A sepultura medieval do Alto da Quintinha (Mangualde)
Pedro Pina N贸brega* Filipa Neto** Catarina Tente***
V Congresso de Arqueologia do Interior Norte e Centro de Portugal Figueira de Castelo Rodrigo, 15 de Maio 2009
* Arque贸logo. http://www.pedropinanobrega.net ** IGESPAR IP. fneto@igespar.pt *** Bolseira da F.C.T., F.C.S.H. da UN.L.catarina.tente@gmail.com
O Contexto A sepultura medieval do Alto da Quintinha localiza-se na periferia da actual cidade de Mangualde, junto ao cruzamento da Estrada Nacional 16 com a Estrada Nacional 234 (Coord. 40º36’36” N; 7º46’36” O de Greenwich), freguesia e concelho de Mangualde, distrito de Viseu.
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O Contexto Foi descoberta em Julho de 2005, durante os trabalhos de abertura de uma vala para a implantação de um apoio da linha de electricidade de à
Sub-estação Esqueleto 1 (fotografia de José Paulo Ruas)
ligação
de
Mangualde. Parte da estrutura foi destruída por maquinaria afecta à obra,
facto
que
motivou
uma
intervenção de emergência.
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A Sepultura A sepultura com uma tipologia antropom贸rfica, foi escavada no substrato geol贸gico composto por granito deteriorado, no qual foi
depositado
o
esqueleto,
tendo sido depois coberto por lajes.
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A Sepultura
Esqueleto 1 (fotografia de José Paulo Ruas)
Os espaços entre as lajes e entre estas e a sepultura foram preenchidos por terra, telha grosseira e calços de granito.
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A Sepultura
Esqueleto 1 (fotografia de José Paulo Ruas)
Na zona da cabeceira, a uma cota superior à das lajes de cobertura, foram identificadas outras lajes que, cremos, poderão corresponder a uma cobertura anterior.
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A sepultura
Comprimento total: 191cm.
Largura a meio do corpo: 52cm.
Comprimento da cabeceira: 18cm
Largura aos pés: 20cm.
Largura da cabeceira: 22cm.
Profundidade média: 33cm
Úmeros esquerdos (fotografia de José Paulo Ruas)
Largura dos ombros: 28cm.
Esqueleto 1 (fotografia de José Paulo Ruas)
Orientação: 270º N
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Análise antropológica Ossos em fraco estado de preservação
Esqueleto 1 (fotografia de José Paulo Ruas)
2 indivíduos adultos, tendo por base dois fragmentos de úmero do lado esquerdo e dois fragmentos dos ossos temporais também do lado esquerdo. Impossibilidade de estimar o intervalo de idades para ambos os esqueletos. Diagnose sexual - dois indivíduos do sexo masculino (pontos de cisão a partir da medição da cabeça do fémur)
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Análise antropológica Cálculo da estatura de um dos esqueletos c. de 170 cm
Esqueleto 1 (fotografia de José Paulo Ruas)
Baixos valores nos índices de robustez achatamento
e
Padrões de actividade reduzida e menor esforço físico, coerentes com sociedades de características sedentárias. Evidências de periostite nas diáfises das tíbias, o que indica apenas o contacto do indivíduo com um foco de infecção a determinada altura da sua vida, sem ser possível a associar a uma causa específica.
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Cronologia
Calibração (cal AD) Código do Laboratório
Sac-2333
Datação BP
1080 ± 50
δ13C (‰)
-17,98
1σ
2σ
890-1020
810-1040
Calibração efectuada através da curva IntCal04
• A datação obtida para esta sepultura antropomórfica aponta, com maior probabilidade, para a sua utilização durante o século X.
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Conclusões • A conservação de ossos em terrenos graníticos é rara e ocorre normalmente em cemitérios com longa e continuada utilização, é provável que a sepultura esteja inserida numa necrópole cuja dimensão é, por agora, impossível de determinar. • O estudo demonstra que a reutilização dos sepulcros é uma prática comum neste mundo funerário. A identificação de dois indivíduos não significa, aliás, que estes tivessem sido os únicos a ser aí inumados. • A datação por radiocarbono de um dos enterramentos identificados constitui o elemento cronológico mais antigo para a construção de sepulturas escavadas na rocha antropomórficas na área das Beiras, tendo este tipo de sepulcros perdurado pelo menos até ao século XV. • A datação obtida pode não corresponder à construção da sepultura, apenas data o enterramento mais bem conservado.
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Agradecimentos Ant贸nio Monge Soares e Jos茅 Paulo Ruas
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