Com prefácio de Sua Excelência o Presidente da República e com o Alto Patrocínio da Amnistia Internacional
Pedro Palma nasceu em Serpa (Baixo Alentejo) a 13 de Agosto de 1959. Para além de cartoonista é jornalista e designer de comunicação. É membro da Cartoonist & Writers Syndicate (N.Y.) desde 1992 e Sócio Fundador da Caricartoon International. Foi o único cartoonista cujos trabalhos foram distribuidos pela Agência Lusa (1988) tendo os seus cartoons e caricaturas sido publicados em praticamente todos os jornais de âmbito nacional. Como jornalista (Grande Repórter) escreveu “O Feitiço do Bengo”, sobre Luanda, onde esteve detido, acusado de espionagem, o que impediu a cobertura do êxodo ruandês, em 1994. Em 2003 foi Enviado Especial do Diário de Notícias para cobrir a Guerra do Iraque na fronteira turca. Foi Editor da “Revista do Ar” onde assinou diversas reportagens e fotoreportagens sobre aviação.
Carteira de Jornalista 3196
Com o Alto PatrocĂnio da
Design: Pedro Palma / Caricartoon International Notas biográficas: Dulce Keller; João Leite Pinto e Ricardo Costa com supervisão da A.I. Portugal.
PREFÁCIO
Pedro Palma é um cartoonista de muito talento, com uma carreira já longa, sólida e prestigiada. O seu traço forte e expressivo tem estado presente para nos dar o retrato de pessoas e acontecimentos, submetendo-os à sua interpretação pessoal e à sua visão estética e ética. Artista de mérito, tem sido também um cidadão atento e interveniente, não só sobre o que se passa em Portugal, como no mundo. Pedro Palma decidiu reunir agora, em álbum, mais de meia centena de cartoons, sob o lema dos Direitos do Homem. São trabalhos de grande vigor crítico e de protesto, em que a denúncia das situações procura dar às vítimas o rosto e a voz que muitas vezes não se podem ver nem ouvir. É-me muito grato felicitar Pedro Palma por este projecto de grande valor cívico, convicto de que a luta pelos Direitos Humanos pode, como se vê neste caso, encontrar no cartoon um seu aliado precioso.
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ESTE LIVRO É DEDICADO aos meus filhos, Noor e Ayaz à minha mãe, Bia à Rosarinho, minha irmã à memória do meu pai, João Maria Palma à memória do Comandante José Manuel Cabral, Amnistia Internacional.
AGRADECIMENTOS Cristina Keller Madalena Bettencourt Matilde de Vasconcelos Rola Viterbo Amnistia Internacional - Secção Portuguesa Dr. Mário Soares ( Ex-Presidente da República) Ao Presidente da Amnistia Internacional - Secção Portuguesa, Engº. Simões Monteiro A Sua Excelência o Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio
NOTA DO AUTOR
Os desenhos reunidos neste livro são a colecção de caricaturas e cartoons exposta pela primeira vez no Instituto Franco-português em 5 de Março de 1998 e inaugurada pelo, então Presidente da República, Dr. Mário Soares. A mesma colecção foi exposta, ainda em 1998, na Expo'98 (no Pavilhão Norte-Sul das Nações Unidas) e no Atrium Saldanha. Foi mostrada ao público pela última vez em 2003 numa iniciativa conjunta da Amnistia Internacional e FNAC no Almada Fórum. Das 31 caricaturas retratando violadores e defensores dos Direitos do Homem aqui reproduzidas, muitas figuras de ambos os campos faltam. No entanto, é necessário salientar que as figuras representadas foram caricaturas publicadas na década de 90 (Expresso, Jornal de Notícias e Diário de Notícias) e não desenhadas expressamente para publicação em álbum. Os cartoons, de carácter editorial, foram publicados, igualmente na década de 90, no Expresso, Jornal de Notícias e revista Valor. O desenho que abre a secção “Cartoon Editorial”, já foi publicado em várias colectâneas internacionais, algumas sobre Direitos do Homem. Este álbum pode considerar-se uma colectânea de desenhos de imprensa, sobre Direitos do Homem que não pretende mostrar mais do que o trabalho desenvolvido sobre o tema, num período que vai de 1990 a 1998. O cartoon sobre Timor que encerra este livro, foi desenhado em 1999 e publicado no Jornal de Notícias, tendo sido aqui incluído a título excepcional. O cartoon da capa foi desenhado em 1993 propositadamente para a Amnistia Internacional a quem foram oferecidos os direitos de autor.
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DEFENSORES DOS DIREITOS DO HOMEM
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AUNG SAN SUU KYI, Birmânia
Nascida em 1945, ficou internacionalmente conhecida como activista pela nãoviolência para a democracia. Em 1990 foi galardoada com os prémios Rafto e Sakharov para a Liberdade e em 1991 recebeu o Prémio Nobel da Paz pela sua oposição pacífica ao regime militar opressivo da Birmânia.
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BOUTROS BOUTROS-GHALI, Egipto
Diplomata nascido no Cairo, em 1922, numa famíla cristã ortodoxa e que já tinha no seu ceio um ex-primeiro-ministro egípcio (Boutros Ghali, 1846-1910). Doutorado em Relações Internacionais pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, Boutros Boutros-Ghali foi o sexto Secretário-geral da ONU, sucedendo a Javier Pérez de Cuéllar. Manteve-se no cargo de 1992 a 1996.
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DESMOND Mpilo TUTU, África do Sul
Bispo de Joanesburgo, nasceu no Transval em 1931. Activista dos Direitos do Homem lutou intensamente contra o regime do Apartheid da África do Sul em inúmeras intervenções públicas, incluindo as suas homilias. Líder do Conselho Sul-africano das Igrejas, Tutu sempre defendeu “uma sociedade justa e democrática sem desigualdades raciais”. Em 1984 recebeu o Prémio Nobel da Paz.
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FREDERIK Willem de KLERK, África do Sul
Filho do Senador Jan de Klerk e irmão de um dos fundadores do Partido Democrático, Frederik nasceu em Joanesburgo, em 1936. Depois de ter ocupado vários cargos políticos de relevo, Frederik de Klerk foi eleito, em Fevereiro de 1989 líder do Partido Nacional e ainda nesse ano Presidente da África do Sul. Em 1993 recebeu o Prémio Nobel da Paz, juntamente com Nelson Mandela.
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JAVIER SOLANA, Espanha
Nascido em Madrid, em 1942, Francisco Javier Solana Madariaga esteve á frente da NATO entre 1995 e 1999, tendo antes adquirido uma experiência política de 13 anos em vários cargos no seu país, apesar de ser físico de formação. Ocupou, entre outros, o cargo de Secretário-geral do Conselho da União Europeia e foi Solana que propôs a unificação da Sérvia com o Montenegro como país uno e independente.
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JOÃO PAULO II, Polónia
Com o nome de baptismo, Karol Józef Wojtyla, nasceu em Wadowice na Polónia em 1920. 264º Papa, eleito em 1978, sucedeu a João Paulo I e foi o que mais se manifestou contra a violação dos Direitos do Homem. Com um pontificado de 26 anos, um dos mais longos da história da igreja, foi o primeiro papa não italiano a assumir o cargo. Considerado como “peregrino da paz”, morreu em 2 de Abril de 2005 no Vaticano.
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KOFI ANNAN, Gana
Sétimo Secretário-geral da ONU, sucedeu a Boutros Boutros-Ghali em 1997. Nascido no Gana, em 1938 é formado em economia e foi como gestor da Organização Mundial de Saúde e do Alto Comissariado para os Direitos do Homem, em Genebra, que ingressou na ONU, em 1962. Foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, em 2001.
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JOSÉ RAMOS HORTA, Timor Lorosae
Prémio Nobel da Paz (juntamente com Ximenes Bello) em 1996, Ramos Horta nasceu em Díli, em 1949 e foi educado numa escola de missionários até aos 18 anos, quando foi viver para Moçambique. Estudou Direito na Holanda e fez um mestrado em Estudos da Paz nos E.U.A.. Porta-voz da resistência maubere correu todo o mundo angariando apoios financeiros e políticos para a auto-determinação de Timor-leste. Assumiu as funções de ministro dos Negócios Estrangeiros desde a constituição do estado independente de Timor Lorosae.
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EDUARD SHEVARDNADZE, Geórgia
Ministro dos Negócios Estrangeiros de Gorbachev (U.R.S.S.) de 1985 a 1990, nasceu na Geórgia, em 1928, da qual foi presidente entre 1995 e 2003. Foi figura destacada no panorama internacional como reformador da União Soviética até ao fim desta. Demitiu-se da presidência da Geórgia devido a pressão popular.
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SONIA GANDHI, Índia
Nascida em Itália no ano de 1946, perto de Turim e com o nome original de Antonia Maino, foi educada numa família católica conservadora. Conheceu Rajiv Gandhi em Inglaterra com o qual casou em 1968. Foi a sogra (Indira Gandhi) que lhe escolheu o nome de Sonia. É a herdeira política do clã Gandhi depois que Rajiv foi assassinado quando era primeiro-ministro. Humanista e democrata, Sonia é a presidente do “Congress Party”.
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WEI JINGSHENG, China
Activista pela democracia na China foi perseguido pelo sistema comunista que o manteve 18 anos prisioneiro por traição, embora não fundamentada. Por “razões de saúde” foi libertado e autorizado a emigrar para os E.U.A.. Este electricista de Pequim, nasceu em 1950 tendo integrado a Guarda Vermelha aos 28 anos durante a Revolução Cultural. Em 1996 , este dissidente chinês, foi galardoado com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Expressão.
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WILLY BRANDT, Alemanha
O seu verdadeiro nome era Herbert Karl Frahm e foi chanceler da República Federal da Alemanha de 1969 a 1974, recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1971 pelo seu empenho na boa relação com a República Democrática Alemã, Polónia e União Soviética. Atingido por um escândalo sobre espionagem, renunciou ao cargo de chanceler em 1974. Foi eleito membro do parlamento Europeu dois anos depois e em 1979 assumiu a presidência da Internacional Socialista. Nasceu em 1913 e faleceu em 1992.
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XIMENES BELLO, Timor Lorosae
Bispo de Díli, Carlos Felipe Ximenes Bello nasceu em Baucau, Timor-Leste, em 1948. Sempre foi uma figura interveniente na denúncia das atrocidades das autoridades indonésias e um lutador persistente pela auto-determinação de Timor Leste, apesar de ser muito contido nas suas afirmações de forma a não “castigar” o povo maubere, pelos militares de Suharto. Em 1996 recebeu o Prémio Nobel da Paz (juntamente com Ramos Horta) pelo seu esforço ’’rumo a uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-leste’’.
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YASSER ARAFAT, Palestina
Nascido em 1929, Arafat foi um viajante incansável na promoção da causa palestiniana. Considerado por muitos como um terrorista (andava sempre armado), o líder histórico dos palestinianos conseguiu após vários anos de luta pacífica o reconhecimento do Estado da Palestina. Recebeu o Prémio Nobel da Paz, conjuntamente com Shimon Peres e Yitzhak Rabin, em 1994. Morreu em Novembro de 2004.
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YITZHAK RABIN, Israel
Primeiro-ministro de Israel de 1974 a 1977 e de 1992 até ser assassinado, em 1995, foi o primeiro primeiro-ministro nascido em Israel ( Jerusalem, 1922). Militar de carreira, Rabin não poupou esforços para uma relação pacífica com a OLP, tendo assinado em 1993 o Acordo de Oslo com Arafat com o patrocínio de Bill Clinton. Foi embaixador de Israel nos E.U.A. e premiado com o Nobel da Paz (conjuntamente com Shimon Peres e Yasser Arafat), em 1994.
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VIOLADORES DOS DIREITOS DO HOMEM
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HAFEZ AL-ASSAD, Síria
Nascido em 1930 foi presidente da Síria entre 1971 e 2000. Aderiu ao partido Baaz em 1946 (com apenas 16 anos), opondo-se fortemente á unificação da Síria com o Egipto. Tomou o poder com um golpe de estado em 1970. Em 1973 envolveu-se numa guerra com os israelitas (Yom Kippur), ocupando militarmente o Líbano em 1976. Em 1980 foi brutal em acções contra fundamentalistas islâmicos, tanto na Síria como no Líbano, matando milhares de pessoas com gás venenoso. Morreu no ano 2000.
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FIDEL CASTRO, Cuba
Os seus adversários acusam-no de violador dos Direitos do Homem. Líder de um regime opressivo e totalitário baseado no culto da própria imagem, é ainda para muitos um herói e uma figura carismática. As atrocidades cometidas por Fidel remontam, em grande parte, à época pós-revolucionária quando depôs o presidente Fulgêncio Batista, em 1959, numa longa e bem organizada luta de guerrilha. Nascido em 1926 tornou-se dirigente totalitário de Cuba depois que acumulou os cargos de Primeiro-ministro com o de Presidente, em 1976. Despiu a farda militar pela primeira vez para receber a visita do Papa João Paulo II, em 1998.
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HASSAN AL-TURABI, Sudão
Líder político e religioso sudanês é uma figura influente a vários níveis. Este radical islâmico é associado ao ataque de 11 de Setembro às Torres Gémeas de Nova Iorque, do ponto de vista que acolheu Osama bin Laden quando o chefe da al Qaeda sedeou a sua base operacional no Sudão, na década de 90. Nascido em 1932, Turabi foi educado de acordo com a religião islâmica e doutorou-se em Direito, tendo estudado em universidades europeias como a Sorbonne. Crê-se, de acordo com alguns relatos e declarações pessoais, que está ligado a vários actos de terrorismo.
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HITLER, Alemanha
Austríaco de nascimento (1889), Adolf Hitler ingressa no exército alemão, como voluntário, durante a Primeira Guerra Mundial, depois que não conseguiu enveredar por uma carreira artística. Adere, em 1919, ao Partido dos Trabalhadores, com poucas dezenas de membros, e consegue rapidamente ascender na hierarquia do partido que em 1920 passa a chamar-se Partido Nacional-socialista do Trabalhadores alemães (Partido Nazi). Em 1933, Hitler é nomeado chanceler pelo presidente Hindenburg, acumulando o cargo de chanceler com o de presidente (após a morte de Hindenburg) e declara-se “Führer” (líder) em 1934. Em 1 de Setembro de 1939 dá início á Segunda Grande Guerra com a invasão da Polónia. Suicida-se a 30 de Abril de 1945 quando o exército soviético entra em Berlim.
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JIANG ZEMIN, China
Terceiro presidente da República Popular da China e Secretário-geral do Partido Comunista, foi o primeiro presidente a não usar a tradicional farda caqui, optando por fato e gravata. Nascido em 1926, Zemin teve formação superior como engenheiro mecânico e foi em Moscovo (na época de Estaline) que adquiriu especialização na indústria automóvel, nos anos 50. Depois de ocupar o cargo de ministro da Electrónica e Indústria, foi Presidente da Câmara de Xangai Apesar do seu aspecto menos ortodoxo e de ter dado alguns sinais de abertura da China ao Mundo, não reformou o sistema opressivo chinês, continuando uma política interna de completo desrespeito pelos Direitos do Homem.
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KIM IL- SUNG, Coreia do Norte
Foi presidente da República Popular da Coreia de 1972 até à sua morte em 1994. Ocupou o cargo de primeiro-ministro de 1948 até que se tornou presidente. Detentor do poder absoluto como os ditadores comunistas de inspiração soviética, não tinha qualquer pudor em relação à violação dos direitos básicos do povo coreano. Nasceu em 1912 e durante o seu regime de culto da personalidade dominou com mão-de-ferro a Coreia do Norte, passando para o filho (Kim Jong-il) a continuidade da ditadura brutal que sempre que o caracterizou.
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KIM JONG-IL, Coreia do Norte
Filho de Kim Il-sung nasceu em 1942 e foi educado para suceder ao pai no destino (totalitário) da Coreia do Norte. Apesar de ter feito algumas alterações á forma de governar o país, aproximandose um pouco da rival Coreia do Sul e dando frágeis sinais de reformas económicas, mantém um regime de culto pela personalidade e continua a violar, descaradamente, os Direitos do Homem. Em 2005, Jong-il (de 62 anos) apresentou publicamente o seu filho (Kim Jongchul) como seu sucessor.
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SLOBODAN MILOSEVIC, Sérvia
57º presidente da Jugoslávia foi várias vezes advertido pela NATO para retirar as suas tropas da província étnica albanesa do Kosovo. Acções militares da NATO obrigaram Milosevic a retirar mas não impediram atrocidades perpetradas pelas tropas jugoslavas. Em 1990 foi eleito presidente da Sérvia nas primeiras eleições livres desde o fim da Segunda Guerra Mundial, tendo sido reeleito em 1992. Em 1997 foi eleito presidente da República Federal da Jugoslávia. Acusado de crimes contra a humanidade, Milosevic tem no curriculo dezenas de milhar de mortes cometidas por rebeldes sérvios (com o apoio da Jugoslávia) na Croácia e Bósnia-Herzegovina. Nasceu em 1941.
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MOBUTU SESE SEKO, Zaire
Nascido no Congo Belga em 1930, morreu em Marrocos em 1997, tendo sido presidente do Zaire entre 1965 e 1997. Quando era Tenente General arrebatou o poder ao então presidente Kasavubu, auto-nomeando-se presidente por 5 anos, tomando conta do poder. Gorou uma tentativa de golpe de estado em 1967. Eleito presidente em 1970, iniciou uma forte campanha anti-europeia, nacionalizando todas as empresas estrangeiras e expulsando do país os investidores europeus. Concentrou os seus mais de 30 anos na acumulação de uma imensa fortuna pessoal, em detrimento do povo que viveu miseravelmente sob a sua mão de ferro.
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MUAMMAR AL-GADHAFI, Líbia
Líder da Líbia desde 1969 não tem uma designação oficial para o seu cargo, sendo chamado como “Irmão Líder e Guia da Revolução”. Não se sabe, exactamente o ano em que nasceu mas 1942 é apontado como o mais provável. Coronel do exército líbio é oriundo de uma família de beduínos pelo que teve uma educação profundamente islâmica. A 1 de Setembro de 1969, com menos de 30 anos, participou no golpe de estado que derrubou o rei Idris, tornando-se o líder da junta militar. Apesar de ter dado alguns benefícios ao povo, e aproximando os direitos das mulheres em relação aos dos homens, na verdade a sua ditadura de cariz militar cometeu várias atrocidades “em defesa da revolução”.
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MOHAMMAD NAJIBULLAH, Afeganistão
Foi o 4º presidente do Afeganistão no período comunista. Nasceu em Cabul em 1947 e formou-se em medicina na Universidade de Cabul, em 1975. Aderiu ao “Parcham”, facção comunista do Partido Democrático Popular do Afeganistão, em 1965. Visto como um “homem inteligente” foi alcunhado de “touro” pelos seus opositores, dada a sua forte constituição física. Esteve exilado na Europa mas regressou ao Afeganistão durante a invasão soviética, em 1979, e chegou ao topo da KHAD (polícia secreta) que por sua ordem matou dezenas de milhar de afegãos. Najibullah substitui Babrak Karmal como presidente doAfeganistão, em 1986. Quando os Taliban tomaram Cabul, enforcaram Najibullah num semáforo, em1996.
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POL POT, Camboja
Saloth Sar, que ficou conhecido como Pol Pot (Panela de Pol) foi líder dos Khmer Vermelhos que tomaram Phnom Penh (capital da antiga Kampuchea). Foi primeiro-ministro do (novo) Camboja entre 1976 e 1979, e durante esse período insistiu num regime de agressiva reforma agrária, idealizado para criar uma sociedade comunista utópica. Pol Pot é o responsável pela morte de quase dois milhões de cambojanos. Nasceu em 1925 e morreu em 1998.
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RATKO MLADIC, Sérvia
Ratko Mladic foi o chefe das forças armadas bósnias (no período em que durou a guerra na Bósnia, 1992-1995) Nascido em 1943, é internacionalmente responsabilizado pelo massacre de 8.000 muçulmanos, em 11 de Julho de 1995 em Srebrenica. Considerada a maior atrocidade na Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
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RADOVAN KARADZIC, Sérvia
Nascido no Montenegro em 1945 foi muito jovem para Sarajevo cursar psiquiatria. Em 1989 co-fundou o SDS, na Bósnia-Herzegovina com o intuito de unir os sérvios da república de forma a proteger os seus interesses. Acusado da “Limpeza Étnica” que tinha por objectivo eliminar croatas, muçulmanos e bósnios. Procurado desde 1996 por crimes contra a humanidade, genocídio e muitas mais infracções á Convenção de Genebra, conseguiu escapar ás autoridades internacionais por mais de 8 anos o que lhe atribuiu qualidades de “herói” para os seus apoiantes. Foi preso em 2004 por uma força do exército britânico.
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SADDAM HUSSEIN, Iraque
Figura chave do partido revolucionário “Baath” (fundado na Síria), desempenhou um importante papel no golpe de estado que colocou o partido no poder, em 1968. Tendo sido, inicialmente, chefe da temível “Mukhabarat”, a polícia política iraquiana. Saddam investiu bastante na saúde e educação já como chefe de estado mas a sua tirania já era notada a outros níveis e começou a desenvolver um regime de culto da sua imagem (de inspiração comunista), tendo sido um admirador de Estaline. Não se inibia de eliminar, violentamente, toda e qualquer oposição ao seu regime totalitário, chegando a mandar matar membros da própria família. Tendo como aliado os E.U.A. na longa guerra com o Irão, foram os americanos (Bush, pai e filho) que o mais atacaram, sendo destituído do poder pela força em 2003. Nasceu em Tikrit, em 1937.
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SUHARTO, Indonésia
Nasceu em 1992 e foi o 2º presidente indonésio (de 1967 a 1988). Com a patente de General, dirigiu o país com o objectivo principal de desenvolver a economia, apesar da grave crise económica asiática de 1997. Colocou familiares e amigos em cargos económicos estratégicos o que lhe proporcionou uma fortuna pessoal imensa. Construiu um governo centralizado forte, e conseguiu a estabilidade no arquipélago com o apoio de um exército e uma polícia bem equipados que garantiam o poder ditatorial de Suharto com a supressão da dissenção política. É considerado por muitos como o presidente mais corrupto de que há memória.
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CARTOON EDITORIAL
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50 ยบ ANIVERSร RIO DA ONU
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POSFÁCIO A luta pelos Direitos Humanos é multifacetada. Há as formas tradicionais de activismo que passam pelas manifestações, a escrita de cartas, a pressão e o lobby. Depois há as formas mais criativas de expressão como o teatro, o cinema ou o desenho. Os cartoons são, desde há muito, uma forma de luta pelos direitos humanos com eficácia extrema. Escondidos no sarcasmo e na ironia, muitos desenhos denunciaram regimes ditatoriais e torcionários com uma subtileza que escapava aos censores desses mesmos regimes. Outros, apesar da subtileza, não escaparam ao olho crítico da censura, e perderam a vida ou foram aprisionados porque ousaram alertar os seus conterrâneos com o traço mordaz do seu desenho. Pedro Palma mostra neste livro como a crítica de todo um país, de todo um sistema, se pode resumir em traços carregados da força das convicções de quem prefere abalar o terror usando um lápis como arma. Na Amnistia Internacional as nossas lutas são os direitos humanos e as nossas armas todos aqueles que lutam pela libertação dos prisioneiros de consciência, pelo fim da pena de morte, pela erradicação da tortura. É essa a eloquência de Pedro Palma nas páginas que folhearam. E se apenas uma pessoa se movesse com o que viu e decidisse juntar-se à luta contra as violações de direitos humanos o objectivo da Amnistia Internacional já estaria a ser cumprido. E, temos a certeza, o do Pedro Palma também.
António João Simões Monteiro Presidente, AI Portugal
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"(...) Os seus cartoons são pródigos em ironia e crítica social, política ou económica, reflexos da sua actividade jornalística. Esta vivência nos jornais enriqueceu o traço de Pedro Palma, que, ao contrário de muitos dos seus colegas, não procura o exagero, mas a dissecação fisionómica – reflexo da escola estilística americana.” A Capital
“Quase todos os jornais portugueses publicaram os desenhos deste artista, que é, simultaneamente e com reconhecimento geral, um jornalista com faro e sentido crítico apurado.” O Independente
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“...Nessa linha de renovação e de afirmação internacional, Pedro Palma está a realizar um trabalho de qualidade, mérito, criatividade e originalidade que vem ganhando cada vez mais um maior reconhecimento e lhe dá direito a figurar na primeira linha dos nossos cartoonistas actuais.” Mário Soares Ex-Presidente da República
“Pedro Palma é um jornalista e um bom cartoonista. Sabe criar uma obra de arte com todas as suas componentes. Sabe observar e relatar, sabe criticar e dar realce ao que nem toda a gente viu. Sabe conjugar o talento artístico com a capacidade jornaística. Imprime nos seus trabalhos a sua visão do mundo e do país.” Francisco Pinto Balsemão Empresário de Comunicação Social
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"Estou grato de ter os trabalhos de Pedro Palma no grupo de selecção dos melhores artistas representados pela Cartoonists & Writers Syndicate. As faculdades de Pedro Palma como jornalista e cartoonista, em combinação com um profundo conhecimento dos acontecimentos mundiais, tornam os seus trabalhos efectivamente únicos.” Jerry Robinson Presidente da Cartoonists & Writers Syndicate, New York
“Pedro Palma é um daqueles raros artistas que fazem, com inegável intuição jornalística, uma combinação perfeita entre a infidelidade da tinta- da-china e a realidade virtual do político retratado.” Frederico Martins Mendes Director do Jornal de Notícias
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PrĂŠmio Gazeta de Jornalismo (cartoon), 1991
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“Houve uma altura da minha vida que não tinha a certeza do que queria fazer, se desenhar se escrever. Optei pelo desenho mas durante o liceu ganhei vários prémios em poesia.” (1983) (Pedro Palma é jornalista profissional desde 1992. Hoje faz as duas coisas, desenha, escreve e ainda faz fotografia). “Lembro-me que tinha 14 anos quando fiz a primeira caricatura. O visado era Richard Nixon.” (1983) “Sinto-me mal quando alguém ri com um cartoon meu. Um sorriso suporto bem.” (1989) “Quando trabalho sofro tanto quanto me divirto. Por vezes é mesmo muito doloroso desenhar um cartoon, mas se resulta o prazer é tremendo.” (1989) “Uma vez, num dia só, rasguei oitenta originais. Dos quase cinco mil que desenhei devo ter para aí uns quinhentos. Só guardo os que gosto mesmo. (1990) “Quando o major Candengue ameaçou que me cortaria as pernas com uma rajada de metralhadora se não lhe desse o rolo da máquina fotográfica, acho que me assustei de verdade.” (Angola, 1994) “Costumo dizer que só há dois lugares no mundo onde gostaria, realmente, de viver: aqui em Cascais ou Nova Iorque.” (2000) “Sou free lancer em tudo na vida. Independência é um valor que eu não negoceio!” (2002) “A maior parte dos cartoonistas portugueses não são mais do que fazedores de bonecos e os jornais adoram bonecos” (2002) “Passei três Check Points militares, sem credenciais, até chegar à fronteira iraquiana. Os jornalistas da BBC não acreditaram que o tivesse conseguido. Um dia contarei como foi que o Luís Figo evitou que eu fosse preso.” (2003) “Sou um Outsider, não só «da Tinta-da-china» como me chamou a revista Periférica mas em tudo. Ando sempre em sentido contrário. E se umas vezes isso é bom, outras é mesmo muito mau. (2004) www.pedropalma.net