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Por Paula Craveiro
os últimos anos, a economia brasileira vem passando por diversas transformações, iniciadas durante a crise mundial de 2008 e agravadas pela atual situação política e econômica do país, que tem causado grandes e constantes mudanças no modo como pessoas físicas e jurídicas lidam com o dinheiro. Nesse cenário, a escassez de recursos tem se intensificado e afetado consideravelmente as organizações sociais, que agora precisam não apenas disputar contribuidores com outras entidades, como também recorrer a novas maneiras de captar fundos para se manter. Em um período tão conturbado para o Terceiro Setor, mobilizar recursos tornou-se um aspecto de grande importância no processo de sustentabilidade institucional, capaz de criar condições materiais, financeiras e de trabalho para a viabilidade do projeto político-institucional de uma organização.
Nos últimos anos, o Terceiro Setor brasileiro vem passando por uma intensa reestruturação em suas ações. Cada vez mais as organizações estão recorrendo a grandes eventos – shows, jantares beneficentes e leilões, por exemplo – como forma de captar recursos, que podem ser humanos, materiais, tecnológicos ou financeiros. “As entidades sociais estão buscando alternativas para captar fundos e, ao mesmo tempo, tentando se projetar na mídia, de modo a divulgar suas causas e alcançar o maior número possível de contribuidores. Quanto mais uma organização e seus projetos estiverem em evidência, maior será a possibilidade de serem vistas e terem suas causas reconhecidas e apoiadas”, afirma Karina Ruffo, consultora de patrocínio do Instituto Movimento Pró-Projetos. Essa necessidade de estar em destaque não se limita aos períodos de crise econômica e ao consequente “desaparecimento” dos recursos fundamentais à manutenção e à ampliação de projetos e ações; no entanto, na atual conjuntura, isso se tornou bastante importante. A visibilidade de uma organização social gera credibilidade e ajuda a promover a aproximação dela e de entes até então pouco acessados, a quem se poderão apresentar propostas e gerar parcerias.
Segundo a consultora, o país tem aproximadamente 800 fontes para captação de recursos financeiros que, juntas, mobilizam cerca de R$ 65 bilhões por ano, entre leis de incentivo, fundos nacionais, editais privados e editais públicos.
De acordo com Danilo Tiisel, advogado especialista em legislação do Terceiro Setor e diretor da Social Profit Consultoria, captar recursos constitui um processo que não deve ser compreendido como sinônimo de pedir dinheiro; é necessário alinhar essa atividade à educação pela causa. “A captação consiste num processo estruturado e bastante abrangente, que demanda um plano de ação, como uma atividade de gestão estratégica. Não basta somente solicitar um recurso; também é preciso que se saiba falar sobre a causa, de modo a tornar possível a mobilização de pessoas e de recursos, de todos os tipos, em torno dela. Toda a organização deve estar preparada, pois não é apenas um profissional que realiza a captação, mas todos os envolvidos”, explica o advogado. Tão importante quanto captar recursos é também contar com a diversificação de fundos. “Se as organizações dependem de poucas fontes, existe um risco muito grande para a sua sustentabilidade econômica, pois, se aquela fonte secar, a organização pode entrar em colapso econômico. E a gente vê isso acontecer com muita frequência no Terceiro Setor”, ressalta. De maneira sintética, Tiisel explica que existem cinco grandes fontes para a captação de recursos: 1. Indivíduos: pessoas físicas. 2. Empresas e institutos empresariais: empresas e organizações sem fins lucrativos de caráter empresarial. 3. Geração de renda própria: comercialização de produtos e serviços, eventos, fundos patrimoniais, marketing relacionado à causa etc; 4. Fontes institucionais: governos, agências, organizações laicas e religiosas, nacionais ou internacionais. 5. Fundações e organizações: pela causa, familiares e comunitárias, nacionais ou internacionais.
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Entre essas modalidades, a captação com fontes internacionais tem se apresentado como uma maneira positiva, embora ainda pouco explorada, de contornar a atual situação vivida pelo Terceiro Setor, assim como de gerar relacionamento e ampliar o leque de oportunidades de manutenção e de desenvolvimento de atividades para as organizaçþes. Â&#x2014;
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por falta de conhecimento a respeito de como buscĂĄ-los. A maioria das organizaçþes tem dificuldade na hora de identificar as fontes internacionais e de saber como ou quando recorrer a elas. A princĂpio, nĂŁo existem restriçþes significativas quanto a quem pode ou nĂŁo buscar esse tipo de recurso. â&#x20AC;&#x153;Todas as instituiçþes que estejam em dia com suas atividades e, especialmente, aquelas que possuem cadastros nos ĂłrgĂŁos competentes, estĂŁo habilitadasâ&#x20AC;?, afirma Karina Isoton, educadora em captação de recursos e palestrante da DiĂĄlogo Social. AngĂŠlica Basthi, coordenadora de comunicação da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA), porĂŠm, destaca: â&#x20AC;&#x153;As instituiçþes internacionais em geral vĂŞm solicitando que sejam respondidas algumas perguntas sobre a atuação polĂtica da organização que estĂĄ demandando o recurso, como ĂŠ feita sua prestação
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Foi-se o tempo em que os recursos disponĂveis internamente eram suficientes para garantir o pleno funcionamento das organizaçþes sociais. Hoje em dia, eles estĂŁo cada vez mais escassos. Portanto, recorrer Ă cooperação internacional tornou-se uma importante fonte de financiamento para o trabalho social. No entanto, as entidades brasileiras ainda nĂŁo se beneficiam adequadamente desses recursos
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De acordo com a educadora Karina Isoton, no Reino Unido, por exemplo, existem cerca de 300 instituições que destinam recursos a projetos realizados no Brasil. Outras fontes para captação são organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial (BM). Há ainda organismos multilaterais de crédito, bancos de exportação/importação e também bancos privados, conforme apresentado no Quadro 3.
As diretrizes utilizadas pelas agências de financiamento, organizações e fundações internacionais para efetuarem suas doações estão vinculadas a macro-objetivos, cujos interesses políticos internacionais têm forte influência em relação ao destino das verbas, geralmente grandes. Por serem organismos sofisticados e altamente profissionalizados, em certa medida se assemelham às fundações no que tange a linhas de financiamento e análise de projetos. Mas é certo que podem ser doações volumosas e fazer grande diferença no desenvolvimento da organização. “Empresas com atividades nos Estados Unidos, por exemplo, podem reverter até 10% do seu imposto de renda em projetos de responsabilidade social no Brasil. Entre as que utilizam esses recursos, estão companhias como a Vale e a Embraer. A regra principal é que a instituição que executará o projeto tenha mais de quatro anos de existência”, conta a consultora Karina Ruffo. Segundo Eelco Keij, consultor em captação de recursos com fundações norte-americanas, nos últimos dez anos, organizações brasileiras receberam mais de US$ 430 milhões (cerca de R$ 1,5 milhão)2, oriundos de fundações norte-americanas. J
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Organizações internacionais são entidades voluntárias formadas por Estados e detentoras de personalidade jurídica de direito internacional. Isso significa que organizações não-governamentais não são organizações internacionais, pois nenhum Estado está diretamente ligado a elas. Consistem em sociedades constituídas por meio de tratados, com a finalidade de buscar interesses comuns por intermédio de uma permanente cooperação entre seus membros. Assim, organizações internacionais são um conjunto de Estados possuidores de órgãos próprios capazes de exprimir vontade jurídica distinta da de seus membros.
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Embora diversas organizaçþes internacionais, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e outras, possam ter o mesmo objetivo, seus alcances territoriais serĂŁo diversos. O alcance territorial da ONU, por exemplo, ĂŠ muito grande, pois quase todos os paĂses do mundo fazem parte dela, enquanto o alcance territorial da Otan ĂŠ restrito aos Estados Unidos, ao CanadĂĄ e aos paĂses europeus banhados pelo Atlântico Norte. Os propĂłsitos das organizaçþes internacionais sĂŁo variados, sempre expressos em seus estatutos. Esses instrumentos tĂŞm a natureza jurĂdica de um tratado internacional e apresentam requisitos comuns. Entre os objetivos estĂŁo: atuar em conjunto, de maneira cooperativa, para buscar avanços econĂ´micos, sociais e polĂticos para os paĂses membros; buscar soluçþes em comum para
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resolver conflitos de interesse entre os Estados-membros; estabelecer polĂticas de cooperação tĂŠcnica e cientĂfica; determinar normas e parâmetros comuns; traçar estratĂŠgias para a resolução de problemas de urgĂŞncia, como guerras e outros conflitos militares; fiscalizar, por meio de ĂłrgĂŁos especĂficos, o cumprimento das regras instituĂdas pelos acordos e organizar reuniĂľes para a troca de experiĂŞncias, definição de novas polĂticas ou determinação de novos objetivos. Â&#x2020;
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Uma fundação ou organização internacional pode ter vĂĄrios objetivos que a faça trabalhar em parceria com fundaçþes e instituiçþes de outros paĂses. Segundo o Instituto Synergos3, organização
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sem fins lucrativos sediada em Nova York e especializada na criação de fundaçþes, entre essas razĂľes estĂŁo: Â&#x201E; a possibilidade de trabalhar com fundaçþes que a ajude a ter acesso ao conhecimento e Ă s organizaçþes locais; Â&#x201E; trabalhar com parcerias que dividam os mesmos valores e padrĂľes de responsabilidade; Â&#x201E; aumentar a sustentabilidade de suas iniciativas em outros paĂses por meio de instituiçþes filantrĂłpicas locais que deem continuidade a essas iniciativas.
por exemplo, a Japan Bank for International Cooperation (JBIC), que avaliarĂĄ a solicitação e decidirĂĄ se financiarĂĄ ou nĂŁo a ideia. Karina Isoton garante que nĂŁo hĂĄ mistĂŠrio nesse processo, mas adverte: â&#x20AC;&#x153;Ă&#x2030; preciso pesquisar com muita atenção os editais das fundaçþes e organizaçþes estrangeiras e analisar os projetos jĂĄ enviados e aprovados via site. Alguns sites disponibilizam mais do que um simples resumo do projeto financiado. EntĂŁo, ĂŠ importante atentar para como eles descrevem suas atividades e os resultados pretendidos (e obtidos), bem como o envio de material audiovisual e fotogrĂĄficoâ&#x20AC;?. A educadora salienta ainda que, na maioria das vezes, o ideal ĂŠ ser sucinto, pois o avaliador se prende aos nĂşmeros, Ă s parcerias locais fortes e aos serviços prestados Ă sociedade, como jĂĄ citado. â&#x20AC;&#x153;Esses trĂŞs itens sĂŁo extremamente importantes, pois servem como meio para que avaliador verifique como a comunidade atendida pelo projeto ĂŠ beneficiada, o que deixa de sair das esferas pĂşblicas por conta dessa parceria entre instituição e atendidosâ&#x20AC;?, completa Karina. Outro aspecto que se deve ter em mente ĂŠ que as entidades internacionais, assim como ocorre com suas parceiras, contam com suas prĂłprias polĂticas relativas a potenciais apoios. â&#x20AC;&#x153;Ă&#x2030; preciso entender que o perfil do agente que poderĂĄ doar o recurso ĂŠ diferente do brasileiro, principalmente nos quesitos fornecimento de dados e prestação de serviços tangĂveis Ă comunidade em que estĂĄ inserido. No exterior, estĂŁo sempre atentos Ă s questĂľes de
As fundaçþes e organizaçþes internacionais tĂŞm ajudado suas parceiras por meio do cofinanciamento de seus programas de doaçþes, mobilização de recursos adicionais e fornecimento de apoio tĂŠcnico e de custos operacionais bĂĄsicos. Â&#x201E;
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Antes de dar inĂcio ao processo de captação de recursos externos, as organizaçþes devem estar atentas a alguns aspectos relevantes de seu projeto, como verificar se ele atende a requisitos e diretrizes e se estĂĄ em consonância com o governo federal. Os primeiros passos a serem observados sĂŁo sua organização, seu planejamento e se o projeto estĂĄ bem estruturado. Em seguida, ĂŠ hora de descobrir o financiador ideal. Se o projeto com captação de recursos externos trata de esgotamento sanitĂĄrio, pode-se recorrer,
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balanço social, seriedade com a qual a organização atua, parceiros importantes, programas em andamento e pessoal atingido diretamente pelas açþes, enfim, os impactos reais de suas atividades para com a sociedadeâ&#x20AC;?, ela orienta. A coordenadora da ABIA, AngĂŠlica Basthi, ainda ressalta que hĂĄ critĂŠrios que variam de acordo com as agĂŞncias e seus interesses institucionais. â&#x20AC;&#x153;Existem instituiçþes que preferem apoiar projetos de cunho mais tĂŠcnico; outras optam por apoiar açþes de monitoramento; e hĂĄ ainda aquelas que disponibilizam recursos para programas de intervenção com uma dimensĂŁo voltada Ă oferta de serviços. No caso da ABIA, contamos com o apoio do MAC Aids Fund, que prioriza açþes de prevenção para jovens. Nossa dica ĂŠ que os interessados em solicitar recursos estudem bem as informaçþes disponĂveis na internet e, se possĂvel, conversem com os funcionĂĄrios dessas instituiçþes para ter uma ideia clara dos critĂŠrios e sanar todas as dĂşvidasâ&#x20AC;?, ela sugere. Â&#x201C;
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De acordo com o consultor Eelco Keij, um dos erros mais comuns ao buscar financiamento ĂŠ recorrer somente Ă s fundaçþes e Ă s organizaçþes internacionais mais famosas. â&#x20AC;&#x153;HĂĄ milhares de fundaçþes nos Estados Unidos que financiam internacionalmente, entĂŁo por que se aproximar somente das mais famosas? Uma fundação menos conhecida provavelmente poderia financiar mais uma causa e possivelmente mais rapidamenteâ&#x20AC;?, ele adverte. Outro erro, ainda mais grave, ĂŠ o desconhecimento de como o setor funciona. â&#x20AC;&#x153;Parafraseando o ex-presidente norte-americano Kennedy: nĂŁo pergunte o que a fundação pode fazer por vocĂŞ; pergunte a vocĂŞ o que pode fazer pela fundação. Em outras palavras, cada fundação tem seus prĂłprios objetivos e missĂŁo. Se
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a organização social garantir que consegue contribuir para que ela os alcance, ĂŠ mais provĂĄvel que eles os ouçamâ&#x20AC;?, afirma Keij. Segundo Fernando Rossetti, sĂłcio-diretor da organização GestĂŁo de Interesse PĂşblico (GIP), existem dez itens que devem ser evitados por todas as organizaçþes sociais que estĂŁo em busca de captação de recursos com fundaçþes internacionais. SĂŁo eles: 1. Pensar apenas na proposta que estĂĄ sendo apresentada: pensar apenas no seu prĂłprio projeto/organização sem considerar ou se alinhar com o posicionamento estratĂŠgico do potencial doador garante uma â&#x20AC;&#x153;bola foraâ&#x20AC;? e a perda do financiamento. 2. Agir como se sĂł existisse seu projeto/sua organização: acreditar que sozinho ĂŠ possĂvel mudar uma realidade pode deixĂĄ-lo, de fato, sozinho. As fundaçþes lidam com desafios complexos, como a melhoria da educação ou a garantia de direitos, por exemplo, que sĂŁo alcançados com aproximaçþes sistĂŞmicas, por meio da articulação de diversos atores. 3. Depender exclusivamente do financiamento buscado: depender demais do financiamento em questĂŁo afastarĂĄ a organização social do recurso. Uma das prioridades para os investidores internacionais ĂŠ que as entidades apoiadas sejam sustentĂĄveis. Escrever uma proposta sem sinalizar como trarĂĄ outros apoiadores para sua instituição pode demonstrar que a organização nĂŁo parou para pensar nisso. 4. Esquecer a transparĂŞncia e desconhecer o accountability: nĂŁo ter bons relatĂłrios, indicadores ou nĂşmeros deixarĂĄ sua instituição sem recursos. Governo, empresas e fundaçþes querem saber de onde vem o dinheiro, para onde ele vai e quais foram seus resultados e seu impacto. 5. Desprezar a governança e descuidar do conselho: ter conselhos fracos, sem representatividade, afasta potenciais financiadores. Uma das principais garantias de sustentabilidade e transparĂŞncia de uma organização ĂŠ ter um bom sistema de
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governança, que promova a perpetuidade de suas açþes para alĂŠm dos lĂderes de turno. 6. Ter apenas objetivos de longo prazo e intangĂveis: vender suas açþes sem delimitar os passos que serĂŁo dados a cada momento e como se medirĂĄ a evolução periodicamente nĂŁo convence um investidor. Ă&#x2030; preciso ter um planejamento rigoroso e detalhado. 7. Pensar pequeno e apenas em sua comunidade: restringir o olhar ao pĂşblico diretamente beneficiado limita as fontes de recurso. Por mais especĂfica e circunscrita que seja sua ação, espera-se que ela possa construir soluçþes capazes de ganhar escala e gerar transformaçþes que ajudem milhĂľes de pessoas. 8. Esquecer o financiador depois que o cheque foi depositado: deixar de cuidar do relacionamento farĂĄ com que a organização perca esse parceiro. O trabalho do captador nĂŁo acaba quando o dinheiro entra na conta. A fundação internacional faz uma doação nĂŁo para o projeto, mas para a relação com aquela instituição. Manter essa relação viva e aberta ĂŠ parte integral da captação. 9. Considerar o doador como um auditor: comunicar apenas as boas notĂcias gera uma mĂĄ notĂcia no fim. Confiança ĂŠ essencial na relação com os doadores institucionais, e para isso vocĂŞ precisa entender e poder defender. O doador nĂŁo ĂŠ um auditor. Portanto, ele quer e precisa que vocĂŞ tenha sucesso. Por isso, vocĂŞ tem de ajudĂĄ-lo a entender quais sĂŁo seus desafios, nĂŁo apenas os seus sucessos. 10. Deixar para amanhĂŁ: nĂŁo ĂŠ possĂvel atrasar nem perder prazo. Prazo ĂŠ algo sagrado para parceiros da cooperação. Se a
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Em mais de meio sĂŠculo de histĂłria, a CĂĄritas Brasileira tem mobilizado recursos para realizar seu projeto polĂtico-pedagĂłgico, construindo relaçþes solidĂĄrias e fortalecendo a cidadania. A mobilização de recursos junto Ă s fundaçþes internacionais tem sido uma alternativa viĂĄvel e recomendĂĄvel para a Rede CĂĄritas, que mantĂŠm relacionamento prĂłximo com muitas agĂŞncias e potencial para estabelecer novas parcerias, tanto com agĂŞncias europeias como norte-americanas. â&#x20AC;&#x153;As exigĂŞncias das agĂŞncias financiadoras internacionais quanto Ă apresentação e ao desenvolvimento de projetos e Ă gestĂŁo dos recursos ĂŠ uma realidade. Nesse sentido, a capacitação das equipes e a implantação de instrumental de gestĂŁo sĂŁo fundamentais para que a CĂĄritas possa acessar financiamentos de novas agĂŞncias. Contudo estĂĄ claro o limite da cooperação internacional para responder Ă s necessidades da CĂĄritas. AlĂŠm da necessidade de sustentação financeira, estreitar o relacionamento com a sociedade brasileira tem-se colocado como uma necessidade polĂtica, haja vista a importância de ampliar a visibilidade e a credibilidade institucionais. Ampliar ou dinamizar o acesso aos financiadores pĂşblicos e privados no Brasil ĂŠ uma perspectiva importante para a CĂĄritasâ&#x20AC;?, afirma a organização.
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Atualmente, as estratégias de mobilização de recursos públicos têm sido constantes e significativas para a Cáritas Brasileira. Esse fato não é uma situação específica dessa instituição, mas das organizações sociais no Brasil, decorrente da democratização social ocorrida nos últimos 15 anos, da insuficiência dos recursos internacionais para sustentação das organizações sociais, da abertura de linhas de financiamento vinculadas a programas de interesse do público atendido pelas organizações sociais e da definição de processos mais transparentes e organizados de linhas de financiamento. Outro exemplo é a Rede La Salle, presente no Brasil desde 1907, que integra a Província La Salle Brasil - Chile, unidade administrativa do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs, cuja missão religiosa e educacional foi inaugurada por São João Batista de La Salle em 1680 e, desde então, se espalhou pelo mundo. Segundo José Alberto Antunes de Miranda, assessor de assuntos institucionais e internacionais da La Salle, a rede começou a se movimentar em relação à elaboração de projetos para envio às agências internacionais a fim de captar recursos para suas atividades educacionais. “A fim de dar andamento à aplicação internacional de projetos, o La Salle montou, há algum tempo, um escritório de projetos internacionais que se encontram em fase de adaptações da cultura la sallista. Em outras palavras, o objetivo é mostrar o quanto é importante captar recursos internacionais, porque não se vive de mensalidade de aluno. Para ganhar mercado e notoriedade, é preciso investir em pesquisa aplicada, pois gera recursos para as empresas que buscam patentes”, afirma Miranda. A ABIA é uma organização não-governamental sem fins lucrativos que atua na mobilização da sociedade civil para o enfrentamento da epidemia de HIV e da aids no Brasil. A entidade também conta com recursos internacionais para dar continuidade aos seus projetos e atividades, conforme ©
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explica Angélica Basthi. “Nossa experiência sempre foi a mais diversificada possível. Historicamente, a associação tem tido forte envolvimento de redes internacionais, como o Conselho Latino-Americano e Caribenho de ONGs com Serviços em HIV/Aids (LACCASO). Aliás, somos hoje a instituição que coordena a diretoria executiva do grupo. São organizações no nosso campo, mas atuamos em outros países e regiões em que estabelecemos parcerias com outros tipos de instituições, com vistas a fortalecer a pressão política e a solidariedade internacional. Já firmamos também parcerias com universidades para projetos de pesquisa, cujos recursos seguiram para a universidade e foram repassados para a execução de algum projeto específico”. A Netherlands Hanseniasis Relief Brasil (NHR Brasil) é a filial de representação da Netherlands Leprosy Relief (NLR), ONG holandesa fundada em 1967 para combater a hanseníase em 14 países ao redor do mundo. A NHR Brasil e a NLR têm o compromisso de trabalhar para criar um mundo livre do sofrimento causado pela hanseníase e pela deficiência física recorrente da hanseníase, e a NHR Brasil aplica essa missão aqui. “Atualmente, mantemos parceria com duas organizações internacionais – a Campagne Internationale de L’Ordre de Malte Contre la Lèpre (CIOMAL), organização suíça que trabalha no combate à hanseníase, e a Leprosy Research Initiative (LRI), fundo combinado de várias organizações que trabalham com hanseníase no mundo. Ambas as organizações apoiam o desenvolvimento de pesquisas. A primeira apoia o desenvolvimento de pesquisa operacional em dois municípios no Piauí, e a segunda é uma iniciativa compartilhada entre os programas comunitários do Brasil e da Indonésia, por meio de pesquisa operacional participativa e emancipatória para a Reabilitação Baseada na Comunidade (RBC)”, conta a coordenadora de arrecadação de recursos Margarida Araújo Praciano.
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