Pedro Pina N贸brega
Uma Viagem Por Terras De Alcafache
Junta de Freguesia de Alcafache 2007
Ficha Técnica Autor: Pedro Pina Nóbrega http://pedropinanobrega.no.sapo.pt Fotografias: Pedro Pina Nóbrega, excepto quando indicado. Edição: Junta de Freguesia de Alcafache, Mangualde Data: 2007 Impressão: Tipografia Guerra, Viseu Tiragem: 1000 exemplares Depósito Legal: ISBN: 978-989-20-0553-9 Apoio:
Todos os Direitos reservados nos termos da legislação em vigor.
A freguesia de Alcafache no contexto da região beiraltina é uma freguesia marcadamente contemplada com variadíssimos vestígios arqueológicos que permitem vislumbrar a importância desta terra ao longo da História. É reconhecida a importância das termas durante o período relativo ao domínio romano. As Termas de Alcafache continuam na actualidade a assumir-se como um marco importante nas preferências de centenas de turistas portugueses e estrangeiros, com grande incidência no turismo sénior. A freguesia de Alcafache dispõe de múltiplos monumentos e templos religiosos riquíssimos e de interesse turístico redobrado. Brevemente teremos à disposição de todos os que nos visitam um conjunto de infra-estruturas desportivas e de lazer com polivalência para a ocupação dos tempos livres. A freguesia de Alcafache beneficia de uma exponencial localização (entre Mangualde e Viseu), sendo hoje servida por uma malha viária de qualidade e apresenta uma grande oferta de recursos ambientais. Tem por isso um potencial turístico bem vincado que há-de afirmar-se cada vez mais nos anos vindouros. Nesta conformidade, é imprescindível a edição deste roteiro turístico que se afigura como mais um instrumento e um apoio para a promoção e divulgação turística da Freguesia de Alcafache e em particular das potencialidades das termas e dos demais recursos
endógenos potenciadores de mais turismo e de um maior desenvolvimento. Ciente, no entanto, que essa deve ser também uma tarefa ou função de cada um de nós na nossa esfera de participação e acção individual: pugnar e lutar por uma freguesia melhor, mais solidária, mais fraterna e mais desenvolvida. Alcafache, 2 de Fevereiro de 2007
Justino Ferreira Marques da Costa. Presidente da Junta de Freguesia de Alcafache
ÍNDICE
Introdução ...................................................................... 9 Breves apontamentos históricos ............................... 11 Vestígios Arqueológicos ............................................ 24 Alminhas ...................................................................... 26 Igreja Paroquial e Confraria do Santíssimo .............. 28 Ermida de N.ª Sr.ª dos Prazeres e sua Irmandade ... 34 Antigas Albergarias .................................................... 36 Quinta de St.ª Eufémia ................................................ 39 Pela encosta acima ..................................................... 40 Bibliografia................................................................... 54 Fontes Documentais ................................................... 59 Apêndice Documental ................................................. 60
Introdução A História de uma freguesia faz parte da sua própria identidade, sendo o património cultural a materialização dessa identidade que urge preservar e divulgar. Foi com agrado que calcorreámos de novo as terras de Alcafache em busca das marcas do seu passado. A par deste trabalho de campo, mergulhámos nos arquivos e bibliotecas que guardam em papel memórias de um passado com pergaminhos, que remonta pelo menos ao período romano. Este trabalho não se trata de uma monografia sobre a freguesia, mas sim uma recolha de vários apontamentos históricos sobre a freguesia e os seus monumentos, com o objectivo de divulgar esta bela freguesia onde o verde bordeja o Dão. Esperamos que este pequeno trabalho corresponda às expectativas dos leitores, que numa primeira parte poderão encontrar alguns apontamentos históricos sobre a freguesia e numa segunda parte um pequeno roteiro das diversas terras. Por fim apresentamos alguns documentos e dados históricos importantes para a história da freguesia. A todos os que nos ajudaram neste labor, o nosso Bem-Haja. Real, Penalva do Castelo, 23 de Janeiro de 2007 Pedro Pina Nóbrega 9
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Breves apontamentos históricos A ocupação romana A história da ocupação humana na freguesia de Alcafache remonta, pelo menos, à ocupação romana nos primeiros séculos depois de Cristo. Pelos vestígios arqueológicos encontrados, talvez se tenha localizado perto Casal Sandinho uma exploração agrícola. Terão sido factores de atracção para a fixação dos romanos a boa exposição solar, a fertilidade das terras e o facto de ser atravessada por uma via que 1
ligava Viseu, capital da civitas , a outra via que provinha de Bobadela, actual concelho de Oliveira do Hospital, capital da civitas vizinha.
A presença islâmica e reconquista do território Se os primeiros quinhentos anos depois de Cristo foram marcados pela instalação dos romanos na Península Ibérica, a segunda metade do séc. I d.C. foi-o, por sua vez, pela conquista islâmica, que se iniciou em 711. Esta zona não foi imune à instabilidade, que se vivia em toda região de Viseu e Lamego, devido às sucessivas acções de reconquista quer por cristãos quer por islâmicos. Mas apenas o aparecimento de vestígios arqueológicos ou de algum documento poderá comprovar a efectiva presença deste povo por terras de Alcafache. Entre 1055 e 1068, datas da conquista do castelo de Seia e de Coimbra, respectivamente, Fernando Magno fixa a linha de fronteira no Mondego. Começará agora o repovoamento de toda a região de Viseu 2
pelos Cristãos, em cujo processo se enquadram as presúrias .
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Grosso modo esta circunscrição equivalia aos nossos actuais distritos. Apropriações de terrenos sem dono.
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Em 1110 um presbítero de nome Mendo deixa em testamento as igrejas de Santar e de Moreira e a presúria de Alcafache à Sé de Coimbra.
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Com o aumento da população e respectiva fixação, as paróquias cristãs voltam a nascer. As transacções de terras tornar-se-ão cada vez mais comuns, até que o próprio Rei deixa de ter controlo sobre quem efectivamente tem direitos sobre elas e os padroados das igrejas e quem lhe deveria pagar foros e outros impostos. Para combater estes abusos os reis mandaram proceder a inquirições que serviram para os auxiliar, mediante o conhecimento pormenorizado dos direitos de propriedades e das rendas devidas, a estabelecer com firmeza a sua autoridade, impedindo abusos. Em 1258, data em que D. Afonso III ordenou a elaboração de 4
Inquirições , a freguesia de Alcafache era a mais populosa do actual concelho de Mangualde com cerca de 75 fogos habitados por 375 5
habitantes . Nestas Inquirições são apenas referidas as aldeias de Casal Mendo e Tibaldinho. Na cavalaria de Casal Mendo tinha a Igreja de Alcafache um herdade foreira ao Rei que comprou, no reinado de D. 6
Sancho II, a Donno Alfonso de Rybeiro, e dava dela colecta . No território de Alcafache tinham ainda propriedades a Igreja de Fornos de Maceira Dão, o Mosteiro de Maceira Dão e Diago Martini. Para a Igreja de Fornos tinha Laurencius Martini, que era o pároco em 1258, comprado, já no reinado de D. Afonso III, a Martino Rybeiro, de 3
Conserva-se na Torre do Tombo. Ver apêndice documental, pp. 61-62. Ver apêndice documental, pp. 62-64. 5 Informação do Dr. João Manuel Ferreira Fonseca, que prepara actualmente a sua dissertação de mestrado em História da Idade Média sobre a região do Alto Dão. 6 Antigo sistema de cobrança de impostos pelo qual os reis tornavam responsáveis do respectivo recebimento certo indivíduos, que não eram remunerados por isso. 4
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Alcafache, pelo foro e uso de Zurara, e por isso não pagava nenhum foro nem dava colecta. O Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão comprou no ano de 1227 umas herdades foreiras ao Rei, em Alcafache, a Martinus Pelagii, Duram Johannis, Gunsalvus Petri, Pelagius Michaelis, Stephanus Michaelis e Donnus Garsea, todos de Alcafache. Por fim, tinha Diago Martini, cavaleiro, uma herdade foreira ao Rei da Cavalaria de Suierio Pelagii, que lhe havia sido dada por Dominicus Suariz, já no reinado de D. Afonso III. Nesta data a paróquia já existia, sendo a sua igreja apresentada pelos paroquianos, que sempre a tinham apresentado. No tempo de D. Dinis foram efectuadas novas Inquirições, as últimas que se conhecem. Nesta data já surgem propriedades da Ordem do Hospital, que aqui tinha herdamentos, onde entrava o seu mordomo 8
para recolher a voz e o homezio e o seu juiz para aplicar a justiça, assim como o mordomo do rei para recolher a coima. Para além da Ordem do Hospital, tinha aqui dois casais o clérigo Lourenço Martins, 9
que pagava a voz, coima e o homezio e os trazia por honra . Como não entrava aqui o mordomo do Rei, os inquiridores mandaram que este aí entrasse para recolher os direitos do Rei.
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Segundo o direito local do concelho de Zurara, descrito no respectivo foral ou em qualquer outro documento. 8 Impostos criminais 9 Terra privilegiada e imune por pertencer a um nobre.
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O foral de D. Manuel I à Ordem do Hospital 10
Em 1514 a Ordem de S. João do Hospital , recebe foral dado por D. Manuel I a 6 de Maio pela posse de Alcafache. Na transcrição que consta do Livro de Forais Novos da Beira
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a introdução do foral é
resumida e por isso não aparece qualquer referência ao foral dado por D. Sancho I. Esta referência aparece no denominado “Livro dos Forais, 12
Doações, Privilégios e Inquirições da Ordem de Malta” . No entanto tal não deve ter acontecido, pois nas Inquirições de 1258 é referida uma compra no reinado de D. Afonso III pelo uso e foro de Zurara. Por outro lado, os inquiridores perguntaram pelos forais de Zurara e de Tavares, porque não o fariam em relação ao de Alcafache, se ele existisse? Assim como, também, não são referidas propriedades da Ordem do Hospital, que à data já tinha propriedades em Darei, Canedo, Roda, Lavandeira, Passos e em Lobelhe do Mato (cf. Nóbrega, 2002, pp. 54-5). Atendendo a estes dados, somos da opinião que a atribuição de um foral ou carta de foro à Ordem do Hospital pela posse de Alcafache aconteceu depois de 1258. O Foral dado por D. Manuel é um rol dos foros pagos à Ordem de S. João do Hospital que tinha propriedades em Alcafache e Aldeia de Carvalho (quintãs, vinhas e herdades), e o direito sobre o gado de 13
vento . As pessoas que traziam as quintãs de Alcafache pagavam à Ordem “certas medidas de trigo pela medida velha de Folgosinho”
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e
capões como costumavam pagar até àquela data. Enquanto as pessoas 10
Mais tarde denominada Ordem de Malta e depois Ordem de Avis. I.A.N./T.T., Livro de Forais Novos da Beira, f. 111 e 111v 12 I.A.N./T.T., Ordem de Malta (Ex-AHMF), Liv. 509. 13 Gado que pastava sem dono. 14 Quatro medidas correspondiam a um alqueire da medida corrente da época, como refere o próprio foral. 11
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que traziam as vinhas e herdades em Aldeia de Carvalho pagavam um oitavo de pão, vinho e linho e de todas as coisas que semeavam e colhiam, assim como das oliveiras. Os direitos da Ordem eram recolhidos pelo seu mordomo que tinha liberdade para entrar no concelho para esse fim. Não sabemos até quando existiu o concelho de Alcafache, mas já em 1527, no Cadastro da População do Reino, não surge o concelho de Alcafache, apesar de em 1645 ainda ser uma comenda
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da Ordem de
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Avis . Não temos muitos dados sobre os comendadores que detiveram esta comenda. Apenas sabemos que André do Amaral foi comendador de Alcafache nos séculos XV-XVI. André do Amaral deteve várias comendas como Ansemil, Vera Cruz, Vila Cova à Coelheira, São João de Alporão, Chavão e Torres Vedras (cf, Costa, 2000).
Fig. 1: Marco de propriedade da Ordem de Malta, que actualmente se encontra num muro à entrada da Qt.ª da Redonda, em Aldeia de Carvalho. 15
Benefício concedido, com renda anexa, a eclesiásticos ou a cavaleiros de ordens militares. 16 B.A. - Relação de todas as comendas das obras de Christo, Santiago, e Avis, no Reino de Portugal e Conquistas, 49-IV-31
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Fig. 2, 3: Foral Manuelino de Alcafache IAN/TT, Leitura Nova 36, Livro dos Forais Novos da Beira, fl. 111 e 111v. Cód. Ref.: PTTT-CSC/03/07. José António Silva, Fotógrafo © IAN/TT/José António Silva
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O primeiro censo populacional conhecido Como já referimos, em 1527 Alcafache aparece já incluído no concelho de Zurara. Tal ocorre no Cadastro da População do Reino, elaborado nesta data (cf. Collaço, 1934) O panorama populacional da freguesia de Alcafache era o seguinte: Aldeia
Moradores
Tibaldinho
48
Mosteirinho
13
Aldeia de Carvalho
34
Casal Mendo
12
Casal Sandinho
25
Total
132
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A acção da Inquisição Os séculos XVI, XVII e XVIII foram fortemente marcados pela acção da Inquisição. Também na freguesia de Alcafache se fez sentir a acção do Santo Ofício, mas apenas um caso chegou à fase final de julgamento. Foi o de Catarina João
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natural e moradora em Tibaldinho,
60 anos, solteira, filha de Simão Rodrigues, lavrador, e de Ana Rodrigues. Acusada pelo tribunal de Coimbra em 02 de Janeiro de 1700 de fingir ter visões e manter contacto com as almas dos mortos. A 27 de Janeiro de 1702 foi condenada a 3 anos de degredo em Castro Marim, a ter a sentença publicada na Igreja Matriz, na missa da terça. No mesmo dia foi a auto-de-fé. Em 12 de Agosto de 1702 foi comutado o degredo para Coimbra. 17 18
Este termo não equivale a pessoas mas sim a fogos habitados. I.A.N./T.T. – Inquisição de Coimbra, Processo 1651
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As primeiras descrições da freguesia Cerca de dois séculos depois do primeiro censo surge a primeira descrição da freguesia. Foi no século XVIII que o Pe. Luiz Cardoso levou a cabo, com o apoio régio e da Real Academia da História, a elaboração de um Dicionário Geográfico. Para tal enviou inquéritos a todos os párocos por volta de 1720 com um extenso questionário sobre as povoações, rios e serras. Infelizmente quase todos estes inquéritos do actual concelho de Mangualde se perderam, mas o referido sacerdote publicou três volumes correspondentes às três primeiras letras do alfabeto. Assim, possuímos hoje a descrição que o autor faz de Alcafache no primeiro volume do seu Dicionário Geográfico (Cardoso, 1757). Em 1758 o mesmo sacerdote volta a iniciar a elaboração de um novo Dicionário, tendo enviado de novo o inquérito aos párocos de todo o país. Apesar de não ter chegado a editar o referido Dicionário estas respostas encontram-se hoje na Torre do Tombo compiladas no fundo chamado
Dicionário
Geográfico,
mais
conhecido
por
Memórias
Paroquiais. Existem algumas diferenças entre o relato do Pe. Luiz Cardoso, com base na Memória do Pároco de 1721, e a Memória do Pároco de 1758. Assim em 1721, existia na Igreja Paroquial, mais um altar na capela-mor dedicado a St.º António, e um dos colaterais era dedicado ao 19
Menino Jesus em vez de ser a S. Sebastião . A apresentação era do Bispo de Viseu. É referida a Albergaria da Ponte instituída pelo Cónego
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Deve ser erro do autor, pois em 1675 este altar já era dedicado ao Mártir. Veja-se o texto sobre a Igreja Paroquial, p. 28.
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da Sé de Viseu, sendo seu administrador Miguel Paes do Amaral, do Canedo. Por sua vez, em 1758 pertencia ao concelho de Azurara e estava sujeita ao seu Juiz de Fora. A apresentação da abadia estava a ser disputada pela Diocese e pela Coroa. O abade encomendado refere que a freguesia era composta pelos lugares de Tibaldinho, Mosteirinho, Casal Sandinho, Casal Mendo e Aldeia de Carvalho, que ao todo tinham 191 fogos, 518 pessoas de Sacramento
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e 78 menores.
Cada povo da freguesia tinha a sua capela: Tibaldinho a de S. Lourenço; Mosteirinho a de S. Miguel; Casal Sandinho a de N.ª Sr.ª das Boas Novas, onde existia também uma imagem de N.ª Sr.ª da Piedade; Casal Mendo a de S. Frutuoso e Aldeia de Carvalho a de St.ª Cruz, em cujo altar estavam, igualmente, as imagens do Santo Cristo e de N.ª Sr.ª das Dores e tinha festa no dia 3 de Maio. A capela de S. Miguel, em Mosteirinho, foi recentemente destruída estando as suas imagens à guarda de um particular, esperando-se a sua reconstrução no mesmo local. A capela de Casal Sandinho tem hoje como orago N.ª Sr.ª da Piedade que ocupa o lugar principal no altar, estando a N.ª Sr.ª das Boas Novas num nicho lateral. Existiam ainda as seguintes capelas particulares: de St.º Amaro na Igreja Paroquial; de N.ª Sr.ª dos Remédios em Tibaldinho; de St.ª Eufémia no mesmo povo.
20
Pessoas maiores de idade.
20
Na capela de N.ª Sr.ª dos Prazeres, no limite de Aldeia de Carvalho, estava erecta uma Irmandade com 250 irmãos que faziam a 21
respectiva festa na dominica in albis . Existia em abundância centeio, milho, vinho e azeite. No rio Dão criavam-se barbos, bogas e algumas enguias. Tinha uma ponte de cantaria com três olhais e junto dela, mas do lado de Lourosa, umas caldas muito frequentadas por enfermos.
A passagem dos franceses Não encontramos nas crónicas da época relatos sobre a passagem dos franceses, a quando da 3ª invasão francesa em 1811, por Alcafache. Temos alguns relatos para outras zonas do concelho. No entanto, num dos livros de registo de óbitos da Paróquia de Alcafache
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registaram-se três indivíduos mortos pelos invasores. A 19 de Setembro é morto, junto da Qt.ª do Pinheiro, José Lourenço, viúvo, morador em Casal Sandinho. No dia 20 foram mortos, em Casal Sandinho, Francisco Figueiredo, casado, e António Francisco Barbeiro, viúvo, ambos residentes nesta mesma terra. No dia 21 morreu Joaquina, solteira, que foi a sepultar na Capela de N.ª Sr.ª dos Prazeres, foi a última pessoa a ser sepultada neste templo até à construção do cemitério paroquial. Poderão ter morrido mais três pessoas, pois neste livro de registo encontram-se nas margens registos de três indivíduos cuja causa da morte não nos foi legível. Para além de terem assassinado estas pessoas, os franceses devem ter feito estragos na Igreja, pois no dia 11 de Outubro foi Manuel 21
Também conhecida por Domingo de Pascoela. Trata-se do 2º Domingo de Páscoa, ou seja o Domingo seguinte à Páscoa. 22 A.D.V. – Paroquial, Mangualde, Cx.12B, n.º 15, ff. 33v-34
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da Cunha sepultado sem sacramentos por os franceses terem levado e estragado a extrema-unção.
A renda de Alcafache da Universidade de Coimbra23 Com a reforma da Universidade de Coimbra foi unida e incorporada pelo Cardeal Cunha a Igreja Paroquial de Alcafache com todos os seus direitos. Esta decisão foi comunicada pelo Marquês de Pombal ao Bispo Refomador e Reitor da Universidade por carta de 24 de Fevereiro de 1776, mandando-o tomar posse da referida igreja.
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A renda era constituída pela Capela-mor e Sacristia da Igreja Paroquial e por bens a ela agregados. Era arrematada por um determinado período de tempo. Em 1805 foi dada ordem para se comprarem umas casas que pertenciam ao Deão da Sé de Viseu e se fazerem as obras necessárias para servirem de celeiro, pois o antigo celeiro encontrava-se num estado deplorável. Estas casas ficavam em Casal Mendo e eram “as primeiras ou segundas que se encontram pela estrada do Sul, estão encorporadas de maneira que fazem rua unida, e tem vizinhos immediatos, e fronteiros, de sorte que por falta de vezinhos não ficará o celeiro a insulto, e neste ponto de vista he a residencia parochial tanto mays deserta, quanto vai d’hum vizinho, para 35, que tantos tem o lug de Casal Mendo.”
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No Arquivo da Universidade de Coimbra existem três caixas (Est.6, tab.3, n.º 27, 28, 29) com diversos documentos referentes à Renda de Alcafache e às obras de construção da nova igreja. Dado o âmbito deste trabalho e a desorganização total destes documentos, não podemos proceder a um estudo sistemático dos mesmos. 24 AUC – Nova fundação e reforma da Universidade 1774, 75, 76, V-1ªD-3-2-8, f. 182. 25 Informação dada a 17 de Dezembro de 1804 por Joaquim José de Oliveira, de Santar, a Marçal da Costa Bernardes, Universidade de Coimbra. Cf. A.U.C. – Colégio das Artes, Est. 6, tab. 3, n.º 28, doc. avulso.
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Num inquérito mandado fazer pela Universidade de Coimbra em 1822
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o vigário diz que esta renda compreendia apenas a freguesia e
consistia somente em dízimos, sendo dois terços para a Universidade de Coimbra e um terço para o Cabido da Sé de Viseu. Estes dízimos recaiam sobre os mais diversos produtos, como milho, centeio, feijão, vinho, linho, lã, cordeiros, castanhas e azeite. Queixava-se o vigário de que parte dos dízimos perdiam-se para as freguesias de Fornos de Maceira Dão e Lobelhe do Mato, pois as terras eram cultivadas por habitantes destas freguesias que ali pagam os respectivos tributos.
Um recenseamento de 1850 27
Em 1850 , quando se fez um recenseamento dos fogos das 28
freguesias para a reorganização administrativa , existiam os seguintes fogos em cada povoação: Aldeia
Fogos
Aldeia
Fogos
Tibaldinho
80
Qt.ª das Poldras
1
Mosteirinho
8
Qt.ª da Ferreirinha
1
Aldeia de Carvalho
60
Qt.ª da Carvalha
1
Casal Mendo
36
Qt.ª do Cascão
1
Casal Sandinho
34
Qt.ª da Pedra Alta
1
Banho
2
Qt.ª da Ponte
1
Qt.ª de St.ª Eufémia
1
Moinho da Azenha
1
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A.U.C. – Colégio das Artes, Est. 6, n.º 27, doc. avulso. A.D.V. – Governo Civil de Viseu, Coordenação da População, Cx 231, n.º 24 Que no concelho de Mangualde levou à anexação do concelho de Tavares ao concelho de Mangualde. 27 28
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Vestígios Arqueológicos Ponte e Via Romana, Banhos A actual ponte apesar de ter sido reconstruída nos finais do séc. XIX ainda apresenta vestígios da sua fundação romana. Quem reparar no talha-mar a montante do lado de Mangualde vê que ele é todo feito com pedras almofadadas, muito utilizadas pelos romanos. Sofreu várias obras de reconstrução. Até à década de 90 do séc. XX podia ses observado um troço lajeado da antiga via romana que subia até ao lugar do Peso. António Cruz (1982) refere a existência de um marco miliário, cujo paradeiro não refere. João Luís da Inês Vaz referiu-nos que viu aqui uma base e parte do tronco do que poderia ter sido um miliário.
Fig. 4: Ponte de Alcafache
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Qt.ª dos Lobões, Casal Sandinho Encontram-se numerosos fragmentos cerâmicos de construção e de utilização doméstica. Aqui se localizaria um habitat romano.
Presas, Casal Sandinho Neste local foram encontrados numerosos vestígios da presença romana que poderão indiciar a localização de um casal agrícola com algumas dimensões. Do espólio encontrado contam-se elementos arquitectónicos (pedras aparelhadas, cornija), fragmentos de cerâmica de construção e doméstica e uma mó manuária. Neste mesmo local encontra-se, igualmente, uma sepultura escavada na rocha, já na época medieval, o que pode indiciar uma ocupação continuada do local desde a época romana.
Laja da Moira, Lugar do Peso Pedro Sobral de Carvalho e Luís Filipe Gomes (1992, p. 16) apontam que nuns terrenos entre a escola primária e o “caminho romano” localiza-se mais uma sepultura medieval escavada na rocha.
Achados Numismáticos Eduardo Loureiro (s.d., p. 37) refere o aparecimento, no leito do rio e junto deste, de várias moedas do reinado de D. Manuel I e uma moeda romana de bronze.
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Alminhas As Alminhas! O que são? Podemos dizer que as Alminhas são a materialização plástica de uma das mais singulares, fortes e duradouras manifestações da piedade cristã de raiz popular; a devoção às Almas do Purgatório. (Correia, 2002, p. 5) Este culto popular tem as suas raízes na crença cristã da existência do Purgatório. Com a definição do dogma da existência do Purgatório no Concilio de Trento em 1563, esta devoção ganhou ainda mais força junto do povo cristão. A manifestação desta devoção materializou-se de diversas formas, quer através da criação de Irmandades das Almas erigidas em Igrejas e Capelas, quer através da erecção de pequenos monumentos como as Alminhas, quer, ainda, através da Encomendação ou Amamentação das Almas na Quaresma. As Alminhas assumem diversas formas, tanto podem ser simples blocos graníticos com uma cruz esculpida, ou um pouco mais trabalhados com um nicho e uma inscrição em azulejo ou com uma caixinha de esmolas. Também na freguesia de Alcafache esta diversidade está patente nas inúmeras alminhas que se encontram dispersas pelos caminhos e cruzamentos.
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Fig. 5: Algumas Alminhas que se encontram pela freguesia.
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Igreja Paroquial e Confraria do Santíssimo Nas Inquirições de 1258 surge como sendo da apresentação dos paroquianos. Em 1525 D. Manuel requereu que lhe fosse concedido o padroado da igreja, tendo os paroquianos aceite o seu pedido. Mais tarde, talvez no tempo dos Filipes, o padroado da igreja de Alcafache passou para D. Lopo da Cunha, Senhor de Santar, o qual lhe deve ter sido retirado por D. João IV, por D. Lopo ser partidário dos Filipes de Espanha. Em 1675 a paróquia de Alcafache pertencia ao arciprestado do Aro e surge descrita na relação que o bispo D. João de Melo enviou a Roma da seguinte forma: Igreja de Alcafache, invocação de S. Vicente Mártir. Abadia de apresentação ordinária. Tem Sacrário, dois altares colaterais, invocações da Senhora do Rosário e S. Sebastião. Tem uma capela no corpo da Igreja, com administrador, invocação de Santo Amaro. Tem cura anual. Sacerdotes cinco. Pessoas maiores trezentas e oitenta e cinco, menores quarenta e oito. Ermidas duas. Estava falta de ornamentos que provemos em visitação. (Alves, 1998) Por escritura de 31 de Março de 1755 os moradores de Alcafache obrigaram-se ao pagamento de uma finta29 pelo São João e pelo Natal para as obras na Igreja e enquanto estas durarem.30 Por sua vez, o pároco de 1758 refere na sua Memória o seguinte: a igreja paroquial estava fora do lugar e era dedicada a S. Vicente que estava no altar-mor. Para além deste altar existiam dois colaterais, o da direita com a imagem de N.ª Sr.ª do Rosário 29 30
Imposto paroquial. A.D.V. – Notarial, Mangualde, Notas para escrituras diversas, liv. 119
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e o da esquerda com a imagem do menino Jesus, a de S. Sebastião e a de St.º Inácio. Existia igualmente dentro da igreja uma capela particular em cujo altar estava St.º Amaro, e que pertencia aos herdeiros de António Alveres de Cardoso. Em 1776 a Igreja por sentença do Cardeal Cunha é unida e integrada no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. A 3 de Novembro de 1780 os fregueses de Alcafache escreviam à Universidade de Coimbra solicitando a construção de uma Igreja nova ficando eles responsáveis pelo corpo da igreja. A 5 de Maio do ano seguinte o visitador confirma o estado de ruína e a justiça da nova obra, sendo este encarregado pela Junta da Fazenda, a 19 do mesmo mês, de mandar fazer o risco, apontamentos e avaliação.31 Mas só em 21 de Julho de 1784 seria passada licença para a bênção da 1ª pedra da nova igreja32 a construir noutro local, tendo a bênção sido realizada no dia 15 de Agosto do mesmo ano33. A obra do corpo da igreja foi arrematada, por 1700 mil reis, em 1785 por José Duarte, mestre pedreiro oriundo do Minho e que tinha trabalhado no Mosteiro de Maceira Dão, na Igreja de Nelas e na de Senhorim e depois trabalhou na Igreja de Lobelhe do Mato (Alves, 2001, vol. 1, p. 268-9). A obra de carpintaria ficou a cargo de Manuel Ribeiro (Alves, 2001, vol. 3, p. 67). A 14 de Julho de 1796 foi dada licença ao Cónego Manuel Cardoso de Faria para benzer a nova Igreja34.
31
A.U.C. – Fundo Universitário, Est. 6, Tab. 3, Cx. 28, documento avulso A.D.V. – Câmara Eclesiástica, Registos, nº 11/60, fls. 79-79v. A.D.V. – Câmara Eclesiástica, Registos, nº 11/60, fls. 86v-87. 34 A.D.V. – Câmara Eclesiástica, Registos, nº 11/61, fl. 262. 32 33
29
A 25 de Janeiro de 1891 foi arrematada em hasta pública, por 200 mil reis, a obra de douramento e pintura do altar-mor e tribuna pelo dourador José Joaquim Ricardo, de Arganil, que tinha já trabalhado na Igreja de N.ª Sr.ª do Castelo. No ano seguinte, a 17 de Janeiro, o mesmo dourador arremata, por 45 mil reis, a obra de douramento e pintura do camarim (Alves, 2001, vol. 3, p. 74-77).
Valentim da Silva (1946, pp. 404-405) na sua monografia de Mangualde refere-se ao antigo templo da seguinte forma: Da primitiva igreja que ficava ao lado da residência do pároco, ainda há bastantes vestígios, como sejam o pavimento feito de pedra rectangular e duas pedras com inscrições muito apagadas, mas uma das quais, pelo seu formato e dizeres latinos (hoje ilegíveis) deveria ter servido de torsa àquela igreja. (...) Em remotos tempos tinham os abades o costume de aos sábados fornecer aos pobres da freguesia pão e milho e até de comer, sendo os pratos da refeição lavados numa pequena levada. Este facto trouxe consigo para os abades o direito de se aproveitarem dessas águas de que ainda hoje se servem. Ainda há poucos anos se descobriram vestígios do grande forno dos pobres no qual era cozido o pão que os seus abades lhes distribuíam. Tanto na Igreja velha como na nova se enterravam os defuntos na terra ou em covas, só a 30 de Dezembro de 1867 se fez o primeiro sepultamento no cemitério. Foi a enterrar neste dia João da Costa, solteiro, 28 anos, de Casal Sandinho. Desde 22 de Agosto do ano anterior que os defuntos eram enterrados, não no interior do templo, mas no adro.
30
Outro relato, não da Igreja, mas do Passal é a que nos dá Eduardo Leal Loureiro (s.d., pp. 27-28): O Adro da Igreja e a residência do pároco ali existente há séculos foram modificadas há anos. À frente da residência havia um grande pátio fechado a nascente por um largo portão e por construções arruinadas que tinham sido cavalariças. Outra construção fechava o pátio do lado norte com lojas para palhas e animais no piso térreo e uma extensa varanda de madeira virada para o pátio no andar. Este corpo tinha acesso do adro por uma escada e patim de pedra que levava à varanda e daqui à do edifício antigo e nobre da residência. A residência tinha na sua fachada principal, virada a nascente (ao adro), uma varanda de pedra donde saía escada que descia para o pátio. Era este o acesso normal da casa na sua traça antiga para quem chegasse pelo portão do pátio a pé, a cavalo ou de carruagem. Nesta varanda de pedra quando chovia caíam das telhas do telhado, sem caleira, fios de água. [...] As arruinadas cavalariças, o corpo que fechava o pátio a norte e um alto muro que o limitava e defendia a sul, foram demolidos, e bem, há anos. Estes espaços libertados estão hoje integrados no passal da residência e tudo ficou com melhor aspecto. O adro a nascente era limitado por um caminho público. O alargamento deste fez recuar o muro que o separava dos terrenos agrícolas onde estava e está uma eira [...]. Naquele velho muro havia uma pedra com uma pia relativamente pouco profunda e tosca virada para o caminho. Com a reconversão do muro a pedra da pia desaparece da vista, provavelmente incluída no alicerce do muro. Creio que esta pia devia pertencer à velha matriz demolida, talvez colocada, como tanto se vê, junto duma entrada do templo com água benta para a primeira persignação dos fiéis. O Passal da Igreja possuía em 1866 numerosos bens fundiários espalhados pela freguesia, sendo alguns arrendados a terceiros e outros trazidos pelo próprio pároco.35 35
Ver apêndice documental, pp. 73-74.
31
No adro da Igreja está uma pedra tumular partida cuja inscrição já não se lê, mas segundo Eduardo Leal Loureiro (s.d., p. 29) revelava que na antiga igreja foi sepultado em 1587 o Desembargador Diogo Alvarez Cardoso que havia instituído, com sua mulher Ana do Amaral, a capela particular de St.º Amaro referida pelo abade de 1758. Hoje a Igreja Paroquial apresenta alguns acrescentos e modificações feitas já na segunda metade do séc. XX. Entre o templo e o passal foi construído o Centro Social da paróquia que presta apoio domiciliário.
Na Igreja Paroquial estava erecta a Irmandade do Santíssimo Sacramento que tinha a seu cargo a manutenção e conservação da Igreja. O abade de 1758 a ela não se refere. No entanto existe no Arquivo Distrital de Viseu, no fundo do Governo Civil de Viseu/Associações, documentos de prestações de contas desta Irmandade. Através destes documentos sabemos que esta Irmandade tinha algumas propriedades e o forno de Tibaldinho que trazia aforadas. O mais antigo documento data de 1854 e o mais recente de 1909. Festejava a sua festa em Agosto. Mas em 1835 já existia, pois, o Pe. José Paes d’Albuquerque, que faleceu a 14 de Agosto desse ano, deixou à Confraria uma belga ao Peso, como se pode ler no seu assento de óbito. A esta Irmandade se deve o douramento, pintura e outros concertos da tribuna do altar-mor em 1890 e o douramento do camarim no ano seguinte. Esta Irmandade tinha alguns bens que foram arrolados em 1866.36
36
Ver apêndice documental, p. 72
32
Fig. 6: Forno de Tibaldinho, recentemente reconstruĂdo.
33
Ermida de N.ª Sr.ª dos Prazeres e sua Irmandade Fr. Agostinho de Santa Maria (1716, pp. 500-505) no seu “Santuário Mariano” descreve desta forma este local: Em o Concelho de Azurara, no destrito do Arciprestado do Aro da Cidade de Vizeu, para a parte do Nascente em distancia de duas legoas, ha hum Lugar, chamado Alcafache, aonde fica a Freguesia de São Vicente, & junto a elle em hum sitio alegre, & fresco, a que daõ o nome da Taboa, se vè o Santuario, & Casa de Nossa Senhora dos Prazeres; & ainda o faz mais fresco, & alegre hum grande, & fermoso carvalho, & naõ muyto distante delle huma copiosa fonte para a parte do Norte, & para a do Nascente tem hum fermoso Cruzeyro de pedra com seus assentos, que serve de recreaçaõ tambem aos que no veraõ se querem aproveytar do fresco. O mesmo autor refere que os velhos da aldeia lhe informaram que a fundação desta ermida deveu-se à distância que ficava a Aldeia de Carvalho da Igreja Paroquial. Tinha na altura dois altares colaterais e o altar-mor onde se encontrava a imagem da Virgem que era de madeira, com o Menino Jesus nos seus braços. A sua festividade, como ainda hoje, se realizava na Dominica in Albis, ou seja, no Domingo de Pascoela. Está nesta ermida erecta uma Irmandade cujos estatutos foram aprovados a 13 de Novembro de 1673, tendo no mesmo ano recebido uma bula de indulgência do papa Clemente X. O pároco de 1758, na sua memória37, refere que nos altares colaterais estavam uma imagem de S. Vicente e uma imagem da Virgem, dita a Velha, por ser a primeira imagem da padroeira.
37
I.A.N./T.T. – Dicionário Geográfico, vol. 1, m. 73, fls. 525 – 529
34
Hoje em dia no seu interior já nada resta a não ser o púlpito no lado esquerdo do corpo da igreja. As imagens encontram-se em simples e incaracterísticas peanhas de cimento. Em 1866 em cumprimento de uma portaria régia os bens desta Irmandade foram arrolados e avaliados38. Tinha nesta data quatro prazos compostos por diversas propriedades, a saber: 1. Prazo composto por um bocado de terra de milho e vinha com oliveira junto da Capela do qual o arrendatário pagava 2 alqueires de milho e 1 frango. 2. Prazo composto por uma terra de centeio e videiras no mesmo local e que rendia 1 alqueire e uma quarta de milho. 3. Prazo composto por uma terra de centeio na Qt.ª das Poldras, uma belga de tojal na Cruz Alta e uma belga de vinha no Redondeiro, todos no limite de Tibaldinho e que rendiam 200 reis. 4. Prazo composto por um pinhal na Costa Rodela, limite de Casal Mendo, e que rendia 1 alqueire e uma quarta de milho.
38
I.A.N./TT – Ministério das Finanças/Fazenda, Livro de Desamortização e Foros, Liv. 548, f. 25-28.
35
Antigas Albergarias Junto à actual Capela dos Banhos, encontramos a denominada “Casa do Fidalgo”, que foi construída no séc. XVIII pela família Pais do Amaral, de Mangualde, para “quartéis de banho das pessoas do Fidalgo, e sua família” (Alves, 1963, p. 11). Ao fundo da quelha onde se situa esta casa, ergue-se uma outra casa, que apesar do seu novel aspecto, é mais antiga que aquela. Trata-se da antiga Albergaria mandada fazer por Pedro Marques, cónego da Sé de Viseu em 1572, como se pode comprovar pela inscrição que apresenta na parede: ESTA ALBERGARIA MANDOU FAZER E DOTOU O LDO PO M ARQUES CONIGO NA SEE DE VISEU NO ANNO DE SEU FALECI METO. D.M.LXXII. Este clérigo no seu testamento39 dispõe que se mande acabar as casas que tem junto da Ponte de Alcafache para nelas se instituir uma albergaria. Esta Albergaria funcionaria nos meses de Inverno (Novembro a Abril) dando pousada a passageiro pobre apenas durante uma noite. Os passageiros que ali pernoitassem tinham direito a cama e fogo para se reconfortarem e no caso de falecerem a um lençol para serem
39
Ver Apêndice documental, pp. 70-74.
36
amortalhados. A albergaria dispunha de dois leitos para os passageiros e outro para a albergueira, que tinha a obrigação da limpeza das casas, lavagem da roupa, de fazer as camas e acender o fogo, e tinha direito a vinte alqueires de pão e milho em cada ano e uma saia de pano da serra.
Fig. 7: Moinho e terras que pertenciam a Pedro Marques e ficaram vinculados à Albergaria.
Designa como albergueira Catariana Leitoa, sua ama, e como primeira administradora Patronilha Marques, sua sobrinha. Para sustento da albergaria vinculava todas as propriedades que possuía (as terras e moinhos junto da albergaria e outras em Alcafache e seu limite) e todos os bens que viesse adquirir até à sua morte40. A piedosa intenção do Cónego Pedro Marques, não passou disso, pois não houve mais nenhuma albergueira depois da sua ama e segundo
40
Ver apêndice documental, p. 75.
37
Alexandre Alves (1963, p. 20) deve ter deixado de funcionar como albergaria depois de 1683. No outro extremo da aldeia existiu também uma albergaria e casa de banhos. Foram construídas pela Misericórdia de Viseu com o dinheiro da venda das propriedades que o Pe. Filipe F. de Abreu, cura da Sé de Viseu, deixou em testamento de 1836, rendendo 572 mil reis. Mais tarde em 1862 a Misericórdia de Viseu pediu Mercê a D. Luís para comprar dois quartéis de casas ao Barão de Vila Nova de Foz Côa junto dos Banhos “a fim de proporcionar aos doentes pobres que ali concorrem uma conveniente accomodação”41 Segundo o relato de Eduardo Leal Loureiro (s.d., p. 37): “Havia um homem que tomava conta da casa e entregava, por conta da Misericórdia, uma pequena quantia em dinheiro aos doentes pobres que gratuitamente ali se instalavam e banhavam, para acorrer às suas maiores necessidades.”
Fig. 8: Casa de Banhos mandada erigir pela Misericórdia de Viseu.
41
IAN/TT – Registo Geral de Mercês. D. Luís. Liv. 2, f.85v-86.
38
Quinta de St.ª Eufémia Situada em Tibaldinho, logo à entrada quando se sobe dos Banhos. Desconhecendo-se a data da sua fundação, sabe-se que pertenceu à família dos Amarais e Pessoa, tendo passado por testamento de D. Maria do Patrocínio do Amaral Pessoa a Júlio César de Sande Sacadura Botte, bacharel em Matemática e Filosofia e doutor em Medicina, distinto lente catedrático da Universidade de Coimbra a partir de 1887. A par da casa existe uma capela dedicada a St.ª Eufémia, mandada fazer pela dita D. Maria de Amaral Pessoa, viúva de Pedro Cardoso do Amaral, à qual foi passada licença de bênção a 4 de Novembro de 1711.42 O retábulo é rococó da transição para o neoclássico, contudo apresenta um sacrário joanino. O tecto é de caixotões com painéis almofadados. Aqui foram sepultados, pelo menos, Pe. António Carneiro a 19 de Setembro de 1824 e o Pe. António de Albuquerque a 4 de Fevereiro de 1865. Existe, igualmente, uma fonte revestida a azulejos e rematada por um pináculo onde se encontra num nicho uma imagem da Virgem Maria com o Menino. A Associação Cultural Azurara da Beira requereu a sua classificação como Imóvel de Interesse Municipal, a qual foi atribuída por deliberação da Câmara Municipal de Mangualde de 27 de Junho de 2005.
42
Ver apêndice documental, pp. 68-69.
39
Pela encosta acima Tomemos como ponto de partida os Banhos de Alcafache, pequeno aglomerado que nasceu em redor das nascentes de água termal, alcandorado na encosta sobre o Dão. Hoje constituído essencialmente 43
por unidades hoteleiras ou casas com quartos para alugar. As Termas
dispõem de balneário inaugurado em 1962 e recentemente remodelado. As suas águas são hipertermais (cerca de 50º C), sulfurosas, pouco mineralizadas,
alcalinas,
bicarbonatadas
sódicas,
fluoretadas,
tiosulfatadas e muito silicatadas. Com uma idade estimada em mais 14 mil anos, são indicadas para problemas de reumático, músculoesqueléticos, pneumológicos e das vias respiratórias.
Fig. 9: Rio Dão junto dos Banhos de Alcafache
43
Para um melhor conhecimento sobre as termas aconselhamos a leitura da obra do Dr. Eduardo Leal Loureiro indicada na bibliografia, ou a visita ao sítio na Internet: www.termasdealcafache.pt
40
Quem atravessa a ponte vindo de Viseu depara-se com uma pequena capela no meio do casario abandonado. É a Capela de N.ª Sr.ª da Saúde há muito em estado de abandono. Foi mandada fazer em 1764 pelo Pe. Caetano de Abreu Castelo Branco Sotomaior de Melo, natural de Fornos de Algodres e pároco da Igreja de S. João, da Covilhã. No seu interior ainda se vê o altar simples em madeira e na frontaria um pequeno escudo com as armas dos Abreus. Quem sair da aldeia pela estrada principal verá a nova capela benzida em 19-08-1956 pelo Bispo de Viseu D. José da Cruz Moreira Pinto.
Fig. 10: Capela de N.ª Sr.ª da Saúde.
Partamos em direcção ao Peso, sugerimos dois percursos: para os aventureiros que queiram andar a pé, o antigo caminho romano que parte do lado direito da estrada junto à nova capela; para quem não quiser arriscar deve tomar a estrada municipal e no primeiro entroncamento virar em direcção a Casal Mendo e Aldeia de Carvalho.
41
Fig. 11: Igreja Paroquial (Foto: Margarida Peixoto/Câmara Municipal de Mangualde).
O Lugar do Peso é o centro administrativo e religioso da freguesia. Diz a tradição que neste lugar existia uma portagem onde os viajantes pesavam as suas mercadorias para pagarem os respectivos tributos. Aqui se localiza a Igreja Paroquial.
42
Fig. 12: Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico de Casal Mendo. (Foto: Margarida Peixoto / Câmara Municipal de Mangualde)
É, igualmente, no Peso que se situam diversos serviços públicos como a Escola do 1º Ciclo, a Extensão do Centro de Saúde de Mangualde e a Junta de Freguesia. Daqui seguimos para Casal Mendo, pequena aldeia que se estruturou em volta da capela erigida em honra de S. Frutuoso, cuja festa se celebra no 2º Domingo depois da Páscoa. Deve, certamente, o seu nome a um Mendo, talvez àquele a que já nos referimos e que deixou em testamento a presúria de Alcafache à Sé de Coimbra em 1110. A aldeia ainda conserva diversas casas em pedra com a sua varanda e escadaria de acesso.
43
Fig. 13: Capela de S. Frutuoso, Casal Mendo
Saindo de Casal Mendo, por entre o casario de pedra, encontramos já novos prédios, fruto da explosão demográfica, e descemos até ao Ribeiro onde começa Aldeia de Carvalho. Neste vale podemos ver no tempo estival o verde dos milheirais que ainda se vão semeando. Passadas as primeiras casas, seguimos para a nossa direita pela R. do Pelourinho. Aqui, logo no n.º 38 encontramos uma casa “quinhentista” com portais trabalhados e uma pedra com caracteres do séc. XVI. Diz a tradição que aqui funcionou a sede do antigo concelho de Alcafache.
44
Fig. 14: Pedra com caracteres do séc. XVI, Aldeia de Carvalho
Continuando rua acima, passamos pelo cruzeiro que outrora foi pelourinho, no Lg. da Escada Nova onde a tradição diz que também existiu a prisão do concelho, e chegamos junto da R. Tenente Santos. Na esquina desta rua encontramos a Casa da família Santos Costa, e adoçada a ela a capela de St.ª Marinha. Tenente Santos foi um grande benemérito da freguesia, e seu filho General Santo Costa, Ministro da Guerra.
Fig. 15: Casa da família Santos Costa
45
Prosseguindo a nossa viagem pela R. do Pelourinho, como quem sai da aldeia, encontramos um caminho à direita que segue para a Ermida da Sr.ª dos Prazeres, implantada em zona airosa com a sua fonte de tanque de chafurdo. Esta ermida foi construída em 1673 e pertence à Irmandade com a mesma invocação. Aqui poderá descansar à sombra de uma frondosa árvore, apreciando os campos verdejantes que se avistam, outrora pertença da mesma irmandade.
Fig. 16: Ermida da Sr.ª dos Prazeres
Após um breve descanso voltemos a Aldeia de Carvalho, pelo caminho calcetado encontrando à nossa direita uma alminha; na Aldeia encontraremos outra mais simples, pintada na parede. Chegados à estrada que vem de Casal Mendo tomemos a nossa direita e rumemos à capela de Santa Cruz, pequeno templo inserido num belo e cuidado jardim, com festa no dia 3 de Maio ou Domingo seguinte.
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Fig. 17: Capela de St.ª Cruz, Aldeia de Carvalho
Continuemos pela estrada, agora de terra batida, que se dirige para Casal Sandinho. Junto à entrada da Qt.ª da Redonda podemos observar incrustada no muro uma antiga marca da Ordem de Malta (ver fig. 1). Chegados a Casal Sandinho, encontramos logo o adro da Capela, que outrora foi de N.ª Sr.ª das Boas Novas, e hoje é dedicada a N.ª Sr.ª da Piedade, a quem fazem festa na 1ª quinzena de Setembro. Viremos à esquerda, para a R. Principal que atravessa a povoação, e aqui, logo defronte ao n.º 28, podemos observar umas alminhas, e no n.º 43 duas janelas geminadas ao estilo neo-árabe.
47
Fig. 18: Capela de N.ª Sr.ª da Piedade, Casal Sandinho
Casal Sandinho poderá dever o seu nome a um Sandinus que aqui possuía terras. Temos notícias de um Sandinus Randúlfizi no início do século XII que detinha terras na zona de Viseu e foi mandado por D. Teresa presidir à alçada que inquiriu Viseu, seu aro e termo. Teria este Sandinus propriedades por estas bandas? (cf. Fernandes, 1993, pp. 8687) Já fora da aldeia encontramos um templete do Santo Cristo, que foi mandado construir em 1895, pela Junta de Paróquia, e executado por José Duarte Pereira. 48
Fig. 19: Templete do Santo Cristo, Casal Sandinho
Passado o Ribeiro chegamos Ă antiga abadia rodeada pelos campos que outrora lhe pertenceram. Do lado esquerdo vemos o passal em pedra com a sua entrada de escadaria dupla.
49
Fig. 20: Passal
Rumemos agora à aldeia de Tibaldinho, conhecida pelos seus 44
afamados Bordados . Estes Bordados remontam aos inícios do século XIX e são “feitos pela aplicação de linhas brancas de algodão em alvos tecidos de algodão, pano alinhado ou linho” (Silva, 2003, pp. 51-52). Outrora também em Tibaldinho se produziu outro tipo de artesanato, a Olaria. José Manuel Azevedo e Silva (2003, pp.10-11) refere a existência de um arruamento que é conhecido por Quelha da Soenga, que ligava o Club e o Canto. Como diz este filho da terra, “Soenga é um fosso de forma circular, cavado no solo, onde o oleiro procede à operação de cozedura das suas peças de barro”. Mais à frente indica a localização desta soenga: “à esquerda de quem desce a referida quelha, no meio de um mimosal, rodeado de olivais, de uma vinha e do próprio caminho. No lugar do referido mimosal e da soenga foi recentemente
44
Para um melhor conhecimento sobre estes bordados recomendamos a obra do Prof. Dr. José Manuel Azevedo e Silva referida na bibliografia.
50
construída uma casa de habitação, pertencente a Herculano Matias de Oliveira.” Uma tradição oral atribui aos habitantes desta aldeia a alcunha de liornes. Conta-se que quando os frades do Convento [Maceira Dão] saíam em 1834, fustigados pelo vendaval político da época, um deles foi apanhado por populares da aldeia e enxovalhado. Têlo-ão obrigado a dançar descalço dentro dum alqueire posto no chão da rua e, pior, a fazer o mesmo sobre um carro de bois carregado de mato com tojos. Por tal maldade terão os habitantes de Tibaldinho ficado alcunhados de Liornes pelos das povoações vizinhas. (Loureiro, s.d., p. 25)
Fig. 21: Capela de S. Lourenço, Tibaldinho
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Logo à entrada encontramos a Qt.ª de St.ª Eufémia, com uma formosa casa e capela anexa, onde se fazem tapetes de “tipo Arraiolos”, outro tipo de artesanato também presente na aldeia e introduzido pela D. Irene Barbosa na 1ª metade do séc. XX, a tapeçaria.
45
Na R. da Capela podemos observar o forno comunitário recentemente restaurado. Este forno pertencia à Irmandade do SS. Sacramento, erecta na Igreja Paroquial, e foi construído em data incerta, mas com certeza entre 1854 e 1878. Em frente ao forno observamos no portal de uma casa a data de 1671. Não sabemos a que corresponde esta data, mas talvez esteja relacionada com a capela de N.ª Sr.ª dos Remédios que existia em 1758 e pertencia ao cónego Manuel Cardoso de Faria. Um pouco mais acima encontramos a capela de S. Lourenço, que se venera no dia 10 de Agosto. A 4 de Dezembro venera-se igualmente St.ª Bárbara. Atente-se a uma pedra com duas figuras humanas que se encontra na parede lateral. Nesta aldeia existe uma Banda Filarmónica que já conta a bonita idade de 106 anos, tendo feito a sua primeira actuação na Missa do Galo de 1900.
Fig. 22: Bonecos na parede lateral da capela de S. Lourenço, Tibaldinho
45
Para mais informações consultar www.casadetibaldinho.com
52
Continuando encontramos a aldeia de Mosteirinho protegida pelo seu cruzeiro lĂĄ no alto.
Fig. 23: Cruzeiro de Mosteirinho (Foto: Margarida Peixoto/Câmara Municipal de Mangualde).
53
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em
SANTA MARIA, Agostinho, Fr. (1716) – Santuário Mariano, e historia das imagens milagrosas de Nossa Senhora, e milagrosamente apparecidas, que se veneraõ em os Bispados do Porto, Vizeu, & Miranda. Lisboa Occidental: Officina de Antonio Pedrozo Galram, pp. 500-505. SARAIVA, José Mendes da Cunha, ed. Lit. (1946) – Subsídios para a História da Ordem de Malta: Livro dos Foraes, Escripturas, Doações, Privilégios e Inquirições. Vol. 1. Lisboa: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. SARAIVA, José Mendes da Cunha, ed. Lit. (1946) – Subsídios para a História da Ordem de Malta: Livro dos Foraes, Escripturas, Doações, Privilégios e Inquirições. Vol. 2. Lisboa: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. SARAIVA, José Mendes da Cunha, ed. Lit. (1948) – Subsídios para a História da Ordem de Malta: Livro dos Foraes, Escripturas, Doações, Privilégios e Inquirições. Vol. 3. Lisboa: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. SILVA, José Manuel Azevedo e (1982) - Natálias, Janeiras e Reis, em Tibaldinho. Munda. Coimbra. 4, pp. 9-17 SILVA, José Manuel Azevedo e (1983) - Ceifas, malhas e desfolhadas, em terras do Dão. Munda. Coimbra. 5, SILVA, José Manuel Azevedo e (1988) - O Entrudo em Tibaldinho : pelo carnaval, nada parece mal!. Munda. Coimbra. 16, pp. 9-16. SILVA, José Manuel Azevedo e (2003) - Banda filarmónica de Tibaldinho: um século de actividade musical, 1901-2001. Munda. Coimbra. 45-46, pp. 125-143. SILVA, José Manuel Azevedo e Silva (2003) – Bordados de Tibaldinho: artesanato regional beiraltino. Mangualde: Câmara Municipal de Mangualde. 57
SILVA, Valentim da (1945) - Concelho de Mangualde: subsídios para a história de Portugal. Porto: Tipografia Alberto de Oliveira. TAVARES, António Luís Marques (1999) - Sepulturas escavadas na rocha no concelho de Mangualde. Mangualde: ACAB-Associação Cultural Azurara da Beira. TEIXEIRA, Madalena Brás, Coord. (1998) - Bordado de Tibaldinho. Lisboa: Museu Nacional do Traje VAZ, João L. Inês (1997) – A Civitas de Viseu: Espaço e Sociedade. Coimbra: Comissão de Coordenação da Região Centro.
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Fontes Documentais IAN/TT – Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo Inquirições D. Dinis, liv. 4, f.37v. Inquisição de Coimbra, Proc. 1651. Registo Geral de Mercês, D. Luís I, Liv. 2, fls. 85v-86 Leitura Nova, Livro dos Forais novos da Beira, fls. 111-111v Sé de Coimbra, Documentos Particulares, n.º 4 Ministério das Finanças/Fazenda, Livro de Desamortização e Foros, Liv. 548 Dicionário Geográfico, vol. 1, m. 73, fls. 525 – 529 Ordem de Malta (Extinto AHMF), Liv. 509, fls. 40-41v BA – Biblioteca da Ajuda Relação de todas as comendas das obras de Christo, Santiago, e Avis, no Reino de Portugal e Conquistas, 49-IV-31 AUC – Arquivo da Universidade de Coimbra Colégio das Artes, Est. 6, Tab. 3, n.º 27, 28 e 29 Nova Fundação e Reforma da Universidade, IV-1ªD-3-2-8 ADV – Arquivo Distrital de Viseu Notarial, Mangualde, Notas para escrituras diversas, liv. 119 Câmara Eclesiástica, Registos, nº 11/56, 60 e 61 Pergaminhos, Mç. 4, n.º 136. Paroquial, Mangualde, Cx. 12B, n.º 25 Governo Civil, Coordenação da População, Cx. 231, n.º 24 Governo Civil, Associações, Cx. 64, n.º 10; Cx. 448, n.º 13; Cx. 456, n.º 1; Cx. 560, n.º 30; Cx. 684, n.º 18; Cx. 793, n.º 27 e 28; Cx. 841, n.º 10 e 11; Cx. 918, n.º 27; Cx. 2131, n.º 3; Cx. 2136, n.º 1 e 2; Cx. 2276, n.º 3.
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Apêndice Documental
Fig. 24: Doação das Igrejas de Santar e Moreira e da Presúria de Alcafache pelo Presbítero Mendo I.A.N./T.T., Cabido da Sé de Coimbra, Doc. Particulares, doc. 4. Cód. Ref.: PT-TTCSC/03/07. José António Silva, Fotógrafo © IAN/TT/José António Silva
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Doação da presúria de Alcafache e outros bens à Sé de Coimbra HEC EST CARTA TESTAMENTI
In nomine Sancte et Individue Trinitatis Patris et Filii et Spiritus Sancti. Hec est carta testamenti, quam ego, Menendus presbiter, sana mente et prona voluntate, feci ecclesie Sancte Marie episcopalis sedis Colinbrie, et ejusdem loci episcopo, domno Gundisalvo, sive clericis ibidem commorantibus, de ecclesia mea propria quam populavi et edificavi, in diebus domini comitis Henrici, et habeo ilIa de apresuria; predicta ecclesia est sita in Santar territorio Seniorin discurrente flumen Mondeci, et de alia parte ribulo Adon, et est in partibus Visiensis. Concedo illam ecclesiam, cum suis testamentis et suis passalibus, et adicio illam ecclesiam de Moreira, cum suis adjectionibus et testamentis et illud testamentum de Adaulfo, cui in beata requie. Iterum concedo illa apresuria de Calafaz, scilicet, de eclesiastico et libros et vestimenta, mobile vel inmobile que ibi fuerint, tunc, post obitum meum ad integrum concedo predicte sedi. Universa que in hoc testamento sunt scripta maneant mihi in mea vita, fructuario usu possidenda, jussu vestro; et post obitum meum, ad prenominatam ecclesiam revertantur obtinenda episcopo et clericis in eodem loco habitantibus, pro remissione peccatorum meorum, in mei moriam, ut eorum oracionibus arque sanctorum precibus quorum ibi reliquie et nomina continentur adjuti, quod meo merito nequeo, valeam adipisci. Hoc denique, per contestacionem Omnipotentissime Deitatis dico quod huic meo facto non 61
ero contrarius. Quod si forte, quod absit, contigerit, liceat ecclesie rectoribus coercere ego, severissime, legali censura, semoto omni blandimento. Si autem alius quilibet, vir aut femina, sive de propinquis nostris sive de extraneis, inde aliquid evertere vel auferre temptaverit, non sit ei licitum sed, pro sola temeritate de suis propiis facultatibus restituat quadruplum eidem ecclesie et, quandiu in hac pertinacia manserit, sit excomunicatus, et cum Juda traditore Domini in inferno lugeat penam; et hoc meum testamentum perpetuum obtineat vigorem. Facta est carta testamenti XVII Kalendas Augustas, Era M. C. Xv. VIII.a. Ego, supradictus Menendus, presbiter, hoc quod prono animo fieri decrevi, super altare Sancte Marie coram idoneis testibus ponens propria manu roboravi.
Martinus prior conf.,
Petrus diaconus conf.,
Salomon presbiter conf.,
Johannes diaconus conf.,
Petrus presbiter conf.,
Nunus diaconus conf.,
Daniel presbiter conf.,
Petrus subdiaconus ts.,
Sesnandus presbiter conf.,
Johannes subdiaconus ts.,
Pelagius presbiter conf.,
Daniel presbiter notui
I.A.N./T.T., SĂŠ de Coimbra, Documentos Particulares, n.Âş 4
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Inquirição mandada efectuar por D. Afonso III, respeitante a Alcafache. [Laurencius Martini, prelatus ecclesie de Cazurraes] Interrogatus de patronatu ecclesiarum de Cazurraes et de Spino de Alcaafachi et de Fornos, dixit quod parroquiani et naturales presentaverunt semper ipsis ecclesiis. […] De Caafachi. – Martinus Pelagii, de Caafachi, juratus et interrogatus, dixit quod ecclesia de Caafachi habet, de conpara, unam hereditatem forariam Regis in Caafachi, et fuit de Donno Alfonso de Ribeyro de caballaria de Casali de Menendo; et modo ecclesia habet ipsam hereditatem et dat de ea collectam tantum. Interrogatus de tempore, dixit quod tempore Domini Regis Sancii, fratris istius Regis. Petrus Pelagii, de Caafachi, juratus, dixit similiter. […] De Caafachi. – Item, Martinus Pelagii, de Caafachi, dixit quod Laurencius Martini, prelatus de Fornos, conparavit de Martino Ribeyro, de Caafachi, unam hereditatem forariam Regis, in Caafachi, per forum et usum de Zurara; et modo ecclesia habet eam et nullum forum facit Regi, nisi in collecta. Interrogatus de tempore, dixit: tempore istius Regis Domini Alfonsi. [...] De Caafachi. – Martinus Pelagiii, de Caafachi, dixit quod ipse Martinus Pelagii et Duram Johannis et Gunsalvus Petri et Pelagius Michaelis et Stephanus Michaelis et Donnus Garsea, de Caafachi, vendiderunt, in Caafachi, unas hereditates forarias Regis monasterio de Mazaneyra, et modo monasterium habet ipsas hereditates. Interrogatus de tempore, dixit quod tempore istius Regis, in Era M.ª CC.ª Lx. v.ª 63
Laurencius Martino, prelatus de Fornos, dixit similiter. Petrus Pelagii, de Caafachi, dixit similiter. Petrus Pelagii, de Caafachi, juratus, dixit quod Dominicus Suariz, de Alcaafachi, dedit Diago Martini, militi, in Caafachi, unam hereditatem forariam Regis de caballaria de Suierio Pelagii. Martinus Gunsalvi dixit similiter. Interrogatus de tempoore, dixit: tempore Domini Regis Alfonsi In: ACADEMIAE SCIENTIARVM OLISIPONENSIS (1917) - Portugaliae monumenta historica: a saecvlo octavo post Christvm vsque ad qvintvmdecimvm..., Inquisitiones. Olisipone: Typis Academicis, vol. 1: fasc. 6, p. 809.
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Foral de Alcafache dado por D. Manuel D. Manuel [por graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algarves, daquem, e dalem, Mar em Africa, Senhor da Guiné, e da Conquista, Navegaçaõ, e Comercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da Persia, e da India &. A quantos esta nossa Carta de Foral dado ao Conselho de Alcafache virem fazemos saber que por bem das diligencias, exames, e inquiriçoes, que em nossos Reynos e Senhorios mandamos geralmente fazer para justificaçaõ e decraraçam dos foraes delles, e por algumas Sentenças e determinaçoes que com os do nosso Conselho, e Letrados fizemos, acordamos, visto o Foral do dito Conselho dado por El Rey D. Sancho primeiro que nossas rendas direitos se devem hy da recadar na forma seguinte.] Tem primeiramente a dita ordem no dito lugar certas quimtaas que particularmente lhe pagam cadano seus foros segundo antigamente sam declarados e repartidos pellos herdeiros e posoydores delles, segundo os quaaes assy daquy adiante pagaram sem outra mudança e se conthem em seus tombos amtigos. E pagaram mais os herdeiros das ditas quintas certas medidas de trigo pella medida velha de folgozinho segundo ysso mesmo he declarado nos ditos tombos da quall medida fazem quatro della hum alqueire desta medida ora corrente. E per comseguinte pagam na dita maneira capooes assy repartidos pelos herdeiros como ho outro foro acima nomeado. E tem mais a dita hordem e comenda no lugar do carvalho que he do dito comcelho certas vinhas e herdades de que pagam ho oytavo de pam 65
e vinho e de linho e de todallas cousas que nella semeam e colhem e assy das oliveiras a quall terra estaa devisada per marcos amtigos e divissooes de demtro dos quaes se pagara o dito foro na dita maneira sem outra em novacao. E seram avisados os mordomos da ordem que vaão por seus dereitos o dia que forem para ysso requeridos ou atee outro dia aaquellas oras por que nam imdo de partes partiram suas novidades com duas testemunhas e leixaram o dereito da ordem na eira e no lagar e no temdal ou olival sem mais serem obrigados aoutro requirimento nem emcorreram por ysso em nehũa pena. Ogado do vento se scpreverá logo como fôr teer na maão o gado de quallquer homem aoyto dias sopena de lhe seer demandado de furto e semdo assy secrito e pregoado cada mes em audiancia pubrica per todo hũ anno sem lhe sayr dono será da dita ordem. Nam avera hy montados dos gados de fora porque estam em vizinhaça e irmyndade com seus comarcaãos. E usaram hũs com os outros por suas posturas dos comcelhos segundo lhes bem vier . O tabeliam nam pagara pensam no dito lugar porque serve tambem em Zurara e la se paga. E pagam tambem os moradores do dito concelho dalcafache no dito lugar de Zurara pollos bens que lá têm certo dinheiro per amtiga composiçam pera comprimentos da paga do dito concelho de Zurara do seu foral no qual elles antigamente entravã e a Repartiçam se faz no dito comcelho de Zurara segundo he declarado no dito foral de Zurara.
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Nom há hy maninhos pera novamente se poderem dar por que toda a terra entra com os foros sobreditos e assy mandamos que aodiante se nom dêem. E por quamto fomos certo que quamdo assy o dito concelho punha algũ finteiro pera tirar alguma fimta pera pagamento de seus foros ho almoxarife de Viseu quer conhecer de seu agravo mandamos ao almoxarife presente e vindouros que daquy emdiante mais nam entendam neste caso e leixem servir o dito cargo aqualquer pessoa que o comcelho pera ysso posser sem disso mais poder conhecer. E a pena do forall he tal como Viseu e dada na nossa muy nobre e sempre leal cidade de lixboa aos seis dias do mês de mayo era do nascimento de noso Senhor Jesus Cristo de mill quinhentos e quatorze annos. E foi escrito pelo dito Fernám de Pina. Em quatro folhas. I.A.N./T.T. – Leitura Nova: Livro dos Forais Novos da Beira, ff. 111-111v Nota: o texto entre [ ] apenas consta na transcrição do “Livro dos foraes, doações, privilégios e inquirições da Ordem de Malta” (IAN/TT – Ordem de Malta (Ex-AHMF), Liv. 509, f. 40.
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Registo de obrigação da Capela de St.ª Eufémia Registo de obrigação da capella que fez Maria de Amaral Pessoa, viúva do Licenciado Pedro Cardozo de Amaral, desta cidade de Vizeu, junto às cazas que tem no lugar de Tivaldinho, freguesia de Alcafache. Petição Diz Maria de Amaral Pessoa desta cidade de Vizeu, viúva que ficou do Licenciado Pedro Cardozo de Amaral, que ella tem feito huma capella junto das suas cazas que tem em o lugar de Tivaldinho, freguesia de Alcafache, deste Bispado de Vizeu, a qual tem ornada de tudo o necessário para se poder celebrar nella missa. Pede a Vossa Illustríssima lhe faça mercê conceder licença para se benzer a dita capella e nella se celebrar o sacrifício da missa, salvo sempre o direito parochial, e reberá mercê. Portaria Faça o suplicante obrigação e bens livres para fábrica da capella. Vizeu, vinte de Outubro de 1711. Dom Jerónimo, Bispo de Vizeu. Despacho Informe o Reverendo Párrocho se a capella tem a porta para o caminho público e se está decente para nella se cellebrar. Vizeu, vinte e quatro de Outubro de 1711. Dom Jerónimo, Bispo de Vizeu. Informação Illustríssimo Senhor, fui ao sítio da capella, tem a porta para o caminho público e está decente para nella se celebrar. Vossa Mercê mandará o que for servido.
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Alcafache, de Novembro oito de 1711. De Vossa Illustríssima súbdito mais humilde, Padre Manuel Coelho Rozado. Despacho Passe licença para o Reverendo Párrocho benzer a capella na forma do ritual, e se registará na Câmeraa obrigação da fábrica. Vizeu, quatro de Novembro de 1711. Dom Jerónimo, Bispo de Vizeu. [...]46 Licença Dom Jerónimo Soarez, por mercê de Deos e da Santa Sée Apostólica Bispo de Vizeu e do Conselho de Sua Magestade que Deos guarde, etc., pella prezente concedemos licença ao Reverendo Párrocho da igreja de Alcafache para que possa benzer a capella de Santa Euphémia que o suplicante de novo fes junto às casas que tem no lugar de Tivaldinho, e a benzerá na forma do ritual romano, e depois de benta concedemos licença para nella se cellebrar missa. E esta se registará na nossa Câmera. Dada em Viseu, sob nosso signal e sello e nossas armas, aos seis de Novembro de 1711. Jozéph Cardoso Pereyra a fes. Dom Jerónimo Soares, Bispo de Vizeu. Lugar do sello. Ao sello 5600. Desta 370. Registo 40. Licença para se benzer a capella de que a petição faz menção. A.D.V. – Câmara Eclesiástica, Registos, nº 11/56, fls. 32v - 33.
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Segue-se a escritura de obrigação efectuada a 22 de Outubro do mesmo ano.
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Testamento de Pedro Marques Saibam quantos este instrumento dado em pública forma com o translado de sua manda virem que no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil quinhentos e setenta e dois anos, aos quinze dias do mês de Setembro, na cidade de Viseu e pousadas do Licenciado Lançarote Veloso de Araújo, Juiz de Fora na dita cidade pela Infante Dona Maria Nassa Senhora, com alçada por el-Rei, pareceu o Senhor Cónego Jorge Henriques, cónego na Sé desta cidade e em a dita cidade morador, e disse ao dito Juiz que ele era testamenteiro do Licenciado Pero Marques, cónego que foi na Sé da dita cidade; portanto, lhe requeria lhe mandasse dar a dita manda do dito Licenciado Pero Marques, em público, convém a saber: três ou quatro treslados dela, em modo que fizesse fé, porquanto lhe eram necessários; a que vista pelo dito Juiz, mandou a mim, Tabelião, lhe desse a dita manda em público e lhe desse os treslados que pedisse, para os quais interpunha sua autoridade ordinária a qual treslado da dita manda e encerramento, tudo é o seguinte: «EM NOME da Santíssima Trindade, Padre Filho e Espirito Santo, Três Pessoas, mas Um só Deus em que eu o Licenciado Pero Marques bem e verdadeiramente creio, em cuja Fé protesto morrer e viver e com esta Fé faço e ordeno meu Testamento na maneira seguinte (...) E lembrando de quanto Nosso Senhor encomendou a caridade do próximo, ordeno e mando que, à Ponte de Alcafache, onde tenho feito umas casas que ainda não estão acabadas, que as ditas casas se acabem não as acabando eu; e ali nelas mando que se faça uma Albergaria desta maneira, a saber: que 70
nos meses de Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Março, Abril que são os seis meses de inverno, se dê pousada nas ditas casas a todo pobre passageiro que pousem (sic) à noite, e logo ao outro dia pela manhã se vão; e serão agasalhados com camas e fogo, e isto perpetuamente enquanto o Mundo durar; e sendo caso algum passageiro falecer ali, sendo pobre lhe darão um lençol para o enterrarem, digo, para o embrulharem, e para isto mando que para os ditos pobres haja dois leitos com cada uma cama e cada cama terá. um enxergão ou almadraque e dois lençóis e uma coberta de burel e uma manta e um cabeçal; e assim haverá um outro leito em uma das ditas casas para a albergueira que há-de estar no dito esprital que terá outra cama como cada uma das sobreditas, a qual terá cârrego de varrer as ditas casas e lavar a roupa e ter as camas feitas e acender o fogo aos ditos pobres, os quais tratará com toda a misericórdia e amor; e darão à dita espritaeira vinte alqueires de pão e milho em cada ano e cada uns anos lhe darão sua saia de pano da serra; e para fazer estes gastos deixo por administradora da dita Albergaria a Patronilha, minha sobrinha, filha mais velha de Britaldo de Gouveia, e que depois dela fique o seu filho mais velho, e não havendo filho, a filha e assim será daí em diante todos os administradores; e não havendo filho nem filha, ao parente mais chegado. E quero que todos os administradores se chamem o sobrenome de MARQUES, e não se querendo chamar deste nome não possam suceder na dita administração. E para tudo isto vinculo e hei por vinculado os moinhos que tenho pegados nas ditas casas, digo junto das ditas casas, e assim todas as outras terras [e] propriedades que tenho juntas aos ditos moinhos, e todas as que tenho no lugar de Alcafache e 71
seu limite, e todas as que eu, no dito lugar e seu límite, houver e adquirir até [à] hora de minha morte; as quais quero e me praz que andem sempre no administrador, sem as poder vender e alhear, trocar nem escambar, nem se poderão dividir ou partir, para todo sempre, sob pena que o administrador, que a dividir ou partir ou alhear ou trocar, perder por isso logo a administração, e que não possa suceder nela seu filho senão o parente mais chegado; e o administrador, das rendas dos ditos moinhos e das propriedades, sustentará. os ditos leitos e camas, e salário da albergueira, e reparará as ditas casas e moinhos de modo que não venham em ruína ou caídos; vindo a isso, as edificarão da maneira que ora estão, e sirvam sempre. E tudo o mais remanescente desta renda ficará aos administradores que o possam conter em seus usos, dando outrossim fogo nos ditos seis meses, para sempre, para se aquentarem os ditos pobres; e querendo estar por albergueira na dita albergaria Catarina Leitoa minha ama, quero que se lhe não tolha em sua vida. E porque, ao diante, se pode perder este testamento e o vinculamento das ditas terras e moinhos, mando que o treslado deste testamento autorizado se ponha um no Cartório dos Senhores do Cabido desta Sé, e outro na arca do concelho de Zurara, e outro na igreja de Alcafache, onde estarão para sempre. E mando que aos treslados destes treslados se dê sempre inteira fé. (...) E por aqui acabo de fazer meu testamento, que pedi ao Cónego Jorge Henriques que o escrevesse, e de feito fez, e assinou aqui comigo, aos dois dias do mês de Setembro do ano de mil quinhentos e setenta e dois. E eu sobredito Jorge Henriques o escrevi. E assim disse mais ele, testador, que fazia seus testamenteiros a Britaldo de Gouveia, seu cunhado, e a mim Jorge Henriques, para cumprimento e 72
execução deste testamento, a ambos e a cada um. E disse mais que deixava a sua loba e sobrepeliz ao padre Belchior de Almeida seu criado. Feito dia, mês e ano «quibus supra», e assinou comigo, sobredito Jorge Henriques; e eu Jorge Henriques o subscrevi. P.º Marques / Jorge Henriques». «ENCERRAMENTO DESTA MANDA.- Saibam quantos este instrumento de encerramento e aprovação desta manda e testamento virem, que no ano do Nascimento de Nosso Senhor . Jesus Cristo de mil e quinhentos e setenta e dois anos, aos três dias do mês de Setembro do dito ano, na cidade de Viseu e casas das moradas do Licenciado Pero Marques, Cónego na Sé da dita cidade, estando ele aí a isto presente, em cama, doente, com todo seu juizo e entendimento que lhe o Senhor deu; e logo ele deu a mim, Tabalião, esta manda atrás escrita, dizendo ele que a dita manda era sua e a mandara fazer ao Senhor Cónego Jorge Henriques, a qual manda eu Tabalião vi e não li, e estava escrita e assinada por letra do dito Cónego Jorge Henriques e por o dito Licenciado Pero Marques testador, sem entrelinha nem coisa que dúvida faça; dizendo, ele, testador, que lhe aprovasse a dita manda, e queria que ela se guardasse e cumprisse, assim e da maneira que nela se continha, porque esta era sua última e derradeira vontade; e em testemunho de verdade, outorgou ser feito o dito instrumento de encerramento e aprovação, o qual testamento está escrito em três meias folhas de papel. Testemunhas que foram presentes, Manuel Pires mercador, e Domingos Fernandes padre de Missa, e Bastião Lopes, e Francisco Afonso clérigo de ordens de Avangelho, e João Tavares sobrinho do dito Cónego Jorge Anriques, e Marcos Roiz pedreiro, todos moradores na dita cidade; e eu Francisco 73
de Figueiredo de São Paio, Tabalião do Público e Judicial em esta cidade e seus termos, pela Infante D. Maria Nossa Senhora, que este escrevi, e aqui meu sinal fiz que tal é. Pero Marques, Domingos Fernandes, Manuel Priz, P.e Diz, Bastião Lopes, Francisco Afonso, João Tavares, Marcos Raiz In ALVES, Alexandre (1963) – “A velha Albergaria de Alcafache”. Beira Alta. Viseu. 22:1-2, pp. 20-25. Nota: Transcreve-se apenas a parte referente à albergaria de Alcafache.
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Bens vinculados por Pedro Marques à Albergaria de Alcafache47 1. Uma casa em que se agasalham os pobres, que parte com a casa da albergueira e está situada na terra da dita Albergaria. 2. Outra casa em que vivia a dita albergueira, que parte com a casa acima e com casa donde vive o moleiro. 3. Outra casa em que vive o moleiro, que parte com a casa da albergueira, as quais casas atrás declaradas estão todas pegadas umas às outras. 4. Uns moinhos abaixo das ditas casas e acima da ponte de Alcafache, que estão junto às ditas casas da albergaria em o qual moinho eram três rodas que o Instituidor possuía, e agora são quatro rodas porquanto o dito António Pais, administrador, acrescentou mais outra roda. 5. Uma terra propriedade junta à dita albergaria e moinhos, que parte da estrada que vai para a dita Ponte de Alcafache e entesta toda no Rio Dão, com suas árvores que nela estão castanheiros e carvalhos. 6. Um lameiro ao Testamento, em Casal Sandinho. 7. Um pequeno chão em Casal Sandinho. 8. Uma vinha ao Rossio do Mato, em Casal Sandinho. 9. Uma vinha à Fonte da Guarda, em Aldeia de Carvalho.
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Cf. Alves, 1963, pp. 15-16
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Memória Paroquial de 1758 Relação do que há nesta freguezia dada pelos Interrogatórios que emanaraõ da Secretaria de Estado e mandado distribuir pelo Ex.mo e Rev.º Sr. Bispo Vizeu, pellos Parochos do seo Bisp.do Este nome, Alcafache, comprehende toda a freguezia que se compõe de sinco luguares, sem nenhum se chamar Alcafache, só o cítio que mais rigularm.te a sim se chama he donde está a Paróchia. He freguezia sobre sim, da Província da Beyra, Bispado e comarqua de Vizeu, termo de Azurara da Beyra, tem por cabeça de concelho a villa de Mangualde de Azurara, que hé julgatura de vara branca, e dista da dita villa huâ légoa. Hé livre, sem donatário. Compõem-se de sinco luguares, a saber= Tivaldinho, Mosteyrinho, Cazal Sandinho, Cazal Mendo, Aldeya do Carvalho. Toda a freguesia tem cento e noventa e hum fogos, quinhentos e dezoyto pessoas de sacram.to e sesenta e outo menores. Esta cituada em huã baixa, e so se vê Lourosa e Fraguzella, que distão meya legoa. A parróchia está no meyo da freguezia, mas fora do povoado, e tem contíguo humas casas de rezidência. O seo orago he S. Vicente Mártir, imagem que está no altar-mor, tem mais dois colaterais, o da parte direyta com a imagem de N. Snr.ª do Rozário, o da parte esquerda tem três imagens, a principal hé a do Menino Jesus, e a outra hé S. Sebastião e Santo Ignácio. Junto à pia de baptismar está huma cappella p.ar, que tem hum altar com a imagem de 76
S. Amaro, a que sam obriguados os herdeyros de António Álveres Cardozo, da cidade de Lisboa. Não tem naves, nem Irmandade, nem beneficiados. Hé abbadia, que agora se acha vaga, por dúvidas que há sobre se pretence a aprezentação ao Padroado Real se à Mitra. Tem emcomendado, que Ds. conserve por muntos annos, por ser eu infra escriptto. Tem de rendimento trezentos mil réis ao todo. Em cada hum dos ditos povos há huma cappella a que são obrigados, a saber: em Tivaldinho a de S. Lourenço, q tem hum altar com a imagem do dito Santo, para cujo ornato e festa concorrem os do povo. Tem outra cappella particullar, que hé do cónigo Manoel Cardoso de Faria da cidade de Vizeu, tem hum altar com immagem de N. S.ª com o títullo dos Remédios; tem huma quinta pegada ao povo, chamada de Santa Eufémia, que hé de Pedro José Carneyro de Vizeu, e tem cappella pegada às cazas e hum altar com a immagem da mesma Santa. O luguar de Mosteirinho tem huma cappella a que hé obrigado o povo e tem hum altar com immagem de São Miguel. O luguar de Cazal Sandinho tem huma cappella a que hé obrigado o povo, tem hum altar com huã immagem de N. S.ª com títullo das Boas Novas [?] que o orago, e tem outra immagem de N. Senhora da Piadade. O luguar de Casal Mendo tem huma cappella a que he obrigado o povo, com hum Altar e immagem de S. Frutuoso, em quem têm os moradores da dita freguezia grande devoção, pois não consta que na dita freguezia e seo lemite fizessem mal as trovoadas. O luguar de Aldeya do Carvalho tem huma cappella, a que hé obrigado o povo, tem hum altar com huma imagem de hum Santo 77
Christo e outra de Nossa Senhora das Dores, e se intitulla a cappella de Santa Crus, cuja festa se celebra em três de Mayo; no lemite deste povo chamado a Santa Maria, está outra cappella com três altares, no da cappella-mor está a imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, padroeyra de huma Irmandade que se acha erecta na dita cappella, que tem duzentos e sincoenta irmãons, que com os rendim.tos a tem decente e se lhe celebra a festa na dominica in albis, nos altares colaterais está huma immagem de S. Vicente, e em outro huma de N. Snr.ª, chamada a Snr.ª Velha, por ser a primeyra que havia no dito templo. Os fructos mais comuns desta freguezia são centeyo, millo, vinho, azeite, tudo qt.º baste para sustento da terra dos mais fructos pouco. Naõ padeceo ruina alguã com o terramoto do anno de 1755. Do mais, que comtem nos capitullos do primeiro interrogatorio, naõ tenho que responder, nam do segundo por não saber nada. Quanto ao terceiro digo que entre esta freguezia da de louroza pela parte do Norte Hum Rio chamado Dão corre do nascente para o poente, tem o seo nascimento junto a Carapito, que he neste Bispado, e dista desta fregezia seis legoas, e vai metersse no Mondego no sitio chamado a Foz Dão que dista desta freguezia outras seis legoas, nasce piquena corrente mas quando aqui chega já corre caudaloso principalmente de inverno, que de veraõ vai quazi seco. No decurso de hua legoa que o comprimento desta freguezia naõ [--] Tem neste lemite huã ponte de cantaria chamada a de Alcafache com tres olhaes, pela parte de bayxo della, e já no lemite da freguezia de Louroza, há humas caldas que nascem de huns penhascos ou rochedos, que estaõ na margem do Rio, e outras grandes nascentes nascem no 78
meyo do Rio, huns e outros estaõ cobertos de inverno, mas de veraõ saõ frequentados de muitos enfermos e gente achacada, e tem feyto e feytos milagrosos, e se intitulaõ caldas de Alcafache. He este rio abundante de peyxes, barbos, bogas, e alguãs inguias. He o seo pescado livre excepto alguas levadas que tem p.ª moinhos que neste seo sitio saõ quatro e estas só os pescaõ os donos dellas ou outras de sua licença. As suas margens são cultivadas em partes, daõ centeyo, milho, castanhas, em outras partes naõ há senaõ pedras e mato sem fruto. Dos mais naõ tenho que responder. E por tudo passar na verdade, fis esta que asigney. Alcafache, 20 de Mayo de 1758 O Encomendado José de Albuq.e Lobo I.A.N./T.T. – Dicionário Geográfico, liv. 1, fls. 525-529
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Bens da Irmandade do SS.mo Sacramento arrolados em 1866 1. Um prazo composto por uma morada de casas térreas em Casal Sandinho e uma belga de milho e videiras, no Val Guediche, limite de Casal Sandinho, que rendia 3500 reis. 2. Um prazo composto por uma terra de vinha, ao Peso, que rendia 1000 reis. 3. Um prazo composto de terra de centeio, castanheiros e pinhal, ao Picoto, limite de Tibaldinho, que rendia 300 reis. 4. Um prazo composto por terra de milho, vinho e árvores de fruto, ao Cabreiro, limite de Tibaldinho, que rendia 300 reis. 5. Um prazo composto por terra de centeio, à Tapada do Senhor, limite de Alcafache, que rendia 1 alqueire e meio de milho. 6. Um prazo composto de terra de milho, vinha e árvores de fruto, aos Vales, limite de Aldeia de Carvalho, que rendia 2 alqueires de milho.
O arrolamento foi efectuado a 27 de Agosto de 1866.
Cf. I.A.N./T.T., Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Livros de Desarmotização e Foros, Liv. 548, fls. 24-34
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Bens do Passal arrolados em 1866 1. Uma vinha, denominada Vinha Grande da Igreja, que tem uma belga de terra de milho, uma eira e uma palheira. 2. Um pomar junto da Igreja que rendia 4 alqueires de milho, 9 alqueires de feijão e 8 dúzias de palha. O pároco colhia os frutos do olival e das árvores de fruto. 3. Uma propriedade chamada Arães que rendia 106 alqueires de milho, 6 alqueires e meio de feijão, 4 dúzias de palha, 3 dias de geira de bois e 1 galinha. O pároco tinha o usufruto do olival. 4. Um quintal pegado à residência, com terra de horta e árvores de fruto e uma palheira. 5. Uma propriedade de milho, vinha e centeio com castanheiros e sobreiros, andava arrendada e trazida pelo pároco. Um dos rendeiros pagava 84 alqueires de milho, 4 dúzias de palha e 1 galinha, outro pagava 30 alqueires de milho e 1 alqueire de feijão, outro pagava 16 alqueires de milho, 1 alqueire de feijão, 1 dúzia de palha e 1 galinha, e outro, ainda, 45 alqueires de milho, 3 alqueires de feijão, 6 canastras de ovos e 2 dúzias de palha. Tinha fonte de água para uso do pároco e do público, chamada a Fonte da Igreja. 6. Uma propriedade nas Donicas, limite de Aldeia de Carvalho, com terra de milho e que rendia 33 alqueires de milho, 3 alqueires de feijão, 4 dúzias de palha e 1 galinha. 7. Uma belga de milho e horta no Peso, que rendia 1 alqueire de milho. Tinha uma oliveira cujo usufruto era do pároco.
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8. Uma propriedade de terra de milho, vinha e pinhal sita ao Taladoiro, limite de Casal Sandinho, e que rendia 3 alqueires de milho e 1 dúzia de palha. O vinho era a meias, e o pároco tinha ainda o usufruto do pinhal e do tojal. 9. Uma propriedade de milho, centeio e vinha, na Geiriça, limite de Casal Sandinho, que rendia 40 alqueires de milho. 10. Uma belga de milho e uma vinha na Geiriça. 11. Uma belga de milho de centeio. 12. Uma belga de milho e com poço, na Cheira, limite de Casal Sandinho. 13. Dois pinhais na Cruz Alta, limite de Casal Sandinho. 14. Quatro pinhais sitos ao Toladoiro, à Palmeira, ao Val da Vide e à Barriga da Vena, todos no limite de Casal Sandinho e trazidos pelo Pároco. 15. Um prazo na Várzea, junto ao rio Dão, que rendia 18 alqueires de milho e 1 galinha. O contrato de aprazamento foi feito a 28-02-1826. 16. Um prazo nas Rojadias, limite de Casal Sandinho, composto por uma belga de terra e uma terra de milho. Rendia 18 alqueires de milho e o seu contrato foi feito a 02-12-1825. 17. Um prazo ao Toladoiro, limite de Tibaldinho, composto por terra de milho, centeio e árvores de fruto, murado e valado a toda a volta, rendia 5 alqueires de milho. O seu contrato de emprazamento foi elaborado a 15-11-1825. O arrolamento foi efectuado a 17 de Outubro de 1866 Cf. I.A.N./T.T., Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, Livros de Desamortização 82
e
Foros,
Liv.
548,
fls.
35-65