1 minute read
Prólogo
Este não é um livro de ensaios no sentido tradicional do termo, tampouco há uma ideia apresentada e desenvolvida de forma linear e nem mesmo uma tentativa de defender uma tese ou convencer. Talvez este livro se aproxime mais de uma longa conversa, fragmentos que se estendem no tempo da escrita e no espaço das páginas, ideias que seguem e retornam em espiral, sem necessariamente atingirem um ponto de chegada. Uma conversa arejada para que o leitor construa suas próprias conexões. Uma conversa de linhas que se interceptam, criando alguns nós, mas que também se afastam, traçando caminhos diferentes. Talvez a melhor metáfora seja o jogo, um ensaio modelo-para-armar, com várias peças: algumas reflexivas, outras informativas, algumas biográficas (ou ficcionais?), outras ficcionais (ou biográficas?).
Quanto à temática, apesar de passar por uma série de assuntos, da biologia ao cinema ou da antropologia à jardinagem, a linha que tudo alinhava é uma só: a literatura. Mais especificamente, a pergunta: o que pode a literatura? Que horizontes ela alcança? Ou, mais especificamente ainda: o que pode a literatura em um mundo em colapso, assombrado pelo aquecimento global, pandemias, ascensão da extrema-direita, aumento da miséria, entre outras tragédias? Em suma, em uma realidade na qual tudo parece mais urgente que a literatura? Não há uma única resposta a essa questão, mas certamente acredito que a literatura pode nos ajudar a abrir clareiras e vislumbrar, coletivamente, a construção de outras realidades. Caminhos que passam pelo nosso profundo desejo de vida, ficção e arte.