Epigrafia latina nos concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA LICENCIATURA EM ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA

Epigrafia Latina dos concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo.

Disciplina: Leituras e Interpretações Epigráficas Docente: Prof. Dr. Amílcar Guerra Discente: Pedro Pina Nóbrega, n.º 26446

Junho 2003


INTRODUÇÃO |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| |||||||||||| 1


Fruto de duas Paixões O presente trabalho que agora apresentamos é fruto de uma grande paixão acompanhada por uma paixão mais recente e menor. Descendente de penalvenses, desde miúdo que passamos as férias na terra natal da nossa mãe, Ribeira, freguesia de Real, e nos fomos habituando aos passeios pelo concelho de Penalva do Castelo e concelhos limítrofes. Pela localização da Ribeira a Sul do rio Ludares e mais próxima de Mangualde do que Penalva do Castelo, desde cedo também a nossa paixão pelo concelho vizinho se foi cimentando. Vários foram os passeios e visitas que fomos fazendo a diversos sítios com interesse histórico na companhia dos nossos pais. Quando ingressámos no então ensino preparatório começámos a frequentar as bibliotecas municipais de Lisboa em busca de informações sobre estes dois concelhos. Ao longo da nossa vida académica fomos lendo e recolhendo dados que nos permitem ter uma visão de conjunto e alguma facilidade na reunião de bibliografia. Foi determinante para a elaboração deste trabalho o conhecimento da bibliografia que considerámos de referência. Fomos lendo a imprensa local e regional na Hemeroteca Municipal de Lisboa e estando atentos ao que se passava em Mangualde e Penalva do Castelo. Chegados ao final do 3º ciclo tivemos que escolher o agrupamento que queríamos seguir, o que foi fácil, pois já tínhamos a intenção de ingressar em Arqueologia. Contudo, para além do agrupamento tínhamos que escolher entre Latim, Geografia e Alemão. Escolhemos o Latim, pois pensámos que nos seria útil no curso que queríamos seguir. No secundário tivemos a sorte de ter como professoras, duas excelentes pessoas que sabiam cativar os alunos e foram alimentando em nós a paixão pelo Latim. É esta a segunda paixão que acompanha a primeira já referida. Aqui quero lembrar a Dr.ª Elizabete Carajote, nossa professora, então estagiária, no 10º ano que sempre com prontidão e paciência foi respondendo às nossas múltiplas perguntas e dúvidas; quero lembrar igualmente aqui a Dr.ª Alice Costa, nossa professora nos 11º e 12º anos pelo seu à vontade e bom humor cujo ensino transdisciplinar e abrangente, deu o papel competente ao Latim e cultura romana pela sua perenidade e matriz que serviu de base a diversos campos do saber. As bases do Latim e da cultura latina que estas duas professoras tão bem nos souberam transmitir permitiram-nos lidar com mais facilidade com o Latim ao longo do nosso percurso universitário, primeiro nos documentos medievais e agora nos documentos epigráficos.

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Reconhecemos que nem sempre soubemos cuidar bem destas bases que adquirimos, mas o recurso à opinião de colegas e às gramáticas e dicionários foram solucionando esta negligência.

Metodologia Primeiramente, efectuamos uma pesquisa bibliográfica em obras de referência da epigrafia latina e da arqueologia da região (v. Bibliografia de referência). Seguidamente e com base na bibliografia indicada nas obras de referência atrás referidas, efectuou-se uma pesquisa bibliográfica mais profunda. Esta pesquisa teve como objectivo uma melhor compreensão da informação primeiramente adquirida através da sua validação. Recorreu-se igualmente a bibliografia não indicada nas obras de referência, por ser desconhecida dos seus autores ou por ser mais recente que estas. Posteriormente à pesquisa bibliográfica agrupou-se toda a informação disponível por epígrafes para um melhor confronto dos dados disponíveis para cada epígrafe. A par da pesquisa bibliográfica escrevemos aos executivos das Juntas de Freguesia, Associações Culturais e outras entidades, a perguntar sobre a existência de epígrafes. Depois de termos o maior número de informação possível sobre as epígrafes fomos observa-las, no local onde actualmente se encontram, para podermos fazer uma correcta análise e leitura das epígrafes e respectiva fotografia. Infelizmente não podemos observar as seguintes: a estela que ainda se encontra em Pinheiro de Tavares e os marcos miliários anepígrafos da Roda e de Fagilde. Por fim elaborámos para cada epígrafe uma ficha de levantamento, onde anotámos diversas informações obtidas a partir da sua observação (ver anexo 1). Foi com base nestas fichas complementadas com informação recolhida anteriormente na bibliografia que elaborámos o nosso trabalho. A elaboração deste trabalho foi sofrendo várias vicissitudes, primeiro a obtenção de bibliografia, ou melhor a validação dos dados referidos nas bibliografia de referência. Nem sempre os autores consultados fizeram as citações de forma correcta, nomeadamente na indicação das páginas e na referência às separatas. Segundo durante a observação das epígrafes, devido ao mau tempo que se fez sentir nas férias da Páscoa e nos impediu de ver alguns monumentos epigráficos. Por fim e já quase na recta final motivos de saúde 3


impediram-nos de dedicar o tempo que esperávamos a este trabalho. Algumas das linhas que gostaríamos de ter desenvolvido vão referidas nas considerações finais. Desde o início do ano que fomos pensando no trabalho e reunindo bibliografia, mas a nossa fonte de informação não se limitou apenas à bibliografia. Para este trabalho também concorreram a frequência de algumas disciplinas: não só as disciplinas do 3º ano da licenciatura que frequentamos leccionadas pelo Prof. Dr. Amílcar Guerra, mas também as disciplinas Materiais Arqueológicos I, leccionada pela Dr.ª Catarina Viegas, e As Sociedades do Bronze Final e 1ª Idade do Ferro na Península Ibérica, leccionada pelo Prof. Dr. João Carlos Senna-Martinez. A nossa participação em eventos como o Colóquio “Antiguidade Clássica: que fazer com este património?”, promovido pelo Centro de Estudos Clássicos da UL, nomeadamente a conferência da Dr. Manuela Alves Dias, e o VI Turres Veteras, promovido pela Câmara Municipal de Torres Vedras e pelos Instituto Alexandre Herculano da FLUL. Também foram essenciais para este trabalho as sugestões do Prof. Dr. Amílcar Guerra, que prontamente e com a sua cautela característica nos deu. Somos da opinião de que quem trabalhar sobre algo que já tenha sido estudado, deve contactar o último investigador que estudou o mesmo objecto e com ele partilhar algumas ideias. Foi isso que fizemos, ao escrevermos ao Prof. Dr. João Luís Inês Vaz, o último investigador a lançar um estudo sobre a presença romana na área em estudo. Infelizmente não obtivemos qualquer resposta. Este trabalho não foi concebido como um simples repertório de epígrafes mas como uma recolha e análise de informações que as epígrafes nos transmitem. Pela escassez de tempo e por várias outras vicissitudes não conseguimos fazer todas as análises e verificar a validade de suposições que nos ocorreram, assim este trabalho constitui um simples ensaio. Como um ensaio não queremos chegar a conclusões, mas apenas trabalhar dados já publicados ou inéditos e abrir caminho para futuros trabalhos, ou reflexões nossas.

Agradecimentos Na elaboração deste trabalho tivemos o apoio de inúmeras pessoas e entidades, às quais quero aqui agradecer por toda a colaboração prestada.

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Primeiramente aos nossos pais por todo o apoio e pela paciência com que lidaram com a nossa ausência e atrasos durante as férias da Páscoa, nomeadamente ao nosso pai que se deslocou connosco a algumas estações. Ao Museu Grão Vasco, nomeadamente à sua directora, Dr.ª. Dalila Rodrigues, pelas facilidades concedidas, à Dr.ª. Susana Tavares, nossa colega, pelo apoio e simpatia durante a observação dos materiais no Regimento de Infantaria 14, onde se encontram temporariamente, e à D. Graça Abreu pela simpatia e brevidade como sempre respondeu aos nossos “e-mails”. Ao Museu Nacional de Arqueologia, nomeadamente ao seu director, Dr. Luís Raposo, que nos acolheu já no ano lectivo transacto como voluntário, e nos autorizou a utilizar os dados deste nosso serviço voluntário no presente trabalho. À Luísa, à Sónia, à Ana Rita e ao João do Serviço de Inventário pela simpatia e acolhimento, como pela ajuda prestada. À Carmo e à D. Belmira e à Dr. Lívia, por todo o apoio prestado na Biblioteca do MNA. Ao Dr. António Nunes Monteiro, da extensão territorial de Viseu do IPA, pela simpatia com que nos recebeu e pelo apoio e facilidades prestadas, assim como pela prontidão com que foi respondendo às nossas solicitações. À Assembleia Distrital de Viseu, nomeadamente à D. Gracinda Pinto e à sua colega pela paciência e simpatia com que nos foram recebendo nas sucessivas visitas que fomos fazendo à “floresta” onde se encontra a “colecção arqueológica” desta instituição. Ao Sr. Vicente Olazabal, filho do proprietário da Casa da Ínsua, pelas informações que nos prestou com uma clareza e rapidez essenciais. À Associação Cultural Azurara da Beira, nomeadamente ao seu presidente o Dr. António Marcelino, pelo acolhimento caloroso e interessado que nos prestou assim como pela conversa sobre questões do património e cultura e por todas informações prestadas pelo meio de animada e interessante conversa. À Dr.ª Maria João Fonseca, bibliotecária da Biblioteca Municipal Alexandre Alves, de Mangualde, pela simpatia com que nos acolheu e pelo contacto que proporcionou com o Dr. António Marcelino. Ao Rui Marques, de Quintela de Azurara, pela rápida mas boa conversa que tivemos sobre o património concelhio e nomeadamente sobre o património de Quintela de Azurara. Conversa essa continuada depois através de correio electrónico e que promete dar os seus frutos. Também ao seu pai, o Sr. Manuel Marques, funcionário dedicado da Biblioteca Municipal Alexandre Alves de Mangualde, por nos o ter indicado.

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Aos vários membros dos executivos das Juntas de Freguesia que responderam ao nosso inquérito: Alcafache, Vila Cova do Covelo, Mareco, Germil, Lusinde, Mangualde alguns deles dando informações úteis para o meu trabalho. Ao Reverendo Pároco de São João da Fresta, Pe. José Pedro da Costa Matos, “nosso conterrâneo”, pela simpatia com que nos recebeu e pela companhia na visita à Ara que se encontra na capela da Fresta, mas principalmente por nos ter mostrado um “tesouro” guardado no jardim da sua actual residência, a “Ara das Antas”. Ao Senhor responsável pelas obras do adro da Igreja Paroquial da Freixiosa por nos ter facultado a entrada na igreja para observar a Ara dedicada a Crouga. Ao nosso amigo Célio Albuquerque, de Vila Mendo de Tavares, pela caminhada e desbravamento que fizemos em busca do Poço Moirão numa manhã chuvosa de Sábado de Aleluia, também pela sua simpatia e bom humor com que sempre encara as dificuldades. Ao seu pai, Sr. António Albuquerque, que nos ajudou a localizar melhor esta estação. À Andreia, nosso ex-catequizanda, sua avó e primo, de Esmolfe, que nos acompanharam até às Eirinhas, S. Martinho e Capela, Esmolfe. Aos nossos colegas Rui Tiago Caetano e Margarida Bárbara pelas indicações bibliográficas úteis no esclarecimento de algumas dúvidas. Aos jovens que nos acompanharam durante a visita pascal na paróquia de Pindo, que nos foram facultando informações preciosas sobre os achados romanos desta freguesia. Também ao nosso colega Filipe Cardoso que connosco fez a visita pascal e com quem partilhei todo o trabalho de campo efectuado durante a visita que fizemos pelo concelho de Penalva do Castelo. Aos vários populares com que nos cruzámos e que nos forneceram informações sobre várias estações e materiais que fomos encontrando. Referimos as funcionárias do Centro Social de Alcafache, pela paciência com que foram respondendo às nossas perguntas; os populares de Vila Nova de Espinho, pela sua simpatia e bom humor com que viram em nós um jornalista; o popular de Espinho, que nos perguntou se era para o bem ou para o mal da terra e se andávamos na escola primária local; a popular de Água Levada pelas informações prestadas sobre a Cerca, a Bocha e o Olival do Mendes; aos de Pereiro que ficaram surpreendidos por não saberem da existência de uma “pedra antiga com letras”; entre outros que aqui e ali nos foram ajudando, ora desconfiando, ora respondendo solicitamente. A todos eles o nosso Bem-Haja.

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Bibliografia de Referência ALARCÃO, J. (1988a) – Roman Portugal, 2(1). Warminster: Aris & Phillips Ltd. ALARCÃO, J. (1988b) – O Domínio romano em Portugal. Lisboa: Publicações EuropaAmérica (Fórum da História, 1). ALMEIDA, António de (1942) – Por Terras de Penalva (Beira-Alta). Porto: Instituto de Antropologia da Universidade do Porto. Année Épigraphique. CARVALHO, Pedro Sobral de e GOMES, Luís Filipe Coutinho (1992) – O Património Arqueológico do Concelho de Mangualde. Mangualde: Câmara Municipal de Mangualde (Terras de Azurara e Tavares, 3). Ficheiro Epigráfico. Coimbra. GARCIA, J. M. (1991) – Religiões Antigas de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda. GOMES, Luís Filipe Coutinho e TAVARES, António Luís Marques (1985) – Levantamento arqueológico do concelho de Mangualde. [Trabalho Prático apresentado ao Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra]. GUERRA, A. (1998) – Nomes pré-romanos de povos e lugares do Ocidente Peninsular [Dissertação de Doutoramento em Pré-História e Arqueologia apresentada à Universidade de Lisboa]. Hispania Antiqua Epigraphica. Hispania Epigraphica. HÜBNER, E. (1869) – Corpus Inscriptiorum latinarum – II. Berlim. IPA = Instituto Português de Arqueologia, Base de Dados Endovélico. In www.ipa.mincultura.pt. IPPAR = Instituto Português do Património Arquitectónico, Património: Pesquisa. In www.ippar.pt JORDÃO, Levy Maria ed. (1859) – Portugalliae inscriptiones romanas. Olisipone. Typis Academicis. LEITE, Fernando Barbosa Barros (1997) – Concelho de Penalva do Castelo: recolha Bibliográfica/Contributo para uma Monografia. Penalva do Castelo: Câmara Municipal de Penalva do Castelo. SILVA, Valentim da (1945) – Concelho de Mangualde. Antigo concelho de Azurara da Beira. Porto. SUSINI, G. (1982) – Epigrafia Romana. Roma.

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VASCONCELLOS, J. L. (1897-1913) – Religiões da Lusitânia, 3 vols., Lisboa: Imprensa Nacional. VAZ, João Luís Inês (1993) – A Civitas de Viseu. Espaço e Sociedade. [Tese de Doutoramento em Pré-História e Arqueologia apresentada à Universidade de Coimbra].

Abreviaturas utilizadas l. – linha; UL: Universidade de Lisboa FLUL: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa IPA: Instituto Português de Arqueologia MNA: Museu Nacional de Arqueologia MGV: Museu Grão Vasco ADV: Assembleia Distrital de Viseu ACAB: Associação Cultural Azurara da Beira

Um pedido de desculpas Apesar de já estar a ser preparado desde o semestre passado, não conseguimos entregar dentro do prazo o presente trabalho. Este atraso deveu-se não só a motivos de saúde, mas principalmente à elaboração da cartografia final e à transferência do nosso computador portátil dos 80 megabytes que o trabalho tem para o sistema da FLUL para o podermos imprimir, só possível com a ligação à rede do nosso computador.

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PARTE I OS CONCELHOS DE MANGUALDE E PENALVA DO CASTELO. ENQUADRAMENTOS ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| 9


Os limites actuais da área em estudo, são os dos dois concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo, que confinam com os concelhos de Viseu, Sátão, Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Seia e Nelas. Pelo menos desde da Idade Média estes limites se vão mantendo, registando-se apenas a existência do concelho de Tavares que ocupava a zona SSO. A rede hidrográfica enquadra-se na bacia hidrográfica do rio Mondego. O principal rio que atravessa esta área é o rio Dão, sendo acompanhado por diversos afluentes que marcam a paisagem com os seus vales e várzeas férteis, como o Ludares, o Côja e o Carapito, o Ribeiro dos Frades, Ribeiro do Caldeirão e estes também pelos seus afluentes, sendo o mais importante a ribeira de Ludares, afluente do rio homónimo e a Ribeira de Sezures, afluente do Côja. Também o rio Mondego tem aqui afluentes que marcam a paisagem sulista da área; são eles o rio Castelo, a ribeira de Mourilhe, a ribeira de Cassurrães, a ribeira de Marialva e a ribeira da Calharda. A orografia é marcada por uma cota entre os 500 e os 700 metros, só ultrapassando os 700m no Cabeço da Velha, no Boco, na Poisada, no Bom Sucesso e nas Moitas. Geologicamente a região é rica em granito, urânio, casseterite, volframite, berilo e turmalina, registando-se também afloramentos quartziticos. Actualmente só o granito e alguns afloramentos quartziticos são explorados. Na Serra do Bom Sucesso verificou-se a exploração de caulino. A agricultura e a pecuária continuam a ser as principais actividades económicas do concelho. Merecem destaque o cultivo do vinho, da região demarcada do Dão, batata, feijão, milho e maça bravo de Esmolfe. Na pecuária é mais visível a criação de ovinos e alguns caprinos, cujo leite é usado no fabrico do afamado queijo da serra da Estrela.

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PARTE II EPÍGRAFES ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| 11


1. Princípios de apresentação adoptados no Catálogo Para a elaboração de cada ficha relativa às várias epígrafes tivemos em consideração catorze parâmetros: 1. Achamento: Indicamos o local de achamento, seguido da localidade, freguesia e concelho. Sempre que só se apresente um nome é porque corresponde simultaneamente à localidade e à freguesia. 2. Paradeiro: Indicamos o local onde se encontra a peça. Caso se encontre depositada numa instituição indicamos o número de inventário, sempre que este exista. Se estiver numa localidade, indicamos também a freguesia e o concelho. 3. Código Nacional de Sítio: Todos os sítios referenciados pelo Instituto Português de Arqueologia têm este código, contudo nem a todos os sítios ou epígrafes da área em estudo foi atribuído este código. Neste último caso apenas indicaremos “Não atribuído”. 4. Descrição: Neste parâmetro apenas tecemos algumas considerações sobre a tipologia, o material, a decoração, a funcionalidade da epígrafe e o estado de conservação. 5. Dimensões: Indicaremos apenas as dimensões gerais do monumento epigráfico, sempre em centímetros. 6. Campo Epigráfico: Sempre que não coincida com as dimensões gerais do monumento será indicado neste campo as dimensões do campo epigráfico, sempre em centímetros. 7. Leitura e Interpretação: Da observação que fizemos das peças apresentamos a nossa leitura simultaneamente com a nossa interpretação. 8. Tradução: Apresentamos a nossa tradução da leitura e interpretação efectuadas. 9. Altura das letras: Indicamos em centímetros a altura máxima e mínima registada das letras. Não indicamos nos marcos miliários nem nos instrumenta. 10. Altura dos espaço interlineares: aplica-se o mesmo que dissemos para a altura das letras. 11. Bibliografia: Indicamos toda a bibliografia utilizada por nós no estudo da epígrafe. Indicaremos apenas a referência apelido do autor, data e páginas, ex: Vaz, 1997: 123. 12. Variantes de leitura: Apresentamos todas as variantes de leitura encontradas na bibliografia consultada. 13. Contexto

arqueológico:

algumas

inscrições

foram

alvo

de

achados

descontextualizados mas outras foram encontradas contextualizadas em zonas de 12


interesse arqueológico. Assim referimos os achados mais importantes da zona do achado. 14. Comentário: Fazemos um comentário paleográfico e um comentário histórico. Para algumas inscrições indicamos a cronologia, mas apenas quando algum autor indica um datação possível. Apenas nos miliários e na coluna honorífica de São Romão podemos avançar uma data concreta. No ponto 7, leitura e interpretação, utilizámos os seguintes sinais diacríticos: /5 – Separação das linhas. O número em expoente apresenta o número da linha. [ ] – Reconstituição de letras que desapareceram. (

) – Desdobramento de abreviaturas e siglas, assim como indicação por extenso

dos numerais. (---) – Abreviatura ou sigla não desdobrada. + – Letra que não pode ser identificada. ---] – Indicação de que a primeira linha que se conserva não corresponde (segura ou supostamente) à primeira linha original. [--- – Indicação de que a última linha que se conserva não corresponde (segura ou supostamente) à última linha original. L – Letra incompleta, mas reconstituivel com maior ou menor dúvida. AE – Nexo. · – Pontuação. ? – Leitura, interpretação, reconstituição ou desdobramento duvidosos. Para facilitar o nosso trabalho e a identificação das várias epígrafes criámos uma sigla para cada epígrafe, composta por quatro campos separados por pontos. Cada campo é composto por abreviaturas de três letras e diz respeito aos seguintes itens, por esta ordem: Concelho, Freguesia, Tipologia e Designação.

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2. Catálogo 2.1. Funerárias

1 MGL.QTA.FUN.MRC (Est. I) 1 – Quintela de Azurara, Quintela de Azurara, Mangualde. 2 – Colecção Dr. José Coelho (JC-79-05), Extensão Territorial de Viseu do IPA. 3 – Não atribuído. 4 – Árula de granito de grão médio, com capitel constituído por um toro saliente no qual se localizaria o fóculo de que ainda se notam vestígios. A cornija e a base apresentam um cordão duplo separado por um sulco. O campo epigráfico encontra-se bastante erudido. 5 – 43,5x17,5x12. 6 – Rebaixado, medindo 16x17. 7 – MA · RC(---) / AVG(---) · L(ibertae vel iberto) · / AAN(orum) IIX (octo) / S(it) T(errae) L(evis) · S(uo) P(ater) · / FA(ciendum) K(uravit). 8 – A Marc..., liberto(a) de Aug.., de oito anos. Que a terra seja leve. Seu Pai mandou fazer. 9 – 1,2-3,5. 10 – 0,2 -1,4. 11 – Alarcão, 1988a: 61; Carvalho e Gomes, 1992: 116-7; Coelho, 1957: 251-2; Correia et alli, 1979: 612; Fernandes, 1997: 94; Vaz, 1979: 552-3; Vaz, 1992: 325-6; Vaz, 1997: 2534. 12 – l2: AN[N] (Coelho, 1957); l3: ST[TL] P (Coelho, 1957); STLSP (Correia et alli, 1979; Vaz, 1997). 13 – São vários os vestígios arqueológicos romanos atestados em Quintela de Azurara. De referir o aparecimento de outros dois monumentos epigráficos. 14 – Texto alinhado à esquerda, paginação pouco cuidada e ordenatio irregular, sendo as últimas letras de cada linha sempre muito menores relativamente às outras. Apresenta diversos erros: na linha 3 em vez de ANN encontramos AAN; na linha 4 em vez de STTL apenas encontramos STL e na fórmula final um K em vez de C de C(urauit). Relativamente à onomástica ela tanto pode ser latina como indígena (Vaz, 1979: 552-3). Várias são as hipóteses de desdobramento para o nome do defunto e do dedicante, por isso preferimos não indicar nenhum desdobramento. Na linha 2 lemos um L em vez de um F, como os outros autores leram. Numa primeira leitura lemos um L, mas quando confrontados com as outras leituras, voltámos a observar a árula e verificámos que conforme a posição da árula assim é a leitura. Numa posição de 14


frente para a epígrafe líamos um L mas quando se inclinou a epígrafe podemos observar um F tosco. Contudo, preferimos ler um L pelas seguintes razões: a barra superior do F é tosca comparada com a inferior e a parte inferior do traço vertical do F sai fora do alinhamento descaindo para baixo, ao contrário das outras letras que se encontram bem alinhadas. A nós pareceu-nos um simples sulco do granito que se encontra algo deteriorado. Assim, temos a referir a abreviatura de liberto apenas como L e não LIB como é mais frequente, mas atendendo aos outros erros e formulações...

2 ML.SJF.FUN.DEI (Est. II) 1 – Fresta, São João da Fresta, Mangualde. 2 – Capela Santo Amaro de Fresta, São João da Fresta, Mangualde. 3 – Não atribuído. 4 – Ara de granito de grão fino, muito gasta, o que dificulta a sua leitura. Está a servir de pia de água benta, em posição invertida. A decoração do capitel é compota por um filete, escócia e meia-cana. A base é um soco separado do fuste com uma moldura em filete e gola reversa. 5 – 74x38/27,5/20,5x29/18/20,5. 6 – 34x20,5. 7 – DEIBVRANA/E ANN(orum) / L(quinquaginta) ANGIITA/E AN(norum) XX(vinginti) /5 CINI(i) F(iliae) VO(tum) / CVISV M[A]/T(er) F(aciendum) · C(uravit) · 8 – A Deiburana, de 50 anos, e Angeta, de 20 anos, filha de Cinio, cujo voto a mãe mandou fazer. 9 – 3,5-5. 10 – 0-1. 11 – Carvalho e Gomes, 1992: 123-4; Dias, 1988: 424; Fernandes, 1997: 94; Gomes e Tavares, 1985c: n.º 56; Vaz, 1992: 300-2; Vaz, 1997: 235-6. 12 – Gomes e Tavares (1985c) e Carvalho e Gomes (1992) fazem a seguinte leitura: [D (?)]EIBVERAN / [...]D (?) [...]N (?) / [...] [ANGIITA (?)] / [...]AN[...] / [...] INI · F(ilius, a) · [...] / [...]VISVA [...] / [...] · F(aciendum) · C(uravit) [vel C(uraverunt)]; Vaz (1997: 235-6) faz a seguinte leitura: DEIBVRANA/E ANN(orum) / L(quinquaginta) ANGETA/E AN(norum) XX(vinginti) / CINI(us) F(iliae) V... / CVISME .../I... F(aciendum) C(uraverunt?). 15


13 – Na freguesia de São João da Fresta regista-se o maior número de epígrafes votivas e funerárias encontradas no concelho de Mangualde, num total de 4. Em Pinheiro de Tavares foram encontrados outros vestígios que permitem classificar esta estação como villa. 14 – Apesar do desgaste do campo epigráfico, podemos dizer que o texto está bem distribuído, com alinhamento justificado. As idade das defuntas poderão ser arredondadas, pelo menos a da Deiburana. Não há paralelo para o nome da primeira defunta, Deiburana; relativamente ao segundo, Angeta, existe um paralelo na região de Caceres. De notar o uso, em Angeta, dos dois II em vez de E, situação frequente na zona em estudo. Quanto ao patronímico, Cinius é um nome pouco frequente em território peninsular, de origem etrusca. A parte final depois do patronímico é a que nos levanta mais dúvidas de leitura. Encarámos o primeiro VO como inicial de votum, CVISV como CVIVS, genitivo do pronome qui, quia, quod com as das últimas letras invertidas, e o M como inicial de mater. No final da linha 6, apesar do desgaste, podemos ver a feição de um A e o I da linha 7 poderá ser um T também desgastado. Assim, lemos VO(tum) CVIVS M[A]/T(er)... Cujo voto a mãe... É apenas uma sugestão, que necessitava de ser comprovada com uma observação mais cuidada da epígrafe. Seria Deiburana a mãe? Talvez, tendo sido outra pessoa a cumprir o seu mandato, e daí a razão de ser da expressão “cujo voto”. Contudo é de estranhar a referência a um voto numa inscrição funerária.

3 MGL.SJF.FUN.IDI (Est. III) 1 – Pinheiro de Tavares, São João a Fresta, Mangualde. 2 – Pinheiro de Tavares, São João da Fresta, Mangualde. 3 – 2690. 4 – Estela de granito de grão muito fino, que se encontra a servir de peitoril de uma janela. Apenas apresenta decoração na parte inferior, sendo esta um cruzeiro e uma rosácea inscrita em dois octógonos concêntricos. As partes superior e direita da epígrafe encontram-se com desgaste, ma apenas neste último caso afecta o campo epigráfico, sem, contudo, dificultar a leitura. 5 – 123x47x?. 16


6 – Rebaixado com moldura de filete convexo, medindo 62x41. 7 – D(iis) M(anibus) S(acrum) · FLAVINA / FLAVI · F(ilia) · / IDICAII / ALVQVI · F(iliae) · /5 M(atri) · S(ua) · A(nnorum) · LX(sexaginta) / F(aciendum) C(uravit). 8 – Consagrado aos Deuses Manes. Flavina, filha de Flavo, mandou fazer a sua mãe Idica, filha de Alúquio, de 60 anos. 9 – 5-8. 10 – 0-11. 11 – Alarcão, 1988a: 62; Carvalho e Gomes, 1992: 120; Dias, 1988: 424-5; Fernandes, 1997: 94; Gomes, 1985a: n.º 52; Gomes, 1986b: ad 52; Vaz, 1988c: 353-7; Vaz, 1992: 303-6; Vaz, 1997: 238-9. 12 – l4: I(?) DI(?) [...]AII (Gomes, 1985a; Carvalho e Gomes, 1992). 13 - Na freguesia de São João da Fresta regista-se o maior número de epígrafes votivas e funerárias encontradas no concelho de Mangualde, num total de 4. Em Pinheiro de Tavares foram encontrados outros vestígios que permitem classificar esta estação como villa. 14 – O texto é alinhado à esquerda, exceptuando as fórmulas iniciais e finais que se encontram centradas. Flavus e Falvina, seu derivado, são nomes comuns na Península, principalmente a norte do rio Tejo. O nome da defunta, Idica, não se encontra registado em território peninsular. Já o patronímico da defunta, Aluquus, é predominante na Lusitânia. Tendo em conta o uso da fórmula inicial e a ausência de outros elementos identificativos, Inês Vaz (1997: 239) data esta estela dos finais do séc. I ou inícios do II d.C..

4 MGL.SJF.FUN.SUN (Est. IV) 1 – Pinheiro de Tavares, São João da Fresta, Mangualde. 2 – Associação Cultural Azurara da Beira, Mangualde. 3 – 2690. 4 – Estela funerária de granito, bastante danificada, o que dificulta a sua leitura. Tem perfurações que afectam as linhas 3 e 6. A parte inferior da estela está decorada com uma trama de quadrados. 5 – 89x47x15,5. 6 – Rebaixado e moldurado por um sulco e meia-cana, medindo ?x35,5. 17


7 – [D(iis) M(anibus) S(acrum) MIIA?]/RVS · TRITIII (filius) / ANNORVM / XXX (tringinta) [IIT] SVN/VA · MIIARI F(ilia) A/NNORVM LXX(septuaginta) /5 CAINO · TRITIII (filius) / [FRA]TRI · IIT · MA/[TRI] · F(aciendum) · C(uravit). 8 – Consagrado aos Deuses Manes (?). Mearo, filho de Triteu, de 30 anos e Súnua, filha de Mearo, de 70 anos. Cenão, filho de Triteu, mandou fazer ao irmão e à mãe. 9 – 3-6. 10 – 0-3. 11 – Alarcão, 1988a: 62; Carvalho e Gomes, 1992: 120; Dias, 1988: 425; Fernandes, 1997: 94; Gomes, 1985: 53; Gomes, 1986: ad 53; Vaz, 1988c: 353-7; Vaz, 1992: 326-9; Vaz, 1997: 238-9. 12 – l.1: [SVN?]VA (Gomes, 1985); l.7: [SOR]ORI (Gomes, 1985). 13 - Na freguesia de São João da Fresta regista-se o maior número de epígrafes votivas e funerárias encontradas no concelho de Mangualde, num total de 4. Em Pinheiro de Tavares foram encontrados outros vestígios que permitem classificar esta estação como villa. 14 – Gravação deficiente saindo do campo epigráfico. O tamanho das letras é bastante irregular, notando-se na linha 2 um V inscrito em expoente. De referir o uso de nominativo na identificação dos defuntos, mesmo com ausência da fórmula final H.S.S.. Súnua é um nome tipicamente da Lusitânia, não se conhecendo qualquer ocorrência fora desta província. Triteus deriva do numeral céltico Tri-, “três”, ocorrendo apenas em quatro inscrições. Caino, aparece normalmente na Lusitânia sob a forma de Caeno. Mearus é um nome raro na Península Ibérica, registando-se apenas mais duas ocorrências. Face às filiações referidas na inscrição podemos elaborar a seguinte stema familiaris: ? ----------?

Mearus ----------?

|

|

Triteus -------------------------------- Sunua |

|

Mearus

Caino

Vaz (1992: 256) tendo em conta a paleografia atribui esta inscrição ao século II da nossa era.

5 18


PCT.CTP.FUN.MTS (Est. V) 1 – Perto de Castelo de Penalva, Castelo de Penalva, Penalva do Castelo. 2 – Museu Grão Vasco (n.º 56), Viseu. 3 – Não atribuído. 4 – Placa de granito de grão médio, bastante desgastada, o que dificulta a sua leitura. Apresenta uma moldura de filete e gola. Berardo (1857: 91) refere que esta inscrição foi achada perto de Castelo de Penalva, por sua vez Leite de Vasconcellos (1900:139-140) refere que foi achada na vinha da Coutada da Casa da Ínsua. Preferimos crer em Bernardo, visto que a informação dada por Vasconcellos tem por base o que lhe disse o proprietário da Quinta quando a visitou. Além disso a Quinta da Ínsua tinha propriedades em São Romão, perto de Castelo de Penalva, onde se localizaria uma villa e foram achados fragmentos de uma coluna honorifica ao imperador Alexandre ou Aureliano; por isso a placa poderia ter sido levada deste local para a Quinta da Ínsua. 5 – 104x48x30,5. 6 – 85,5x30,5. 7 – D(iis) · M(anibus) · S(acrum) · RVFO · LVCI(i filio) · AN(norum) · IX(novem) / AMOENAE · SEVERI (filiae) · AN(norum) · IV(quator) / PLACIDAE · CALVI F(iliae) · AN(norum) · XXX(triginta) / FIRMINAE · FIRMI (filiae) · A(nnorum) · XXXX(quadraginta) /5 LVCIVS · FIRMINVS AN(?) F(rati) · S(uis) · F(aciendum) C(uravit). 8 – Consagrado aos Deuses Manes. A Rufo, filho de Lúcio, de 9 anos, a Amoena, filha de Severo, de 4 anos, a Plácida, filha de Calvo, de 30 anos e a Firmina, filha de Firmo, de 40 anos. Lúcio Firmino An... seu irmão mandou fazer. 9 – 5-6. 10 – 0-1. 11 – Berardo, 1857: 9; CIL, II: 423; Coelho, 1928: 73-4; Eep, IX: 23; Eusébio et alli, 1997: 22-3; Fernandes, 1997: 94; Figueiredo, 1953b: 170; Jordão, 1859: 203 e 333; Leite, 1956: 60-61; Leite, 1997: 37; Vasconcellos, 1900: 139-140; Vaz, 1992: 338-9; Vaz, 1993-1994: 77-78; Vaz, 1997: 263-4; Vives, 1971: 454. 12 – l.1: FVCI · A (Jordão, 1859; Berardo, 1857; Coelho, 1928), LX (Vasconcellos, 1900); l.2: AMOENA (Jordão, 1859; Berardo, 1857; Coelho, 1928); l.3: PLAV..DA. CAIVS (Jordão, 1859; Berardo, 1857; Coelho, 1928), CALVI AN (Vasconcellos, 1900); l.4: FIRMI..A (Jordão, 1859; Berardo, 1857; Coelho, 1928); l.5: H RVFI M. SRN. ESF. (Jordão, 1859; Berardo, 1857; Coelho, 1928), ES (Vasconcellos, 1900), FIRMVS [...] F(ilius) (Vaz, 1993-1994: 78; Vaz, 1997). 19


13 – Em toda a freguesia de Castelo de Penalva encontramos inúmeros vestígios romanos. Como já referi, caso esta inscrição tenha sido encontrada em São Romão, aqui encontramos vestígios de uma villa e outros achados. 14 – Boa gravação, o texto apresenta um alinhamento justificado, e a ocorrência de elevado número de nexos. Todas as palavras são separadas por puncti distinguentes. Nota-se um uso perfeito do formulário, inicial e final, romano e da onomástica latina de todos os nomes referidos, o que demonstra uma forte romanização. Rufus é um cognome latino muito utilizado pelos indígenas. Amoena surge dezenas de vezes em território peninsular. Severus terá sido obtido a partir do adjectivo formando um cognome que inicialmente indicava o carácter da pessoa. Aqui surge como patronímico. Placida tem algumas ocorrências em território lusitano, mas no masculino. Calvus à semelhança de Severus deverá ter surgido como cognome associado a uma caracteristica pessoal. Aqui aparece como patronímico. Lucius além de praenomen é nome de família e aparece uma vintena de vezes no território peninsular. Firmus e Firmina, que deriva do primeiro, são bastante frequentes no mundo romano, sendo usados por diversos tipos de indivíduos. Apesar do número elevado de indivíduos referidos na epígrafe não nos é possível estabelecer um stema familiaris. Apenas podemos pensar que o dedicante seria pai de Rufo e irmão de Rufina. Vaz (1992: 264) data este monumento da segunda metade do século I.

6 PCT.CTP.FUN.PRC (Est. VI) 1 – Castelo de Penalva, Castelo de Penalva, Penalva do Castelo. 2 – Desconhecido. 3 – Não atribuído. 4 – Vasconcellos (1900: 140-1) publica um desenho no qual vemos uma estela com frontão semicircular, com ombros e um rosto humano desenhado na meia-lua. Os vários autores indicam diversos lugares de achamento desta inscrição. Nós optamos por acreditar na referência mais antiga que é a do pároco de 1758 que nas Memórias Paroquiais refere que esta apareceu nas ruínas do castelo (Azevedo, 1897: 194). 5 – 4x45,5x?. 20


7 – D(iis) · M(anibus) · S(acrum) / PROCILI/AII LIBIIR/TAII RVFI / AN(norum) · L(quinquaginta) · IT/5AM(atus?) PRO/CILIAII · PA/(ter) [--8 – Consagrado aos Deuses Manes de Procilia, liberta de Rufo, de 50 anos e Amato pai de Procilia ... 9 – 6. 11 – Azevedo, 1897: 194; CIL, II: 421; Eep, IX: 23; Eusébio et alli, 1997: 26-7; Fernandes, 1997: 94; Jordão, 1859. 267 e 337; Leite, 1956: 60-1; Leite, 1997: 38; Vasconcellos, 1900: 140-1; Vaz, 1992: 333-4; Vaz, 1993-1994: 78; Vaz, 1997: 259-260; Viterbo, 1984: 167; Vives, 1971: 468. 12 – l.2: PROCIII (Jordão, 1859; Viterbo, 1984); l.3: RVST (Jordão, 1859; Vasconcellos, 1900; Vives, 1971; Viterbo, 1984); l. 4: ET (Vaz, 1997); ST (Vasconcellos, 1900); l.5: DM (Jordão, 1859; Viterbo, 1984); l.6: CIIIAII (Jordão, 1859; Viterbo, 1984). 13 – No Castelo de Penalva têm-se encontrado alguns fragmentos cerâmicos romanos. 14 – Decidimos basear a nossa leitura com base na leitura do pároco de 1758. Assim lemos Rvfi e não Rvst na linha 2, até por aquele nome ser muito frequente na área em estudo. Estamos perante uma estela da única liberta, explicitamente, identificada nos concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo. Refira-se o uso de II em vez de E, muito comum na área de Penalva do Castelo e até na de Mangualde. Procilia é um nome latino que ocorre também numa inscrição do concelho vizinho de Fornos de Algodres. A interpretação que fazemos das linhas 5 e 6 é apenas uma hipótese e poderá corresponder ao dedicante.

7 PCT.CTP.FUN.RUF (Est. VII) 1 – Quinta do Salgueiral, Castelo de Penalva, Penalva do Castelo. 2 – Museu Grão Vasco (n.º 38), Viseu. 3 – Não atribuído. 4 – Placa de granito de grão fino, emoldurada por um filete, gola e gola reversa. 5 – 50x35x13. 6 – 35x21. 7 – RVFO · FVSCI · F(ilio) · A/NNORVM · XXV(quinque et vinginti) / FVSCVS · ALBINI/ N(epos)FILIO · SVO · IIT · SIBI. 21


8 – A Rufo, filho de Fusco, de 25 anos. Fusco, neto de Albino. Para si e para seu filho. 9 – 3,5-4,2. 10 – 0,5-1,6. 11 – Almeida, 1942: 7-9; Azevedo, 1897: 195; CIL, II: 422; Eep, IX: 23; Eusébio et alli, 1997: 24-25; Fernandes, 1997: 94; Jordão,1859: 278; Leite, 1956: 59-60; Leite, 1997: 36; Leal, 1875: 585; Vasconcellos, 1900: 141-2; Vaz, 1987: 46; Vaz, 1992: 336-7; Vaz, 19931994: 78-79; Vaz, 1997: 262; Viterbo, 1984: 205. 12 – l.4: FILIO (Jordão, 1859; Viterbo, 1984; Azevedo, 1897; Almeida, 1942; Vaz, 1997); F Filio (Vasconcellos, 1900; Leite, 1956; Vaz, 1987); III (Viterbo, 194; Almeida, 1942) 13 – No Quintal dos Abades encontraram-se alguns vestígios cerâmicos da época romana. 14 – Texto bem distribuído com alinhamento justificado, apresentando apenas um possível nexo. A onomástica dos nomes é integralmente latina, contudo a forma é indígena. Na última linha lemos um nexo entre N e F, no entanto não excluímos a leitura de alguns autores que lêem F em vez de N. Assim, temos aqui a única referência a um avô e neto, na área em estudo. Cronologicamente Vaz (1997: 262) integra esta placa no século I d.C..

8 PCT.CTP.FUN.SAR (Est. VIII) 1 – Pereiro, Castelo de Penalva, Penalva do Castelo. 2 – O mesmo (1992). 3 – Não atribuído. 4 – Estela de granito de grão fino que em 1992, se encontrava embutida na parede de uma casa. Deslocámo-nos ao Pereiro para observar a inscrição, mas não a conseguimos encontrar. Os populares com quem falámos desconheciam a existência desta inscrição e disseramnos que podia ter estado na parede de alguma casa que já foi demolida, facto comum nos últimos anos. 5 – 117x26. 7 – SARA[E] / ARRE/INI F(iliae) / STAT/5VIT / TANG/INVS / CELTI(i) / F(ilius). 8 – A Sara, filha de Arreino, levantou Tangino, filho de Celtio. 9 – 5-7. 10 – 1-5. 22


11 – Eusébio et alli, 1997: 19-20; Vaz, 1992: 339-341; Vaz, 1997: 264-5. 13 – Em terrenos de cultivo foram encontrados tégulas, ímbrices e mós. 14 – A gravação é funda e em bisel. Pela fotografia que Vaz (1997) publica notamos que a inscrição foi gravada de cima para baixo, como é normal, mas da direita para a esquerda. Terá sido erro de impressão ? A foto foi assim publicada tanto em 1992 como em 1997. Sara é um nome de origem bíblica. Arreinus é a única ocorrência na Península, existe a ocorrência de Areinus numa inscrição de Viseu. Tanginus é um nome cuja ocorrência predomina na Lusitânia. Celtivs é frequente na Lusitânia, não se conhecendo qualquer ocorrência fora da Península.

9 PCT.INS.FUN.CEL 1 – Ínsua, Penalva do Castelo. 2 – Desconhecido. 3 – Não atribuído. 7 – [...] AN(norum) XVIII(duodeviginti) /CELERINAE / AN(norum) VIIII(novem) / CELERINVS / PATER ET AV/ITA MATER /5 P(onendum et) F(aciendum) C(uraverunt). 8 – A... de 18 nos e a Celerina, de nove anos. Celerino, o pai, e Avita, a mãe, mandaram fazer e colocar. 11 – Fernandes, 1997: 94; Leite, 1956: 62; Leite, 1997: 38; Vaz, 1992: 295-6; Vaz, 1997: 232. 12 – l.4: PATER ET AE (Leite, 1956). 14 – A inscrição foi observada por Russell Cortez, cuja leitura foi publicada por Figueiredo (1953), e por Leite (1956). Os nomes aqui referidos têm uma larga representação no território peninsular.

10 PCT.INS.FUN.RUF 1 – Gôje, Ínsua, Penalva do Castelo. 2 – Desconhecido. 3 – Não atribuído. 23


7 – D(iis) · M(anibus) · S(acrum) · / RVFINAII · / RVFI · F(ilia) · / AN(norum) · LVII(quinquaginta et septem) · F(ilius vel ilia) · M(atri) · F(aciendum) · C(uravit) · 8 – Consagrado aos deuses Manes. A Rufina, filha de Rufo, de 57 anos. O(A) filho(a) mandou fazer à mãe. 11 – Berardo, 1857: 8; CIL, II: 414; Coelho, 1928: 73; Fernandes, 1997: 94; Figueiredo, 1935b: 176; Jordão, 1859: 278; Vaz, 1992: 335; Vaz, 1997: 261; Vives, 1971: 383. 13 – Na Quinta de Gôje situar-se-ia uma villa romana atestada pelo aparecimento de moedas e de capiteis. 14 – Mais uma vez encontramos o uso de dois II em vez de E, muito comum na região em estudo. Os nomes referidos são muito comuns tanto na Península como no território do actual concelho de Penalva do Castelo.

11 PCT.INS.FUN.SGM 1 – Sangemil, Ínsua, Penalva do Castelo. 2 – Desconhecido. 3 – Não atribuído. 7 – CI...SAO TANCINI / F(ilio) / FILI(us) F(aciendum) C(uravit). 8 – A ..., filho de Tancino. O filho mandou fazer. 11 – Fernandes, 1997: 94; Leite, 1956: 63; Vaz, 1992: 29-7; Vaz, 1997: 232-3. 13 – Leite (1956: 63) refere a existência de outra inscrição que ele próprio não conseguiu ver. No local denominado ladeira de Sangemil deveria passar uma via romana, da qual se conservava há uns anos atrás o lajeado. 14 – Esta inscrição apenas foi observada por Leite (1956) sendo o único autor a publicar uma leitura; Vaz (1997) baseia-se na leitura deste autor. Decidimos seguir a leitura que Vaz (1997) fez a partir dos caracteres que Leite publicou.

12 PCT.INS.FUN.TIR (Est. IX) 1 – Perto da Ínsua, Ínsua, Penalva do Castelo. 2 – Assembleia Distrital de Viseu. 3 – Não atribuído.

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4 – Placa de granito de grão fino com moldura que foi danificada com uma reutilização posterior, que também afectou a inscrição, não dificultando, no entanto, a sua leitura. 5 – 87x56x25. 6 – Rebaixado, parcialmente danificado, medindo 71x41. 7 – TIRO · G[A]LLI · F(ilius) AN(norum) · XIII(tredecim) H(ic) · S(itvs) · E(st) · D(ic) · R(ogo) · P(raeteriens) · S(it) · T(ibi) · T(erra) · L(evis). 8 – Tiro, filho de Galo, de 13 anos está aqui sepultado. Ó transeunte, rogo que digas: que a terra te seja leve. 9 – 8,5-9. 11 – Almeida, 1942: 7-9; Almeida, 1965: 60; CIL, II: 415; Coelho, 1928: 73; Eep, IX: 23; Fernandes, 1997: 94; Figueiredo, 1953b 171; Jordão, 1859:290, 338; Lambrino, 1956: 31; Leite, 1956: 60-61; Leite, 1997: 37; Vasconcellos, 1900: 138-9; Vaz, 1987: 14-5; Vaz, 1992: 344-5; Vaz, 1993-1994: 77; Vaz, 1997: 267-8; Vives,1971: 367. 14 – A paginação é cuidada com um ligeiro alinhamento à esquerda. Todas as palavras são separadas por puncti distinguentes. A onomástica dos nomes referidos é latina, contudo utilizada por indígenas. Notável nesta inscrição é a fórmula final vocativa em que o morto pede ao transeunte um desejo: “que a terra lhe seja leve”. Fórmula que se manteve até aos nossos dias, quantos epitáfios não ostentam as siglas PN AM (Pai Nosso e Ave Maria), tanto nos cemitérios como junto às vias, como pude observar? Vaz (1997) tendo em consideração a paleografia, coloca esta epígrafe no século I d.C..

2.2 Votivas

13 MGL.FRX.VOT.CRG (Est. X) 1 – Igreja Paroquial de Freixiosa, Freixiosa, Mangualde. 2 – Idem. 3 – Não atribuído. 4 – Ara de granito de grão fino, está a servir de base de cruzeiro. Molduração idêntica na base e no capitel, com sulco e gola reversa. Apresenta um desgaste no lado direito. 5 – 80 x 43 x 32. 6 – 39 x 29. 25


7 – CROVG/AE · NILAI/CVI CLE/MENTI/5NVS · CEI(i filius) / A(animo) · L(ibens) · V(otum) · S(olvit). 8 – A Crouga dos Nilaicos, Clementino, filho de Ceio de animo leve o voto cumpriu. 9 – 2,9-6,9. 10 – 0-3,5. 11 – Alarcão, 1988a: 62; Alarcão, 1996: 14; Alarcão, 1989: 308; Carvalho e Gomes, 1992: 76-77; Encarnação, 1987: 22; Garcia, 1992; Gomes e Tavares, 1985a: n.º 54; Vaz, 1984: 557-562; Vaz, 1988c: 348, 350, 352-353; Vaz, 1992: 267-9; Vaz, 1997: 212-4. 12 –l. 4: CEL (Vaz, 1984; Vaz, 1988 e Vaz, 1997). 13 – Não se conhecem quaisquer outros vestígios do período romano encontrados na freguesia de Freixiosa. 14 – A inscrição foi reavivada o que alterou bastante as duas primeiras linhas. Apesar de um Q em vez de um O e uma letra imperceptível em vez de um G, o nome da divindade não levanta problemas pois existe o paralelo da inscrição de Lamas de Moledo, onde aparece escrito como Crougeai. O epíteto é certamente tópico e de origem étnica, referindo-se a uma entidade étnica, os Nilaicui. Onde se localizaria o castellum desta entidade? Na Serra de S. Marcos, sobranceira à Freixiosa? Temos informações sobre a existência de sepulturas escavadas na rocha neste local, e sabendo que alguns destes vestígios medievais se encontram em zonas romanizadas, podemos pensar que existiu uma ocupação romana, e quiçá préromana, neste monte. Infelizmente não podemos confirmar nenhum destes dados. Osório de Castro (1990) refere a existência de uma “citânia” na Rechã, na Cunha Alta. A serra de S. Marcos fica entre Freixiosa e Cunha Alta, seria esta Rechã no cimo do monte? O dedicante tem um nome latino, mas será com certeza indígena. O patronímico também latino não tem paralelo na Península Ibérica, apenas se regista na forma feminina como cognome em Barcelona. A forma final é a usual nas inscrições votivas.

14 PCT.ESM.VOT.BND (Est. XI). 1 – Fundo de Vila, Esmolfe, Penalva do Castelo. 2 – Museu Nacional de Arqueologia (n.º 6170), Lisboa. 3 – Não atribuído.

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4 – Fragmento superior de uma árula de granito de grão fino. A fractura regista-se longitudinalmente. No capitel pode-se observar o arranque das volutas e metade do fóculo, redondo. O fuste é encimado por uma moldura de duplo listel. 5 – 37x25,5x12. 7 – BANDI / OILIEN/[.]AICO [--8 – A Banda Oilienaico... 9 – 3,5-5. 11 – Alarcão, 1996: 14-15; Almeida, 1942: 4-7; Eep, IX: 23; Encarnação, 1975: 132-4; Fernandes, 2002b: 365; Fernandez-Albalat, 1990: 32, 94; Garcia,1992; Leite, 1956: 60; Leite, 1997: 37; Ribeiro, 2002: 14; Vasconcellos, 1905. 317-8; Vasconcellos, 1913: 219; Vasconcellos, 1927: 127; Vaz, 1992: 256-7; Vaz, 1997: 204-5. 12 – l.3. [N]AICO (Alarcão, 1996; Almeida, 1942; Encarnação, 1975:; Fernandes, 2002; Garcia,1992; Leite, 1956; Ribeiro, 2002; Vasconcellos, 1905; Vasconcellos, 1913; Vasconcellos, 1927; Vaz, 1997). 13 – Em Fundo de Vila fica a estação da Murqueira onde se localizaria um importante povoado romano. Na restante área da freguesia encontra-se outras estações romanas, no total de 5. 14 – Como outros autores entendemos Oiliennaico como um epíteto tópico que estará relacionado com uma povoação junto a Esmolfe. Será o Castro da Paramuna? Ou antes a Murqueira? Band- é uma divindade bastante representada, registando-se 29 referências. Na linha 2 vemos a possibilidade da existência de uma letra (será um N?) visto que se nota um grande espaço entre o A e o inicio da linha.

15 MGL.MGL.VOT.IOM-PAS (Est. XII) 1 – Passos, Mangualde, Mangualde. 2 – Associação Cultural Azurara da Beira, Mangualde. 3 – Não atribuído. 4 – Árula em granito trabalhada nas suas quatro faces, com capitel, encimado por dois toros, um dos quais totalmente danificado, e um fóculo. Apresenta vestígios do frontão triangular na face dianteira e traseira. A base encontra-se muito danificada vendo-se apenas vestígios de um filete decorativo. 5 – 32,5x18/15,5/17,5x14,5/12,5/14,5. 6 – Demarcado e rebaixado, medindo 1,5x15,5. 27


7 – I(ovi) O(ptimo) M(aximo) / S(acrum) · S · / A · A(nimo) L(ibens) P(ossuit). 8 – A Júpiter Óptimo Máximo consagrado. S(?) A(?) de animo leve colocou. 9 – 3,5-4,5. 10 – l.1: 0,5; l.2: 0,5; l.3: 1,5-2; l.4: 2-2,5. 11 – Carvalho e Gomes, 1992: 91-2; Gomes, 1986a, n.º 69; Garcia, 1992: 393; Vaz, 1992: 223-4; Vaz, 1997: 180. 14 - O nome do(s) dedicante(s) não é possível definir, pois apenas temos duas letras. Garcia (1992: 393) refere que os dois S.S. poderão corresponder a siglas do nome do dedicante e o primeiro A da l. 3 a A(ram) (como nos sugeriu Francisco Patrício Curado) (...). É esta também a nossa opinião, e assim, teremos três partes distintas distribuídas por três linhas (Dedicado, dedicante e fórmula final). O alinhamento do texto é centrado na primeira linha e alinhado à esquerda nas restantes, verificando-se uma boa distribuição do texto pelas linhas. A gravação é funda e em bisel.

16 MGL.QTA.VOT.IOM-QTA (Est. XIII) 1 – Quintela de Azurara, Quintela de Azurara, Mangualde. 2 – Museu Nacional de Arqueologia (n.º 16366), Lisboa. 3 – Não atribuído. 4 – Árula de granito de grão médio. Encontra-se danificada na face esquerda e na parte superior, sendo esta última arredondada e sem vestígios de fóculo, volutas ou toros, como regista a ara de Passos [n.º 15]. A decoração reduz-se a um filete duplo na parte superior e um filete simples na base. 5 – 28x16,5x10. 6 – Rebaixado, medindo 15,5x16,5. 7 – IOVI / OP(timo) M(aximo) / AVENT(inus vel ina) / [A(animo)] L(ibens) V(otum) P(ossuit). 8 – A Júpiter Óptimo Máximo, Aventino ou Aventina de animo leve o voto colocou. 9 – 3. 10 – 1. 11 – Alarcão, 1988a: 61; Carvalho e Gomes, 1992: 116; Dias, 1986: n.º 90; Fernandes, 2002a: 418; Figueiredo, 1953b: 166; Garcia, 1992: 393; Ribeiro, 2002: 38; Vaz, 1992: 2245; Vaz, 1997: 180-1. 28


13 - Em Quintela de Azurara verificaram-se vários achados romanos dos quais se destacam vários pesos de tear, uma ara anepígrafa [n.º 38] e uma árula funerária [n.º 1]. 14 – O texto encontra-se alinhado à esquerda sendo o tamanho das letras uniforme. O teónimo surge-nos por extenso, sendo os epítetos abreviados. Na l. 3 verifica-se um nexo entre o n e o t. O dedicante tem um único nome latino, poderá ser um escravo, liberto ou indígena que tenha adoptado este nome. Dias (1986: n.º 90) situa cronologicamente a ara no século II ou III d.C..

17 MGL.SJF.VOT.COU (Est. XIV) 1 – Quinta do Casal, Casais, São João da Fresta, Mangualde. 2 – Associação Cultural Azurara da Beira, Mangualde. 3 – 2706. 4 – Ara de granito em bom estado de conservação trabalhada nas quatro faces. Base com moldura por meia cana e sulco. O capitel apresenta uma meia-cana sob um pequeno plinto rectangular, com ângulos e faces arredondadas. A primeira e última linha estendemse à moldura do capitel e da base respectivamente. 5 – 63x41/30/13x30/3,5/24. 6 – Rebaixado medindo 28,5x30/28. 7 – L(ari) COVTICI VT / L(ari) COVTIOSO / TONC

(castelli) NA/COSOS MALGEINVS /5

LEVRI F(ilius) / ARBVENSI/S V(otum) A(animo) L(ibens) S(olvit). 8 – Ao Lar Coutici como Lar Coutioso do então castellum Nacosos. Malgeino, filho de Leuro, Arbuense, de animo leve o voto cumpriu. 9 – 3-6. 10 – 0-2,5. 11 – Alarcão, 188a: 62; Alarcão, 1989: 309; Carvalho e Gomes, 1992: 122-3; Dias, 1988: 425; Garcia, 1992: 523-4; Gomes e Tavares, 1985b: n.º 55; Guerra, 1998: 118-9, 543; Vaz, 1992: 281-4; Vaz, 1993-1994: 81; Vaz, 1997: 223-4. 12 – l.1: COVTICIVI (Gomes e Tavares, 1985c: 55); l.3-4: LONGONA/ROSO (Gomes e Tavares, 1985c: 55). 13 – Não se conhecem quaisquer outros vestígios arqueológicos encontrados em Casais. 14 – Estamos perante uma consagração a dois Lares do mesmo local, o castellum Nacosos. Segundo Alarcão (1989: 309) estes lares seriam protectores de duas famílias diferentes mas aparentadas. 29


Este castellum deveria situar-se no monte do Bom Sucesso, sobranceiro a Casais, com vestígios de ocupação desde a Idade do Bronze. Esta inscrição refere outro povoado, donde é o dedicante, Arbua. Tanto o dedicante como o seu pai apresentam nomes característicos da Lusitânia, o daquele de origem indígena e o deste ilirica. Vaz (1997: 224) data esta inscrição do século I da nossa era.

2.3. Viárias

18 MGL.ABV.MIL.ABV1 (Est. XV) 1 – Abrunhosa-a-Velha, Abrunhosa-a-Velha, Mangualde. 2 – Assembleia Distrital de Viseu. 3 – Não atribuído. 4 – Marco miliário bastante picado de que só restam algumas letras. Devido ao local onde se encontra está coberto por uma grande camada de musgo. 5 – 190x50. 7 – --] XX(vingiti ?). 8 – --] Milha 20 (?). 11 – Alarcão, 1988a: 62; Carvalho e Gomes, 1992: 10-11; Coelho, 1941a: 375-7; Figueiredo, 1953a: 56; Silva, 1945: 40; Vaz, 1988a: 31; Vaz, 1992: 367; Vaz, 1997: 289. 13 – Em Abrunhosa-a-Velha passava a via que vinda de Viseu atravessava aqui o Mondego e se dirigia via Serra da Estrela para Mérida. Nesta localidade foram encontrados mais três marcos miliários. 14 – Vaz (1988a: 31 e 1997: 289) refere a existência das letras OT, infelizmente não as conseguimos observar. Deverão estar sob grande camada de musgo que cobre parte do monumento, ou simplesmente devido à deficiente iluminação não as conseguimos observar. Contudo, cremos neste autor e na correspondência que faz entre estas letras e a palavra Potestates, embora possa também corresponder a Pontifex.

19 MGL.ABV.MIL.ABV2 (Est. XVI) 1 – Abrunhosa-a-Velha, Abrunhosa-a-Velha, Mangualde 2 – Assembleia Distrital de Viseu. 30


3 – Não atribuído. 4 – Marco miliário de granito de grão médio e de base cúbica. Algo degradado numa face e coberto por musgo. 5 –184x50. 7 – [...] / [...] / PARTHIC(i) / NERVA N(epos) /5 TRAIANV[S] / HADRIA[N]O AVG(ustus) / PO(n)T(ifice) · MAX(imus) / TRIBUNIC(ia potestate) / V(quintum) CO(n)S(uli) III(ter) R [IIF]IIC[IT] /10 M(ilia) XVIII(duodeviginti). 8 – Trajano Adriano Augusto, filho de Pártico, neto de Nerva, Pontífice Máximo, detentor do poder tribunício pela quinta vez, cônsul já três vezes, refez. Milha dezoito. 9 – 9. 11 – Alarcão, 1988a: 62; Carvalho e Gomes, 1992: 10-11; Coelho, 1941a: 375-7; Coelho, 1943b: 160; Figueiredo, 1953a: 56-7; Saa, 1959a: 322-3; Silva, 1945: 40; Vaz, 1988a: 334; Vaz, 1992: 367-9; Vaz, 1997: 289-290. 12 – Tanto Vaz (1997) como Carvalho e Gomes(1992) que viram o monumento em melhor estado de conservação fazem a seguinte leitura, que apenas diverge da nossa nas l.8-9 e a completa: [I]MP(erator) CA(esar)/ DIVI F(ilius) / PARTHIC(i) / NERVA N(epos) /5 TRAIANVS / HADRIANO AVG(ustus) / PO(n)T(ifex) . MAX(imus) / TRIBUNIC(ia potestate) V(quintum) / CO(n)S(uli) III(tertium) RIIFIICIT /10 M(ilia) XVIII(duodeviginti); Figueiredo (1953a): (I)MP CA / (DIVI) F / PARTHIC / NERVA V / RAIANVS I HADRIA / POT·NIA / RIBVNIC / V COS III R(?) / M XVIII; Vaz (1988): [I]MP CA/ DIVI F / PARTHIC / NERVA NE /5 TRAIANVS / HADRIANO AVG / POT · NIA / [T]RIBUNIC V / COS III REFECIT /10 M XVIII. Coelho (1941): (I)MPCA(ESAR) / DIVI / TRAIANI / PARTICIFIL(IDI)VI / TRAIANVS / HADRIAN(VS)AVG / PONT MAX / TRIBVNICI(EP)OT / VCOSIII R(IIFIIC)IT / M XVIII. 13 - Em Abrunhosa-a-Velha passa a via que vinda de Viseu atravessava aqui o Mondego e se dirigia via Serra da Estrela para Mérida. Nesta localidade foram encontrados mais três marcos miliários. 14 – Gravação bastante funda, mas cujo traço das letras é bastante irregular. De salientar o uso de nominativo em Traianus e de dativo em Hadriano, assim como a omissão dos N entre duas consoantes, em Pontifex e Consuli. Segundo o Cagnat (1914) Adriano foi investido pela terceira vez como cônsul no ano em foi investido pela quarta vez no poder tribunício, terá o lapicida se esquecido de colocar um I antes do V? De assinalar, embora frequente na região em estudo, a substituição do E por I na palavra Refecit. 31


Segundo os atributos imperiais inserimos cronologicamente este marco entre 10 de Dezembro de 120 e 9 de Dezembro de 121.

20 MGL.ABV.MIL.ABV3 1 – Abrunhosa-a-Velha, Abrunhosa-a-Velha, Mangualde. 2 – Desconhecido. 3 – Não atribuído. 4 – Marco miliário de base cúbica, com a inscrição muito apagada (Saa, 1959: 323). 7 – IMP(erator) / CAESAR(i) / NVMEREAN/O P(io) F(elici) · AVG(usto) [...]. 8 – Ao imperador César Numeriano Pio Félix Augusto. 11 – Alarcão, 1988a: 62; Carvalho e Gomes, 1992: 10-11; Coelho, 1941a: 375-7; Coelho, 1943a: 167; Figueiredo, 1953a: 55-6; Saa, 1959: 323; Silva, 1945: 42; Vaz, 1992: 369370; Vaz, 1997: 290-1.

21 MGL.ESP.MIL.QTP (Est. XVII) 1 – Quinta da Ponte, Abadia de Espinho, Espinho, Mangualde. 2 – Colecção Dr. José Coelho (n.º JC-79-2), Extensão Territorial de Viseu do IPA. 3 – Não atribuído. 4 – Marco miliário de granito de grão médio apresentando uma gravação funda. Base cúbica. As primeiras linhas sofreram desgaste. 5 – 170x45. 7 – TI(berius) CLAVDIVS / CAESAR · AVG(ustus) / GERMANICVS / P(ontifex) M(aximus) · TR(ibunitia) · P(otestate) · /5 XIIII(quatuordecimum) IMP(erator) · / XXVII(septimum et vigesimum) · P(ater) · P(atriae) · / M(ilia) VII(septem). 8 – Tibério Cláudio César Augusto Germânico, Pontífice Máximo, detentor do poder tribunício catorze vezes, imperador pela vigésima sétima vez, Pai da Pátria. Milha sete. 9 – 7,5-8,5. 11 – Carvalho e Gomes, 1992: 57-58; Coelho, 1945: 256-7; Correia et alli, 1979: 611-2; Figueiredo, 1939: 31, 54-55; Saa, 1959: 319-320 e 324-5; Silva, 1945: 38; Vaz, 1983a: 740-1; Vaz, 1992: 370-1; Vaz, 1993-1994: 82; Vaz, 1997: 291-2. 12- l5: XIII (Correia et alli, 1979).

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13 - Por toda a freguesia de Espinho aparecem inúmeros vestígios romanos, estão referenciadas 12 estações arqueológicas. Destes vestígios contam-se mais 3 marcos miliários anepígrafos. 14 – A milha sete que o marco regista é sensivelmente a distância entre Espinho e Viseu; por aqui passaria a via que vinha de Viseu, por Coimbrões e Alcafache. A gravação foi bem feita em bisel. Regista-se a existência de puncti a separar as palavras. A colocação do marco verificou-se entre 25 de Janeiro e 13 de Outubro de 54 d.C., período entre a entrega a Cláudio pela 14ª vez do poder tribunício e a sua morte.

22 MGL.MGL.MIL.CHA (Est. XVIII) 1 – Chãos, Santa Luzia, Mangualde, Mangualde. 2 – Museu Grão Vasco (n.º 51), Viseu. 3 – Não atribuído. 4 – Miliário de granito cuja secção não é perfeitamente redonda, registando os vestígios de cunhas nos lados não redondos. 5 – 135x31x23. 7 – DD(ominis) NN(ostris) / LECENIO LECENI/ANO AVG(ustis) / [M](ilia) XI(undecim). 8 – Aos nossos senhores Licínio Liciano Augustos. Milha XI. 9 – 2,5-10. 10 – 0,3-12. 11 – Alarcão, 1988a: 61; Carvalho e Gomes, 1992: 93-94; Untermann, 1965b: 111-2; Vaz, 1992: 372-3; Vaz, 1997: 293-294; Vives 1971: 240. 12 – Na primeira linha refere-se dois senhores, mas apenas o nome de um imperador é referido, ao contrário do que defende Inês Vaz (1997: 293-4). Na designação do imperador verifica-se dois erros de ortografia, Lecenio Leceniano por Lecinio Leciniano, o que acusa a neutralização do e e i breves. Estes cognomes encontram-se em ordem inversa, pois a designação do imperador era: Valerius Licinianus Licinius Augustus. Segundo Untermann (1965b) estamos, pois, frente a um monumento executado por um gravador indígena que trabalhou à base de um modelo composto por autoridades locais às que se transmitiu a nomenclatura oficial sob uma forma mutilada e desfigurada.

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2.4. Honoríficas

23 MGL.MGL.HON.COS (Est. XIX) 1 – São Cosmado, Mangualde, Mangualde. 2 – Assembleia Distrital de Viseu. 3 – Não atribuído. 4 – Placa monumental de granito sem qualquer decoração, com algum desgaste na face lateral direita e na face inferior. 5 – 98,5x46x23,5. 6 – Não demarcado. 7 – C(aius) GAIELIANVS MODES/TVS CASTELLANIS / ARAOCELENSIBVS / · D(ono) D(edit). 8 – Caio Gaeiliano Modesto deu aos castelãos araocelenses. 9 – 7-8. 10 – 0-7. 11 – Alarcão, 1988a: 61; Alarcão, 1989: 307; Albertos Firmat, 1977: 22; Albertos Firmat, 1985: 472; Alves, 1984: 4; Blanco Freijeiro, 1977: 14-16; Caessa, 1996: 50; Encarnação, 1989: 318; Fernandez Palacios e Hoz Bravo, 2002: 46-47, 49; Figueiredo, 1953b: 165-6; Guerra, 1998: 117, 189, 702-7; Saa, 1959: 313-314; Tovar, 1976: 256; Vaz, 1988a: 12-13; Vaz, 1992: 362-4; Vaz, 1993-1994: 80, 82; Vaz, 1997: 283-285; Vives, 1971: 482. 12 – l1: G (Blanco Freijeiro, 1977); CAILLIANVS (Saa, 1959); CAIELIANVS (Alarcão, 1988a; Vives, 1971; Guerra, 1998; Caessa, 1996; Figueiredo, 1953b; Vaz, 1988a, 1992 e 1997); CAIELIANVVS (Carvalho e Gomes, 1992); l2: CASTELANIS (Saa, 1959; Figueiredo, 1953b, Vaz, 1992 e 1997); l3: ARAOCELENSIIBVS (Figueiredo, 1953b). 13 – Até ao momento não se conhecem outros achados romanos em São Cosmado. Porém, a placa podia não ter sido colocada neste local mas sim no Castellum dos Araocellenses, que deveria situar-se perto. Defendemos, como vários autores, que a localização deste castellum deveria situar-se no actual monte da Senhora do Castelo. Em Badajoz encontra-se uma pátera com a inscrição BAND ARAUGEL que vários autores pensam ter ido desta zona (Blanco Freijeiro, 1977: 16; Firmat, 1985: 472) 14 – Caius é um praenomen latino bastante frequente. O nomen Gaielianus tem o mesmo radical que o praenomen do qual deriva. 34


O cognomen Modestus é tipicamente latino, mas com conotação indígena (Untermann: 1965) e frequentemente usado. A importância desta epígrafe assenta no facto dela referir um etnónimo, Araocelenses, ao que corresponderia um castellum e respectivo território. Albertos Firmat (1985: 472) referindo-se ao topónimo Araocelum diz que se tivermos em conta que na Beira Alta estavam os araui, poderia pôr-se a hipótese da sua forma original ser *Araui-ocelum. Schoolmann lança a hipótese do topónimo derivar de *Ara-auocelensis, cujo primeiro elemento corresponderia a um prefixo Ara-, o mesmo que se identificaria em Arabriga (Guerra, 1998: 189). Como já referimos o castellum referido na epígrafe deveria situar-se nas proximidades de Mangualde. Como castellum situar-se-ia num ponto elevado, o qual poderia ser o Monte da Senhora do Castelo, sobranceiro à actual cidade de Mangualde e à Citânia da Raposeira, onde se implantaria uma villa, e no seu sopé passaria uma via de que se conserva um troço. Neste monte foram encontrados diversos vestígios romanos e anteriores a este período, sendo considerado um castro romanizado. E o dedicante quem seria? Como referiu Alarcão (1989: 307) um indígena rico romanizado, cuja villa poderia ser a Raposeira ou a Quinta da Igreja, que quis mostrar o seu reconhecimento, e simultaneamente mostrar a sua importância, aos habitantes do Castellum Araocelum. Figueiredo (1953b), Vaz (1988a) e Saa (1959) traduziram na linha 4 D D por Decreto decuriorum. Nós preferimos seguir a tradução dos outros autores e traduzimos por dono dedit, mas sem excluir a outra hipótese. Segundo Caessa (1996: 50) é preferível traduzir por Dono Dedit pelas seguintes razões: a inscrição provém de um meio onde os vestígios romanos não são caracteristicamente urbanos e sobretudo, (...), porque foi após as medidas flavianas que se deu a promoção jurídica de muitas comunidades, inclusivamente as que habitavam os castella. No processo de transformação vão deixando de aparecer referidas nas epígrafes como castella. De facto os vestígios urbanos são nulos na área de Mangualde. Mas se tivermos em conta que a referência a um castellum não é compatível com a existência de uma Assembleia dos Decuriões, esta placa não terá sido dedicada por decreto decuriorum de uma cidade vizinha, Viseu por exemplo, como reconhecimento. Vaz (1997: 283-4) data esta epígrafe do século I d.C., pela paleografia.

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24 PCT.CTP.HON.ROM (Est. XX) 1 – São Romão, Castelo de Penalva, Penalva do Castelo. 2 – São Romão, Castelo de Penalva, Penalva do Castelo. 3 – Não atribuído. 4 – Fragmentos de coluna de grão fino. Apareceu no interior da parede dupla da antiga capela, quando esta foi destruída. 5 – 70 de diâmetro e 47,5-52 de altura. 7 – IMPII(rator vel ratori) CAIIS(ar vel ari) L(ucius vel ucio) D(omitius Alexander vel Aurelianus Augustus vel omitio Alexandri vel Aureliani Augusto)... Noutro fragmento: ...G...O... (será de Augusto?). 8 – (Ao) Imperador César Lúcio Domicio Alexandre ou Aureliano Augusto. 9 – 6-10. 11 – Eusébio et alli, 1997: 15-6; Vaz, 1992: 360-1; Vaz, 1997: 282-3. 13 – Em São Romão encontraram-se vestígios romanos que fazem supor a existência de uma villa romana no local. 14 – Assim como Inês Vaz (1997: 282-3) classificamos este monumento como coluna honorifica e não um marco miliário, devido ao seu diâmetro e ao facto de a inscrição não começar logo no inicio da coluna. Contudo, não atribuímos a dedicatória apenas ao imperador Alexandre, como o faz Vaz (1997: 282-3), mas também colocamos a hipótese de o ser ao imperador Aureliano, por serem os únicos imperadores em que as letras L e D estão seguidas. O monumento datará de 270 a 275, período de reinado de Aureliano, ou de 308 a 311, período de reinado de Alexandre.

2.5. Epígrafes em Instrumentum domesticum

25 MGL.CHT.INS.PO-QTC 1 – Quintas do Costa, Guimarães de Tavares, Chãs de Tavares, Mangualde. 2 – Desconhecido. 3 – 4918. 4 – Fragmento de um fundo de sigillata hispânica. 36


7 – PO. 11 –Matias, 1985: 144-145; Vaz, 1992: 40-1; Vaz, 1997: 37. 13 – Nesta estação arqueológica foram descobertas estruturas que poderão corresponder a uma habitação rural ou anexos de uma villa que se poderia erguer nas proximidades (Matias, 1985: 144). Do espólio exumado encontram-se um cossoiro, vários pesos, uma mó manuária, um esférico de chumbo e escória, fragmentos de sigillata hispânica, cerâmica cinzenta e sigillata marmoreada e uma coluna de granito. Pelo espólio a estação está datada do século I a IV a.C..

26 MGL.CHT.INS.POL-QTC 1 – Quintas do Costa, Guimarães de Tavares, Chãs de Tavares, Mangualde. 2 – Desconhecido. 3 – 4918. 4 – Fragmento de um fundo de sigillata hispânica. 7 – POL. 11 –Matias, 1985: 144-145; Vaz, 1992: 40-1; Vaz, 1997: 37. 13 – Nesta estação arqueológica foram descobertas estruturas que poderão corresponder a uma habitação rural ou anexos de uma villa que se poderia erguer nas proximidades (Matias, 1985: 144). Do espólio exumado encontram-se um cossoiro, vários pesos, uma mó manuária, um esférico de chumbo e escória, fragmentos de sigillata hispânica, cerâmica cinzenta e sigillata marmoreada e uma coluna de granito. Pelo espólio a estação está datada do século I a IV a.C..

27 MGL.CHT.INS.VAP-QTC 1 – Quintas do Costa, Guimarães de Tavares, Chãs de Tavares, Mangualde. 2 – Desconhecido. 3 – 4918. 4 – Fragmento de um fundo de prato de sigillata hispânica. 7 – EX OF(icina) VA(alerii) PA(atricii). 8 – Da oficina de Valério e Patrício. 11 –Matias, 1985: 144-145; Vaz, 1992: 40-41; Vaz, 1997: 37.

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13 – Nesta estação arqueológica foram descobertas estruturas que poderão corresponder a uma habitação rural ou anexos de uma villa que se poderia erguer nas proximidades (Matias, 1985: 144). Do espólio exumado encontram-se um cossoiro, vários pesos, uma mó manuária, um esférico de chumbo e escória, fragmentos de sigillata hispânica, cerâmica cinzenta e sigillata marmoreada e uma coluna de granito. Pelo espólio a estação está datada do século I a IV a.C.. 14 – Tanto Matias (1985: 144-5) e Vaz (1997: 37) lêem EX OF(icina) Va(alerii) PA(aterni). Seomara da Veiga Ferreira (1969: 110) regista a existência de vários fragmentos cerâmicos com esta marca que ela defende ser dos oleiros hispânicos associados Valerius e Patricius, cuja oficina funcionou talvez durante o século II, ou seja dentro do período cronológico em que se insere a estação.

28 MGL.MGL.INS.OCL-RAP 1 – Citânia da Raposeira, Mangualde, Mangualde. 2 – Desconhecido. 3 – 5061. 4 – Tigela de sigillata com grafito feito após a cozedura. 5 – 14 de diâmetro. 7 – OCELLI. 8 – Do meu bem ou de Ocelo. 11 – Encarnação e Portas, 1993: 204. 13 – A citânia da Raposeira é uma villa cronologicamente inserida entre o séc. I e IV d.C. Tem sido amplamente escavada colocando-se a descoberto diversas estruturas de apoio e das termas. 14 – As letras são bastante toscas e desalinhadas entre si. A segunda letra apenas apresenta o seu início, mas não temos dúvida em seguir Encarnação e Portas (1993: n.º 204) que leram um C. Relativamente à tradução temos as nossas dúvidas. Por um lado poderíamos seguir a tradução de Encarnação e Portas (1993: 204) que vêm em OCELLI o genitivo de ocellus e propõem traduzir-se por “do meu bem”; por outro lado podemos pôr a hipótese de ser o genitivo do antropónimo Ocellius, faltando assim um i final. Este antropónimo regista-se, ao que parece, apenas uma vez na Península, no feminino, concretamente em Conímbriga: o facto de a epígrafe estar perdida levou, inclusive, os epigrafistas a não aceitarem, sem mais, essa ocorrência (...). (Encarnação e Portas, 1993: n.º 204). 38


De referir, igualmente, a relação entre OCELLI e Araocelum, nome do castellum que se situar-se-ia no Monte da Senhora do Castelo, em cujo sopé se encontra a Citânia da Raposeira.

30 MGL.QTA.INS.AVI (Est. XXII) 1 – Quintela de Azurara, Quintela de Azurara, Mangualde. 2 – Museu Nacional de Arqueologia (n.º 16356), Lisboa. 3 – Não atribuído. 4 – Peso de tear em cerâmica com as quatro faces epigrafadas. 5 – 18,2x6,2. 7 – AVITVS RVF[I]NIVS RVFIVS 8 – Avito Rufínio Rúfio. 9 – 1-2,5. 11 – Alarcão, 1988a: 61; Carvalho e Gomes, 1992: 116; Ferreira, 1969: 106; Silva, 1945: 33-34; Vasconcelos, 1910: 325-6; Vasconcellos, 1915a: 324; Vaz, 1992: 390-1; Vaz, 1992: 308. 12 – RVFIVS AVITVS RVF[I]NVS (Vasconcellos, 1910; Ferreira, 1969; Carvalho e Gomes, 1992); AVITVS RVFINIVS RVFIVS (Vaz, 1997). 13 – Em Quintela de Azurara verificaram-se vários achados romanos dos quais se destacam vários pesos de tear, uma ara anepígrafa e duas árulas. 14 – Os S que estão presentes nas quatro faces do peso, sob a inscrição, são para nós meros elementos decorativos que poderiam distinguir o peso na mecânica do tear, onde poderia ter uma função especial. Assim como Inês Vaz (1997: 308), e ao contrário dos outros autores, entendemos que o nome se inicia na face epigrafada sem orifício. É mais frequente encontrarmos o praenomen e nomen juntos do que o nomen e o cognomen.

30 MGL.STC.INS.LA-QTB 1 – Quinta da Boca, Santiago de Cassurrães, Mangualde. 2 – Desconhecido. 3 – Não atribuído. 4 – Fragmento de dolium com grafito. 39


7 – LA. 11 – Carvalho e Gomes, 1992: 135; Gomes, 1989: 7; Vaz, 1992: 64; Vaz,1997: 55-56. 13 – Neste local foram encontrados fragmentos de cerâmica de construção e doméstica. 14 – Apenas podemos dizer que poderá ser uma marca de oleiro ou uma marca de propriedade.

2.6. Anepígrafes

31 MGL.ABV.ANE.MIL-ABV 1 – Abrunhosa-a-Velha, Abrunhosa-a-Velha, Mangualde. 2 – Desconhecido. 3 – Não atribuído. 4 – Marco miliário de que apenas Carvalho e Gomes (1992) e Figueiredo (1953b) fazem referência. Já não registava qualquer letra. 11 – Carvalho e Gomes, 1992: 10-11; Figueiredo, 1953b: 56.

32 MGL.ESP.ANE.MIL-CRU (Est. XXIII) 1 – Cruzeiro, Vila Nova de Espinho, Espinho, Mangualde. 2 – Cruzeiro, Vila Nova de Espinho, Espinho, Mangualde. 3 – Não atribuído. 4 – Coluna de granito encimada por um cruzeiro que pelos mesmos motivos aduzidos no número anterior poderá ter sido um marco miliário. 5 – Não nos foi possível obtê-las devido a obras no local. Vaz (1997: 41) não refere as medidas deste monumento. 11 – Vaz, 1992: 371; Vaz, 1997: 41. 13 – Por toda a freguesia de Espinho aparecem inúmeros vestígios romanos, estando referenciadas 12 estações arqueológicas. Destes vestígios contam-se mais 3 marcos miliários.

40


34 MGL.MGL.ANE.MIL-ESP1 (Est. XXIV) 1 – Espinho, Espinho, Mangualde. 2 – A 300m/N do cemitério de Espinho, junto ao C. M. 1438. 3 – Não atribuído. 4 – Defendemos ser um marco miliário devido à morfologia do monólito granito e ao facto de se encontrar numa zona rica em vestígios da presença romana, nomeadamente três marcos miliários, sendo dois deles também anepígrafos. 5 –125 x 30 11 – Carvalho e Gomes, 1992: 58-59; Vaz, 1992: ???; Vaz, 1997: 292. 13 – Por toda a freguesia de Espinho aparecem inúmeros vestígios romanos, estando referenciadas 12 estações arqueológicas. Destes vestígios contam-se mais 3 marcos miliários.

34 MGL.ESP.ANE.MIL-ESP2 (Est. XXV) 1 – Espinho, Espinho, Mangualde. 2 – Na rua do Forno, Espinho, Espinho. 3 – Não atribuído. 4 – Defendemos ser um marco miliário devido à morfologia do monólito granito e ao facto de se encontrar numa zona rica em vestígios da presença romana, nomeadamente três marcos miliários, sendo dois deles também anepígrafos. 5 –72 x 34. 11 – Inédito. 13 – Por toda a freguesia de Espinho aparecem inúmeros vestígios romanos, estando referenciadas 12 estações arqueológicas. Destes vestígios contam-se mais 3 marcos miliários.

35 MGL.FMD.ANE.MIL-FAG (Est. XXVI) 1 – Fagilde, Fornos de Maceira Dão, Mangualde 2 – Lameira do Monte, Fagilde, Fornos de Maceira Dão, Mangualde. 3 – Não atribuído. 4 – Marco miliário anepígrafo de granito. 41


5 – 112x30/40. 11 – Carvalho e Gomes, 1992: 71-72; Vaz, 1992: 372; Vaz, 1997: 292. 13 – Não se conhecem quaisquer vestígios arqueológicos romanos para além deste achado. 14 – Monólito granito cilíndrico encontrado numa das paredes da casa do Sr. Adelino da Costa Ferreira. Não apresenta qualquer vestígio de letras, apenas se verificando a presença de duas cruzes que serão de período posterior.

36 MGL.MGL.ANE.MIL-QTC (Est. XVII) 1 – Quinta da Cruz, Mangualde, Mangualde. 2 – Quinta da Cruz, Mangualde, Mangualde. 3 – Não atribuído. 4 – Coluna granítica encimada por um bloco também granítico quadrangular moldurado nas quatro faces. 5 – 155 x 41. 11 – Carvalho e Gomes, 1992: 95-96. 13 – Nesta localidade não foram encontrados quaisquer achado romano, mas esta coluna poderia vir das proximidades onde se registam várias estações romanas. 14 – Pela similitude com o marco miliário anepígrafo da Roda, decidimos também considera-lo um marco miliário anepígrafo, como também propõem Carvalho e Gomes (1992: 96).

37 MGL.MGL.ANE.MIL-ROD 1 – Roda, Mangualde, Mangualde. 2 – Casa particular em Mesquitela, Mesquitela, Mangualde(1992). 3 – Não atribuído. 4 – Coluna de granito sem vestígios de qualquer letras. 5 – 180 x 40/30 11 – Alarcão, 1988a: 61; Coelho, 1943b: 167; Figueiredo, 1953a: 55; Carvalho e Gomes: 95; Silva, 1945: 38; Vaz, 1992: 58-9; Vaz, 1997: 293. 13 – Mais nenhum vestígio romano apareceu nesta localidade, contudo por toda a freguesia de Mangualde abundam os vestígios do período romano. 42


14 – Pertenceria à via que vindo de Viseu, passava depois por Mangualde dirigindo-se a Abrunhosa-a-Velha onde transpunha o rio Mondego. Segundo Vaz (1997: 293) deverá datar dos dois primeiros séculos do Império.

38 MGL.QTA.ANE.QTA 1 – Quintela de Azurara, Mangualde. 2 – Desaparecida. 3 – Não atribuído. 4 – Ara anepígrafa referida por Valentim da Silva (1945: 33). 11 – Silva, 1945: 33; Vaz, 1992: 61-2; Vaz, 1997: 53. 13 – São vários os vestígios arqueológicos romanos atestados em Quintela de Azurara. De referir o aparecimento de outros dois monumentos epigráficos.

39 MGL.STC.ANE.MIL-CER (Est. XVIII) 1 – Quinta de Cervães, Santiago de Cassurrães, Mangualde. 2 – Quinta de Cervães, Santiago de Cassurrães, Mangualde. 3 – Não atribuído. 4 – Possível marco miliário que se encontra a servir de alminhas junto ao caminho, que saindo do final das escadas do adro da Senhora de Cervães se dirige para o Mondego, passando pela Santa Marinha. Apresenta um nicho que ostentou, com certeza, uma qualquer imagem sacra. Para ostentar as alminhas foi cortado longitudinalmente a meio, e afeiçoado nos “lados”. 5 – 114,5x35. 11 – Inédito. 13 – O caminho junto ao qual se encontra o marco é tido por Carvalho e Gomes (1992: 133) e Vaz (1997: 381) como romano. Concordamos com esta hipótese não pela presença deste possível marco miliário mas também pela existência de afloramentos graníticos com vestígios do uso de cunhas mesmo à beira do caminho. Terão estes afloramentos sido fragmentados para possibilitar a passagem da via e a sua pedra utilizada no próprio tapeamento da via? Junto à via situa-se a estação de Santa Marinha.

43


40 PCT.ESM.ANE.ESM (Est. XXIX) 1 – Eirinhas, Esmolfe, Penalva do Castelo. 2 – Eirinhas, Esmolfe, Penalva do Castelo. 3 – Não atribuído. 4 – Ara de granito de grão fino actualmente serve de alminhas. O capitel é decorado com meia-cana, uma faixa rectangular e um cordão. A base é constituída por uma garganta reversa, um cordão e soco. No fuste ostenta um nicho feito para albergar qualquer imagem sacra que já não ostenta. 5 – 97x45x30. 11 – Vaz, 1992: 395-6; Vaz, 1997: 313. 13 - Em Fundo de Vila fica a estação da Murqueira onde se localizaria um importante povoado romano. Na restante área da freguesia encontra-se outras estações romanas, no total de 5.

2.7. – Indeterminadas

41 PCT.ANT.IND.ANT (Est. XXX)

1 – Antas, Penalva do Castelo. 2 – Antas, Penalva do Castelo. 3 – Não atribuído. 4 – Ara de granito de grão médio, da qual apenas se conserva a parte superior. O capitel é decorado por um duplo listel. 5 – 28,5x19. 11 – Inédita. 13 – Em toda a freguesia de Antas não se conhecem quaisquer outros vestígios romanos, por isso colocamos a hipótese do monumento ter vindo de outro local. 14 – Este monumento foi-nos indicado pelo Pe. José Pedro da Costa Matos, a quando da nossa visita à capela da Fresta. Infelizmente por falta de tempo e por as condições climatéricas não terem ajudado não nos foi possível fazer um estudo profundo do monumento. por isso não nos aventuramos a indicar qualquer leitura, apesar de termos conseguido ler algumas letras. 44


PARTE III A EPIGRAFIA E A SOCIEDADE ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| 45


1. As Práticas Epigráficas 1.1. O material das Epígrafes Estamos numa região granítica por isso não é de admirar que o granito seja o único material utilizado nos monumentos estudados. Uns monumentos são de granito de grão fino outros de grão médio, não podendo atribuir-se a utilização de uma determinada densidade a uma determinada tipologia de monumentos. Apenas podemos referir que os miliário são na sua totalidade em granito de grão médio/grosso, devido à sua rudeza e local de “exibição”.

1.2. Os monumentos 1.2.1. As aras ou árulas As aras são mais frequentes na área do actual concelho de Mangualde (3/4), e três dos quatro exemplares são votivos, sendo apenas a ara da Fresta funerária [n.º 2]. Relativamente às árula elas são em número de quatro, apenas uma é de Penalva do Castelo, a “indeterminada” das Antas [n.º 31]. Somente uma das de Quintela de Azurara [n.º 1] é funerária e as outras duas dedicadas a Júpiter [n.º 15 e 16]. A estrutura normal destes monumentos é composta pela base, fuste e capitel. Todos os monumentos, que se conservam inteiros (6/8) apresentam esta tripartição. Outro elemento que estes monumentos apresentavam era o fóculo. Dos monumentos estudados apenas a ara da Fresta, a de Casas e a árula das Antas não apresentam este elemento. Nos outros monumentos ele assume a configuração redonda.

1.2.2. As Estelas São em número de quatro, duas em Mangualde e duas em Penalva do Castelo, sendo todas elas funerárias. Só a estela desaparecida de Castelo de Penalva não assume a configuração rectangular. Das três que ainda se conservam, apenas a do Pereiro [n.º 8] não apresenta campo epigráfico delimitado e decoração. A que actualmente se encontra na ACAB [n.º 4] apresenta na parte inferior uma trama de quadrados, enquanto a outra [n.º 3] que ainda se encontra na aldeia a servir de peitoril a uma janela, apresenta uma rosácea inserida num duplo octógono e um cruzeiro com pedestal, também na parte inferior. A primeira poderá inserir-se no grupo II definido por Redentor (2002: 200), com a variante da 46


decoração se apresentar na parte inferior e a rosácea se inserir dentro de um duplo octógono e não de um duplo círculo. A estela desaparecida de Castelo de Penalva, que apenas conhecemos por um desenho publicado por Leite de Vasconcellos (1900: 140), segundo o qual seria uma estela de ombros em cuja cabeceira se apresenta um rosto humano. Insere-se no grupo VIII definido por Redentor (2002: 202).

1.2.3. As Placas São em número de quatro, sendo todas elas de Penalva do Castelo e funerárias excepto a honorífica de São Cosmado [n.º 23]. Todas elas assumem uma configuração rectangular, mas apenas as funerárias apresentam uma molduração. Não terá servido a placa de São Cosmado como pedestal?

1.2.4. Os miliários Só nos surgem em Mangualde, talvez pelo facto de o actual concelho de Penalva do Castelo não ser atravessado por nenhuma via principal. Todos os marcos são cilíndricos, apresentando o texto gravado na parte superior.

11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Ara

Árula

Estela

Placa

Coluna

Mangualde

3

3

2

1

Penalva

1

1

2

3

1

Total

4

4

4

4

1

◊ 47

Indetermina das

11

Gráfico 1: Tipologia dos Monumentos.

Miliário

3 11

3


1.3. Os Textos 1.3.1. Paginação Na paginação incluímos o desenho prévio sobre a pedra do texto que era fornecido pelo cliente, assim como o traçado prévio de linhas auxiliadoras. Não conseguimos encontrar em nenhum monumento a existência destas linhas, talvez devido ao material utilizado, o granito. Os dados disponíveis não nos permite dizer muito mais, apenas por curiosidade mostramos um gráfico com a distribuição do número de exemplares de cada tipo de alinhamento por tipologia.

4

3

2

1

0

Ara

Esquerda Justificado

Árula

Placa

Estela

4

1

1

1

Indeterminado

3 1

Direita Indeterminado

2

3

2

Gráfico 2: Alinhamento do texto

1.3.2. A Paleografia O granito devido à dureza não possibilita gravações cuidadas e elegantes, embora tenhamos pelo menos um exemplar “belíssimo” [n.º 7]. Verificamos

que

algumas

letras

assumem

formas

pouco

habituais,

comparativamente às outras ocorrências na zona em estudo. Por exemplo, os Fs da estela de Pinheiro de Tavares [n.º 4], ou o possível F da árula de Quintela de Azurara [n.º 1]. 48


O uso de nexos também é comum, não só por economia de espaço mas também por má distribuição do texto. Registamos os seguinte nexos TL, AE, AN, NF, VS, NT. Também registámos a gravação de uma letra em expoente, por deficiente distribuição do texto [n.º 4]. No que diz respeito a siglas ou abreviaturas, tanto encontramos formas comuns como outras pouco usuais.

1.3.3. A estrutura dos textos e formulários A fórmula D M S ocorre em metade (6/12) dos monumentos funerários, registandose um maior número (4) no actual concelho de Penalva do Castelo. As duas ocorrências de Mangualde são na área mais oriental do concelho. A fórmula fina F C ocorre oito vezes, quatro em Penalva do Castelo e outras quatro em Mangualde. De notar a grafia F K na árula de Quintela de Azurara [n.º 1]. O desejo que a terra seja leve ao defunto ocorre duas vezes, na arúla de Quintela de Azurara, já referida, e na placa a Tiro da Ínsua [n.º 12]. Neste último caso finalizando um “diálogo” com o transeunte. Na placa a Tiro, já referida, regista-se um diálogo entre o defunto e o transeunte: Ó transeunte, rogo que digas: que a terra te seja leve, através da fórmula D R P S T T L. É também nesta placa que surge a única ocorrência da fórmula H S E. Nas inscrições votivas as únicas fórmulas registadas são ALVS, que ocorre duas vezes na ara de Frexiosa [n.º 13] e na ara de Casais [n.º 17]. Regista-se também na árula de Passos [n.º 15] a fórmula A L P e na de Quintela de Azurara [n.º 16] a fórmula A L V P, curiosamente as duas dedicadas a Júpiter. Nas inscrições honoríficas apenas se regista a ocorrência da fórmula D D, na placa de São Cosmado [n.º 23]. Estrutura

Frequência

D+f+i+STL+d+FC

1

DD+i+V+d+FC

1

DMS+d+D+f+r+i+FC

1

DMS?+D+f+i+d+f+r+FC

1

DMS+DD+f+i+dd+r+FC

1

DMS+DD+f+i+?

1

D+f+i+d+r

1 49


D+f+statuit+d+f

1

---] DD+i+dd+PFC

1

DMS+D+f+i+r+FC

1

D+d+f+r+FC

1

D+f+i+HSE+DRPSTTL

1

Div+E+d+f+ALVS

1

Div+E+[---

1

Div+EE+d+AALP

1

Div+EE+d+ALVP

1

DivDiv+G+d+f+o+ALVS

1

d+D+DD

1

Tabela 1: Estruturas identificadas e sua frequência. D = Dedicado

EE = >1 Epíteto

H(ic) S(itus) E(st)

DD = >1 Dedicado

G = Gentílitates

D(ic) R(ogo) P(raeteriens)

d = dedicante

O = Origem

S(it) T(ibi) T(erra) L(evis).

dd = >1 dedicante

Fórmulas

A(nimo) L(evis) V(otum)

i = idade

S(it) T(ibi) T(erra) L(evis)

S(olvit)

f = filiação

F(aciendum) C(uravit vel

A(nimo) L(evis) V(otum)

r = relação/parentesco

uraverunt)

P(ossuit)

Div = Divindade

D(iis) M(anibus) S(acrum)

A(ram) A(nimo) L(evis)

DivDiv = >1 divindade

P(onendum et) F(aciendum)

P(ossuit)

E = Epíteto

C(uraverunt)

D(ono) D(edit)

Por esta tabela podemos verificar que as estruturas utilizadas são as mais diversas, contudo não nos é possível estudar mais a fundo esta diversidade.

1.3.4. Linguística Da leitura dos vários monumentos verificámos a ocorrência de determinadas características, cujo carácter pode ser regional ou não. Apenas o poderíamos dizer se fizéssemos uma comparação a nível Hispânia, ou pelo menos da Lusitânia. Assim apenas iremos enumerar alguns dos casos que Inês Vaz (1992: 573-6) identificou e por nós foram confirmados.

50


Substituição do i pelo e. Esta situação verifica-se apenas no nome Triteus em vez de Tritius, que surge na estela de Pinheiro de Tavares [n.º 4]. Vaz (1992: 574) verifica que este fenómeno é mais notado na metade oriental da civitas onde se insere o território por nós estudado, sendo certamente a passagem a escrito de uma variante de pronúncia local, mais acentuada, todavia, na parte oriental. Epêntese da semivogal i, introduzida entre vogais em hiato. Ocorre na placa monumental de São Cosmado [n.º 23], Ga- i –elianus. Substituição do E por II. Fenómeno muito frequente na área em estudo, assim como em toda a civitas: Regista-se nas estelas de Pinheiro de Tavares [n.º 3 e n.º 4] (IDICAII,TRITIII e IIT), na ara de Fresta [n.º 2] (ANGIITAE), na inscrição de Gôje [n.º 10] (RVFINAII), a inscrição de Castelo de Penalva [n.º 6] (PROCILIAII e LIBIIRTAII), na Placa da Quinta do Salgueiral [n.º 7] (IIT), num dos marcos miliários de Abrunhosa-a-Velha [n.º 19] (RIIFIICIT), na coluna honorífica de São Romão [n.º 24] (IMPII e CAIIS).

1.3.5. A Onomástica Os nomes identificados nas inscrições levam-nos a concluir que a população local era indígena, com influência latina e uma nula presença oriental. Verifica-se a ocorrência de 30 nomes latinos, usados 34 vezes, contra 9 nomes indígenas, usados 10 vezes, e um bíblico, um estrusco e um ilirio usados uma única vez. Todos estes nomes são usados em contexto indígena, por indivíduos que apenas se identificam com o cognome e por vezes também com o patronímico.

30 29 28 27 26 25 24 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Indígena

Latino

Mangualde

6

12

Bíblico

Penalva do Castelo

3

18

1

Total

9

30

1

Ilirico

Etrusco

Indefenido

1

1

1

1

1

2

1

Gráfico 3: Origem dos nomes 51


Pelo gráfico que se apresenta podemos ver a predominância da origem latina dos nomes (30/44), devemos ainda assinalar a ocorrência vestígial de outras origens como a Bíblia, a Estrusca e a Iliria, todas elas apenas com uma ocorrência, e dois nomes cuja origem se desconhece.

Nome Albinus Aluquus Amoena Angeta Arreinus Aventinus (a) Avg... Avita Caino Caius Calvus Ceius Celerina Celerinus Celtius Cinius Clementinus Deiburana Firmina Firminus Firmus Flavina Flavius Fuscus Gaielianus Gallus Idica Leurus Lucius Malgeinus Marc... Mearus Modestus Placida Procilia Rufina Rufus Sara Severus Sunua Tancinus

Freguesia Castelo de Penalva São João da Fresta Castelo de Penalva São João da Fresta Castelo de Penalva Quintela de Azurara Quintela de Azurara Ínsua São João da Fresta Mangualde Castelo de Penalva Frexiosa Ínsua Ínsua Castelo de Penalva São João da Fresta Freixiosa São João da Fresta Castelo de Penalva Castelo de Penalva Castelo de Penalva São João da Fresta São João da Fresta Castelo de Penalva Mangualde Ínsua São João da Fresta São João da Fresta Castelo de Penalva São João da Fresta Quintela de Azurara São João da Fresta Mangualde Castelo de Penalva Castelo de Penalva Ínsua Castelo de Penalva Castelo de Penalva Castelo de Penalva São João da Fresta Ínsua

Frequência 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 2 1 1 2 1 1 2 1 2 1 1 1 1

52

Origem Latino Indígena Latino Indígena ? Latino Latino Latino Indígena Latino Latino Latino Latino Latino Indígena Etrusco Latino ? Latino Latino Latino Latino Latino Latino Latino Latino Latino Ilirio Latino Indígena Latino Indígena Latino Latino Latino Latino Latino Bíblico Latino Indígena Indígena


Tanginus Tiro Triteus

Castelo de Penalva Ínsua São João da Fresta

1 1 2

Tabela 2: Nomes registados na área em estudo.

53

Indígena Latino Latino


2. A Sociedade 2.1. Etnónimos Para o estudo dos povos que habitavam esta região apenas temos informações através da Epigrafia. Não existem quaisquer referências nas fontes clássicas ao povoamento desta região. Nas inscrições que estudámos são referidos cinco povos ou, como Inês Vaz (1997: 334) preferiu designar, grupos suprafamiliares. Visto que a região em estudo se incluía no território dos Interannienses. Araocelum é um etnónimo que vem referido na inscrição de São Cosmado [n.º 23], junto de Mangualde, onde um cidadão romano dedica uma placa aos castelanis araocelensibus. Este castellum deveria situar-se no Monte da Senhora do Castelo, um castro romanizado onde se identificaram vestígios romanos e pré-romanos. É um local com grande domínio da paisagem donde se avista o monte do Bom Sucesso. Em Esmolfe foi encontrada um ara consagrada a Banda Olienaico, que traduzimos a Banda dos Olienaicos. Os Olieni deveriam ocupar o povoado com comprovada ocupação da Idade do Bronze que se localizava no alto do Castro da Paramuna. Nenhum vestígio de ocupação romana foi encontrado neste monte, talvez por falta de uma cuidada prospecção ou de uma escavação no local. A ara foi achada junto à Murqueira onde se localizou um importante povoado romano. Terá este local sido ocupado depois do abandono da Paramuna? Só intervenções arqueológicas nos dois locais nos poderiam, talvez, responder a esta pergunta. Em Freixiosa encontra-se uma ara consagrada a Crougae NiIaicui, que traduzimos como Crouga dos Nilaicos. Na área em que se encontra esta ara não se registaram até ao momento quaisquer outros vestígios do período romano. Contudo, temos notícia da existência no Monte de São Marcos de sepulturas escavadas na rocha. Tendo em conta que muitas vezes estes vestígios medievais surgem associados a vestígios romanos, temos vários exemplos na área em estudo, podemos estar perante um castro romanizado ou uma villa neste monte, donde teria vindo a ara. Infelizmente não podemos visitar o local para confirmar a existência das sepulturas escavadas na rocha e de vestígios do 54


período em estudo. Osório de Castro (1990) refere a existência de uma “citânia” na Rechã, na Cunha Alta. A serra de S. Marcos fica entre Freixiosa e Cunha Alta, seria esta Rechã no cimo do monte? Vaz (1997: 337), que não associa este etnónimo a nenhum local concreto, lança a hipótese de poder corresponder à Cerca, na freguesia de Espinho, por ser o único castro sem qualquer entidade étnica associada. No extremo oriental do concelho de Mangualde, em Casais, foi encontrada uma ara que refere um possível castellum Nacosos. Este castellum, que seria habitado pelos Nacosi, situar-se-ia no alto do Monte do Bom Sucesso onde se encontraram vestígios de uma ocupação desde a Idade do Bronze até ao Baixo Império.

2.2. A Sociedade através da antroponímia e das fórmulas onomásticas 2.2.1 Escravos e libertos Na área em estudo não temos referência a nenhum escravo, apenas a dois libertos. Um surge-nos na árula funerária de Quintela de Azurara [n.º 1], cujo sexo não podemos definir, apenas sabemos que morreu com 8 anos. Nenhum outro autor identificou este indivíduo como liberto (ver ficha n.º 1). Em Castelo de Penalva, numa inscrição que desapareceu, temos explicitamente uma liberta que morreu com cinquenta anos. Ambos os indivíduos apresentam nome latino.

2.2.2 Indígenas Eis o “estatuto” do grande número dos indivíduos identificados na epigrafia. Apesar do nome latino que frequentemente usam, pela estrutura onomástica podemos dizer que estamos perante indígenas. Apenas existe um indivíduo, o Caius Gaielianus Modestus, que ostenta tria nomina contudo será um indígena rico que adoptou o tria nomina. Talvez o seu nome fosse apenas Modestus, nome latino muito frequente entre os indígenas.

2.2.3. Imigrantes Temos apenas uma referência explicita a um emigrante, é o Malgeino da ara de Casais [n.º 52], que se identifica como arbuense. Políbio fala de uma cidade dos Vaqueus chamada Arboukale (Blazquez Martinez, 1962, p. 71-72). Tendo em conta que o sufixo 55


Kale/Cale tem existência própria, fica-nos a palavra Arbou/Arbua, a mesma que está na ara de Casais. Será Malgeinus natural da Arbua dos Vaqueus? (Vaz, 1992: 567).

2.3. Os epitáfios e a idade com que se morreu Embora tenhamos apenas 12 inscrições funerárias, apresentamos aqui algumas considerações sobre a idade com que se morreu, sem podermos formular quaisquer conclusões.

3

2

1

0

4

8

9

13

18

20

25

1

Mangualde M

30

40

50

57

60

70

1

1

1

1

1 1

Mangualde F

1

1

Penalva do Castelo ? 1

Penalva do Castelo M Penalva do Castelo F

1

Total

1

1

1

1 1

2

1

1

1

1

1

1

1

1

2

1

2

1

Gráfico 4: A Idade com que morre É no actual concelho de Mangualde que temos o maior número de idades (10 em 6). A idade mais baixa, Amoena de 4 anos, regista-se em Penalva, na placa de Castelo de Penalva [n.º 5] e a mais alta, Sunua de 70 anos, na estela de Pinheiro de Tavares [n.º 4]. 56


Regista-se um maior número de defuntos do sexo feminino com a indicação da idade, pois são estes os mais recordados. É no sexo feminino que se regista as idades mais altas (>29), 7 em 8 indivíduos, e no sexo masculino as idades mais baixas (<30), 4 em 6 indivíduos. Regista-se um possível arredondamento aos lustros a partir dos 20 anos, com uma excepção, os 57 anos da Rufina, da placa de Gôje [n.º 10].

2.4. Relação Dedicante/dedicado Relação

Ocorrência

Pai->Filho

1

Filho->Mãe

2

Filho/Irmão->Mãe/Irmã

1

Indeterminado

3

Pais->Filhos

1

Filho->Pai

1

Pai->si e Filho

1

Pai e Mãe->Filhos

1

Tabela 3: Relação Dedicante/dedicado Por esta pequena amostra podemos concluir que a relação é consanguínea, pois não temos nenhuma referência a um maritus, ou a uma uxor, ou um patronus. Esta relação consanguínea tanto é vertical, entre pais e filhos, como horizontal, entre irmãos.

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3. As manifestações religiosas 3.1. Em torno das divindades indígenas As divindades indígenas que encontramos na zona em estudo foram classificadas por Alarcão (1989: 309) como nacionais, ou seja, cultuadas nos principais castella e particularizadas com um epíteto quando necessário. Não queremos aqui tratar do significado, importância e atributos das diversas divindades, mas apenas indicar aquelas que surgem no território em estudo e em que circunstância.

3.1.1. Banda Aparece cultuada num monumento encontrado em Esmolfe, e que possivelmente teria vindo da Murqueira [n.º 69]. Era divindade tutelar dos Oilienaicos que teriam o seu castellum na serra da Paramuna. A ara está fracturada não sendo possível por isso a identificação do dedicante. Blanco Freijeiro publicou em 1959 na Revista de Guimarães uma patera com a representação da divindade Band Auraugel, defendendo a proveniência desta patera como sendo Mangualde. Assim sendo estaremos perante mais um caso do culto a Banda. De referir que esta patera tem a representação de Fortuna.

3.1.2. Crouga Surge numa inscrição que se encontra na igreja paroquial de Freixiosa. O epíteto refere os Nilaicui cuja localização do respectivo castellum, não nos é possível determinar, mas poderá ser no monte de São Marcos. O dedicante apresenta um nome e patronímico latinos, sendo a estrutura indígena. Regista-se também o uso da fórmula final latina A(animo) L(ibens) V(otum) S(olvit).

3.2. Divindades Romanas Relativamente às divindades romanas apenas registamos o culto a Júpiter, referido em duas árulas: a de Passos [n.º31] e a de Quintela de Azurara [n.º 43], ambos do concelho de Mangualde e da área de atracção do castellum do Monte da Senhora do Castelo. Na primeira o dedicante identifica-se apenas através de duas iniciais, o que não permite conhecer o seu estatuto sócio-económico.

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Júpiter é apenas identificado com a inicial sendo acompanhado do epíteto Óptimo Máximo, também apenas referido pelas iniciais. Na segunda o dedicante identifica-se apenas com um cognomen latino, Aventinus. Por esta estrutura onomástica deverá ser um indígena. Nesta árula o nome da divindade aparece por extenso, o primeiro epíteto com as duas primeiras letras (OP) e o último apenas com a inicial (M).

3.3. Lares Numa inscrição de leitura algo difícil devido ao seu reavivamento, podemos identificar dois Lares, o Cotici e o Coutioso, que deveriam ser protectores de duas famílias distintas mas aparentadas, como defende Alarcão (1989: 309). A ara é dedicada por um arbuense de nome Malgeino que indica a localização destes dois lares num castellum dos Nacosos, que se situaria no monte do Bom Sucesso.

3.4. O culto imperial Na área em estudo não temos nenhum testemunho concreto deste culto. Porquê? Por um lado podemos invocar que estão por descobrir ou que se perderam ao longo dos séculos, por outro lado, e bastante mais verosímil, podemos crer antes que deve ter sido uma dificuldade de penetração do fenómeno invasor, pois, como veremos abaixo, mesmo as divindades romanas não entram nos hábitos dos indígenas que preferem continuar a venerar os seus deuses (Vaz, 1992: 555). A coluna epigrafada de São Romão [n.º 59] poderá ser um testemunho do culto imperial. Vaz atribui esta coluna ao século IV, reinado de Alexandre, que segundo ele seria uma época pouco favorável ao culto imperial (1992: 555). Contudo também podemos atribuir esta coluna ao século terceiro, sendo ela uma dedicatória ao imperador Aureliano. No conventus pacencis foram encontradas duas dedicatórias a este imperador (Encarnação, 1984: 757). Alguns autores como Salama, que iniciou esta tese, Encarnação (1984: 750) e Vaz (1992: 555) incluem no culto imperial os marcos miliários, nomeadamente os que referem o imperador em dativo. Como referiu Encarnação (1984: 750) (...) essa inclusão 59


encontrará, em nosso entender, uma justificação (ainda que controversa, reconhecemolo) no facto de a menção do imperador e dos seus títulos, ainda que aparentemente só sirva como elemento de datação, ser sempre um acto político e simultaneamente religioso (...). Além disto o miliário não poderá, sem mais, ser condenado a um simples indicador de distâncias – pois nesse caso, se a sua missão fosse só essa, nunca e teria perdido tanto tempo a gravar os complicados títulos imperiais... (Encarnação, 1984: 750). Além dos marcos miliários em dativo não será de excluir a coluna de S. Romão, caso seja do tempo de Aureliano, como sinais do culto imperial.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| ||||||||||||| 61


Como referimos na nossa introdução este trabalho pretende um mero ensaio onde são conjugados diversos dados. Ao longo do trabalho foram nos surgindo algumas ideias que por diversos motivos não pudemos concretizar. Também nos surgiram ideias que achamos pertinentes para o estudo aprofundado da presença romana na área em estudo. Assim, não trazemos aqui conclusões, mas sim algumas considerações que mais não são do que perspectivas de trabalho. 1. Estudo da diversidade estrutural dos textos epigráficos e a sua relação com o estatuto dos dedicantes. 2. Estudo e publicação da ara das Antas, cujo leitura não nos foi possível fazer. 3. Estudo do relacionamento da densidade granular do granito com a tipologia dos monumentos. 4. Estudo das marcas e grafitos dos diversos materiais cerâmicos provenientes das escavações levadas a cabo na área em estudo, nomeadamente, na Raposeira, na Quinta da Boca, na Quinta do Costa, nos Barreiros, entre outros. 5. Uma releitura mais cuidada da Ara da Fresta, de modo a nos permitir “decifrar” as últimas linhas da inscrição. 6. Uma nova ida ao Pereiro em busca da estela que não conseguimos encontrar. A nossa busca não foi profunda, pois não procurámos nos escombros de algumas que foram deitadas a baixo. Poderá a estela estar num destes escombros. 7. Um estudo mais aprofundado e com recurso à estatística da onomástica registada na área em estudo. Eis algumas das perspectivas que lançamos, sabendo contudo que o trabalho epigráfico é inesgotável e depende muito de pessoa para pessoa. Cada indivíduo tem a sua forma de ver o monumento e a inscrição. Se para uns pouco mais há a fazer, para outros existem outros campos a explorar.

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BIBLIOGRAFIA |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| 63


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HIPÓLITO, Mário de Castro (1961) – Dos Tesouros de moedas romanas descobertos em portugal. Conimbriga. Coimbra. 2-3 JORDÃO, Levy Maria (ed.) (1859) – Portugalliae Inscriptiones Romanas. Olisipone: Typis Academicis. LAMBRINO, Scarlat (1956) – Les inscriptions latines inédites du Musée Leite de Vasconcelos. O Arqueólogo Português. Lisboa. Nova Série, III. LEAL, Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de Pinho (1875) – Portugal Antigo e Moderno.... Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia. Vol. 6. LEAL, Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de Pinho (1880) – Portugal Antigo e Moderno.... Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia. Vol. 9 LEITE, Fernando Barbosa de Barros (1956a) – O Concelho de Penalva do Castelo. Beira Alta. Viseu. 15(1) LEITE, Fernando Barbosa de Barros (1997) – Concelho de Penalva do Castelo: Recolha Bibliográfica/Contributo para uma monografia. Penalva do Castelo: Câmara Municipal de Penalva do Castelo. MARTINS, Manuela (1990) – O Povoamento proto-histórico e a romanização da bacia do curso médio do Cávado. Braga: Universidade do Minho. (Cadernos de Arqueologia, Monografias. 5.) MATIAS, Maria Clara Portas (1985) – Quintas do Costa: Guimarães de Tavares: 1983. Informação Arqueológica. Lisboa. 5 MOITA, Irisalva (1962) – Noticia de um catálogo e carta de distribuição dos castros no território português. Associação Portuguesa para o Progresso das Ciências, Porto. MONTEIRO, Paulo Celso Fernandes (2000) - Recuperação e reabilitação das sepulturas antropomórficas de Esmolfe. Penalva Hoje. Penalva do Castelo. 3 PINTO, Paulo (Dir.) (1998) – Pontes romanas em Portugal. Lisboa: Associação Juventude e Património. PORTAS, Clara (1986) – Citânia da Raposeira. Informação Arqueológica. Lisboa. 7 PORTAS, Clara (1987) – Citânia da Raposeira. Informação Arqueológica. Lisboa. 8 PORTAS, Clara (1989) – Termas romanas da Citânia da Raposeira-Mangualde. Actas do I Colóquio Arqueológico de Viseu. Viseu: Governo Civil de Viseu (Ser e Estar-2), p.371378 PORTAS, Clara (1990a) – Notícia da descoberta de vestígios romanos em Guimarães de Tavares concelho de Mangualde. In II Colóquio Arqueológico de Viseu: Livro do Colóquio. Viseu: Associação de Defesa do Património e Ambiente-Amigos da Beira, p. 19-21.

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PORTAS, Clara (1990b) – Termas romanas da Quinta da Rapoeira-Mangualde. In II Colóquio Arqueológico de Viseu: Livro do Colóquio. Viseu: Associação de Defesa do Património e Ambiente-Amigos da Beira, p. 61. PORTAS, Clara (2000) – Campo Arqueológico da Quinta da Raposeira (Mangualde. In João Carlos SENNA-MARTIEZ e Ivone PEDRO, Eds., Por Terras de Viriato: Arqueologia da Região de Viseu. Viseu: Governo Civil do Distrito de Viseu e Museu Nacional de Arqueologia. REDENTOR, Armando (2002) – Epigrafia romana da região de Bragança. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia. (Trabalhos de Arqueologia, 23). REIS, Ana Pilar Miguel dos (2000) – As termas e os balneários romanos da Lusitânia [Texto policopiado]. Coimbra: [s.n.]. Tese de Mestrado de Arqueologia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. REPAS, Fernanda Cristina de Jesus (2001) – Religião na Beira Interior ao tempo dos romanos: subsídios para o seu estudo [Texto policopiado]. Coimbra: [s.n.]. Tese de Mestrado em Arqueologia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Pp. 25-31. RIBEIRO, José Cardim (Coord.) (2002) – Religiões da Lusitânia: Loquuntur Saxa. [Guia da Exposição] Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia. 2002 SAA, Mário (1957) – As grandes vias da Lusitânia. O itinerário de Antonino Pio. Lisboa: [s.n.] Vol. 2. TAVARES, António Luís Marques (1999) – Sepulturas escavadas na rocha no concelho de Mangualde. Mangualde: Associação Cultural Azurara da Beira. TOVAR, Antonio (1976) – Iberische Landeskunde: Baden-Baden: Koerner. Teil2. Die Völker und die Städte des antiken Hispnien. Berlin. UNTERMANN, Jürgen (1965) – Misceláneas Epigráfico-Lingüísticas. Archivo Español de Arqueologia. Madrid. XXXVIII (111-112), p. 23-25. VASCONCELLOS, J. L. (1897) – Religiões da Lusitânia, 1 vol., Lisboa: Imprensa Nacional. VASCONCELLOS, José Leite de (1900) – Anacleta Epigraphica Lusitano-romana: Inscrições da Quinta da Ínsua. O Archeologo Português. Lisboa. I Série, 5. VASCONCELLOS, José Leite de (1905) – Religiões da Lusitânia: na parte que principalmente se refere a Portugal. vol. II. Lisboa: Imprensa Nacional. VASCONCELLOS, José Leite de (1910) – Anacleta archeologica: 3. pondus de barro. O Archeologo Português. Lisboa. I Série, 9(11-12).

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VASCONCELLOS, José Leite de (1913) – Religiões da Lusitânia: na parte que principalmente se refere a Portugal. vol. III. Lisboa: Imprensa Nacional. VASCONCELLOS, José Leite de (1917) – Coisas Velhas. O Archeologo Português. Lisboa. I Série, 22. VASCONCELLOS, José Leite de (1927) – De Terra em Terra: Excursões Arqueologicoetnograficas através de Portugal (Norte, Centro, e Sul). Vol. 1. Lisboa: Imprensa Nacional de Lisboa, p 127, 129 VAZ, João Luís Inês (1979) – Três inscrições romanas da Beira Alta. Beira Alta. Viseu. 38(3), p. 552-553, II estampas; VAZ, João Luís Inês (1983) – Introdução ao estudo de Viseu na época romana. Beira Alta. Viseu. 42(4), pp. 741-743 VAZ, João Luís Inês (1984) – CROVGA: Uma divindade indígena. Beira Alta. Viseu. 43(4), pp. 557-562 VAZ, João Luís Inês (1988c) – Divindades indígenas na inscrição de Lamas de Moledo (Castro Daire – Portugal). Beira Alta. Viseu. 47(3-4), pp.348, 350, 352-353, 357 VAZ, João Luís Inês (1987) – Roteiro Arqueológico do Concelhos de Viseu. Viseu: [s.n.], p. 46. VAZ, João Luís Inês (1992) – A civitas de Viseu: Espaço e Sociedade. Coimbra: [s.n.]. (Tese de Doutoramento apresentada à Universidade de Coimbra). VAZ, João Luís Inês (1993-1994) – A civitas de Viseu n’O Arqueólogo Português. O Arqueólogo Português. Lisboa. Série IV. 11/12. VAZ, João Luís Inês (1996) – Organização Espacial Castreja na Civitas de Viseu. Máthesis. Viseu. 5. VAZ, João Luís Inês (1997) – A Civitas de Viseu : Espaço e Sociedade. Coimbra: Comissão de Coordenação da Região Centro (História Regional e Local; 2). VAZ, João Luís Inês (2000) – A Romanização, in João Carlos SENNA-MARTIEZ e Ivone PEDRO, Eds., Por Terras de Viriato: Arqueologia da Região de Viseu. Viseu: Governo Civil do Distrito de Viseu e Museu Nacional de Arqueologia. VIVES, José (1971) – Inscripciones Latinas de La España Romana: Antologia de 6800 textos. Barcelona: Universidade de Barcelona, Consejo Superior de Investigaciones Cientificas, Departamentos de Filologia Latina. VITERBO, Joaquim de Santa Rosa de (1960) – Elucidário.... Porto. Civilização.

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ANEXO |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| 72


ANEXO I FICHA DE LEVANTAMENTO DE EPÍGRAFES Monumento Localidade

Número

Freguesia

Concelho

Circunstâcia

Loc. Ach. Loc. Actual Material: ________________________________________________________________ Descrição: _______________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Dimensões: Larg.: ____; Comp.: ____; Alt.: ____ Leitura: _________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Interpretação: ____________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Tradução: _______________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Altura das letras: __________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Altura dos espaços interlineares: _____________________________________________ ________________________________________________________________________ Observações: ____________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

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ÍNDICES |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| 74


Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------------------01 Fruto de duas paixões------------------------------------------------------------------------------02 Metodologia--------------------------------------------------------------------------------------------03 Agradecimentos--------------------------------------------------------------------------------------04 Bibliografia de referência---------------------------------------------------------------------------07 Abreviaturas utilizadas------------------------------------------------------------------------------08 Um pedido de desculpas---------------------------------------------------------------------------08 Parte I: Os concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo: Enquadramentos--------------09 Parte II: As Epígrafes----------------------------------------------------------------------------------------11 1. Princípios de apresentação adoptados no Catálogo------------------------------------12 2. Catálogo---------------------------------------------------------------------------------------------14 2.1. As Funerárias-----------------------------------------------------------------------------------14 2.2. As Votivas----------------------------------------------------------------------------------------25 2.3. As Viárias-----------------------------------------------------------------------------------------30 2.4. As Honoríficas-----------------------------------------------------------------------------------34 2.5. As em instrumentum---------------------------------------------------------------------------36 2.6. As Anepígrafas----------------------------------------------------------------------------------40 2.7. A Indeterminada--------------------------------------------------------------------------------44 Parte III: A Epigrafia e a Sociedade----------------------------------------------------------------------45 1. As Práticas Epigráficas--------------------------------------------------------------------------46 1.1. O Material das Epígrafes---------------------------------------------------------------------46 1.2. Os monumentos--------------------------------------------------------------------------------46 1.2.1. As Aras ou árulas----------------------------------------------------------------------------46 1.2.2. As Estelas-------------------------------------------------------------------------------------46 1.2.3. As Placas--------------------------------------------------------------------------------------47 1.2.4. Os Miliários------------------------------------------------------------------------------------47 1.3. Os Textos----------------------------------------------------------------------------------------48 1.3.1. A Paginação-----------------------------------------------------------------------------------48 1.3.2. A Paleografia----------------------------------------------------------------------------------48 1.3.3. A estrutura dos textos e fórmulas-------------------------------------------------------49 1.3.4. Linguistica-------------------------------------------------------------------------------------50 1.3.5. A Onomástica---------------------------------------------------------------------------------51 2. A Sociedade----------------------------------------------------------------------------------------54 2.1. Etnónimos----------------------------------------------------------------------------------------54 2.2. A Sociedade através da estrutura e da formulação onomástica-------------------55 75


2.2.1. Escravos e Libertos-------------------------------------------------------------------------55 2.2.2. Indígenas--------------------------------------------------------------------------------------55 2.2.3. Imigrantes-------------------------------------------------------------------------------------55 2.3. Os epitáfios e a idade com que se morre------------------------------------------------56 2.4. A Relação Dedicante/Dedicado------------------------------------------------------------57 3. Manifestações religiosas------------------------------------------------------------------------58 3.1. Em torno das divindades indígenas-------------------------------------------------------58 3.2. Divindades Romanas--------------------------------------------------------------------------58 3.3. Lares-----------------------------------------------------------------------------------------------59 3.4. Culto imperial------------------------------------------------------------------------------------59 Considerações Finais-------------------------------------------------------------------------------61 Bibliografia Anexos Anexo I: Ficha de Levantamento de Epígrafes Índice Mapas Mapa I: Distribuição das Epígrafes Estampas

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MAPAS |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| 77


ESTAMPAS |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| |||||||||||||| 78


EST I: MGL.QTA.FUN.MRC: Árula funerária de Quintela de Azurara. EST II: MGL.SJF.FUN.DEI: Ara funerária de Fresta, São João da Fresta. Fotografia tirada por nós e outra publicada por Inês Vaz (1997). EST III: MGL.SJF.FUN.IDI: Estela funerária de Pinheiro de Tavares, São João da Fresta (dedicada a Idica). Fotografia tirada por nós e outra publicada pelo Inês Vaz (1997). EST IV: MGL.SJF.FUN.SUN: Estela funerária de Pinheiro de Tavares, São João da Fresta (dedicada a Idica). Fotografia tirada por nós e outra publicada por Inês Vaz (1997). EST V: PCT.CTP.FUN.MTS: Placa funerária de Castelo de Penalva. Fotografia tirada por nós e outra publicada por Inês Vaz (1997). EST VI: PCT.CTP.FUN.PRC: Estela funerária de Castelo de Penalva. Desenho publicado por Leite de Vasconcellos (1900). EST VII: PCT.CTP.FUN.RUF: Placa funerária da Quinta do Salgueiral ou Quintal dos Abades, Castelo de Penalva. EST VIII: PCT.CTP.FUN.SAR: Estela funerária do Pereiro, Castelo de Penalva. EST IX: PCT.INS.FUN.TIR: Placa Funerária da Ínsua (dedicada a Tirão). Fotografia publicada por Inês Vaz (1997). EST X: MGL.FRX.VOT.CRG: Ara votiva da Freixiosa. Fotografia tirada por nós e outra publicada por Carvalho e Gomes (1992). EST XI: PCT.ESM.VOT.BND: Ara votiva de Esmolfe. Foto cedida pelo MNA. EST XII: MGL.MGL.VOT.IOM-PAS : Ara votiva de Passos. Fotografia publicada por Inês Vaz (1997). EST XIII: MGL.QTA.VOT.IOM-QTA. Ara votiva de Quintela de Azurara. Fotografia publicada por Inês Vaz (1997). EST XIV: MGL.SJF.VOT.COU: Ara votiva de Casais, São João da Fresta. Fotografia publicada por Inês Vaz (1997). EST XV: MGL.ABV.MIL.ABV1: Marco miliário de Abrunhosa-a-Velha (milha XX). EST XVI: MGL.ABV.MIL.ABV2: Marco miliário de Abrulhosa-a-Velha (Trajano Adriano). EST XVII: MGL.ESP.MIL.QTP: Marco miliário de Quinta da Ponte, Espinho. Fotografia tirada por nós e fotografia publicada por Inês Vaz (1997). EST XVIII: MGL.MGL.MIL.CHA: Marco miliário de Chãos, Mangualde. EST XIX: MGL.MGL.HON.COS: Placa honorífica de São Cosmado, Mangualde. Fotografia publicada por Inês Vaz (1997). EST XX: PCT.CTP.HON.ROM: Coluna honorífica de São Romão, Castelo de Penalva. EST XXI: MGL.MGL.INS.OCL-RAP: Fragmento de taça de sigillata hispânica com grafito da Raposeira, Mangualde. Foto e desenho publicados por Portas e Encarnação (1993). 79


EST XXII: MGL.QTA.INS.AVI: Peso de tear com grafito de Quintela de Azurara. Fotografia cedida pelo MNA. EST XXIII: MGL.ESP.ANE.MIL-CRU: Marco miliário anepígrafo do Cruzeiro, Vila Nova de Espinho, Espinho. EST XXIV: MGL.ESP.ANE.MIL-ESP1: Marco miliário anepígrafo de Espinho, situado entre a aldeia e o cemitério. EST XXV: MGL.ESP.ANE.MIL-ESP2: Marco miliário anepígrafo de Espinho, situado na Rua do Forno. EST XXVI: MGL.FMD.ANE.MIL-FAG: Marco miliário anepígrafo de Fagilde, Fornos de Maceira Dão. Fotografia publicada por Inês Vaz (1997). EST XXVII: MGL.MGL.ANE.MIL-QTC: Coluna da Quinta da Cruz, Mangualde, possível marco miliário. EST XXVIII: MGL.STC.ANE.MIL-QTC: Marco miliário anepígrafo da Quinta dos Cervães, Santiago de Cassurrães. EST XXIX: PCT.ESM.ANE.ESM: Ara anepígrafa de Esmolfe. EST XXX: PCT.ANT.IND.ANT: Ara de Antas.

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MAPA I LOCALIZAÇÃO DAS EPÍGRAFES

Legenda:

• Funerárias • Votivas • Honorificas • Miliários Δ Instrumentum Δ Anepígrafas Δ Indeterminadas


EST I MGL.QTA.FUN.MRC

ร rula funerรกria de Quintela de Azurara.


EST II MGL.SJF.FUN.DEI

Ara funerária da Fresta, São João da Fresta. Primeira fotografia publicada por Inês Vaz (1997), segunda tirada por nós.


EST III MGL.SJF.FUN.IDI

Estela funerária de Pinheiro de Tavares, São João da Fresta. (dedicada a Idica). Foto publicada por Inês Vaz (1997).


EST IV MGL.SJF.FUN.SUN

Estela funerária de Pinheiro de Tavares, São João da Fresta (dedicada a Mearo (?) e Sunua). Foto publicada por Inês Vaz (1997).


EST V PCT.CTP.FUN.MTS

Placa funerária de Castelo de Penalva, no estado actual no Regimento de Infantaria 14.

A mesma placa publicada por inês Vaz (1997).


EST VI PCT.CTP.FUN.PRC

Estela funerรกria de Castelo de Penalva. Desenho publicado por Leite de Vasconcellos (1900).


EST VII PCT.CTP.FUN.RUF

Placa Funerรกria da Quinta do Salgueiral ou Quintal dos Abades, Castelo de Penalva.


EST VIII PCT.CTP.FUN.SAR

Estela funerária de Pereiro, Castelo de Penalva. Foto publicada por Inês Vaz (1997).


EST IX PCT.INS.FUN.TIR

Placa Funerária da Ínsua (dedicada a Tirão). Fotografia publicada por Inês Vaz (1997).


EST X MGL.FRX.VOT.CRG

Ara dedicada a Crouga que se encontra na Igreja Paroquial de Freixiosa, Mangualde. A foto da direita foi publicada por Carvalho e Gomes (1992) quando ela ainda estava em posição invertida.


EST XI PCT.ESM.VOT.BND

Ara de Esmolfe. Foto cedida pelo MNA.


EST XII MGL.MGL.VOT.IOM-PAS

Ara votiva de Passos, Mangualde. Publicada por InĂŞs vaz (1997).


EST XIII MGL.QTA.VOT.IOM-QTA

Ara votiva de Quintela de Azurara. Fotografia publicada por InĂŞs Vaz (1997).


EST XIV MGL.SJF.VOT.COU

Ara votiva de Casais, São João da Fresta. Fotografia publicada por Inês Vaz (1997).


EST XV MGL.ABV.MIL.ABV1

Marco miliรกrio de Abrunhosa-a-Velha. Marca a milha XX.


EST XVI MGL.ABV.MIL.ABV2

Marco miliรกrio de Abrunhosa-a-Velha (Trajano Adriano).


EST XVII MGL.ESP.MIL.QTP

Marco miliário da Quinta da Ponte, Espinho. Fotografia tirada por nós e fotografia publicada por Inês Vaz (1997).


EST XVIII MGL.MGL.MIL.CHA

Marco miliรกrio de Chรฃos, Mangualde.


EST XIX MGL.MGL.HON.COS

Placa honorífica de São Cosmado, Mangualde. Foto publicada por Inês Vaz (1997).


EST XX PCT.CTP.HON.ROM

Fragmento de coluna honorifica de S. Rom達o, Castelo de Penalva.

Outros fragmentos que fariam parte da mesma coluna.


EST XXI MGL.MGL.INS.OCL-RAP

Fragmento de taça de sigillata hispânica com grafito da Raposeira, Mangualde. Foto e desenho publicados por Portas e Encarnação (1993).


EST XXII MGL.QTA.INS.AVI

Peso de ter com grafito de Quintela de Azurara. Fotografias cedidas pelo MNA.


EST XXIII MGL.ESP.ANE.MIL-CRU

Possível marco miliário do Cruzeiro em Vila Nova de Espinho, Espinho.


EST XXIV MGL.ESP.ANE.MIL-ESP1

Marco miliário anepígrafo de Espinho (Cemitério).


EST XXV MGL.ESP.ANE.MIL-ESP2

Possível marco miliário de Espinho (Rua do Forno).


EST XXVI MGL.FMD.ANE.MIL-FAG

Marco miliário anepígrafo de Fagilde, Fornos de Maceira Dão. Fotografia publicada por Carvalho e Gomes (1992).


EST XXVII MGL.MGL.ANE.MIL.QTA-CRU

Coluna da Quinta da Cruz, Mangualde, possível marco miliário.


EST XXVIII MGL.STC.ANE.MIL-QTACER

Marco miliário anepígrafo da Quinta dos Cervães, Santiago de Cassurrães.


EST XXIX PCT.ESM.ANE.ESM

Ara anepígrafa de Esmolfe.


EST XXX PCT.ANT.IND.ANT

Ara de Antas.


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