Segredos da Narrativa. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 2003. COELHO, Nelly Novaes. A Literatura Infantil: História, Teoria, Análise. a 3 ed. Refundida e ampl. São Paulo: Quiron, 1984. GIRARDELLO, Gilka (org). Baús e Chaves da Narração de Histórias. Florianópolis: SESC/SC, 2006. MACHADO, Regina. Acordais: Fundamentos Teórico-Poéticos da Arte de Contar Histórias. São Paulo: DCL, 2004. MATOS, Gislayne Avelar. A Palavra do Contador de Histórias. São Paulo: Martins Fontes. 2005. MATOS, Gislayne Avelar e Inno Sorsy. O Ofício do Contador de Histórias. 3a ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. SISTO, Celso. Textos e Pretextos sobre a Arte de Contar Histórias. Chapecó: Argos, 2001. TAHAN, Malba. A Arte de Ler e Contar Histórias. São Paulo: Ática. 1986. a

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• Coletâneas de Contos Populares

AZEVEDO, Ricardo. Armazém do Folclore. São Paulo: Ática, 2000. AZEVEDO, Ricardo. Cultura da Terra. São Paulo: Moderna, 2008. BANDEIRA, Pedro. Fábulas Palpitadas: Recontadas em Versos e Comentadas. São Paulo: Moderna, 2007. CASCAES, Franklin. O Fantástico na Ilha de Santa Catarina. 5a ed. Florianópolis: EdUFSC, 2003. CASCUDO, Luís da Câmara. Contos Tradicionais do Brasil. 13a ed. São Paulo: Global, 2004. CASCUDO, Luís da Câmara. Lendas Brasileiras para Jovens 2a ed. São Paulo: Global, 2006. GRIMM, Irmãos. Contos de Grimm: Animais Encantados. Tradução e Adaptação de Ana Maria Machado. 2a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. HAURÉLIO, Marco. Contos e Fábulas do Brasil. São Paulo: Nova Alexandria, 2011. LISBOA, Henriqueta. Literatura Oral para a Infância e a Juventude: Lendas, Contos & Fábulas Populares no Brasil. São Paulo: Peirópolis, 2002. LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo: Globo, 2008. MACHADO, Regina. Nasrudin. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2001. ROMERO, Silvio. Contos Populares do Brasil. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.

• Sítios e Blogues

www.jangadabrasil.com.br www.contabrasil.org.br www.cuentacuentos.eu www.bocadoceu.com.br www.simposiodecontadores.com.br www.barcadoslivros.org 67



Aline Maciel nasceu no ano de 1983, em Porto Alegre - RS. Desde 1996 mora em Florianópolis. É Bacharel e Mestre em Letras, pela UFSC. Desde 2004 atua na área do teatro, cinema, rádio, música e contação de histórias. Iniciou suas atividades como contadora em 2009, na Biblioteca Barca dos Livros. Atualmente, desenvolve seu trabalho na Cia Mafagafos - contadores de histórias, além de atuar em parceria com outros contadores de histórias e músicos. Aline escreveu este livro. Fabio Dudas nasceu no ano de 1976, em Telêmaco Borba - PR. Desde 2007 mora em Florianópolis. É artista plástico, ilustrador e diretor de arte. Aos 11 anos, aprendeu a ilustrar recriando os heróis dos quadrinhos nos cadernos da escola. Hoje tem desenhos publicados em livros e revistas, e espera poder ilustrar ainda muitos livros para as crianças. Fabio ilustrou este livro (com tinta acrílica sobre papel cartão). Paula Albuquerque nasceu no ano de 1982, em Curitiba - PR. Desde 1998 mora em Florianópolis. É Bacharel em Jornalismo, pela UFSC. Trabalha como designer, jornalista e produtora cultural. Um de seus projetos secretos é escrever (e ilustrar) histórias para os pequenos. Ainda não tem crianças em casa, mas sua biblioteca está tomada por livros infantis. Paula criou o projeto gráfico deste livro. Sig Schaitel nasceu no ano de 1974, em Joaçaba - SC. Desde 1998 mora em Florianópolis. É Bacharel em Letras, pela UFSC. Participou de publicações (poesia, conto e tradução), coordenou projetos culturais e publicações no Sinergia (Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis). Atua nas áreas da literatura, gestão cultural, música e contação de histórias. Sig coordenou este projeto e revisou o livro.


Fonte Minion Pro e Claire Hand Papel Off-set 120g e Triplex 250g Tiragem 1.000 exemplares Florian贸polis, primavera de 2012


como se sussurrasse aos nossos ouvidos a certeza de que podemos ousar contar histórias a partir de alguns segredos - já revelados em outros tantos livros, mas não dessa maneira simples e sofisticada. Pois bem. Numa próxima apresentação, Aline pode afirmar com toda a convicção: sou contadora de histórias e escritora. Tino Freitas - escritor, jornalista, músico, contador de histórias e mediador de leitura do projeto Roedores de Livros.

Aline Maciel é contadora de histórias e Mestre em Letras pela UFSC, com atuações na área do teatro, cinema, rádio e música. Iniciou suas atividades como contadora em 2009, na Biblioteca Barca dos Livros, em Florianópolis-SC. Atualmente, desenvolve seu trabalho na Cia Mafagafos - contadores de histórias, além de atuar em parceria com outros contadores de histórias e músicos.


Este livro tem como foco principal professores, educadores e mediadores de leitura que querem se utilizar da contação de histórias em seu trabalho em sala de aula, bibliotecas, brinquedotecas ou outros espaços. Também será útil para qualquer leitor que deseje aprender a contar histórias, ou àquele que simplesmente se interesse pelos contos aqui reunidos. Trata-se de um livro objetivo e prático, um pequeno manual para o contador iniciante. Uma boa leitura e ótimas sessões de histórias!

Financiado com recurso público oriundo do EDITAL de Apoio às Culturas 2012 Fundo Municipal de Cultura de Florianópolis.


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