Escritos: Colaboração na imprensa local
A importância do inventário das paróquias: O caso de Quintela de Azurara
de 09-09-2004, p.9
Arqueologia * História Local * Património Cultural * Genealogia
Pedro Pina Nóbrega
Notícias da Beira, Mangualde, n.º 2269,
Deve citar-se: NÓBREGA, Pedro Pina (2004) – A importância do inventário das paróquias: O caso de Quintela de Azurara. Notícias da Beira. [em linha] Mangualde. 2269, de 09-09-2004, [consultado em ??-??-????] p. 9. Disponível em www.pedropinanobrega.net
A importância do inventário das paróquias: O caso de Quintela de Azurara
A importância do inventário das paróquias: O caso de Quintela de Azurara Pedro Pina Nóbrega
É do conhecimento geral que as nossas paróquias encerram nos seus templos um património valioso, nem sempre preservado da melhor forma e muitas vezes alvo da cobiça alheia!!! Como diz o ditado “o seguro morreu de velho” e por isso a prevenção é a melhor solução. De entre as medidas preventivas encontra-se o inventário dos bens das paróquias. Objectivo: Não se trata apenas de inventariar para conhecer o que as paróquias têm, mas também para se sber em que estado se conserva o património destas paróquias. É o principio para depois podermos responder da melhor forma em cada caso e avançar para passos seguintes, como o restauro, a conservação, a guarda noutro local, a relocalização, etc... Em que consiste: Mais do que se fazer uma lista do que cada paróquia possui, constituiu-se uma base de dados onde se regista todos os dados de cada peça (ex. dimensões, matéria, local de guarda, descrição, particularidades, etc.) e respectivas fotos. Assim sempre que houver um roubo será mais fácil às autoridades identificarem as peças furtadas pela respectiva ficha de inventário complementada pelas fotos. Outra acção importante é a reconstituição da evolução do edifício e dos seus bens e aqui assume um papel importante o contacto com a população, extravasando assim o inventário as quatro paredes dos templos. Quem deverá promover: Os párocos e as comissões fabriqueiras deverão cada vez mais estar sensibilizados para o património que está à sua guarda. Ele é a herança dos nossos antepassados que o adquiriram para louvarem a Deus na sua plenitude, e é nossa obrigação preservar esta herança. Serão pois as paróquias que deverão promover o seu próprio inventário. Para que haja uma maior uniformização dentro da Diocese de Viseu e ao mesmo tempo um apoio por parte de especialistas, foi criada uma Comissão de Inventário. Esta Comissão disponibiliza uma base de dados e material próprio para o inventário para além de prestar todo o apoio técnico.
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A importância do inventário das paróquias: O caso de Quintela de Azurara
Um caso concreto: Quintela de Azurara No nosso arciprestado de Mangualde desenvolveu-se durante o mês de Agosto o inventário da paróquia de Quintela de Azurara (Igreja Paroquial e Capela de N.ª Sr.ª da Esperança). Este contou com a participação de sete jovens1 que durante uma semana se dedicaram 6 horas/dia a inventariar o património que esta paróquia encerra. A Iniciativa partiu do Rancho Folclórico “Os Azuraras” de Quintela e contou com o apoio da paróquia e da Comissão de Inventário da Diocese de Viseu. O que ao principio parecia ser uma simples tarefa de inventário tornou-se numa aventura em busca do passado dos próprios templos, envolvendo a população de Quintela de Azurara. A partir daquilo que fomos encontrando e que nós jovens desconhecíamos, fomos inquirido a população em busca de resposta para as nossas interrogações. Assim conseguimos “colocar no papel” o que os mais velhos sabem, mas que nós desconhecíamos e os nossos filhos continuariam a desconhecer. E... o trabalho de uma semana arrastou-se por um mês! O que se conseguiu para além do simples inventário? •
Uma análise do estado de conservação dos bens culturais;
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Uma localização destes próprios bens;
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Descoberta de bens novos;
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Uma reconstituição da evolução recente da igreja.
Agora há que não ficar de braços cruzados e avançar para a conservação e preservação dos bens que foram encontrados em mau estado, fora do seu lugar, mal acondicionados, etc... Se não conseguirmos dar este salto o inventário não passa disso mesmo um mero inventário. Quantas vezes não temos orgulho nas obras das nossas igrejas e capelas, mas muitas vezes não passam de “obras de fachada”, ficando o recheio, ou seja os bens móveis, em péssimo estado, deslocalizados, mal acondicionados, para não falar dos que são deitados no lixo com as obras !!
É nosso desejo que Quintela de Azurara dê este salto, mas também que as outras paróquias do arciprestado comecem a elaborar o seu inventários em sintonia com a Diocese.
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Cabe aqui lembrar os outros seis jovens prestaram um valioso contributo neste inventário: Andreia Amaral, Hugo Figueiredo, Marina Cabral, Rui Duarte, Sara Saraiva e Simão Amaral.
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