Bmx ed 17 março de 2014

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ESPORTE

Rodopios entre o céu e a terra

Pedro Wolff Fotos Rafaela Feliciano

A bicicleta é uma invenção sem par. E quem a conduz tem uma gama de opções entre as práticas esportivas possíveis. A Revista Pepper destaca nesta edição uma modalidade radical na magrela: o BMX Estilo Livre, onde os atletas realizam manobras aéreas que dão nas vistas.

ESPORTE

chegam. Ele diz que somente o Down Hill, quando se percorrem percursos em alta velocidade, pode ser considerado esporte radical dentro das opções do ciclismo. “Mas no nosso esporte é o próprio ciclista que modula o grau de dificuldade de acordo com a audácia de sua manobra para evitar machucados”.

A coisa é séria, mas vale a pena O esporte é bonito de se ver, a dificuldade existe e as lesões podem ser severas. Carolina de Oliveira, 21 anos, que o diga. Ela conta que, em seus três anos de experiência, já torceu o tornozelo quatro vezes, trincou osso, rompeu ligamento e já bateu forte a cabeça no chão. “Passou e não me importo muito com as lesões. Hoje já tenho facilidade para me ejetar da bicicleta durante a queda”, diz a moça, satisfeita. Ela afirma ser praticante de uma modalidade brusca que exige força, técnica, equilíbrio, concentração e cautela nas manobras. “Mas a adrenalina me instiga

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O bicicross – ou BMX – é um esporte bastante amplo que pode ser praticado em skates parks, pistas de barro ou na cidade propriamente dita. A emoção das ações arriscadas é sentida pelo público e é preciso pique até mesmo para acompanhar com os olhos as manobras executadas pelos praticantes do Distrito Federal.

sempre a superar aquele meu último voo. Durante a prática, eu meio que adormeço e não sinto dor nem cansaço”, fala. Mesmo diante desses exemplos de brutalidade, Carolina considera que há menos meninas praticando o BMX por falta de divulgação. Independente de qualquer coisa, ela considera que vale muito a pena fazer parte dessa galera pela paz que traz e pelas amizades alimentadas pelo tempo. “Isso é uma coisa muito boa que nos gera saúde física e mental e alegria”.

Os nomes das manobras são muitos, assim como suas variações e combinações. Os bikers podem deslizar corrimão abaixo, girar o quadro ou a bike em 360º, dar mortal, quicar em uma roda só ou fazer tudo isso dispensando as mãos.

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Esse círculo de amizade citado pela ciclista é verificado na rotina do grupo. Nos fins de semana, a turma se diverte e, na

Modalidade desportiva ou simplesmente modo de vida, cada um no esporte carrega o estilo próprio. No linguajar dos amantes do esporte, o biker pode ser “agressivo” quando prefere manobras aéreas com maior grau de dificuldade. Quando vem na pista de leve e executa as ações em um circuito impecável, é o “técnico”. O “flow” (que vai no fluxo, em tradução livre) curte os movimentos básicos e só sobe no ar quando tem segurança nas rampas.

outro critério avaliado pelos juízes é o estilo do esportista. Como existem diferentes maneiras de realizar uma mesma ação, ele pode fazer mais próximo do solo com maior grau de dificuldade ou distante do chão em um nível mais fácil”, exemplifica Renan Batista Silva, 27 anos. Ele, que carrega nove anos de experiência nas costas, diz que a dificuldade e a adrenalina estão sempre juntas no BMX e que essa combinação se tornou seu vício. “Não há como descrever o êxito de acertar uma manobra que se treina há tanto tempo”, descreve.

Em campeonatos, as “proezas” são avaliadas pela quantidade e pela dificuldade das manobras executadas. Quando ocorre combinação de mais de uma manobra durante o salto, mais pontos para o ciclista. “Além disso,

Colega de esporte de Renan, Marcio Escudeiro, 31 anos, fala que o bicicross pode ser praticado em todos os terrenos a que os outros esportes em bicicleta não

manhã seguinte, vai para um dos skates parks do Distrito Federal gastar essa adrenalina. No grupo, as idades variam bastante. De crianças até pessoas da idade de Luciano Cedro, que com 41 anos é um exemplo no esporte. O BMX faz parte de sua vida há 25 anos. E, para o veterano, é só satisfação poder acompanhar a evolução no esporte. “Seja no peso e resistência das bicicletas, na melhoria técnica, até no respeito pelo mesmo. Porque antes era considerado coisa de gente à toa, hoje é sério e profissional”. Graças a essa profissionalização do esporte”, diz Cedro, “agora é comum nossa galera viajar pelo Brasil pelos campeonatos afora”.

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