VILA NOVA DE FAMALICÃO 10.02.18 // WWW.JN.PT
Pelos caminhos de Portugal, concelho a concelho, o RADAR TERRA A TERRA propõe-se a aproximar as autarquias dos munícipes e do público. Vamos divulgar os diversos eventos festas, feiras, turismo, gastronomia
A VOZ AOS MUNICÍPIOS PARA UM MUNDO SEM FRONTEIRAS NESTA EDIÇÃO
P. 04 | ENTREVISTA
Paulo Cunha, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
VILA NOVA DE FAMALICÃO
Artes e negócios são os grandes atrativos Guia para conhecer Vila Nova de Famalicão, localidade da região norte, no distrito de Braga. Terra de escritores, faz jus ao passado com os olhos postos no futuro. A Casa-museu Camilo Castelo Branco, a Casa das Artes e o Centro Português de Surrealismo são apenas alguns exemplos. Outrora gigante do têxtil, quando, há duas décadas, todos vaticinaram a morte do setor, Famalicão deu a volta por cima e regressou ainda mais pujante. Atraiu e atrai grandes empresas, aposta na inovação e tem já no turismo de negócios uma das suas marcas.
P. 03 | CULTURA
De Camilo ao surrealismo, uma viagem pelas letras e pelas artes
P. 07 | LAZER
Espaços verdes e Casa das Artes
02 | CULTURA
Artes e letras num concelho pujante
Camilo Castelo Branco
FAMALICÃO NÃO PODE SER SÓ ENCARADA COMO UMA REGIÃO DE INDÚSTRIA. O EXEMPLO QUE ESTABELECE ENQUANTO POLO CULTURAL PODE – E DEVE – SER REPRODUZIDO POR OUTRAS REGIÕES
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erra de Alberto Sampaio, Cupertino Miranda, Bernardino Machado, Camilo Castelo Branco e D. Jorge Ortiga, Vila Nova de Famalicão não parou no tempo. Outrora espelho da pujança do têxtil, deu a volta por cima, apostou no conhecimento e na cultura e é, hoje, orgulhosamente, terra de oportunidades em franco crescimento. Nasceu a 1 de julho de 1205, altura em que D. Sancho I deu foral “aos que haviam de povoar o reguengo de Vila Nova”. Com uma localização privilegiada no noroeste português, no centro de um nó que liga ao Porto, a Braga, a Barcelos, a Guimarães, à Póvoa de Varzim e a Santo Tirso, e a dois passos da Galiza, cedo se impôs. Com quase 138 mil habitantes, espalhados pelas 34 freguesias, mantém bem viva a sua história. A casa do escritor Camilo Castelo Branco, hoje transformada em casa-museu, é apenas um dos exemplos, num concelho que tem dez espaços museológicos, entre os quais o Museu do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda, o Museu de Bernardino Machado, o Museu da Indústria Têxtil e o Museu Ferroviário de Lousado. E, porque a história começa muito lá atrás, da pré-história subsistem a mamoa de Vermoim, os castros de Penices (Gondifelos), de Santa Tecla (Oliveira de S. Mateus) e das Ermidas (Jesufrei) e, já da ocupação romana, a Villa Romana de Perrelos.
Da arte românica ficaram as igrejas de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso, do Mosteiro de Landim e de S. Tiago de Antas. Do século XIX, as marcas da força da indústria têxtil na região e os palacetes – de que é exemplo o do Barão da Trovisqueira. O concelho adaptou-se. Apostou na investigação científica e na tecnologia. Hoje, é o terceiro município mais exportador do país, casa de empresas de áreas tão diversas, como a Continental Mabor, a ROQ, a Leica, a Salsa ou a Primor Mas, Famalicão não é só passado e indústria. A Casa das Artes é apontada como exemplo a seguir como polo de atração turística, com uma programação cultural contemporânea que rivaliza com os grandes centros urbanos. O Parque da Devesa, com 27 hectares, atravessados pelo rio Pelhe, o seu anfiteatro ao ar livre e a Casa do Território são ponto de visita obrigatória. E porque a viagem no tempo vai, com certeza, abrir-lhe o apetite, a gastronomia é, por ali, prato forte. O bacalhau à lagareiro, o cabrito assado, o cozido à portuguesa e os rojões com papas de sarrabulho fazem parte da ementa típica. O Carnaval, a Festa da Flor e a Feira das Trocas (maio), as Antoninas (9-13 de junho), a Feira Grande de S. Miguel e a Feira de Artesanato e Gastronomia (setembro) são alguns dos eventos mais importantes.
CULTURA | 03
CULTURA
De Camilo ao surrealismo
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amilo Castelo Branco é, provavelmente, o maior cartão de visita de Vila Nova de Famalicão. Ali nasceu e ali, na casa de S. Miguel de Seide, escreveu algumas das mais belas páginas da literatura portuguesa. Em Seide, a casa é, hoje, museu vivo e um dos pontos de paragem obrigatória. Agora, a Rota Camiliana já dá os primeiros passos. Construída no início do século XIX por Manuel Pinheiro Alves, a casa de Seide foi morada do autor de “Amor de Perdição” desde 1863 até 1 de junho de 1890, altura em que ali haveria de pôr termo à vida. Devolvida à traça original, abriu portas, em 1958, e é, hoje, uma das mais antigas e vivas casas-museus do país. Espalhados pelo espaço estão mobiliário, peças de escultura, pinturas, objetos pessoais de Camilo e Ana Plácido, mais de 3500 livros, muitos dos quais de edições de originais, manuscritos, cartas e, claro, a sua biblioteca particular. Mais do que uma viagem pela vida do romancista, a casa é memória viva de Camilo, contada na história de cada quarto, cada objeto, cada livro, cada carta. A visita completa-se com o Centro de Estudos Camilianos, espaço didático e pedagógico, desenhado por Siza Vieira, que ali tão bem casa o passado e o presente, na divulgação de Camilo. De vez em quando, por ali, há “Noite de Insónia”. Conversa-se sobre livros e textos do autor. A próxima é a 7 de março. Agora, Famalicão e o Porto lançam um novo projeto: a Rota Camiliana. Tirando partido dos quase cinco milhões de passageiros que, por ano, chegam à Invicta, a ideia é criar um roteiro pelos espaços ligados à vida e obra de um dos maiores romancistas portugueses. Camilo leitor na Biblioteca Pública do Porto, Camilo escritor na Cadeia da Relação (hoje Centro Português de Fotografia), onde esteve, por duas vezes, preso, Camilo editado na Livraria Lello (onde foram
impressas muitas das suas obras) e Camilo imortal na Irmandade da Lapa (onde, para além do corpo de Camilo, estão guardados objetos, manuscritos e correspondência do escritor). O passeio completa-se com uma visita ao espaço onde passou grande parte dos seus dias: a casa de Seide, ali à distância de uma curta viagem de comboio. A rota, lançada em março de 2017, começa, agora, a ganhar força. Mas, porque Famalicão é terra de contrastes, por ali ganha também forma o futuro Centro Português do Surrealismo. O espaço é a “cereja em cima do bolo”, num trabalho de mais de 40 anos, feito pela Fundação Cupertino Miranda. Ali, em pleno centro da cidade, vive, embora muitos não saibam, o maior acervo surrealista português, com obras já cedidas aos melhores museus do mundo, como o tríptico “A Vida”, de António Carneiro, cedidas por estes dias ao Museu Rainha Sofia, em Madrid. Ali, há obras de nomes como Mário Cesariny (a Fundação foi herdeira de todo o recheio de sua casa), Artur Cruzeiro Seixas, Eurico Gonçalves, Paula Rêgo ou Vieira da Silva e vão ter casa nova. As obras no edifício da Fundação, explica o presidente, Pedro Alves Ribeiro, já começaram, num investimento estimado de 2,5 milhões de euros para concluir em cinco anos. Nesta primeira fase, o espaço de museu passará para o primeiro andar do edifício, num novo espaço com 700 metros quadrados e “as condições que sempre sonhamos”, quer de exposição quer de conservação do espólio. O Centro de Estudos do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda já lá está há muito e recebe cerca de 20 mil visitantes por ano, mas a coleção vive espalhada pelos seis andares da torre, revestida com painéis da autoria de Charters de Almeida, e disposto em espiral. Ao longo dos anos, o acervo – pintura, escultura, objetos, desenho e
fotografia – foi crescendo e é, hoje, o maior do país. São mais de três mil obras de 130 artistas. Entre as últimas aquisições, explica Alves Ribeiro, estão mais de 300 obras de Júlio, a série de fotografias de Fernando Lemos dos grandes poetas do século XX. Agora, é tempo de colocar Famalicão na rede internacional de surrealismo e fazer do novo Centro uma “marca diferenciadora” da cidade. Com a casa nova, que abrirá portas no final de maio, surgirá uma programação regular, com exposições, projetos de itinerância, visitas guiadas, oficinas e uma nova dinâmica na biblioteca e livraria especializadas.
04 | ENTREVISTA
“As empresas acreditam no território” PAULO CUNHA, PRESIDENTE DA CÂMARA DE VILA NOVA DE FAMALICÃO, DESTACA OS FATORES MAIS INOVADORES DO CONCELHO
Famalicão é, hoje, o concelho com a melhor balança comercial do país, com uma taxa de desemprego muito abaixo da média. A que se deve esta atratividade? Resiliência e capacidade de focalização. Ou seja, enquanto muitos territórios consomem muita energia a discutir o quanto são diferentes, nós consumimos energia a dar força aos nossos pontos fortes. Somos o terceiro maior exportador do país, o maior exportador do Norte, o que tem melhor saldo positivo na balança comercial e um dos que tem menor taxa de desemprego (um pouco acima dos 6%, quando a média nacional anda acima dos 8%). Em dezembro de 2017, tínhamos cerca de 4500 desempregados e, em setembro de 2013, tínhamos mais de 11 mil! A causa é difusa. Não é uma pessoa. É a qualificação dos recursos humanos, a competência das escolas,
a capacidade de arriscar dos empresários. É toda esta cumplicidade que ajuda a explicar o sucesso. O nosso volume de importações é da ordem dos mil milhões de euros e o de exportações está perto dos dois mil milhões. Ora, isso é sinal de que temos processos produtivos muito competentes, mas, acima de tudo, temos trabalhadores muito qualificados e empresários arrojados e com capacidade de arriscar.
cos, Funcionais e Inteligentes) e que temos as maiores empresas do setor. Não temos as fábricas com três ou quatro mil trabalhadores. Temos muito menos trabalhadores, mas mais produtividade, mais qualidade e mais mercados. Continuamos a produzir o básico, mas, hoje, o nosso têxtil não é só vestuário. É também aeronáutica, é automóvel, é saúde, é segurança, é desporto.
Quais são os principais setores económicos? Em tempos foi têxtil. Depois veio a crise, mas, hoje, há um têxtil diferente… É verdade. Contra todas as projeções que se faziam há 20 anos, o têxtil está cá, a dar cartas e a inovar. Não é por acaso que temos cá centros de competências, como é o caso do CITEVE e do Centi (Centro de Nanotecnologia e Materiais Técni-
Como é que marcas como a Continental Mabor ou como a Leica vêm parar a Famalicão? Há 40 anos, empresas da fileira alemã como a Continental, a Leica, chegaram cá por razões que se prendiam com a localização e com qualificação dos nossos recursos humanos. A indústria da precisão sempre esteve presente em Famalicão. A “Reguladora” (relojoaria) foi uma verdadeira incubadora na formação
de recursos. Permitiu que empresas como a Leica fossem bem-sucedidas em Famalicão. Apostamos nessa fileira e essa aposta continua. Hoje, temos mais de 50% dos nossos alunos do secundário a frequentar cursos profissionais. É muito acima da média nacional e é um sinal que damos às empresas. Mas, mais do que encontrar razões para perceber porque é que essas empresas para cá vieram, é preciso perceber porque é que elas continuam a investir no território, a trazer novos projetos, centros de competências e de base tecnológica, quando, em muitos concelhos, muitas vieram atrás de mão de obra barata e foram embora. É um sinal de que acreditam no território. Embora a Câmara não seja o investidor, é um parceiro fundamental? Estamos certos que sim. Há muitas coisas que a Câmara pode fazer
ENTREVISTA | 05 e que têm uma leitura positiva. Às vezes, diz-se que as empresas escolhem o território pelo dossiê fiscal. É importante, mas não é assim tão importante. Por exemplo, ainda recentemente assinámos um protocolo com a Infraestruturas de Portugal, onde o município vai comparticipar novas vias de acesso ao parque industrial que, doutra forma, não seriam executadas. Para empresas como a Continental que, diariamente, têm 500 ou 600 camiões a circular, a condição das estradas conta. Depois, há investimentos como a qualidade do nosso parque escolar, apostas na formação profissional, na cultura e no desporto que criam condições para que, quem vive no concelho, tenha qualidade de vida. A qualidade de vida de uma pessoa afeta o seu rendimento. E, portanto, toda esta envolvente, que é uma competência da câmara, tem repercussões. A Câmara não pode ser a instituição burocrata a cuja porta se bate quando é preciso uma licença.
CICLOVIA, MERCADO E CINE TEATRO PARA AVANÇAR AINDA ESTE ANO Este novo quadro comunitário vai abrir uma nova porta. Famalicão tem 17,5 milhões de euros no âmbito do PEDU. Para investir em quê? Temos três áreas essenciais: mobilidade, equipamentos sociais e apoio às comunidades desfavorecidas e regeneração urbana. Destacaria três obras: na mobilidade, a ciclovia Famalicão-Póvoa de Varzim, que vai reabilitar a antiga linha férrea, criando condições para que ela seja utilizada por peões e ciclistas, recuperando uma via que está na memória dos famalicenses e aproximando Famalicão do Litoral; e depois mais duas grandes apostas na regeneração urbana: o Mercado Municipal e o Cineteatro Narciso Ferreira, em Riba de Ave. No caso do Mercado, além de recuperarmos o antigo conceito de praça com os produtos frescos, queremos ter um novo conceito, dar uma oportunidade a pequenos produtores locais, que doutra forma não conseguem chegar ao consumidor. Os mercados mudam as cidades e nós queremos que o Mercado mude a cidade, traga mais pessoas, que as aproxime do comércio local. Depois, o Cineteatro Narciso Ferreira que merecerá também uma reabilitação. Aquela é uma zona do concelho que tem sido fustigada por problemas ligados à Educação e, mais recentemente, o encerramento dos CTT. Queremos fazer um investimento de contraciclo. Vai trazer
cultura, iniciativas, projetos culturais para aquela região, que não é só a vila de Riba de Ave, é uma confluência de três concelhos: Famalicão, Guimarães e Santo Tirso. Vai permitir o crescimento e o desenvolvimento daquela região.
A qualidade de vida de uma pessoa afeta o seu rendimento. E, portanto, toda esta envolvente, que é uma competência da câmara, tem repercussões
A obra na ciclovia começa já? Ao longo do primeiro semestre deste ano, queremos que os concursos fiquem concluídos, para que as três obras comecem no segundo semestre. Criou a Comissão Municipal de Proteção da Pessoa Idosa. É um problema que o preocupa em Famalicão? A tendência do envelhecimento é inexorável. A ideia desta Comissão é juntar diferentes parceiros, para que o que se faz na saúde, na área social, mobilidade, desporto e cultura, seja concertado. Queremos que todas as entidades que trabalham esta temática se unam à Câmara para que a nossa resposta seja integrada e, mais do que dar resposta aos problemas que existem, possamos antecipar e evitar muitos outros. O Centro Português de Surrealismo vai ser um atrativo de Famalicão? Enorme, estou seguro. Os legados de que a Fundação foi credora, de Mário Cesariny, de Cruzeiro Seixas, entre outros, são sinais claros do potencial que o seu acervo surrealista tem. Estamos seguros de que o circuito de pessoas curiosas e interessadas neste setor vai aumentar. E por falar em polos de atração, a Casa das Artes é, reconhecidamente, um modelo a seguir, num espaço que se julgava impossível fora do Porto ou de Lisboa… E sem apoios estatais, é bom reconhecê-lo. O ano passado, foram mais de 90 mil os que passaram pela Casa das Artes, o que significa que, ano após ano, continua a ter capacidade para crescer, com nova dinâmica, projetos arrojados e 100% financiada pelo orçamento municipal. Quanto é que custa por ano ao município? Só a programação está acima de meio milhão de euros. Mas há que somar os custos com pessoal, a manutenção, já para não falar no investimento que se fez na sua construção. E, portanto, se dissermos mais de um milhão de euros não estaremos longe da verdade. O que é que tem sido mais difícil como presidente de Câmara? Naquilo que são as nossas
competências, não tenho sentido dificuldades. Às vezes, é mais difícil o relacionamento com outras entidades, nomeadamente a nível nacional. Há matérias onde, o facto de não termos competências, faz com que seja mais difícil apresentar resultados. Dou-lhe o exemplo da saúde, nomeadamente os cuidados de saúde primários. Temos ideias para o setor. Há mais de três anos reivindicamos mais competências, mas, enquanto não as tivermos, não podemos fazer nada. A proteção civil é outro exemplo. São áreas onde sentimos que poderíamos fazer, mas não nos deixam. E o que é que é reivindicado junto da administração central? Desde logo, essa delegação de competências e um bocadinho mais de justiça com o território. Um território como o de Famalicão que produz tanto, que contribui tanto para o PIB, merecia mais atenção. E que obras estão emperradas em Lisboa? As acessibilidades. Estão a começar algumas agora. Esperamos que se concretizem. Temos reivindicações na área da cultura, como o apoio à Casa das Artes, temos o setor da museologia também a precisar de apoio, temos uma Loja do Cidadão que gostávamos de implementar. São alguns exemplos.
O que é que gostava de deixar concluído até ao final do mandato? Não tenho nenhuma ambição de obra física. Gostava de continuar a fazer este trabalho pelos famalicenses. As obras físicas terminam, mas o que não se conclui e é a minha maior ambição é o trabalho pela comunidade. Eu sou uma etapa de um processo. O que quero é que essa etapa acrescente valor. Que quando termine a comunidade perceba que está melhor, mais capaz, mais competente, que tem mais qualidade. Portanto, não me interessa a obra física. Interessa-me a dinâmica. Não gosto que aconteça o que sempre aconteceu em Portugal que é fazer-se infraestruturas e, agora, vamos ver se temos gente para elas. Isso aconteceu muito nas escolas.
O que mais gostaria é que o meu concelho aumentasse a sua população, que tivesse mais empresas, empregasse mais pessoas, que a qualificação dos recursos humanos melhorasse, que as nossas empresas produzissem mais, que houvesse mais gente a praticar desporto e a aceder à cultura… Essas é que são as minhas ambições. E está no bom caminho, porque Famalicão ganhou populaç ão entre os Censos de 2001 e 2011, acima da média nacional? E continua a aumentar. São cada vez mais os que escolhem o concelho para viver. Famílias que vêm atraídas por aquilo que o concelho é no seu todo. Isso agrada-me particularmente.
INFORMAÇÃO BIOGRÁFICA Nome: Paulo Cunha Idade: 46 anos Profissão: Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão Filiação partidária: PSD Estado Civil: Casado N.º filhos: Duas filhas Local de residência: Vila Nova de Famalicão
06 | LAZER
A APOSTA GANHA NA CULTURA
MEMÓRIAS E PATRIMÓNIO
PARQUE DA DEVESA:
27 HECTARES DE VERDE OS ESPAÇOS DE LAZER TÊM UM IMPACTO NA VIDA DOS MUNÍCIPES. FAMALICÃO EMPENHA-SE PARA QUE ESSE IMPACTO SEJA O MAIS POSITIVO POSSÍVEL
I
naugurado em 2012, o Parque da Devesa é a “joia da coroa” famalicense no que toca a espaços verdes. Situado em terrenos das antigas quintas agrícolas, envolventes à cidade, este Parque, da autoria do Arquiteto Noé Diniz, é simultaneamente pulmão verde e símbolo maior da regeneração urbana da zona nascente da cidade. Atravessado pelo rio Pelhe, junta, num mesmo espaço, as vertentes lúdica, ambiental, pedagógica e cultural. Ali, está o anfiteatro ao ar livre, a Casa do Território e o Serviço Educativo e, claro, amplos espaços verdes que se estendem pelos seus imponentes 27 hectares. Mas ele não é o único, na cidade há os jardins dos Paços do Concelho, D. Maria II e 1.º de Maio. E, entre os grandes parques, o da Juventude, em plena malha urbana, rodeados pelos principais equipamentos escolares e
desportivos da cidade, tem amplos prados e sombras, campos de jogos sempre disponíveis para a prática desportiva e, num toque de arte, o Anti monumento à Guerra. Mais à frente, entre a linha de caminho de ferro e o hospital, fica o Parque do Vinhal, nas margens de um afluente do rio Pelhe. Cheio de percursos pedonais, pontuados com pontes de madeira e bancos que convidam ao repouso e ao contacto com a natureza, tem ainda um parque infantil e um campo de jogos. Finalmente, num roteiro pelas áreas verdes, surge o Parque de Sinçães, no local outrora ocupado pelas quintas de Sinçães e da Ribeira. Está ligado ao centro da cidade por duas pontes pedonais e tem um parque radical, muito utilizado para a prática de skate. É ali que ficam dois dos principais equipamentos culturais de Vila Nova de Famalicão: a Biblioteca e a Casa das Artes .
Em pleno Parque de Sinçães fica a Casa das Artes. A caminho dos 17 anos de vida, é uma referência cultural na região, apontada como um exemplo a seguir no modelo de gestão. Já recebeu três mil espetáculos de dança, teatro e música. É casa do cinema e espaço de exposições, conferências, workshops e ateliers. Formação de públicos, abrir, da mesma forma, os braços a grandes espetáculos e aos pequenos trabalhos para nichos e para a promoção da chamada “cultura erudita”. São estas as palavras de ordem numa programação regular e diversificada, que conta, por ano, com mais de uma centena de propostas e tira partido das sinergias, através do Quadrilátero Urbano, a rede que agrega a Casa das Artes, o Theatro Circo (Braga), o Theatro Gil Vicente (Barcelos) e o Centro Cultural Vila Flor (Guimarães). Desde 2001, por ali já passaram mais de um milhão de espetadores. Em 2017, foram 90 mil. “Os Guardas do Taj”, de Rajiv Joseph, com Reynaldo Gianecchini e Ricardo Tozzi, foi o espetáculo mais visto em 2017. Duas mil pessoas em quatro dias. Esgotadíssimos estiveram também os concertos dos “The Gift” e de “Mallu Magalhães”, a peça de teatro “Quem tem medo de Virginia Woolf?” com Alexandra Lencastre e Diogo Infante, ou o bailado da Companhia Nacional “O Lago dos Cisnes”. Queria ser “a casa de todas as artes”, que “democratizava a cultura” e a aproximava de quem não vive nos grandes centros urbanos de Lisboa ou do Porto. A aposta foi ganha. A Casa das Artes formou públicos – com várias propostas para os mais pequenos, espetáculos e oficinas nas escolas, instituições e juntas de freguesias, apostou nas parcerias e coproduções, trabalhou com a comunidade local e, hoje, atrai todo o tipo de público do concelho, mas também de fora, de toda a zona Norte e até da Galiza. Para a história ficarão, em 2009, o concerto do britânico John Cale, músico dos “The Velvet Underground” ou, em 2008, o de Rufus Wainwright (Canadá) ou da norte-americana Rickie Lee Jones, que arrastaram multidões vindas de todo o lado.
EVENTOS | 07
Sugestões para turistas e residentes ATÉ QUE PONTO CONHECEMOS A NOSSA PRÓPRIA TERRA? SABIA, POR EXEMPLO, QUE UMA DAS MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS MAIS FAMOSAS DE SEMPRE, É FEITA EM FAMALICÃO?
ARTES E OFÍCIOS TRADICIONAIS
No Museu de Cerâmica da Fundação Castro Alves há centenas de peças feitas na sua Escola de Cerâmica, ao longo dos seus quase 40 anos de existência. Vasos, jarros, travessas e pratos, serviços de chá, presépios, figuras populares e pequenas esculturas são alguns dos exemplos. Por ali é ainda tradição a cestaria. O posto de turismo tem uma pequena amostra.
RANCHOS FOLCLÓRICOS
MILHARES ESPERADOS NO CARNAVAL
É uma festa de rua para todos. Não há programa, nem atores de novela ou bandas de nome sonante, mas atrai cada vez mais gente. A única regra é ir mascarado e entrar na onda. E a única certeza é que não será o único. Na noite de segunda-feira de Carnaval, dos avós aos netos, famílias inteiras, grupos de amigos ou equipas mais ou menos organizadas invadem a cidade. Bares e cafés passam para a rua, cada um com seu DJ e o centro de Famalicão transforma-se numa enorme discoteca ao ar livre, onde se dança, bebe e convive até ao nascer do dia. O fenómeno começou, há duas décadas, na rua Luís de Camões. Pegou moda e alastrou-se a toda a zona envolvente ao Parque da Juventude, onde se concentram a maioria dos bares. A festa é espontânea, para todas as idades e a todos os ritmos. Atrai milhares, vindos de toda a região Norte e até da Galiza e depois de amanhã não será exceção. Há autocarros gratuitos a percorrer o concelho rumo ao centro da cidade. Para quem vem de fora, a CP tem viagens a dois euros ida e volta nas linhas de Aveiro, Marco de Canaveses, Guimarães e Braga.
TURISMO DE NEGÓCIOS EM ALTA
O turismo de negócios é já um nicho importante em Famalicão. À boleia de empresas como a Continental Mabor (a quarta maior exportadora nacional) ou a Leica (fabricante de lentes e aparelhos óticos de precisão) chegam, ao concelho, cada vez mais estrangeiros. Vêm ver a inovação, a investigação científica, a tecnologia de ponta. O concelho tem algumas das grandes empresas nacionais que dão cartas no estrangeiro em setor como o têxtil e vestuário, as carnes, a eletrónica e a metalomecânica. E já agora, na freguesia de Calendário, a provar que a pujança vem de longe, fica o Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave.
A LENDA DE FAMELIÃO
Reza a lenda que um indivíduo de nome Famelião abrira uma venda junto à grande via que atravessava a povoação. O lugar era tão famoso que o nome ficou e daria origem a Famalicão. A explicação data do século XVIII e as primeiras referências ao nome do povoado Famalicão de 1410. Ainda assim, a lenda ficou.
São cerca 25 os ranchos folclóricos existentes no concelho, que divulgam e valorizam os usos e costumes das gentes de Famalicão. Habitualmente reúnem-se, anualmente, no Cortejo Etnográfico das Festas Antoninas, em junho, por altura do Sto. António, festa que, por ali, tem longa tradição e cujo ponto alto são, sem dúvida, as marchas populares, que, todos os anos, desfilam pelo centro da cidade, numa animada e saudável disputa entre as diversas associações do concelho.
MOSTEIRO DE LANDIM
O Mosteiro de Santa Maria de Landim, na freguesia de Landim, é um local a visitar. Com origens no início do século XII, sofreu remodelações e acrescentos nos séculos XVI, XVII e XVIII. Os claustros, o jardim, o mosteiro, o admirável teto da sala do capítulo e a igreja, onde permanece ainda o órgão do século XVIII, valem a visita.
BACALHAU E ROJÕES
A gastronomia é, por ali, tipicamente minhota. O bacalhau à lagareiro e os rojões com papas de sarrabulho são os pratos de eleição e não falta restaurantes a confecioná-los à boa maneira do Minho. Difícil por ali é mesmo escolher.
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