Centro de Apoio ao Autismo
Universidade Federal da Bahia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação
Centro de Apoio ao Autismo
Uma proposta para as reminiscências da Companhia Empório Industrial do Norte
Pedro Henrique Ferreira Andrade
Universidade Federal da Bahia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Pedro Henrique Ferreira Andrade Contato | pedrofha@gmail.com TFG | Centro de Apoio ao Autismo - Uma proposta para a antiga Companhia Empรณrio Industrial do Norte Orientadora | Ceila Rosana Carneiro Cardoso Co-orientador | Mรกrcio Correia Campos Membros da Banca | Akemi Tahara Carlos Alberto Andrade Bonfim Arquiteta convidada | Carla Macedo Outubro 2016
Trabalho Final de Graduação realizado pelo estudante Pedro Henrique Ferreira Andrade orientado pela professora Ceila Rosana Carneiro Cardoso e co-orientado por Márcio Correia Campos como um dos requisitos para obtenção do grau de arquiteto e urbanista pela Universidade Federal da Bahia no período de 2016.1
Agradecimentos
À Deus pela sua infinita misericórdia, e que por diversas
À minha orientadora, Ceila Cardoso e co-orientador,
formas me deu forças para que eu pudesse seguir em
Márcio Campos, pela paciência e por exigirem o melhor de
frente.
mim , contribuído imensamente neste trabalho e na minha
Aos meus pais, Maria Letícia e Josenito Andrade pelo exemplo de dedicação e determinação, e principalmente por não medirem esforços para fazer o possível e impossível para realização desse e muitos outros sonhos.
formação profissional. Aos meus amigos do intercâmbio e a Toronto por ter me proporcionado uma experiência inesquecível. À Rita Valéria por ter aberto tão carinhosamente as
Aos meu irmãos pelo apoio e singularidades que
portas da Associação de Amigos do Autista da Bahia e por
repassadas a mim com seus distintos valores contrinuiram
dedicar sua vida à causa autista servindo como exemplo de
para a formação do meu caráter.
bondade e expiração.
À Idemar Rodrigues por todo o companheirismo, força, dedicação e por acreditar sempre no meu potencial. À meus amigos e companheiros de faculdade que sempre estiveram ao meu lado durante essa jornada, e que de alguma forma contriuíram para que esse trabalho fosse possível.
À banca examinadora por terem aceitado colaborar com este trabalho com seus conhecimentos e críticas construtivas.
Índice 01
Apresentação
|
08
02
Contextualização do Tema
|
16
03
Justificativa
|
22
04
Objetivos
|
26
05
Arquitetura e Autismo
|
28
06
Referências Projetuais
|
36
07
O Lugar
|
42
08
Propostas Gerais
|
58
09
Propostas Arquitetônicas
|
98
10
Referências Bibliográficas
| 160
Apresentação
Este trabalho comtempla uma nova proposta para a antiga fábrica têxtil de Boa Viagem, a Companhia Empório Industrial do Norte, através da criação de um Centro de Apoio ao Autismo referência no estado da Bahia. O presente trabalho surge como resposta a uma necessidade real na qual a Associação de Amigos do Autista da Bahia enfrenta, que é a criação de um espaço maior e planejado a fim de proporcionar melhores condições no atendimento e suporte a população com autismo. E a inserção desse equipamento no bairro de Boa Viagem e mais especificamente nas instalações da antiga fábrica têxtil, traz consigo uma nova alternativa de uso aos patrimônios fabris onde ocorrem, em grande maioria, intervenções de caráter cultural. A proposta desse estudo envolve habilidades que passam por vários domínios da arquitetura, visando incentivar a participação dos arquitetos a frente de uma questão tão presente na sociedade que é o Transtorno do Espectro Autista.
APRESENTAÇÃO
O Autismo
O
autismo foi inicialmente mencionado em 1943 nos Estados Unidos pelo psiquiatra
austríaco Leo Kanner em seu artigo “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo” ao descrever onze casos de crianças que apresentavam incapacidade de se comunicar com outras pessoas, severos distúrbios da linguagem e uma preocupação demasiada sobre o que é imutável, descrevendo tal conjunto de características como autismo infantil precoce. Em 1944, o também médico psiquiatra Hans Asperger descreveu em sua obra intitulada “Psicopatologia Autística da Infância” casos de crianças bastante semelhantes àquelas descritas por Kanner, porém, devido a sua obra ter sido originalmente publicada em alemão levou muito tempo para que fosse totalmente lida e estudada. (STELZER, 2010). Hoje, ambos austríacos são considerados como pioneiros na identificação do autismo no mundo.
12
APRESENTAÇÃO
1900 1911
1943 Leo Kanner, psiquiatra autriaco, publica um estudo no qual observa 11 crianças possivelmente autistas e cria o conceito de “mãe geladeira” relacionando os casos de autismo a uma relação parental distante.
1944
1960 Lorna Wing descreve a tríade de sintomas do TEA: alterações na sociabilidade, comuniação/linguagem e padrão alterado de comportamento.
1980 ONU decreta o dia 2 de abril como o dia mundial de conscientização do Autismo.
Eugen Bleuler, psiquiatra austriaco, usa a palavra autismo pela primeira vez e o associa a uma forma de esquizofrenia.
Hans Asperger, pesquisador autríaco, publica “A psicopatia autista da infância”, fazendo um estudo de oberservação com mais de 400 crianças. Acabou chamando as crianças de “pequenos mestres”
Autismo passa a ser visto como uma síndrome, como um distúrbio do desensolvivento e não mais como um quadro de esquizofrenia /psicose.
2007 13
APRESENTAÇÃO
Transtorno do Espectro Autista - TEA
A
pós o último DSM–V (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana
de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS), os indivíduos que apresentam um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos na interação social, associados a comportamentos repetitivos
e
interesses
restritos
pronunciados,
foram enquadrados dentro de um único diagnóstico chamado Transtorno do Espectro Autista – TEA. De acordo com o quadro clínico, o TEA pode ser classificado em: Autismo clássico, Autismo de alto desempenho (Síndrome de Asperger - SA) e Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação (DGD-SOE).
14
APRESENTAÇÃO
AUTISMO DE ALTO DESEMPENHO
AUTISMO CLÁSSICO O
autismo
clássico
apresenta
uma grande variabilidade dos graus de comprometimento. No entanto, em geral, os portadores são voltados para si mesmos, não estabelecem contato
visual
com
as
pessoas
nem com o ambiente; conseguem falar, porém não utilizam a fala como ferramenta de comunicação.
Os portadores da Síndrome de
DGD-SOE As a
pessoas
DSD-SOE
Asperger, apresentam as mesmas
do
dificuldades
especificação)
dos
outros
autistas,
que
apresentam
(disturbio
desenvolvimento são
global
sem
outra
enquadrados
mas numa medida bem reduzida,
dentro do TEA, mas os sintomas
além de serem verbais e muito
não são suficientes para incluí-los em
inteligentes,
chegam
nenhuma das categorias específicas
gênios,
do transtorno, Autismo clássico ou
a
ser
tanto
confundidos
que com
porque são imbatíveis nas áreas do
Sídrome
conhecimento em que se especializam.
o
de
diagnóstico
Asperger, muito
tornando
mais
difícil. 15
APRESENTAÇÃO
Etiologia
O
autismo é um distúrbio do desenvolvimento que
consequentemente determinados sintomas característicos
se caracteriza por alterações presentes desde
do TEA não sejam desenvolvidos.
idade muito precoce, tipicamente antes dos três anos de
Pesquisas tem mostrado que alguns fatores de risco
idade, com impacto múltiplo e variável em áreas nobres
como: febre, infecções moderadas e uso de antibióticos
do desenvolvimento humano. A tendência atual é admitir
que mudam a genética, prematuridade, complicações
a existência de múltiplas causas para o autismo, entre eles,
obstétricas,
fatores genéticos, imunológicos, e ambientais.
imunológicas
hábitos
alimentares,
materno-fetais,
e
obesidade,
reações
depressão
materna
A epigenética é um campo da biologia que estuda
durante a gravidez, têm aumentado a incidência de erros
interações causais entre genes e seus produtos, responsáveis
epigenéticos e consequentemente a hiperexcitação dos
pela produção do nosso fenótipo (características físicas).
genes responsáveis pelo fenótipo autista. Portanto, é
Ou seja, ela investiga a influência dos ambientes sobre o
aconselhado que durante a fase de gestação a mãe esteja
poder de inibição ou estimulação de um gene já existente
circundada por um ambiente livre de estresse. (RUGGERI,
e determinante para alguma doença. No caso dos autistas,
2014; ZIKOPOULOS; BARBAS, 2013; CARVALHEIRA, et
a influência dos ambientes (físicos e psicológicos) pode
al , 2004).
fazer com que determinados genes não sejam excitados e 16
APRESENTAÇÃO
Epidemiologia
S
egundo o Centers for Disease Control and Prevention – CDC (2012), organização mundial
responsável pelo controle e prevenção de doenças, uma em cada 68 crianças é identificada com o transtorno do espectro do autismo acometidas sem preferência por raça, etnia ou grupo social. Estudos de diversas partes do mundo estimam que cerca de 1-2% da população mundial possua TEA e que o diagnóstico seja mais comum entre crianças do sexo masculino (1/42), enquanto que essa incidência é aproximadamente 4,5 Figura 1: Taxa de diagnótico do TEA CDC, 2012
vezes menor quando comparados às meninas (1 em 189).
17
Contextualização
S
egundo o CENSO realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
é estimado que cerca de 28% da população brasileira seja composta por crianças (0-14 anos) e que existam mais de 2 milhões de deficientes mental/intelectual no Brasil. Ao cruzar os dados do IBGE com a porcentagem do TEA estimada pelo CDC (2012), podemos concluir que existam quase 700 mil crianças autistas no país. De acordo com um estudo feito em 2013 chamado “Retratos do Autismo no Brasil” cujo objetivo era mapear e observar a situação do autismo no país, foi possível observar a classificação de 106 instituições participantes da pesquisa que afirmaram prestar algum tipo de atenção apenas 3480 autistas de todas as faixas etárias.
20
Tabela 1: Número de instituições existentes e número de instituições do mesmo porte necessárias para atender à população com autismo por região brasileira Região
I
II
III
IV*
V*
Centro-Oeste
8
178
22,25
206.653
9.287
Nordeste
13
393
30,23
780.304
25.812
Norte
6
173
28,83
233.207
8.089
Sudeste
67
2.302
34,88
1.181.356
33.869
Sul
12
234
19,50
402.587
20.645
Total
106
3.280
30,94
2.804.107
97.702
Legenda: I: Número de Instituições existentes; II: Número de assistidos; III: Número assistidos/instituição c=b/a IV: População com autismo IV=Pop* x 0.0062** V: Número de instituições necessárias V=IV/III *Dados sobre população regional (CENSO 2010) ** Prevalência média mundial conforme http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22495912# consultada em 22/07/2012
Fonte: Retratos do autismo no Brasil., 2013.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Autismo no Brasil
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Aporte ao Autismo
AMA (s):
ASSOCIAÇÕES DIVERSAS:
APAE (s):
Associações fundadas por pais com a intenção de assistir pessoas com autismo. Seguem, de maneira geral, o modelo da Associação de Amigos do Autista, mas não necessariamente usam essa denominação.
Fundadas por familiares e/ ou profissionais, que atendem diversas deficiências.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) previne, trata e promove o bem estar e desenvolvimento da pessoa com deficiência. A APAE atende deficientes intelectuais onde alguns dos seus programas são especificos para os autistas.
APOIO PEDAGÓGICO
APOIO TERAPÊUTICO
ESCOLAS:
ÓRGÃOS PÚBLICOS:
CLÍNICAS:
Instituições públicas ou privadas concebidas para o ensino regular de alunos sob a direção de professores. Cerca de 8-10% das vagas são destinadas aos portadores de deficiência.
Fundados e mantidos pelo poder público e que prestam atendimento terapêutico ou educação a pessoas com problemas psicossociais, incluindo autismo. São escolas públicas municipais ou estaduais, CAPS e CAPSi, Centros de Atendimento ou Apoio vinculados a universidades públicas, Secretarias de governo, Hospitais.
Fundadas por profissionais, com fins lucrativos, mas que podem ter algumas vagas gratuitas (via convênio) ou bolsas parciais.
21
D
e acordo com a “Autismo e Realidade”, organização formada em 2010 por pais e
profissionais cujo objetivo é pesquisar sobre a realidade do autismo no país, foram identificadas quatro organizações no estado da Bahia: Feira de Santana (1) e Salvador (3) que prestam atendimento terapêutico e/ou apoio pedagógico. Porém segundo o levantamento de dados do estudo de 2013, (Retratos do Autismo no Brasil), apenas uma instituição respondeu aos questionários da pesquisa, afirmando prestar assistência apenas 14 pessoas, visto que é estipulado que existam mais de 150 mil casos de autismo no estado, destes 17% estão localizados na região metropo-litana de Salvador. Tabela II: Aporte de autistas por instituições na Bahia Instituição
I
II
III
APAE-FS
30
50
Terapêutica Terapêutica
APAE-BA
50
*
AMA-BA
180
300
Educacional
PESTALOZZI
270
100
Terapêutica
Legenda: I: Número de pessoas assistidas; II: Número de pessoas na lista de espera; III: Tipo de assistência presteda * - Não possui informação
22
Fonte: Arquivo pessoal.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Autismo na Bahia
APAE - Associação de Pais e Amigos de Excepcionais
SALVADOR
AMA/BA - Associação de Amigos do Autista da Bahia
APAE - Associação de Pais e Amigos de Excepcionais
Centro Pestalozzi de Reabilitação
23
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
FEIRA DE SANTANA
Justificativa
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
Justificativa
N
os último 12 anos o índice de pessoas diagnos-
O AMA-BA (Associação dos amigos autistas da Bahia)
ticadas com algum distúrbio do espectro autista
é o único espaço especializado no tratamento de pessoas
cresceu cerca de 50%. Segundo a CDC (Centers for Dise-
com TEA do estado, que atendem crianças e adolescentes
ase Control and Prevention), o TEA tem se tornado uma
em uma casa adaptada, tem seu foco apenas na área peda-
epidemia infantil sendo mais frequente que AIDS, câncer
gógica e educacional, apesar de não fornecerem o atendi-
e diabetes combinados estando presente em 1 a cada 68
mento terapêutico necessário.
crianças no mundo.
A criação de um centro especializado no atendimento
Ao pensarmos que cerca de 1,47% das crianças de uma
às pessoas com autismo e seus familiares surge em detri-
população local apresentam algum distúrbio autista, pode-
mento da demanda real por assistência tanto educacional
mos chegar à conclusão de que, das 553 mil pessoas entre
quanto terapêutica necessária para essa população, se tor-
0 e 14 anos que moram na região metropolitana de Salva-
nando um equipamento de apoio referência na cidade e
dor (IBGE, 2010), é estimado que existam mais de 8 mil
no estado.
crianças com autismo na capital soteropolitana. 26
O Centro de Apoio ao Autismo – CAAU, surge para
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
atender uma demanda existente e bastante expressiva
de um ambiente pautada nos sentidos e de como marcar
na sociedade atual e como um marco de conscientização
essa transição de um espaço altamente sensorial – como o
acerca do assunto, pois o projeto é concebido como uma
espaço urbano – para um centro com determinado con-
ponte entre a sociedade e o mundo autista. E é em seus
trole sensorial. Pensar essas transições e na forma como o
limiares que ocorre essas trocas sociais, onde autistas apre-
aprender e desenvolver habilidades e de aplicar é o grande
endem com os não-autistas e vice-versa.
desafio desse projeto.
Alguns estudos associam o TEA com a epigenética, ou
É um desafio para o arquiteto. É preciso nos despir de
seja, uma disfunção de combinações genéticas potencializa-
nossos valores, crenças e preconceitos para pensar e pro-
da pelo meio. Enquanto arquitetos, temos a capacidade de
por os espaços pautados da perspectiva de um autista.
pensar e questionar os espaços de acordo com as necessidades de cada público. Estudar o autismo me desafiou a ir além do habitual. Pensar o autismo na arquitetura é se aventurar na criação 27
Objetivos
28
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
Objetivo Geral Desenvolver um centro de apoio e referência às pessoas O projeto visa otimizar a influência da arquitetura em suas diversas conformações através da criação de um equipamento filantrópico a assistência educacional e terapêutica necessária aos autistas e familiares.
Objetivos Específicos - Utilizar a teorias da influência arquitetônica no autismo como fundamentos para a intervenção projetual. - Propor um equipamento que dialogue consigo e que possua relações externas pertinentes com outras instuições de caráter educacional e de saúde. - Fazer o uso de jardins e outros recursos naturais como elementos terapêuticos às pessoas com TEA, promovendo o desenvolvimento de novas habilidades e suas práticas. - Integrar arquiteturas temporalmente distintas como o Abrigo Dom Pedro II e a antiga Companhia Empório Industrial do Norte 29
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS
com transtorno do espectro autista do estado da Bahia.
Arquitetura e Autismo
ARQUITETURA E AUTISMO
Teorias da Influência Arquitetônica no Autismo
A
arquiteta canadense Magda Mostafa, pioneira
O estudo de Mostafa começou a ser realizado a partir
no estudo da arquitetura e design voltados para
de uma grande demanda dos pais e da falta de um serviço
o universo autista, realizou com a ajuda de professores, pais
de referência em Cairo, capital do Egito, onde a autora
e cuidadores o trabalho intitulado: “The Autism Aspects of
realizou um trabalho de retrofit em uma edificação local e
Design Index”, um documento que contém as diretrizes
em seguida o centro de apoio pra autistas em Alloa, Escócia.
adotadas para a execução de projetos arquitetônicos de
A autora chamou o trabalho que faz com autismo como
acordo com as necessidades da pessoa autista.
Modelo de Design Sensorial “Sensory Design Model”, o
A abordagem adotada por Mostafa é voltada para o
qual é baseado em duas premissas básicas: A primeira é
desenvolvimento das habilidades dos autistas através de
olhar o autismo como um problema de processamento
ambientes que sejam controlados sensorialmente.
sensorial e a segunda é definir arquitetura como as fontes
As diretrizes propostas pela canadense visam minimizar a sensação de angustia sensorial, como fatos que podem ir desde um zumbido de uma lâmpada até algo mais impactante como buzinas de carros. 32
primarias de inserção da maiorias das informações sensoriais no ambiente construído. O ambiente construído é um fenômeno multissensorial e procurar ver e compreender o espaço como um autista é
ARQUITETURA E AUTISMO
fundamental para propor um ambiente de qualidade. A partir dessas premissas, Mostafa começou a enxergar
à circunstâncias cotidianas, afim de que elas possam ser inseridas nas situações reais obtendo um melhor
qualquer ambiente como uma composição complexa
desempenho comportamental.
de experiências sensoriais, que podem ser interpretadas
integração entre os
de forma diferente por diferentes públicos. A canadense
porém, sem o cuidado necessário com a estimulação
relata ter aprendendo a valorizar os ambientes naturais, os
sensorial, pois o que pode ser visto como ligação entre
definindo como “Sensory Heavens”, paraísos sensoriais,
os dois espaços, no universo autista pode ser um meio de
onde
naturalmente
dispersão e piora no aprendizado cognitivo dessas pessoas.
balanceadas ou seja ambientes onde os estímulos artificiais
A partir do embasamento teórico apresentado nas duas
as
informações
sensoriais
são
como poluição sonora e visual são drenadas.
Tal abordagem visa
ambientes fechados e públicos,
teorias, o presente trabalho confere uma nova proposta
Em paralelo as diretrizes propostas por Mostafa, onde
projetual, onde espaços que simulam as situações reais e
os ambientes devem ser sensorialmente controlados,
cotidianas são inseridas dentro de ambientes gradualmente
uma outra vertente projetual chamada de “abordagem
controlados sensorialmente através de zonas de transição
neurotípica” se baseia na adaptação dessas pessoas
criadas a partir de ambientes naturais. 33
Diretrizes de Projeto
ARQUITETURA E AUTISMO
ZONA SENSORIAL
TRANSIÇÕES
Organizar os espaços de acordo
Usar zonas de transições ajudam
com as características sensoriais. Isto
o indivíduo a reequilibrar os sentidos
é, agrupar espaços projetados em
enquanto movem de um nível de es-
“muito estimulantes”, “pouco estimu-
timulação para outro. Esses espaços
lantes” e pensar a circulação entre es-
podem ser salas que indicam uma
paços enquanto zonas de transições.
mudança.
SEQUENCIAMENTO ESPACIAL
COMPARTIMENTAÇÃO
Criar espaços com ordem lógica, sendo estes previsíveis. Propor pou-
Setorizar o projeto de acordo com as
cos caminhos de circulação para evitar
suas funções, utilizando artifícios ar-
possíveis distrações entre uma ativida-
quitetônicos que ajudem a definir o
de e outra.
seu uso, marcando as transições com mobiliários, revestimentos, diferenças de níveis, iluminação, cores, etc.
34
SEGURANÇA
Propor espaços que deem a
Evitar arestas e cantos e incluir
oportunidade de construção de ha-
folgas para caminhos cruzados como
bilidades sociais, localizando-as prefe-
corredores, salas, etc. Evitar também a
rencialmente nas zonas de transição.
ultilização de degraus e escadas.
Proporcionar
oportunidades
para
contatos sociais.
CONFORTO ACÚSTICO
MATERIAIS E CORES
Deve-se controlar e minimizar os
Pensar estrategicamente as cores
barulhos, ecos e reverberações para
e texturas. Usar cores e padrões que
que se tenha um nível de foco reque-
estimulam o pensamento e tem um
rido. Usar sons para ajudar transições.
efeito calmante (isso é importante em revestimentos e mobiliário).
35
ARQUITETURA E AUTISMO
ESPAÇOS DE INTERAÇÃO
ARQUITETURA E AUTISMO
Aproximação com o tema
A
Associação de Pais e Amigos do Autista da
coordenadores (2) e professores (35) e que mais de 300
Bahia (AMA-BA), é a única instituição filantró-
nomes se encontram na lista de espera por atendimento
pica especializada na assistência educacional e pedagógica a
da associação.
pessoas com distúrbios do TEA no estado. Enquanto que
Devido à falta de infraestrutura física e financeira da
outras instituições como a APAE – Salvador e o Centro
instituição, que desde a sua fundação em 2003 até hoje
Pestalozzi de Reabilitação oferecem assistência terapêutica
funciona numa casa alugada e conta com a ajuda pública e
aos autistas, sendo a Pestalozzi a única clínica especialista
privada, a AMA-BA oferece ,com muito esforço, suporte
no diagnóstico do autismo da Bahia, onde cerca de 270
educacional e pedagógico para essa população.
pessoas são atendidas e destas 70% são autistas.
Na casa onde nada foi projetado e tudo foi improvisado
A partir de uma visita realizada na AMA-BA, localiza-
ao longo dos anos, salas que antigamente funcionavam os
da no bairro de Patamares em Salvador, dirigida por Rita
setores administrativos hoje são tomadas por salas aula de-
Valéria, presidente e fundadora da associação no estado
vido ao crescimento exponencial da procura pelos serviços
da Bahia, foi possível tomar conhecimento da situação real
da instituição.
sobre a assistência educacional e os retratos do TEA no estado.
Sem o aporte necessário para abrigar os profissionais, espaços improváveis, como negativos de escadarias e cor-
Segundo Rita, aproximadamente 180 autistas, sendo a
redores, foram se tornando escritórios para que mais salas
maioria do sexo masculino (80%), com idades que variam
de aula pudessem ser criadas tornando os espaços que já
desde 2 a 34 anos, são atendidas por uma equipe forma-
era pequeno cada vez menor.
da por 38 profissionais sendo: presidente (1); diretor (1); 36
ARQUITETURA E AUTISMO
Figura 2: Fachada da AMA/BA | Arquivo pessoal
Figura 3: Sala de aula AMA/BA | Arquivo pessoal
2
Figura 4: Sala de reunião AMA/BA | Arquivo pessoal
Figura 5: Corredor das salas de aula da AMA/BA | Arquivo pessoal
37
ReferĂŞncias de Projeto
Referências Projetuais Advance Center for Autism (2007) Arquiteta: Magda Mostafa REFERÊNCIAS DE PROJETO
Localização: Qattameya, Cairo, Egito
O
Centro para autistas segue as diretrizes da Teoria do Design Sensorial elaborado pela pró-
pria arquiteta, Magda Mostafa. Localizado em uma área residencial distante do centro da cidade (25km), o complexo é comporto por 4 edifícios, sendo eles: Núcleo de repouso,
Figura 6: Render da vista voo de pássaro do projeto Advance Center for Autism | MOSTAFA, 2007
Núcleo esportivo, Núcleo de convivência e o Núcleo de tratamento. Esses espaços são rigorosamente divididos de acordo com o potencial sensorial de suas funções, podendo variar de áreas muito estimulantes até áreas pouco estimulantes, sendo que as zonas de transições são pensadas como ponte de conexão dessas áreas. Em relação ao seu programa, o centro fornece todo o suporte terapêutico e educacional, podendo destacar as salas individuais e coletivas de atendimento, salas de esportes e jardins. Figura 7: Vista do jardim sensorial | MOSTAFA, 2007
40
Center for Autism and the Developing Brain (2013) Arquitetos: daSilva Architects
O
REFERÊNCIAS DE PROJETO
Localização: White Plains, New York, EUA
centro de avaliação e tratamento para pessoas com autismo - projeto de retrofit em um
ginásio esportivo em ruínas de 1924 – consiste na criação de uma pequena cidade voltada para o tratamento dos autistas no interior do antigo ginásio. As funções são pen-
Figura 8: Vista geral do projeto | daSilva Architects, 2013
sadas em pequenos módulos – os quais possuem tipologia de pequenas casas de duas águas - seguindo as diretrizes do design sensorial, principalmente pela utilização de diferentes texturas – como borracha, cortiça e madeira -, projeto acústico e de iluminação. As circulações são pensadas como ruas de uma cidade, composto por bancos, postes de iluminação, zonas de interação e um jardim central.
Figura 9: Vista do pequeno jardim | daSilva Architects, 2013
41
Architecture of Autism (Dissertação de mestrado - 2012) Arquiteta: Maria A. Valdes REFERÊNCIAS DE PROJETO
The Savannah College of Art and Design
A
rquitetura do autismo é um projeto acadêmico que tem como objetivo a criação de um centro educacio-
nal para 50 crianças com TEA cuja faixa etária varia de 2 a 11 anos. A arquiteta faz o uso de módulos de steel-framing para abrigar as funções do projeto, tendo em comum em cada módulo a presença da sala de transição que faz a mu-
Figura 10: Perspectiva geral do projeto | VALDES, 2012
dança de um ambiente muito estimulante para outro mais controlado sensorialmente. Os módulos são combinados de duas formas diferentes, dispostos em duas linhas paralelas com um corredor no eixo central. Como forma de unidade, continuidade dos módulos espaços no terreno e camada de proteção térmica e de iluminação, uma cobertura orgânica de treliça estrutural metálica foi proposta. O revestimento da cobertura de grelha metálica é ETFE – um polímero de plástico com flúor que possui alta resistência corrosiva e suporta altas amplitudes térmicas. 42
Figura 11: Perspectiva Interna do projeto | VALDES, 2012
Comunidade Sweetwater Spectrum (2013) Arquitetos: LMS Architects
I
REFERÊNCIAS DE PROJETO
Localização: Sonoma, California, EUA dealizado por grupos familiares, profissionais e líderes comunitários, a comunidade Sweetwater Spectrum foi
pensada como um modelo de habitação para adultos que possuem TEA. Destinada para 16 adultos autistas e equipe de apoio, o projeto é composto de 4 casas – com 4 dormitórios cada – sendo que cada casa possui 300m2 (incluindo
Figura 12: Espaços comuns do projeto | LMS Architects, 2013
as áreas comuns), um centro comunitário com espaço de atividades físicas, cozinhas comunitárias com salas de aula, piscina e hortas comunitárias. O projeto foi pensado de acordo com as diretrizes do design sensorial procurando reduzir o excesso de estímulos, maximizando a clareza espacial através de circualações claras e permitindo oportunidades para interação social e privacidade.
Figura 13: Vista da piscina terapêutica do spa | LMS Archictes, 2013
43
O Lugar
O LUGAR
Localização
O
local escolhido para implatação do Centro de
dos em 14 bairros, sendo eles: Baixa do Fiscal, Boa Viagem,
Apoio ao Autismo fica localizado na Península
Bonfim, Calçada, Caminho de Areia, Dendezeiros, Jardim
de Itapagipe, Avenida Luiz Tarquínio, nº 470, no bairro de
Cruzeiro, Luiz Tarquínio, Mares, Massaranduba, Mont Ser-
Boa Viagem em Salvador/BA. A área faz parte do antigo
rat, Ribeira, Roma e o Uruguai., Bairro mais populoso da
Complexo da Companhia Empório Industrial do Norte que
península com cerca de 31 mil pessoas.
atualmente é propriedade da empresa de armazenagem
Grande parte do patrimônio cultural histórico de Sal-
Companhia Empório de Armazéns gerais Alfandegados
vador se localiza na península Itapagipana, onde edifícios
(CIA Empório), desde 1974. A área total dos limites da
de caráter religioso – como a Igreja do Nosso Senhor do
fábrica é de 20.000 m2, sendo que 530 m2 são ocupados
Bonfim, a Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat, a Igreja
pelo antigo prédio administrativo que ainda resiste no local.
Nossa Senhora da Penha e a Igreja da Nossa Senhora do
A Península de Itapagipe é um dos lugares mais ricos em
Rosário são resquícios vivos da história da cidade e que jun-
história no estado da Bahia, onde segundo a SIM - Sistema
tamente dos limiares entre a Península e a Baia de Todos
de Informação Municipal de Salvador, aproximadamente
os Santos são responsáveis por atrair turistas e eventos de
160 mil habitantes residem em toda a península distribuí-
cultura e tradição para região.
46
O LUGAR
ANTIGA COMPANHIA EMPÓRIO INDUSTRIAL DO NORTE
ESTAÇÃO DE TRÊM DA CALÇADA
TERMINAL FERRY BOAT
47
O LUGAR
Podemos salientar que a primeira e mais importante es-
tacando a Associação Obras Sociais Irmã Dulce - entidade
tação ferroviária de Salvador se localiza no Bairro da Calça-
filantrópica que oferece serviços 100% SUS e que chega a
da – o primeiro bairro da península -, conectando as áreas
atender cerca de 2 milhões de pessoas por ano - e a Vila
de Água de Meninos até o Paripe.
Policial Militar que é o maior complexo acadêmico militar
Ao longo dos anos o acervo histórico material e a cul-
de Salvador.
tura arquitetônica marcado em grandes obras foram sendo
Toda a dinâmica imposta pela presença de instituições
aos poucos degradados devido aos problemas socioecôni-
educacionais e de saúde presentes no bairro, foi um dos
mos e a falta de planejamento por parte da prefeitura de
fatores decivos para implantação do CAAU na região. Pois,
Salvador para essa região. Porém, apesar de todas as dificul-
tratando-se equipamento que traz grande permeabilidade
dades, o valor cultural imaterial presente na área, imortali-
, o mesmo não deve ser isolado e afastado da cidade, pelo
zado pelos costumes dos moradores passados de geração
contrário, deve estar inserido em área urbanas aonde o seja
para geração, torna a peninsula de Itapagipe uma área de
possível estabelecer relações externas, sejam elas com insti-
igrande potencial de investimentos e de estudos.
tuições culturais, educacionais e de saúde facilitando as inte-
O bairro de Boa viagem possui delimitação triangular e
rações dos usuários do CAAU com a cidade. Sendo assim,
é demarcada pela Avenida Luiz Tarquínio, Rua da Impera-
a interface pública se torna extremamente necessária para
triz e Avenida Dendezeiros do Bonfim. A região é bastante
um centro de autismo como uma ferramenta para educar,
adensada e oferece muitos serviços de Saúde e Ensino, des-
tratar, aproximar e conscientizar autisrtas e não-autistas.
48
10
11
7
9
8
6 5
1
2 O LUGAR
4 3
Educação Saúde Religioso
1. Companhia Empório Industrial do Norte 2. Abrigo Dom Pedro II 3. Colégio Estadual Abílio César Borges 4. Associação Obras Sociais Irmã Dulce 5. SENAI 6. Colégio da Polícia Militar
7. Hospital Geral P.M. 8. Escola Municipal Augusto Lopes Fontes 9. Colégio Luiz Tarquínio 10. Casa de Apoio e Assistência do portador do vírus HIV/Aids 11. Abrigo São Gabriel para idosos de Deus
49
Figura 14: Fachada da CEIN | DCFH - Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS
O LUGAR
A Companhia Empรณrio Industrial do Norte
- antiga fรกbrica -
50
eram retangulares e o interior formado por um grande vão
sível perceber um aumento exponencial das cons-
que apresentava nenhuma ou pouca divisão, prevalecendo
truções industriais na península de Itapagipe desde 1892 a
o formato de um grande galpão térreo. Como o terreno
1947, quando foi descoberto o petróleo na baía de todos
da fábrica era alagadiço foi necessária a dessecação do ter-
os santos. A partir da década de 70, a popularização da
reno para que as diversas nascentes que ali existiam fossem
arquitetura industrial baseada nas estruturas metálicas e de
canalizadas para um grande reservatório e assim suprisse as
concreto armado evoluiu para sistemas construtivos pré-fa-
necessidades hídricas da fábrica. (SAMPAIO, 1975).
bricados, mais flexíveis e que possibilitavam a expansão e o
A estrutura da fábrica foi feita utilizando ferro pré-fabri-
aumento das possibilidades de uso tornando as estruturas
cado importado da Europa e alvenaria, seus galpões possu-
modulares cada vez mais requisitadas no âmbito da cons-
íam pé-direito duplo de aproximadamente 6m2. O telhado
trução industrial (PADIN, 2009).
do prédio principal onde funcionava o almoxarifado e o
A Companhia Empório Industrial do Norte foi fundada
escritório seguiu o modelo de duas águas, bastante comum
no dia 4 de março de 1891 pelo empresários Luiz Tarquí-
para aquela época, enquanto que o restante da fábrica se
nio, Leopoldo José da Silva e Miguel Francisco Rodrigues de
desenvolvia em grandes galpões cobertos por sheds, os
Morais (PINHO, 1978), possuindo cerca de 45.000 m2. A
quais auxiliavam na iluminação e ventilação da indústria. A
escolha do local de instalação da indústria têxtil foi estra-
fachada simétrica e ecletismo histórico, demarcada pelo ri-
tegicamente pensada pelo organizadores da empresa, pois
gor geométrico presente na grande quantidade de portas e
sua proximidade do porto e da estação ferroviária viabiliza-
janelas davam um ritmo e também auxiliavam na ventilação
ria o processo de recebimento de combustíveis e matérias
e iluminação natural. A fábrica possuía seu próprio anco-
primas além de facilitar a distribuição terrestre dos produ-
radouro onde um cais de 240m de extensão conectado
tos prontos. (PINHO, 1978).
por uma ponte de 150m construída com madeira de lei
A construção da indústria seguiu a tipologia arquitetônica dos edifícios fabris daquela época, quando as plantas
facilitava o transporte dos bens de produção importados, principalmente carvão (LUTHER, 2012). 51
O LUGAR
Figura 14: Fachada da CEIN | DCFH - Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS
S
egundo o estudo de CARDOSO (2004), foi pos-
O LUGAR
2
4
1
3
52
1
Figura: Vista da fachada principal e chaminé ao fundo | CARDOSO, 2004 O LUGAR
Figura: Voo de pássaro da Companhia Empório Industrial do Norte | CARDOSO, 2004
2
Figura: Vista interna dos galpões da fábrica têxtil | CARDOSO, 2004
3
Figura: Vista do pier | CARDOSO, 2004
53
A Companhia Empório de Armazéns Gerais Alfandegados
Figura 14: Fachada remanescente da CEIN | Arquivo Pessoal
- a fábrica atualmente -
54
A
companhia que foi considerada uma das maiores fábricas de tecido do Brasil até 1946, ten-
começou seu processo de declínio após as crises sofridas do século XX, quando em 1965 tornou-se cronicamente afetada. (SAMPAIO, 1975). Figura 14: Fachada remanescente da CEIN | Arquivo Pessoal
Atualmente, a antiga fábrica funciona como a Companhia Empório de Armazéns Gerais Alfandegados, uma empresa de capital privado fundada no ano de 1974 que encontra-se no ramo de estocagem em geral há mais de 30 anos. Durante o seu declínio, a fábrica foi bastante descaracterizada tendo apenas o edifício principal e partes de suas paredes externas sobrevivido à crise. Na pré-existência que ainda reside em pé funciona a parte administrativa da companhia, enquanto que o espaço que antigamente funcionavam os galpões da fabricação têxtil abrigam dezenas de containers e grandes caminhões além de algumas novas construções como guaritas e pequenos galpões. 55
O LUGAR
do seu auge lucrativo durante a segunda guerra mundial,
6 5
4
O LUGAR
3 2 1
1. Muro da antiga fábrica. Destaque para o desenho dos sheds dos antigos galpões marcadas na alvenaria e as aberturas das gárgulas. | Arquivo pessoal
4. Fachada fundo do edifício preexistente. Destaque para a descaracterização das fachada marcada por aberturas quadradas para instalação de ar condicionado. | Arquivo pessoal
2. Ritmo dos sheds e do banheiro de alvenaria. | Arquivo pessoal
5. Galpão de alvenaria e fechamento em placa metálica. | Arquivo pessoal
3. Guarita | Arquivo pessoal
6. Galpões de armazenamento em estrutura metálica e lona da Companhia Empório de Armazéns Gerais Alfandegados. | Arquivo pessoal
56
2
3
4
5
6
O LUGAR
1
57
Figura 15: Fachada do Abrigo Dom Pedro II após restauração em 1997 | http://www.
O Abrigo Dom Pedro II
58
mento Social – SEDES, sendo o único abrigo de instituição
século XIX para ser a residência de um em-
pública do município de Salvador a atender pessoas com
baixador português, é um edifício de modelo Neoclássico
mais de 60 anos.
que segue a estética de alguns palácios barrocos do século
O Abrigo é cercado por um enorme Jardim Barroco
XVII e XVIII. Considerado uma réplica de Versalhes, em
na frente, enquanto atrás é banhando pela Bahia de Todos
1887 o edifício foi adquirido pelo Governo da Bahia e o
os Santos. Composto por 4 pavilhões, o prédio principal é
casarão passou a ser o Asilo de Mendicidade Santa Izabel,
comporto de duas alas laterais que se estendem sobre o
sofrendo nessa época modificações em sua arquitetura e
terreno e um corpo central.
construção e outros pavilhões ao seu redor. Só em 1943
A equipe do Abrigo é composta por médicos, nutricio-
que o Abrigo passou a ser chamado de Abrigo D. Pedro
nistas, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, terapeu-
II, abrigando apenas idosos em situação de vulnerabilidade
tas ocupacionais, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem,
pessoal ou social. Em 1980 o complexo é tombado pelo
entre outros. Segundo dados da prefeitura, em 2005 eram
IPHAN. Atualmente, o abrigo é administrado pela prefeitu-
acompanhados 47 mulheres e 26 homens por uma equipe
ra municipal através da Secretaria Municipal de Desenvolvi-
de 60 profissionais. 59
O LUGAR
Figura 15: Fachada do Abrigo Dom Pedro II após restauração em 1997 | http://www. cidade-salvador.com/patrimonios/abrigo-dom-pedro/abrigo.htm
O
Abrigo Dom Pedro II, construído no início do
Propostas Gerais
A Intervenção Urbana
PROPOSTAS GERAIS
B
oa Viagem é um bairro bem servido de transpor-
Foi utilizado para demarcação da via de trânsito de
te público, possuindo em toda sua extensão vários
veículos o piso intertravado, que tem como característica
pontos de ônibus. Apesar de ser classificada como Via
a redução da velocidade devido à vibração mais intensa
Coletora - velocidade máxima 40km/h segundo o Código
percebida causada pela forma a qual são interpostos os blo-
Nacional de Trânsito -, a Avenida Luís Tarquínio não possui
cos de concreto, que juntamente com a demarcação das
sinalização de limites de velocidade, fazendo com que a
clicovias - aonde antes existiam ciclofaixas- e a implantação
transição entre calçadas muito perigosa. Além disso, a falta
de faixade pesdestres ao longo da avenida, trazem mais
de sinalização e de faixas de pedestres em sua extensão
segurança e liberdade de circulação aos pedestres. Essa
acaba inibindo as pessoas em transitar por sua avenida, fi-
mudança de pavimentação também funcionará como uma
cando estas concentradas nas ruas estreitas da antiga Vila
zona de transição a nível urbano para o Centro de Apoio
Operaria e na praça próximo a elas.
ao Autismo e também para os Abrigos Dom Pedro II e Sâo
A proposta de transformar a Avenida Luís Tarquínio em
Gabriel.
uma via de piso compartilhado, surge como uma alternati-
Foi prospoto que a iluminação pública da avenida, que
va de integração entre a Praça da Bandeira, a Praça da Vila
antes utilizava o sistema de fiação aérea, fosse substituído
Operária e o Largo de Boa Viagem, criando uma atmosfera
para o sistema de fiação subterrânea, melhorando a es-
mais homogênea além de promover melhor qualidade de
tetica urbana reduzindo a poluição visual e os riscos de
acesso aos pedestres que circulam entre as 3 praças.
acidentes causados pela fiação aparente.
62
ACESSO BONFIM
ACESSO RIBEIRA
3
PROPOSTAS GERAIS
2
1
ACESSO AV. DA FRANÇA
Ponto de ônibus Via arterial Via Coletora 1. Praça da Bandeira 2. Praça Vila Operária 3. Largo da Boa Viagem
63
PROPOSTAS GERAIS
Figura 16: Vista da Praça da Bandeira pela Avenida Dendezeiros do Bonfim | Google Maps
Figura 17: Vista da Praça Vila Operaria pela Avenida Luís Tarquínio | Google Maps
64
Figura 18: Vista da Praça de Boa Viagem pela Avenida Luís Tarquínio | Google Maps
PROPOSTAS GERAIS
Pontos de ônibus mantidos Ponto de ônibus reproposto Ponto de ônibus removido Piso compartilhado Via para ciclista existente Faixa exclusiva para ciclista
65
PROPOSTAS GERAIS
Corte da Avenida Luís Tarquínio antes
Calçada | 2.50 m Ciclofaixa | 1.50 m
66
Asfalto| 7.00 m
Calçada | 2.50 m
PROPOSTAS GERAIS
Corte da Avenida Luís Tarquínio depois
Calçada | 2.50 m
Ciclovia | 1.50 m
Piso intertravado de concreto | 7.00 m
Calçada | 2.50 m
67
PROPOSTAS GERAIS
O que é demolido
Estruturas Demolidas
68
P
ara a elaboração do projeto, foram removidas as estruturas não pertencentes à antiga fábrica e que
atualmente funcionam como depósitos e um banheiro da Companhia Empório de Armazéns Gerais Alfandegados. Os três galpões juntamete com o banheiro que fica próximo à guarita são feitos de estrutura metálica e fechamento
PROPOSTAS GERAIS
em lona.
69
O Partido Arquitetônico
PROPOSTAS GERAIS
O
partido arquitetônico do Centro de Apoio ao
Os núcleos de caráter mais público ficam concentra-
Autismo foi construído através de três premissas
dos na extensão da fachada pré-existente. Esta decisão foi
fundamentais. A primeira é entender a relação da antiga
tomada tendo em vista que os estímulos que acontecem
fábrica com seu entorno – principalmente com o Abrigo
nos limiares da rua são mais intensos devido ao fluxo de
Dom Pedro II – analisando as suas relações de cheios e
automóveis e a concentração de acessos no equipamen-
vazios e simetria. A segunda é criar uma conexão entre o
to de carros e pedestres. Foi proposta a construção em
Centro e o Abrigo através da extensão do seu jardim, ten-
estrutura metálica e shed – sistema construtivo da antiga
do esse caráter divisor das zonas de estímulos, promoven-
fábrica - o Aporte Residencial, o Auditório, o Setor Técnico
do zonas de transição e zonas de contemplação. Por fim,
e os estacionamentos. A Pré-Existência abriga todo o Setor
implantar os núcleos propostos de acordo com a teoria
Administrativo do Centro e o Setor de Triagem.
do Design Experimental de Magda Mostafa, concentrado as
Próximo ao mar – aonde os estímulos sensoriais são
funções de caráter mais público próximo a fachada existen-
naturalmente baixos – ficam os dois núcleos de acompa-
te e os que demandam maior controle sensorial próximo
nhamento e tratamento. Utilizando a premissa do estar
ao mar.
abrigado e da criação de uma pequena cidade, é proposto
Foi pensado um grande jardim cuja a forma se prolonga
a distribuição dos usos em pequenos módulos de Light Ste-
em todo o eixo central do equipamento procurando man-
el Framing, propondo tipologias lúdicas de pequenas casas
ter o ritmo e estilo barroco do jardim presente no Abrigo
coloridas. Toda a área dos dois núcleos é recoberta por
Dom Pedro II para que juntos tornem-se um grande espa-
uma cobertura irregular treliçada para criar uma atmos-
ço de integração e interação entre os usuários do CAAU e
fera acolhedora e controlar a iluminação, ventilação e os
os idosos do Abrigo Dom Pedro II, buscando a construção
estímulos marcando o lado moderno da intervenção do
de habilidades sociais e aprendizagem.
equipamento.
70
PROPOSTAS GERAIS
Traรงado dos eixos do jardim do Abrigo Dom Pedro II
Traรงado e conexรฃo entre os eixos da Antiga Fรกbrica e do Jardim do Abrigo Dom Pedro II
71
PROPOSTAS GERAIS
Aplicação de malha estrutural da antiga fábrica para desenho do jardim e implantação dos equipamentos
Desenho do jardim e implantação dos novos equipamentos seguindo a malha estrutural da Antiga Fábrica
72
PROPOSTAS GERAIS
Análise das zonas de estímulos para distribuição de programa e funções
Zona muito estimulante Zona pouco estimulante Zona de transição (Jardim)
Implantação geral do Centro do Apoio ao Autismo
73
PROPOSTAS GERAIS
O Programa
74
Setor Administrativo:
Setor Técnico:
Recepção | 12.60 m2 Copa e estar funcionários gerais | 39.00 m2 Vestiário Masculino | 18.00 m2 Vestiário Feminino | 16.60 m2 Coordenação Geral | 23.00 m2 W.C. Masculino | 12.00 m2 W.C. Feminino | 12.00 m2 Recursos Humanos | 25.00 m2 Sala de Reunião | 21.00 m2 Diretor Geral | 27.00 m2 Assistência Jurídica | 25.00 m2 Tesouraria | 22.60 m2 Arquivo | 29.00 m2 Depósito | 6.75 m2 Suporte Técnico | 22.00 m2 Assessoria de Comunicação | 24.50 m2 Copa | 34.50 m2
Depósito | 70.80 m2 Gerador | 18.87 m2 Subestação | 21.23 m2 Gás | 13.77 m2 Lixo | 23.65 m2 Sala Controle Técnico | 24.53 m2 W.C. | 1.85 m2
PROPOSTAS GERAIS
Estacionamentos e área de Carga e Descarga: (51 vagas)
Setor Diagnóstico: Segurança | 12.63 m2 Recepção e Espera | 27.50 m2 W.C. | 7.90 m2 W.C. | 7.90 m2 Copa | 20.00 m2 DML | 7.82 m2 Sala Psicoterapia | 18.60 m2 Sala Terapia Ocupacional | 17.50 m2 Sala Fonoaudiologia | 19.00 m2 Consultório médico | 13.00 m2 Sala Assistência Social | 9.00 m2
Aporte Residêncial: Apt. Tipo A | Quarto Casal e Solteiro | 44.10 m2 Apt. Tipo B | 2 Quartos Solteiro | 38.00 m2 Apt. Tipo C | Quarto Casal e Quarto Acessível | 50.45 m2Estar Coletivo | 45.80 m2 Lavanderia Coletiva | 40.15 m2 Guarita | 11.00 m2 Reunião Pais | 26.92 m2 W.C. | 2.55 m2 Copa | 6.75 m2 75
76
PROPOSTAS GERAIS
Auditório:
Núcleo Pedagógico:
Apoio Recepção | 3.87 m2 Bilheteria e Recepção | 18.00 m2 Foyer | 53.47 m2 Camarim | 33.40 m2 Antecâmara | 20.80 m2 Apoio Café | 7.30 m2 Café | 27.00 m2 Foyer | 145.00 m2 Sala de Projeção | 6.90 m2 Auditório | Cap. 302 pessoas | 350.00 m2 Palco | 68.35 m2 W.C. | 26.60 m2 Sala multiuso | 22.30 m2
5 módulos de aula | 56.00 m2 cada 1 módulo prossionalizante | 56.00 m2 2 módulos de vestiário | 54.40 m2 Sala de Transição | 11.00 m2 Brinquedoteca | 21.17 m2 Biblioteca | 46.67 m2 Refeitório | 67.67 m2 Cozinha | 44.00 m2 Lixo | 7.20 m2 Despensa | 11.40 m2 Sala de transição | 11.00 m2 Lab. de informática | 37.77 m2 Coordenação | 28.00 m2 Sala Profissionalizante | 62.36 m2 Estar, Copa e Reunião Profs | 99.34 m2 W.C. | 8.22 m2
PROPOSTAS GERAIS
Quadra Poliesportiva | 587.00 m2
Núcleo Terapêutico: Recepção e Espera | 57.20 m2 DML | 6.84 m2 W.C. | 3.76 m2 3 Salas de Psicoterapia | 23.00 m2 cada Sala de observação | 23.00 m2 Sala espelho | 23.00 m2 3 salas de Fonoaudiologia | 23.00 m2 cada Vestiário Masculino | 20.40 m2 Vestiário Feminino | 20.40 m2 Piscina Terapêutica | 193.00 m2 Apoio Piscina | 9.70 m2 Sala de Transição | 7.40 m2 Sala Atividades Grupo | 48.15 m2
Despensa | 8.85 m2 Café | 67.88 m2 Recepção | 22.40 m2 Despensa | 5.26 m2 Assistência Social | 9.30 m2 Recepção | 18.00 m2 Enfermaria | 22.43 m2 Expurgo | 16.00 m2 Ginásio Terapêutico | 57.30 m2 3 salas de Fisioterapia | 23.00 m2 Sala Integração Sensorial | 57.30 m2 3 salas de Terapia Ocupacional | 23.00 m2 77
A Nova Cobertura
C
omo forma de criar uma atmosfera que acolha os autistas durante a fase de tratamento educacional
e terapêutico, foi proposto uma cobertura irregular de treliça metálica. Enquanto que a cobertura dos equipamentos próximos ao muro é em shed – remetendo aos antigos galpões da fábrica – as do núcleo terapêutico e educacional possuem um novo desenho derivado da compreensão da antiga cobertura e da marcação estrutural dos pilares e
PROPOSTAS GERAIS
vigas.
78
6.85 cm
6.85 cm
2.28 cm 2.28 cm
6.85 cm 2.28 cm 2.28 cm 2.28 cm
2.28 cm
PROPOSTAS GERAIS
2.28 cm
6.85 cm
79
2.28 cm
2.28 cm
2.28 cm
2.28 cm
2.28 cm
São propostos dois tipos de revestimentos para fecha-
O pilar de estrutura metálica com pintura automotiva
mento dos triângulos da treliça, sendo eles: placa cimentícia
na cor marrom conecta perfeitamente a cobertura através
pigmentado na cor branca e vidro translucido. Esses painéis
de soldagens e parafusos. Projetado para emergir como
são dispostos de forma estratégica pela cobertura, concen-
uma copa de árvore, o formato afunilado do pilar estrutural
trando o vidro translúcidos em corredores e espaços de
de 7.80m de altura funciona como elemento de capitação
vivência e a placa cimentícia em espaços ocupados pelos
de água pluvial, conduzindo a mesma para um reservatório
módulos. Além disso, alguns triângulos posicionados em
inferior o qual é utilizado para regar o vasto jardim.
PROPOSTAS GERAIS
área de jardim são abertos para permitir que a chuva desça.
80
PROPOSTAS GERAIS
Esquema da nova cobertura
81
Análise de conforto
A
cobertura, além de auxiliar na compreensão sensorial do espaço de tratamento, protege a edificação do
poente criando zonas de sombras e auxilia como captador dos ventos Sul e Sudeste que permeiam por toda a extensão longitudinal da cobertura.
PROPOSTAS GERAIS
O resgate dos sheds no projeto não se fez só pela referência aos antigos galpões da fábrica, mas também por ser um elemento de conforto bastante eficaz por sua auto eficiência em entrada de luz e pela captação de ventos. No projeto, por ter sua fase ortogonal orientado à sudeste, os sheds permitem a ventilação natural dos equipamentos – como acontece nos pequenos apartamentos do aporte residência e do auditório – e podem comportar painéis fotovoltaicos em sua fase inclinada – que, no caso, está orientada à nordeste – recebendo a incidência dos raios solares do nascente e do poente. A princípio, fez-se o uso dos painéis nos sheds sobre as garagens com a finalidade de alimentar os postes elétricos do equipamento. 82
1
PROPOSTAS GERAIS
2
1. Solstício de Verão 15:00h 2. Solstícilo de Inverno 15:0hh 83
nessa área, sendo elas: Amendoeira, Ficus, Oiti e Pau-Ferro. Essas são árvores conhecida por ter um porte mais alto, como é o caso da Amendoeira e do Ficus que cresce entre 12 e 30 metros.
Os jardins
Na área Central, foi proposto um jardim mais áridos e com distribuição formal. Ao entrar no equipamento, a paisagem visual que procura-se apresentar é de um vazio Central composto por árvores de Copa menos densa, per-
E
mitindo a permeabilidade visual ao longo do eixo princim todo o projeto, procurou-se especificar árvores e arbustos identificados na área. Para isso, analisou-se
as espécies presentes no Abrigo Dom Pedro II e nas praças da Bandeira, Vila Operaria e Boa Viagem. O jardim é de extrema importância para compreensão
PROPOSTAS GERAIS
dos usos dos espaços comuns do projeto. Eles demarcam uma transição entre as zonas de estímulos e o seu principal desenho (ortogonal, simétrico e racional) definem áreas de espaços verdes que são tratadas de forma diferente ao longo do projeto. Próximo ao Abrigo Dom Pedro II e o Aporte Residencial, procurou-se criar um jardim com caráter de bosque, utilizando uma vegetação mais frondosa – sombreada e adensada – para passeios e encontros entre as pessoas. Nessas áreas, atividades de interação entre os diversos públicos é reforçada pela implantação de mobiliário infantil, mesas de piquenique e árvores frutíferas, criando a sensação de estar imerso em uma pequena floresta. É proposto o plantio de árvores frondosas e de copa larga 84
pal, deixando o Pier e o Mar perceptíveis mesmo aos que estiverem olhando o equipamento pelo gradil de entrada. Foi proposto o plantio de Palmeira Jerivá por possuir copa escassa e chegar a uma altura de 8 a 15 metros de altura. Nos jardins que margeiam os núcleos educacionais e terapêuticos é proposto uma cerca viva que, juntamente com a cerca de concreto com a chapa microperfurada metálica, delimita o espaço de tratamento. Por causa da sombra provocada pela cobertura, procurou-se fazer uso de arbusto que se desenvolvem melhor em sombra e iluminação difusa, como é o caso da Palmeira Areca – a qual tem 3 metros de altura. Foi proposto também o plantio de árvores de pequeno porte, como a Palmeira Veitchia, por sua afinidade com áreas sombreadas e por ser bastante empregado em cercas vivas, chegando a ter 4 a 10 metros de altura. Nos jardins cobertos pela cobertura irregular dos núcleos, foi proposto arbustos menores – de 1 a 4 metros de altura – como é o caso da Ixora-chinesa.
BOSQUE
JARDIM CENTRAL
Amendoeira Terminalia
CERCA VIVA
Palmeira Areca Dypsis Lutescens
Pau-Ferro Caesaplinia Leiostachya
Palmeira Veitchia Veitchia Merrillii
Oiti Licania Tomentosa
Ixora-chinesa Ixora Chinensis
PROPOSTAS GERAIS
Palmeira Jerivรก Syagrus Romanzoffina
CERCA VIVA
85
PROPOSTAS GERAIS
Os acessos
ACESSO JARDIM DOM PEDRO II
86
ACESSO APORTE RESIDÊNCIAL
ACESSO ESTACIONAMENTO
ACESSO SETOR DE TRIAGEM
PROPOSTAS GERAIS
ACESSO USUÁRIOS CAAU
ACESSO STAFF GERAL
ACESSO STAFF ADMINISTRATIVO
ACESSO AUDITÓRIO
87
C
PROPOSTAS GERAIS
B
A
88 C
D
PROPOSTAS GERAIS
A
D
C
C
B
PLANTA TÉRREO GERAL 89
C
PROPOSTAS GERAIS
B
A
90 C
D
PROPOSTAS GERAIS
A
D
C
C
B
PLANTA COBERTURA GERAL
91
ESQUADRIA METÁLICA
PROPOSTAS GERAIS
PORTÃO METÁLICO ACESSO CARROS
PORTÃO METÁLICO | ACESSO CAMINHÕES
92
ABERTURAS PARA AR CONDICIONADO
PÓ
PÓRTICO
PORTÃO METÁLICO
PORTÃO METÁLICO ACESSO CAMINHÕES
FACHADA NORDESTE ATUAL PROPOSTAS GERAIS
A
PORTÃO ACESSO ÁREA TÉCNICA
PORTÃO METÁLICO | ACESSO DE CARROS
FACHADA SUDOESTE ATUAL
93
COBERTURA METÁLICA TRELIÇADA PAINEL METÁLICO MICROPERFURADO PORTÃO METÁLICO
ESQUADRIA METÁLICA
PROPOSTAS GERAIS
PORTA DE ACE
MÓDULO EM LIGHT STEEL FRAMING COBERTURA METÁLICA TRELIÇADA GUARDA-CORPO DE CONCRETO COM PAINEL MICROPERFURADO
94
E COBERTURA METÁLICA TRELIÇADA
A
RTA DE ACESSO PINTADA NA COR AZUL
PORTÃO METÁLICO COMPOSTO POR PAINÉIS METÁLICOS (PINTURA METÁLICA, AZUL E MICROPERFURADO)
PAINEL MICROPERFURADO PORTÃO METÁLICO
PROPOSTAS GERAIS
FACHADA NORDESTE PROPOSTA
ESQUADRIA METÁLICA MÓDULO EM LIGHT STEEL FRAMING
FACHADA SUDOESTE PROPOSTA
95
PÓ ESTACIONAMENTO
HORTA
AUDITÓRIO
PROPOSTAS GERAIS
QUADRA POLIESPORTIVA
NÚCLEO TERAPÊUTICO
96
PIER
PÓRTICO DE ENTRADA SETOR ADMINISTRATIVO E TRIAGEM
SETOR TÉCNICO
ESTACIONAMENTO
APORTE RESIDÊNCIAL
PROPOSTAS GERAIS
CORTE AA
PIER
NÚCLEO PEDAGÓGICO
CORTE BB
97
PÓRTICO DE ENTRADA
PROPOSTAS GERAIS
SETOR ADMINISTRATIVO
PIER
98
APORTE RESIDÊNCIAL
POSTO DE CONTROLE
POSTO DE CONTROLE
NÚCLEO PEDAGÓGICO
NÚCLEO TERAPÊUTICO
PIER
POSTO DE CONTROLE
QUADRA POLIESPORTIVA HORTA
AUDITÓRIO
PROPOSTAS GERAIS
CORTE CC
SETOR ADMINISTRATIVO PÓRTICO DE ENTRADA
CORTE DD
99
Propostas ArquitetĂ´nicas
PROPOSTAS ARQUITETร NICAS
O Auditรณrio
102
103 PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
O
auditório – de área construída igual a 822
móveis podem fechar toda a extensão de vidro do auditó-
m2 – está localizado à noroeste do edifício
rio para promover um ambiente mais escuro.
pré-existente e é proposto todo em estrutura metálica e
Com capacidade para 306 pessoas, o auditório tem um
sheds. Seu acesso acontece por um portão metálico, pro-
papel fundamental dentro do programa desenvolvido no
jetado com placas metálicas alternadas nas cores pratas,
CAAU, pois é um espaço comum, que pode ser utilizado
azul e um terceiro micro perfurado como um patchwork,
por todos os núcleos do equipamento, seja para promover
fazendo referência a produção têxtil. O portão flexível e
palestras educativas, treinamento de pais e profissionais en-
de painéis móveis pode ser completamente fechado e,
gajados na causa autista, além de poder ser utilizado como
quando aberto, dá origem a bilheteria voltado à rua e um
um espaço mais flexível, comportando uma sala multiuso
portão de acesso para o equipamento. A fachada voltada
que pode servir como desde um espaço para ensaios de
para o interior do equipamento é toda em painel de vidro
peças e apresentações teatrais ou até mesmo como um
para permitir uma permeabilidade visual das áreas verdes
espaço para que a parte prática do treinamento possa
do equipamento. Quando necessários, painéis de muxarabi
acontecer.
104
E
13 12
F
10
09
07
F
11
08
06 03
04
05
AMBIENTES: 01. Apoio Recepção | 3.87 m2 02. Bilheteria e Recepção | 18.00 m2 03. Foyer | 53.47 m2 04. Camarim | 33.40 m2 05. Antecâmara | 20.80 m2 06. Apoio Café | 7.30 m2
PLANTA BAIXA AUDITÓRIO
07. Café | 27.00 m2 08. Foyer | 145.00 m2 09. Sala de Projeção | 6.90 m2 10. Auditório | Capacidade 302 pessoas | 350.00 m2 11. Palco | 68.35 m2 12. W.C. | 26.60 m2 13. Sala multiuso | 22.30 m2 105
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
02
E
01
SHEDS
VIGAS METÁLICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
NÚVENS ACÚSTICAS
PAREDE DE VIDRO COM MONTANTES METÁLICOS PAINEL DE CORRER DE MUXARABI
PERSPECTIVA EXPLODIDA DO AUTIDÓRIO
106
CORTE EE
107 PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
108
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
CORTE FF
109 PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
110
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
VISTA INTERNA DO AUDITÓRIO
111
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
O Núcleo Administrativo e de Triagem
112
113 PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
G H
07
08
09
17
11
12 06
10
01
05
18 H
16 13
15
02 03
14
G
04
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PLANTA BAIXA TÉRREO SETOR ADMINISTRATIVO E TRIAGEM
AMBIENTES: 01. Segurança | 12.63 m2 02. Recepção e Espera | 27.50 m2 03. W.C. | 7.90 m2 04. W.C. | 7.90 m2 05. Copa | 20.00 m2 06. DML | 7.82 m2 07. Sala Psicoterapia | 18.60 m2 08. Sala Terapia Ocupacional | 17.50 m2 09. Sala Fonoaudiologia | 19.00 m2 114
10. Consultório médico | 13.00 m2 11. Sala Assistência Social | 9.00 m2 12. Circulação | 16.65 m2 13. Pórtico | 84.60 m2 14. Sala de Espera | 62.00 m2 15. Recepção | 12.60 m2 16. Copa e estar funcionários gerais | 39.00 m2 17. Vestiário Masculino | 18.00 m2 18. Vestiário Feminino | 16.60 m2
G
04 H
09
08
07
06
03
02
05
01
H
10 12
13
G
11
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PLANTA BAIXA 1O PAVIMENTO SETOR ADMINISTRATIVO E TRIAGEM
AMBIENTES: 01. Coordenação Geral | 23.00 m2 02. W.C. Masculino | 12.00 m2 03. W.C. Feminino | 12.00 m2 04. Recursos Humanos | 25.00 m2 05. Sala de Reunião | 21.00 m2 06. Diretor Geral | 27.00 m2 07. Assistência Jurídica | 25.00 m2 08. Tesouraria | 22.60 m2 09. Arquivo | 29.00 m2
10. Depósito | 6.75 m2 11. Suporte Técnico | 22.00 m2 12. Assessoria de Comunicação | 24.50 m2 13. Copa | 34.50 m2
115
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
S
endo a única parte da fábrica original que ainda está
centro e local de acesso dos usuários do equipamento.
de pé, o prédio principal era onde funcionavam os
O setor de triagem é responsável pelo primeiro conta-
escritórios e almoxarifados da Companhia Empório Indus-
to da família com o CAAU, é onde será realizado o diag-
trial do Norte. Buscando trazer a mesma distribuição espa-
nóstico do TEA e o enquadramento dessas pessoas diante
cial utilizada pela fábrica de Luiz Tarquinio, a proposta do
das atividades desenvolvidas no centro, assim facilitando o
CAAU mantém na pré-existência toda a parte administrati-
tipo de assistência que será oferecido e o aporte necessário
va do centro, sendo acrescida do setor de triagem.
a família daquele usuário.
No térreo da antiga fábrica está situada a recep-
No segundo pavimento da pré-existência foi distribuída
ção da administração e o aporte aos funcionários, lo-
toda a parte administrativa do CAAU, onde ficarão presi-
cal destinado a copa, vestiários e controle das pessoas
dente (diretor-geral), diretoria administrativa, setor de co-
que trabalham na instituição. Ainda no térreo, no outro
municação, assessoria jurídica, além do suporte técnico e
lado da pré-existência, funcionará o setor de triagem do
almoxarifados.
116
CORTE GG
117
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
118
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
CORTE HH
119
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
120
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
VISTA DO PRIMEIRO PAVIMENTO DO SETOR ADMINISTRATIVO
121
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
O Aporte Residencial
122
123 PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
I
06
05
07 08 11
12
02 01
13
J
03
04
09
04
03
14
01
I
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
02
10
124
06
05
01
02
07 08
03
04 11
09
J
10
01 15 16
04
02 03
AMBIENTES: Abrigo Tipo A | Quarto casal e quarto solteiro 01. Cozinha e estar | 20.00 m2 02. Quarto Casal | 10.80 m2 03. Quarto Solteiro | 9.90 m2 04. W.C. | 3.40 m2 Abrigo Tipo B | 2 quartos solteiro: 05. Cozinha e estar | 19.70 m2 06. Quarto Solteiro | 7.45 m2 07. Quarto Solteiro | 7.45 m2 08. W.C. | 3.40 m2 Abrigo Tipo C | Apt. Acessível 09. Cozinha e estar | 19.20 m2 10. Quarto Casal | 11.00 m2 11. Quarto Solteiro acessível|14.95 m2 12. W.C. | 5.30 m2 13. Estar Coletivo | 45.80 m2 14. Lavandeira Coletiva | 40.15 m2 15. Guarita | 7.32 m2 16. W.C. | 3.71 m2
PLANTA BAIXA TÉREEO APORTE RESIDÊNCIAL
125
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
12
I
06
05
07 08 11
12
02 01 J
03
04
10
09
04
03
13 02
01
I
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
14
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14
15
06
05
01
02
07 08
03
04 11
J
09
10
01
04
02 03
AMBIENTES: Apt. Tipo A | Quarto casal e quarto solteiro 01. Cozinha e estar | 20.00 m2 02. Quarto Casal | 10.80 m2 03. Quarto Solteiro | 9.90 m2 04. W.C. | 3.40 m2 Apt. Tipo B | 2 quartos solteiro: 05. Cozinha e estar | 19.70 m2 06. Quarto Solteiro | 7.45 m2 07. Quarto Solteiro | 7.45 m2 08. W.C. | 3.40 m2 Apt; Tipo C | Quarto Casal e quarto Acessível 09. Cozinha e estar | 19.20 m2 10. Quarto Casal | 11.00 m2 11. Quarto Solteiro acessível|14.95 m2 12. W.C. | 5.30 m2 13. Reunião Pais | 26.92 m2 14. W.C. | 2.55 m2 15. Copa | 6.75 m2
PLANTA BAIXA TÉREEO APORTE RESIDÊNCIAL
127
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
12
A
criação do aporte residencial surge afim de
residencial: 4 apartamentos acessíveis, 4 apartamentos com
proporcionar à famílias, responsáveis de outras
dois quartos de solteiro e 8 apartamentos com um quarto
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
entidades e outros profissionais envolvidos no atendimento
de casal e um de solteiro.
ao autismo, que moram em outras cidades do estado, a
O bloco central abriga as funções comunitárias, como a
oportunidade de imergir no universo autista através de um
lavanderia e a sala de reunião dos pais. Existe uma entrada
programa realizado pelo centro cujo objetivo é passar para
exclusiva para as famílias que estão hospedas no local e o
essas pessoas através de treinamentos, palestras e expe-
controle é feito a partir de controle magnético e de uma
riências a dinâmica e vivência do CAAU, disseminando a
guarita que fiscaliza a entrada e saída de pessoas. Para aju-
prática e assim melhorando as condições da assistência ao
dar aos autistas identificarem os apartamentos que estão
autismo no estado.
hospedados, pintou-se as paredes externas voltadas para o
São propostos três tipos de apartamentos no aporte
128
equipamento em cores pasteis.
CORTE II
129
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
CORTE JJ
130
CORTE JJ AMPLIADO
131
132
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
VISTA DO BLOCO COMUNITÁRIO E DOS APARTAMENTOS
133
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
O Núcleo Educacional
134
135 PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
A
pós a pesquisa de campo realizada na AMA/BA,
nando um ambiente favorável à concentração necessária
única instituição que presta apoio pedagógico di-
para o desenvolvimento adequado das atividades propos-
recionado para o autista, foi possível conceber um módulo
tas pelos professores-terapeutas.
educacional baseado na metodologia pedagógica adotada
Portanto, foi pensado em um módulo base no qual as
pela instituição. O modelo cognitivista-comportamental en-
transições do meio interno (sala de aula) para o meio exter-
sina comportamentos sociais, motores e de comunicação
no (equipamento) pudessem ser realizadas de forma mais
assim como a capacidade de raciocínio.
sutil, visto que os autistas possuem dificuldade de adaptação devido aos diferentes estímulos sensoriais impostos pe-
cognitivista por reforço positivo, baseado no sistema de re-
los ambientes. Para isso, foi criada uma antessala chamada
compensa, a sala de apoio pedagógico visa ser um espaço
de sala de transição, onde as paredes de vidro promovem a
bem mais flexível que as salas de aulas regulares, mas que
permeabilidade visual do ambiente externo formado pelos
ao mesmo tempo possa controlar os estímulos proporcio-
jardins, nessa sala os alunos ao chegarem terão um espaço
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
Tendo como fundamento o ensino comportamental e
136
para acomodação e preparação para entrar na sala de aula,
ordenador do núcleo pedagógico e a sala de reunião dos
um ambiente mais fechado e com menos estimulação sen-
professores. Nos módulos adjacentes ao módulo central
sorial. A sala de aula apresenta uma conformação onde os
funcionará as salas de aula voltadas ao público infantil (0-
armários dispostos entre as mesas cria um microambiente
14 anos) e ao público adulto (acima de 14 anos), além de
que facilita a concentração do autista perante as atividades
também contar com um módulo voltado para a formação
que requerem maior atenção, mas que ao término entre
profissional dessas pessoas, propondo um espaço pré-pro-
uma atividade e outra eles possam ser deslocados para um
fissionalizante para aqueles que já estão mais habituados à
ambiente mais lúdico, junto à sala de aula, onde eles podem
vida cotidiana e que pretendem ser inseridos na sociedade
ser recompensados por essas atividades realizadas.
de forma ativa e participativa no mercado de trabalho.
No módulo central núcleo pedagógico foram setorizadas atividades de fluxo maior onde irá funcionar a bi-
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
blioteca, sala multimídia, refeitório, vestiários, sala do co-
CORTE KK
137
SETOR PEDAGÓGICO ADULTO
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
1. Módulos de sala de aula (2), Módulo Profissionalizante e Módulo de Vestiário
138
SETOR DE APOIO 2. Biblioteca, Brinquedoteca, Sala de Informática, Refeitório e Sala dos Professores
SETOR PEDAGÓGICO INFANTIL 3. Módulos de sala de aula (3) e Vestiários
1
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
2
3
PERSPECTIVA EXPLODIDA DO NÚCLEO PEDAGÓGICO
139
04 03
04 03
02
01
01
17 03
04
02
03
04 10 08
04
K
03
14
15
02
11
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
01 05 03
140
02
04
13 16
04
07
12
09
L
04
04 03
02 01
02
03
01 02
03
04
02 04
03
04 02
03
K
01 06
05 02
03
L
04
18
01. Sala de Transição | 12.28 m2 02. Sala de aula | 31.18 m2 03. Varanda Sensorial | 8.80 m2 04. Despensa | 3.80 m2 05. Vestiário Masculino | 27.20 m2 06. Vestiário Feminino | 27.20 m2 07. Sala de Transição | 11.00 m2 08. Brinquedoteca | 21.17 m2 09. Biblioteca | 46.67 m2 10. Refeitório | 67.67 m2 11. Cozinha | 44.00 m2 12. Lixo | 7.20 m2 13. Despensa | 11.40 m2 14. Sala de transição | 11.00 m2 15. Lab. de informática | 37.77 m2 16. Coordenação | 28.00 m2 17. Sala Profissionalizante | 62.36 m2 18. Posto de Controle | 6.35 m2
PLANTA BAIXA TÉREEO NÚCLEO PEDAGÓGICO
141
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
AMBIENTES:
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
K
01 02
142
L L
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
K
AMBIENTES: 01. Estar, Copa e Reunião Profs. | 99.34 m2 02. W.C. | 8.22 m2 PLANTA BAIXA 1O PAV NÚCLEO PEDAGÓGICO
143
CORTE LL
144
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
VISTA INTERNA DO NÚCLEO EDUCACIONAL
145
O
sistema construtivo utilizado para a execução dos módulos de todo o setor educacional e te-
rapêutico é o light steel framing. O Light Steel Framing, é um sistema de construção a seco constituído por uma estrutura leve de perfis de aço galvanizado que formam um esqueleto estrutural autoportante, composto de painéis, vigas, tesouras de telhado e outros elementos, projetados
PERFIL METÁLICO
CAMADA EXTERNA
O Módulo
LÃ DE VIDRO 70MM OSB
MEMBRANA HIDRÓFUGA ACABAMENTO EXTERNO
para suportar as cargas da edificação. Sobre este esqueleto estrutural são fixadas placas de fechamento internas e CAMADA INTERNA
externas, isolamentos termo acústicos e barreiras, gerando uma construção com aspecto final semelhante ao da consPROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
trução convencional e qualidade superior.
LÃ DE VIDRO 70MM GESSO ACARTONADO PINTURA
MÓDULO SALA DE AULA DO NÚCLEO TERAPÊUTICO
146
1. Fechamento cobertura 2. Perfis metálicos 3. Forro 4. Camada interna 5. Perfis metálicos 6. Camada externa 7. Janela Maxim-ar 8. Estrutura anexa de madeira
1
2
3
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
8
4 7
5
6
PERSPECTIVA EXPLODIDA DO MÓDULO
147
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
O Núcleo Terapêutico
148
149 PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
A
proposta projetual do núcleo terapêutico foi
e um DML. A proposta de inserir zonas de transição de
baseada na interação entre os ambientes inter-
forma mais controlada se deu através da permeabilidade
nos e externos, onde os jardins se tornam zonas de estimu-
visual criada pela inserção de paredes de vidro na recepção
lação sensorial positiva que possibilitam a permeabilização
e nos corredores dos equipamentos, possibilitando que as
visual entre os dois espaços, propondo uma atmosfera livre
paisagens externas, formadas pelos jardins contemplativos,
de estresse, mais confortável e que potencializa a dinâmica
atuem como uma estimulação sensorial positiva para o
do serviço oferecido pelo equipamento.
ambiente tornando-o mais agradável, confortável e que as
A dinâmica do núcleo terapêutico foi pensada a partir
mudanças espaciais não ocorram abruptamente.
das limitações características do TEA que deram origem
Ao pensar em um ambiente que tem como alicerce a
aos setores por intervenção: comportamental/comunica-
intervenção associa-se imediatamente a algo que envolva o
ção, social e sensorial/motora.
coletivo, que possa realizado em grupo e que envolva um
No setor de intervenção comportamental e de comu-
caráter maior de trocas pessoais. Portanto, o setor respon-
nicação serão realizados atendimentos de fonoaudiologia,
sável por prestar atendimento com enfoque na integração
organizados no primeiro módulo, e de psicologia no segun-
social foi disposto centralmente entre os setores compor-
do módulo. Cada módulo é composto por cinco salas de
tamental e sensorial, onde atividades em grupo como mu-
atendimento, uma recepção, um banheiro unissex acessível
sicoterapia, dançaterapia, esportes de contato como caratê
150
foi pensado a partir do estudo de MACHADO (2012), que
vido nos outros setores e pôr em prática numa atmosfera
analisou a percepção dos pacientes aos ambientes dos cen-
menos controlados sensorialmente.
tros de reabilitação, sendo propostos consultórios individu-
No centro do equipamento também foi disposto um
alizados na porção superior e na parte inferior um ginásio
módulo onde funcionará o aporte técnico e administrativo
terapêutico com extensão em um deck onde os treinos das
do núcleo terapêutico, onde ficarão coordenador, sala de
atividades de vida diária possam ser realizadas integrando
reunião dos profissionais, copa, almoxarifado, enfermaria,
os ambientes externos aos ambientes internos melhorando
expurgo e um café que traz como proposta um espaço
e criando mais possibilidades de atividades para os pacien-
onde pais, profissionais e pacientes possam interagir duran-
tes.
tes espaços de espera e folga dos atendimentos. Na porção
No módulo da terapia ocupacional utilizou-se o mesmo
inferior do equipamento foi instalado um módulo de apor-
conceito utilizado para distribuição das atividades da fisiote-
te a hidroterapia e outras atividades a serem desenvolvidas
rapia, porém ao invés do ginásio terapêutico foi criado uma
na piscina.
sala de integração sensorial, onde podem ser realizadas
O setor de intervenção sensorial e motora é responsá-
diversas atividades que possam auxiliar na adaptação dos
vel pelos atendimentos de fisioterapia e terapia ocupacio-
autistas a diversos estímulos como cama elástica, piscina de
nal. No primeiro módulo onde está instalada a fisioterapia,
bolinhas, balanços e pequenos playgrounds. 151
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
e judô possam associar todo o trabalho de base desenvol-
SETOR DE SOCIALIZAÇÃO
1. Consultórios de Terapia Ocupacional e sala de Integração Sensorial
3. Sala Multiuso, Café, Enfermaria e o Aporte aos funcionários
2. Consultórios de Fisioterapia e Ginásio Terapêutico
4. Piscina Terapêutica e Vestiários
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
SETOR DE INTERVENÇÃO SENSORIAL E MOTORA
152
SETOR DE INTERVENÇÃO COMPORTAMENTAL E DE COMUNICAÇÃO 5. Consultórios de Psicoterapia 6. Consultórios de Fonoaudiologia e Sala Espelho
1
4 2 PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
3 5 6
PERSPECTIVA EXPLODIDA DO NÚCLEO TERAPÊUTICO
153
M
08 10
09 24
22
11
15
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
N
25
23
25
23
23
14
12
17 20
18
16
13
21
M
25
19
154
M
08
07
09
04
07
04
07
04
03
02
02
03
N
12
01
01
07
05
07
06
M
13
01. Recepção e Espera | 57.20 m2 02. DML | 6.84 m2 03. W.C. | 3.76 m2 04. Psicoterapia | 23.00 m2 05. Sala de observação | 23.00 m2 06. Sala espelho | 23.00 m2 07. Fonoaudiologia | 23.00 m2 08. Vestiário Masculino | 20.40 m2 09. Vestiário Feminino | 20.40 m2 10. Piscina Terapêutica | 193.00 m2 11. Apoio Piscina | 9.70 m2 12. Sala de Transição | 7.40 m2 13. Sala Atividades Grupo | 48.15 m2 14. Despensa | 8.85 m2 15. Café | 67.88 m2 16. Recepção | 22.40 m2 17. Despensa | 5.26 m2 18. Assistência Social | 9.30 m2 19. Recepção | 18.00 m2 20. Enfermaria | 22.43 m2 21. Expurgo | 16.00 m2 22. Ginásio Terapêutico | 57.30 m2 23. Fisioterapia | 23.00 m2 24. Sala Integração Sensorial|57.30 m2 25. Terapia Ocupacional | 23.00 m2
PLANTA BAIXA TÉRREO NÚCLEO TERAPÊUTICO
155
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
AMBIENTES:
M
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
01
N
02
156 M
M
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
N
AMBIENTES:
M
01. Estar, Copa e Reunião Funcionários | 76.60 m2 02. W.C. | 4.87 m2 PLANTA BAIXA 1O PAV NÚCLEO TERAPÊUTICO
157
158
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
CORTE MM
CORTE NN
159
160
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
PROPOSTAS ARQUITETÔNICAS
VISTA DA ENTRADA DO SETOR DE PSICOLOGIA DO SETOR TERAPÊUTICO
161
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Universidade Federal da Bahia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação | 2016.1 Pedro Henrique Ferreira Andrade