09 de maio a 03 de julho de 2022
Juliana Crispe Curadoria Juliana Crispe Susana Bianchini Fernanda Magalhães Cristiana Tejo Luciara Ribeiro Paulo Miyada Ricardo Resende Fernando Lindote Textos
Museu de Arte de Santa Catarina – MASC Florianópolis/SC
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Celebração | Edinho Lemos, Presidente da Fundação Catarinense de Cultura
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A arte como suspensão do céu | Juliana Crispe e Susana Bianchini
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11º Salão Nacional Victor Meirelles | Fernanda Magalhães
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Por uma esfera possível | Cristiana Tejo
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É preciso aprender a ouvir o tempo | Luciara Ribeiro
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Apesar ou por causa | Paulo Miyada
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Salão de Arte Victor Meirelles, narrativas contemporâneas que nos afetam em 2022 | Ricardo Resende
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Artista premiada | Amanda Melo de Mota
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Artista premiado | Sérgio Adriano H.
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Artistas selecionados
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Artista selecionado | Sala especial | Carlos Asp
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Artista homenageado | Sala especial | João Otávio Neves Filho – Janga
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Salas expositivas
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Abertura | Salão Nacional Victor Meirelles | 09 de maio de 2022
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Biografias
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O Salão Nacional Victor Meirelles (1993 – 2017)
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Celebração
Edinho Lemos Presidente da Fundação Catarinense de Cultura
O 11º Salão Nacional Victor Meirelles veio para pôr fim a uma lacuna de quase 14 anos no setor cultural catarinense. Um momento especial como este merece uma celebração tão extraordinária quanto: foram 560 inscrições vindas de todas as regiões do país, sendo que 406 foram habilitadas para a etapa final e 25 selecionadas para a edição exposta no Museu de Arte de Santa Catarina (MASC). O destaque ficou para as obras fotográficas de Amanda Melo de Mota (SP) e de Sérgio Adriano H. (SC), primeiras colocadas com a mesma pontuação e reconhecidas com o prêmio de aquisição no valor de R$ 20 mil para cada artista. A exemplo das edições mais recentes do Salão, nesta, dois artistas foram homenageados com salas dedicadas especialmente às suas obras: João Otávio Neves Filho, o Janga (1946-2018), de Florianópolis (SC); e Carlos Asp, de Porto Alegre (RS). O desafio, a partir de agora, é fazer com que uma mostra desta magnitude se estabeleça bianualmente no calendário da arte catarinense. E a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) não medirá esforços
para isso. O setor, inclusive, vive um momento único com investimentos que somam R$ 142,5 milhões advindos do Governo do Estado, somente em 2022. É uma virada de chave conquistada com muita luta e planejamento para que os trabalhadores da cultura tenham oportunidade de participar de editais e iniciativas que compõem o SC Mais Cultura, lançado em setembro de 2021. Esse Programa engloba uma série de ações previstas ao longo do ano, descentralizando os recursos para o fomento da cultura em todas as regiões do nosso Estado. Dentre elas estão o Programa de Incentivo à Cultura (PIC), que é realizado via dedução das alíquotas do ICMS, a implantação de Centros de Desenvolvimento Cultural (CDC) nos municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Programa de Integração e Descentralização da Cultura (IDC), além do Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura e do Prêmio Catarinense de Cinema, que já fazem parte do calendário artístico de Santa Catarina. Viva a Cultura!
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Detalhe da série Cosmografia – Chama, de Amanda Melo de Mota (Artista premiada)
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A arte como suspensão do céu
11º Salão Nacional Victor Meirelles – Outono de 2022 Juliana Crispe e Susana Bianchini
Depois de quase 14 anos desde sua última realização, em 2008, o Salão Nacional Victor Meirelles regressa marcado pela lacuna, ausência e também luta de muitos para que ele retomasse a cena catarinense. Para a realização desta edição, o Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) conta com o apoio da União, por intermédio de convênio entre a Fundação Nacional de Artes (FUNARTE) e a Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Com a participação de 25 artistas selecionados e um homenageado, a exposição traz núcleos, passando ainda por uma sala especial dedicada ao artista Carlos Asp, além de um espaço que homenageia o crítico, curador, artista e agitador João Otávio Neves Filho (1946-2018). Janga, como era conhecido, valorizou a cultura açoriana, defendeu o não esquecimento do patrimônio local imaterial, escreveu e curou sobre arte de diferentes gerações, dedicou-se a cadernos de cultura em jornais. Como artista, apesar de diferentes fases, pôde dedicar-se aos estudos da arte rupestre e ancestral da Ilha de Santa Catarina. Figura ímpar na arte catarinense, Janga deixou uma imensa documentação e colaboração. Como uma das principais ações no cenário da arte catarinense, em seu histórico, e tendo já tomado posto como um dos principais salões do Brasil, o SNVM agregou ao acervo do MASC trabalhos de artistas de trajetórias singulares no território nacional. Nesta edição trazemos também encontros entre artistas que, sem ser o desejo inicial, nos apresentam núcleos que falam sobre questões que não podem mais ser caladas: a importância da retomada histórica e a mu-
dança para o processo do protagonismo de artistas negros, indígenas, mulheres e lgbtqia+; a reflexão sobre meio ambiente, fronteiras e ecossistemas; a relação entre corpo e performance; e trabalhos que contestam os últimos anos dos cortes democráticos, sociais e políticos que nosso país tem vivido. Retornar em um mundo entre/pós-pandemia evidencia ainda mais a falta que a arte viva e pulsante fez/faz em nossas vidas presenciais, o que torna este Salão uma emergência, um desejo acentuado, já que também fala sobre lutas de nossos tempos, novos sonhos de um mundo por vir no qual possamos esperançar espaços democráticos, destituídos de preconceitos, em contingências que apontam para a ecologia/natureza e novos horizontes políticos/ sociais. Exposição que deflagra o artista como corpo político. Esses elementos tornam-se maneiras operantes de politizar a vida e trazer a potência dos encontros. Neste processo, vale destacarmos que o corpo de jurados, constituído por Cristiana Tejo (Pernambuco-CE), Fernanda Magalhães (Londrina-PR), Luciara Ribeiro (Xique-Xique-BA), Paulo Miyada (São Paulo-SP), Ricardo Resende (Guaranésia-MG) e Juliana Crispe (Florianópolis-SC) – responsável pela curadoria-geral e de montagem –; tem pela primeira vez, em sua formação, um número maior de mulheres no processo de seleção e na curadoria-geral. Temos também como destaque os artistas Amanda Melo da Mota e Sérgio Adriano H., que receberam o prêmio de aquisição e cujas obras integrarão o acervo do Museu de Arte de Santa Catarina. Fator
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importantíssimo historicamente, ambos os artistas Negros, vencem a premiação em um ano de retomada e luta no setor artístico e histórico nacional. Tantos movimentos de rupturas e inserções fazem deste Salão um desejo de mudanças em nossos sistemas culturais, onde se almejam espaços para TODES. A arte como movimento que contesta a independência que não veio: indígenas, mulheres, negros, lgtbtqia+ que ainda buscam a inclusão, o reconhecimento, os direitos sociais e a quebra dos sistemas hegemônicos. A arte como luta pela terra, pela ecologia, como reparação e por medidas antirracistas, lutas distintas, mas que se tocam e se atravessam. Lutamos para nos libertar da naturalização de hierarquias estabelecidas ainda em tempos coloniais, no furor de novos tempos, para que possamos suspender o céu, como diz Krenak, ampliando horizontes existenciais, enriquecendo as nossas subjetividades, não requerendo humanidades igualitárias, mas em
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diversidades, e respeitando as diferenças, no desejo de lançarmos experiências de consciências coletivas que nos orientem nas escolhas sobre o que devemos fazer depois que despertamos, trazermos para a terra através dos sonhos, da arte, um lugar de veiculação de lutas e afetos. “Definitivamente não somos iguais, e é maravilhoso saber que cada um de nós que está aqui é diferente do outro, como constelações. O fato de podermos compartilhar esse espaço, de estarmos juntos viajando não significa que somos iguais; significa exatamente que somos capazes de atrair uns aos outros pelas nossas diferenças, que deveriam guiar o nosso roteiro de vida. Ter diversidade, não isso de uma humanidade com o mesmo protocolo. Porque isso até agora foi só uma maneira de homogeneizar e tirar nossa alegria de estar vivos” (Ailton Krenak, da conferência “Ideias para adiar o fim do mundo”, no livro Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019).
Detalhe da obra – série História do Brasil – Ordem e Progresso, de Sérgio Adriano H. (Artista premiado)
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Detalhe da obra Gênesis 013:16, de Priscila Rezende 10
11º Salão Nacional Victor Meirelles Fernanda Magalhães
Os momentos antes do salão são sempre sobre pensar arte, sobre as obras apresentadas, e foi preciso repensar, voltar, rever e refletir. São também sobre pensar o próprio salão, sua importância, o espaço que ocupa, os múltiplos significados dele e do seu acervo formado pelas obras premiadas a cada ano acontecido. E ainda, sobre o silêncio e o vazio durante os anos em que o salão não foi realizado. Esta edição marca também o retorno deste importante acontecimento. Foram momentos intensos, de debates, apresentações, trocas e reflexões. Um mergulho de intensidades nas artes múltiplas. Um universo descortinado e a tarefa de criar um espaço de encontros e diálogos entre as obras a serem apresentadas. Do que se produz em Santa Catarina e no Brasil. Foi uma experiência impressionante e de afirmações. A maioria dos artistas selecionados são mulheres. Artistas mulheres que sabemos que estão ausentes,
que são minoria nas coleções de museus de arte. Este é um vazio a ser preenchido. A premiação de dois artistas contemplou uma mulher preta e um homem negro que, ao lado de outras 23 proposições, dialogam entre si sobre questões enfronhadas no momento atual. Também não costumam ser pretas as pessoas que ocupam estes lugares de premiação. No salão temos artistas de diferentes etnias, raças, idades, identidades, com uma multiplicidade de linguagens, reflexões e especificidades. Os diálogos partem de lugares diferentes, em fluxos de movimentos que levam a encontros inusitados e multiplicadores. Representam uma diversidade. Agradeço estar, participar, contribuir, somar e, principalmente, adentrar em todas estas proposições que descortinaram universos novos e provocadores para o meu olhar, para as minhas reflexões sobre as artes e para todos que irão adentrar neste salão.
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Por uma esfera possível Cristiana Tejo (Lisboa, Junho de 2022)
Há muito tempo que os salões de arte deixaram de ser a principal esfera de legitimação de artistas visuais e seu papel na constituição de coleções de museus também já foi muito questionado. Mas com a mudança de contextos históricos os sentidos podem ser transformados. Promover um salão de arte em 2012 era uma coisa e fazer o mesmo certame no fatídico ano de 2022, outra bem diferente. Uma década atrás havia um ecossistema cultural mais rico e diverso, com várias iniciativas públicas, independentes, editais e instituições atuantes em várias partes do Brasil. Na atualidade, enfrentamos um grave desmonte institucional no país, artistas perseguides e silenciades, uma caça a intelectuais e professores, estrangulamento de leis que fomentam a cultura, privatização acelerada e assimétrica do mundo da arte e uma pandemia mundial. Projetos que estimulam a produção artística de maneira democrática, transparente e profissional na esfera pública passaram a ser raros e, portanto, conseguir retomar o Salão Nacional Victor Meirelles é um feito e tanto que deve ser celebrado. Nosso processo de seleção e premiação, totalmente digital, transcorreu de maneira fluida, empolgada, respeitosa. Tivemos acesso a uma expressiva diversidade artística e à pujança do que anda a ser criado no Brasil pandêmico. Como era esperado, muitas obras
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eram respostas ao isolamento social e às questões econômicas e sociais trazidas pela COVID-19, tanto na dimensão psicológica quanto na material. Muitas iluminavam o momento político, por vezes diretamente, por outras, abstratamente. Inúmeros trabalhos vocalizavam as lutas anticoloniais, antipatriarcais e anticapitalistas. Um outro ponto que nos chamou a atenção foi o escopo geracional das inscrições: participaram tanto artistas com sólido percurso quanto recém-entrados no campo da arte. Buscamos refletir em nossas escolhas essa diversidade apresentada a nós. Sim, toda seleção é arbitrária, pois depende sempre das inúmeras negociações de saberes, quereres e posições éticas/estéticas de quem compõe um júri. Creio que nosso resultado foi o melhor possível, mesmo tendo consciência de que obras e projetos incríveis ficaram de fora. Mas costumo extrair dessas experiências de júri muito aprendizado, uma nova visão geral do que ocorre no nosso país-continente e muitos novos nomes para minhas pesquisas curatoriais. Por fim, gostaria de agradecer à organização do evento pelo primoroso trabalho, a meus colegas de comissão pela troca tão inspiradora e a todes artistas que participaram desta seleção. Mais do que nunca precisamos nos ver como uma grande comunidade que vai além das burocracias da arte.
É preciso aprender a ouvir o tempo Luciara Ribeiro
2022, ano político de extrema importância para o país, ano marcado pela disputa dos próximos passos de uma nação que há séculos envereda em estratégias de manutenção das violências. Em todos os níveis da vida, aqui impera um enorme ringue entre a vida e a morte, forçando passagens ou renascimentos. 2022, ano de relembrarmos rituais de celebração das narrativas que predominam na história e nas artes. Bicentenário de uma falsa independência e centenário de um encontro de amigos que se autodeclararam modernos. Por que precisamos lembrar de 1822, 1922 e 2022? Qualquer resposta que venha para esta pergunta estará presa à enganadora concepção de “memória coletiva” e de “identidade” atrelada à nacionalidade. Que coletividade, memória e identidade são essas, que se impõem e reforçam de tempos em tempos? Não há como passarmos por este ano sem questionarmos os “22’s”, sem observarmos como eles estão refletidos em diversos setores. Participarmos da comissão de seleção do 11º Salão de Artes Visuais Victor Meirelles nos ajudou a unir os tempos. Evento dedicado àquele que foi um dos narradores visuais da cenografia colonial de identidade nacional. Sua obra mais conhecida, A Primeira Missa no Brasil, foi realizada em 1861, ano em que o Brasil sustentava a desumanização de seres humanos sob os regimes da escravidão e da imposição religiosa. Meirelles foi extremamente explorado pelos livros didáticos que, incansavelmente, ilustram episódios da invasão colonial, ocorrida há mais de 300 anos antes de sua pintura. E talvez, para mim, se torna quase impossível pensar no artista sem lembrar de tal narrativa. Obviamente, Meirelles e sua produção não se limitam a isso, há
outros pontos que pesquisadores de sua obra possam levantar. Entretanto, no imaginário de integração dos “22’s” esta posição é inevitável. Talvez este também tenha sido um dos motivos que levaram à nomeação deste Salão, que teve 10 edições entre 1993 e 2008, passando por um intervalo de 13 anos, sendo retomado agora. É provável que a visão conservada ao artista tenha sido influenciadora. Afinal, quem poderá estar ao lado de tal nome? Sobre isso, recorremos aos dados que compõem a história desta mostra. Entre os premiados das 10 edições anteriores, identificamos pouca preocupação com a definição dos corpos e das narrativas que eles traziam. Os arquivos revelam que não foram realizadas análises de perfil dos selecionados, premiados e julgadores. Porém, realizando uma breve observação dos nomes, podemos levantar algumas suspeitas, entre elas, e como já imaginado, poucas presenças femininas, de artistas de fora da região Sul do país e do eixo Rio-São Paulo e de origens étnico-raciais não brancas. A retomada deste já consagrado evento das artes catarinenses não poderia voltar sem observar criticamente qual narrativa para as artes está sendo construída. Foi empenhados nisso que observamos cuidadosamente as qualidades artísticas de cada trabalho, as discussões levantadas e as contribuições que suas autorias traziam. “Ouvir o tempo” é entendermos que precisamos romper com práticas de perpetuação de violências, imposições históricas e permanências coloniais. “Ouvir o tempo” é procurarmos maneiras de encerrarmos a trilogia dos “22’s” sem avançarmos para mais centenários, mas quebrá-la e esfacelá-la em estilhaços de uma história que nunca foi homogênea.
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Apesar ou por causa Paulo Miyada
Existe uma lacuna inerente ao fazer artístico, que vive a cada dia o embate com o que escapa à linguagem, tanto em sua enunciação quanto em sua recepção. Essa lacuna, é verdade, faz parte da vida de todas as pessoas, mas o campo da arte é um daqueles em que ela se faz tangível, ativa – pois com ela se luta, apesar ou por causa da consciência de que ela se transforma, mas não deixa de existir. Existe uma contradição palpável no fazer artístico que se dá em lugares e tempos de desmanche dos pactos cívicos, de visibilidade obscena e contínua da miséria e da violência, de desenvolvimento desigual e patológica acumulação de recursos. Tal contradição, entretanto, permeia todos os afazeres, com a particularidade de que o campo da arte, o qual por definição transborda o atendimento funcional de encomendas e contratos, oferece a seus agentes uma oportunidade de operar, apesar ou por causa dessa contradição, inclusive colaborando para tornar sensíveis redes de sentido, motivação, continuidade e ruptura que alcançam aquilo que não cabe no espetáculo das notícias de nossa tragédia diária. E existe, ainda, uma promessa elusiva no fazer artístico, que, ao colocar em jogo afetos, memórias, desejos e sensibilidades, oferece a chance de compartilhar alteridades e criar reconhecimento onde só havia estranhamento... só que, também, constitui uma das mais efetivas maneiras de dar forma compartilhável à complexidade, ambivalência e opacidade das pessoas e de suas identidades. Essa promessa elusiva seria de fato uma armadura
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vital para as verdadeiras diferenças que, como dizia Éduard Glissant, precisam ter seu direito à opacidade preservado, sobretudo quando há efetivo interesse em estabelecer conexões e trocas culturais. No caso da arte, apesar e por causa dessa opacidade, existe um canal efetivo de reconhecimento da diversidade dos povos, das línguas e das subjetividades. *** O processo de seleção do 11º Salão Nacional Victor Meirelles foi uma oportunidade para que compartilhássemos entre nós, perante as centenas de proposições enviadas, o apalpar de tantas conjunções – aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas – que permeiam o labor de quem faz arte no Brasil hoje. Toda seleção é parcial, tentativa, incapaz de abarcar a complexidade do universo que se apresenta, mas acredito que foi possível refletir a tenacidade de artistas de diversas partes do país, a pluraridade das vozes que não querem se calar, ainda que saibam que nem todo o seu fôlego será compreendido, que nem sempre parecerá que faz sentido continuar, que há partes de seu ser que resistirão a qualquer tentativa de tradução ou representação. Cabe agora ao público exercer sua própria obstinação de apreender sentidos e sentimentos, apesar e por causa dos desafios das linguagens artísticas. Isso, por si só, já seria motivo para desejar longa vida ao renascido Salão Nacional Victor Meirelles.
Salão de Arte Victor Meirelles, narrativas contemporâneas que nos afetam em 2022 Ricardo Resende
Se não for dos mais antigos modelos de exposições, pelo menos é dos mais longevos. Sabemos que surgiram no final do Século XVIII, espalharam-se e popularizaram-se no Século XIX. Foram palco de grandes polêmicas no final daquele século e começo do XX. Perduraram ao longo deste século, sempre em meio a muitos questionamentos estéticos e éticos. Mas continuaram e ainda entraram no Século XXI como fórmula eficaz de mostrar e lançar novos artistas e apresentar o que de mais novo andam fazendo, democraticamente, de qualquer lugar de um país continental como o Brasil. O Salão Victor Meirelles, organizado pelo Museu de Arte de Santa Catarina, é dessas exposições que têm uma importância sem dúvida para a disseminação da arte na cidade de Florianópolis, no Estado de Santa Catarina e para todo o Sul do país, com destaque na cena artística brasileira. Criado em 1993, ficou sem edições por quase 14 anos, e não cabe perguntar aqui o porquê da sua não realização, pois o importante agora é a sua retomada em 2022, momento em que carecemos de mais e mais arte e cultura. Momento em que devemos ficar alertas e fortalecermos a arte e a cultura como essenciais para nossa humanidade, que podem ampliar a maneira de percebermos o mundo. A arte e a cultura como manifestações humanas essenciais para nossa sobrevivência na coletividade e com esperança. Foram selecionados 25 artistas com suas propostas que fizeram do Salão Victor Meirelles uma expo-
sição fiel ao que há de mais atual na arte brasileira, trazendo ao público todos os debates e premências da arte contemporânea para o Museu de Arte de Santa Catarina. Depois de um trabalho, que poderia afirmar, criterioso da comissão de seleção entre os 560 inscritos de todo o país, nomes como o de Raquel Stolf, Carlos Asp, Sérgio Adriano H., Amanda Melo e Bruno Faria, artistas já consagrados na cena artística brasileira, juntos de nomes dos muito jovens que iniciam suas carreiras artísticas como Rafael Black, Djuly Gava, Jan M. O., Antônio João Gonzaga Amador, Fran Favero e Romy Huber. Nunca foi tão atual pensarmos a importância da arte como algo estruturante da nossa sociedade e da nossa essência humana. Como o crítico de arte Mário Pedrosa disse um dia, em uma palestra em 1946, no contexto de uma exposição do ateliê dos artistas do Engenho de Dentro, hospício onde atuou a psiquiatra revolucionária Nise da Silveira, a “arte como necessidade vital”. A arte é uma necessidade vital para a sobrevivência humana. Com a exposição pronta, o Salão Victor Meirelles, nesta sua edição de 2022, traz o debate da racialidade, de gênero e da resistência política como poéticas artísticas, trazendo também as consequências da opressão pandêmica pela qual passamos nos últimos três anos, cumprindo mais uma vez sua missão, a apresentação do que poderíamos chamar de mais necessário para nossa compreensão da arte contemporânea brasileira.
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ARTISTAS PREMIADOS Amanda Melo de Mota
da série Cosmografia – Ponta das Canas, 2017 da série Cosmografia – Pedra trono, 2018 da série Cosmografia – Sem título, 2019 Fotografia 50 x 80 cm
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da série Cosmografia – Chama, 2019 da série Cosmografia – Escudo, 2018 Fotografia 80 x 120 cm
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ARTISTAS PREMIADOS Sérgio Adriano H.
Pavor – Negro, 2019 Instalação – 5 livros Caldas Aulete Dicionário colado e recortado com a palavra PAVOR e NEGRO 28 x 5 x 19 cm (cada)
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Série História do Brasil, 2020–2021 Fotoperformance – Impressão sobre tecidos; objetos de parede – livros História do Brasil colados, pintados, letras recortadas de dicionários, fotografia da performance Palavra Tomada Ordem e Progresso e colagem de D. Pedro 60 x 300 cm
Lorem ipsum
Negro_a. Preto, 2019 Impressão em lona | 5 definições de “Negro” retiradas dos dicionários da língua portuguesa 250 x 250 cm respirARnegro, 2021 Impressão em papel | Nova definição para Dicionário da língua portuguesa de Negro_a. Preto 25 x 25 cm
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ARTISTAS SELECIONADOS Aline Brune
Dos encontros impossíveis sem sonho ou pintura, 2019 e 2020 Pintura sobre fotografia de Diegos Jesus 29,7 x 21 cm | 21 x 29,7 cm | | 21 x 29,7 cm
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Tem um monte de Oxum no SUS, 2019 Pintura sobre fotografia 18 x 25 cm (cada)
Priscila Rezende
Gênesis 03:16, 2017 Fotografias impressas em papel fine art 36 x 54 cm (cada)
Provérbios 10:01, 2021 Vídeo 11 min 33 s
Gênesis 03:16, 2017 Performance – figurino e maquiagem de acervo da artista e uma Bíblia 40 min
Agosto, 2020 Videoperformance 32 min 22 s
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Rafa Black
Ó o relo!, 2021 Tintas mistas sobre tecido 130 x 165 cm O baile é na mesma hora do culto, 2021 Tinta de tecido e acrílica sobre tela 160 x 157 cm Domingo no racha do Lídia, 2021 Tintas mistas sobre tecido 83 x 89 cm Paternidade, 2021 Tintas mistas sobre tecido 160 x 155 cm Funkeiros, 2021 Tintas mistas sobre tecido 90 x 83,5 cm
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Morena
A natureza não é lobo do homem Videoarte Atuação e texto/poesia: Morena Direção/fotografia, vídeo e edição: Ian Wapichanha Roteiro: Ian Wapichanha e Morena
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Rudolfo Auffinger e Keythe Tavares
do peito da pele, 2019 Videoinstalação Narração: Francisco Mallmann Poema: o que faremos com ele, de Francisco Mallmann, 2018 Elenco: Adriano Costa Vespa / Bernardo Stumpf / Bianca Petersen / Camila Jorge / Daniel Furtado / Daniel Marques / Daniel Valenzuela / Eunice Terres / Fernando Ribeiro / Gal Monte Freire Camelo / Gustavo Alerrandro Artigas / Heitor Terres Guiraud / Katia Costa / Lucas Siqueiro Valério / Majo Rockenbach de Farias / Marcia Franco das S. Silva / Marcos Guiraud / Miss G / Neide Marela / Princesa / Ricardo Marinelli / Raquel Bombiere / Roney Hoffmann / Semyramys Monaster / Silvester Neto / Sofia Terres Guiraud / Victor Hugo Santos 9 min 28 s
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Bruno Novaes
Manual de conduta de corpo docente, 2018 Nanquim sobre papel Políptico com 10 desenhos de 35 x 30 cm cada, livreto de distribuição gratuita, 12 páginas, 15 x 10 cm
Pequeno Jardim de delícias, 2019 Aquarela e grafite sobre papel algodão – 24 aquarelas de plantas com algum grau d e toxidade cultivadas em frascos de caráter domésticos 24 x 18 cm (cada)
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Milla Jung
Segunda Natureza, 2021 Instalação em néon 40 x 160 cm
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Segunda Natureza, 2021 Vídeo 12 min
Deserto de real - projeto para constituição da imagem IV, I e V, 2009 Fotomaquete 15 x 20 x 10 cm
Noara Quintana
Mata Cerrada (Guambé, Sucuri e Cacau) – Série Belle Époque dos Trópicos, 2022 Organza de seda, látex natural, tinta acrílica, algodão e metal 130 x 110 cm
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Claudia Zimmer
JARDIM INTERNO, 2022 Instalação – 67 peças porcelana, vidro e madeira 35 x 160 x 45 cm
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Lia Cunha
Etnografia do Barranco, 2022 Fotografia digital, cianotipia, desenho à lápis carvão, colagem e cerâmica, carimbo/relevo seco 13 x 18 cm
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Fran Favero
(a)Hendu/Escutar, 2019 Publicação de artista (manipulável pelo público) 21 x 14,8 cm Como falar entre fronteiras, 2016 Publicação de artista com faixa sonora em mini-CD. Publicação desdobrável (manipulável pelo público) 15 x 10 cm Inundação, 2015 Vídeo, Full HD, cor, som 2.0 4:29 min
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Raquel Stolf
1 – de silêncios do fundo de uma lagoa / Projeto lacuna [escuta aérea], 2013–2021 Vídeo 12 min 36 s 2 – de vista aérea da lagoa, com cerca de arame farpado / Projeto lacuna [escuta aérea], 2013–2021 Vídeo 2 min 48s 3 – dos arredores da lagoa / Projeto lacuna [escuta aérea], 2013–2021 Vídeo 1 min 40 s
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Luiza Baldan
Estofo, 2017 22 matrizes de fotopolímero e texto 27 x 39,5 cm (cada)
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Rodrigo Zeferino
Série O grande vizinho, 2017 e 2018 Fotografia impressa em papel de algodão com pigmentos minerais. Molduras cinzas 80 x 120 cm
Transe Maquínico Videoinstalação 7 min 47 s
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Romy Huber
novo-vídeo, 2020 Instalação – monitor, CPU, arquivos de papelão, quadros de vídeos e capturas de telas (gif animado) 1 min 40 s Caça-palavras, 2020 Vídeo 8 min 02 s
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Luana Navarro
Eu gosto de chupar manga, mesmo, 2018 Vídeo 15 min Eu gosto de chupar manga, mesmo, 2018 Fotografia Impressão fine art 20 x 30 cm
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Amador e Jr. Segurança Patrimonial LTDA
Cartão de visita, 2021 Croqui da performance – Nanquim sobre papel 21 x 29,7 cm
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Pode vir, 2021 Croqui da performance – Nanquim sobre papel 21 x 29,7 cm
Kauê Garcia
Arrivistas, 2020 – em andamento Impressão offset 59,4 x 42 cm
Nação (Elon Musk), 2021 Papel moeda, impressão, acrílico 19 x 8 cm
Atrito, 2019 Vinil 7′, lixa e adesivo 18 x 18 cm
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Bruno Faria
Versão Oficial, 2017 Aparelho toca-discos, disco de vinil e desenho de Regina Vater Dimensões variadas Falha, 2020 Copo souvenir, água e madeira Dimensões variadas
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Djuly Gava
Museu, 2021 Registro fotográfico de intervenção urbana em filme 35mm em preto e branco 121 x 208 cm
Ilharga, 2017 10 fotografias em preto em branco – impressão offset sobre papel 20 x 15 cm (cada)
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Jan M.O.
Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, 2022 Objeto: bandeiras com sublimação digital em tecido, costura e ilhós aprox. 65 x 795 cm
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Mônica Vaz
Série sem título, 2020 Técnica mista 21 x 29,7 cm O que nos subleva, 2021 Animação em rotoscopia 6s
Arde, 2021 Livro de artista feito com colagem, recorte e impressão fechado: 29,7 x 21 cm aberto: 29,7 x 42 cm A vida já era morte, 2021 Livro de artista feito com recorte e letraset fechado: 18,7 x 9,2 cm aberto: 18,7 x 55,7 cm
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ARTISTA SELECIONADO | SALA ESPECIAL Carlos Asp
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Asp-artista-fractal Juliana Crispe
Com 72 anos de idade, Carlos Asp tem cinco décadas de dedicação e imersão em seu processo criativo. Sua obra é uma relação intrínseca entre arte e vida, exclama a temporalidade, fala sobre a existência de si na relação com o outro. Asp é artista andarilho-nômade de personalidade ímpar, artista-fractal, que pensa a estrutura de sua obra reaplicável infinitas vezes, mantendo a força motriz da criação como máquina desejante para suas composições e formando novas estruturas a partir de suas (re)invenções. A produção do artista atravessa a poesia, o desenho, a palavra, a apropriação e a reconfiguração; aponta também para a paisagem, os lugares, as pessoas, as relações, ciência e erudição, e desdobra a experiência conjuntamente com a ficção. Asp é paisagem-ambulante, paisagem-metamorfoseante, paisagem-recombinante, como assim também é sua obra. Apesar da multiplicidade, o desenho e a poesia visual parecem tomar conta dos modos de produção de Carlos Asp. Palavra-desenho rompe a fronteira do tempo para atravessar os tempos possíveis, em anacronismo, desvio, vertigem, aproximações dos personagens ao espectador e em teias de afetos. Asp é narrador das suas histórias, repetidas várias vezes, e ao contar faz da diferença e repetição um processo gestual. Do artista errante, andarilho, irrompe um processo vigoroso de produção, baseado em materiais descartados de seu cotidiano, como embalagens, bulas, caixas de remédios: os papéis reaproveitáveis se tornam suportes de suas obras. O artista converte-se em exposições ambulantes, pois sempre carrega consigo pastas lotadas de
cadernos, papéis com seus desenhos acabados ou por fazer, materiais. Todo e qualquer espaço é lugar para criação e para possível mostra, ação esta que é marca do artista, para quem o conhece. Suas obras em deriva também se perdem em muitos lugares, voltam ou não: Asp esquece coisas pelo caminho no mesmo movimento em que coleciona, cata, resgata o que pode ser matéria para seus gestos. Pensar a obra de Asp é pensar idas e vindas, retornos, atalhos, desapegos, transposições. Folhas, cadernetas, pequenos textos, desenhos, sinalizam a tentativa de retenção do tempo, mesmo que de modo anárquico. O artista faz da sua obra casa deslocada, sempre em trânsito. Reside dentro de um circuito e está em vários lugares, dentro e fora. Citacionista-Situacionista, evoca diálogos entre artistas, obras, poesia, música, ciência, arte, notícias, história, ... Retoma a si mesmo, retornando para palavras e obras desenvolvidas tempos atrás, ou se influencia pelo lugar, pessoas, o agora, que se desdobra em muitos tempos também produzindo jogos relacionais, situações como disparos para suas ações não destinadas apenas aos espaços museológicos ou institucionais. Citações implícitas ou explícitas, obras de diferentes períodos e estilos criam um contexto para pensarmos toda a sua produção como uma grande imagem de múltiplas camadas que parece estar em processo e em diálogo com a vida. A relação com a natureza também é um dos temas em suas obras. Asp fala sobre paisagens, sobre lugares que passa e transita, sobre a Ilha de Santa Catarina, que parece ser o lugar de refúgio do artista andarilho-nômade.
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página em processo: obras e legendas Carlos Asp faz de sua obra fractais que operam por recombinações, em estados de impermanências e de incompletudes, pois, tanto para o andarilho como para o nômade, nada é preenchido por completo, é sempre o desejo da busca que ocasiona as
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deambulações. O artista faz da arte-pensamento uma potência em constante movência. No movimento, artista e obra parecem bailar num céu estrelado, sem carta estelar fixa, que se refaz constantemente e cria novos céus, novas constelações.
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ARTISTA HOMENAGEADO | SALA ESPECIAL João Otávio Neves Filho, Janga Janga
Fernando Lindote
Janga é o epicentro da renovação que aconteceu na cena das artes visuais na transição dos anos 1970 para os anos 1980 em Santa Catarina. Ele aglutinava os anseios de renovação da nova geração e a vontade de manutenção das gerações anteriores. Sua obra se desdobrava em múltiplas direções: podemos assinalar a cuidadosa produção de desenhos, pinturas, objetos, esculturas e também aspectos performáticos de seu pensamento - presentes na atuação como curador de exposições, movimentos de classe e textos críticos. Há uma característica recorrente em sua produção: a vontade de renovação e abertura à experimentação e uma preocupação com a manutenção da tradição, o que o colocava sob o foco constante das forças em combate na produção das artes visuais em Santa Catarina. Janga sabia que não precisava agradar nem a uns nem a outros. E era no fulcro desse embate onde melhor operava. Quando retornou ao estado, depois de seus estudos no Rio Grande do Sul e São Paulo, realizou obras onde podemos perceber esse confronto. Assimilando questões propostas pela Pop e pela arte conceitual, Janga relacionou fundamentos dessas correntes internacionais com a tradição da ilha. Esse espaço de tensão se depurou no desenvolvimento de sua obra visual ao longo de sua trajetória, assim como na sua atuação como crítico, através de seus textos sempre combativos. A ausência de Janga se faz sentir no tecido das produções teóricas e práticas da região. O conjunto da sua obra demanda uma pesquisa de grande envergadura, assim como a necessidade de uma ampla exposição de seu trabalho, que esta homenagem no Salão Victor Meirelles nos ajuda a não esquecer.
Itacoatiara, 1991* Encáustica sobre madeira 119 x 79 cm Sem título, 2001* Areia e óleo sobre madeira 109 x 69 cm Sem título, sem data* Óleo sobre lona 93 x 130 cm Todas estas obras pertencem ao acervo do MASC
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SALAS EXPOSITIVAS
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ABERTURA | 11 o SALÃO NACIONAL VICTOR MEIRELLES 09 de maio de 2022
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BIOGRAFIAS
ADMINISTRADORA DO MASC Susana Bianchini (1958 – ) nasceu em Brusque/SC, vive e trabalha em Florianópolis/SC. Administradora do MASC – Museu de Arte de Santa Catarina. Artista visual formada pelo Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Sua trajetória inclui exposições de pintura no Brasil e no exterior. Como gestora cultural teve passagem no Museu Histórico de Santa Catarina, Gerência de Políticas de Cultura na Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte. COMISSÃO DE SELEÇÃO Cristiana Tejo (1976 – ) nasceu em Recife/PE, vive e trabalha em Lisboa/Portugal. Doutora em Sociologia (UFPE) e Cogestora do projeto e espaço NowHere, em Lisboa. É investigadora do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa e foi pesquisadora do projeto Artists and Radical Education in Latin America: 1960s and 1970s. Faz parte do time curatorial do Panorama da Arte Brasileira 2022 do MAM-SP e é Cocuradora da Residência Belojardim, no Agreste de Pernambuco. Foi Coordenadora-geral de Programas Públicos da Fundação Joaquim Nabuco (2009 – 2011), Cocuradora do 32º Panorama da Arte Brasileira do MAM – SP, Diretora do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (2007-2009), Curadora de Artes Plásticas da Fundação Joaquim Nabuco (2002-2006), Curadora do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (2005-2006) e Curadora da Sala Especial de Paulo Bruscky na X Bienal de Havana. Foi membra dos Comitês de Indicação PIPA 2010, 2011, 2013, 2014 e 2019. Fernanda Magalhães (1962 – ) nasceu e vive em Londrina/PR. Artista, Fotógrafa e Performer. Professora de Artes na Universidade Estadual de Londrina (1991-2020). Pós-doutora pelo LUME – UNICAMP (2016) com a pesquisa Grassa
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Crua. Doutora em Artes pela UNICAMP (2008) com o projeto Corpo Re-Construção Ação Ritual Performance. Recebeu o VIII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia 1995 MinC/Funarte pelo Projeto A Representação da Mulher Gorda Nua na Fotografia. Suas obras integram acervos de instituições como a Maison Europèene de la Photographie em Paris, França; o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; a Coleção Joaquim Paiva de Fotografia, no MAM RJ; e o Acervo do Projeto Armazém, Florianópolis, SC. Juliana Crispe (1982 – ) nasceu e vive em Florianópolis/SC. Curadora-Geral e Curadora de Montagem do Salão Nacional Victor Meirelles/MASC, 2022. É Professora, Curadora Independente, Pesquisadora, Arte-educadora e Artista Visual. Desenvolve projetos curatoriais desde 2007, tendo participado de mais de uma centena de exposições, com destaque em SC, e também atuado nos estados de SP, RJ, PR e RS. Tem Pós-Doutorado no PPGAV/UDESC, Doutorado em Educação pelo PPGE/UFSC, Mestrado em Artes Visuais pelo PPGAV/UDESC, Licenciatura em Artes Visuais pelo CEART/UDESC e Bacharelado em Artes Plásticas também pelo CEART/UDESC. Participa de Conselhos e Comissões em Editais de Artes Visuais. É membra do Conselho Deliberativo do MASC – Museu de Arte de Santa Catarina e da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte. É Coordenadora do Espaço Cultural Armazém – Coletivo Elza. Luciara Ribeiro (1989 – ) nasceu em Xique-Xique/BA, vive em São Paulo/SP. É educadora, pesquisadora e curadora. Mestra em História da Arte pela Universidade Federal de São Paulo e pela Universidade de Salamanca. Tem Graduação em História da Arte também pela Universidade Federal de São Paulo. Interessa-se por questões relacionadas à decolonização da educação e das artes e pelo estudo das artes não ocidentais, em especial as africanas, afro-brasileiras e ameríndias. Atualmente é docente no Departamen-
to de Artes Visuais da Faculdade Santa Marcelina. Paulo Miyada (1985 – ) nasceu e vive em São Paulo/SP. É curador e pesquisador de arte contemporânea. Possui Mestrado em História da Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, pela qual também é graduado. Desde 2015 é Curador-geral do Instituto Tomie Ohtake, onde ingressou em 2010 como Coordenador do Núcleo de Pesquisa e Curadoria. Atua como Curador adjunto do Centre Pompidou, foi Curador adjunto da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro, mas eu canto (20192021) e Assistente de Curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010). Integrou a equipe curatorial do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (2011-2013) e foi Curador adjunto do 34º Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP (2015). Entre suas curadorias, destacam-se AI-5 50 ANOS – Ainda não terminou de acabar (2018) e Anna Maria Maiolino – PSSSIIIUUU... (2022). Ricardo Resende (1962 – ) nasceu em Guaranésia/MG, vive em São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ. Curador, Mestre em História da Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), tem carreira centrada na área museológica. Trabalha desde 1988 em instituições como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a FUNARTE – Rio de Janeiro e o Centro Cultural São Paulo, quando desempenhou as funções de arte-educador, produtor de exposições, museógrafo, curador assistente, diretor, diretor-geral e curador de instituição. Curador do Projeto Leonilson, de 1996 a 2017. De 2017 a 2020, foi Curador da Fábrica de Arte Marcos Amaro, em Itu, São Paulo. É Curador do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea desde 2014, no Rio de Janeiro.
ARTISTAS SELECIONADOS Aline Brune (1991 – ) nasceu e vive em Salvador/BA. Artista visual, pesquisadora e atriz. Mestra pelo PPGAV-EBA/UFBA e Bacharela em Artes Visuais pela UFRB, Aline Brune explora a pintura sobre fotografias – dentre outras técnicas – para a concepção de trabalhos que lidam com aspectos das relações entre Sonhos, Ancestralidade e Memórias. Amador e Jr. Segurança Patrimonial Ltda., projeto formado pelos artistas Antonio Gonzaga Amador (nasceu em 1991 no Rio de Janeiro/RJ) e Jandir Jr. (nasceu em 1989 no Rio de Janeiro/RJ), com a série de propostas performáticas realizada em instituições de arte pelos próprios artistas trajados com uniformes de segurança, e tem seus problemas centrais vindos das relações entre instituições como essas e as pessoas que trabalham cotidianamente em suas salvaguardas. Bruno Faria (1981 – ) nasceu em Recife/ PE, onde vive e trabalha. Seus projetos partem sempre de uma operação conceitual ou contextos específicos e são apresentados em diferentes mídias como desenho, fotografia, instalação, intervenção, escultura. Passado, presente e futuro são vistos como fonte de pesquisa em sua produção. Bruno Novaes (1985 – ) nasceu em São Bernardo do Campo/SP, vive e trabalha em São Paulo/SP, entre artes visuais, poesia e educação. Tem Licenciatura em Arte pela Faculdade Belas Artes de São Paulo, e especialização em Artes Visuais pela UNESP. Em sua prática, olha para identidades, memórias e afetos das margens, misturando o que é público e o que é íntimo em contranarrativas que borram ficção e realidade. Seu trabalho acontece, sobretudo, por meio da palavra e do desenho, como instalação, publicação e processos de encontro. Claudia Zimmer (1968 – ) nasceu em Florianópolis/SC, vive em Blumenau/SC.
Licenciada em Artes Plásticas (UDESC), mestre e doutora em Artes Visuais (UFRGS). Possui Pós-Doutorado em Processos Artísticos Contemporâneos (PPGAV-UDESC). É docente e pesquisadora do Instituto Federal Catarinense na área de Artes Visuais. Interessa-se por questões relacionadas à paisagem, pelo deslocamento na arte contemporânea, bem como por títulos e topônimos, desenvolvendo trabalhos em instalação, fotografia, vídeo e outros meios. Djuly Gava (1995 – ) nasceu e vive em Florianópolis/SC. É artista visual, diretora e produtora de cinema independente. Mestra e graduada em artes visuais, participa de exposições e feiras de arte desde 2013. Seu trabalho investiga o tema da cidade e o deslocamento enquanto prática artística com obras que se desenvolvem no campo das publicações impressas, fotografia, vídeo e cinema experimental. Fran Favero (1987 – ) nasceu em Chopinzinho/PR, vive e trabalha em Florianópolis/SC. É artista visual, professora e curadora. Cresceu em uma zona fronteiriça e pesquisa as relações de fronteiras que permeiam territórios, corpos e memórias, atuando no campo dos multimeios. Participa de exposições coletivas desde 2011. É mestra e graduada em Artes Visuais pela UDESC, com intercâmbio para a UQÀM, em Montreal, e atualmente é professora colaboradora do Departamento de Artes Visuais da UDESC. Jan M. O. (1986 – ) nasceu no Rio de Janeiro/RJ, vive em Joinville/SC. É artista visual, graduado em Design Gráfico. Em seus trabalhos desdobra-se sobre questões que perpassam a vida pessoal e a vida coletiva, em um processo que explora diferença e repetição, palavra e imagem. Na diferença daquilo já posto, a forma toma-se como dinâmica e faz girar pelo movimento o que se pensa sobre a vida, sobre intensidades e transformações contínuas. Em sua trajetória constam obras em acervo, prêmios e participação em mais de
80 exposições entre coletivas, bienais e residências artísticas no Brasil e em países como Argentina, Colômbia e Espanha. Kauê Garcia (1984 – ) nasceu em Campinas/SP, vive e trabalha em São Paulo/SP. Graduado em Artes Visuais pela PUCC e mestrando em Poéticas Visuais e Processos de Criação pela UNICAMP. Participou de diversas exposições como: 1º Frestas – Trienal de Artes (2014, Sesc Sorocaba/ SP), Estamos Aqui (2022, Sesc Pinheiros, São Paulo/SP), Hábito/Habitante (2021, EAV Parque Lage, Rio de Janeiro/RJ), Dizer Não (2021, Ateliê397, São Paulo/ SP), Multitude (2014, Sesc Pompeia, São Paulo/SP), Mostra Verbo (2019, Galeria Vermelho, São Paulo/SP), entre outras. Lia Cunha, Salvador (1987 – ) nasceu, vive e trabalha em Salvador/BA. É artista visual, pesquisadora, designer e editora. Graduada em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia. Mestranda junto ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia. Desde 2016 coordena projetos de publicações da editora Duna. Em seus projetos artísticos navega entre os territórios da palavra e da imagem e investiga processos colaborativos transdisciplinares em coletivos multiespecíficos. Vem participando de diversas feiras, exposições coletivas e residências artísticas nos últimos anos. Luana Navarro (1985 – ) nasceu em Maringá/PR, vive e trabalha em Curitiba/PR. Desenvolve trabalhos com fotografia, vídeo, performance e publicações. Sua produção recente parte de contextos políticos específicos e propõe um jogo a partir da imagem da artista e as possibilidades de deslocamento de discursos e presenças. Em 2018, publicou o livro Estalactites na garganta, pela editora Urutau. Estudou Fotografia Contemporânea no Centro de la Imagen, na Cidade do México, e realizou Mestrado em Processos Artísticos Contemporâneos na UDESC. É uma das idealizadoras do espaço cultural Alfaiataria, em Curitiba.
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Luiza Baldan (1980 – ) nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro/RJ. É Doutora e Mestra em Linguagens Visuais pela UFRJ (BR 2020/2010), e bacharela em Artes Visuais pela FIU (EUA, 2002). Desde 2000, além do trabalho como artista, colabora com instituições de arte e espaços independentes como professora, produtora e curadora. Publicou os livros Derivadores, em 2016, e São Casas, em 2012. Atualmente vive entre Portugal e Brasil. Morena (1999 – ) nasceu em Brasília/DF, é cria do cerrado e neta da caatinga, radicada em São Sebastião/DF. É artivista e permeia em todo espaço em que há sopro para o fazer. É poeta, artista visual, produtora cultural, educadora social, fotógrafa e caminha por outras linguagens, as quais mistura em suas criações. Define sua feitura, a arte, como um mecanismo sociopolítico de comunicação e educação, e é nesse movimento que vem traçando sua caminhada enquanto artista. Mônica Vaz (1982 – ) nasceu, vive e trabalha em Belo Horizonte/MG. É bacharela em Artes Visuais com habilitação em Artes Gráficas, pela EBA/UFMG. Doutora no Programa de Pós-Graduação em Artes/UFMG, onde pesquisou imagens de violências de Estado na América do Sul. Interessa-se pelas relações texto-imagem, arte-política e arte-história. Milla Jung (1974 – ) nasceu, vive e trabalha em Curitiba/PR. É fotógrafa, artista visual e pesquisadora em artes visuais, tendo exposto seu trabalho pela América Latina e Europa. Atualmente investiga questões sobre imagem e esfera pública a partir da relação entre práticas artísticas e políticas da imagem. Tem Doutorado em Poéticas Visuais pela ECA-USP e Mestrado em Teoria da Arte pelo CEART-UDESC. Atualmente é parceira na Editora Miradas e da Plataforma “Comunidade, Imagem e Esfera Pública”.
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Noara Quintana (1986 – ) nasceu em Florianópolis/SC, vive e atua entre Florianópolis e Los Angeles/EUA. Artista visual, sua pesquisa concentra-se na materialidade de objetos cotidianos e nos índices de histórias do Sul Global que carregam. Através de instalações e esculturas, seu trabalho aponta para trocas econômicas, formas arquitetônicas e narrativas contrárias ao legado de um imaginário colonial. Priscila Rezende (1985 – ) nasceu, vive e trabalha em Belo Horizonte/MG. É artista visual graduada em Artes Plásticas pela Escola Guignard-UEMG (Belo Horizonte/MG). Desenvolve trabalhos em performance, instalação, vídeo, fotografia e objeto. Raça, identidade, inserção e presença do indivíduo negro e das mulheres na sociedade contemporânea são os principais norteadores e questionamentos levantados no trabalho de Priscila Rezende. Partindo de suas próprias experiências, limitações impostas, discriminação e estereótipos são expostos em ações corporais viscerais, que buscam estabelecer com o público um diálogo direto e claro. Rafa Black (1991 – ) nasceu e vive em São Paulo/SP. Frequentou o curso de Design Gráfico na Universidade Mackenzie, entre os anos de 2011 a 2015, foi bolsista PROUNI, é artista visual que tem como práticas a gravura e a pintura. Pesquisa as subjetividades e pluralidades periféricas e afro-brasileiras. Seu trabalho parte do afeto, identidade e pertencimento como meio de representar as relações na periferia. Estuda como os corpos coexistem diante da moda e seus símbolos, e investiga a construção de novas narrativas de masculinidades e paternidades negras. Raquel Stolf (1975 – ) nasceu em Indaial/ SC, vive e trabalha em Florianópolis/ SC. Artista e professora nos cursos de Artes Visuais do DAV e PPGAV do Centro de Artes da UDESC. Possui Mestrado (2002) e Doutorado (2011) em Artes
Visuais pela UFRGS e Licenciatura em Artes Plásticas (1999) pela UDESC. Seus projetos investigam relações entre processos de escrita, situações de escuta e experiências de silêncio. Coordena o selo Céu da boca e edita publicações como Mar paradoxo (2016), Fora [do ar] (2004) e publicações coletivas, como Anecoica (2014-2022) e Sofá (2003-2011). Rodrigo Zeferino (1979 – ) nasceu em Fabriciano/MG, vive e trabalha em Ipatinga/MG. A fotografia e o vídeo são as bases instrumentais para a construção dos trabalhos de Rodrigo Zeferino, tendo a paisagem como principal tema. Começou a fotografar na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas, em 1998. Seus trabalhos discutem questões contemporâneas diversas, mas está no cerne de todos eles o propósito de evidenciar como a geoeconomia mundial – e suas reverberações na industrialização, urbanização e exploração ambiental – impõe situações de condicionamento a várias camadas da sociedade, que são forçadas a se submeter a circunstâncias pouco favoráveis à existência humana, e do ambiente como um todo. Romy Huber (1999 – ) nasceu em Jaraguá do Sul/SC, vive e trabalha em Itajaí/SC. É artista visual formada em Produção Audiovisual pela UNIVALE. Pesquisa relações entre Artes Visuais e Cinema, aparatos e tecnologias de vídeo, corpo privado e público, lesbianidades, e presença e ausência, a partir de procedimentos de documentação, anotação, arquivo e edição com desdobramentos em vídeo, gif, texto e performance. É membra do Crivo Coletivo. Rudolfo Auffinger e Keythe Tavares Rudolfo Auffinger (1988 – ) nasceu em Joaçaba/SC. É diretor, montador, produtor e videoartista. Graduado em Cinema e TV pela UNESPAR e Publicidade e Propaganda pela Universidade Positivo. É diretor integrante do coletivo audiovisual Rachadura (www.rachadura.com) e como
freelancer, há 10 anos, realiza trabalhos em cinema como Primeiro Assistente de Direção, Montador e Produtor. Keythe Tavares (1990 – ) nasceu em Uruaçu/GO, vive atualmente em Recife/ PE. É bem do meio do cerrado, nascida em Goiás e criada em Tocantins. Hoje, trabalha e vive de escrita, colagem e projetos audiovisuais. Entre seus trabalhos autorais recentes estão: Do peito da pele (2019), um filme experimental com codireção de Rudolfo Auffinger e a partir do poema “O que faremos com ele”, de Francisco Mallmann; Até o caroço (2020), publicação com colagens e poemas desmembráveis; e Heranças (2021), livro de poemas publicado pela Editora Urutau. ARTISTA SELECIONADO – SALA ESPECIAL Carlos Asp (1949 – ) nasceu em Porto Alegre/RS, vive e trabalha entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Começou sua trajetória nos anos 1970. Foi aluno, em cursos livres, de artistas como Paulo Porcella, Danúbio Gonçalves, Carlos Vergara, Paulo Roberto Leal, Tomoshigue Kusuno, entre outros. Em Porto Alegre, fez parte do Nervo-Óptico, importante grupo da arte brasileira dos anos 1970. Nos anos 1980 cursou Educação Artística na Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Em 1987/1988 recebeu o prêmio Aquisição do 10º Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Foi convidado para o Salão Victor Meirelles, para a Bienal do Mercosul e para a Bienal Internacional de Curitiba, no ano de 2019, com exposição individual em homenagem aos seus 70 anos. Nesta edição de 2022, Carlos Asp recebe uma sala especial para apresentação de seus trabalhos.
ARTISTAS PREMIADOS
ARTISTA HOMENAGEADO
Amanda Melo da Mota (1978 – ) nasceu em São Lourenço da Mata/PE, vive e trabalha entre Recife/PE e São Paulo/ SP. Graduada em Artes pela UFPE. Trabalha em um território construído entre arte, cura, educação e ações sociais com objetos, ferramentas poético-terapêuticas, fotografias, desenhos e pinturas. A pesquisa se desenvolve de forma recorrente nas relações entre paisagem, natureza e corpos femininos, gênero, corpos racializados, encontros com grupos que alimentam suas investigações e estabelecem dinâmicas capazes de integrar práticas terapêuticas possíveis de se desdobrarem em visualidades e vivências poéticas. Com grande atuação no campo artístico, participou de diversas exposições em importantes espaços e projetos no cenário nacional. Em 2022 é premiada no 11º Salão Nacional Victor Meirelles.
Janga – João Otávio Neves Filho, (1946– 2018) nasceu em Florianópolis/SC, tendo atuado em todo cenário nacional. Janga, como era conhecido, teve forte ligação com a arte e a cultura, com vasto currículo no campo das artes visuais, curadoria de exposições, crítico de arte, divulgação e promoção da arte catarinense e artista plástico. Foi o idealizador da galeria de artes Casa Açoriana: Artes e Tramoias Ilhoas, em 1985, em Santo Antônio de Lisboa. Também foi membro do Conselho Estadual de Cultura. Cursou Artes Plásticas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programação Visual na Fundação Armando Álvares Penteado, xilogravura com Anna Carolina, litografia com Antonio Grosso e arte contemporânea com Romanita Disconzi. Dirigiu a ACAP (Associação Catarinense dos Artistas Plásticos) de 1982 a 1986. Atuou no Conselho Estadual de Cultura por três mandatos. Era também membro da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte e integrou o Grupo Nossarte. Por quatro vezes foi membro do júri no Salão Nacional Victor Meirelles.
Sérgio Adriano H. (1975 – ) nasceu em Joinville/SC, vive e produz entre Joinville/SC e São Paulo/SP. Artista visual, performer, pesquisador. Formado em Artes Visuais, é Mestre em Filosofia. Com trabalhos em objetos, fotografia e vídeos, a prática do artista propõe discussões sobre temas existenciais pensados dentro do sistema simbólico chamado “verdade”. Essas abordagens envolvem vida e morte, identidade racial, violência, invisibilidade e apagamento social. A crítica política e social é marcante nesta poética forjada permanentemente na experiência de campo, na crua realidade, na provocação alcançada pelas performances, instalações e objetos criados justamente para fazer pensar. Suas representações abarcam assuntos delicados e pouco refletidos pela sociedade, provocam um deslocamento necessário à reflexão sobre instâncias educativas e as ditas normatividades e modelos tradicionais. O artista contabiliza mais de 130 exposições. Em 2022 é premiado no 11º Salão Nacional Victor Meirelles.
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11o Salão Nacional Victor Meirelles Realização Museu de Arte de Santa Catarina Coordenação Susana Bianchini Curadoria Juliana Crispe Conservação e Acervo Álvaro Henrique Fieri Izabella Cavalcante Luisa May Lautaro Ferrari Ação Educativa Maria Helena Rosa Barbosa Marcello Carpes Sérgio Da Silva Prosdócimo Sofia Santos Pesquisa e Documentação Débora Judite Fernandes Eliane Prudêncio da Costa Apoio Administrativo Felipe Antônio da Rosa Kleber Marcos da Silva Identidade Visual Moysés Lavagnoli da Silva Fotografia Márcio Henrique Martins Montagem e Iluminação Anézio Antônio Ramos Flávio José Brunetto Produção Arturo Valle Junior Marina Tavares da Cunha Melo Studio de Ideias Gestão e Produção Cultural
Artistas participantes Aline Brune Amador e Jr. Segurança Patrimonial LTDA Amanda Melo da Mota Bruno Faria Bruno Novaes Carlos Asp Claudia Zimmer Djuly Gava Fran Favero Jan M.O. Kaue Lopes Lia Vaquer Luana Navarro Luiza Baldan Morena Mônica Vaz Milla Jung Noara Quintana Priscila Rezende Rafa Black Raquel Stolf Rodrigo Zeferino Romy Huber Rudolfo Auffinger e Keythe Tavares Sérgio Adriano H. Comissão de Seleção Cristiana Tejo Fernanda Magalhães Juliana Crispe Luciara Ribeiro Paulo Miyada Ricardo Resende Comissão de Organização Susana Bianchini – Coordenação Fernando Lindote Felipe Antônio da Rosa Maria Helena Rosa Barbosa Rosane Martins Fernandes
Catálogo 11o Salão Nacional Victor Meirelles Organização Juliana Crispe Susana Bianchini Coordenação Editorial Juliana Crispe Susana Bianchini Maria Helena Rosa Barbosa Felipe Antônio da Rosa Produção Arturo Valle Junior Marina Tavares da Cunha Melo Studio de Ideias Gestão e Produção Cultural Projeto Gráfico e Diagramação Paula Albuquerque Revisão Textual Sergio Meira Fotografias Volo Filmes & Fotografia Márcio Henrique Martins Imagens de divulgação/autoria dos artistas
M9866 Museu de Arte de Santa Catarina 11º Salão Victor Meirelles/ curadoria Juliana Crispe; textos de Juliana Crispe; Susana Bianchini... [et.al]. Florianópolis: Museu de arte de Santa Catarina, 2022. 60p. Il; 26,5cm x 23cm. Período expositivo: 09 de maio a 03 de julho de 2022. ISBN: 978-65-998135-0-4 1.Museu de Arte de Santa Catarina – Catálogo. 2. Arte Contemporânea. I. Crispe, Juliana. II. Crispe, Juliana. III. Bianchini, Susana. IV. Tejo, Cristiana. V. Magalhães, Fernanda. VI. Ribeiro, Luciara. VII. Miyada, Paulo. VIII. Resende, Ricardo. IX . Lindote, Fernando. X Titulo. CDD 709.81 (Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Débora Judite Fernandes Alves - CRB 14/1098)
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