Concepçoes e perspectivas pedagógicas em ead prof manuela

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Concepções e perspectivas pedagógicas na modalidade EaD Prof. Manuela Pires Weissböck Eckstein

Setor Pedagógico NEAD - UNICENTRO


O Núcleo de Educação a Distância da UNICENTRO tem se dedicado ao estudo de diferentes propostas pedagógicas que norteiam a modalidade, o que tem oportunizado analisarmos diferentes concepções que orientam tanto a organização pedagógica do professor quanto a estrutura didática do ambiente virtual de aprendizagem, onde os cursos oferecidos pela Universidade tem ganhado uma dimensão diferenciada.


Neste sentido, nosso primeiro questionamento está centrado em compreender:

Qual o significado das práticas pedagógicas na modalidade EaD? a) Conceitualmente, compreendemos as práticas pedagógicas como aquelas ações educativas que acontecem no seio da sala de aula e permitem diferentes relações: professor-aluno, alunoaluno, professor-conteúdo-aluno-metodologias. E na EaD, como funcionam? b)

Como

esta

modalidade

apresenta

especificidades

tanto

de

planejamento didático e pedagógico, bem como de tempo e espaço, pensamos que estas práticas precisam inicialmente estar alicerçadas em concepções e perspectivas pedagógicas que darão sustentação a questões mais específicas.


Neste sentido, nossa arquitetura pedagógica tem se pautado inicialmente em compreender a concepção pedagógica que orienta a organização dos nossos cursos e também as perspectivas pedagógicas que sistematizam o trabalho do professor e dos alunos com os campos de prática, as metodologias de ensino, os conteúdos e os sujeitos envolvidos na modalidade.


ARQUITETURA PEDAGÓGICA De acordo com Behar (2013, p. 184), a AP “[...] é entendida como um sistema de premissas teóricas que representa, explica e orienta a forma como se aborda o currículo e que se concretiza nas práticas pedagógicas e nas interações professor-aluno-objeto de estudo/conhecimento”. Assim, a AP constitui-se de elementos organizacionais, de conteúdo, tecnológicos e metodológicos que dimensionam a prática docente em EaD.



Concepções e perspectivas pedagógicas


1. Concepção pedagógica norteadora dos cursos em EaD da UNICENTRO: Heutagogia Almeida defende a Heutagogia como uma alternativa que sugere a “[...] autoaprendizagem na

perspectiva do conhecimento compartilhado . Tratase de um conceito que expande a concepção de Andragogia ao reconhecer as experiências cotidianas como fonte de saber e incorpora a autodireção da aprendizagem como foco nas experiências. (ALMEIDA, 2009, p. 117)


Já a defesa que Hase e Kenyon (2000) fazem da Heutagogia complementa a de Almeida (2009). Eles ponderam que a aprendizagem acontece a partir

do que é compartilhado, da construção e reconstrução de saberes .

Assim, “[...] cada pessoa é um ser de relações, constituído em suas múltiplas dimensões (histórica, social, biológica, psicológica, afetiva e política), situado em um contexto específico, que ajuda a produzir e, dialeticamente, é produzido”. (ALMEIDA, 2009, p. 98)


Neste sentido, o professor não possui um poder centralizado sobre o conhecimento. Ele cria estratégias metodológicas que possibilitem o desenvolvimento da “[...] criatividade, a busca e a seleção de diferentes contextos, o interesse em interagir, compartilhar experiências e ser co-gestor de sua formação” (ALMEIDA, 2009, p. 107)


2. Perspectiva pedagógica que define campo de prática, metodologias de ensino, materiais e sujeitos envolvidos na modalidade EaD: Situada Partindo de algumas pesquisas, como as de Filatro (2009) e Almeida (2009), entendemos que os cursos pensados a partir de uma perspectiva pedagógica situada, apresentam a seguinte visão: [...] o conhecimento está localizado na ação de pessoas e grupos, ou seja, é distribuído socialmente. Da mesma maneira que o socioconstrutivismo, a abordagem situada enfatiza o contexto social da aprendizagem [...] situação na qual o aluno aplicará a aprendizagem adquirida. (FILATRO, 2009, p. 98)


É possível, assim, compreender a aprendizagem como prática social, o que indica muito mais do que uma ação individual do aluno em obter algum tipo de informação a partir de um corpo de conhecimento, muitas vezes, descontextualizado. Em um sentido amplo, este é um processo que envolve interagir com outras pessoas, ferramentas e mundo físico.

Assim, o aluno “[...] estará sujeito às influências do ambiente social e cultural em que a aprendizagem ocorre, o que também define, pelo menos parcialmente, os resultados de sua aprendizagem.” (FILATRO, 2009, p.98).


Portanto, as ações que definem a perspectiva pedagógica situada na modalidade EaD se resumem em: a)

conhecimento

adquirido

é

conhecimento

socializado; b)

quando

tratamos

aprendizagem,

isso

de

contexto

significa

que

o

social

da

aluno

ao

socializar o conhecimento adquirido, aplica-o em sua realidade, tanto profissional quanto pessoal.


Portanto, ao observarmos os sujeitos envolvidos nesta modalidade, destacamos a defesa de Lave e Wenger (1991) quanto a criação de uma identidade por parte dos sujeitos (aluno, professor, tutor) quando participam de uma dada comunidade, o que os integra a um circuito de aprendizagem. Os docentes, neste caso, não devem se inserir apenas com a organização e o planejamento de materiais instrucionais, com os conteúdos, com as metodologias escolhidas e com os alunos que são vistos em uma rede de “[...] informação e insights que podem ser consultados para resolver problemas reais.” (LAVE E WENGER, 1991, p. 98).


Nesse sentido, ao se apropriar de um ponto de vista pedagógico situado, os docentes pensam e organizam estratégias de ensino que permitem aos alunos aplicar “[...] diversas perspectivas a um problema e assumir a postura de que, para entender o ponto de vista dos outros, é necessário dialogar e não apenas ouvir.” (LAVE E WENGER, 1991, p. 98).

Estas estratégias de ensino, devem conduzir os alunos à participação em diferentes campos de prática, conceito defendido por Barab e Duffy (2000). Para eles: [...] são entendidos como tarefas em que cada esforço é feito para tornar a atividade de aprendizagem autêntica em relação ao contexto social no qual as habilidades e os conhecimentos estão normalmente inseridos” (apud FILATRO, 2009, p. 20)


Isto significa, portanto, que o campo de prática é o espaço virtual escolhido para observar, ler, discutir e analisar os conteúdos propostos por um professor em uma dada disciplina. Estes espaços, necessariamente, precisam apresentar uma característica conectiva, ou seja, devem oportunizar o encontro com outros materiais didáticos sobre o que está sendo discutidos no AVA – Moodle, por exemplo, ou se tornar uma ferramenta de compartilhamento de materiais produzidos e discutidos por outras comunidades.


Resumidamente, a partir de uma perspectiva pedagógica situada, devemos observar:

a) a aprendizagem a partir de um diálogo cooperativo em que os sujeitos poderão trocar experiências e mostrar diferentes pontos de vista; b) professores, materiais didáticos e colegas de sala de aula como fontes de informação que podem e devem ser consultados para resolver problemas.


Perspectivas do trabalho pedagógico em EaD:

concepções behaviorista, cognitivista, sociointeracionista e conectiva


Sobre a concepção behaviorista (Teoria de ensino): De acordo com Moreira (2009), esta concepção observa o processo de aprendizagem a partir do condicionamento, baseado na relação estímuloresposta. Ela é identificada como uma tendência conhecida como comportamentalismo, uma teoria do comportamento ou análise experimental do comportamento humano que apresenta suas manifestações em diferentes condições e diferentes sujeitos.


Sobre a concepção cognitivista (Teoria de ensino): Segundo Mattar (2012, p. 18-19), essa teoria surgiu [...] a partir do final da década de 1950, cujos modelos se baseavam nas funções e nas operações do cérebro e no modo pelo qual os modelos computacionais eram utilizados para descrever ou testar a aprendizagem e o pensamento. Embora a aprendizagem ainda fosse concebida como um processo individual, seu estudo se expandiu de um foco exclusivo no comportamento para mudanças no conhecimento ou na capacidade de armazenamento e recuperação na memória individual.


Sobre a concepção cognitivista (Teoria de ensino):

Mattar (2012, p. 19) também afirma que nesta concepção, “[...] o foco é a aprendizagem individual, com liberdade para o aluno seguir seu ritmo e com a presença da docência praticamente reduzida à produção de conteúdo e avaliação”.


Sobre a concepção sociointeracionista (Teoria da aprendizagem): Segundo Mattar (2012, p. 19), “[...] baseada em Jean Piaget, sobretudo em Vigostky e Dewey, desenvolveuse em conjunção com as tecnologias de comunicação que possibilitaram, em vez de transmitir informações, propiciar oportunidades para interações entre alunos e professores”. “O locus de controle […] sai do professor, que se torna mais um guia que um instrutor, assumindo o papel essencial de desenhar as atividades de aprendizagem e a estrutura em que essas atividades ocorrem”. (MATTAR, 2012, p. 19)


Sobre a concepção conectivista (Teoria do conhecimento): Segundo Mattar (2012, p. 17), [...] o conectivismo ou aprendizado distribuído é proposto como uma teoria mais adequada para a era digital […] o conhecimento não é mais adquirido de maneira linear […] aprender não é mais um processo que está inteiramente sob o controle do indivíduo, uma atividade interna, individualista: está também fora de nós, dentro de outras pessoas, em uma organização ou em um banco de dados e essas conexões externas é que potencializam o que podemos aprender e são mais importantes do que nosso estado atual de conhecimento.


Sobre a concepção conectivista (Teoria do conhecimento): A ação pedagógica a partir da concepção conectivista vai além de consultas individuais com o professor, por exemplo, como é o caso da concepção behaviorista e de interações limitadas nos AVA's, e também da concepção cognitivista. O que se percebe, portanto, da concepção conectivista é que as discussões produzidas nos AVA's são ampliadas e isto significa que o foco pedagógico se concentra na reflexão e na distribuição dessas questões em outros dispositivos mediáticos, como blogs, grupos no Face, canais no Youtube, repositórios virtuais, entre outros.


Mattar (2012, p. 20) faz contribuições a este respeito: Ao contrário da aprendizagem em grupo, em que a presença social é muitas vezes criada pela expectativa e pela participação em atividades limitadas aos prazos institucionais, a presença social em redes tende a variar como a ascensão e queda de interesse. As atividades

dos

alunos

são

refletidas

em

suas

contribuições em wikis, Twitter, discussões de texto e voz e outras ferramentas da rede. Além disso, a presença social é mantida e promovida através dos comentários, contribuições e insights dos estudantes que participaram de cursos anteriores. A aprendizagem conectivista é assim reforçada pelo conhecimento e sinais deixados pelos outros enquanto navegam por atividades

de

aprendizagem,

como

referências

e

caminhos para o conhecimento que novos usuários podem seguir.


Neste sentido, é importante considerar que a partir da concepção conectivista, a tarefa do professor é: a) criar caminhos ou itinerários de estudo, portanto, de aprendizagem, além de dispor de um espaço com suporte didático para as interações, de tal forma que seja possível que todos os sujeitos envolvidos façam conexões para além de um único campo de prática, como é o caso do Moodle; b) o professor não é o único responsável pela definição ou

atribuição

professores

e

de

conteúdo.

alunos

Nesta

colaboram

para

concepção, criar

conteúdo de estudo e neste caminho, recriam-o.

um


Resumidamente, a concepção conectivista trata da seguinte tríade: Alunos-professor (colaboração) → Rede → Conhecimento novo e compartilhado


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