Aula 2/3: Coleta de Materiais Biológicos

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TÓPICOS ESPECIAIS EM BIOMEDICINA: COLETA DE MATERIAIS BIOLÓGICOS

Pedro H. Veloso Biomédico CRBM 6.831


COLETA DE MATERIAIS BIOLÓGICOS • Materiais de origem humana/animal coletado com fins diagnósticos: o Sangue; o Urina; o Fezes; o Líquidos corporais: espinhal, pleural, amniótico, etc; o Tecidos: biópsias, raspagens, etc; o Secreções corporais: Escarro, esperma, vaginal, uretral, etc.


LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS • “...Local onde realizam-se exames clínicos”. • Ferramenta essencial para obtenção de informações do diagnóstico e tratamento de várias doenças.


POSTO DE COLETA • Local onde é realizada apenas a coleta e o preparo para o transporte de amostras clínicas; •LEGISLAÇÃO: • NIT DICLA 083 - É uma norma nacional para garantir a competência técnica de um laboratório clínico. • RDC Nº 302/05 – Regulamento técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos.


SETOR DE COLETA •SEGUNDO A RDC No. 302 DE 2005 DA ANVISA: • Serviço vinculado a um laboratório clínico, que realiza atividade laboratorial, mas não executa a fase analítica dos processos operacionais; • Possuir um profissional legalmente habilitado como responsável técnico; • Alvará atualizado, expedido pelo órgão sanitário competente; • Inscrição no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES.


PROCESSO PARA REALIZAÇÃO DE UM EXAME INÍCIO • FUNÇÕES DO LABORATÓRIO: • Cadastrar o paciente e os exames solicitados; • Coleta, acondicionamento, transporte e preparo das amostras; • Realização dos testes; • Análise e liberação dos resultados; • Entrega do laudo; • Auxiliar na interpretação dos laudos.

FIM


FASES DA ANÁLISE CLÍNICA •São todos os processos que a amostra biológica passa desde a orientação ao paciente até a emissão dos laudos e são definidas como:


FASE PRÉ-ANALÍTICA • Consiste na preparação do paciente, coleta, manipulação e armazenamento da amostra antes da determinação analítica, ou seja, compreende tudo que precede o ensaio laboratorial, dentro ou fora do laboratório de Análises.


FASE PRÉ-ANALÍTICA


FASE ANALÍTICA • Consiste na execução do ensaio propriamente dito.


FASE ANALÍTICA


FASE PÓS-ANALÍTICA • Vai desde a liberação e validação do exame até o momento em que o médico interpreta e toma sua decisão.


FASE PÓS ANALÍTICA


FASES DA ANÁLISE CLÍNICA


FONTES DE VARIAÇÃO •JEJUM • Varia de acordo com a análise. • Habitual é de 8 horas a 12 horas. • Triglicérides o jejum é de 12 a 14 horas. •ATIVIDADE FÍSICA • Aumento na atividade sérica de algumas enzimas que pode persistir por 12 a 24 horas. Por esta razão, prefere-se a coleta com o paciente em condições basais.


FONTES DE VARIAÇÃO


FONTES DE VARIAÇÃO •POSTURA • Albumina, colesterol, triglicerídeos, hematócrito, hemoglobina, drogas que se ligam as proteínas e o numero de leucócitos podem ser superestimados de 8 a 10% da concentração inicial. • Em posição supina, um adulto possui 600 a 700 mL a menos de volume intravascular do que quando em decúbito. • Tempo para equilíbrio: • De pé → deitado 30 minutos • Deitado → em pé 10 minutos


FONTES DE VARIAÇÃO •GARROTEAMENTO • Ideal: de 1 a 2 minutos; • Se garrote permanecer por mais tempo, a estase venosa levara a alterações metabólicas. • Garrote aplicado por 3 minutos eleva (%): • Lipídeos totais 4,7 • Proteínas total 4,9 • Colesterol 5,1 • Ferro 6,7 • Bilirrubina 8,4 • AST 9,3 • Potássio (reduz) 6,2


FONTES DE VARIAÇÃO •SEXO: • Diferenças hormonais; • Parâmetros sanguíneos e urinários se apresentam em concentrações distintas entre homens e mulheres em decorrência das diferenças metabólicas. •IDADE: • Maturidade funcional dos órgãos e sistemas metabólicos e massa corporal.


TIPOS DE AMOSTRAS • Sangue: sangue total, soro e plasma; • Urina; • Fezes; • LCR; • Outros líquidos: pleural, sinovial, ascítico, amniótico, pericárdico, peritoneal; • Suor; • Saliva; • Cálculos (pedras), etc.


FLEBOTOMIA • Consiste na coleta sanguínea para o ensaio. • TIPOS DE COLETA: • Sistema aberto: agulhas e seringas estéreis e descartáveis; • Sistema fechado: coleta a vácuo. Usa-se suporte, agulha com rosca/manga de borracha e tubo com vácuo; • Capilar: Lancetas estéreis e descartáveis;


FLEBOTOMIA • As principais veias utilizadas para coleta sanguínea são:


FLEBOTOMIA Preparação do material e do profissional 1. Confira se você dispõe de todos os materiais que irá utilizar; 2. Higienize suas mãos; Recepção do usuário 3. Chame o usuário pelo nome completo. Trate-o sempre com respeito, cumprimentando-o de modo simpático e cordial; 4. Peça que se acomode confortavelmente na cadeira de coleta;


FLEBOTOMIA Identificação do usuário e dos materiais 5. Solicite ao usuário um documento de identidade com foto; 6. Verifique se os dados do documento são os mesmos registrados na requisição e nas etiquetas e devolva o documento a ele; 7. Informe ao usuário como será o procedimento de coleta; 8. Ordene o material que será usado na coleta; 9. Peça ao usuário que confirme seus dados na etiqueta; 10. Cole as etiquetas nos tubos;


FLEBOTOMIA Preparação da coleta 11. Calce as luvas; 12. Posicione o braço do usuário; 13. Verifique se a manga está prendendo a circulação e atuando como um garrote. Caso isso aconteça desdobre a manga; 14. Analise os possíveis locais para a punção venosa e escolha o calibre da agulha; 15. Mostre ao usuário a embalagem lacrada da agulha de coleta e abra-a, expondo apenas a parte que será colocada no adaptador;


FLEBOTOMIA 16. Rosqueie a agulha no adaptador; 17. Faça a antissepsia do local escolhido para a punção; 18. Garroteie o braço do usuário e solicite que ele feche a mão; Coleta 19. Retire a capa da agulha e imediatamente faça a punção com o bisel da agulha virado para cima; Atenção: Caso exista flacidez no local da coleta, estique a pele com os dedos para fixar a veia.


FLEBOTOMIA 21. Quando o sangue começar a fluir solte o garrote e peça ao usuário que abra a mão; 22. Troque o tubo quando o sangue parar de fluir para seu interior; 23. Enquanto o tubo seguinte está sendo completado, homogeneíze o tubo anterior, invertendo-o suavemente entre 5 e 10 vezes; 24. Coloque a amostra colhida em estante para tubos, de modo que fique na posição vertical; 25. Repita o procedimento anterior, sucessivamente, até ter colhido todos os tubos necessários;


FLEBOTOMIA Finalização da coleta 26. Retire o último tubo; 27. Remova a agulha da veia e solicite que o usuário faça pressão sobre o local da punção com o auxílio de uma gaze ou algodão seco; 28. Acione imediatamente o dispositivo de segurança da agulha; 29. Oriente o usuário para que mantenha o braço esticado e o local da punção pressionado, sem esfregar, por no mínimo três minutos;


FLEBOTOMIA 30. Descarte imediatamente a agulha em recipiente apropriado para materiais perfurocortantes, adotando todos os cuidados de biossegurança; 31. Verifique se o local da punção parou de sangrar. Caso continue o sangramento troque o algodão ou a gaze e oriente para que o usuário continue pressionando o local da punção até parar o sangramento; 32. Cubra o local da punção com curativo oclusivo e oriente ao usuário para mantê-lo por, no mínimo, 15 minutos; 33. Retire as luvas e descarte em recipiente próprio;


FLEBOTOMIA 34. Quando o usuário estiver usando roupa de manga longa, verifique se a manga está prendendo a circulação e atuando como um garrote. Caso isto aconteça desdobre a manga; Orientações e encaminhamentos finais 35. Oriente o usuário a não dobrar o braço e não carregar qualquer peso no braço no qual foi feita a punção por, no mínimo, uma hora; 36. Certifique-se que o usuário está se sentindo bem e em condições de se locomover sozinho; 37. Entregue a ele o comprovante de coleta;


SORO VS. PLASMA •SORO: é o fluido que resta após a coagulação do sangue obtido in vitro sem anticoagulante, espontaneamente ou por centrifugação, que deve ser removido.

•PLASMA: é o fluido sobrenadante obtido in vitro com anticoagulante, espontâneo ou centrifugado.


SORO VS. PLASMA


ANTICOAGULANTES •Quando necessita-se de sangue total ou plasma para algumas análises usam-se anticoagulantes; •Em geral, interferem no mecanismo de coagulação in vitro, inibindo a formação da protrombina ou da trombina. •Os mais usados são: • EDTA (ácido etileno-diamino-tetra-acético): determinações bioquímicas e hematológicas • Heparina: provas bioquímicas • Oxalatos: provas de coagulação • Citratos: provas de coagulação • Polianetolsulfonato de sódio: hemoculturas


TUBOS PARA COLETA


TUBOS PARA COLETA SANGUÍNEA •VERMELHO: • Sem anticoagulante. • Obtenção de soro para bioquímica e sorologia. • Exemplo de testes: • • • • •

Creatinina; Glicose; Uréia; Colesterol; Pesquisa e identificação de anticorpos e ou antígenos no soro.


TUBOS PARA COLETA SANGUÍNEA •AMARELO: • Gel separador e ativador para aceleração da retração do coágulo; • Dosagens bioquímicas, Dosagens hormonais e Sorologias; • Coletar de 3 a 10 ml; • Manter em refrigeração até 24 horas; • Congelar somente o soro, se necessário.


TUBOS PARA COLETA SANGUÍNEA •ROXO: • Com anticoagulante EDTA sódico ou potássico • EDTA liga-se aos íons cálcio, bloqueando assim a cascata de coagulação • Obtém-se assim o sangue total para hematologia • Testes: • Eritrograma; • Leucograma; • Plaquetas.


TUBOS PARA COLETA SANGUÍNEA •PRETO: • Os tubos para VHS • Contêm solução tamponada de citrato-trissódico • Utilizados para coleta e transporte de sangue venoso para o teste de sedimentação.


TUBOS PARA COLETA SANGUÍNEA •CINZA: • Tubos para glicemia. • Contêm um anticoagulante e um estabilizador, em diferentes versões: • EDTA e fluoreto de sódio; • oxalato de potássio e fluoreto de sódio; • heparina sódica e fluoreto de sódio; • heparina lítica e iodoacetato; • Ocorre inibição da glicólise para determinação da taxa de glicose sanguínea.


TUBOS PARA COLETA SANGUÍNEA •ROSA: • Tubos para provas de compatibilidade cruzada. • Duas versões: • Com ativador de coágulo » Provas cruzadas com soro; • Com EDTA » Testes com sangue total.


TUBOS PARA COLETA SANGUÍNEA •ROYAL: • Três versões: • Sem aditivo; • Com heparina sódica; • Com ativador de coágulo.

• Utilizados para testar traços de elementos metálicos, como: Cu, Zn, Pb, etc.


TUBOS PARA COLETA SANGUÍNEA


TRIAGEM


TRIAGEM • SORO - tubo sem gel separador: • Aguardar a completa coagulação à temperatura ambiente seguida de centrifugação a 3.000 rpm, por um período de 10 minutos. • SORO - tubo com gel separador: •Deve-se imediatamente após a coleta homogeneizar, o tubo por inversão de 5 a 8 vezes, manter em repouso, verticalmente, por 30 minutos para retrair o coágulo e seguir a centrifugação a 3.000 rpm por 10 minutos. • ANTICOAGULANTE: • Centrifugação de sangue com anticoagulante (Citratado, EDTA ou


INTERFERÊNCIA COM RELEVÂNCIA CLÍNICA • Os testes laboratoriais podem ser afetados por fatores endógenos e exógenos na amostra.


AMOSTRAS ICTÉRICAS • A presença da bilirrubina, dando uma cor amarelada forte, altera os valores de creatinina.


AMOSTRAS HEMOLISADAS • É a liberação de componentes intracelulares das hemácias e outros componentes dentro do espaço extracelular do sangue. Aparência da cor é devida à liberação de hemoglobina. •Causas: • Bioquímicas (reação de transfusão); • Imunológicas (antígeno - anticorpo); • Físicas (hipotonia); • Químicas (resíduos); • Mecânicas (centrifugação).


AMOSTRAS LIPÊMICAS • Lipemia é a turbidez do soro ou plasma a qual é causada pela elevação da concentração de lipoproteínas que é visível ao olho. • Triglicérides; • Alimentação; • Desordem metabólica; • Turbidez (paciente – heparinizado).


URINA •“Um fluido de biópsia dos rins”. •“Um ultrafiltrado do plasma, que pode ser usado para a evolução e monitoramento da homeostase do corpo e muitas doenças dos processos metabólicos” • TIPOS DE URINA • Rotina; • 24 horas; • Jato médio; • Cateterizada; • Aspiração Suprapúbica; • Pediátrica.


URINA DE ROTINA • Não requer preparação; • Quase sempre aleatórias, primeira da manhã; • Dependendo da idade do paciente e condições físicas requer assistência.


URINA 24 HORAS •1º Dia: esvaziar a bexiga na hora inicial, coletar todas as urinas nas próximas 24horas. •2º Dia: na mesma hora em que começou a coletar no primeiro dia, de bexiga cheia, urinar e coletar esta última amostra. • No laboratório após a chegada da amostra, misturar, medir o volume e registrar. •Uma alíquota é guardada para testes e ensaios adicionais de repetição, descartar o restante da urina.


URINA DE JATO MÉDIO • Utilizada para cultura, citologia e rotina. • Necessita de antissepsia do paciente • Primeira urina é descartada. • Não ter contato do coletor com a área perineal. • Contém elementos da bexiga, uretra e rins.


URINA CATETERIZADA • Requer pessoal treinado. • Utilizada na rotina e cultura, e também para diferenciar Infecção Renal, da Bexiga. • Inserção de um cateter através da uretra dentro da bexiga. • Amostras aleatória e temporizadas podem ser obtidas.


URINA DE ASPIRAÇÃO SUPRABÚBICA •Coleta diretamente da bexiga por uma agulha com seringa em punção abdominal. •Utilizada para cultura e citologia.


URINA PEDIÁTRICA • Utilizada na rotina e ensaios quantitativos; • Faz-se antissepsia do local da coleta; • São utilizados coletores plásticos com adesivos; • Devido a contaminações, coletas suprapúbicas e cateterizada podem ser feitas.


ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO


ETAPAS ENVOLVIDAS


ACONDICIONAMENTO DE INSUMOS PARA COLETA


ARMAZENAMENTO DE SANGUE PARA ANÁLISE • Depende do analito (glicose, DLH, potássio, bicarbonato); •Se não for processada dentro de 5h após a separação, refrigerar (2 a 8ºC)/24h; •Alguns analitos requerem congelamento (-20ºC).


ARMAZENAMENTO DE URINA PARA ANÁLISE • Refrigeração- 4 a 6ºC, até 24 horas • Vantagens: • Não interfere em testes bioquímicos. • Desvantagens: • Aumenta a densidade para urodensímetro, e precipita cristais de fosfatos e uratos amorfos; • Se for analisada dentro de 2 horas após a coleta , não refrigerar.


MANUSEIO E TRANSPORTE DE AMOSTRAS • Quando a amostra não é colhida pelo laboratório, o paciente ou o funcionário do hospital deverá ser orientado sobre a coleta, tempo máximo de entrega ao laboratório.


MANUSEIO E TRANSPORTE DE AMOSTRAS • Recebimento – Registro completo sobre o paciente: •Uma identificação adequada, utilizando material que resista ao manejo. • Transporte: •Realizar o transporte das amostras de acordo com a legislação vigente, atentando sempre para a condição de temperatura específica para cada analito. • Envio de amostras:


CONSIDERAÇÕES FINAIS • Observar as amostras antes e depois da centrifugação; • Relatar se há interferentes visíveis ou não; • Identificação de analitos que podem ser ou não afetados; • Pré-tratamento para eliminação de interferentes; • Não análise quando ultrapassar os desvios de relevância clínica.


“EM GERAL, NOVE DÉCIMOS DA NOSSA FELICIDADE BASEIAM-SE EXCLUSIVAMENTE NA SAÚDE. COM ELA, TUDO SE TRANSFORMA EM FONTE DE PRAZER”. (ARTHUR SCHOPENHAUER)

drpedroveloso @pedrohenriqueveloso pedro.chaves@anhanguera.com

“QUE COMECEM OS JOGOS...” (Jigsaw)

atpstopicos1@kroton.onmicrosoft.com


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