TENSÃO, CONTRADIÇÃO OU RACISMO?

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IV CBPN IV CONGRESSO BAIANO DE PESQUISADORES NEGROS DA EDUCAÇÃO BÁSICA À PÓS-GRADUAÇÃO: PERSPECTIVAS E ESTRATÉGIAS PARA A CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS AFIRMATIVAS DE GÊNERO E RAÇA. TENSÃO, CONTRADIÇÃO OU RACISMO? UMA DISCUSSÃO SOBRE O “PROBLEMA” 1 DA MÃO DE OBRA EM FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL DE CELSO FURTADO Elias de Oliveira Sampaio2 Professor Colaborador do Programa de Gestão das Organizações (PGO) e do Programa de Mestrado em Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional (PGDR) da Universidade do Estado da Bahia - UNEB Resumo: O artigo discute a questão da mão de obra em Formação Econômica do Brasil, com vistas a sua revisão analítica. Percebem-se no texto, elementos que sugerem um caráter racista em suas argumentações, quando ele trata dos motivos determinantes para a exclusão da antiga mão de obra escrava no desenvolvimento da economia brasileira. Argumentamos que Furtado atribui aos antigos escravos, total responsabilidade pela sua própria exclusão no novo modelo de desenvolvimento econômico à medida que admitiu como exógenas todas as variáveis da conjuntura econômica, política e social à época, ao enfatizar, no seu modelo econômico, “a falta de qualidade intrínseca” de todo um contingente de mão de obra, remanescente do antigo sistema para o regime assalariado. Além de nos referenciarmos à obra original, trabalhamos com o conjunto de textos a seu respeito publicado na coletânea Fortuna Crítica, de 2009, quando da comemoração dos 50 anos da publicação da primeira edição do livro. Nossas conclusões são voltadas para a necessidade da abertura de um novo campo de pesquisa para uma reavaliação do processo de transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado a partir de fins do século XIX e, de maneira muito importante, uma análise crítica a respeito das politicas de desenvolvimento desenhada e coordenada por Furtado a partir de 1959. Palavras-chave Desenvolvimento; subdesenvolvimento; trabalho escravo; trabalho assalariado ; mão de obra; exclusão

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Trabalho apresentado no IV Congresso Baiano de Pesquisadores Negros. GT 3 – África, História, Historiografia e Ensino. 2 Economista do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Doutor em Administração Pública e Mestre em Economia pela UFBA, Secretário da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial.


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