Meyer Filho
Rua dos Ilhéus, 46, sala 103 88010-560 – Florianópolis – SC tempoeditorial@tempoeditorial.com.br Copyright © 2010 Tempo Editorial Edição e direção de arte Tarcísio Mattos Texto Daisi Vogel Produçao Fernado Boppré Reproduções Pedro Alípio Catalogação e manipulação das obras Kamilla Nunes (Instituto Meyer Filho) Edição de arte João Henrique moço Revisão Sérgio Ribeiro Arquivo fotográfico e biblioteca Marchele Porto, Camila Valerim e Thayse Hingst Tratamento de imagens Vilma Marlete da Silveira Produção Gráfica Reinaldo Caruso Impressão - Gráfica Coan As obras apresentadas nesta edição pertencem aos acervos da artista, da Fundação Mundo Ovo de Eli Heil e do colecionador Ylmar Correa Neto
CIP – Dados Internacionais de Catalogação na fonte
V878m Vogel, Daisi Meyer Filho / Daisi Vogel ; editado por Tarcísio Mattos. – Florianópolis : Tempo Editorial, 2010. 80 p. : il. color. ; 23x23 cm. – (Vida e Arte, 3) Inclui fotografias. ISBN: 978-81.256.222.22 (volume 3) ISBN: 978-81.256.222.22 (obra completa) 1. Artistas – Santa Catarina. 2. Arte – Santa Catarina. 3. Arte – Brasil. 4. Arte – Fotografia. 5. Meyer Filho. I. Mattos, Tarcísio, ed. II. Título. CDD 21ª ed. 759.981 Bibliotecária responsável – Marchelly Pereira Porto CRB 14/1177
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Por Daisi Vogel
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Os desenhos e pinturas de Meyer Filho agarram o nosso olho. Eles nos desfilam seres ao mesmo tempo estranhos e maravilhosos, todos eles com rostos, ou seja, com uma curiosa expressão de gente. São, sem dúvida, seres diferentes daqueles que costumamos ver no mundo, pelo menos enquanto estamos acordados. E no entanto não são mais estranhos do que aquelas criaturas que reconhecemos como reais, logo, como normais. Essa é uma de suas delícias: diante desses desenhos e pinturas, lembramos que o maravilhoso está potencialmente em toda parte. Nós é que nos mal acostumamos a não enxergar tal óbvio. Quem conhece o trabalho de Meyer (lê-se Mayer) logo se lembra dos galos, com aqueles olhos quase humanos. São mesmo centenas de galos, em pé ou voando, garbosos ou em briga. E existem também as pedras com seios de moça ou com cara de gente, as luas múltiplas, as criaturas aladas e emplumadas de todos os tipos, quase sempre entabulando entre si algum contato curioso. É um extenso material, produzido a partir dos anos 1950 e ainda não inteiramente catalogado, em que Meyer reelabora as paisagens e os misticismos da Ilha de Santa Catarina numa síntese fabuladora singular. Ernesto Meyer Filho nasceu em Itajaí (SC), em 4 de dezembro de 1919, e veio com a família morar em Florianópolis em 1923. Ernesto Meyer, o pai, era um filho de imigrantes que estudara botânica e contabilidade em Heidelberg, na Alemanha, e se tornara sócio de uma pequena empresa de exportação. Raquel do Canto Liberato, a mãe, era filha de industrial, gostava de literatura e deixou um pequeno livro de reminiscências, de publicação póstuma, chamado Uma menina de Itajaí. Livro, aliás, que Meyer Filho, já adulto, ilustrou. O casal teve quatro filhos: Raquel, Ernesto, Vera e Alfredo. O menino Meyer Filho gostava de desenhar passarinhos, os bichos da casa (inclusive os galos de seu avô), aviões, navios, automóveis. E foi desenhando sempre, mesmo quando ainda acreditava que um dia seria agrônomo, e depois quando decidiu que estudaria Ciências Contábeis, seguindo os passos do pai. Paisagem em Coqueiros - 1958. - 32cm x 40cm. - aquarela sobre papel
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Desenhava com lápis ou caneta comuns, a partir de fotografias ou paisagens, apenas por que lhe dava gosto e por que lhe facilitava a vida escolar. O jovem Meyer Filho era um bom partido, quando se casou em 1949 com Ruth Silveira de Souza, uma filha de desembargador. Ele terminara o curso superior de Ciências Contábeis e Atuárias, em Curitiba, e já ingressara por concurso no Banco do Brasil, em abril de 1941. Era um emprego excelente naqueles anos. Sugeria uma carreira sólida e regrada, bem remunerada e segura. Meyer tentou ao limite seguir essa trajetória segura, e assim se manteve no emprego por 30 anos. Desenhava, porém, cada vez mais e melhor, no verso dos cheques, nos talões de depósito, nas fichas de compensação, em toda a sorte de papéis. Ele próprio contabilizava que tenham sido 30 mil desenhos. Um verdadeiro problema para as chefias, e houve vez em que lhe confiscaram todos os lápis e canetas. Mesmo com os carimbos, contudo, Meyer estampava imagens de galos, e às vezes se trancava no banheiro para ficar a sós com o desenho. Foi somente depois que se aposentou, em julho de 1971, que se tornou artista em tempo integral. E era isso que ele realmente desejava havia pelo menos 25 anos. Ocorrera que, em Curitiba, onde passou uma curta temporada profissional em meados dos anos 1940, Meyer viu pinturas de artistas franceses que mexeram com seu senso de arte. Assim, quando voltou a Florianópolis, ao final daquela década, ele se ligou aos artistas, escritores e jornalistas de esquerda que protagonizavam o Grupo Sul e que propunham a renovação das artes locais, que eram, em seu conjunto, preponderantemente provincianas e conservadoras. Uma das iniciativas do Grupo Sul foi trazer à cidade, em 1948, a Exposição de Arte Contemporânea, idealizada por Marques Rebelo, o escritor carioca, da qual resultou a criação do Museu de Arte Moderna de Florianópolis, atual Museu de Arte de Santa Catarina. Ainda em 1957, Meyer dedicou a Marques Rebelo um desenho de revoadas, galo em vôo vertiginoso e estrela Sem título - 1958 - 37cm x 46cm - naquim e aquarela sobre papel
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cadente. Meyer também contribuiria com ilustrações para a revista Sul, editada pelo grupo durante 10 anos. O pessoal do “Sul” se reunia na livraria Anita Garibaldi, do jornalista e escritor Salim Miguel. Discutiam política, literatura, artes e consumiam os livros que chegavam de todo o país e da Europa. Nesse período, Meyer colecionou os volumes que terão sido a influência externa mais determinante de sua formação autodidata. Em sua coleção particular constam uma Histoire de la peinture moderne, dois volumes, edição dirigida por Albert Skira; e uma Summa Artis: Historia general del arte, em 17 volumes organizados por Jose Pijoán e editados pela editora espanhola Espasa-Calpe. Meyer continuava a desenhar ferozmente. Em 1951 começou a fazer seus primeiros exercícios sobre o Boi-de-Mamão, folguedo que era então muito brincado na cidade. Enquanto isso, também produzia charges políticas ferinas para os jornais. Em 1954, produziu uma série de sete desenhos em bico de pena em que mostrava cenas e personagens do Boi. Estavam lá as bernúncias, a maricota, o vaqueiro. Os desenhos foram publicados, e Meyer se sentiu impelido a estudar mais ainda. A presença de Meyer Filho no cenário artístico da cidade começava a se tornar visível. Em 1957, fez com Heidy Assis Corrêa (1926-2001), outro artista que despontava naquela época, a primeira exposição de Pintura e Desenhos de Motivos Catarinenses. Meyer era então ainda conhecido como Ernesto, e Heidy tampouco era o Hassis que logo viria a ser. Aquela era a primeira exposição de ambos, e Meyer, agora, já experimentava a cor. Mostrou 20 trabalhos, entre bicos de pena, aquarelados e crayons. Ali já estavam os galos, que se tornariam emblemáticos em sua pintura, alguns fundos de quintal, cenas do Boi-de-Mamão e uma paisagem fantástica – as temáticas que atravessariam toda a sua produção. Ali também começava a história da criação do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis – GAPF, que foi concretizada no ano seguinte, em 1958, e ao qual Meyer presidiu. Sem título - 1959 - 38cm x 46cm - naquim e aquarela sobre papel
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O GAPF foi o lugar de encontro e de mobilização de toda uma geração de artistas. Eram nove ao todo: além de Meyer Filho, Aldo Nunes, Dimas Rosa, Hassis, Hugo Mund Júnior, Pedro Paulo Vecchieti, Rodrigo de Haro, Tércio da Gama e Thales Brognoli. Já em 1958 fizeram uma primeira exposição coletiva, com a proposição comum de mostrar algo efetivamente inédito. Percorreram várias cidades catarinenses com a exposição, e em seguida a levaram a Curitiba. Houve ainda uma segunda mostra em 1959, e depois o grupo se dissolveu. Foi um período de grande movimentação nas artes locais e de notabilização para Meyer como artista, que começou a mostrar suas obras em várias partes do Brasil. Em agosto de 1958 ele expôs no Museu de Arte Moderna de Florianópolis, naquela que foi a primeira individual de artista catarinense do museu. Mas expôs também em coletivas realizadas em Porto Alegre (1º Salão Pan-Americano de Arte), em Curitiba (a Coletiva do GAPF), em São Paulo e no Rio (Itinerante com artistas de Santa Catarina). Em 1958 e 1959 Meyer Filho organizou os dois primeiros Salões de Arte Moderna de Santa Catarina realizados fora do estado. E seu ativismo nunca cessou. Brigava pela valorização da arte, pelo reconhecimento do que era novo, e confrontou-se com toda a sorte de resistências. Em seu caso particular, ressentia-se de ser visto como um bancário maluco, metido a ser artista plástico. Era uma resistência muito local, porque ele encontrava espaço e reconhecimento em outras cidades do país. Levou mostras individuais ao Rio de Janeiro, em 1960, 1973 e 1982; a Belo Horizonte, em 1961; a São Paulo, em 1968; a Porto Alegre, em 1974; a Curitiba, em 1975; a Buenos Aires e Mar del Plata, em 1976. Em todos esses lugares, os jornais lhe reservaram páginas de boa crítica. Meyer, pessoalmente, nunca teve dúvidas acerca de seu próprio talento e mantinha uma convicção forte de que era um grande pintor. Se tinha alxxxxxxxxxxxxxxxxx - 1959 - 39cm x 34cm - nanquim e acrílica sobre papel.
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gum problema de autoestima, era decerto pela dificuldade em ser aceito assim daquele jeito mesmo que ele era. Cada um sabe, afinal, a dor e a delícia de ser o que é. Meyer era sem dúvida um espírito sensível, mas socialmente era um extravagante. Sua figura pública tendia a competir com a sua obra, interferia na apreciação. O fato é que Meyer também assumiu, terminadas as suas três décadas como bancário, um jeito de ser cada vez mais irreverente, espontâneo, gozador, boêmio e, por que não dizer, inoportuno de ser. Dizia sempre o que pensava, e dizia alto, muito alto mesmo, com sua voz estridente de lata. Não tinha pruridos com palavrões e coisas obscenas. E parecia não perceber diferença entre falar no bar, num vernissage ou num enterro, estivessem lá as senhoras, o governador ou apenas os amigos. E não bastasse, Meyer Filho viajava constantemente a Marte, contava ter estado lá umas 20 vezes, muito embora morresse de medo de avião. Dizia ser um cidadão honorário de Marte e certa vez contou por quatro horas e meia suas aventuras espaciais ao jornalista Manoel de Menezes, na rádio Jornal A Verdade. Marte era para Meyer uma espécie de utopia. Lá não haveria mazelas sociais. Falou sobre isso durante décadas, como neste texto que escreveu em 1982: “Aconteceu em um dia de agosto do, para mim, longínquo ano-da-graça de 1964, quando, pela segunda vez, expunha individualmente na Casa do Artista Plástico de São Paulo. Estava me preparando para dormir, quando o telefone do hotel tilintou. ‘É o pintor Ernesto Meyer Filho?’ ‘Ele mesmo!” ‘Sou um cidadão do Planeta Marte e desejava levá-lo para conhecer o meu maravilhoso Planeta Vermelho!’ “O aparelho em que fiz meu primeiro trajeto Terra-Marte, segundo me informou meu amigo marciano, Bitu-Biriba, percorrera aquela distância à velocidade de 8.000.000 de quilômetros horários! [...] Em uma cerimônia simples e rápida, fui, pura e simplesmente, nomeado ‘Embaixador Plenipoxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx - 1959. - 35mc x 41cm - nanquim e aquarela sobre papel
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tenciário’ do Planeta Marte para todo o território brasileiro, do arroio Chuí ao rio Oiapoque. “[...] eu diria que os acampamentos cósmicos do Planeta Marte são pequenas Suécias, 1.000 anos mais adiantadas, sob qualquer aspecto! Lá, não existe o menor vestígio de pobreza, nem invejas ou ambições desmedidas. E todos trabalham exatamente de acordo com suas inclinações e suas capacidades intelectuais, sem nenhum tipo de exploração do homem pelo homem, isto é, do marciano pelo marciano...” O próprio Meyer, numa das infinitas vezes em que foi questionado sobre suas andanças por Marte, disse que a história fora uma paródia ao episódio protagonizado pelo cineasta e ator Orson Welles, em outubro de 1938. Welles transmitiu pelo rádio, nos Estados Unidos, a invasão da Terra por um exército alienígena. Era uma dramatização de A guerra dos mundos, livro de ficção científica de H. G. Wells. Na época, as pessoas realmente acreditaram na locução de Welles e entraram em pânico. Por sorte os marcianos de Meyer eram amistosos, o que não impediu que aumentassem a sua fama de maluco. Ele morava com a mulher Ruth e os três filhos do casal, Paulo, Helenita e Sandra, numa casa com varanda da rua Altamiro Guimarães. Era quase vizinho de Martinho de Haro (1907-1985), artista que já obtivera seu renome àquela época, numa região da cidade que, naqueles meados do século XX, era exato meio caminho entre o centro e a praia. Criava uns passarinhos, tinha galos, seu pomar dava frutas e cultivava uma horta competente. Pendurava seus quadros na varanda, encostava-os no carro, para que pegassem sol e os passantes pudessem ver e, se quisessem, poderiam também entrar. Chamava o verdureiro, os meninos que voltavam do colégio, algum mascate, para que apreciassem a sua pequena exposição doméstica. Claro que as pessoas adoravam o que viam e o que as olhava das telas. E Meyer concluía que eram as pessoas singelas as que melhor saberiam apreciar a boa arte. A vida em família era como a de todo mundo, nem sempre um mar de Galo morto - 1959 - 37cm x 46cm - lápis sobre papel
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rosas. Ruth cuidava da casa com todo o zelo, gostava das coisas nos seus lugares. Meyer, porém, sentia solidão no seu estúdio e gostava de levar seu trabalho para a sala de jantar. Espalhava-se sobre a mesa várias pinturas em obras ao mesmo tempo, a tinta sobrando pelos lados. Não era um relacionamento de pura paz. Depois Meyer levava seus quadros para secar na grama, e as crianças, endiabradas, às vezes corriam e tropeçavam por cima. Ele gritava pela interferência de Ruth, que lhe dizia que aquele era o lugar das crianças e não dos quadros. Não haveria como chegar a um acordo sobre isso. Sem mencionar as muitas vezes em que Meyer voltava de suas peregrinações pela rua indignado com o mundo, algumas Brahmas acima da humanidade. Mas havia também os passeios pelo interior da Ilha e arredores, feitos numa Rural Willys de cor bege. Meyer parava em algum lugar bucólico, abria a porta traseira e montava um ateliê móvel. Ruth organizava um piquenique e as crianças podiam correr pelos bosquedos. Muitas imagens de casas e quintais açorianos terão sido colhidas assim. E é mesmo bonito como o que Meyer via e registrava não é exatamente o que a gente costuma reparar quando está em tais lugares. Os olhos dele tinham um outro treino. A era da Rural Willys acabou na tarde em que Meyer realizava uma manobra radical de retorno na avenida Rio Branco. Um poste na calçada intrometeu-se no meio da manobra e avariou severamente o automóvel. Meyer pulou da boleia e esbravejou simpáticos lagartos alados contra o prefeito, que obviamente tinha se equivocado no posicionamento do poste. E se o contador era ele, e fora ele quem trabalhara no setor de câmbio de um banco, era Ruth quem cuidava das finanças da casa. Para sua felicidade, a tarefa ficou mais complexa depois que a produção artística de Meyer começou a vender bem, a partir dos anos 1960. Havia mostras em que nenhum dos quadros retornava para casa. Tudo se vendia, e vendia bem. Meyer era torcedor do Avaí Futebol Clube. Os jogos eram no Pasto do Sem título - 1964 - 36cm x 43cm - aquarela sobre papel
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Bode, feliz codinome do Campo da Liga, quer dizer, Estádio Adolfo Konder, que até o começo dos 1980 funcionava no terreno onde agora está o shopping Beiramar. Era perto da casa de Meyer, poucas quadras. Ia a pé até o boteco que ficava defronte o campo, pedia Brahma, ouvia os uivos que vinham da torcida por detrás dos muros brancos e fazia ele mesmo, do lado de fora, um poderoso barulho. Frequentava também o Ponto Chic, durante décadas espécie de pequena esfera pública na cidade, na rua Felipe Schmidt, onde todo mundo se encontrava para discutir política, arte, futebol. Quando Meyer chegava, formava-se logo um círculo de espectadores – era por natureza um showman. Passava boa parte do tempo rabiscando galos em quaisquer papéis disponíveis, e um de seus números era fazer alguém lhe pedir o desenho de três bichos. Raquel Wandelli, em reportagem de outubro de 1986, relata que em certa tarde no Ponto Chic lhe pediram, desafiadoramente, urso polar, quati e albatroz. Meyer não titubeou. Agarrou a esferográfica e, em guardanapos, mandou ver os três bichos. Desde criança ele tinha paixão pelos bichos.Vinha acompanhada por uma antipatia pelos macacos, que lhe pareciam humanos subdesenvolvidos. Sua biblioteca, hoje preservada pelo Instituto Meyer Filho, inclui os quatro grandes volumes encadernados de Historia natural: Vida de los animales, de las plantas y de la tierra, uma edição espanhola do Instituto Gallach de Librería y Ediciones. Há também uma curiosa coleção de materiais sobre aves: Enciclopedia de avicultura, Madrid, editora Espasa-Calpe, 1950; Razas de gallinas, Buenos Aires, Suelo Argentino, sem data; Prodígios de las aves, Buenos Ares, Atlântida, 1944; Da vida dos nossos animais, São Leopoldo, RS, Rotermund, 1953. E, claro, a Grande Enciclopédia Delta Larousse. Tinha, já no início dos anos 1980, uma acentuada preocupação ambiental. Em suas constantes declarações aos jornais, lastimava não apenas a esEstudo de cabeça de galo - 1966 - 14cm x 14cm - acrílica e caneta esferográfica sobre papel.
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cassa promoção e valorização das artes, como também a insensatez com que eram tratados os assuntos relacionados à proteção do planeta e suas milhares de formas animais e vegetais. Condenava os riscos das guerras atômicas e a possibilidade de exaustão dos recursos. Seu maior ídolo nas artes era Pablo Picasso, o pintor espanhol que foi o maior dos cubistas. Gostava de citá-lo, desenhou um galo com o seu nome, e alguns de seus desenhos exercitam o cubismo. Lembrava sempre da frase que a escultora Pola Rezende dissera dele no jornal Folha de S. Paulo, em agosto de 1963: “Ernesto Meyer Filho é o Picasso da América do Sul”. E quando Picasso morreu, em abril de 1973, Meyer encontrou os amigos no Ponto Chic e exclamou: “Raça, os gênios da pintura estão morrendo, eu preciso me cuidar”. As cenas hilárias que Meyer protagonizou são praticamente infinitas. Ele fazia brincadeira, as pessoas levavam a sério. No Cine São José, então uma sala ainda nova, era proibido entrar sem paletó. Uma placa alertava para isso. Então Meyer foi ao cinema de paletó, short e sandália de dedo, e dizia: onde está escrito que de chinelo não entra? E entrou. No dia seguinte, é claro que a placa contra short e chinelos passou a existir, estava lá. Ao segundo salão do GAPF, em 1959, montado no Museu de Arte Moderna, que funcionava onde é hoje a Biblioteca Pública, Meyer levou algumas pinturas de galos. Quando ele chegou para a abertura, algum engraçadinho havia espalhado milho pelo piso. Meyer foi em casa, buscou um de seus galos e o botou no meio da mostra, para que lanchasse os grãos. Junto, colocou uma plaquinha de identificação: Galo, obra de Deus. Como pintor, era compulsivo. Tinha fases em que pintava dia e noite; depois ficava três meses sem pintar. Seu hábito era trabalhar simultaneamente em 10 até 15 quadros. Colocava um do lado do outro e ia avançando em todos, numa série. Fazia esboços que copiava com celofane e depois passava para o suporte escolhido. Contornava os desenhos com lápis e depois com tinta preta. Aí colocava a cor, uma por uma, em todos os quadros, como num fluxo. Se Sem título - 1969 (Recuperado em 1977) - 21cm x 26cm - nanquim sobre papel
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manchasse em algum lugar com contorno preto, refazia todo ele ao final. Por tudo isso o desenho de Meyer é totalmente organizado, como aliás também era o seu prato de comida. No prato como no quadro, tudo tinha um lugar certo e definido. Nos desenhos e pinturas, podem-se observar as linhas precisas e minuciosas. Os contornos pretos detêm cores puras e fortes, as primárias sendo as preferidas. Essa ordem ficava na beira do caos. Kamilla Nunes, curadora e diretora do Instituto Meyer Filho, relata que Meyer, “junto com seus estudos rápidos e rapidíssimos, com as pinturas e recortes de jornal, guardava todas as contas e notas fiscais quitadas por ele”, e “suas pinturas dividiam a parede com gaiolas de passarinhos, tapetes e rascunhos”. O longo trabalho de estudo do desenho, que obstinou o menino e depois o adulto, é bem manifesto na trajetória de Meyer. Sua destreza para a correção naturalista é visível nos ciprestes, nas cercas de arame farpado, nas porcelanas das linhas elétricas, nas danças de salão, em todo o casario, nos pés de mamão e em todas as árvores. Mas o traço e a cor dispensaram paulatinamente a perspectiva, a tridimensionalidade, os efeitos da luz e da sombra, para organizar uma coleção vibrante de seres e experiências fabulosos. Nela se manifesta uma sensibilidade dolorosa, que grita nos olhos do cavalo alado em sua fuga, flechas cravadas em seu corpo. Ele corre como quem voa, ou voa como quem corre, sob dois sóis cujos raios negros não projetam sombra. É nos anos 1970 que as criaturas fabulosas se fortalecem na temática de Meyer, embora possam ser encontradas desde 20 anos antes. Às paisagens da Ilha, aos galos e às figuras do Boi-de-Mamão, juntam-se as figuras mitológicas e híbridas. Centauros, sereias, às vezes com pé de gente, às vezes com pé de galo. Pássaros voam por quase tudo e quem já viu os boitatás registrados por Franklin Cascaes ficará confuso se aquilo são mesmo pássaros que voam no céu de Meyer, tão cheio de luas que não prateiam. Visão Cósmica de Praia de Coqueiros (pormenor) - 1973 - 60,5cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
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Também o erotismo precisa ser apontado como elemento intermitente na obra de Meyer, e que ganha mais espaço ao final dos anos 1970. Carlos Damião, autor de Meyer Filho: Vida & Arte, observou que o próprio Meyer se questionava sobre a presença dos falos tatuados e emplumados em seus desenhos e pinturas, “rindo muito, porque, afinal, já tinha completado seus 60 anos”. Meyer sempre tinha rabiscado falos, para rasgá-los em seguida. Finalmente, a partir de 1979, começou a desenhar séries em nanquim, dominadas pelo que ele chamava de “erotismo cósmico”. Eram uns falos meio galos, às vezes com olhos nos testículos. Depois, em 1981, apareceram as pinturas em acrílico sobre eucatex, em que pênis muito coloridos, com chapéu, cachimbo e tatuagem de coração, meio gente, meio galo, exibem sua ereção sem vergonha nenhuma. Já os galos, que se tornaram o tema mais reincidente nos trabalhos de Meyer, também estão presentes desde os seus primeiros desenhos e aparecem em alguns registros infantis, guardados pela mãe na década de 1920. Nos anos 1980, o galo já era como um alter-ego de Meyer e muita gente o conhecia e chamava de Galo na rua. Um certo movimento do pescoço curto, de encolher e de esticar, mais o tom estridente e amplificado com que falava, e pronto: mesmo o gestual e a voz podiam ser descritos como similares aos dos galos. Não se sabe ao certo quantos galos Meyer Filho desenhou e pintou. Serão milhares, e conseguem ser todos diferentes uns dos outros. Com os anos, vão ficando mais e mais estilizados. Galos avaianos, galos galáxicos, um galo Kennedy, um galo Van Gogh, galos de briga e mesmo um galo morto, mortinho da silva, desenhado em 1950. Ao repórter Carlos Alberto Feldman disse, em 1978, que os galos eram, honesta e verdadeiramente, seus autorretratos psicológicos, artísticos e espirituais. Também a assinatura de Meyer incluía o esboço de um galo, com o qual personalizava inclusive seus cheques. A arte de Meyer Filho foi às vezes classificada como primitivista, mas não é possível aprisioná-lo dentro desse ou de qualquer rótulo, com sua verve Sem título (pormenor) - 1977 - 44cm x 51cm - acrílica sobre eucatex
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delirante, seu obsessivo perfilar quase egípcio. Para um crítico como Péricles Prade, o trabalho de Meyer se inscreve antes na ordem do fantástico. Prade aponta como “a fauna mitológico-esquizofrênica, terrestre e aérea” de Meyer não se distancia do homem. “Pelo contrário: a vocação antropocêntrica é evidente, pois se está diante de um bestiário moderno humanizado [...].” Ocorre nos galos, mas também em outras temáticas, uma proliferação de olhos, que do desenho ou da tela nos olham multivezes, em simultâneo. Rosângela Cherem, em leitura crítica da obra de Meyer, observou acerca desses olhos que quase sempre podemos olhá-los de frente, mas justamente por que a frente deles é outra, “e eles olham para um ponto onde nunca estamos”. Rosângela considera, ainda, que as formas muitas vezes bizarras de Meyer Filho são montagens saturadas de imaginação lúdica, capazes de nos apanhar em nossas próprias lembranças, sejam elas mágicas, perversas, ingênuas ou delirantes. Meyer Filho morreu em 22 de junho de 1991, de embolia pulmonar. Em 1999 a Galeria de Arte da Assembleia Legislativa de Santa Catarina ganhou o nome de Galeria Meyer Filho. Em 2004 foi criado o Instituto Meyer Filho, uma associação cultural que organiza e divulga a sua obra. Desde 2005 o acervo que pertence à família é periodicamente exposto no Memorial Meyer Filho, situado no Centro Cultural de Florianópolis, Praça XV de Novembro. Existem obras suas em museus de arte de Florianópolis, Belo Horizonte, Joinville, Porto Alegre e São Paulo, e em coleções particulares do Brasil e do exterior.
Sem título (pormenor) - 1985 - 30cm x 32cm - acrílica sobre eucatex
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Bibliografia CHEREM, Rosângela; MEYER, Sandra (Org.). Meyer Filho: um modernista saído da lira. Florianópolis: Instituto Meyer Filho; Nauemblu Ciência & Arte, 2007. DAMIÃO, Carlos (Org). Meyer Filho: Vida e Arte. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1996. DELFINO, Rose. Sua majestade, o galo sideral! Diário Catarinense, Florianópolis, 12 abr. 1987. ESPOSITO, I. et al. Repercussões da fadiga psíquica no trabalho e na empresa. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 8, n. 32, p. 37-45, out./dez. 1979. FELDMAN, Carlos Alberto. Ernesto Meyer Filho fala sobre sua arte, sucesso de crítica e público. Bom dia, Florianópolis, 15 jan. 1978. LINS, Jacqueline Wildi. O universo plástico de Meyer Filho: palestra apresentada na exposição Muito além de Marte: o universo de Meyer Filho no MASC. Florianópolis, 2000. Cópia digital do Arquivo do Instituto Meyer Filho. NUNES, Kamilla. Cosmo e caos do emissário de Marte. Ô Catarina, Florianópolis, n. 70, p. 3, 2009. O PINTOR dos nossos galos. O Estado, Florianópolis, 2 set. 1990. PRADE, Péricles. O fantástico de Meyer Filho. Trabalho não publicado. WANDELLI, Raquel. A ilha também tem seu anti-herói: Meyer. Jornal O Estado, Florianópolis, 19 out. 1986. Caderno 2.
Sem título (pormenor) - 1991 - 50cm x 60cm - acrílica sobre eucatex.
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Bernúncia e Mateus - 1972 - 60cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
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Sem título - 1980 - 16cm x 19cm - acrílica sobre eucatex
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Sem título - 1985 - 40cm x 45,5cm. - acrílica sobre eucatex
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Bernunça Surrealista - 1985 - 40,5cm x 46cm - acrílica sobre eucatex
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Boi de Mamão Surrealista - 1985 - 40cm x 46cm - acrílica sobre eucatex
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Sem título - 1986 - 40cm x 45,5cm - acrílica sobre eucatex
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Sem título - 1969 - 60,5cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
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Paisagem de Coqueiros - 1973 - 61cm x 67,5cm. - acrĂlica sobre eucatex
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Paisagem em Caldas da Imperatriz - 1973 - 60cm x 67cm - acrílica sobre eucatex
38
Meyer Filho
Caldas da Imperatriz (Santo Amaro) - 1973 - 61cm x 67,5cm - acrĂlica sobre eucatex.
39
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Paisagem de Sambaqui - 1975 - 50cm x 61cm - acrílica sobre eucatex
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Meyer Filho
Visão Cósmica de Praia de Coqueiros - 1973 - 60,5cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
41
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Sem título - 1977 - 43cm x 50cm - acrílica sobre eucatex
42
Meyer Filho
Sem título - 1977 - 44cm x 51cm - acrílica sobre eucatex
43
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Sem título - 1982 - 39cm x 44cm - acrílica sobre eucatex
44
Meyer Filho
Sem título - 1984 - 44,5cm x 50cm - acrílica sobre eucatex
45
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Sem título - 1984 - 44,5cm x 50cm - acrílica sobre eucatex São Francisco de Assis Cósmico - 1985 - 49cm x 49,5cm - acrílica sobre eucatex (dir)
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Meyer Filho
47
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Cavaleiro Cósmico - 1972 - 61cm x 67cm - acrílica sobre eucatex
48
Meyer Filho
Idílio no Cosmos - 1972 - 60cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
49
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Liberdade para os pássaros cósmicos - 1972 - 60cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
50
Meyer Filho
Anjo Cósmico - 1972 - 60cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
51
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Idílio Cósmico III - 1981 - 40cm x 45cm - acrílica sobre eucatex
52
Meyer Filho
Personagens cósmicos I - 1981 - 40cm x 45cm - acrílica sobre eucatex
53
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Idílio Cósmico VI - 1981 - 40cm x 45cm - acrílica sobre eucatex
54
Meyer Filho
Vaso cósmico II - 1981 - 40cm x 45cm - acrílica sobre eucatex
55
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Personagens Cósmicos - 1982 - 40cm x 45cm - acrílica sobre eucatex
56
Meyer Filho
Personagens Cósmicos - 1982 - 40cm x 45cm - acrílica sobre eucatex
57
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Duelo cósmico nº 4 - 1973 - 61cm x 67cm - acrílica sobre eucatex
58
Meyer Filho
Sem título - 1973 - 30cm x 33cm. - acrílica sobre eucatex
59
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Sem título - 1985 - 30cm x 33cm - acrílica sobre eucatex
60
Meyer Filho
Sem título - 1985 - 30cm x 32cm - acrílica sobre eucatex.
61
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Sem título - 1964 - 37cm x 45cm - aquarela sobre papel
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Meyer Filho
Sem tĂtulo - 1964 x 37cm x 45cm - aquarela sobre papel
63
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Galo Continental da Paz nº 2 - 1972 - 60cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
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Meyer Filho
Sem título - 1975 - 23cm x 20cm - acrílica sobre eucatex
65
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Sem título - 1978/81 - 40cm x 45cm - acrílica sobre eucatex
66
Meyer Filho
Sem título - sem data - 61cm x 68cm - acrílica sobre eucatex
67
C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Galo Bruxo Sideral. - 1986 - 40,5cm x 46cm. - acrílica sobre eucatex
68
Meyer Filho
Ave Cósmica VLSTEMF nº1 - 1969/1989 - 50cm x 60cm. - acrílica sobre eucatex
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C o l e รง รฃ o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
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Meyer Filho
Sem título - 1990 - 50cm x 50cm. - acrílica sobre eucatex (esq) Galo Galáxico VLSTEMF nº 46 - 1990 - 33cm x 30cm - acrílica sobre eucatex
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C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Galo Galáxico VLSTEMF nº 53 - 1990 - 30cm x 33cm - acrílica sobre eucatex
72
Meyer Filho
Galo Galáxico VLSTEMF nº 51 - 1990 - 30cm x 33cm - acrílica sobre eucatex
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C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Sem título - 1990 - 23cm x 27cm - acrílica sobre eucatex
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Meyer Filho
Sem título- 1991 - 50cm x 60cm - acrílica sobre eucatex.
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C o l e ç ã o V i d a e A r t e - Vo l u m e 3
Cronologia Por Fernando Boppre
1919 - Nasce em Itajaí, Santa Catarina.
1964 - Casa do Artista Plástico, São Paulo (SP).
1941 - Começa a trabalhar no Banco do Brasil.
1968 - Associação Atlética do Banco do Brasil, Florianópolis (SC).
1949 - Casa-se com Ruth Silveira de Souza Meyer.
1969 - Rádio Diário da Manhã, Florianópolis (SC).
1949 - Nascimento do filho Paulo Silveira de Souza Meyer.
1971 - Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis (SC).
1953 - Nascimento da filha Helenita Meyer de Macedo Coelho.
1972 - Museu de Arte de Santa Catarina. Florianópolis (SC).
1957 - Nascimento da filha Sandra Meyer Nunes.
1973 - 1o Festival de Inverno de Itajaí (SC).
1957 - “Primeira exposição de Pintura e Desenhos de Motivos Catarinenses”, com Hassis, no Instituto Brasil-Estados Unidos (IBEU), em Florianópolis (SC).
1973 - Galeria Marte 21, Rio de Janeiro (RJ).
1958 - Primeira exposição individual, Museu de Arte Moderna de Florianópolis (atual Museu de Arte de Santa Catarina), Florianópolis (SC).
1974 - Studio A2, Florianópolis (SC). 1975 - Galeria Acaiaca, Curitiba (PR). 1976 - Galeria Del Mar, Mar Del Plata, Argentina.
1958 - Fundou em parceria com os artistas Hassis, Pedro Paulo Vecchietti, Aldo Nunes, Tércio da Gama, Thales Brognoli, Dimas Rosa, Hugo Mund Jr. e Rodrigo de Haro o Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis – GAPF.
1976 - Galeria Lagard, Buenos Aires. Argentina.
1971 - Aposenta-se do Banco do Brasil.
1980 - Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC).
1991 - Falece em Florianópolis, Santa Catarina. 1999 - Galeria de Arte da Assembleia Legislativa de Santa Catarina passou a se chamar Galeria Meyer Filho, em homenagem ao artista. 1996 - Publicado o livro Meyer Filho, vida e arte, organizado por Carlos Damião, pela Fundação Catarinense de Cultura. 2004 - Criado o Instituto Meyer Filho, associação cultural sem fins econômicos, com a finalidade de organizar e divulgar a obra do artista. 2005 - Abertura do Memorial Meyer Filho, localizado no centro cultural de Florianópolis, na Praça XV de Novembro. Exposições individuais 1960 - Primeira exposição individual fora do Estado, na Galeria Penguín, Rio de Janeiro (RJ). 1961 - Museu de Arte de Belo Horizonte (MG). 1961 - Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis (SC). 1963 - Casa do Artista Plástico, São Paulo (SP).
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1974 - Galeria Oca, Porto Alegre (RS).
1976 - Salão de Exposições da Comisa, Cascavel (PR). 1979 – “Meyer Filho 60 Anos”. Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis (SC).
1980 - “Temática do Boi-de-Mamão”. Teatro Álvaro de Carvalho, Florianópolis (SC). 1981 - “Pinturas e desenhos eróticos”. Studio de Artes, Florianópolis (SC). 1982 - Galeria de Arte Realidade (Promoção do Banco do Estado de Santa Catarina), Rio de Janeiro (RJ). 1983 - “Meyer Filho no Banco do Brasil”. Max Stolz Galerie, Florianópolis (SC). 1990 - “Exposição comemorativa 71 anos”. Galeria de Arte do Palácio Barriga Verde. Florianópolis (SC). 2000 - “Meyer Filho: Retrospectiva de pinturas e desenhos” e relançamento do livro “Uma menina de Itajaí”, de Rachel Liberato Meyer (mãe do artista). Galeria Municipal de Arte de Itajaí (SC). 2000 - “Muito Além de Marte: o Universo de Meyer Filho” (exposição retrospectiva multimídia comemorativa aos 80 anos do artista). Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis (SC).
Meyer Filho
2005 - Exposição de longa duração do acervo do artista no Memorial Meyer Filho, Florianópolis (SC).
1973 - Artistas catarinenses no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre (RS)
2007 - “Meyer Filho, um modernista saído da lira”. Galeria Municipal de Artes Pedro Paulo Vecchietti, Florianópolis (SC).
1973 - IVa Coletiva de Arte Barriga-Verde. Galeria Açu-Açu, Blumenau (SC).
Exposições coletivas
1973 - Coletiva do Banco de Estado de Santa Catarina, Clube Doze de Agosto, Florianópolis (SC).
1957- “Primeira Exposição de Pinturas e Desenhos de Motivos Catarinenses”, em parceria com Hassis. Instituto Brasil-Estados Unidos (IBEU), Florianópolis (SC). 1958- Io Salão Pan-Americano de Arte, Porto Alegre (RS). 1958 – Io Salão do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis (GAPF). Grupo Escolar Antonieta de Barros, Florianópolis (SC). 1959 – IIo Salão do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis (GAPF). Museu de Arte Moderna de Florianópolis (SC). 1960 - Exposição do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis (GAPF). Instituto Brasil-Estados Unidos (IBEU), Florianópolis (SC).
1974 - Ia Coletiva Catarinense de Artes Plásticas. Brasília (DF). 1974 - Artistas de Florianópolis na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Florianópolis (SC). 1974 - “22 Artistas Catarinenses em Curitiba”. Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, Curitiba (PR). 1974 - “Coletiva Catarinense de Artes Plásticas”. Galeria Oca, São Paulo (SP). 1975 - “Primitivos Catarinenses”. Casa da Cultura, Joinville (SC). 1975 - “Instinto e Criatividade Popular”. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (RJ). 1975 - Va Coletiva de Arte Barriga-Verde. Galeria Açu-Açu. Blumenau (SC).
1961 - Iº Salão de Arte Moderna de Blumenau (SC).
1975 - Ars Artis 75. Studio A2, Florianópolis (SC).
1967 - Florianópolis Arte 67. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC).
1975 - Io Aniversário da Galeria Acaiaca. Curitiba (PR).
1968 - Ia Fainco, Feira da Indústria e Comércio. Florianópolis (SC).
1976 – “Artistas Mineiros e inauguração da Sala Catarinense”. Centro de Arte. Florianópolis (SC).
1969 - IIa Fainco, Mini Mercado das Artes. Florianópolis (SC).
1976 - Coletiva Classe A, Ano 2. Galeria Acaiaca, Curitiba (PR).
1970 - Pré-Bienal de São Paulo. Setembro e outubro. Parque Ibirapuera, São Paulo (SP).
1976 - Lançamento de serigrafias de artistas catarinenses. Luiz Paulo Peixoto Representações de Artes. Florianópolis (SC).
1970 - Salão do Deatur. Florianópolis (SC). 1970 - Salão da AMAB. Curitiba (PR).
1976 - Ars Artis, comemorativa aos 250 anos de Florianópolis. Studio A2, Florianópolis, (SC).
1970 - Coletiva Galeria Desterro. Florianópolis (SC).
1976 - Coletiva no Hotel Sheraton, Buenos Aires, Argentina.
1970 - Ia Coletiva de Arte Barriga-Verde. Galeria Açu-Açu, Blumenau (SC).
1977 - “Artistas Catarinenses”. SH 316 Galeria de Artes, Curitiba (PR).
1971 - IIa Coletiva de Arte Barriga-Verde. Promoção da Galeria Açu-Açu e Sociedade Dramático-musical Carlos Gomes, Blumenau (SC).
1977 - “Quatro Pintores Ingênuos”. Galeria Lagard, Buenos Aires, Argentina.
1971 - Semana da Arte no Instituto Estadual de Educação. Florianópolis (SC). 1971 - “12 Artistas de Florianópolis”. Museu de Arte de Santa Catarina. Florianópolis (SC). 1971 - Arte Catarinense na Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis (SC). 1972 - IIIa Coletiva de Arte Barriga-Verde (promoção da Galeria Açu-Açu e Sociedade Dramático-musical Carlos Gomes). Blumenau (SC).
1977 - Ars Artis. Promoção Studio A2. Criciúma (SC). 1977 - Ars Artis. Promoção Studio A2. Chapecó (SC). 1977 - “32 artistas plásticos”. Galeria Açu-Açu, Brusque (SC). 1978 - “Artistas plásticos de Santa Catarina”. Galeria Funarte, Projeto Arco-Íris, Rio de Janeiro (RJ). 1978 - “Arte Barriga-verde em São Paulo”. Galerias Domus e AçuAçu, São Paulo (SP). 1978 - “Arte Barriga-verde”. Salão de Exposições Badep, Curitiba (PR).
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1978 - “Artistas catarinenses”. Galeria Vasp, Brasília (DF). 1978 - “Nove do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis 1958/1978 (Vinte Anos Depois)”. Florianópolis (SC). 1978 - “Exposição de Pintura Contemporânea Brasileira”. Assembléia Legislativa de Santa Catarina, Florianópolis (SC). 1979 - Io Salão de Artes Plásticas da Telesc. Studio de Artes, Florianópolis (SC).
1984 - Meyer Filho, Sandra Meyer e Paulo Meyer. Max Stolz Galerie, Florianópolis (SC). 1984 - Coletiva Studio de Artes e Eletrosul. Edifício-sede da Eletrosul, Florianópolis (SC). 1984 - “Panorama Catarinense de Arte, Pintura/84”. MASC, em diversas regiões de Santa Catarina.
1979 - Io Salão de Arte Contemporânea Catarinense, Joinville (SC).
1985 - “A Arte em Santa Catarina II”. Brasília (DF).
1979 - “Sete artistas”. Abertura da Galeria Victor Meirelles / Clube 12 de Agosto. Florianópolis (SC).
1986 - Pan’Arte 86, pintura. Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis (SC).
1979 - Io salão de Arte Contemporânea da Arte Catarinense. Joinville (SC).
1986 - “Sinta Santa Catarina”. Exposições de artistas catarinenses no Magazine Mesbla, em diversas cidades brasileiras.
1979 - Pan’Arte 79. Panorama Catarinense de Arte, Balneário Camboriú (SC).
1987 - Coletiva de Verão. Artistas catarinenses. Piccolo Spazio, Arte e Objetos. Florianópolis (SC).
1979 - Memorial Eduardo Dias, Assembleia Legislativa, Florianópolis (SC).
1987 - “38 anos do MASC (1949-1987)”. Museu de Arte de Santa Catarina. Florianópolis (SC).
1979 - Festa das Cores. Galeria de Arte Acaiaca, Curitiba (PR).
1987 - “Meyer Filho, Sandra Meyer e Paulo Meyer”. Espaço de Arte, Florianópolis (SC).
1979 - IVo Salão Passarola – Varig e Editora Grafipar. Cutitiba (PR). 1980 - Projeto Poemural, com exposições em Camboriú, Itajaí, Blumenau, Joinville, Brusque, Tubarão e Criciúma. Studio de Artes, Florianópolis (SC). 1980 - “Nove do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis”. Museu de Arte de Santa Catarina - MASC, Florianópolis (SC). 1980 - Domus Galeria de Arte, Florianópolis (SC). 1981 - “Desenho - 20 Artistas Catarinenses”. Sala de Exposições do Teatro Guaíra, Curitiba (PR). 1981 - Ia Mostra de Arte Catarinense na Eletrosul. Studio de Artes, Florianópolis (SC). 1981 - Pan’Arte’ 81. Panorama Catarinense de Artes. Balneário Camboriú (SC). 1981 - 10 Artistas em Araranguá (SC). 1981 - Ia Coletiva de Verão. Santo Antônio de Lisboa, Florianópolis (SC). 1983 - “Nomes da Pintura Nacional”. Eletrosul, Florianópolis (SC). 1983 - “A Ilha Revisitada”. Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis (SC). 1983 - Coletiva da Ilha. Max Stolz Galerie, Florianópolis (SC). 1984 - Max Stolz Galerie, Clube Astréa, São Joaquim (SC).
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1984 - “Arte de Santa Catarina 1984”. Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo (SP).
1988 - “Art Naif Bresilien - Place des Arts”. Copacabana Palace, Rio de Janeiro (RJ). 1988 - “Mostra e Encontro de 27 Artistas Catarinenses e Gaúchos”. Convention Hall do Florianópolis Palace Hotel, Florianópolis (SC). 1988 - “Exposição comemorativa aos 65 anos do Copacabana Palace”, Galeria Place des Arts, Rio de Janeiro (RJ). 1988 – Coletiva de Inverno ACAP (Associação Catarinense de Artistas Plásticos). Florianópolis (SC). 1988 – Coletiva com Hassis, Vera Sabino, Tércio da Gama e Ernesto Meyer Filho. Inauguração da Galeria de Artes da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, 1o de março, Florianópolis (SC). 1989 - Exposição Hassis e Meyer Filho. Comemoração aos 32 anos da primeira exposição de pinturas e desenhos nativos catarinenses. IBEU – Instituto Brasil-Estados Unidos, Florianópolis (SC). 1989 - “Retrato de Florianópolis”. Studio de Artes, Florianópolis (SC). 1989 - “Surrealismo Brasileiro”. Secretaria de Estado da Cultura, Pinacoteca do Estado, São Paulo (SP). 1991 - Coletiva de Verão. Centro Cultural do Badesc, Florianópolis (SC).
Meyer Filho
1996 - “A Ilha em Buenos Aires Ano II”. Palais de Glace, Buenos Aires, Argentina. 2001- “4 Artistas de SC e PR”. Galeria de Arte, Curitiba (PR). 2004 - “Regards du Brésil Meridional”. Honfleur, França. 2004 - “Imagens do Universo Ilhéu”. Galeria Municipal de Artes Pedro Paulo Vecchietti. Novembro. Florianópolis (SC). 2005 - “30 Anos da ACAP – Associação Catarinense de Artistas Plásticos”. Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis (SC). 2006 - “O Fantástico no Desenho de Meyer Filho” (exposição itinerante de desenhos nas sucursais do SESC de Santa Catarina). 2006 - “Exposição dos eróticos e desenhos em bares de Florianópolis”. Shopping VillageDecor, Florianópolis (SC).
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