Construtivismo Russo - Ufes

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Universidade Federal do Espirito Santo Departamento de Desenho Industrial Hist贸ria da Tecnologia e do Desenho Industrial Construtivismo Russo Emmanuelle Machado Luisa Moratori Pedro Junior Puppim Vit贸ria, 29 de outubro de 2009


O construtivismo antes do construtivismo Anos antes do construtivismo russo surgir como forte estilo aplicado tanto nas artes gráficas como nas artes visuais, haviam artistas e filósofos que acreditavam e defendiam teorias que mais tarde formariam um conjunto de idéias que constituiriam o estilo construtivista.

Estes

artistas

aspira-

vam por uma arte sem tema, que através de formas indefinidas, não representativas, permitissem liberdade no processo criativo e que estimulassem a alma humana. Por muito tempo diversos artistas se aproximaram do construtivismo, seja por suas técnicas de composição, seja pela essência de sua obra.

Durante alguns anos a arte de caráter construtivista foi abordada es-

sencialmente como arte utilitária, servindo para preencher espaços vazios ou como decoração utilizando formas geométricas e efeitos óticos sem ter adquirido qualquer importância como estilo artístico. Porém, o anseio de conceber uma arte propriamente dita através da simplicidade das formas e livre de padrões estéticos, fez com que essas teorias, juntamente com as técnicas, fossem passadas de geração em geração e adquirindo manifestações diferentes ao longo dos anos. Foi dessa forma que estas idéias influenciaram a formação do estilo construtivista que se consolidou na União Soviética por volta de 1920.

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O movimento No século XX, década de 1910, a União Soviética passava por conturbados momentos e o espírito que predominava na população era o de mudança. Foi esse desejo pela renovação que impulsionou a Revolução Russa de 1917. Nesse contexto surgem grupos e organizações de arquitetos que constroem uma nova linguagem artística que negasse o clássico, que não representasse o passado, o mundo da não-representação, segundo Malevitch. A necessidade de transformar a produção artística em formas funcionais e informativas fez com que a sociedade revolucionária mobilizasse os artistas em torno de uma arte nova que propusesse tais características. Durante a Revolução Russa as mensagens tinham que ser rapidamente visualizadas e absorvidas pela população, e isso se dava através de cartazes e posters. Muitas dessas peças gráficas mostravam políticos gritando slogans visuais e ilustravam alegorias políticas. Dessa forma, as informações passaram a ser expostas de forma mais direta: cartazes sem muitos ornamentos e que representavam o desenvolvimento maquinário. A arte torna-se instrumento de transformação social, participa da reconstrução do modo de vida e da revolução da consciência do povo, deseja satisfazer as necessidades materiais e organizar e sistematizar os sentimentos do proletariado revolucionário.

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A Revolução de Outubro criou as condições ideais para as quais essas vanguardas estavam prontas, e diversos artistas das mais variadas tendências alinharamse ao lado das causas revolucionárias dispostos a dar sua contribuição. Os construtivistas alinhados a Vladimir Tatlin defendiam, num eco do movimento dadaísta, a liquidação da arte, que para eles, era um esteticismo burguês já superado. Incitavam todos os artistas a se dedicarem a um atividade diretamente útil à sociedade, como a propaganda, a tipografia, a arquitetura e o desenho industrial. Alinhados sob essas concepções, os construtivistas desenvolveram as bases do que hoje conhecemos como design, amplamente utilizado na indústria moderna, constituído de uma arte puramente abstrata e perfeitamente adaptável aos mais diversos meios de comunicação. Uma linguagem visual clara, dinâmica, despojada e acima de tudo sintética, a serviço da informação de uma ampla camada de pessoas, sendo sua estética diretamente relacionada à sua função prática. Características gerais O Construtivismo Russo ficou caracterizado como um movimento artístico que tinha como grande objetivo a integração entre as técnicas artesanais e a produção industrial, o uso de formas geométricas e sua adequação às necessidades do mundo. Os construtivistas queriam encontrar no método funcional a expressividade, que a arte e as obras fossem úteis e não apenas estéticas e/ou funcionais. De certa forma, expressar a arte de uma nova maneira, substituir a era clássica pela era da máquina, fazendo-se necessária uma evolução artística do movimento.

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Monumento para a III Internacional - 1920 Vladimir Tatlin


Características do design gráfico no construtivismo Um dos objetivos do Construtivismo era combinar palavras e imagens em uma só página impressa. Surgiu então a utilização de novas técnicas visuais, como a fotomontagem, os fotogramas e a superposição. Passaram a adotar valores que evidenciavam a funcionalidade como fator principal, acima da estética. O movimento teve como principais características no design gráfico: •

Utilização das cores preto e vermelho

Uso de tipografia bold e sem serifa;

Fios grossos;

Formas horizontais e verticais estáticas, sempre relacionando ao ritmo maquinal

• Forte construção geométrica, muitas vezes representada através do uso de diagonais fixas • o estabelecimento da necessidade de um ponto de atração na área da composição; •

a exploração intensiva das possibilidades da fotografia;

• a mescla orgânica de texto e layout; • a forte recusa da harmonia clássica; • o conceito de uma lógica interna e de uma dinâmica entre os elementos da composição; • a recorrência a angulações de imagens e formas que surpreendam o observador; • o estabelecimento de uma linguagem visual essencialmente sintética.

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Artistas do movimento construtivista Vladimir Tatlin foi quem impulsionou o movimento construtivista na Rússia revolucionária. Tatlin teve uma passagem pela europa onde tentou ser aprendiz de Picasso, mas não conseguiu. Retornou à Rússia, por volta de 1914, com novas idéias de representações e, ao contrário de Picasso, não buscava representações de objetos ou idéias, mas sim uma realidade tão palpável e completa como qualquer outro objeto dentro do mundo. Para Tatlin, relações matemáticas de tensão, equilíbrio e movimento intrínsecos ao objeto eram as expressões que deveriam ser expostas à sociedade. Dessa forma, adotou a arte para servir diretamente às massas, se vinculando aos trabalhos industriais. Os construtivistas alinhados a Tatlin se declararam abertamente contra estas posições ambíguas e defendiam, num eco do movimento dadaísta, a liquidação da arte, que na opinião deles, era um estetismo burguês já superado. Incitavam todos os artistas a se dedicarem a um atividade diretamente útil à sociedade, como a propaganda, a tipografia, a arquitetura e o desenho industrial. Alinhados sob essas concepções, os construtivistas desenvolveram as bases do que hoje conhecemos como design, amplamente utilizado na indústria moderna, constituído de uma arte puramente abstrata e perfeitamente adaptável aos mais diversos meios de comunicação. Uma linguagem visual clara, dinâmica, despojada e acima de tudo sintética, a serviço da informação de uma ampla camada de pessoas, sendo sua estética diretamente relacionada à sua função prática. O pintor Aleksander Rodchenko, influenciado por Vladimir Tatlin, a partir de 1919, abandonou a pintura de cavalete, após leva-lá ao que ele considerou ser o limite de sua autodefinição material, constatando que a partir daí ela deveria ser suplantada pelas atividades ativamente construtivas do mundo real, e partindo para a fotografia e design.

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Colet창nea de poesias de Maiakovsky Vladimir Tatlin

Aleksander Rodchenko


Rodchenko pregava a produção de peças simples, com mensagens muito claras, visto que a maioria das pessoas que viam a obra, principalmente os cartazes, eram analfabetas. Por isso, ele valorizava a tipografia, utilizando tipos sem serifa e em grande dimensão, os quais junto com elementos da fotomontagem tornavam seus trabalhos gráficos um encontro entre sinais, imagens e significados, que ao mesmo tempo, se convertiam em algo atrativo. El Lissitzki, pintor, tipógrafo e teórico construtivista, igualmente se envolveu no trabalho industrial e de agitação política, sendo um dos precursores das foto montagens que revolucionariam os cartazes de arte gráfica russa. Acreditava na necessidade de propostas de novos modos de utilização para os códigos já convencionados pela retina, prioritariamente a tipografia, não afetando apenas o desenho das letras, mas seu comportamento visual impresso e o vínculo com a nova proposta política. Percorreu diversos países da Europa como enviado de um embaixador cultural comunista. Para essa viagem, criou uma coletânea de poesias de Maiakovsky (participante do grupo cubo-futurista, poeta e designer russo), para divulgar a mensagem revolucionária por meio da obra do maior poeta russo. O livro tinha uma estrutura de agenda telefônica e possuía ícones no lado direito, para facilitar a localização de cada poesia. Conclusão Provavelmente, a maior contribuição para o design gráfico do século XX foi a vanguarda russa. Porém, ao mesmo tempo em que na Rússia os artistas gráficos buscavam uma linguagem estética que servia de forma eficaz a um público com pouca instrução ou das massas operárias e camponesas, na Europa esses mesmos trabalhos eram cultuados nos mais importantes meios intelectuais do design, como a própria Bauhaus. O fato é que eles, descompromissadamente, desenvolveram algo próprio que influenciou não apenas uma época, mas todas as gerações que vieram nas décadas seguintes.

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Poster de uma exposição El Lissitzky


Foto montagem El Lissitzky


Poster Vladimir Tatlin




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